Universidade Camilo Castelo Branco
Instituto de Engenharia Biomédica
NAYARA GOMES FELIX DA SILVA
ANÁLISES DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS EM INDIVÍDUOS
SUBMETIDOS AO TESTE DE ESFORÇO E UTILIZAÇÃO DE ROUPAS
IMPREGNADAS COM BIOCERÂMICA
BIOCHEMICAL BLOOD ANALYSIS AFTER PHYSICAL EFFORT IN INDIVIDUALS
WEARING FUNCTIONALIZED CLOTHES
São José dos Campos, SP
2014
II
Nayara Gomes Felix da Silva
ANÁLISES DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS EM INDIVÍDUOS SUBMETIDOS AO
TESTE DE ESFORÇO E UTILIZAÇÃO DE ROUPAS IMPREGNADAS COM
BIOCERÂMICA
Orientador: Prof. Dr. Egberto Munin
Co-orientadora: Profa. Dra. Adriana Barrinha Fernandes Moretti
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia da
Universidade Camilo Castelo Branco, como complementação dos créditos necessários para
obtenção do título de Mestre em Bioengenharia.
São José dos Campos, SP
2014
III
Ficha Catalográfica
IV
V
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho à Deus, pela Fé que tenho no Senhor, aos meus pais: Francisco e
Iracema que sempre incentivaram no meu aprendizado e acreditaram no meu trabalho e ao
meu irmão Pedro.
VI
AGRADECIMENTOS
Agradeço a inúmeras pessoas que me ajudaram para a conclusão desse trabalho: Meus
pais Francisco e Iracema que sempre estiveram ao meu lado, me apoiando e acreditando no
meu esforço.
Á Nina e Neguinha que sempre estiveram ao meu lado nas horas de estudos.
Aos meus voluntários que são minhas jóias raras, pois sem eles esse trabalho não
estaria concluído.
Ao Nilton Boer que sempre esteve ao meu lado, me ajudando, dando sugestões, como
sempre digo: foi como um PAI durante esse trabalho.
Ao Laboratório de Análises Clínicas da Fundação Educacional de Fernandópolis e
seus colaboradores: Maria Lais, Veida, Jeferson, Daiane e Vania pela ajuda na coleta,
separação e envio de amostras.
Aos meus colegas de curso, onde fiz novas amizades, sempre estivemos juntos durante
as aulas, trabalhos e apresentação de resultados.
Ao Cléber Vergílio que durante o “desespero” nas análises estatísticas me ajudou e
orientou.
Ao Conrado por ter acreditado no trabalho e permitiu a utilização de suas roupas para
a concretização de tudo isso.
E especialmente ao meu orientador Egberto Munin e Co-orientadora Adriana Barrinha
pelo stress vividos, orientações feitas e conclusão do trabalho, muito obrigada Munin.
VII
ANÁLISES DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS EM INDIVÍDUOS
SUBMETIDOS AO TESTE DE ESFORÇO E UTILIZAÇÃO DE ROUPAS
IMPREGNADAS COM BIOCERÂMICA
RESUMO
Significativas incidências de lesões nas estruturas musculoesqueléticas dos membros
inferiores podem ocorrer em indivíduos sedentários que resolvem praticar atividade física.
Fatores como a falta de orientação das pessoas no momento de optar pela modalidade
esportiva; de como realizar corretamente a técnica da modalidade; a frequência a ser realizada
e intensidade podem agravar ainda mais a incidência. O objetivo do presente estudo foi
analisar a variabilidade de parâmetros bioquímicos (Creatina Cinase-CK e Lactato),
indicadores de lesão muscular, realizando coletas sanguíneas nos tempos: basal, pré e pós
teste de esforço realizado com oclusão corporal parcial por meio de roupas impregnadas com
nano-cerâmica em voluntários irregularmente ativos. Foi realizado um estudo duplo-cego, de
maneira cross-over, ou teste pareado, assim todos os voluntários da presente pesquisa
realizaram o mesmo teste em duas situações: traje com a biocerâmica incorporada e placebo.
A análise dos resultados de dosagem de CK por meio do teste t pareado indicou que a média
das diferenças pareadas entre os grupos não difere significantemente de zero, ou seja, a
utilização de roupas contendo particulado cerâmico não promoveu alterações nos níveis
séricos de CK. A análise de dados mostrou uma menor dispersão nas concentrações séricas de
lactato para voluntários que utilizaram a roupa contendo particulado cerâmico,
comparativamente aos voluntários que utilizaram a roupa placebo. Portanto, a oclusão
corporal com roupas contendo particulado cerâmico produziu ação modulatória na cadeia de
produção e depuração do lactato, interferindo consequentemente nos níveis séricos deste
composto, por mecanismos ainda não elucidados.
Palavras-chave: Lesão muscular, CK, lactato, e biocerâmica.
VIII
BIOCHEMICAL BLOOD ANALYSIS AFTER PHYSICAL EFFORT IN
INDIVIDUALS WEARING FUNCTIONALIZED CLOTHES
ABSTRACT
Significant effects of lesions in the musculoskeletal structures of the lower limbs may occur in
sedentary individuals who solve physical activity. Factors such as the lack of guidance from
people when you opt for the sport, how to properly perform the technique of the sport, to be
held the frequency and intensity may further aggravate the incidence. The objective of this
study was to analyze the variability of biochemical parameters (Creatine Kinase- CK and
lactate), indicators of muscle injury, performing blood collections in time: basal, pre and post
stress test performed with partial occlusion body through impregnated clothing with nanoceramic irregularly active volunteers. Costume with built bioceramic and placebo: a doubleblind study, so cross-over, or paired test, so all of this research volunteers underwent the same
test was conducted in two situation. The results of measurement of CK by using the paired t
test indicated that the mean difference between the paired groups are not significantly
different from zero, the use of clothing impregnated ceramic particles did not change in serum
CK. Data analysis showed a lower dispersion in serum lactate for volunteers who used the
machine containing ceramic particles, compared to volunteers who used the placebo clothing.
Therefore, the occlusion body with clothing containing ceramic particles produced
modulatory action on the production and clearance of lactate chain, thus interfering in the
serum levels of this compound, by mechanisms not yet elucidated .
Keywords: Muscle Injury, CK, lactate, bioceramics.
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Ciclo de Krebs. .......................................................................................................... 20
Figura 2: Roupa sem marcação= BC+ (a). Roupa com marcação= placebo (b) ...................... 28
Figura 3: Fluxograma dos procedimentos experimentais. ........................................................ 31
Figura 4: CK (U/L) pré-teste em função de CK (U/L) basal, para a primeira tomada de dados.
A linha cheia corresponde ao ajuste linear aos pontos experimentais. A linha de
identidade está representada em pontilhado. ..................................................................... 33
Figura 5: Dependência entre o parâmetro ∆CK (U/L) e os níveis de CK Pré (U/L) medidos
previamente ao teste de Cooper. A linha tracejada é para visualização de tendência....... 33
Figura 6: CK (U/L) pré-teste em função de CK (U/L) basal para a segunda tomada de dados.
A linha cheia (azul) corresponde ao ajuste linear aos pontos experimentais. A linha de
identidade está representada em preto............................................................................... 35
Figura 7: Dependência entre o parâmetro ∆CK (U/L) e os níveis de CK (U/L) medidos
previamente ao teste de Cooper. A linha tracejada é para visualização de tendência....... 35
Figura 8: Lactato Pré (mmol/L) em função do Lactato Basal (mmol/L) para as medidas do dia
1/09/2012. A linha pontilhada corresponde à linha de identidade (coeficiente angular 1).
........................................................................................................................................... 38
Figura 9: Lactato Pré (mmol/L) em função do Lactato Basal (mmol/L) para as medidas do dia
22/09/2012......................................................................................................................... 39
Figura 10: a, b, c: Análise com os dados integrados na (a) coleta basal, (b) pré e (c) pós-teste
de Cooper. ......................................................................................................................... 41
Figura 11: Comparação da roupa placebo e BC+ por meio da variação basal e pós-teste. ...... 42
Figura 12: Variação de ∆LCTb% (mmol/L) em função do Lactato Basal (mmol/L) comparado
nos dois dias de coleta com a utilização de roupas placebo e BC+. As linhas cheias
correspondem aos ajustes dos pontos experimentais a modelos exponenciais decrescentes
simples............................................................................................................................... 43
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Adaptação da tabela referente à distância (m) no teste de Cooper através da
capacidade aeróbica em homens ....................................................................................... 25
Tabela 2: Valores medidos para CK referente à primeira tomada de dados em 1/09/2012. .... 32
Tabela 3: Valores medidos para CK referente à segunda tomada de dados no dia 22/09/2012.
........................................................................................................................................... 34
Tabela 4: Análise da ∆CK % para os dois dias de medidas. .................................................... 36
Tabela 5: Dados para Lactato referente à primeira tomada de dados em 1/09/2012................ 37
Tabela 6: Dados para o Lactato referente a segunda tomada de dados em 22/09/2012. .......... 38
Tabela 7: Análise integral nos dois de coleta para lactato basal, pré e pós teste de Cooper,
comparando a roupa placebo com a roupa impregnada, juntamente com a média e desvio
padrão dos grupos. ............................................................................................................ 40
XI
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1,3-BPG- 1,3
Acetil-CoA
Bifosfoglicerato
Acetil coenzima A
ADP
ATP
ATP-CP
ATP+C
BC+
CK
CK BB
CK MB
CK MM
CDC
CP+ADP
D
FAD+
Adenosina Difosfato
Adenosina Trifosfato
Adenosina Trifosfato – Creatina Fosfato (Sistema Fosfagênico)
Adenosina Trifosfato- Creatina
Roupa contendo particulado cerâmico
Creatina Cinase
Creatina Cinase (Brain Brain)
Creatina Cinase (Muscle Brain)
Creatina Cinase (Muscle Muscle)
Center of Disease Control
Creatina Fosfato + Adenosina Difosfato
Distância Total Percorrida
Flavina Adenina Dinucleotídeo Oxidada
Flavina Adenina Dinucleotídeo
Flavina Adenina Dinucleotídeo Reduzido
Fundação Educacional de Fernandópolis
Gliceraldeído 3- Fosfato Desidrogenase
Questionário Internacional de Atividade Física
Índice Massa Corpórea
Infra Vermelho
Infra Vermelho Longo
Lactato Desidrogenase
Metal
Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Oxidada
Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo
Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Reduzida
Não Metal
Fosfocreatina
Sólido Elementar Não Metálico
Unidades Internacionais
Volume Máximo Oxigênio
FAD
FADH2
FEF
G3PHD
IPAQ
IMC
IV
IVL
LDH
M
NAD+
NADH
NADH2
NM
PC
SENM
U.I.
VO2máx
XII
LISTA DE SÍMBOLOS
α
Alfa
α- TCP
Alfa Tricálcio Fosfato
β
Beta
β- TCP
Beta Tricálcio Fosfato
∆CK
Variação Absoluta de CK
∆CK%
Variação Relativa de CK
∆LCTb%
Variação Relativa de Lactato
C3H6O3
Ácido Lático
H+
Hidrogênio
n
número
O2
Oxigênio
pH
Potencial Hidrogeniônico
Pi
Fosfato Inicial
U/L
Unidades por Litro
XIII
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14
1.1
Objetivos gerais ......................................................................................................... 16
1.2
Objetivos específicos ................................................................................................. 16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................... 17
2.1
Lesão muscular .......................................................................................................... 17
2.2
Bioenergética ............................................................................................................. 18
2.3
Glicólise ..................................................................................................................... 18
2.4
Sistema aeróbico, ciclo de Krebs e cadeia respiratória .............................................. 19
2.5
Creatina cinase ........................................................................................................... 20
2.6
Lactato ....................................................................................................................... 21
2.7
Biocerâmica ............................................................................................................... 22
2.8
Bioestimulação ........................................................................................................... 23
2.9
Teste de Cooper ......................................................................................................... 24
3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 26
3.1
Data e local da pesquisa ............................................................................................. 26
3.2
Aspectos éticos .......................................................................................................... 26
3.3
População e amostra .................................................................................................. 26
3.4
Classificação IPAQ .................................................................................................... 27
3.5
Critérios de inclusão .................................................................................................. 27
3.6
Critérios de exclusão .................................................................................................. 27
3.7
Roupas utilizadas no estudo ....................................................................................... 27
3.8
Divisão dos grupos ..................................................................................................... 29
3.9
Protocolo da punção sanguínea e do teste de Cooper ................................................ 30
3.10 Análise estatística ...................................................................................................... 31
4. RESULTADOS ................................................................................................................. 32
4.1
Análise da CK total .................................................................................................... 32
4.2
Análise do lactato ....................................................................................................... 37
5. DISCUSSÃO..................................................................................................................... 44
6. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 49
ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ......................... 53
ANEXO B-QUESTIONARIO ................................................................................................. 56
ANEXO C - BULAS DOS KITS ............................................................................................. 59
ANEXO C - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP .................................................... 78
14
1. INTRODUÇÃO
Significativas incidências de lesões nas estruturas musculo-esqueléticas dos membros
inferiores podem ocorrer em indivíduos sedentários que resolvem praticar atividade física.
Fatores como a falta de orientação das pessoas no momento de optar pela modalidade
esportiva; de como realizar corretamente a técnica da modalidade; a frequência a ser realizada
e intensidade podem agravar ainda mais a incidência (VAN DAN, 1992).
O “Teste de Cooper” é amplamente utilizado quando necessita-se avaliar a condição
física de um indivíduo em um dado momento. Iniciou-se no ano de 1968 onde o coronel
médico da Força Aérea, Kenneth Cooper buscava um método rápido e eficiente para testar o
nível de preparo físico dos cadetes, com isso criou um sistema simples de pontuação, baseado
na distância que um indivíduo era capaz de cobrir em 12 minutos de caminhada ou corrida
(COOPER, 1968).
No teste de Cooper, o VO2máx é um parâmetro utilizado para avaliação da função
cardiorrespiratória máxima e reserva funcional (GRANJA FILHO; POMPEU; SILVA, 2005).
Além disso, a mensuração do VO2máx pode ser proposta por várias razões, desde a análise da
função cardiorrespiratória, em pneumo e cardiopatas até a predição do desempenho em atletas
e sedentários (SILVA; TORRES, 2002).
Segundo Tricoli (2001), medidas séricas das concentrações de CK e Lactato são
citadas frequentemente nos trabalhos que se referem às lesões de fibras musculares.
A concentração plasmática de CK é amplamente utilizada como marcador de lesão
muscular, por ser uma molécula citoplasmática que não têm a capacidade de atravessar a
barreira da membrana sarcoplasmática. A CK atinge o pico no sangue em 1-4 dias após o
exercício e permanece elevada por vários dias, porém sua liberação já é significativa em
alguns minutos após o exercício (ANTUNES NETO et al., 2007; BRANCACCIO;
MAFFULI; LIMONGELLI, 2007; FOSCHINI; PRESTES, CHARRO, 2007; MOUGIOS,
2007; PETERSEN et al., 2001).
Quanto mais intenso e duradouro for o treinamento, maior é a quantidade de
microtraumas musculares que permitem o extravasamento desta enzima para o meio
extracelular (BRANCACCIO; MAFFULI; LIMONGELLI, 2007).
Creatina Cinase (CK) é a enzima que catalisa a fosforilação do ADP a partir da
creatina fosfato. Cinco isoformas são conhecidas, sendo três isoformas citoplasmáticas:
15
CKMM, CK-BB e CK-MB; e duas isoformas mitocondriais: sarcomérica e não-sarcomérica
(BRANCACCIO; MAFFULI; LIMONGELLI, 2007; DIAS et al., 2007).
Durante a glicólise há formação de ácido pirúvico, onde penetra nas células
musculares e reage com oxigênio para formar mais ATP. Porém se houver oxigênio
insuficiente para o metabolismo da glicose o ácido pirúvico será transformado em ácido
lático, que se difunde das células musculares para a circulação (GUYTON; HALL, 2002).
Segundo Hopkins (1991), as concentrações de lactato sanguíneo podem ser medidas
durante sessões normais de treinamento de ritmo constante, quando o objetivo é caracterizar
ou acertar a intensidade do treino diretamente em termos de uma concentração específica de
lactato.
Erradicar ou diminuir tais exposições são fatores cruciais para melhorar a função
muscular, promovendo melhor capacidade ao exercício, controle de força, aumento do limiar
álgico e consequente melhor aptidão funcional.
A hipótese de que os tecidos impregnados com particulados inorgânicos –
biocerâmicas possuem efeito biomodulador, inclusive nas enzimas musculares, nos
incentivam a pesquisar e analisar tais métodos.
Semelhante ao laser de baixa potência, trabalhos têm mostrado que dispositivos
contendo alguns tipos de cerâmicas emissoras de radiação infravermelha, também são capazes
de promover o efeito de biomodulação tecidual por mecanismos ainda não completamente
esclarecidos (KO; BERBRAYER, 2002; YOO et al.; 2002). A radiação luminosa na região do
vermelho e infravermelho próximo catalisam reações bioquímicas que conduzem a variações
no metabolismo celular (KARU, 1987; RIGAU, 1996).
A cerâmica é uma classe de emissores de radiação infravermelha que, na forma de pó,
permite sua incorporação em cremes e tecidos. Esses materiais cerâmicos emitem radiação
infravermelha longínqua, quando submetidos à temperatura corporal. Há relatos publicados na
literatura sobre uma melhora significativa em condições patológicas, como a dor e discrasias
sanguíneas e celulite mediante a utilização de acessórios contendo emissores de cerâmica
(CONRADO; MUNIN, 2011; KO; BERBRAYER, 2002; YOO et al.; 2002).
A importância deste estudo é creditada à relevância clínica de uma nova terapia não
invasiva e benéfica ao organismo.
16
1.1
Objetivos gerais
Analisar a variabilidade de parâmetros bioquímicos, indicadores de lesão muscular, basal,
pré-teste e pós-teste de esforço realizado com oclusão corporal parcial por meio de roupas
impregnadas com nano-cerâmica em indivíduos irregularmente ativos.
1.2
Objetivos específicos
Analisar comparativamente, por meio de testes bioquímicos, as seguintes variáveis:
- CK Total;
- Lactato.
17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1
Lesão muscular
A alta prevalência de lesões musculares é, de certa forma, compensada pela capacidade
regenerativa do tecido muscular, o que garante a manutenção da funcionalidade da
musculatura esquelética (CHARGÉ; RUDNICKI, 2004).
A ocorrência da lesão repetida ou grave implica a submissão do tecido muscular à
vários ciclos de degeneração-regeneração, o que pode levar a uma redução significativa da
função muscular, além de um quadro de fibrose, e consequentemente à redução da capacidade
motora e a um tempo de recuperação maior que o normal (JÄRVIVEN et al., 2005;
MIDDLETON; SMITH, 2007).
A lesão é uma ocorrência lamentável na vida cotidiana. Enquanto algumas pessoas
sofrem lesões mais graves e frequentes do que outros, ninguém é poupado da dor, do
transtorno e da incapacidade causados por uma lesão. Contudo, qualquer que seja a lesão ela é
acompanhada por custos físicos, emocionais e econômicos inevitáveis ocasionando perda de
tempo e função normal dos indivíduos (WHITING; ZERNICK, 2001).
Quando o esforço é intenso, e o período de recuperação é insuficiente, os benefícios do
esporte não acontecem, consequentemente há possibilidade do surgimento de lesões
musculares (HUG et al., 2006).
A resposta imediata à lesão muscular é um estágio inicial de autólise, onde uma das
razões para que isso ocorra é a falta de homeostasia do cálcio celular (SMITH, 1991;
TIDBALL, 1995). A diminuição da homeostasia leva a ativação de proteases cálciodependente como proteínas miofibrilares e citoesqueléticas (TIDBALL, 1995).
Geralmente quando acontece uma lesão muscular após o exercício, os músculos
demonstram-se rígidos e sensíveis ao toque devido ao inchaço, com diminuição da capacidade
de gerar força e a amplitude de movimento fica reduzida (ISPIRLIDIS et al., 2008; PROSKE;
MORGAN, 2001).
18
2.2
Bioenergética
As células musculares armazenam quantidades limitadas de ATP. Consequentemente como o
esforço físico necessita de suprir constantemente de ATP para fornecer a energia necessária à
contração, devem existir vias metabólicas celulares com produção rápida de ATP (POWERS;
HOWLEY, 2000). Existem três processos produtores de energia para a formação de ATP: (1)
o sistema ATP-CP (ou sistema fosfagênio), onde a energia para ressíntese do ATP provêm da
fosfocreatina (PC); (2) glicólise anaeróbica, o sistema gera ácido lático, mas que proporciona
ATP a partir da degradação parcial da glicose ou do glicogênio; e (3) o sistema aeróbico onde
envolve o uso de O2, onde apresenta duas partes: parte A consiste no término da oxidação dos
carboidratos e B envolve a oxidação dos ácidos graxos e de alguns aminoácidos, contudo
ambas as partes do sistema aeróbico possuem o Ciclo de Krebs como sua via final de
oxidação (FOX; FOSS; KETEYIAN, 2000).
2.3
Glicólise
A glicólise é uma via bioenergética relativamente insuficiente, a qual recupera apenas
aproximadamente 5% da energia disponível através do metabolismo oxidativo da glucose na
células que possuem mitocôndrias. Porém nas células anaeróbicas com mitocôndrias, como as
células cerebrais, hepatócitos e miócitos, o metabolismo oxidativo da glucose se dá através da
glicólise (BAYNES; DOMINICZAK, 2000).
Ela pode ser dividida em quatro etapas, onde a primeira reação da glicólise é a
conversão da glicose para glicose 6-fosfato. Esta reação é irreversível e catalisada por
hexoquinases, onde nos tecidos vertebrados, são encontrados quatro isoenzimas, denominadas
I a IV. A glicose 6-fosfato, ao contrário da glicose, é incapaz de atravessar a membrana
plasmática, garantindo a sua permanência dentro das células (MARZZOCO; TORRES, 2007).
A segunda etapa da glicólise é a clivação da frutose 1,6-bifosfato em diidroxiacetona
fosfato e gliceraldeído 3-fosfato por ação da aldolase. A conversão de diidroxiacetona fosfato
em gliceraldeído 3-fosfato possibilita que uma molécula de glicose seja convertida de
gliceraldeído 3-fosfato, com isso possibilita que todos os carbonos da glicose sejam oxidados
a piruvato (MARZZOCO; TORRES, 2007).
Na terceira etapa o gliceraldeído 3-fosfato reage com o grupo sulfidrila de um resíduo
de cisteína de enzima, formando-se um tio-hemiacetal, com isso ocorre a oxidação do tio-
19
hemiacetal e a redução de um NAD+, e o NADH ligado a enzima é trocado por uma molécula
livre de NAD+ (MARZZOCO; TORRES, 2007).
A quarta etapa produz 4 moles de ATP, onde 2 moles de ATP por mol de glucose é
convertida em lactato. Uma vez que dois fosfatos ficam disponíveis nesta etapa, um por mol
de triose fosfato, dois fosfatos adicionais devem ser recrutados a partir do pool citoplasmático
solúvel. A reação é catalisada pela gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase (G3PDH),
fornecendo 1,3-bifosfoglicerato (1,3-BPG) com a redução do NAD+ e a formação em NADH
(BAYNES; DOMINICZAK, 2000).
2.4
Sistema aeróbico, ciclo de Krebs e cadeia respiratória
A produção aeróbica de ATP ocorre no interior das mitocôndrias e tem o envolvimento de
duas vias metabólicas: o Ciclo de Krebs e a Cadeia Respiratória (POWERS; HOWLEY,
2000).
O piruvato gerado a partir da glicólise é transportado para as mitocôndrias para que
possa ocorrer o Ciclo de Krebs. Consequentemente o piruvato é convertido em oxalacetatovia
piruvato carboxilase e em acetil-CoA via piruvato desidrogenase. O oxalacetato e acetil-CoA
geram o ácido cítrico pela citratosintetase. Ocorrerá uma β-oxidação e serão liberados íons H+
e elétrons, reduzindo as NAD+ e FAD em NADH2 e FADH2, para sua posterior utilização na
cadeia respiratória (CURI et al.; 2003).
NADH2 e FADH2 trazem acoplado o H+ para o espaço intermembranas. O processo
gera a força próton motriz, formada por dois componentes: o pH resultante da diferença de
concentração de prótons através da membrana mitocondrial, e o potencial de membrana,
advindo da diferença do potencial elétrico entre as duas fases aquosas separadas pela
membrana. Nas mitocôndrias, a força próton motriz direciona a síntese de ATP, a partir de
ADP e fosfato inorgânico, através da enzima ATP sintetase. Assim, com a utilização do
substrato, o O2 é consumido na medida em que é reduzido em H2O, e de forma acoplada, o
ATP é sintetizado (NICHOLLS; FERGUSON, 2002).
20
Figura 1: Ciclo de Krebs.
Fonte: Curi et al. (2003)
2.5
Creatina cinase
O método mais simples e rápido de produção de ATP envolve a doação de um grupo fosfato e
de sua ligação energética da creatina fosfato para ADP, formando a ATP. A reação é
catalisada pela enzima creatina quinase. A ATP é clivada em ADP + Pi no início do exercício,
é ressintetizada pela reação da creatina fosfato (POWERS; HOWLEY, 2000).
CP + ADP
ATP + C
Creatina cinase
A combinação do ATP e da creatina fosfato armazenadas é denominada sistema ATPCP, ou “sistema fosfagênico”, e provê a energia para a contração muscular no começo do
exercício e em exercícios de curta duração e de alta intensidade (POWERS; HOWLEY,
2000). Cinco isoformas são conhecidas, sendo três isoformas citoplasmáticas: CKMM, CKBB e CK-MB; e duas isoformas mitocondriais: sarcomérica e não-sarcomérica
(BRANCACCIO; MAFFULI; LIMONGELLI, 2007; DIAS et al., 2007).
As isoenzimas (CK-BB, CK-MB e CK-MM) compõem a chamada CK-total e cada
uma fornece informações do tecido lesionado (percentual da predominância das
concentrações de CK de cada tecido), assim:
21
1- A CK-MB é especifica do músculo cardíaco e encontra-se elevada no sangue
quando ocorre infarto agudo do miocárdio (BRANCACCIO; MAFFULI; LIMONGELLI,
2007; KATIRIJI; MOHAMED, 2001).
2- A CK-BB é específica do tecido cerebral e apresenta-se elevada no sangue em
caso de lesão cerebral e durante a vida fetal (BRANCACCIO; MAFFULI; LIMONGELLI,
2007; KATIRIJI; MOHAMED, 2001).
3- A CK-MM é encontrada especificamente ligada as miofibrilas localizadas na
estrutura da linha-M no músculo esquelético. Em adultos, a CK total é formada
predominantemente pela CK-MM oriunda do músculo esquelético e se apresenta elevada no
sangue no caso de danos no músculo esquelético (BRANCACCIO; MAFFULI;
LIMONGELLI, 2007; KATIRIJI; MOHAMED, 2001).
Segundo Plebani (2010), as concentrações séricas de CK têm sido utilizadas como um
indicador de estresse imposto à musculatura esquelética, decorrente da atividade e também do
monitoramento da carga do esforço. Quanto mais intenso e duradouro for o treinamento,
maior é a quantidade de microtraumas musculares que permitem o extravasamento desta
enzima para o meio extracelular (BRANCACCIO; MAFFULI; LIMONGELLI, 2007).
2.6
Lactato
Há algumas limitações sobre o mecanismo que explica o aumento súbito de ácido lático na
corrente sanguínea durante o exercício progressivo. Existem algumas formas que possam
explicar o aumento de lactato: (1) oxigênio muscular baixo, (2) glicólise acelerada, (3)
recrutamento de fibras rápidas e (4) a taxa de remoção de lactato reduzida (POWERS;
HOWLEY, 2000).
A ressíntese dos fosfatos de alta energia terá que continuar com um ritmo rápido para
que o exercício extenuante possa dar continuidade sem que haja uma acidose lática. A energia
para fosforilar o ADP durante uma atividade física intensa deriva do glicogênio muscular
através da glicólise anaeróbica com a formação de lactato. É possível a formação rápida de
ATP pela fosforilação ao nível do substrato, mesmo até quando o fornecimento de O2
continua sendo insuficiente e/ou as demandas energéticas ultrapassam a capacidade do
músculo para ressíntese aeróbia do ATP. A capacidade de produzir altos níveis de lactato
sanguíneo durante o exercício máximo aumenta com o treinamento anaeróbico específico de
velocidade e potência e consequentemente, diminui com o destreinamento (MCARDLE;
KATCH, 2003).
22
Quando ocorre o esforço de explosão máxima (all-out sprint) de 1 a 2 minutos, o
sistema glicolítico é altamente solicitado promovendo um aumento nas concentrações de
ácido láctico de 1mMol/kg em repouso para valores superiores a 25mMol/kg. Concomitante a
isso ocorre à acidificação das fibras musculares que inibe a degradação do glicogênio por
comprometimento da função da enzima glicolítica, e dificultando a capacidade de ligação com
o cálcio das fibras impedindo a contração muscular normal (ROBERGS; GHIASVAND;
PARKER, 2004).
A concentração de lactato nas células musculares e na corrente sanguínea aumenta
durante o exercício físico, mas lactato não é um ácido. Ele não pode doar um próton, portanto,
o aumento de prótons (acidose) precisa ter outra fonte. A acidose observada após exercícios
extenuantes deve-se, principalmente, à liberação de prótons durante a hidrólise de ATP
associada à contração muscular. O lactato pode contribuir, indiretamente, para a acidose
porque, como ânion potente, ele é capaz de afetar a capacidade de tamponamento do meio
(MORAN et al., 2013).
Ácido lático e lactato não são o mesmo componente, pois o lactato é qualquer sal
proveniente do ácido lático (C3H6O3), quando esse último libera H+. A glicólise anaeróbia
produz ácido lático, mas ele dissocia rapidamente e o sal formado chama-se lactato
(DOBGENSKI, 2007).
O mecanismo de recrutamento nas fibras rápidas ocorre no exercício rápido e intenso,
já nas fibras lentas ocorre durante a atividade de baixa intensidade. A LDH encontrada nas
fibras rápidas possui maior afinidade para a fixação ao ácido pirúvico, ocorrendo à formação
de ácido lático. Por essa razão, a formação do ácido lático durante o exercício, pode ocorrer
nas fibras rápidas devido à presença da enzima LDH (HOLLOSKY, 1982; SKINNER;
MCLLEAN, 1980).
2.7
Biocerâmica
A palavra cerâmica é de origem grega, sendo derivada de “Keramos”, que corresponde a
“coisa queimada”. Materiais cerâmicos podem ser definidos como compostos sólidos
formados pela aplicação de calor, algumas vezes pressão, formados por ao menos um metal
(M) e um sólido elementar não-metálico (SENM) ou um não-metal (NM), dois SENM, ou um
SENM e um não-metal (NM) (PATARO, 2005).
Existem três categorias da biocerâmica: (1) bioinertes, como alumina e zircônia; (2)
com superfície bioativa, como hidroxiapatita sintetizada, Bioglass®; e (3) bioreabsorvíveis,
23
como hidroxiapatita não calcinada e não sintetizada, α- e β- tricálcio fosfato (α-TCP e βTCP), tetracálcio fosfato, octacálcio fosfato, entre outros (SHIKINAMI; OKUNO, 1999).
As biocerâmicas destacam-se por serem materiais bioativos com capacidade de
interagir com tecidos vivos de tal modo a estimular processos físico-químicos. As cerâmicas
bioativas têm capacidade de absorver e refletir infravermelho longo emitido pelo próprio
corpo humano aumentando a microcirculação local da região de contato por mecanismos de
bioestimulação fotoquímica. Cerâmicas com base em alumina e sílica têm efeito estimulador
sobre a produção de óxido nítrico endotelial (YU et al., 2006).
Segundo Niwa et al. (1993), em estudos realizados, foi comprovado que as
propriedades de algumas cerâmicas possuem efeitos fototérmicos, ou seja mediante o
aquecimento apresentam a propriedade de emitir radiação de infravermelho.
Postula-se que esse tipo de material produz efeitos biomoduladores similares aos dos
raios laser de baixa potência não-invasivo. Porém, com menos potência que estes, pode ser
utilizada em áreas maiores, podendo manter-se em contato com a pele durante muito mais
tempo, sem riscos, nem efeitos colaterais (BRIOSCHI et al., 2007).
2.8
Bioestimulação
Segundo Rigau (1996), o termo bioestimulação significa promover vibrações moleculares
fazendo com que haja um aumento do metabolismo celular devido aos efeitos da radiação
luminosa sobre os tecidos. Na área da saúde já é bastante conhecido como o laser de baixa
intensidade da luz visível (vermelha) e invisível (infravermelho próximo). Quando essas
radiações interagem com a pele, algumas serão refletidas e outras irão penetrar. Com isso, as
radiações podem ser refletidas, absorvidas, transmitidas, refratadas e difratadas, mas para as
radiações no IV apenas a refração, a absorção e a transmissão são biologicamente
significantes (KITCHEN; PARTRIDGE, 1991).
A radiação IVL usada terapeuticamente é absorvida na superfície em grande parte pela
água que está na pele. Em torno de 3µm, a profundidade de penetração é de cerca de 0,1 mm.
De acordo com a disponibilidade de potência, o efeito será um aquecimento acentuado da
pele. Parte deste calor será conduzida mais profundamente nos tecidos subcutâneos. Os
maiores efeitos observados do IVL são: melhorar a circulação, reparar e regenerar tecidos e
regular os líquidos do corpo (sistema humoral). Também, o IVL aumenta a temperatura
corporal e eleva a mobilidade dos fluidos corporais (INOUÉ; KABAYA, 1989).
24
Em decorrência de temperaturas mais elevadas, há um aumento dos níveis de alguns
metabólitos circulantes no sangue, resultante do aumento da atividade metabólica,
promovendo efeito direto sobre as paredes vasculares estimulando a vasodilatação
(KUBOTA; OHSHIRO, 1989).
2.9
Teste de Cooper
Os testes de esforços são comumente utilizados na prática clínica, desde a década de 60
(ENRIGHT, 2003). Kenneth H. Cooper foi o que elaborou o teste de esforço, chamado de
teste de Cooper, onde tinha como quesito avaliar o condicionamento físico das forças
armadas. O objetivo do teste consiste em correr ou caminhar a máxima distância possível em
um tempo de 12 minutos. Com base na distância percorrida em Km, o teste estima-se o
VO2max utilizando a seguinte equação, onde D representa a distância total, em metros,
percorrida pelos indivíduos (COOPER, 1968).
VO2max (mL/kg/min) = (D - 504,9) / 44,73
A duração de dez a vinte minutos representa um comprometimento que tenta aumentar
a chance de a pessoa estar correndo a uma velocidade exigindo 90-95% do VO2max e diminuir
a contribuição de energia oriunda de fontes anaeróbicas. Cooper fornece categorias de VO2max
para a idade e sexo. As estimativas de VO2max baseadas nas corridas de distâncias são mais
úteis quando comparadas com o tempo do mesmo indivíduo, em vez de comparadas entre os
indivíduos (POWERS; HOWLEY, 2000).
25
Tabela 1: Adaptação da tabela referente à distância (m) no teste de Cooper através da capacidade aeróbica em
homens.
Categoria
de Capacidade
Aeróbica em Homens
Distância (m) no teste
13-19
(anos)
20-29
(anos)
30-39
(anos)
40-49
(anos)
50-59
(anos)
60 ou mais
(anos)
I- Muito Fraca
< 2090
II- Fraca
2090-2200 1960-2110 1900-2090 1830-1990 1660-1870 1400-1640
III- Média
2210-2510 2120-2400 2100-2400 2000-2240 1880-2090 1650-1930
IV- Boa
2520-2770 2410-2640 2410-2510 2250-2460 2100-2320 1940-2120
V- Excelente
2780-3000 2650-2830 2520-2720 2470-2660 2330-2540 2130-2490
VI- Superior
> 3000
Fonte: Cooper (1968)
< 1960
> 2830
< 1900
> 2720
< 1830
> 2660
< 1660
> 2540
< 1400
> 2490
26
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1
Data e local da pesquisa
A coleta sanguínea foi realizada no Laboratório de Análises Clínicas da Fundação
Educacional de Fernandópolis, onde apresentou duas etapas: primeira etapa ocorreu no dia
1/09/2012 e a segunda etapa no dia 22/09/2012.
O teste de esforço foi realizado no Estádio Municipal Beira Rio de Fernandópolis, nas
referidas datas acima. Tanto a coleta e a corrida ocorreram no período matutino.
3.2
Aspectos éticos
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Camilo
Castelo Branco sob o número de protocolo 18996. A participação no estudo foi condicionada
à assinatura de um termo de consentimento informado.
3.3
População e amostra
A amostra foi composta por 12 indivíduos irregularmente ativos, do gênero masculino com
idade entre 18-29 anos.
Primeiramente, antes de incluir os indivíduos candidatos a participarem da pesquisa,
foi realizada uma avaliação médica, junto a um médico cardiologista, professor da Unicastelo,
para confirmar ausência de patologias que possam impossibilitar a realização do teste de
Cooper e, ao mesmo tempo, atestar a sua realização.
As medidas antropométricas foram realizados nas Clínicas Integradas da FEF. A
massa corporal foi aferida por meio de balança mecânica com a acuidade de 50g; a estatura
foi mensurada pelo estadiômetro da Sanny com escala em centímetros. O Índice de Massa
Corporal (IMC) foi utilizado como forma de caracterizar a relação massa corporal e estatura
(kg/m2).
Para a classificação dos indivíduos como irregularmente ativos foi aplicado um
questionário do IPAC.
27
3.4
Classificação IPAQ
Os indivíduos irregularmente ativos realizam algum tipo de atividade física, porém, não o
suficiente para serem classificados como ativos por não cumprirem as recomendações quanto
a frequência ou a duração. Para somar essa classificação somam-se a frequência e a duração
dos diferentes tipos de atividades (caminhada, moderada e vigorosa). Esses indivíduos podem
ser classificados em dois grupos:
Tipo A: os que atingem pelo menos um dos critérios da recomendação: (a) frequência:
cinco dias na semana ou (b) duração: 150 minutos por semana.
Tipo B: aqueles que não atingiram nenhum dos critérios da recomendação (frequência
ou duração) (BRASIL, 2004).
3.5
Critérios de inclusão
a) Jovens hígidos do sexo masculino com idade entre 18 e 29 anos.
b) Não realizar atividade física extenuante 24 horas antes dos testes.
c) IMC entre 19 e 25 de acordo com a CDC (Center for Disease Control): idade
entre 18 e 29 anos e sexo masculino (KUCZMARSK et al., 2000).
d) Abstinência de bebidas alcoólicas e cafeína no período de 03 horas precedentes
aos testes.
3.6
Critérios de exclusão
a) Uso de qualquer tipo de medicamentos.
b) Restrições à realização do teste de Cooper pelo cardiologista.
c) Fumantes.
d) Problemas respiratórios, alérgicos ou outras doenças que possam impedir a
realização do teste.
3.7
Roupas utilizadas no estudo
O pó de Biocerâmica, composto basicamente de alumina, óxido de magnésio, óxido de titânio
e silício, foi incorporado ao polímero (90% de poliamida e 10% elastano) do qual o tecido foi
fabricado. No processo de fabricação, um montante de nanopartículas biocerâmicas foi
28
adicionado ao polímero fundido de modo que as nanopartículas se embutissem no tecido
durante a extrusão dos fios. A peça de roupa foi então fabricada, sem emenda, a partir dos fios
poliméricos. A grande vantagem deste método de fabricação, em comparação com a técnica
de colagem de partículas na superfície das fibras do tecido, é que os acessórios terapêuticos
podem ser lavados de forma convencional ou serem colocados em uma autoclave, sem risco
de perderem a sua propriedade. Também é possível criar diferentes fatores de compressão
mecânica em diferentes regiões da mesma peça de roupa com cerâmica impregnada para
evitar a distensão da pele e produzir um efeito de drenagem progressiva.
Utilizou-se no presente estudo as seguintes peças de roupas: camisetas, bermudas e
meias, confeccionadas de modo que não haja diferença perceptível entre as peças contendo a
nano-cerâmica e as que não contêm. As roupas utilizadas estão mostradas na Figura 2.
(a)
(b)
Figura 2: Roupa sem marcação= BC+ (a). Roupa com marcação= placebo (b).
29
3.8
Divisão dos grupos
Foi realizado um estudo duplo-cego, de maneira cross-over, ou teste pareado, assim todos os
indivíduos da presente pesquisa realizaram o mesmo teste em duas situações: traje com a
biocerâmica incorporada e também; o traje placebo, ou seja, sem a biocerâmica. Os conjuntos
de trajes, camisetas, bermudas e meias, foram embalados em envelopes numerados de 1 a 12
para serem sorteados pelo observador externo. Somente este observador saberia sobre a
divisão dos grupos. Deste modo, formaram-se 2 grupos: os trajes nos envelopes de número 1
a 6 e ou outro de 7 a 12.
Ao fim de cada teste, os trajes utilizados pelos indivíduos foram recolhidos e
manuseados de maneira idêntica: lavados com sabão em barra neutro, secados a luz do sol,
novamente embalados nos envelopes e distribuídos aos indivíduos.
Assim, a distribuição dos trajes foi feita de maneira aleatória, pois desta forma
somente o distribuidor dos trajes, o observador externo, teve o controle sobre quais indivíduos
estariam utilizando o traje impregnado com a biocerâmica emissora de infravermelho longo e
quais estariam utilizando o traje placebo. Ainda, nem os indivíduos e nem a equipe que
aplicaria os testes saberiam quais vestimentas conteriam biocerâmica e quais não conteriam.
Os 12 indivíduos da pesquisa foram divididos aleatoriamente em 2 grupos: Grupo A (6
indivíduos) e Grupo B (6 indivíduos).
30
As roupas foram usadas pelos indivíduos de acordo com o seu tamanho: pequeno, médio ou
grande. As meias foram colocadas até a altura dos joelhos. Os indivíduos deveriam colocar as
roupas 1 hora antes da realização do teste.
3.9
Protocolo da punção sanguínea e do teste de Cooper
Os indivíduos foram submetidos à três punções venosas realizadas em fossa antecubital de
ambos os braços, denominadas: estado basal, pré teste (indivíduos colocaram a roupa por uma
hora antes do teste de esforço) e pós teste (coleta realizada dez minutos após o teste de esforço
a fim de adquirir material para análises bioquímicas. As amostras foram colhidas em tubo
seco e com anticoagulante Fluoreto de Sódio, no Laboratório de Análises Clínicas da
Fundação Educacional de Fernandópolis, onde foram centrifugadas a 1500 rpm por 15
minutos. Os soros e plasmas obtidos foram armazenados em Eppendorf para as análises
bioquímicas em laboratório terceirizado.
As análises bioquímicas foram realizadas pelo Laboratório de Análises Clínicas
Diagnósticos do Brasil, São José dos Pinhais-PR, utilizando o equipamento ADVIA 1200
automatizado.
Todos os testes foram realizados através do equipamento ADVIA 1200, aparelho
automatizado com kits da Siemens pela metodologia enzimática com valores de referência
CK: Homens- 32-294 U/L e Lactato: 0,5-2,2mmol/L.
O teste de Cooper de 12 minutos foi realizado na pista de corrida do Estádio
Municipal Beira Rio de Fernandópolis. Os voluntários correram e/ou andaram ao redor da
mesma a máxima distância possível no tempo pré-estabelecido. A pista apresentou cones de
sinalização a cada 50m para facilitar a mensuração da distância máxima alcançada no teste.
Depois foi aplicada a fórmula de Cooper para mensuração da distância percorrida. Este teste
foi acompanhado por um fisiologista do exercício. A Figura 3 mostra o fluxograma dos
procedimentos experimentais.
31
Figura 3: Fluxograma dos procedimentos experimentais.
3.10 Análise estatística
No presente estudo foi realizada uma análise descritiva e quantitativa. Para a escolha do teste
estatístico, inicialmente foi utilizado o teste de Kolmogorov Smirnov para verificar a
normalidade da distribuição dos dados. Todos os dados apresentaram distribuição normal e
dessa forma foi utilizada uma análise paramétrica, utilizando o test “t” pareado no programa
InStat versão 3.00 (GraphPad Software Inc, San Diego, CA, EUA), com variâncias diferentes
considerando-se nível de significância de 5% (p<0,05).
32
4. RESULTADOS
4.1
Análise da CK total
A Tabela 2 mostra os dados experimentais resultantes das análises bioquímicas para a
primeira tomada de dados para a CK total, juntamente com a idade e o índice de massa
corpórea dos indivíduos desta pesquisa. O parâmetro ∆CK listado na tabela corresponde à
variação absoluta dos valores de CK, definido como:
ΔCK = CKpós - CKpré
Tabela 2: Valores medidos para CK referente à primeira tomada de dados em 1/09/2012.
1/09/2012
BC+
Placebo
Indivíduos
CK BASAL
(U/L)
CK PRÉ
(U/L)
CK PÓS
(U/L)
∆CK
(U/L)
Idade
(anos)
IMC
(kg/m2)
FT
MA
FF
LCH
RS
VP
161
57
68
140
79
129
176
69
70
156
85
140
219
91
77
162
104
176
43
22
7
6
19
36
21
21
29
21
24
25
19,02
20,9
23,8
22,6
19
24,5
IL
PC
LC
MtA
RA
RL
50
137
453
1052
175
56
59
147
455
1129
188
61
69
188
517
1353
230
77
10
41
62
224
42
16
19
22
21
21
22
22
19,1
21,4
19,3
23,8
22.1
22,1
Nota: CK= Creatina Cinase; ∆CK= Variação Absoluta; IMC= Índice de Massa Corpórea
A Figura 4 mostra os níveis de CK basal em função do CK pré-teste. Foi excluído um
ponto extremo, considerado atípico, referente ao indivíduo MtA. Os pontos experimentais são
quase coincidentes com a linha de identidade, a qual é definida como a reta com coeficiente
angular um, e está representada no gráfico pela linha pontilhada. Observa-se apenas uma
pequena elevação tanto na roupa placebo quanto na roupa contendo particulado cerâmico, em
relação à linha de identidade mostrando que CK pré-teste ≈ CK basal. Estes resultados
apontam que o período de 1 hora previamente ao exercício físico, no qual os indivíduos
33
fizeram uso das roupas, não produziu qualquer efeito nos níveis séricos de CK total. Desta
forma, os dados podem ser analisados de forma comparativa tomando-se como referência
tanto o CK pré-teste quanto o CK basal, indistintamente.
Figura 4: CK (U/L) pré-teste em função de CK (U/L) basal, para a primeira tomada de dados. A linha cheia
corresponde ao ajuste linear aos pontos experimentais. A linha de identidade está representada em pontilhado.
A Figura 5 mostra a dependência observada entre o parâmetro ∆CK e os níveis de CK
medidos previamente ao teste de Cooper. O gráfico não mostra diferenças aparentes entre os
grupos estudados.
Verificou-se não haver correlações entre os níveis de CK com a idade e com o IMC
dos indivíduos participantes da pesquisa.
Figura 5: Dependência entre o parâmetro ∆CK (U/L) e os níveis de CK Pré (U/L) medidos previamente ao teste
de Cooper. A linha tracejada é para visualização de tendência.
34
A Tabela 3 mostra os dados experimentais para a CK total, obtidos na segunda tomada
de dados, ocorrida em 22/09/2012, juntamente com a idade e o índice de massa corpórea dos
indivíduos desta pesquisa.
Tabela 3: Valores medidos para CK referente à segunda tomada de dados no dia 22/09/2012.
22/09/2012
Placebo
BC+
Indivíduos
CK
BASAL
(U/L)
CK
PRÉ
(U/L)
CK
PÓS
(U/L)
∆CK
(U/L)
Idade
(anos)
IMC
(kg/m2)
FT
124
132
152
20
21
19,02
MA
42
77
62
-15
21
20,9
FF
109
110
117
7
29
23,8
LCH
101
107
97
-10
21
22,6
RS
57
62
77
15
24
19
VP
162
108
142
34
25
24,5
IL
88
97
120
23
19
19,1
PC
61
65
83
18
22
21,4
LC
582
662
737
75
21
19,3
MtA
448
469
557
88
21
23,8
RA
897
938
1038
100
22
22.1
RL
42
43
53
10
22
22,1
Nota: CK= Creatina Cinase; ∆CK= Variação Absoluta; IMC= Índice de Massa Corpórea
A Figura 6 mostra os níveis de CK basal em função do CK pré-teste para a segunda
tomada de medidas. Os pontos experimentais são quase coincidentes com a linha de
identidade. Observa-se apenas uma pequena elevação tanto na roupa placebo quanto na roupa
contendo particulado cerâmico, em relação à linha de identidade mostrando que CK pré-teste
≈ CK basal. Como já discutido anteriormente, estes resultados apontam que o período de 1
hora previamente ao exercício físico, no qual os indivíduos da pesquisa fizeram uso das
roupas, não produziu qualquer efeito nos níveis séricos de CK total. Assim, os dados podem
ser analisados de forma comparativa tomando-se como referência tanto o CK pré-teste quanto
o CK basal, indistintamente.
35
Figura 6: CK (U/L) pré-teste em função de CK (U/L) basal para a segunda tomada de dados. A linha cheia
(azul) corresponde ao ajuste linear aos pontos experimentais. A linha de identidade está representada em preto.
A Figura 7 mostra a dependência observada entre o parâmetro ∆CK e os níveis de CK
medidos previamente ao teste de Cooper. O gráfico não mostra diferenças aparentes entre os
grupos estudados.
Figura 7: Dependência entre o parâmetro ∆CK (U/L) e os níveis de CK (U/L) medidos previamente ao teste de
Cooper. A linha tracejada é para visualização de tendência.
A Tabela 4 apresenta o sumário de dados para os dois dias de medida para a variação
percentual de CK, removendo-se os casos patológicos: MtA e RA (índices elevados de CK),
36
bem como MA e LCh (variações negativas de CK mediante exercício) através de ∆CK % para
BC+ e placebo.
Tabela 4: Análise da ∆CK % para os dois dias de medidas.
∆CK %
Indivíduos
BC+
Placebo
FT
24,4
15,2
FF
10
6,36
RS
22,4
24,2
VP
25,7
31,5
IL
23,7
16,9
PC
27,7
27,9
LC
11,3
13,6
RL
23,3
26,2
Média
21,06
20,23
Desvio Padrão
6,63
8,53
Nota: ∆CK%= Variação relativa de CK
Tendo em vista que o experimento do presente trabalho foi conduzido na forma crossover, assume-se para efeitos de teste estatístico que os dados são pareados. Com a eliminação
dos pontos atípicos, o coeficiente de correlação obtido para as duas colunas de dados da
Tabela 4 foi de r = 0.7932 e o valor de p unicaudal foi de 0,0094, o que é considerado muito
significante. Com estes valores, o pareamento parece ser efetivo.
Desta forma, a aplicação do teste “t” pareado, retorna um valor de p bicaudal de
0,6653 indicando que a média das diferenças entre os grupos não difere significantemente de
zero, ou seja, a utilização de roupas contendo particulado cerâmico não promoveu alterações
nos níveis séricos de CK.
37
4.2
Análise do lactato
A Tabela 5 mostra os dados experimentais obtidos na primeira tomada de dados para Lactato,
referente a três coletas sanguíneas: basal, pré-teste e pós-teste de Cooper. A idade e o índice
de massa corpórea dos indivíduos da pesquisa também estão apresentados
Tabela 5: Dados para Lactato referente à primeira tomada de dados em 1/09/2012.
1/09/2012
BC+
Placebo
(mmol/L)
LACTATO
PÓS
(mmol/L)
Idade
(anos)
(kg/m2)
1,1
0,8
10,4
21
19,02
MA
0,9
1,6
9,7
21
20,9
FF
1,1
0,9
10,9
29
23,8
LCH
1,2
1,2
7,2
21
22,6
RS
0,6
0,7
10,6
24
19
VP
0,8
1,3
11,8
25
24,5
IL
1,3
1,0
8,6
19
19,1
PC
0,5
1,1
14,8
22
21,4
LC
1,7
1,6
9,7
21
19,3
MtA
1,6
1,0
6,6
21
23,8
RA
1,5
1,6
10,3
22
22.1
RL
1,3
1,6
12,4
22
22,1
LACTATO
BASAL
(mmol/L)
LACTATO
PRÉ
FT
Indivíduos
IMC
Nota: mmol/L= Milimoles por litro; IMC= Índice de Massa Corpórea
Conforme pode ser observado na Figura 8, os resultados de Lactato Basal e Pré-teste
estão relativamente dispersos em relação à linha de identidade (reta com coeficiente angular
1), o que indica uma baixa correlação entre as duas variáveis. Os pontos experimentais estão
dispersos aleatoriamente para os dois grupos de estudo, indistintamente. Desta forma, estes
resultados apontam que o período de 1 h previamente ao exercício físico, no qual os
indivíduos da pesquisa fizeram uso das roupas, não produziu qualquer efeito nos níveis
plasmáticos de lactato. Assim, os dados podem ser analisados de forma comparativa tomandose como referência tanto o lactato pré quanto o lactato basal, indistintamente.
38
Figura 8: Lactato Pré (mmol/L) em função do Lactato Basal (mmol/L) para as medidas do dia 1/09/2012. A
linha pontilhada corresponde à linha de identidade (coeficiente angular 1).
A Tabela 6 mostra os dados experimentais obtidos para o Lactato na segunda tomada
de dados, ocorrida no dia 22/09/12, juntamente com idade e o índice de massa corpórea dos
indivíduos da pesquisa referente a três coletas sanguíneas: basal, pré - teste, pós-teste de
Cooper.
Tabela 6: Dados para o Lactato referente a segunda tomada de dados em 22/09/2012.
22/09/2012
Placebo
BC+
Indivíduos
LACTATO
BASAL
(mmol/L)
LACTATO
PRÉ
(mmol/L)
LACTATO
PÓS
(mmol/L)
FT
MA
FF
LCH
RS
VP
IL
PC
LC
MtA
RA
RL
1,7
1,4
1,1
1,6
0,6
0,6
1,7
0,5
1,4
1,6
1,1
0,7
1,4
1,3
2,5
1,0
0,7
0,7
1,2
1,4
0,9
1,7
1,7
0,8
10,6
7,1
8,8
11,5
14,0
13,5
11,4
11,4
11,4
14,6
16,3
8,6
Nota: mmol/L= Milimoles por litro; IMC= Índice de Massa Corpórea
Idade
(anos)
21
21
29
21
24
25
19
22
21
21
22
22
IMC
(kg/m2)
19,02
20,9
23,8
22,6
19
24,5
19,1
21,4
19,3
23,8
22.1
22,1
39
A Figura 9 mostra os níveis plasmáticos de lactato no momento prévio ao teste de
Cooper em função da concentração plasmática basal. Os resultados apresentam-se dispersos
aleatoriamente em relação à linha de identidade. Desta forma, estes resultados apontam que o
período de 1 hora previamente ao exercício físico, no qual os indivíduos da pesquisa fizeram
uso das roupas, não produziu qualquer efeito nos níveis plasmáticos de lactato. Assim, os
dados podem ser analisados de forma comparativa tomando-se como referência tanto o lactato
pré quanto o lactato basal, indistintamente.
Figura 9: Lactato Pré (mmol/L) em função do Lactato Basal (mmol/L) para as medidas do dia 22/09/2012.
A Tabela 7 mostra os resultados experimentais de forma agrupada para os dois dias de
coleta para lactato basal, pré e pós-teste de Cooper, comparando a roupa placebo com a roupa
impregnada, juntamente com a média e desvio padrão dos grupos. O parâmetro ∆LCTb%
corresponde à variação relativa dos valores de Lactato, definido como:
40
Tabela 7: Análise integral nos dois de coleta para lactato basal, pré e pós teste de Cooper, comparando a roupa
placebo com a roupa impregnada, juntamente com a média e desvio padrão dos grupos.
Indivíduos
LCT BASAL
BC+
Placebo
LCT PÓS
BC+
Placebo
∆LCTb%
Placebo
BC+
FT
1,1
1,7
10,4
10,6
523,5
845,5
MA
0,9
1,4
9,7
7,1
407,1
977,8
FF
1,1
1,1
10,9
8,8
700
890,9
LCH
1,2
1,6
7,2
11,5
618,8
500
RS
0,6
0,6
10,6
14,0
2233,3
1666,7
VP
0,8
0,6
11,8
13,5
2150
1375
IL
1,7
1,3
11,4
8,6
561,5
570,6
PC
0,5
0,5
11,4
14,8
2860
2180
LC
1,4
1,7
11,4
9,7
470,6
714,3
MtA
1,6
1,6
14,6
6,6
312,5
812,5
RA
1,1
1,5
16,3
10,3
586,7
1381,8
RL
0,7
1,3
8,6
12,4
853,8
1128,6
Média
1,058
1,242
11,2
10,66
1023
1087
Desvio Padrão
0,380
0,444
2,41
2,66
865,9
489,6
Nota: ∆LCTb%= Variação relativa de lactato basal
Tendo em vista que o experimento do presente trabalho foi conduzido na forma crossover, assume-se para efeitos de teste estatístico que os dados são pareados. Para a variável
∆LCTb%, o coeficiente de correlação entre os grupos Placebo e BC+ foi de r= 0,8634 e o valor
de p unicaudal foi de 0,0001 o que é considerado muito significante. Com estes valores, o
pareamento parece ser efetivo.
Desta forma, a aplicação do teste “t” pareado retorna um valor de p bicaudal de
0,6716, indicando que a média das diferenças entre os grupos não difere significantemente de
zero, ou seja, a utilização de roupas contendo particulado cerâmico não promoveu alterações
nos níveis plasmáticos de Lactato.
A Figura 10 a, b, e c, apresenta os gráficos estatísticos dos dados integrados nas
coletas: basal, pré e pós teste de Cooper. Nota-se que a dispersão para os níveis de Lactato
após o teste de Cooper dos indivíduos que usaram roupa impregnada é menor do que os que
usaram roupa placebo.
41
(a)
(b)
(c)
Figura 10: a, b, c: Análise com os dados integrados na (a) coleta basal, (b) pré e (c) pós-teste de Cooper.
A redução na dispersão das medidas obtidas para o período experimental pós-esforço
físico é confirmada quando foram analisadas as variações percentuais expressas pelo
42
parâmetro ∆LCTb%. A Figura 11 mostra o gráfico estatístico para o parâmetro ∆LCTb%.
Não foi observada diferença estatisticamente significante quando se compara as médias dos
dois grupos experimentais. Entretanto, observa-se que para o grupo BC+, a distribuição dos
valores obtidos é bem mais estreita, comparativamente aos valores obtidos para o grupo
placebo, os quais se encontram mais dispersos. O desvio padrão para os valores de ∆LCTb%
do grupo BC+ é de 489,6, quase metade do desvio padrão obtido para o grupo placebo, que
foi de 865,9.
Figura 11: Comparação da roupa placebo e BC+ por meio da variação basal e pós-teste.
A aplicação do teste F aos dados da Figura 11 para testar a pressuposição de
homocedasticidade (isto é, homogeneidade de variância) retornou um valor de F=3.128, com
P=0.0357, o que indica que a diferença entre os desvios padrão dos dois grupos de estudo é
estatisticamente significativa.
A Figura 12 corrobora a observação de que o uso de roupas contendo particulado
cerâmico reduziu a variância nos valores plasmáticos de lactato nos voluntários submetidos ao
teste de esforço. Quando é realizado o gráfico do parâmetro ∆LCTb% em função dos níveis
plasmáticos basais, observam duas linhas de tendência bem definidas que não são paralelas,
mas se cruzam em um ponto intermediário.
43
Figura 12: Variação de ∆LCTb% (mmol/L) em função do Lactato Basal (mmol/L) comparado nos dois dias de
coleta com a utilização de roupas placebo e BC+. As linhas cheias correspondem aos ajustes dos pontos
experimentais a modelos exponenciais decrescentes simples.
Nota-se que para níveis plasmáticos basais de lactato inferiores a ~0,95 mmol/L, as
variações percentuais resultantes do esforço físico foram sistematicamente inferiores quando a
roupa com particulado cerâmico foi utilizada, comparativamente ao uso da roupa placebo.
Para os níveis plasmáticos basais superiores a ~0,95 mmol/L, as variações percentuais
resultantes do esforço físico foram sistematicamente superiores quando a roupa com
particulado cerâmico foi utilizada, comparativamente ao uso da roupa placebo. Este
comportamento bem definido indica que o estreitamento na distribuição das concentrações
plasmáticas no período pós-esforço, para os indivíduos desta pesquisa que fizeram uso de
roupas contendo particulado cerâmico, não se deve ao acaso, mas é decorrente de algum
efeito biomodulador na cadeia de produção e metabolização do lactato, efeito este que
necessitará de estudos posteriores para ser identificado.
44
5. DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi analisar a variabilidade de marcadores bioquímicos
indicadores de lesão muscular e a utilização de roupas impregnadas com biocerâmica em
indivíduos irregularmente ativos. Para tanto, foram realizadas três coletas: basal, pré e pósteste nos dias 01/09/2012 e 22/09/2012 no período matutino, através de um estudo duplo-cego
onde os mesmos foram submetidos ao teste do esforço utilizando a roupa placebo e a
impregnada em momentos diferentes.
Os aumentos progressivos na enzima CK estão relacionados à falta de adaptação
física, representada pelo treinamento de alta intensidade, do esforço e confirmando o risco de
lesão muscular (MILIAS et al.; 2005). Esse aumento pode ser visualizado de acordo com a
Tabela 2 no presente estudo.
Segundo Brancaccio, Maffuli e Limongelli, (2007) as concentrações de CK variam de
acordo com fatores ambientais e biológicos: gênero, etnia, massa muscular, adaptações ao
treinamento, temperatura, genética e idade.
Mashiko et al. (2004), verificou que creatina cinase significamente aumentada pós
treino, sugere um acúmulo de exercícios físicos diários.
Um dos fatores estudados nessa pesquisa foi o gênero e a idade, a opção foi o sexo
masculino, visto que o sexo feminino apresenta valores reduzidos de CK pós-exercício,
provavelmente derivadas da proteção que o estrogênio pode fornecer estabilidade da
membrana celular no miócito (BRANCACCIO; MAFFULI; LIMONGELLI, 2007). Já a
idade, a opção foi entre 18-29 anos onde estudos indicaram que a enzima CK comparado com
a idade de 9 e 17 anos (período que ocorre a maturação sexual) mostrou-se maior quando está
mais próximo dos 17 anos (SILVA et al.; 2007).
A opção pelo período matutino foi para facilitar a corrida, pois Fernandópolis
apresenta o clima quente e seco, com isso poderia prejudicar a corrida dos sujeitos. Porém a
temperatura não influencia nos níveis séricos de CK.
A Tabela 3 mostra os aumentos progressivos de CK, mas existem alguns indivíduos
com valores negativos ou extremamente aumentados mesmo estando no estado basal. A
pesquisa foi creditada nas informações que os indivíduos passaram e assinaram, porém não
sabe ao certo se cumpriram os critérios de inclusão. Com isso foram retirados da pesquisa
para a fidelidade dos resultados.
45
Os testes realizados em campo nos fornecem dados mais úteis para guiarmos o
treinamento, evitando diversos problemas, como por exemplo: dificuldades de coordenação
na corrida em esteira rolante em laboratório (SZOGY, 1987). Silva et al. (2005) realizaram
um estudo onde utilizaram o Teste de Cooper para comparar o limiar de lactato em
futebolistas profissionais onde mostrou que o teste de esforço é um método de fácil
aplicabilidade e de baixo custo operacional. Com isso a aplicabilidade do teste de Cooper no
trabalho foi pensando no grupo em estudo onde os mesmos eram indivíduos irregularmente
ativos, o (n) grupo grande onde consegue colocar os indivíduos para corrida ao mesmo tempo
e os mesmos conseguiam controlar o próprio desempenho visto que em esteira rolante a
velocidade vai aumentando na medida em que vai correndo e pode ser realizado um por vez
em cada indivíduo.
A metodologia utilizada nesse estudo comparada a outras: Coelho et al. (2011),
realizou a coleta em tempos diferentes pós treino em um período de quatro dias em jogadores
de futebol profissional em uma temporada competitiva. Os resultados por eles obtidos
mostraram um aumento da enzima CK sendo que o pico foi entre 12-20 horas pós-jogo. César
et al. (2005), realizaram um estudo para analisar as modificações na CK em adultos jovens
submetidos ao trabalho de flexionamento estático e de forma máxima onde mostrou que a
coleta pós treino de 24 horas apresentou-se aumentada no treinamento de força máxima
comparada a coleta basal. Pereira et al. (2007), investigaram o efeito do alongamento pós
exercício na concentração de CK em homens e mulheres tendo observado aumento na CK 24
horas pós alongamento nos homens. Esses estudos mostram o que outros autores citaram que
a concentração da CK, atinge o pico em 1-4 dias após o treino (PETERSEN et al., 2001;
ANTUNES NETO et al., 2007; BRANCACCIO; MAFFULI; LIMONGELLI, 2007;
FOSCHINI; PRESTES; CHARRO, 2007; MOUGIOS, 2007). A metodologia empregada no
presente trabalho (coleta após 10 minutos do término do treino) foi realizada em tempos
diferentes ao dos autores citados a fim de comparar através de análises bioquímicas em
momentos menores o efeito da roupa impregnada com material particulado, creditando uma
possível metodologia nova em tempos parcialmente menores.
Devido aos efeitos biomoduladores já relatados na literatura, os tecidos contendo
biocerâmica são promissores para uso em roupas de alta tecnologia em práticas esportivas de
alto desempenho, buscando-se possíveis incrementos de performance durante a competição e
benefícios na recuperação física no período de recuperação. Dentro dos protocolos do
presente experimento, o uso, durante o esforço físico, de roupas contendo biocerâmica não
modificou as concentrações séricas médias de CK e Lactato plasmático comparativamente ao
46
uso de roupa placebo. Desta forma, em primeira análise, e do ponto de vista dos parâmetros
bioquímicos analisados, o uso de roupas contendo particulado cerâmico durante o exercício
físico não produziu efeitos colaterais imediatos. Estudos adicionais com analises bioquímicas
em tempos tardios serão necessários para avaliar possíveis benefícios ao restabelecimento do
indivíduo no período tardio pós-exercício físico.
Segundo Wasserman et al. (1986), o acúmulo do lactato pode ser causado por um
desequilíbrio entre suprimento e requerimento de O2 no músculo que foi exercitado. A
diminuição do fornecimento de O2 à mitocôndria diminui o estado de redox do citoplasma,
proporcionando o acúmulo de NADH+H+. O aumento da concentração de NADH+H+ no
citoplasma estimula a LDH a formar lactato (KATZ; SAHLIN, 1988).
Vários autores vêm utilizando análise de lactato para descobrir o seu limiar para
posteriormente estabelecer níveis adequados de intensidade de treinamento físico tanto em
indivíduos atletas como em sedentários. Drigo et al. (1996), realizou um estudo sobre a
demanda metabólica em lutas de projeção e de solo no judô através do lactato sanguíneo em
que foi observado aumento durante os treinamentos fazendo com que ocorresse alterações
metabólicas prejudiciais ao desempenho dos atletas.
No presente estudo observou-se a ocorrência de um aumento do lactato plasmático
pós-treino em ambos os grupos de estudo, com um pico máximo de 16,3 mmol/L ressaltandose que a corrida de 12 minutos (Teste de Cooper) foi de grande intensidade.
A análise estatística mostrou que a utilização de roupas contendo particulado cerâmico
não promoveu alterações nos níveis plasmáticos de lactato. Porém, mostrou que a dispersão
dos valores medidos foi bem menor quando os indivíduos utilizaram roupa contendo
particulado cerâmico, comparativamente ao uso da roupa placebo.
Esses resultados podem ser mostrados na Figura 10, onde observamos um
estreitamento nos voluntários que utilizaram a roupa contendo particulado cerâmico, onde
apresentaram um desvio padrão menor de 489,6, comparado ao placebo que foi de 865,9. A
Figura 11 enfatiza melhor esses resultados onde ocorre o cruzamento das linhas de tendência
(placebo e BC+), indicando que os valores inferiores à 0,95mmol/L resultantes do esforço
físico foram menores quando utilizados roupas contendo biocerâmica comparativamente à
roupa placebo, já os resultados superiores à 0,95mmol/L resultantes do esforço físico foram
maiores nos indivíduos que utilizaram roupa contendo biocerâmica comparado à roupa
placebo. Uma das hipóteses é que a roupa de biocerâmica emita radiação no IVL ocasionando
um efeito biomodulator na cadeia e depuração do lactato. Os maiores efeitos observados do
IVL são: melhorar a circulação, reparar e regenerar tecidos e regular os líquidos do corpo
47
(sistema humoral). Também, o IVL aumenta a temperatura corporal e eleva a mobilidade dos
fluidos corporais (INOUÉ; KABAYA, 1989).
Apesar de ainda pouco estudada, a biocerâmica foi descrita em diversas aplicações,
como no tratamento e reabilitação de doenças relacionadas a distúrbios vasomotores; Ko e
Berbrayer, (2002) realizaram uma pesquisa em pacientes com Síndrome de Raynaud e
relataram uma melhora na dor, no desconforto e aumento da temperatura da ponta dos dedos
das mãos comparada a roupa placebo.
Yoo et al. (2002), relataram que o tratamento utilizando o creme contendo pó de
turmalina e jade aplicado no rosto, eleva a temperatura da pele incrementando a circulação
sanguínea, mostrando que a biocerâmica tem um grande potencial como matéria prima em
cosméticos.
Conrado e Munin, (2013) mostraram através de uma pesquisa realizada em 30 dias
com mulheres, que a utilização de roupas impregnadas com biocerâmica promove um efeito
biomodulador, resultando em redução de medidas corporais.
A função da roupa contendo biocerâmica no organismo é promover a emissão de raios
infravermelhos, e a hipótese nesse caso (concentração do lactato) é que pode ter ocorrido um
aumento da temperatura da cutânea nos indivíduos por mecanismos de vasodilatação com isso
aumentando a depuração hepática do lactato, melhorando a circulação no local fazendo com
que o organismo não tenha tantas alterações musculares no pós-exercício.
No presente estudo, é possível que a vasodilatação produzida pela roupa com
biocerâmica, com melhoria na microcirculação próxima à musculatura, leve a um incremento
na depuração via hepática do lactato.
Como limitação do presente estudo, podemos citar o curto período de tempo transcorrido
entre o exercício físico e a coleta sanguínea. Para a análise de CK a metodologia mais
indicada seria a coleta 24 horas pós-treino comumente utilizada nas pesquisas e analisar os
efeitos da roupa durante o período de corrida, e período tardio pós-corrida, pois a mesma
mostrou em estudos segundo (CONRADO; MUNIN, 2013; KO; BERBRAUER, 2002; YOO,
et al., 2002) que melhora a dor, inflamação, edema podendo ter um melhor desempenho nos
indivíduos irregularmente ativos. Neste trabalho, o curto tempo pós-esforço escolhido para a
coleta sanguínea foi determinado pela dificuldade em subtrair os indivíduos de seus afazeres
rotineiros por um longo período. Para se avaliar os efeitos em tempos tardios, seria necessário
manter os indivíduos da pesquisa em condições controladas no período pós-exercício,
evitando-se assim a inserção de fatores que possam interferir nos resultados finais.
48
6. CONCLUSÕES
Através dos resultados obtidos por meio de análises bioquímicas o presente estudo mostrou
que a utilização de roupas contendo particulado cerâmico não promoveu alterações
significativas nos níveis séricos de CK. A análise de dados mostrou uma menor dispersão nas
concentrações plasmáticas de lactato, no período pós-esforço para indivíduos que utilizaram a
roupa contendo particulado cerâmico, comparativamente aos indivíduos que utilizaram a
roupa placebo. Os resultados indicaram, portanto, que a oclusão corporal com roupas
contendo particulado cerâmico poderia ter produzido ação modulatória na cadeia de produção
e depuração do lactato, inferindo consequentemente nos níveis plasmáticos deste composto,
por mecanismos ainda não elucidados.
49
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53
ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO
Consentimento Livre e Esclarecido em Pesquisa Cientifica conforme a Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
Eu,
.................................................................................,
RG
n..................................Residente
à..................................................................n............Bairro........................................., na
cidade de..................................................., consinto em participar da pesquisa cientifica
da Universidade Camilo Castelo Branco-UNICASTELO- intitulada:
“ANÁLISES DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS EM INDIVÍDUOS
SUBMETIDOS AO TESTE DE ESFORÇO E UTILIZAÇÃO DE ROUPAS
IMPREGNADAS COM BIOCERÂMICA”
A ser realizada pelo Profa. Esp. NAYARA GOMES FELIX DA SILVA RG n.
42.360.050-3 e CPF: 345.896.708-79, Biomédica- CRBM 12550, residente à Avenida
Pedro Ferrari, 58, Fernandópolis – SP, telefone para contato: 17 34625983/ 17
981370694, endereço profissional: Avenida Teotônio Vilela s/n- Campus UniversitárioFernandópolis-SP telefone para contato: 17 34650000 -. ciente e de acordo com os itens
abaixo:
a) - A justificativa, os objetivos, e aos procedimentos a serem realizados na
pesquisa;
Serão realizadas três punções venosas a fim de adquirir material para análises
sanguíneas, basal, antes e após o teste de esforço, sob supervisão, do autor. Salientamos
que este teste não implica risco à saúde, sendo realizado corriqueiramente na prática
médica.
A punção será realizada com antissepsia prévia da fossa antecubital dos
indivíduos, antes de colocar as roupas, 10 minutos antes e 10 minutos após seu término.
As amostras colhidas serão armazenadas em tubos secos e com anticoagulante fluoreto e
centrifugadas a 1500 rpm por 15 minutos. Os soros e plasmas obtidos serão
armazenados em Eppendorf para as análises bioquímicas.
O objetivo desse trabalho é analisar:
1- Os parâmetros bioquímicos de lesão muscular, ou seja, se a roupa utilizada
durante o teste de esforço poderá melhorar o seu desempenho físico.
54
2- Esta roupa possui uma nano-cerâmica (cerâmica muito pequena). Quando o
corpo se aquece, durante a caminhada ou corrida, esta nano-cerâmica absorve o calor do
corpo e devolve para o nosso corpo uma radiação de tamanho muito pequeno. Esta
radiação, por fim, estimula o funcionamento das células do corpo, melhorando as
reações químicas, sem causar efeitos maléficos à nossa saúde.
b) Os desconfortos e riscos possíveis e os benefícios esperados;
Em caso de desconforto, em que você possa estar sentindo dor durante a
realização do teste, o indivíduo pode parar a corrida. No caso da punção sanguínea, a
coleta será prontamente interrompida. Durante toda a realização do teste de Cooper e
punção sanguínea haverá profissional treinado para atender qualquer efeito adverso que
puder vir acontecer.
c) - Os métodos alternativos existentes;
Os métodos e técnicas que serão utilizados neste trabalho são considerados
procedimentos simples na área da saúde, ficando a seu critério a realização ou não deles,
sem a necessidade de métodos alternativos.
d) - A forma de acompanhamento e assistência, assim como seus responsáveis;
A Profa. Nayara Gomes Felix da Silva e o médico cardiologista, professor de
fisiologia do exercício, serão os responsáveis por orientar toda a realização dos testes de
acordo com as condições estabelecidas no item “a”.
e) - A garantia de esclarecimento, antes e durante o curso da pesquisa, sobre a
metodologia, informando a possibilidade de inclusão em grupo controle ou placebo;
Esta pesquisa será composta por 2 grupos: Realizaremos um estudo duplo-cego,
da seguinte forma:
Os 12 indivíduos serão divididos aleatoriamente em 2 grupos: Grupo A (6
indivíduos) e Grupo B (6 indivíduos).
Na primeira semana de aplicação do teste de Cooper e coleta sanguínea, o Grupo
A utilizará as roupas com nano-cerâmica e o Grupo B será o placebo;
Na segunda semana de teste, inverte-se os grupos: o Grupo A realizará o teste de
Cooper com as roupas placebo e o Grupo B usará as roupas com a nano-cerâmica;
realizando a punção sanguínea nos dois grupos;
As roupas serão usadas pelos indivíduos de acordo com o seu tamanho: pequeno,
médio ou grande. As meias serão colocadas até a altura dos joelhos. Os indivíduos
deverão colocar as roupas uma hora antes da realização do teste. A punção sanguínea
deverá ser coletada 10 minutos antes e após o teste de Cooper.
55
Será garantida a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento sobre dúvidas a
respeito dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a
pesquisa, através da Profa. Nayara Gomes Felix da Silva ou médico cardiologista.
f) - A liberdade do indivíduo recusar-se a participar ou retirar seu consentimento,
em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado;
Fica assegurado o seu direito de se retirar desta pesquisa em qualquer etapa sem
prejuízo algum para a sua pessoa.
g) A garantia do sigilo que assegure a privacidade dos indivíduos quanto aos
dados confidenciais envolvidos na pesquisa;
Todos os dados, relatos e materiais desta pesquisa serão considerados
confidenciais, garantindo a você toda a privacidade das informações. À inexistência de
qualquer espécie de benefício, a não ser informativo, tanto por parte da Universidade
quanto dos pesquisadores;
h) As formas de ressarcimento das despesas decorrentes da participação na
pesquisa;
Todas as despesas necessárias à execução deste trabalho, desde a preparação e
execução dos testes, assim como as roupas, serão patrocinadas pelo Profa. Nayara
Gomes, sem despesa alguma para você.
i) As formas de indenização diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa.
Em caso de eventuais danos durante a realização dos procedimentos, fica
assegurado ao paciente toda e qualquer indenização prevista por lei.
j) Após a execução das análises, permito o uso dos resultados dos mesmos para
estudos científicos e análises comparativas.
Fernandópolis, ..........de...........................de 2012
.............................................
Assinatura do Voluntário
.....................................................
Assinatura do Pesquisador
56
ANEXO B-QUESTIONARIO
Nome:_______________________________________________________
Data: ______/ _______ / ______ Idade: ______ Sexo: F (
)M(
)
Nós estamos interessados em saber que tipos de atividade física as pessoas
fazem como parte do seu dia a dia. Este projeto faz parte de um grande estudo que está
sendo feito em diferentes países ao redor do mundo. Suas respostas nos ajudarão a
entender que tão ativos nós somos em relação à pessoas de outros países. As perguntas
estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade física na ÚLTIMA
semana. As perguntas incluem as atividades que você faz no trabalho, para ir de um
lugar a outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em
casa ou no jardim. Suas respostas são MUITO importantes. Por favor, responda cada
questão mesmo que considere que não seja ativo. Obrigado pela sua participação!
Para responder as questões lembre-se que:
•
Atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um grande
esforço físico e que fazem respirar MUITO mais forte que o normal
•
Atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum
esforço físico e que fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal
Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você realiza por
pelo menos 10 minutos contínuos de cada vez.
1a Em quantos dias da última semana você CAMINHOU por pelo menos 10 minutos
contínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar para
outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício?
dias _____ por SEMANA (
) Nenhum
57
1b. Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos quanto
tempo no total você gastou caminhando por dia?
horas: ______ Minutos: _____
2a. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades MODERADAS por
pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo pedalar leve na bicicleta, nadar,
dançar, fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer
serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do
jardim, ou qualquer atividade que fez aumentar moderadamente sua respiração ou
batimentos do coração (POR FAVOR NÃO INCLUA CAMINHADA)
dias _____ por SEMANA (
) Nenhum
2b. Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos
contínuos, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?
horas: ______ Minutos: _____
3a. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades VIGOROSAS por pelo
menos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica aeróbica, jogar
futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados
em casa, no quintal ou cavoucar no jardim, carregar pesos elevados ou qualquer
atividade que fez aumentar MUITO sua respiração ou batimentos do coração.
dias _____ por SEMANA (
) Nenhum
3b. Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos
contínuos quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?
horas: ______ Minutos: _____
Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece sentado todo dia, no
trabalho, na escola ou faculdade, em casa e durante seu tempo livre. Isto inclui o tempo
sentado estudando, sentado enquanto descansa, fazendo lição de casa visitando um
amigo, lendo, sentado ou deitado assistindo TV. Não inclua o tempo gasto sentando
durante o transporte em ônibus, trem, metrô ou carro.
58
4a. Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de semana?
______horas ____minutos
4b. Quanto tempo no total você gasta sentado durante em um dia de final de semana?
______horas ____minutos
PERGUNTA SOMENTE PARA O ESTADO DE SÃO PAULO
Você já ouviu falar do Programa Agita São Paulo? (
Você sabe o objetivo do Programa? (
) Sim (
) Sim (
) Não
) Não
59
ANEXO C - BULAS DOS KITS
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
ANEXO C - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
UNIVERSIDADE CAMILO
CASTELO BRANCO
UNICASTELO
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título da Pesquisa: ANÁLISES DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS EM INDIVÍDUOS
SUBMETIDOS À ERGOMETRIA E UTILIZAÇÃO DE ROUPAS IMPREGNADAS COM
BIOCERÂMICA
Pesquisador: Nayara Gomes Felix da Silva
Área Temática: Novos procedimentos terapêuticos invasivos;
Versão: 2
CAAE: 01542412.5.0000.5494
Instituição Proponente: Universidade Camilo Castelo Branco
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DA NOTIFICAÇÃO
Tipo de Notificação: Outros
Detalhe:
Alteração do teste de esforço
Justificativa: Alteração do teste de ergometria devido ao equipamento estar em manutenção e
Data do Envio: 03/11/2013
Situação da Notificação: Parecer Consubstanciado Emitido
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 470.115
Data da Relatoria: 12/11/2013
Apresentação da Notificação:
Foi encaminhada uma carta justificando mudança no teste aplicado.
Objetivo da Notificação:
Comunicar a alteração do teste utilizado no estudo (Ergométrico) para Teste de Cooper devido
a problemas no equipamento e com o profissional médico que aplicaria o teste.
79
UNIVERSIDADE CAMILO
CASTELO BRANCO
UNICASTELO
Continuação do Parecer: 470.115
Avaliação dos Riscos e Benefícios: de acordo com os previamente citados.
Comentários e Considerações sobre a Notificação:
Notificaçao deixa claro e justificado o motivo da alteração.
Endereço:
RUA CAROLINA FONSECA, 584
Bairro: ITAQUERA
UF: SP Município:
Telefone:
SAO PAULO
CEP:
(11)2070-0092
08.230-030
[email protected]
E-mail:
Página 01 de 02
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória: de acordo
Recomendações: sem recomendações
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações: Aprovado
Situação do Parecer: Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP: Não
Considerações Finais a critério do CEP: O parecer foi aprovado ou seja foi aceita a
solicitaçao do pesquisador.
SAO PAULO, 27 de Novembro de 2013
Assinador por:
Geraldina Porto Witter ( Coordenador )
Endereço:
RUA CAROLINA FONSECA,
584
Bairro: ITAQUERA
UF: SP
Município:
Telefone:
CEP:
08.230-030
SAO PAULO
(11)2070-0092
E-mail:
[email protected]
Página 02 de 02
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NAYARA GOMES FELIX DA SILVA ANÁLISES DE