CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Diretoria de Educação Continuada e Pesquisa Mestrado Profissional em Administração BÁRBARA MADUREIRA WANDERLEY DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UMA ESCALA DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE PERCEBIDA E DAS ATITUDES E INTENÇÕES COMPORTAMENTAIS DE ESTUDANTES DE ESCOLAS DE INGLÊS Belo Horizonte 2012 BÁRBARA MADUREIRA WANDERLEY DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UMA ESCALA DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE PERCEBIDA E DAS ATITUDES E INTENÇÕES COMPORTAMENTAIS DE ESTUDANTES DE ESCOLAS DE INGLÊS Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Área de Concentração: Inovação e Dinâmica Organizacional. Linha de Pesquisa: Inovação, Redes Empresariais e Competitividade. Orientador: Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki. Belo Horizonte Centro Universitário UNA 2012 W245d Wanderley, Bárbara Madureira Desenvolvimento e validação de uma escala de avaliação da qualidade percebida e das atitudes e intenções comportamentais de estudantes de escolas de inglês/ Bárbara Madureira Wanderley. – 2012. 186f.: il. Orientador: Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2013. Programa de Mestrado Profissional em Administração. Bibliografia f. 168-178. 1. Ensino, língua estrangeira, qualidade. 2. Consumidor, comportamento, avaliação. I. Souki, Gustavo Quiroga. II. Centro Universitário UNA. III. Título. CDU: 338.486.3 Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus João Pinheiro Aos meus maiores amores: meu Senhor Deus e a Jesus Cristo, meu marido, Fred, minha mãe, Léa, meu pai, Elmo, meu irmão, David, e minha saudosa vovó, Maria. AGRADECIMENTOS A Deus, por todas as bênçãos que sempre tem derramado sobre minha vida e pela grande oportunidade de concluir com êxito este trabalho. É, de fato, um sonho realizado e, sem a vontade Dele, e somente Dele, nada disso seria possível. E a Cristo Jesus, por ser minha sustentação, a minha fortaleza. Ao professor Doutor Gustavo Quiroga Souki, pela sabedoria e tranquilidade na condução deste trabalho e pela habilidade na transmissão de seus conhecimentos, que foram valiosos para cada palavra aqui escrita. Minha gratidão não se restringe às suas orientações formais, mas ao apoio e presença constantes. Às escolas de ensino médio (Promove Pampulha, Magnum Buritis, Colégio Padre Eustáquio e aos demais), que gentilmente abriram suas portas para a aplicação de questionários junto a seus alunos que, concomitantemente, são estudantes de escolas externas de inglês. Foram contribuições valiosas, tanto do ponto de vista qualitativo quanto quantitativo. À Camila e à Luciana, pelo apoio e zelo nas coletas e aplicação dos questionários, fazendo do meu trabalho um projeto possível de ser alcançável. Aos líderes, colegas e parceiros de trabalho da UNA, ANIMA e UNIBH, pelo incentivo, parceria, torcida e apoio nesse período. Ao meu amado marido, Fred, por todo apoio (material, espiritual e emocional), pela compreensão nestes dois anos de ausências e cansaço, pelo incentivo nas horas mais difíceis, pela companhia nas madrugadas afora e pelo compartilhamento das emoções e sentimentos mais paradoxais que senti ao longo desta dissertação. Todo o meu amor, admiração e gratidão vão para esse marido e companheiro maravilhoso que Deus me deu. À minha mãe, Léa, pelo incentivo, incondicional amor, pela torcida, força e paciência! A ela todo meu amor e admiração. Ao meu irmão, David, pelo encorajamento e amizade. Ao meu pai, que mesmo ausente está presente sempre que pode. Aos meus familiares, amigas (Natacha, Morgana, Clarissa, Marina e Carol) e amigos, pela compreensão de minhas constantes ausências, sempre com a mesma justificativa. À minha, avó Maria, por ter sido o maior exemplo de serenidade e pelo amor tão incondicional que foi a mim dedicado enquanto esteve aqui. Ao Madu, por ser um exemplo ético e dedicado com a carreira e por todos os apoios adjacentes que sempre me concede. Aos amigos do grupo de estudo bíblico e ao Rev. Edson, pelas orações, palavras de ânimo e fortalecimento da fé como irmãos em Cristo. Recebam, todos que contribuíram de alguma forma com este trabalho, a minha humilde gratidão! RESUMO O presente trabalho foi realizado com o objetivo de desenvolver uma escala de avaliação de qualidade percebida e atitudes e intenções comportamentais de estudantes de escolas de inglês em Belo Horizonte, Minas Gerais. Para tanto, foi realizado levantamento do tipo survey, de natureza descritiva, com base em um corte transversal, com variáveis quantitativas. Além disso, esta pesquisa foi feita por meio de questionário estruturado, composto somente de questões fechadas, com uso de escala do tipo Likert adaptada para 11 pontos, totalizando 366 questionários válidos coletados por meio da técnica de amostragem denominada bola-de-neve. Os resultados obtidos permitem concluir que a qualidade percebida pelos estudantes de escolas de inglês em relação aos serviços prestados e produtos oferecidos é um construto multidimensional que pode ser avaliado com base nos seguintes fatores: professores, infraestrutura, biblioteca, qualidade dos serviços, organização administrativa e comunicação, funcionários e atendimento, ambiente da escola, método de ensino, atividades extras, rapidez no aprendizado, marca e tradição, status e endosso social e acessibilidade e comodidade oferecida. A escala desenvolvida neste estudo apresentou níveis adequados de confiabilidade e validade convergente e discriminante. As hipóteses testadas tiveram suporte dos pelos dados empíricos da pesquisa, com exceção da influência direta do preço sobre a satisfação. A qualidade percebida global apresentou elevada capacidade preditiva em relação à satisfação e este construto, por sua vez, mostrou impactos elevados sobre a preferência, a propensão à lealdade, o orgulho e a comunicação boca a boca/recomendação. Verificou-se, ainda, que o valor percebido exerce menos influência sobre a satisfação do que a percepção de qualidade. Além disso, constatou-se que o preço não impacta diretamente na satisfação, mas apenas por meio do valor percebido. Finalmente, cabe destacar que o modelo ofereceu ajuste satisfatório. Palavras-chave: Qualidade percebida. Satisfação. comportamentais. Estudantes de escolas de inglês. Atitudes e intenções ABSTRACT This research paper was composed with the objective of developing a perceived quality evaluation scale with respect to attitudes as well as the behavioral intentions of students enrolled in English schools in Belo Horizonte, Minas Gerais. For that purpose, a descriptive survey, based on a transversal section with quantitative variables was developed. Furthermore, this present research was conducted through a structured questionnaire, composed of multiple choice questions with a Likert scale adapted to eleven points, totaling 366 valid questionnaires collected through the sampling technique known as “snowball.” The results obtained draw the conclusion that the quality perceived by the English school students in relation to the service and product offered is a multidimensional construct that may be evaluated based on the following factors: teachers, infrastructure, library, service quality, administrative organization and communication, employees and treatment, school environment, teaching method, extra activities, celerity in learning, brand and tradition, status and social endorsement and accessibility and conveniences offered. The scale developed in this study presented adequate levels of converging and discriminating reliability and validity. The hypotheses tested were supported by the empirical data of the research, with the exception of the direct influence of the price over satisfaction. The overall quality heeded presented an elevated predictive capacity in relation to satisfaction, and this construct, on the other hand, presented elevated impacts on preference, propensity to loyalty, pride and word of mouth communication or recommendation. It was verified that the value perceived has a lesser influence on the satisfaction than on the perception of quality. Nonetheless, it was found that price did not present a direct impact on satisfaction, but only through the value perceived. Finally, it is remarkable to note that the model presented a satisfactory adjustment. Key words: Perceived quality. Satisfaction. Behavioral attitudes and intentions. English school students. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Modelo do processo de decisão de compra dos consumidores. .............. 31 Figura 2 – Fontes de informação para uma decisão de compra ............................... 56 Figura 3 – Matriz de fidelidade .................................................................................. 83 Figura 4 – Diagrama de caminhos .......................................................................... 112 Figura 5 – Modelo hipotético da pesquisa ............................................................... 114 Figura 6 – Modelo testado da pesquisa .................................................................. 159 Gráfico 1 – Escolas de inglês onde os entrevistados estudam. .............................. 116 Gráfico 2 – Renda familiar dos entrevistados.......................................................... 117 Gráfico 3 – Gênero dos entrevistados. .................................................................... 118 Gráfico 4 – Nível de escolaridade dos entrevistados. ............................................. 118 Gráfico 5 – Estado civil dos entrevistados. ............................................................. 119 Gráfico 6 – Faixa etária dos entrevistados. ............................................................. 120 Quadro 1 – Tipos de comportamento de compra do consumidor ............................. 51 Quadro 2 – Características da solução limitada versus as da solução ampliada ...... 52 Quadro 3 – Diferenças entre as concepções básicas de pesquisas exploratória, descritiva e causal..................................................................................................... 93 Quadro 4 – Tipos de amostragem........................................................................... 100 Quadro 5 – Citações dos construtos e variáveis da pesquisa (questionário) .......... 104 Quadro 6 – Critérios para adequação da solução fatorial e confiabilidade ............. 133 Quadro 7 – Resultados da avaliação das hipóteses ............................................... 164 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Instituições de ensino de idiomas em Belo Horizonte em 2004 e em 2012 .......................................................................................................................... 19 Tabela 2 – Informações sobre o estudo do inglês por parte dos entrevistados ...... 117 Tabela 3 – Estatística descritiva .............................................................................. 121 Tabela 4 – Teste de adesão à normalidade de Kolmogorov-Sminorv..................... 128 Tabela 5 – Solução fatorial do construto B3: professores da escola....................... 133 Tabela 6 – Solução fatorial do construto B4: infraestrutura da escola .................... 134 Tabela 7 – Solução fatorial do construto B5: qualidade de serviços, organização administrativa e comunicação da escola ................................................................. 134 Tabela 8 – Solução fatorial do construto B6: funcionários e atendimento da escola135 Tabela 9 – Solução fatorial do construto B7: ambiente da escola........................... 135 Tabela 10 – Solução fatorial do construto B: método de ensino da escola ............. 136 Tabela 11 – Solução fatorial do construto B9: rapidez da aprendizagem da escola136 Tabela 12 – Solução fatorial do construto B10: marca e tradição da escola ........... 137 Tabela 13 – Solução fatorial do construto B12: status e endosso social da escola 137 Tabela 14 – Solução fatorial do construto B13: acessibilidade e comodidade oferecida pela escola .............................................................................................. 138 Tabela 15 – Solução fatorial do construto B14.1: preço.......................................... 138 Tabela 16 – Solução fatorial do construto B14.2: valor percebido .......................... 138 Tabela 17 – Solução fatorial do construto B15.1: satisfação .................................. 139 Tabela 18 – Solução fatorial do construto B15.3: comunicação boca a boca/ recomendação ........................................................................................................ 139 Tabela 19 – Solução fatorial do construto B15.4: orgulho....................................... 139 Tabela 20 – Solução fatorial do construto B15.5: lealdade ..................................... 140 Tabela 21 – Solução fatorial do construto B16: preferência.................................... 140 Tabela 22 – Avaliação da validade convergente dos construtos de primeira ordem do modelo com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) ........................... 147 Tabela 23 – Avaliação da AVE dos construtos de primeira ordem do modelo ........ 151 Tabela 24 – Avaliação da validade discriminante dos construtos de primeira ordem com base no método de Fornell e Larcker (1981) ....................................... 152 Tabela 25 – Avaliação da CC e do AC dos construtos de primeira ordem ............. 153 Tabela 26 – Avaliação da validade convergente do construto de segunda ordem com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) ............................................. 154 Tabela 27 – Avaliação da validade discriminante do construto de segunda ordem com base no método de Fornell e Larcker (1981)................................................... 155 Tabela 28 – Avaliação da validade discriminante do construto de segunda ordem com base nos cross-loadings .................................................................................. 156 Tabela 29 – Resultado das hipóteses do modelo proposto. ................................... 160 Tabela 30 – Q² dos construtos endógenos do modelo............................................ 160 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AC Alfa de Cronbach ACAA Completamente aleatórios ao acaso CC Confiabilidade composta AFC Análise Fatorial Confirmatória AVE Variância Média Extraída CF Carga fatorial COM Comunalidade GoF Goodness of fit ICBEU Instituto Cultural Brasil Estados Unidos KMO Kaiser-Meyer-Olkin NC Não consta PLS Partil Least Square SEM Modelagem de Equações Estruturais SPSS Statistical Package for Social Sciences TEB Teste de Esfericidade de Bartlett VE Variância explicada SUMÁRIO1 1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA DA PESQUISA .............................................. 14 2 OBJETIVOS........................................................................................................... 25 2.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 25 2.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 25 3 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 26 3.1 Comportamento do consumidor .......................................................................... 26 3.1.1 Influências ambientais ...................................................................................... 32 3.1.1.1 Fatores culturais ............................................................................................ 32 3.1.1.2 Fatores sociais .............................................................................................. 33 3.1.1.3 Fatores familiares .......................................................................................... 35 3.1.1.4 Fatores pessoais ........................................................................................... 37 3.1.1.5 Fatores psicológicos...................................................................................... 42 3.1.1.6 Fatores situacionais ...................................................................................... 49 3.1.2 Processo de decisão de compra do consumidor .............................................. 49 3.1.2.1 Reconhecimento da necessidade ................................................................. 53 3.1.2.2 Busca de informações ................................................................................... 54 3.1.2.3 Avaliação de alternativas pré-compra ........................................................... 57 3.1.2.4 Compra ......................................................................................................... 61 3.1.2.5 Consumo ....................................................................................................... 64 3.1.2.6 Avaliação pós-consumo ................................................................................ 65 3.1.2.7 Descarte ........................................................................................................ 89 4 METODOLOGIA .................................................................................................... 91 4.1 Tipo da pesquisa ................................................................................................. 91 4.2 População e amostra da pesquisa ...................................................................... 98 4.3 Métodos e técnicas utilizadas para a coleta de dados ...................................... 104 4.4 Tratamento dos dados ...................................................................................... 108 1 Este trabalho foi revisado de acordo com as novas regras ortográficas aprovadas pelo Acordo Ortográfico assinado entre os países que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em vigor no Brasil desde 2009. E foi formatado de acordo com a ABNT NBR 14724 de 17.04.2011. 4.4.1 Modelagem de equações estruturais (Structural Equations Modeling -SEM). 109 5 MODELO HIPOTÉTICO DA PESQUISA ............................................................. 113 6 RESULTADOS .................................................................................................... 115 6.1 Análise exploratória dos dados ......................................................................... 115 6.1.1 Caracterização da amostra ............................................................................ 115 6.1.2 Análise descritiva dos dados .......................................................................... 120 6.1.3 Análise de dados ausentes ............................................................................ 124 6.1.4 Análise de outliers .......................................................................................... 126 6.1.5 Normalidade dos dados ................................................................................. 127 6.1.6 Linearidade .................................................................................................... 131 6.2 Dimensionalidade dos construtos da pesquisa ................................................. 131 6.3 Método de equações estruturais: teste das hipóteses ...................................... 141 6.3.1 Outer model: validade convergente, discriminante e confiabilidade ............... 146 6.3.1.1 Construtos de primeira ordem ..................................................................... 146 6.3.1.2 Construtos segunda ordem ......................................................................... 153 6.3.2 Modelos estruturais: validade nomológica e ajuste do modelo .................... 157 7 CONCLUSÕES .................................................................................................... 161 7.1 Limitações e sugestões para futuras pesquisas ................................................ 165 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 168 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA ................................................. 179 14 1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA DA PESQUISA A realidade das escolas de idiomas remonta a um passado histórico baseada na necessidade que as pessoas possuem de se comunicar, de estabelecer conexões e relacionamentos desde os primórdios. Conforme Thayer (1972) e Schuler (2004), o relacionamento humano está pautado na comunicação, iniciada desde seu nascimento e imprescindível para sua existência. A comunicação pode ser definida como um processo inerente à existência humana, à sua evolução, crescimento e às transformações de todos os sistemas vivos, sejam comunidades, organizações ou grupos de pessoas, além de fundamental na interação com o ambiente (THAYER, 1972). Desta forma, o ato de comunicarse está intimamente ligado à troca de informações, ideias e pensamentos por meio de mecanismos como a fala, a escrita e símbolos por duas ou mais pessoas que atuam como emissores e receptores de mensagens diversas (SCHULER, 2004; THAYER, 1972). De acordo com Mattelart e Mattelart (2005), a comunicação é um fator fundamental de integração das sociedades humanas, centrada, principalmente, na visão da sociedade como um organismo, formado por um conjunto de órgãos em que cada um deles exerce importante e relevante função para o bom funcionamento desse organismo como um todo. O processo de comunicação sofre profunda transformação, iniciando a partir de pinturas rupestres primitivas às mais sofisticadas formas de escrita, passando, nesse período, por evoluções contínuas (DUARTE, 2007). Esse processo deu-se a partir da necessidade do desenvolvimento de tecnologias que favorecessem a comunicação, visto que novas terras e novas fronteiras vinham sendo buscadas e alcançadas pelo homem (DUARTE, 2007). A partir daí, o alfabeto, como é conhecido nos dias atuais, foi ganhando forma e a construção de linguagens e do vocabulário foi sendo concebida por meio da conexão dos elementos que, gradativamente, iam sendo descobertos e aprimorados, chegando aos formatos de internet, telefone, rádio e telégrafo, além de tantos outros existentes nos dias atuais (MATTELART, 2001). O autor conclui, portanto, que a língua passa a ser a forma universal de comunicação e transmissão de 15 informações, cujos caminhos são encurtados pelos recursos tecnológicos modernos existentes, conferindo mais agilidade e confiabilidade em sua disseminação. Logo, os distintos sistemas de comunicação existentes e desenvolvidos pelo homem garantiram a ele as possibilidades de interação e trocas sociais como ser social que é (CASADO, 2002). Além disso, a comunicação exerce papel cada vez mais importante, sobretudo a partir do século XVIII, no tocante à organização do trabalho coletivo no interior de fábricas, e exercendo relevante papel na estruturação dos espaços econômicos (MATTELART; MATTELART, 2005). Inaugurado em 1793, o telégrafo, primeiro sistema de comunicação à distância, foi criado com a finalidade principal de atendimento a demandas militares. A partir daí, surgiram diversas necessidades de encurtamento de distâncias e otimização de processos relacionados ao trabalho e à circulação monetária entre cidades, estados e países. O encurtamento dessas distâncias geográficas poderia ser promovido a partir do desenvolvimento de eficientes ferramentas de comunicação, seja para aplicação dentro de um mesmo espaço físico, seja para comunicar-se com localidades do outro lado do globo. Nesse sentido, Mattelart e Matellart (2005) defendem a ideia de que a comunicação exerceu importante papel na industrialização, sobretudo a partir do século XIX. No entanto, ainda que modernos e eficientes mecanismos de comunicação sejam amplamente difundidos por todo o mundo, há e sempre houve grande necessidade de universalização de uma língua comum para transmissão do grande fluxo de informações que circulam diariamente entre as nações com finalidades diplomáticas, comerciais e humanitárias. Logo, uma língua haveria de ser definida a fim de padronizar a comunicação entre todos os povos existentes sobre a Terra. Em virtude da relevância histórica do Reino Unido e sua ampla atuação e domínio colonialista em diversas partes do mundo, a língua inglesa passa a ser, portanto, um dos idiomas universalmente falados na comunicação entre as nações. Além disso, esse processo está diretamente relacionado à supremacia econômica dos Estados Unidos da América, cuja língua pátria é o inglês, corroborando ainda mais a definição do referido idioma para universalização da comunicação em todo o mundo. Dessa forma, o inglês é o idioma mais usado na 16 comunicação entre países de todas as partes do globo (DUARTE, 2007). O idioma inglês, a partir daí, passou a ter grande relevância não somente no cenário comercial e econômico mundial, mas tornou-se, também, condição imprescindível para a competitividade de profissionais do mundo moderno que desejam ingressar, manter-se e desenvolver-se no mercado de trabalho, já que este deve estar pronto a comunicar-se com qualquer parte do mundo, a qualquer momento. As organizações modernas deparam com grandes desafios referentes ao atendimento das necessidades e satisfação dos consumidores em todo o globo, principalmente se levados em consideração o dinamismo e a rapidez com que mudanças acontecem em todos os aspectos micro e macroambientais (CHRISTINO, 2004). Esses desafios devem-se ao fato de que o homem possui uma infinidade de necessidades e desejos, além de que seus modelos comportamentais se modificam rapidamente, exigindo padrões de qualidade e variedade cada vez mais elevados por parte das organizações (TAMASHIRO et al., 2007). Pode-se dizer que essas mudanças comportamentais sofrem influência das constantes mudanças nos ambientes tecnológico, social, econômico, político e cultural, gerando novas tendências de mercado (SOUKI; GONÇALVES FILHO; SILVA, 2006) e exigem que as organizações se adaptem constantemente a essa nova realidade (PINHO, 2006). Tais mudanças conferem ao consumidor mais acesso à informação, tornando-o mais criterioso e exigente em suas escolhas. Além disso, esse novo perfil de consumidor é cada vez mais exigente quanto à qualidade e serviço oferecidos pelas organizações. Dessa forma, o consumidor possui a expectativa de que as organizações trabalhem em níveis praticamente customizados para atender às suas necessidades de forma individualizada, suficientemente satisfatória e praticamente artesanal (COBRA; BREZZO, 2010; KOTLER, 2005). Assim, as empresas modernas devem se colocar em uma posição de constante levantamento de necessidades latentes de seu mercado consumidor a fim de oferecer mais valor agregado e garantir a satisfação de seu público-alvo, assediado constantemente pela concorrência e novos entrantes (SILVA, 2005; HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007). Além disso, essas organizações devem ser dotadas da capacidade de rápida resposta às mudanças ambientais e 17 de promover revisão e reformulação constante de suas estratégias a fim de se manterem competitivas frente ao mercado e aos concorrentes (DUARTE, 2007). Não obstante, é importante salientar que a competitividade e a disputa entre as organizações modernas oferecem uma infinidade de opções para o mercado consumidor, o que corrobora ainda mais o elevado padrão de exigência e variedade requerido por ele. As mudanças nos padrões comportamentais e interesses do consumidor ocorrem a partir desse cenário em que a variedade torna-se cada vez mais atrativa, impondo desafios cada vez maiores às organizações que desejam manter-se competitivas e na disputa pela liderança de mercado. Essas organizações devem diferenciar-se, inovar e permanecer atentas ao mercado a fim de sempre saírem à frente dos concorrentes e concentrar esforços na dominação de técnicas e procedimentos desconhecidos pelo mercado, conferindo-lhes exclusividade à frente das demais. Além disso, as empresas contemporâneas necessitam focar seus esforços e atenções no mercado, tomando-o como base em suas decisões estratégicas (RICHERS, 1986). Para isso, é importante a realização de profundas e completas pesquisas na área, a fim de conhecer e dominar as características mais relevantes do mercado e do público consumidor, com o intuito de diferenciar-se no segmento em que atuam (DUARTE, 2007). Conforme Silva (2005), compreender e absorver as necessidades dos consumidores é tarefa árdua e delicada, visto que não é estrategicamente possível compreender e atender às necessidades de forma individual de seu mercado-alvo, ainda que este já esteja segmentado e bem definido. No que se refere ao mercado de ensino de idiomas, esse cenário não se mostra diferente. Em resposta a essa grande necessidade e exigência por parte do mercado em relação à fluência do idioma inglês e pelo fato de a língua pátria do Brasil não possuir relações com este, diversas escolas de idiomas, sobretudo do idioma inglês, surgem por todo o Brasil a fim de atender a essa demanda latente. Souki e Pereira (2004) e Kotler e Fox (1994) afirmam que a realidade das instituições de ensino brasileiras não é diferente das demais em termos de competitividade e necessidade de adaptação ao dinamismo e mudanças ambientais pelos quais o mundo moderno passa. Conforme os autores, tais instituições são profundamente afetadas pelas turbulências e alterações nos ambientes micro e 18 macroeconômicos, o que exige nova postura e estratégias por parte dos administradores a fim de garantir a manutenção dessas organizações nesses ambientes competitivos. Silva (2005) destaca o exponencial crescimento que as escolas de inglês vêm atingindo na cidade de Belo Horizonte. Para se manterem no mercado, essas instituições têm buscado rever suas práticas, suas estratégias e suas decisões no sentido de orientarem-se quanto à qualidade e eficácia dos serviços que oferecem. Desta forma, as instituições de ensino de idiomas saem de uma posição passiva experimentada ao longo de várias décadas para uma postura prospectiva diante da realidade desse mercado. Silva (2005) ainda destaca que, na década de 60, a escola de inglês de mais destaque da cidade de Belo Horizonte era o Instituto Cultural Brasil Estados Unidos (ICBEU) em meio às poucas que existiam nessa época. Já no início da década de 70, o autor destaca a entrada de escolas potenciais no estado de Minas Gerais, que começaram a competir pelo mercado até então atendido por restrito conjunto de instituições atuantes nesse segmento. A partir dos anos 2000, o mercado de escolas de idiomas na cidade de Belo Horizonte passou a ser dividido por diversas escolas concorrentes entre si, algumas delas provenientes de elevadas redes de franquias, como outras provenientes de escolas de menor porte, além de uma infinidade de professores particulares (SILVA, 2005). A fim de retratar a realidade do mercado no ano de 2004, Silva (2005) realizou levantamento da quantidade de escolas de inglês na cidade de Belo Horizonte. A TAB. 1 a seguir demonstra o número de escolas existentes em Belo Horizonte em 2004 e 2012, que busca comparar a quantidade de escolas existentes nos referidos anos e demonstrar a evolução do setor em Belo Horizonte nesse intervalo de tempo. 19 TABELA 1 – Instituições de ensino de idiomas em Belo Horizonte em 2004 e em 2012 2004 Escolas de Idiomas Berlitz Brasas CCAA CNA Cel-lep Cultura Inglesa Fisk ICBEU Number One Skill Wisdom Wizard Yazigi Greenwich GreenSystem Greenway Luziana Lanna MAI English UPTIME Park Idiomas The Best Inglês e Cia Rizvi Outras escolas TOTAL GERAL 2012 Número de Escolas 1 3 9 3 1 6 3 1 21 3 5 7 4 3 1 5 13 3 NC* NC* NC* NC* NC* 76 168 Escolas de Idiomas Berlitz Brasas CCAA CNA Cel-lep Cultura Inglesa Fisk ICBEU Number One Skill Wisdom Wizard Yazigi Greenwich GreenSystem Greenway Luziana Lanna MAI English UPTIME Park Idiomas The Best Inglês e Cia Rizvi Outras escolas TOTAL GERAL Número de Escolas 1 3 9 3 1 12 8 1 34 1 0 13 2 4 5 1 15 9 6 7 5 9 3 89 241 Legenda: *NC = não constava relacionada na pesquisa de Silva (2005). Fonte: adaptado de Silva (2005) com base nos dados do Guiatel. Ainda hoje é possível verificar grande pulverização de escolas pela cidade de Belo Horizonte. Entretanto, a disputa pelo atendimento da alta demanda pelo domínio no idioma inglês fez com que a expansão e crescimento fizessem parte das estratégias de muitas marcas já existentes no mercado no ano de 2004. Notase, pelos números expostos na TAB. 1, que o mercado cresceu de forma considerável e foi marcado pelo aumento do número de escolas, além do surgimento e fortalecimento de diversas marcas que já existiam ou passaram a existir nesse intervalo de tempo. Em um mercado em franco crescimento e de demanda cada vez mais representativa, exige-se dos competidores postura 20 prospectiva e voltada para o atendimento das demandas desse consumidor que busca o aprendizado do idioma inglês. Esse cenário certamente não se aplica ao caso das marcas de escolas, que têm demonstrado decréscimo ou que simplesmente deixaram de existir no intervalo de 2004 e 2012. Visando atender de forma eficiente e garantir a satisfação de seu públicoalvo, as organizações desse segmento devem, continuamente, buscar informações e práticas que visem compreender novos padrões de comportamento do consumidor. Além disso, é fundamental focar pontos que garantam a satisfação desse mercado e atacando de forma efetiva pontos que gerem desconforto, insatisfação ou mesmo arrependimento para clientes de seu segmento. Não se pode deixar de lado, contudo, a necessidade de aliar a necessidade de manter a saúde financeira e estrutural da empresa com o atendimento das necessidades e desejos dos alunos de instituições educacionais, o que é uma tarefa árdua e delicada (KOTLER; FOX, 1994). Para tornar esse intento menos oneroso, a obtenção de informações acerca da imagem e reputação dos concorrentes frente ao seu mercado-alvo, aliada ao conhecimento do comportamento do consumidor e suas aspirações, são processos fundamentais para o confronto com os desafios impostos pelo mercado e para o sucesso de estratégias mercadológicas (SOUKI; GONÇALVES FILHO; SILVA, 2006). Esse conjunto de informações oferece uma base sólida para a formulação de estratégias e tomada de decisões que possam vir a garantir a vantagem competitiva sustentável dessa organização frente às demais (SOUKI; CHRISTINO; GONÇALVES FILHO, 2005). Tais ações, conjuntamente adotadas, contribuem para o sucesso de estratégias de marketing, além de manter, de fato, as organizações competitivas e mais eficazes diante dos concorrentes (DUARTE, 2007). Essa condição torna-se possível a partir da orientação da organização na busca por uma base de informações sólidas e confiáveis para a definição de seu mercado, além de promover melhor compreensão das ameaças e oportunidades mercadológicas existentes no segmento (SOLOMON, 2002). O mercado brasileiro de cursos de idiomas vem se tornando cada vez mais relevante nos últimos anos. Esse crescimento justifica-se pelo fato de que falar outro idioma além da língua natal é condição sine qua non para a competitividade 21 de profissionais, em todo o globo, que atuam no mundo corporativo. Embora esse cenário seja uma realidade cada vez mais presente no cotidiano de jovens e profissionais de todo o mundo, os índices de fluência no idioma, sobretudo no Brasil, demonstram resultados alarmantes. De acordo com Oliveira (2012a), muitos estudantes brasileiros têm perdido a oportunidade de estudar fora do país por meio de financiamento governamental, por falta de fluência em outros idiomas, sobretudo o inglês. Ainda conforme a autora, as ousadas metas definidas pelo Brasil no tocante ao envio de estudantes e pesquisadores para o exterior podem ser seriamente comprometidas em virtude do desempenho cada vez menor que esse grupo tem apresentado no teste de proficiência. Em publicação posterior, Oliveira (2012b) destaca que, atualmente, o Brasil ocupa a 46ª posição no ranking de proficiência entre 54 países, sendo classificado com proficiência muito baixa. Considerando que o Brasil será sede dos eventos esportivos mais importantes do mundo em 2014 e 2016, o segmento tem buscado se aperfeiçoar e intensificar as ações de atendimento cada vez mais rápido e eficiente da demanda pela fluência no idioma inglês (PIO, 2012a), principalmente se se considerar que o brasileiro ainda tem muito a evoluir nesse quesito (OROSCO, 2012). Pio (2012b) afirma que o alto crescimento de franquias e empresas do setor justifica-se pela iminência de tais eventos, sendo comprovado pelas altas cifras de faturamento e sua grande participação no setor de educação e treinamento. Orientados para o atendimento dessa demanda, diversos grupos têm realizado altos investimentos em expansão, fusões e aquisições. Alguns empresários citados na publicação do referido autor estimam que o setor deve crescer em torno de 70% até 2016 na busca de garantir a fluência desejada no idioma pelo consumidor, além de projetar o Brasil de forma diferenciada no cenário internacional. Outra matéria de Pio (2012b) na mesma publicação retrata o ponto de vista de outros executivos da área, que afirmam que a demanda pelos cursos de inglês já cresceu 30% e pode chegar a 200% até o ano de 2017, ou seja, um ano após encerrados todos os grandes eventos esportivos esperados. O autor refere que as empresas e franquias do ramo têm buscado ampliar sua fatia de mercado, buscando desenvolver métodos de ensino inovadores e eficientes que visem a 22 atender a todas as idades, classes, perfis e disponibilidade de tempo e renda. Essa customização de serviços tende a contemplar grande parte dos indivíduos que demandam fluência no idioma inglês, especialmente pelas empresas mais atentas e orientadas para as reais necessidades e desejos desse público. Considerando o vertiginoso crescimento desse mercado, que busca suprir essas necessidades, a presente pesquisa busca compreender e decifrar nuanças acerca do comportamento do consumidor de escolas de inglês de Belo Horizonte, bem como suas atitudes e intenções comportamentais em relação às escolas onde estão matriculados. Pesquisas anteriores acerca do tema já foram realizadas com focos e abordagens diversos, deixando lacunas abertas ainda não abordadas por outros pesquisadores da área, dando, assim, abertura a pesquisas inéditas sobre o assunto. O ineditismo desta investigação, portanto, baseia-se no interesse em preencher tais lacunas do ponto de vista científico e gerencial acerca do comportamento dos estudantes regularmente matriculados em escolas de inglês de Belo Horizonte, complementando conceitos e atribuições não contemplados em trabalhos anteriormente realizados por outros pesquisadores da área. Silva (2005) desenvolveu estudo acerca do comportamento de evasão de estudantes em mais de 20 franquias de escolas de inglês em Belo Horizonte. O referido autor buscou desvendar as atitudes e comportamentos dos clientes dessas franquias, levando em conta construtos como satisfação, identificação, arrependimento, comunicação boca a boca, lealdade e desejo de evadir. Dessa forma, Silva (2005) aprofundou-se em diferentes componentes do processo de compra do consumidor cujo foco está na etapa de pós-compra. Ainda que a presente pesquisa apresente, também, enfoque no comportamento pós-compra do consumidor, o viés adotado para a análise mostra-se distinto do abordado por Silva (2005). Esta afirmação se justifica pelo fato de que a presente pesquisa leva em conta construtos como orgulho, preferência, valor percebido e preço, que não foram alvos do estudo de Silva (2005), embora construtos como comunicação boca a boca, satisfação e lealdade coincidam em ambas as abordagens. Assim, seu estudo focou-se no comportamento pós-compra, voltado para as razões e atributos que fariam os 23 estudantes evadir das escolas onde estavam matriculados, o que abre espaço e lacunas para estudos de outros atributos e variáveis. Já Duarte (2007) desenvolveu uma escala de validação de atitudes e intenções comportamentais para a escolha de escolas de inglês na cidade de Belo Horizonte, ou seja, seu estudo direcionou-se para outra etapa do processo de comportamento de compra do consumidor, que é a avaliação de alternativas pré-compra. Dessa forma, o foco do estudo estava no que levaria o estudante a escolher por determinada escola, distinguindo-se dos atributos e construtos que foram utilizados para o presente trabalho, que foca a etapa de pós-compra do processo de compra do consumidor. Desta forma, embora os resultados de ambas as pesquisas tenham sido satisfatórios para os fins aos quais se destinavam, não foi contemplado o que de fato fazia os estudantes manterem-se matriculados nas escolas de inglês onde estavam ou o que impactava seu comportamento e suas atitudes e intenções comportamentais em relação a elas. Ainda assim, ambos os autores realizaram estudos aprofundados e desvendaram nuanças relacionadas ao consumidor de serviços de inglês em Belo Horizonte, o que fortalece ainda mais e corrobora a relevância da presente pesquisa para esse mercado específico sob o ponto de vista científico e gerencial. Assim sendo, a presente pesquisa busca responder tais questões e compreender o comportamento “pós-compra” dos estudantes das escolas de inglês de Belo Horizonte, ou seja, quais são suas atitudes e intenções comportamentais em relação às escolas em que estão atualmente matriculados. Este estudo, portanto, busca desvendar a situação presente do estudante, e não as situações de escolha prévia ou evasão das referidas escolas, respondendo a problemas científicos e gerenciais. Tomando como base todo o exposto, o problema do presente trabalho fundamenta-se no fato de que a manutenção de estudantes em escolas de inglês depende da percepção de qualidade que eles possuem quanto aos produtos oferecidos e serviços prestados, bem como das suas atitudes e intenções comportamentais em relação a elas. Com base nesse problema, surgem as seguintes questões norteadoras da pesquisa: 24 1. Como os estudantes percebem a qualidade das escolas de inglês onde estão matriculados? 2. Quais são as atitudes e intenções comportamentais dos estudantes no tocante às escolas de inglês onde estão matriculados? 25 2 OBJETIVOS Considerando-se o referido problema, foram estabelecidos os objetivos: 2.1 Objetivo geral A presente pesquisa busca desenvolver e validar uma escala de avaliação da qualidade percebida e das atitudes e intenções comportamentais de estudantes de escolas de inglês. 2.2 Objetivos específicos Especificamente, buscou-se: a) Identificar as percepções de qualidade de estudantes de escolas de inglês de Belo Horizonte. b) Detectar as percepções dos estudantes de escolas de inglês em relação ao preço praticado pelas escolas onde estão matriculados. c) Apurar o valor percebido pelos estudantes de escolas de inglês em relação às escolas onde estão matriculados. d) Levantar a satisfação dos estudantes em relação às escolas de inglês onde estão matriculados. e) Estabelecer as atitudes e intenções comportamentais de estudantes em relação às escolas de inglês onde estão matriculados, com ênfase nos seguintes construtos: preferência de compra, propensão à lealdade, orgulho e comunicação boca a boca/recomendação. f) Identificar os impactos da qualidade percebida, do valor percebido e do preço sobre a satisfação e em relação às atitudes e intenções comportamentais (preferência de compra, propensão à lealdade, orgulho e comunicação boca a boca/recomendação) dos estudantes de escolas de inglês. 26 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Comportamento do consumidor Sheth, Mittal e Newman (2001, p. 29) definem o comportamento do consumidor como “as atividades físicas e mentais realizadas por clientes de bens de consumo e industriais que resultam em decisões e ações, como comprar e utilizar produtos e serviços, bem como pagar por eles”. Kotler (2005, p. 122) ainda descreve que a área do comportamento do consumidor “estuda como os indivíduos, os grupos e as organizações selecionam, compram, utilizam e descartam produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer às suas necessidades e desejos”. Diversos conceitos surgem acerca do comportamento do consumidor na tentativa de compreender de que forma as organizações podem buscar e alcançar o atendimento e satisfação de necessidades e desejos de determinados segmentos de atuação (ALVES, 2008). Mowen e Minor (2003, p. 3) utilizam a definição do comportamento do consumidor como “um estudo das unidades comparadoras e dos processos de troca envolvidos na aquisição, no consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e ideias” na busca de compreender a origem e finalidade das ações comportamentais dos indivíduos. Cobra (2005) e Silk (2006) afirmam que estudar e conhecer o comportamento do consumidor é conhecer os fatores que determinam a compra do indivíduo e, portanto, podem ser a chave para a vantagem competitiva das organizações (OLIVEIRA et al., 2008). No entanto, ainda que o conhecimento do comportamento seja fundamental para a competitividade e vantagem mercadológica das organizações, estas devem buscar sempre conhecer ações e estratégias de seus concorrentes (CORREA et al., 2009). Em consonância com as descrições anteriormente mencionadas, estudar e desvendar o comportamento do consumidor é buscar conhecer os meandros que envolvem o processo de seleção, compra, uso e descarte de produtos, serviços e experiências na busca das necessidades e desejos que as pessoas e grupos possuem (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007; SOLOMON, 2011). Além 27 disso, conhecer o comportamento do consumidor-alvo pode ser a chave de vantagem competitiva para competir em mercados altamente concorridos e demandados (COBRA, 2005). Desta forma, Solomon (2011) refere que a busca pela interação com o consumidor não deve se restringir no momento da compra em que ele paga e leva o produto ou serviço, mas deve ser um processo contínuo, em que todas as etapas desse comportamento são fundamentais para a compreensão e o atendimento de suas necessidades. De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005), o consumidor não toma a decisão de comprar um produto ou usufruir de um serviço de forma aleatória. Ao contrário, o consumidor opta pela compra de algum produto ou serviço partindo de uma necessidade ou desejo que visa a solucionar algum problema rotineiro que o leva ao consumo de produtos de diversas naturezas e variedades. Quando deparado com um processo de compra, o consumidor não decide pelo ato de comprar isoladamente, mas leva em consideração uma série de associações e experiências anteriores que o munem de informações capazes de influenciar no processo da compra (COBRA, 2005). Na busca por preencher essa lacuna deste estado de carência, as organizações devem conhecer essas necessidades e desejos a fim de desenvolverem as estratégias de marketing adequadas e eficazes para que o comportamento do consumidor seja influenciado de forma positiva e socialmente desejável (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007). Para Cobra (2005, p. 114), “o comportamento de compra do consumidor é fortemente influenciado por fatores econômicos, tecnológicos e governamentais”. Desta forma, o consumo por parte das pessoas está diretamente ligado às condições proporcionadas pelo ambiente. De modo geral, o ambiente como um todo influencia e impacta no comportamento do consumidor nas mais diversas dimensões, como: meio ambiente, regulamentações, cenário político, econômico, entre outros. Ainda assim, não somente os fatores ambientais influenciam o comportamento do consumidor de forma representativa, mas sua decisão de compra está baseada inicialmente na identificação de uma carência que desperta necessidade ou desejo em supri-la. No intuito de compreender essa dinâmica e de que forma esse processo se dá, Blackwell, Miniard e Engel (2005), Kotler e Keller (2006), Mowen e Minor (2003), Karsaklian (2004) e diversos teóricos e 28 autores na área do comportamento do consumidor discorrem acerca do processo decisório de compra do consumidor e as etapas pelas quais esse processo passa desde o reconhecimento da necessidade, até o descarte final. Assim, o modelo central a ser utilizado passa pelas fases de: reconhecimento da necessidade, busca de informações, avaliação de alternativas pré-compra, compra, consumo, avaliação pós-consumo e descarte. Diversos fatores e distintas variáveis presentes no ambiente podem influenciar o comportamento do consumidor, além do processo anteriormente descrito pelo qual o consumidor passa ao decidir pela compra de algo, partindo pelo reconhecimento da necessidade. Alguns desses fatores podem ser citados e estudados em detalhes, tais como: fatores culturais, sociais, familiares, pessoais, psicológicos e situacionais (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Para Kotler e Keller (2006), o fator que exerce a mais profunda influência no comportamento do consumidor são os culturais e, por isso, os profissionais de marketing devem buscar conhecer e compreender de forma ampla e profunda o comportamento do consumidor, tanto no âmbito teórico como prático. Não menos importantes, os demais fatores são fundamentais no comportamento de compra e determinam os limites, desejos, especificidades e satisfação pela compra do produto ou serviço. Na tentativa de decifrar e compreender o comportamento de compra do consumidor, diversos modelos surgiram, sobretudo, a partir da década de 60. Karsaklian (2004) descreve diversos deles, tais como: a) Modelo de Nicosia: busca pela análise das decisões do consumidor cuja origem é baseada em um processo possivelmente dividido em “campos de atividade” e que estes se subdividem em “subcampos”. Nesse sentido, o campo de ação de compra é produto de um processo composto pela pesquisa e avaliação da informação que precede a exposição a uma mensagem, na grande maioria das vezes de caráter publicitário. Esse modelo, conforme Karsaklian (2004), foi uma das primeiras tentativas de integração de diversas pesquisas relacionadas à área de ciências sociais e economia, originado no ano de 1966. No entanto, o modelo não foi testado e validado. Ainda assim, foi tomado como base para diversas pesquisas futuras e desenvolvimento de modelos posteriores. 29 b) Modelo de Howard e Sheth: de acordo com Karsaklian (2004), esse modelo pode ser considerado um dos mais completos e mais representativos em pesquisas realizadas acerca da temática do comportamento de compra do consumidor. Publicado no ano de 1969, o modelo tem origem na escola behaviorista e busca realizar a análise da forma como o consumidor se transforma por meio de instrumentos como a aprendizagem, os inputs e os outputs. Os inputs caracterizam-se por estímulos de marketing e diversos instrumentos presentes no meio empresarial, enquanto os outputs caracterizam-se pelas decisões de compra como resposta do consumidor a tais estímulos. A dinâmica central do modelo gira em torno da aprendizagem, o que faz do modelo um dos mais validados pela clareza das variáveis e pelas relações que as unem. Ainda assim, Karsaklian (2004) preleciona que o modelo não tem garantia de efetividade em termos de previsão de compra, fazendo dele um instrumento de referência mais importante nos estudos acerca do comportamento do consumidor do que para previsão de certos comportamentos específicos. c) Modelo de Engel, Kollat e Blackwell: Karsaklian (2004) ressalta que esse modelo possui características de um modelo essencialmente científico. Busca a proposição de uma estrutura explicativa em torno do comportamento do consumidor no momento de escolher a marca do produto ou serviço que irá adquirir. Tal modelo propõe a existência de cinco fases: Reconhecimento do problema: sentimento de divergência e discrepância por parte do consumidor entre o estado atual e o desejado. Vislumbrar e desejar um estado diferente do atual é imprescindível para o desencadeamento do processo, mas não se restringe somente a essa condição, já que as dificuldades financeiras ou temporais podem ser obstáculo para a evolução; busca pela informação: o desejo de resolver o problema existente é produto, basicamente, de uma análise das informações armazenadas na memória que serão complementadas por pesquisas externas, quando se fizer necessário; 30 avaliação das alternativas: nesta etapa, os elementos disponíveis são comparados e confrontados com os critérios estabelecidos pelo consumidor e estes orientarão as preferências para a concretização da próxima etapa; a escolha: uma das alternativas anteriormente analisadas será escolhida, não deixando de observar a possibilidade de ocorrência de fatores situacionais que podem impactar nessa escolha, podendo até mesmo levar à reconsideração do processo de avaliação; a análise após a compra: nesta fase, o consumidor avalia a adequação da solução do problema em relação aos critérios previamente estabelecidos. Buscas complementares podem ser realizadas a fim de anular possíveis incoerências que exercerão influência sobre as primeiras etapas do processo de decisão. O modelo de Engel, Kollat e Blackwell foi desenvolvido e aprimorado posteriormente por Blackwell, Miniard e Engel (2005), fazendo dele uma réplica do fenômeno e das etapas do processo decisório do consumidor. Esse novo modelo recebeu ajustes e adaptações em relação ao modelo anterior com a inclusão de novas variáveis que demonstram a ligação entre as etapas dos fenômenos e a correlação existente entre elas. Assim, surge o modelo que explicita o processo decisório de compra do consumidor, que auxilia na compreensão da maneira como o consumidor decide, desde a fase da busca das alternativas à fase de descarte final, conforme demonstrado na FIG. 1: 31 FIGURA 1 – Modelo do processo de decisão de compra dos consumidores Reconhecimento da Necessidade Busca Interna Exposição Dominado pelo profissional de Marketing Atenção Compreensão Dominado por profissionais não mercadológicos Busca de Informação Avaliação de Alternativas Memória Consumo Retenção Avaliação Pós-consumo Busca Externa Insatisfação Cultura Classe Social Influências Pessoais Família Situação Diferenças Individuais Compra Aceitação Influências Ambientais Satisfação Recursos do Consumidor Motivações e Envolvimento Conhecimento Atitudes Personalidade, Valores e Estilos de Vida Descarte Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2005). Ao buscar, comprar, usar e avaliar um produto ou serviço, o consumidor espera que essa aquisição solucione parte de problemas existentes e supra necessidades ainda latentes. Logo, para compreender o comportamento do consumidor desde a etapa de reconhecimento da necessidade ao descarte, o modelo proposto por Blackwell, Miniard e Engel (2005) será utilizado para conduzir o estudo detalhado de cada uma das etapas pelas quais o consumidor passa e a forma como se comporta em cada uma delas. Essas etapas, portanto, serão as de: reconhecimento da necessidade, busca de informações, avaliação de alternativas pré-compra, compra, consumo, avaliação pós-consumo e descarte. 32 3.1.1 Influências ambientais Blackwell, Miniard e Engel (2005) descrevem detalhadamente os fatores ambientais que podem influenciar o comportamento do consumidor por meio: a) fatores culturais; b) fatores sociais; c) fatores familiares; d) dos fatores pessoais; e) dos fatores psicológicos; f) dos fatores situacionais. 3.1.1.1 Fatores culturais De acordo com Kotler e Keller (2006), Kotler (2005) e Cobra (2005), o fator cultural é o elemento de mais influência no comportamento do consumidor, visto que é determinante do comportamento e desejos de um indivíduo. Desde a infância e as primeiras tentativas de socialização, as crianças passam a sofrer forte influência do meio em que vivem, iniciando pela família, pela escola e, posteriormente, por diversas outras instituições e organismos que virão a transmitir diversas mensagens e informações ao longo do tempo. Logo, desde a mais tenra idade, as pessoas absorvem valores, percepções, adquirem hábitos, desenvolvem preferências e comportamentos provenientes, em sua maioria, do meio em que convivem ao longo da vida (KOTLER; KELLER, 2006) e que fazem sentido somente nessa determinada cultura (ROCHA, 2004). Ainda de acordo com os autores, esses aspectos culturais tornam-se ainda mais preponderantes por meio das subculturas, visto que estas fornecem mecanismos de identificação mais específica e alto grau de socialização entre os membros que a compõem. Essas subculturas podem ser caracterizadas por meio de mecanismos comuns divididos entre os membros como a nacionalidade, religião, grupo racial, entre outros. A cultura relaciona-se aos atributos existentes na sociedade que permitem ao indivíduo se comunicar, agir e pensar como membros participantes de uma sociedade (BLACKWELL; MINARD; ENGEL, 2005). Logo, o comportamento que esse indivíduo manifesta no âmbito social refere-se à sua cultura adquirida, que, por sua vez, refere-se ao conjunto de valores, comportamentos, pensamentos, 33 ideias, crenças e diversos outros mecanismos que determinam a forma de ação dos indivíduos inseridos na sociedade. Já Mowen e Minor (2003) definem a cultura como um emaranhado de padrões comportamentais socialmente aceitos e adquiridos que são transmitidos dentro das sociedades por meio da linguagem ou por meio de outras formas de transmissão de informações. O que caracteriza e distingue as culturas umas das outras são as regras estabelecidas de comportamento, crenças, valores, grau de aceitação e relacionamento em relação a outras culturas, atitudes, entre outros fatores. Em suma, Mowen e Minor (2003) sintetizam a ideia de cultura em um modo estabelecido de vida, munido de objetos e símbolos que caracterizam cada uma delas e as diferenciam entre si. Logo, componentes culturais como costumes, tradições e convenções são aprendidos e transmitidos de geração em geração, transformando a forma de agir dos indivíduos sociais ao longo do tempo. 3.1.1.2 Fatores sociais As classes sociais, no entendimento de Blackwell, Miniard e Engel (2005), são camadas criadas dentro da sociedade, que exercem o papel de junção ou agrupamento de indivíduos que compartilham e dividem ideias, comportamentos, ações, desejos, etc. Cobra (2005) destaca que o padrão de consumo é determinado pela classe social das pessoas. Assim, diferentes grupos sociais que possuem diferentes tipos de enquadramentos socioeconômicos trazem, por conseguinte, diferentes desejos e necessidades que afetam sobremaneira o comportamento do consumidor (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Mowen e Minor (2003) abordam a temática da influência dos fatores sociais sobre o comportamento de compra à luz das diferenças comportamentais entre distintas camadas das classes sociais. O clássico exemplo que os autores citam é a diferença entre comportamento de compra de mulheres de classe social alta entre as mulheres de classe social inferior. Geralmente, segundo os autores, as mulheres de alta classe social buscam lojas e estabelecimentos luxuosos e imagem sofisticada, enquanto as mulheres de classe social inferior geralmente buscam o melhor preço e estabelecimentos que comercializem produtos de 34 massa. Esse exemplo de comportamento, portanto, demonstra alta diversificação de comportamento do consumidor conforme a sua posição social e econômica, consequentemente. Mowen e Minor (2003) ainda fazem uma análise acerca da classe social sobre o comportamento de consumo, citando aspectos importantes dessa temática, a saber: a) Influência que a classe social exerce sobre o estilo de vida das pessoas; b) a classe social obedece aos recursos que o consumidor possui; c) a compra não está necessariamente ligada a uma necessidade, mas a um desejo para criar ou reforçar símbolos de status; d) o consumidor desenvolve habilidades para consumir seus símbolos de status. Logo, os autores concluem sua análise enfatizando que há clara diferença psicológica entre as classes, o que torna ainda mais distintas as classes entre si. Essa temática será abordada adiante no tópico “fatores psicológicos”. Kotler e Keller (2006), Kotler (2005) e Rocha (2004) abordam os fatores sociais como um dos fatores de grande influência sobre o comportamento do consumidor, sobretudo se levados em conta os aspectos relacionados a grupos de referência, família, papéis sociais e status. Em relação aos grupos de referência, Kotler e Keller (2006) salientam que estes exercem alguma forma de influência sobre o comportamento e as atitudes de um indivíduo, seja de forma direta ou indireta. Esses grupos podem assumir papéis de: grupos de afinidade (quem podem ser primários ou secundários), grupos de aspiração ou grupos de dissociação (KOTLER, 2005; KOTLER; KELLER, 2006). Os grupos de afinidade primários são formados por pessoas que estão mais próximas do indivíduo e, consequentemente, podem exercer papel mais incisivo em sua opinião, caracterizados por elementos como a família, os amigos, colegas de trabalho, etc. De forma geral, esses grupos são formados por pessoas com quem o indivíduo convive de forma mais direta e mais frequente. Os grupos de afinidade secundários são elementos que também exercem grande influência sobre o comportamento desse indivíduo, mas que, via de regra, não interagem de forma tão direta com o indivíduo e geralmente são mais formais, como os grupos 35 religiosos, por exemplo. Logo, se há menos interação, a influência existe, mas é em menor grau quando comparado aos grupos primários. Referindo-se aos grupos de aspiração, Kotler e Keller (2006) continuam sua análise acerca dos grupos de influência sobre o comportamento do consumidor. Os grupos de aspiração, segundo os autores, são formados por grupos de pessoas que despertam interesse e desejo de pertencimento do indivíduo. Ou seja, trata-se de um grupo ao qual o indivíduo ainda não pertence, mas aspira a dele fazer parte. Quanto aos grupos de dissociação, os autores os descrevem como grupos aos quais o indivíduo desenvolve sentimentos de rejeição, ou seja, não possui interesse em fazer parte deles. Nesse sentido, surgem líderes de opinião e estes podem agir de forma positiva ou negativa na influência do comportamento do consumidor, fornecendo-lhe dicas e opiniões acerca de produtos e serviços sobre os quais este possui alguma experiência ou indicação, seja boa ou ruim (KOTLER, 2005; KOTLER; KELLER, 2006). 3.1.1.3 Fatores familiares A família é considerada uma unidade de decisão primária, ou seja, é um dos indicadores que possuem a capacidade de exercer grande influência sobre o comportamento do consumidor (COBRA, 2005). De acordo com Mowen e Minor (2003), a família é considerada um subconceito que está contido no conceito de domicílios. Logo, “os domicílios são compostos de todas as pessoas que vivem em uma residência” (MOWEN; MINOR, 2003, p. 273). Diversos exemplos são citados por Mowen e Minor (2003) e Cobra (2005) a fim de ilustrar e desvincular o referido conceito de relações consanguíneas como pais e filhos, irmãos, marido e esposa, etc. Mowen e Minor (2003), ao contrário, associam o conceito de domicílio também a grupos de amigos que dividem o mesmo apartamento, casais que vivem juntos mesmo não sendo oficialmente casados, etc. Sendo assim, pais e filhos que compartilham do mesmo lar são, ao mesmo tempo, uma família e um domicílio. Mowen e Minor (2003) seguem com sua análise da relevância e grande influência que a família exerce no comportamento do consumidor, distinguindo-a 36 em: família nuclear, família por extensão e família nuclear separada. A família nuclear, sob o ponto de vista dos autores, é composta pelos cônjuges e filhos, conceito este que se assemelha ao de família de procriação, exposto por Kotler e Keller (2006). Esse subgrupo exerce influência mais incisiva e direta no comportamento do indivíduo diariamente. Já o conceito de família por extensão é baseado na composição familiar que agregue outros membros à família nuclear, como, por exemplo, a entrada dos pais do marido no núcleo familiar (MOWEN; MINOR, 2003). Por fim, o conceito de família nuclear separada baseia-se na tendência à formação de novas famílias (cônjuges e filhos), separada da presença dos pais, que anteriormente formavam a família nuclear. Desta forma, em vez de ocorrer a formação de novas famílias ainda no interior da casa dos pais, as famílias dos dias atuais constituem-se separadamente, formando uma nova família nuclear, composta dos pais e irmãos (MOWEN; MINOR, 2003). Daí denomina-se esse cenário de família nuclear separada, que se iguala ao conceito de família de orientação descrito por Kotler e Keller (2006). A família tem sido um foco de intensas pesquisas na área, visto que apresenta um padrão complexo e delicado no tocante aos papéis e funções variadas que exerce na sociedade (BLACKWELL; MINARD; ENGEL, 2005). Comumente, nota-se uma dicotomia nos fatores familiares, já que são nestes em que acontecem as relações de cooperação e conflito com mais intensidade e simultaneidade, fornecendo os resultados mais interessantes e instigantes em termos de comportamento. Mowen e Minor (2003), bem como Kotler e Keller (2006), discorrem acerca das mudanças dos padrões comportamentais familiares que a sociedade vem experimentando nas últimas décadas. Mowen e Minor (2003) retratam dados relevantes da mudança desse padrão. Os tamanhos dos domicílios diminuíram consideravelmente nos Estados Unidos desde 1970, caindo de 3,14 para 2,67 pessoas nos dias atuais, assim como o tamanho médio da família também apresentou queda no mesmo período, passando de 3,58 para 3,20 pessoas. Os autores afirmam que esses dados podem estar relacionados a uma diversidade de fatores, como aumento dos índices de divórcios, o interesse em casar-se mais tardiamente, a participação tanto do marido quanto da mulher no mercado de trabalho, com proporção cada vez mais equilibrada, entre outros fatores. 37 Kotler e Keller (2006) aprofundam na temática e realizam uma análise dos casamentos tardios e tomam como exemplo os Estados Unidos para ilustrar uma realidade que se estende a diversas partes do mundo, o que influencia drasticamente no comportamento de compra dos consumidores como um todo. Eles retratam a acentuada relevância e participação dos solteiros na sociedade americana, que nos dias atuais corresponde a: a) 42% da força de trabalho americana; b) 40% dos detentores de casas próprias; c) 35% dos eleitores. Esses indicadores, portanto, tornam os jovens solteiros uma maioria na sociedade americana, fazendo dele um dos mais poderosos grupos de consumo existentes. De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005), a família exerce forte influência no comportamento do consumidor, sobretudo pelo fato de que grande parte dos produtos é adquirida pela unidade familiar como um todo e em virtude da influência que os demais membros de uma família exercem no comportamento de compra. Os autores alertam para a necessidade de atenção dos gerentes de marketing quanto às circunstâncias de consumo e da estrutura familiar antes de optar por qualquer veículo de comunicação, bem como propagandas que visem a atrair e reter o público-alvo definido. Mowen e Minor (2003) concluem a análise da importância da família no comportamento de compra do consumidor salientando pontos relevantes, a saber: a) Relativa influência dos indivíduos detentores da maior influência na tomada de decisão (esposa e marido juntos ou separadamente, etc.); b) influência de alguns indivíduos no contexto familiar; c) a influência dos filhos na decisão familiar; d) modelos de socialização do consumidor. 3.1.1.4 Fatores pessoais Conforme Blackwell, Miniard e Engel (2005), pessoas e grupos são grandes influenciadores no comportamento de compra do indivíduo, independentemente de fatores como nacionalidade, sexo, raça ou etnia. Essa verdade se deve ao fato de que o ser humano se esforça em diferentes medidas 38 para fazer parte ou se encaixar em determinado grupo e busca se associar àquele que mais se assemelha aos seus valores, crenças, ou seja, que para ele é um grupo de referência. Logo, Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 414) descrevem grupos de referência como “qualquer pessoa ou grupo que influencia o comportamento de um indivíduo de forma significativa”. Há diferentes tipos de influência descritos por Blackwell, Miniard e Engel (2005) que os grupos podem exercer sobre os indivíduos, visto que os grupos de referência promovem a socialização dos indivíduos, além de serem valiosos instrumentos de desenvolvimento e avaliação do autoconceito e da comparação desses indivíduos com os demais, bem como se tornam um modo de obter aceitação às normas e padrões definidos pela sociedade. Tais pontos, portanto, são brevemente descritos a seguir: a) Socialização: os autores descrevem o processo se socialização como um mecanismo que permite ao indivíduo identificar os tipos e padrões de comportamentos que poderão oferecê-lo estabilidade e segurança, assim como para o próprio grupo. Mowen e Minor (2003) destacam os fatores que podem vir a afetar o contexto da socialização, tais como: classe social, religião, idade, entre outros. Logo, os agentes de socialização mais influentes sobre o comportamento do indivíduo são aqueles que mais se relacionam com este com mais frequência, com maior profundidade e pela forma de controle, punições e gratificações dadas a esse indivíduo. b) Autoconceito: refere-se àquilo que pensamos de nós mesmos e é influenciado por nossas relações sociais cujos valores e opiniões dos outros são compartilhados ou respeitados em caso de discordância (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Portanto, quando o consumidor adquire um produto, este busca transmitir significado aos demais ao seu redor, já que os produtos que se compra ou se usa refletem parte daquilo que o indivíduo é e pensa de si mesmo. c) Comparação social: trata-se de um fator em que muitas pessoas necessitam realizar para se avaliar em relação aos outros (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005; MOWEN; MINOR, 2003). Para que essa comparação se estabeleça, geralmente o indivíduo avalia seu status atual em determinada circunstância comparando-se ao status atual em que seus 39 grupos ou pessoas de referência se encontram. Ainda assim, de acordo com os autores, o indivíduo usa como ponto de comparação não somente seus grupos de referência, mas também personagens televisivos e pessoas que não necessariamente compartilham de seu dia-a-dia diário, mas também pessoas vinculadas às mídias de comunicação em massa que, de certa forma, exercem influência sobre seu comportamento e ações. Os autores destacam alguns exemplos desses influentes agentes de socialização, citando professores, membros da família, a própria mídia e colegas do dia-a-dia que reforçam e solidificam os mecanismos de aprendizagem e de modelagem comportamental. d) Conformidade: de acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005) e Mowen e Minor (2003), o processo de aceitação de um indivíduo a um comportamento, a crenças e valores pode se dar de duas formas pelo desejo de pertencimento a um grupo de referência específico. O individuo pode agir com aceitação, modificando verdadeiramente suas crenças e comportamentos por aqueles que são característicos do grupo e passando a agregar determinadas ações e crenças em seu comportamento. Por outro lado, o indivíduo pode agir de forma submissa, ou seja, se submete às crenças, atitudes e valores do grupo sem, verdadeiramente, aceitar e compartilhar com seus valores, crenças e ações características do grupo. Kotler e Keller (2006) e Kotler (2005) abordam distintos fatores pessoais que podem vir a influenciar o comportamento de compra do indivíduo, tais como: características pessoais, estágio do ciclo de vida, ocupação, valores, autoimagem, entre outros. Ao tentar evidenciar a influência de tais fatores no comportamento de compra do consumidor, os autores agrupam esses fatores a fim de buscar compreender e evidenciar de forma mais clara o valor e a influência exercida por cada um deles, descrevendo-os, conforme a seguir: a) Idade e estágio no ciclo de vida: os autores ressaltam que o gosto, as prioridades e os padrões de consumo estão diretamente relacionados à idade e, consequentemente, ao ciclo de vida em que a pessoa se encontra. Ao longo da vida, o consumidor passa por diferentes estágios, atravessando períodos de mudanças e transições ao migrar de um estágio 40 para outro. Um exemplo que ilustra essa realidade é a mudança comportamental do indivíduo na ocasião do casamento, do nascimento dos filhos, da mudança de carreira, da mudança de filhos, entre outros fatores que modificam comportamentos e atitudes ao longo da vida. Nesse sentido, para cada estágio e momento da vida, o consumidor tende a se comportar de formas distintas dadas às mudanças de seus padrões de gostos e prioridades. b) Ocupação e circunstâncias econômicas: o cargo, a profissão e a ocupação influenciam sobremaneira o comportamento do consumidor, sobretudo considerando os recursos disponíveis para a compra. Kotler (2005) afirma que a ocupação é um fator que exerce grande influência na capacidade e poder de compra de um consumidor. Kotler e Keller (2006) exemplificam essa realidade por meio da comparação entre o padrão de compra de um presidente de uma grande empresa com o padrão de compra de um operário fabril. Certamente, não somente por sua ocupação, mas principalmente pela diferença de disponibilidade de recursos entre eles, o padrão de compra há de se distinguir, atraindo a atenção de gerentes de marketing que devem atentar para as necessidades de todos os consumidores potenciais em seu segmento. Os autores ainda destacam que, ao escolher um produto, o consumidor leva em conta aspectos como: renda disponível, débitos, capacidade de endividamento, economias, etc. c) Personalidade e autoimagem: conforme análise de Kotler e Keller (2006) e Kotler (2005), cada indivíduo se distingue em relação aos demais no tocante às características peculiares que possuem, conferindo a cada um alguns atributos próprios que interferem no comportamento de compra. Segundo os autores, a personalidade está diretamente ligada a autoconfiança, autonomia, sociabilidade, adaptabilidade, etc., de modo que é uma das importantes variáveis para análise do comportamento do consumidor. A personalidade interfere, também, na escolha da marca, visto que o consumidor tende a adquirir produtos de marcas que mais se assemelham à sua personalidade, conforme a visão dos autores. De acordo com Solomon (2011), a personalidade permeia a formação psicológica peculiar e única de um indivíduo, que é o que o move a agir de 41 determinada forma e influenciar o ambiente ao seu redor e reagir a ele. A personalidade da marca pode sugerir diversos atributos aos quais o consumidor se assemelha como, por exemplo: seriedade, jovialidade, entusiasmo, rebeldia, autenticidade, etc. Tais atributos, portanto, fazem com que o consumidor se identifique e associe a personalidade da marca à sua, fazendo-o decidir por qual marca e produto comprar. O estilo de vida pode ser definido como “a um padrão de consumo que reflete as escolhas da pessoa quanto à forma de gastar seu tempo e seu dinheiro” (SOLOMON, 2011, p. 253). Em outras palavras, trata-se das escolhas que as pessoas fazem para adquirir produtos e serviços que lhes conferem uma identidade social que permite que estas interajam e se comuniquem com o ambiente. d) Estilo de vida e valores: Kotler (2005) e Kotler e Keller (2006) descrevem o estilo de vida do consumidor como um padrão de vida que um indivíduo possui baseado em suas atividades, sua rotina, opiniões e interesses, que independem de sua subcultura, classe social ou ocupação. Conforme os autores, o estilo de vida pode ser moldado de acordo com os recursos financeiros e os recursos de tempo, variando de indivíduo para indivíduo. Os autores exemplificam o perfil dos consumidores com restrições de tempo como multitarefa, ou seja, buscam otimização do tempo fazendo duas ou mais coisas ao mesmo tempo. No quesito valores, a decisão de compra é baseada nos valores centrais, conforme Kotler e Keller (2006). Esses valores centrais são responsáveis pelas decisões voltadas para o longo prazo, ou seja, em que o vínculo do consumidor irá se perpetuar por longo espaço de tempo, que é o grande foco das empresas modernas a fim de fidelizar e manter esse vínculo com seu consumidor. Conforme Solomon (2011), a decisão de compra de determinado produto ou serviço pelo consumidor muitas vezes é motivada pela crença que estes possuem de que esse bem ou serviço adquirido os ajudará a conquistar algum resultado ou meta relacionados a algum valor. e) Psicografia: para Kotler (2005, p. 127), a psicografia é “a ciência que avalia e classifica os estilos de vida do consumidor”. Comumente, o software da SRI Internacional - VALS (values e lifestyle) - é utilizado para definir os 42 valores e estilos de vida do consumidor. A classificação realizada por esse instrumento leva em consideração fatores como: características demográficas, atitudes e comportamentos e até mesmo questões relacionadas à frequência de uso da internet. Os grupos mais comuns identificados pelo software são descritos por Kotler (2005) como: atualizados (pessoas bem-sucedidas e sofisticadas), satisfeitos (pessoas maduras e satisfeitas), empreendedores (consumidores bem-sucedidos e orientados para a carreira), experimentadores (público jovem e vigoroso), crédulos (consumidor convencional e conservador), batalhadores (pessoas instáveis e inseguras), executores (consumidor prático e autossuficiente) e esforçados (público mais velho e resignado). Tais segmentações, segundo o autor, são definidas levando-se em conta, também, a cultura em que o consumidor está inserido. Solomon (2011) discorre acerca da psicografia, afirmando que se trata de um processo pelo qual o consumidor é estudado e compreendido por meio do: [...] uso de fatores psicológicos, sociológicos e antropológicos para determinar como o mercado é segmentado de acordo com as tendências dos grupos dentro dele – e suas razões – para tomar uma determinada decisão sobre um produto, uma pessoa ou uma ideologia para manter uma atitude ou para usar um meio (SOLOMON, 2011, p. 261). 3.1.1.5 Fatores psicológicos Mowen e Minor (2003) acreditam que as diferenças nos padrões de consumo das classes sociais têm fundamento nas diferenças de percepções e visões em relação ao mundo que as pessoas possuem. Segundo os autores, há certos padrões psicológicos associados a determinadas classes sociais como, por exemplo, para a classe média. A classe média possui a tendência a pensar e agir visando ao futuro e são autoconfiantes, têm disposição para o risco e enxergam amplas possibilidades e horizontes adiante. As classes inferiores possuem um padrão comportamental oposto. Essa categoria social tende a se prender ao presente e ao passado, além prezarem pela segurança, pela família e por si próprios (MOWEN; MINOR, 2003). 43 Importantes estudos realizados nos últimos 20 anos demonstram que as classes inferiores apresentam características imutáveis nesses últimos anos, como limitação de horizontes e busca pela centralidade da família (MOWEN; MINOR, 2003). Dessa forma, quando há mudança de atitudes e há abertura para a modernidade, as classes sociais inferiores tendem a concentrar seus esforços na aquisição de posses e bens e não agem no sentido de focar-se na mudança das relações humanas e novas formas de pensamento e ideias. Kotler e Keller (2006) e Kotler (2005) realçam que o processo de compra é fortemente influenciado pelos fatores psicológicos relacionados ao consumidor, combinados a diversas características que o fazem peculiares. E citam quatro fatores psicológicos que podem vir a influenciar o comportamento do consumidor em resposta a estímulos de marketing, descritos a seguir: a) Motivação: trata-se de uma necessidade identificada por um indivíduo no momento em que esta toma proporções mais profundas e alcança níveis elevados de prioridade (KOTLER, 2005). Assim, Kotler e Keller (2006) descrevem a motivação como um motivo que apresenta uma necessidade relevante e importante de forma suficiente para que leve o indivíduo a agir. A motivação, de acordo com Solomon (2011, p. 154), “refere-se aos processos que fazem as pessoas se comportar do jeito que comportam”. Segundo o autor, a motivação ocorre no momento em que uma necessidade surge e o consumidor anseia por saciá-la. Karsaklian (2004, p. 23) afirma que “a base das motivações encontra-se no equilíbrio psicológico do indivíduo”. Para a autora, uma situação de desconforto é naturalmente gerada a partir do momento em que se descobre uma necessidade ainda não suprida, corroborando Solomon (2011). A motivação, portanto, é a mola propulsora que move o indivíduo na busca por uma solução viável para o encontro do equilíbrio psicológico por meio da busca do atendimento e suprimento dessa necessidade. Mowen e Minor (2003) descrevem a motivação como um estado alterado em que se encontra o ser humano, que o conduz a determinado comportamento na busca pelo suprimento de necessidades e desejos. Diversas teorias buscam explicar o comportamento do consumidor sob o ponto de vista dos aspectos psicológicos que o influenciam, como a teoria de Freud, teoria de 44 Maslow, teoria de Herzberg, a teoria behaviorista e teoria cognitivista (KARSAKLIAN, 2004). A autora conclui que é fundamental estudar para o desenvolvimento do conhecimento das motivações do consumidor a fim de orientar os esforços de propaganda, marketing e demais estratégias ao sucesso. Blackwell, Miniard e Engel (2005) desenvolvem a análise acerca da motivação sob a ótica da necessidade que o ser humano possui de satisfazer necessidades de ordem fisiológica e psicológica, buscando, para este fim, a compra de um bem ou serviço. Os autores citam os tipos de necessidade que o indivíduo possui, categorizando-as em grandes grupos, tais como: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança e saúde, necessidades de amor e companhia, necessidade de recursos financeiros e tranquilidade, necessidade de prazer, necessidade de imagem social, necessidade de possuir, necessidade de doar, necessidade de informação, necessidade de variedades. Assim, são amplas e infinitas as necessidades do consumidor na medida em que algumas que vão sendo supridas e que dão origem a outras cada vez mais complexas e prioritárias. b) Percepção: conforme Kotler (2005, p. 128-129), a percepção é “o processo por meio do qual uma pessoa seleciona, organiza e interpreta as informações recebidas para criar uma imagem significativa do mundo”. De acordo com Mowen e Minor (2003), a percepção é um processo pelo qual o consumidor é exposto a uma informação, foca sua atenção nela e a compreende de forma plena. Karsaklian (2004, p. 47) define a percepção como “[...] um processo dinâmico pelo qual aquele que percebe atribui um significado a matérias brutas oriundas do meio ambiente”. Dessa forma, para que o indivíduo desenvolva sua percepção, é necessário que essa informação passe por um processo de tratamento e processamento para que os mecanismos mercadológicos alcancem o consumidor e que se obtenha êxito nos investimentos de marketing. Esse processamento da informação, no entendimento de Blackwell, Miniard e Engel (2005), passa por estágios como transformação, redução, elaboração, armazenamento, redescobrimento e recuperação para que alcance a percepção do indivíduo e desenvolva o envolvimento deste com a informação à qual foi exposto para que a atenção, memorização e processamento ocorram de forma 45 efetiva. Cobra (2005) e Solomon (2011) definem a percepção no consumidor sob três diferentes óticas: sensação (uso dos recursos sensoriais humanos para desenvolver alguma sensação em relação ao produto, como som, cheiro, aspecto, etc.), organização (da memória de forma que sejam construídas informações que favoreçam a aceitação ou a rejeição do produto) e interpretação (forma como o indivíduo julga determinado produto ou serviço com base em experiências anteriores ou referências externas). c) Aprendizagem: de acordo com Kotler (2005) e Kotler e Keller (2006), a aprendizagem acontece por meio da exposição dos indivíduos a experiências que promovem mudança comportamental e de atitudes, de forma que grande parte do comportamento humano provém do aprendizado adquirido ao longo do tempo. Karsaklian (2004) estreita o conceito, definindo aprendizagem como um processo proveniente da modificação de um comportamento durável do indivíduo a partir da experiência adquirida de fatos e acontecimentos do passado, de modo que este se adapte perpetuamente ao seu ambiente. Logo, as mudanças ambientais fatalmente haverão de provocar mudanças comportamentais, emocionais, de atitudes e até mesmo de pontos de vista anteriormente consolidados e em acordo com o ambiente (KARSAKLIAN, 2004). Blackwell, Miniard e Engel (2005) acreditam que a aprendizagem é um processo de memorização e armazenamento de longo prazo de ações e informações armazenadas na memória de curto prazo. Conforme os autores, existem diversas e extensas formas de aprendizado, como: ensaio, representações mentais, resgates, recordações, esquecimentos, etc. Muitos teóricos na área de aprendizagem acreditam que esta provém de um conjunto de impulsos, estímulos, sinais, etc. Solomon (2011) complementa tais conceitos, demonstrando que as pessoas podem ser expostas a um processo de aprendizagem até mesmo quando não o desejam, que é a chamada aprendizagem incidental. Além disso, o autor afirma que a aprendizagem, conforme as teorias behavioristas, pode se dar por meio de condicionamento, repetição, generalizações de estímulo e observação. Logo, os profissionais de marketing devem concentrar seus 46 esforços na criação de produtos e serviços que associem o consumidor a fortes impulsos, além de fazer uso de reforço positivo e sinais motivadores no intuito de reter o aprendizado consciente (KOTLER; KELLER, 2006). d) Memória: Kotler e Keller (2006) afirmam que todo o aprendizado, informações e experiências vividas ao longo do tempo tentem a ser acumuladas e armazenadas na memória de longo prazo de cada indivíduo. Karsaklian (2004) define a memória como um processo de memorização e codificação de informações que passa pelo processo de aquisição e registro da informação para que tenha utilidade para uso no futuro. A autora ressalta que a forma de representação e armazenamento na memória depende da forma como a informação é registrada. Karsaklian (2004) afirma que as chances de armazenamento de novas informações na memória são maiores quando estas estão associadas a informações já existentes e registradas nela. Logo, a autora exemplifica esse processo de forma prática, por meio de marcas brasileiras fortemente associadas na memória do consumidor, que se referem a produtos de determinadas categorias e até mesmo produzidos por outras organizações, mas que possuem forte carga na memória de consumidor, como, por exemplo, Fofo (amaciante de roupas), Elefante (molho de tomate) e outros. Solomon (2011) descreve que memória é coberta de etapas e processos que vão desde o recebimento da informação até a sua armazenagem. Dessa forma, a memória passa por um processo de codificação (em que a informação passa pelo reconhecimento), em seguida é armazenada (transformando-se em conhecimento) e, por fim, é recuperada (quando o indivíduo deseja acessar a informação anteriormente “estocada”). A memória, como apregoam Kotler e Keller (2006), Karsaklian (2004) e Mowen e Minor (2003), pode assumir o papel de um reservatório temporário de informações, sendo definida como memória de curto prazo, ou pode assumir o papel de um reservatório permanente, constituindo-se em uma memória de longo prazo. Kotler e Keller (2006) ainda atentam para o fato de que a memória de longo prazo provém de associações e ligações que a caracterizam como permanente com diferentes graus de intensidade. Mowen e Minor (2003) alertam para o fato de que as organizações devem 47 buscar fixar e guardar na mente do consumidor as mensagens e informações por elas emitidas, ou seja, estimular a memória do indivíduo para que recorde tais mensagens e não torne em vão todo o investimento realizado em recursos mercadológicos e publicitários. Mowen e Minor (2003) e Karsaklian (2004) salientam que o indivíduo pode ter sua atenção retida e focada por meio da memória sensorial, ou seja, esse tipo de memória é desenvolvido por meio de estímulos como o tato, o olfato, paladar, entre outros. Mowen e Minor (2003) ainda retratam a temática acerca da memória de trabalho descrita como um repositório temporário em que a informação é provisoriamente armazenada enquanto a informação é processada. Logo, por ser um processo temporário, os gerentes de marketing devem buscar, incessantemente, a retenção da atenção do consumidor, estimular em grau máximo o processamento da informação para que esta seja armazenada e gere associações positivas na mente do consumidor. Por fim, Mowen e Minor (2003) e Karsaklian (2004) abordam a temática da memória permanente, que está associada a mecanismos ilimitados de armazenamento, processamento e retenção da informação. O interesse verdadeiro dos profissionais de marketing das organizações está em alcançar esse nível de memória do consumidor a fim de reter todos os aspectos da informação de forma permanente, seja a mensagem em si de forma individual e nos seus aspectos semânticos, ou seja, o aspecto visual da informação (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Reforçar e repetir, segundo os autores, colabora para uma associação positiva e duradoura da marca na memória do consumidor. Para que esse processo de armazenamento ocorra, é importante compreender de que forma a informação pode ser processada e armazenada na memória do consumidor sob o ponto de vista favorável. Para Mowen e Minor (2003) e Kotler e Keller (2006), os processos de memória podem ocorrer por meio da codificação, que é de que forma e em que local a informação é armazenada no espaço da memória, ou por meio da recuperação, que se refere ao processo pelo qual a informação é buscada e extraída da memória. Portanto, demonstra-se extremamente relevante no processo de memorização do consumidor a maneira como a 48 informação será obtida, processada e armazenada. Além disso, deverá estar intimamente ligada à forma como essa informação será resgatada e utilizada na realidade pelo consumidor. e) Crenças e atitudes: Kotler (2005) ainda descreve a crença sob a perspectiva de uma forma de pensamento que uma pessoa mantém, de forma descritiva, acerca de determinada coisa. As crenças podem ter como base pensamentos, fé, opinião, possuindo ou não qualquer carga emocional. As pessoas agem a partir da imagem que criam acerca de marcas e produtos, despertando, portanto, grande interesse das organizações em conhecer e perseguir essas crenças. Blackwell, Miniard e Engel (2005) ainda complementam a análise com mais uma forma de influência psicológica que pode impactar no comportamento do consumidor: Mudança de comportamento e atitude: após o desenvolvimento e compreensão das motivações, percepções, do processo de aprendizagem e memorização do indivíduo, torna-se necessário avaliar em que intensidade todo esse processo se deu, além de verificar se, de fato, promoveu impacto no comportamento do consumidor. Blackwell, Miniard e Engel (2005) retratam a formação de opinião como um processo pelo qual um indivíduo desenvolve, pela primeira vez, certas crenças, sentimentos ou comportamentos em relação a algum estímulo ou acontecimento. Dessa forma, todo o processo pelo qual o indivíduo passa ao ser exposto a determinada informação ou estímulo, aliado aos recursos mercadológicos e publicitários realizados pela organização, deve ser capaz de promover mudança comportamental no indivíduo. Deve, portanto, ser capaz de tornálo adepto a novas crenças, atitudes, valores distintos ou modificados em relação aos que existiam anteriormente. Cobra (2005) corrobora tais argumentos, enfatizando que as pessoas podem passar por motivações de mudança de comportamento e atitudes a partir de sensações positivas ou negativas associadas ao produto ou serviço em questão. Assim, as pessoas reagem a estímulos recebidos, processam-nos e agem conforme a associação realizada. 49 3.1.1.6 Fatores situacionais A análise do comportamento do consumidor deve ser criteriosamente realizada não somente pelos fatores objetivos anteriormente citados, mas o momento e situação atual do consumidor afetam sobremaneira sua intenção de compra e seu comportamento. Blackwell, Miniard e Engel (2005) afirmam que os comportamentos se modificam e se moldam em um estado temporal ou definitivo de acordo com a situação momentânea do consumidor. Segundo os autores, essas situações são definidas como acontecimentos inesperados, abruptos e imprevisíveis que, ao acontecer, são capazes de modificar o comportamento do consumidor, tal como, por exemplo, a demissão de um emprego tido como relativamente estável. Nesses casos, as organizações não possuem alto nível de controle e capacidade de ação, visto que os fatores situacionais afetam cada indivíduo de forma particular e única, ou seja, não são fatores que atingem determinada classe ou segmento. Ao contrário, trata-se de fatores isolados e peculiares que interferem no interesse e prioridade de compra do consumidor em que a organização interessada em conquistá-lo e retê-lo poderá intervir de forma nula ou bastante restrita (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). 3.1.2 Processo de decisão de compra do consumidor De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005) e Cobra (2005), nenhum consumidor deseja adquirir um produto ou serviço se antes não for identificada a existência de um problema ou necessidade ainda não suprida. Solomon (2011) afirma que a tomada de decisão pelo consumo parte de uma perspectiva racional e que os níveis de dispêndio de esforço, financeiros e de tempo variam de acordo com a complexidade e relevância da compra ou contratação do serviço que será feito. Dessa forma, o nível de esforço para cada compra difere um do outro de acordo com o grau de importância que esta representa para o consumidor. Na busca pela competitividade no mercado em que atuam, as organizações e profissionais de marketing devem buscar alternativas para 50 descobrir e desvendar as influências pelas quais os compradores passam e tentar compreender a forma como os consumidores tomam suas decisões (KOTLER, 2005). Solomon (2011) acentua que a decisão do processo de compra para algumas situações pode levar segundos, ou seja, ser praticamente instantânea, enquanto outros podem levar dias, meses ou ainda mais tempo para que a decisão seja efetivamente tomada. O processo decisório, ainda segundo o autor, torna-se cada vez mais difícil para o consumidor, em se tratando da variedade e das inúmeras opções disponíveis no mercado. Solomon (2011) conclui que nos dias atuais o problema que o consumidor enfrenta não é a falta de opções, mas sim o excesso. Kotler (2005) ainda descreve cinco tipos diferentes de papéis que pessoas ao redor do consumidor podem exercer em um processo de compra, a saber: o iniciador (é quem inicia a ideia de comprar um produto ou serviço), o influenciador (é aquele que exerce influência na decisão por meio de seu ponto de vista ou conselho), o decisor (é quem decide verdadeiramente sobre o que comprar, quando e onde fazê-lo), o comprador (que é quem, de fato, realiza e efetiva a compra) e o usuário (que é quem consome ou utiliza o produto ou serviço). Dessa forma, o processo de decisão de compra do consumidor pode variar de acordo com o nível de complexidade da compra e do tipo de decisão envolvida. Kotler (2005) afirma que compras de alto nível de complexidade requerem do consumidor mais ponderações e envolvimento de mais participantes, diferentemente de compras de baixo nível de complexidade, que, por sua vez, requerem baixo envolvimento e ponderações. O QUADRO 1 a seguir, elaborado e adaptado de Kotler (2005), distingue os níveis de envolvimento requeridos do consumidor x diferença de marcas dos produtos. 51 QUADRO 1 – Tipos de comportamento de compra do consumidor Alto Envolvimento Comportamento de compra complexo: Envolve produtos e serviços de alto valor agregado; não ocorre com frequência; Diferenças envolve riscos; significativas é autoexpressiva; entre as comprador desenvolve crenças marcas sobre o produto para, em seguida, desenvolver atitudes em relação a ele; faz uma escolha pensada e ponderada. Comportamento de compra com dissonância reduzida: Envolve produtos e serviços de alto valor agregado; compra envolve riscos; Pouca compra não ocorre com diferença frequência; entre as comprador avalia opções no marcas mercado e escolhe com relativa rapidez; em seguida, experimenta dissonância, mas fica atento às informações que sustentam sua decisão de compra. Baixo Envolvimento Comportamento de compra em busca de variedade: comprador muda de marca em busca da variedade e não por insatisfação; comprador possui algumas crenças sobre o produto; comprador escolhe uma marca sem muitos critérios de avaliação; comprador avalia o produto simultâneo ao consumo. Comportamento de compra habitual: produto de baixo valor agregado; compra realizada com frequência; comprador não segue uma ordem normal de crença, atitude e comportamento; comprador toma a decisão baseado na familiaridade com a marca. Fonte: adaptado de Kotler (2005, p. 131). Os processos de decisão de compra podem distinguir-se entre si, como aduzem Solomon (2011) e Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007). Estes podem ser definidos por Solomon (2011) como: solução ampliada do problema (também denominada tomada de decisão estendida por Hawkins, Mothersbaugh e Best, 2007), solução limitada do problema (também denominada tomada de decisão limitada por Hawkins, Mothersbaugh e Best, 2007) e tomada de decisão habitual (também denominada tomada de decisão nominal por Hawkins, Mothersbaugh e Best, 2007). O QUADRO 2 a seguir demonstra sinteticamente a diferença entre as duas formas de solução do problema, que são a solução ampliada do problema e a solução limitada do problema, de acordo com Solomon (2011). 52 QUADRO 2 – Características da solução limitada versus as da solução ampliada Motivação Busca de Informações Solução Limitada do Problema Baixo risco e envolvimento Pouca pesquisa Informações processadas passivamente Provável decisão na loja Avaliação de alternativa Compra Crenças fracas Somente critérios relevantes são usados Alternativas percebidas como sendo basicamente semelhantes Uso de estratégia não compensatória Tempo de compra limitado e possível preferência pelo autoatendimento Escolha frequentemente influenciada pelas vitrines das lojas Solução Ampliada do Problema Alto risco e envolvimento Muita pesquisa Informações processadas ativamente Várias fontes consultadas antes da visita às lojas Crenças fortes Muitos critérios são usados Diferenças significativas percebidas entre as alternativas Uso de estratégia compensatória Compras em muitas lojas, se necessário Comunicação com a equipe de vendas é desejável Fonte: adaptado de Solomon (2011, p. 335). A tomada de decisão habitual baseia-se em escolhas que, geralmente, não requerem do consumidor muito esforço na tomada de decisão (SOLOMON, 2011). Esse tipo de compra habitual, embora requeira baixos níveis de esforço, exige do consumidor mínima consciência para que não haja com “automaticidade”. Na tentativa de compreender o comportamento do consumidor, as razões pelas quais desenvolve necessidades e desejos e a forma como se comporta no processo de decidir ou não pela compra, diversos autores e estudiosos da área buscam desenvolver modelos e teorias na busca de compreender de que forma o consumidor age desde a fase inicial de reconhecer a existência de uma necessidade. 53 3.1.2.1 Reconhecimento da necessidade De acordo com Sheth, Mittal e Newman (2001), Honorato (2004), Kotler (2005), Cobra (2005) e Kotler e Keller (2006), o processo decisório de compra do consumidor inicia-se a partir da identificação da existência de um problema pendente de solução ou de uma necessidade a ser suprida. Diferentemente da abordagem de outros autores, Giglio (2010) aborda que o processo de decisão de compra é influenciado pelas experiências pelas quais o indivíduo passa e vivencia. Conforme o autor, as experiências são o que fornecem subsídios para o surgimento e ascensão das expectativas. Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 74) acreditam que o reconhecimento da necessidade parte de “quando o indivíduo sente a diferença entre o que ele ou ela percebem ser o ideal versus o estado atual das coisas”. Solomon (2011) e Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) corroboram tais argumentos quando afirmam que o reconhecimento do problema parte de uma situação em que o consumidor percebe diferença entre o estado atual em que se encontra e o estado de coisas em algum estado que almeja. Nesse sentido, os consumidores compram produtos e contratam serviços na certeza de que serão capazes de suprir as necessidades existentes, superando o custo inerente ao comprá-lo. Dessa forma, surge o primeiro passo da venda do produto, partindo de uma necessidade a ser atendida. Solomon (2011) acrescenta que, ao tentar passar de um estado (de carência) para o outro (de suprimento), o indivíduo deve resolver um problema existente, que varia em diferentes graus de complexidade e dispêndio de tempo. A identificação da necessidade pode partir de estímulos internos ou externos (COBRA, 2005; KOTLER, 2005; KOTLER; KELLER, 2006; SHETH; MITTAL; NEWMAN, 200). Os estímulos internos partem da percepção de um desconforto percebido, de natureza física, psicológica que chegam ao nível consciente e tornam-se impulsos. Já os estímulos externos são impulsos provocados por agentes externos, provocando uma necessidade que anteriormente não existia. Os autores consideram que, geralmente, esses estímulos externos são provocados por agentes do mercado, como propagandas, publicidade ou mesmo agentes influentes ao redor do indivíduo, como o vizinho, o 54 colega de trabalho ou um familiar próximo que adquiriram algo que passou a despertar neles uma necessidade. Mowen e Minor (2003) ainda complementam essa análise do ponto de vista de visões de consumo que os consumidores podem possuir. Essas visões de consumo podem ser definidas como uma forma de simulação mental que o indivíduo produz na tentativa de simular situações futuras de consumo e de satisfação ao comprar algo que deseja. Sendo assim, Blackwell, Miniard e Engel (2005), Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) e Kotler e Keller (2006) alertam para a importância de os profissionais de marketing compreenderem as situações e circunstâncias que colocam o indivíduo em uma situação de necessidade e desejo não atendidos ou, ainda, de provocar e despertar a atenção dos consumidores para conveniências e desejos que eles mesmos ainda não haviam percebido existir. Dessa forma, o consumidor é motivado a realizar compras potenciais que anteriormente não faziam parte de suas carências, além de considerar realmente relevante e útil para o atendimento de uma necessidade antes não percebida. 3.1.2.2 Busca de informações O segundo estágio do modelo de comportamento decisório de compra co consumidor desenvolvido por Blackwell, Miniard e Engel (2005) refere-se à busca de informações que precede o estágio de reconhecimento da necessidade. Após reconhecer a existência do problema ou da necessidade, o consumidor irá buscar formas alternativas para resolvê-lo (COBRA, 2005; SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2001; SOLOMON, 2011). Sheth, Mittal e Newman (2001) ressaltam que, geralmente, os consumidores não incluem nessa busca todas as marcas disponíveis no mercado. Ao contrário, os clientes buscam alternativas em um grupo seleto (subconjunto) de marcas, que pode ser dividido em conjunto conhecido, conjunto evocado e conjunto considerado, descritos, também, por Solomon (2011). O conjunto conhecido refere-se às marcas já previamente conhecidas pelo cliente. O conjunto evocado refere-se às marcas de determinada categoria de 55 produtos ou serviços lembrados pelo cliente no momento de tomar a decisão, mas que nem todas elas serão capazes de atender às necessidades que ele possui de forma plena. Dessa forma, todas aquelas consideradas inadequadas já são desconsideradas de imediato. Já o conjunto considerado refere-se às marcas que o consumidor, de fato, irá considerar para comprar (SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2001). Kotler e Keller (2006) e Kotler (2005) afirmam que o consumidor verdadeiramente interessado em consumir um produto ou serviço tende a buscar mais informações a respeito das opções que o mercado dispõe para o consumo. Os autores diferenciam a intensidade de atenção do consumidor de acordo com o grau de interesse que possui em efetivar a compra. Surgem, portanto, dois níveis de interesse: Estado de busca moderado: é também conhecido como estado de busca de atenção elevada. Neste estágio, o indivíduo é receptivo às informações acerca do produto, mas age de forma mais passiva e receptiva; estado de busca ativa: o indivíduo encontra-se em um estágio ativo de busca de informações, até mesmo de literatura, indicações, visitação de lojas e pesquisas na Internet para conhecer com mais profundidade o produto que aspira a comprar. As diferenças dos níveis de profundidade da busca por informações são abordadas por Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 77), mostrando que elas variam de acordo com “personalidade, classe social, renda, tamanho da compra, experiências passadas, percepção da marca e satisfação dos consumidores”. Os autores, assim como Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007), ainda esclarecem que essa busca pode ser interna – quando o indivíduo resgata conhecimentos armazenados na memória ou sem suas próprias tendências – ou pode ser externa – quando o indivíduo decide por buscar informações junto aos seus grupos de influência, como familiares, amigos, colegas de trabalho, no mercado, etc. Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) e Solomon (2011) ainda destacam que a busca de informações pode ser contínua, que se trata da situação em que o consumidor procura informações para uso posterior possível do produto ou porque julga o processo por si só agradável. A FIG. 2 visa a demonstrar o 56 processo e fontes de busca de informações proposto por Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007). FIGURA 2 – Fontes de informação para uma decisão de compra Fontes de Informação Informação interna Ativamente adquirida Buscas passadas Experiência pessoal Informação externa Passivamente adquirida Aprendizado de baixo envolvimento Ativamente adquirida Grupos independentes Contatos pessoais Informações do fabricante Experimental Fonte: Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p. 313). Kotler e Keller (2006) ainda abrangem mais as fontes de busca, definindo quatro grupos de fontes de informação para o consumidor: Fontes pessoais: busca por informações junto aos amigos, familiares, conhecidos, etc.; fontes comerciais: busca por meio de propagandas, anúncios, vendedores, mostruários, etc. Ainda que diversas fontes de informação possam alcançar o consumidor, Kotler e Keller (2006) reconhecem que a maior parte das informações sobre um produto é obtida por meio de fontes comerciais; fontes públicas: busca de informações em meios de comunicação de massa, como a televisão, Internet, redes sociais, etc.; fontes experimentais: busca de informações por meio do conhecimento físico do produto, manuseando-o, examinando-o ou, ainda, usando-o de forma experimental. 57 Blackwell, Miniard e Engel (2005) destacam que, na medida em que o consumidor é exposto a um conjunto de informações obtidas por meio de buscas externas, ele inicia um processamento das informações e estímulos obtidos com a busca realizada. Esse processamento de informações inclui algumas etapas, como: Exposição: em primeiro lugar, o consumidor deve ser alcançado e impactado pela comunicação persuasiva e a carga de informação que ela possui. Em seguida, esse indivíduo tem diversos sentidos ativados, o que o torna atento para a etapa que virá em seguida; atenção: após a exposição, a informação deve ser alocada (ou não) na capacidade de armazenamento e processamento da informação. Dessa forma, quanto mais relevante a informação for para o indivíduo, mais atenção será atraída. Geralmente, a persuasão comercial é ignorada pelos consumidores neste estágio e foca mais a atenção seletiva; compreensão: alcançada a atenção do consumidor, a informação será analisada conforme as categorias de sentidos arquivadas na memória do indivíduo. A expectativa dos profissionais de marketing nesta etapa é de que ocorra alto grau de compreensão, ou seja, que esta seja mais apurada e seleta; aceitação: a informação pode ser inaceitável e, por conseguinte, será descartada ou aceitável. Nesta fase, o foco da mensagem é promover uma mudança de comportamento, de crenças e atitudes preexistentes. No entanto, a mensagem deve ser aceita antes desse processo acontecer; retenção: nesta última etapa, o objetivo central de quem persuade é fazer com que a informação seja aceita e armazenada na memória de modo que seja acessível e utilizável no futuro. 3.1.2.3 Avaliação de alternativas pré-compra Nesta etapa, o consumidor compara as opções obtidas que são certamente capazes de suprir a necessidade existente ou de resolver, de fato, o problema que gerou todo o processo de decisão (MOWEN; MINOR, 2003). Segundo os 58 autores, ao comparar alternativas, o consumidor desenvolve novas crenças, atitudes e comportamentos em relação às alternativas por ele consideradas. Kotler (2005) enfatiza que, nesta etapa, os consumidores formam seus julgamentos em relação aos produtos e serviços de forma racional e consciente. Mowen e Minor (2003) ainda complementam a análise acrescentando que essa etapa de avaliação de alternativas sofre grande influência do tipo de hierarquia de efeitos que ocorre. Em outras palavras, ao considerar uma tomada de decisão de alto envolvimento, a avaliação de alternativas segue o modelo de aprendizagem-padrão, em que o consumidor desenvolve afeição por meio das crenças preexistentes, o que resulta em intenções comportamentais e comportamentos (KOTLER, 2005). Em contrapartida, quando a tomada de decisões é de baixo envolvimento, a avaliação de alternativas é relativamente primária e precária diante das opções consideradas. Cobra (2005) reforça os argumentos de Mowen e Minor (2003) de que, nesta etapa, o consumidor se confronta com a decisão de compra levando em consideração as conveniências e custos-benefícios. Embora todas essas considerações sejam válidas na etapa de avaliação de alternativas, Solomon (2011) mostra que, com certa frequência, os consumidores avaliam poucas opções de alternativas disponíveis no mercado, ainda que haja tanta fartura de oferta nos dias atuais. Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) descrevem que a avaliação e seleção de alternativas podem se dar de duas formas distintas que orientam as escolhas do consumidor, a saber: Escolha baseada em atributos: exige do consumidor o conhecimento prévio de atributos específicos no ato da escolha. Envolve comparação de cada atributo de diferentes marcas; escolha baseada em atitudes: exige envolvimento do consumidor com a utilização de “atitudes gerais, impressões breves, intuições ou métodos heurísticos” (p. 324). Nesse tipo de escolha não é realizada alguma comparação dos atributos do produto ou serviço em questão. O consumidor, nesta etapa, se questiona em relação a todas as opções disponíveis para a escolha do melhor produto que atenderá com melhor custo- 59 benefício às necessidades inicialmente identificadas, ou seja, o questionamento de estende na busca de compreender qual delas é a melhor para se escolher (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Os autores distinguem os atributos que baseiam a avaliação das alternativas em dois grupos: dos atributos salientes e dos atributos determinantes. Atributos salientes: são considerados mais relevantes e importantes para os consumidores. Os autores exemplificam a compra de um carro para ilustrar de que forma esses atributos impactam no comportamento decisório do consumidor. No caso da compra de um carro, os consumidores tenderão a avaliar com critério o preço, a confiabilidade e fatores que certamente variariam pouco entre os tipos semelhantes de carros. Atributos determinantes: são atributos que irão definir a marca ou a loja que o consumidor irá escolher para a compra do produto, por exemplo, de um carro, ou seja, pequenos detalhes serão determinantes nessa escolha, como o estilo do carro, seu acabamento, detalhes extras e demais outros que farão diferença ao decidir. Os mesmos autores ainda salientam que o consumidor monitora constantemente atributos que são considerados importantes para ele nos produtos, como, por exemplo, as variações de preço, quantidade, tamanhos, qualidade, etc. Esses atributos poderão ser relevantes na escolha da marca ou do local, principalmente quando a percepção de justiça torna-se presente. Dessa forma, se o consumidor acredita que modificações dos atributos do produto de seu interesse não são justas, há redução da intenção de compra por aquele produto daquele determinado lugar (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Para Kotler e Keller (2006, p. 191), “[...] o consumidor vê cada produto como um conjunto de atributos com diferentes capacidades de entregar os benefícios para satisfazer aquela necessidade”. Assim, o consumidor é atraído por atributos que o interessam de acordo com cada produto específico, por exemplo, a câmera fotográfica, em que a definição da imagem, o tamanho e preço são relevantes para o consumidor. Assim, os autores demonstram que os consumidores certamente focarão sua atenção nos atributos que fornecem a 60 maior quantidade de benefícios buscados e, por isso, o mercado para determinado produto pode ser segmentado de acordo com o que é mais relevante para diferentes tipos de consumidores (KOTLER, 2005). Essa análise é corroborada por Sheth, Mittal e Newman (2001), dividindo a escolha do consumidor em dois modelos: Modelo compensatório: trata-se da situação em que o consumidor chega a determinada escolha considerando todos os atributos de um produto. Nesse caso, o consumidor busca a compensação mental dos pontos fracos de alguns atributos com equivalentes pontos fortes de outros atributos. Esse modelo pode ser utilizado quando o consumidor soma a quantidade de atributos positivos subtraindo da quantidade de atributos negativos de cada alternativa. Dessa forma, ele opta por escolher o máximo de atributos positivos e o mínimo de atributos negativos. Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p. 334) definem tal modelo como baseado em “motivos consumatórios”. Os autores descrevem que esses motivos de tal modelo “fundamentam comportamentos que são intrinsecamente recompensadores para o indivíduo envolvido”; Modelo não compensatório: divide-se em quatro grandes grupos, que são modelo conjuntivo, em que o cliente começa determinando os limites mínimos de todos os atributos que considera importante, eliminando qualquer alternativa que ultrapasse os limites mínimos; modelo disjuntivo, em que o cliente está disposto a compensar um atributo por outro; modelo lexicográfico, em que os atributos das alternativas são classificados em graus de importância para o consumidor e são examinadas todas as alternativas tomando como referencial o critério mais importante; eliminação por aspectos, em que o cliente classifica os atributos em ordem de importância e, além disso, define valores para eliminação. Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) definem tal modelo como baseados em “motivos instrumentais”. Os autores descrevem que esses motivos de tal modelo são capazes de ativar comportamentos projetados com vistas ao alcance de um segundo objetivo. 61 3.1.2.4 Compra Após formar intenções de compra na fase de avaliação de alternativas, o consumidor passa para a fase de realmente decidir pela compra de determinado produto ou serviço (COBRA, 2005). Nessa fase, ele pode passar por dois estágios, de acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005). No primeiro estágio, o consumidor opta por um vendedor em relação ao outro ou qualquer outra forma de varejo, como catálogos, vendas diretas, vendas pela Internet, etc. No segundo estágio, o cliente se vê diante de escolhas que podem ser realizadas dentro do próprio local de venda que possam ser influenciadas pelo vendedor, pelas vitrines, por propaganda no ponto de venda, por outros aspectos visuais, etc. Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) ainda comentam que após o consumidor reconhecer o problema, ele reconhece que é necessário o processo de escolha de uma loja/empresa. Em seguida, envolve-se na busca interna e externa para, em seguida, avaliar alternativas possíveis para compra. Por fim, aplica regras de decisão para fazer sua escolha, efetivamente. Nessa etapa, o resultado final, que é a compra, pode diferir bastante da primeira opção vislumbrada pelo cliente nas etapas anteriores do processo de decisão de compra. Conforme Blackwell, Miniard e Engel (2005), diversas situações podem acontecer entre o estágio de reconhecimento da necessidade e a compra efetiva, que podem afetar de forma significativa a decisão do consumidor. Os autores exemplificam o atendimento ao cliente por meio de um vendedor, que pode modificar sobremaneira sua decisão e desejo inicial. Dessa forma, Blackwell, Miniard e Engel (2005) acreditam que o melhor vendedor é aquele que é capaz de gerenciar os atributos gerais que são buscados pelo consumidor, aliado à imagem da loja e de sua credibilidade, o que faz com que a decisão de compra possa ser modificada e maximizada por boas experiências e aspectos positivos diversos que são percebidos pelo consumidor ao longo do processo. Kotler e Keller (2006) e Kotler (2005) abordam fatores de interferência no comportamento do consumidor, sobretudo na fase atual, que é a compra propriamente dita. O primeiro fator que pode influenciar a decisão do consumidor é a “atitude dos outros”. Os autores afirmam que o comportamento e atitude 62 alheios podem interferir de duas formas no comportamento do cliente. A primeira delas é a intensidade da atitude negativa de outras pessoas comparada à alternativa preferida escolhida pelo consumidor. Nessa situação, conclui-se que, quanto maior o negativismo associado à outra pessoa e quanto maior a proximidade for esse comportamento do consumidor, mais este buscará ajustar e adaptar sua intenção e decisão de compra. Em outras palavras, quanto maior o repúdio de um indivíduo a um consumidor de uma marca, menos desejo de adquirir aquele produto ele terá dado o seu sentimento de reprovação e negação. A segunda delas é a motivação do consumidor para acatar e replicar os desejos de outro indivíduo. De acordo com Kotler e Keller (2006) e Kotler (2005), nessa situação, quanto maior a preferência de um consumidor por uma marca e quanto maior o respeito atribuído ao outro consumidor já adepto de determinado produto, maior a aceitação desse indivíduo em relação àquele produto e mais tendencioso a adquiri-lo ele ficará. O segundo fator que pode influenciar a decisão de compra do indivíduo, na visão de Kotler e Keller (2006) e Kotler (2005), são os fatores situacionais imprevistos. Estes podem surgir de forma abrupta e modificar completamente a intenção de compra do consumidor. Os autores citam a perda de um emprego para ilustrar a mudança de prioridades e percepção do consumidor quanto às urgências e preferências momentâneas do cliente. Além disso, associam o fator risco percebido como um mecanismo capaz de modificar, adiar ou mesmo rejeitar uma compra. Os autores dividem o risco percebido em seis tipos distintos, brevemente descritos a seguir: a) Risco funcional: trata-se da situação quando o produto não corresponde plenamente às expectativas; b) risco físico: quando o produto ou serviço pode impor algum tipo de ameaça ou insegurança quanto ao bem-estar físico, saúde ou integridade do consumidor ou a outras pessoas; c) risco financeiro: quando o consumidor não percebe correspondência do valor cobrado pelo produto; d) risco social: trata-se da situação em que o consumidor acredita que o produto pode resultar em alguma situação de constrangimento que pode ser causado por outros; 63 e) risco psicológico: quando o produto pode vir a afetar o estado mental do consumidor; f) risco de tempo: quando existe a percepção de ineficiência do produto e que este fator pode comprometer o custo de oportunidade na busca pela escolha de um substituto. Dessa forma, Kotler e Keller (2006) e Kotler (2005) concluem que o risco percebido está associado à quantidade de valor monetário envolvido, à certeza de eficiência e garantia dos atributos do produto ou mesmo ao nível de autoconfiança do consumidor. A minimização do risco pode se dar pela fuga das decisões ou pela busca por compartilhá-las, a fim de que o resultado positivo ou negativo seja compartilhado com outros. Sheth, Mittal e Newman (2001) ainda citam outros fatores que podem comprometer a fase de compra no processo de decisão do consumidor. Alguns desses fatores são mencionados pelos autores, tais como: falta do produto escolhido no mercado, o que pode forçar o consumidor à escolha de um produto semelhante ao preferido por ele; novas informações obtidas dentro da própria loja acerca de outros produtos ou atributos disponíveis; ou mesmo as condições financeiras do cliente que inviabilizam o fechamento efetivo do negócio, levando-o a descartar a compra completamente ou optar por opções acessíveis para suprir parcialmente sua necessidade, ainda que a opção final não faça parte das preferidas por ele na etapa de avaliação das alternativas. Outras duas variáveis comuns nessa fase do comportamento de compra do consumidor são sugeridas por Mowen e Minor (2003), que são a compra por impulso e a compra pela busca de variedade. No caso da compra por impulso, o consumidor realiza a compra sem que antes tenha reconhecido qualquer problema ou necessidade a ser suprido. Esse comportamento se deve à ânsia repentina e não planejada de comprar algo de imediato e geralmente não é acompanhada pela consciência das consequências que essa abrupta decisão pode trazer. Logo, os autores concluem que a compra por impulso é um ato reativo e negligente e que, após pesquisas e estudos citados pelos autores, descobriu-se que 39% das compras feitas em lojas de departamento e 67% das compras de supermercado não eram planejadas previamente. 64 Já a compra pela busca por variedade trata-se de um ato de consumo que visa à aquisição de uma nova marca de um produto, ainda que expressem alto grau de satisfação com a marca ou produto já conhecido e utilizado. Mowen e Minor (2003) afirmam que esse comportamento existe na tentativa de reduzir o tédio e aumentar os estímulos, procurando promover novidades na vida do consumidor. Karsaklian (2004) destaca a existência de compra compulsiva, que reflete o desejo de compra por parte do consumidor para satisfazer uma forte ansiedade. Segundo a autora, trata-se de um reflexo presente em consumidores que apresentam quadros de situações emocionais difíceis, caracterizados por um comportamento conturbado, psicologicamente tenso e seguido de um sentimento de culpa após realizar a compra. Conforme a autora, o que diferencia a compra impulsiva da compra compulsiva é que a primeira tem o foco no produto comprado e a segunda no ato de compra propriamente dito. Pode ocorrer, ainda, o adiamento da compra, que é caracterizado pela situação em que a intenção de compra do consumidor não se transforma em compra e, ao adiar uma compra por motivos alheios à sua vontade, geralmente o consumidor apresenta sentimento de frustração (KARSAKLIAN, 2004). 3.1.2.5 Consumo Após a compra do produto e depois de adquirir sua efetiva posse, o indivíduo pode consumir o produto, ou seja, ponto crucial em que ele o experimenta e faz uso de seus atributos considerados importantes (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Esse consumo pode ocorrer imediatamente após a compra ou posterior a ela, como, por exemplo, aproveitar uma liquidação de alimentos congelados para consumir posteriormente. Os autores ainda afirmam que a forma como o indivíduo consome o produto irá impactar em sua satisfação ou não com este e a recompra acontecerá ou não. A durabilidade do produto será determinada pela forma como os consumidores cuidam, armazenam e mantêm esse produto, sendo uma determinante em possíveis compras futuras. Solomon (2011) reforça que o ambiente social e físico do consumidor afeta os motivos que 65 o consumidor possui para fazer uso de produtos ou serviços, assim como a forma que ele os avalia. Mowen e Minor (2003, p. 218) definem a experiência de consumo como “[...] o conjunto de conhecimentos e sentimentos experimentados por uma pessoa durante o uso de um produto ou serviço”. Os profissionais da área de marketing identificaram três situações relacionadas ao consumo que são variáveis impactantes na avaliação do uso do produto: a frequência do consumo, a quantidade de consumo e o propósito do consumo. A frequência do consumo é algo determinante no comportamento de compra do indivíduo, ainda que grande parte dos produtos e serviços relevantes que o consumidor adquire seja utilizada de forma descontínua, como, por exemplo, máquinas de lavar roupas, carros, etc. Já a quantidade de consumo refere-se à repetição e quantidade média de consumo de determinado produto ou serviço. O maior alvo das organizações modernas é fazer com que o consumidor aumente sua quantidade média de consumo de determinado produto e, para isso, fazem uso de estratégias diversas (disposição nas prateleiras, modificação de embalagens, investimentos publicitários, etc). Por fim, o propósito do consumo é uma das variáveis desafiadoras para as organizações dos dias atuais. O consumidor deve perceber mais funcionalidade e utilidade em um produto que adquiriu para determinada finalidade, mas que pode ser utilizado para outra finalidade diferente da qual o motivou a comprá-lo. Exemplo citado pelos autores é o uso do bicarbonato de sódio, que é usado tanto para escovar os dentes quanto como antiácido ou para fins culinários. 3.1.2.6 Avaliação pós-consumo Nesse estágio, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005) e Kotler (2005), o consumidor experimenta a sensação de satisfação ou insatisfação, visto que é a fase que precede o consumo e experimentação do produto ou serviço adquirido. O sentimento de satisfação acontece quando a percepção de desempenho confirma o que o consumidor esperava. A insatisfação ocorre quando o oposto acontece, ou seja, o sentimento de frustração é gerado pela percepção de 66 desempenho inferior do produto ao que era esperado. Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) corroboram descrevendo que a dissonância pós-compra ocorre quando o consumidor possui qualquer tipo de dúvida quanto à sabedoria e efetividade da escolha que fez na compra. Segundo os autores, o consumidor pode apresentar dissonância pós-compra em virtude: do grau de compromisso ou irrevogabilidade da decisão, da dificuldade de escolher entre alternativas ou da tendência do indivíduo a apresentar ansiedade. Os resultados obtidos nessa etapa são extremamente relevantes em todo o processo de decisão de compra do consumidor, visto que este armazena informações valiosas em sua memória que certamente serão resgatadas para uso futuro (COBRA, 2005; SOLOMON, 2011). Blackwell, Miniard e Engel (2005) e Kotler (2005) ainda afirmam que se o grau de satisfação do cliente for elevado, grandes serão as chances de decisões posteriores serem tomadas com mais segurança e rapidez. Logo, a mente e os desejos dos consumidores são mais difíceis de serem alcançados quando determinada marca ou produto atingiu o grau de satisfação esperado. O contrário acontece com os consumidores insatisfeitos. O consumidor que tem suas expectativas frustradas fica desapontado ou insatisfeito com o desempenho obtido (KOTLER, 2005). Logo, os concorrentes atingirão facilmente o consumidor que porventura tenha passado por experiências de insatisfação com determinada marca e serão conduzidos a uma nova experimentação, cujos resultados podem ser definitivos. Segundo Mowen e Minor (2003), é imprescindível para as empresas competitivas buscarem manter e maximizar a satisfação de seu consumidor e buscar conquistar sua preferência (KOTLER, 2009). Logo, as organizações devem focar nos pontos de qualidade percebida pelos consumidores e alguns dos mais importantes são a qualidade do produto e a avaliação de desempenho. Bons profissionais de marketing, portanto, devem buscar compreender e conhecer constantemente as razões pelas quais o consumidor poderia ficar insatisfeito, a fim de que possam melhorar e aprimorar processos e produtos futuros (JATO et al., 2008; SOLOMON, 2011;). Mowen e Minor (2003) sintetizam pontos importantes acerca da qualidade percebida pelos clientes, como: desempenho, atitudes dos funcionários, confiabilidade, durabilidade, oportunidade e conveniência, estética e valor da marca. Combinados esses fatores, Mowen e 67 Minor (2003) acreditam ser efetivas as tentativas de despertar no consumidor a análise da qualidade de produtos e serviços na busca por maximizar sua participação de mercado e da satisfação do consumidor. Na busca pela garantia da satisfação do consumidor, as empresas vêm buscando desenvolver instruções de uso mais detalhadas, garantias e serviços que asseguram o consumidor da qualidade do produto até mesmo quando este é mal utilizado pelo próprio usuário (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Os consumidores frequentemente se questionam quanto à efetividade da escolha que fizeram, ainda que os produtos adquiridos funcionem bem e tenham obtido alto grau de satisfação, sobretudo para itens de alto valor agregado. Além disso, fatores emocionais, físicos e psicológicos são determinantes na percepção do consumidor e, consequentemente, em sua análise acerca da satisfação ou insatisfação com o produto. Kotler e Keller (2006, p. 196) afirmam que se o consumidor “[...] perceber certos aspectos inquietantes ou ouvir coisas favoráveis sobre outras marcas, ele pode experimentar alguma dissonância cognitiva”. Dessa forma, o consumidor irá reter informações que corroborem sua decisão e, por isso, os esforços de marketing devem buscar reforçar o sucesso e qualidade de sua escolha, promovendo nele bons sentimentos em relação à escolha realizada. No entanto, Sheth, Mittal e Newman (2001) alertam para o cuidado necessário que os profissionais de marketing devem ter com as promessas e garantias dadas ao consumidor. Os autores alertam que prometer demais pode criar expectativas que a organização pode não conseguir cumprir, acarretando um processo de insatisfação do cliente. Deve-se, portanto, criar expectativas realistas e buscar, dentro das possibilidades conhecidas pela organização, atender de forma suficiente e plena o consumidor que se deseja atingir. Dessa forma, não somente a satisfação poderá ser alcançada, mas até mesmo superada, encantando o consumidor, superando suas expectativas. A presente pesquisa foca-se no estudo das atitudes e intenções comportamentais de estudantes regularmente matriculados em escolas de inglês de Belo Horizonte, de forma que todo o trabalho está voltado para essa etapa do comportamento pós-compra desse cliente. O aprofundamento em construtos como a qualidade percebida, o valor percebido, a satisfação e o preço é de suma 68 importância para avaliar as atitudes e intenções do consumidor e os impactos dos referidos construtos sobre a preferência de compra, a propensão à lealdade, a comunicação boca a boca/recomendação e orgulho desse consumidor. Tais conceitos que compõem o modelo da pesquisa e que serão nela operacionalizados serão aqui explorados para melhor compreensão da ênfase dada a essa etapa do processo de compra. Satisfação De acordo com Cobra (2005), Farias e Santos (2000), Rossi e Slongo (1998) e Oliveira et al. (2008), o ponto-chave para a competitividade das organizações em termos de administração mercadológica é conquistar a satisfação do consumidor por meio da qualidade, que se configura como fator determinante de lealdade. Cobra (2005) e Solomon (2011) entendem que a satisfação de um consumidor é construída por meio da qualidade e valor que estão atrelados a um bem ou serviço e que são repassados a ele. Para Kotler (2005), Larán e Espinoza (2004), Marchetti e Prado (2004) e Hoffman et al. (2010), a satisfação é baseada na sensação de contentamento ou decepção experimentada por um consumidor, que é fruto da comparação que este faz entre o resultado percebido de um produto ou serviço e suas expectativas anteriores existentes. Assim, quando o desempenho fica aquém das expectativas, o consumidor torna-se insatisfeito com o resultado. Quando o desempenho fica dentro das expectativas, o consumidor torna-se satisfeito (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007; OLIVER, 1997). No caso do consumidor que percebe o desempenho superior às expectativas, este se torna encantado, ou seja, apresenta alto grau de satisfação. Assim, a satisfação conquistada do consumidor após usufruir o bem ou serviço adquirido irá depender totalmente do desempenho que este apresentar em relação às expectativas que o mesmo tiver sobre esse bem ou serviço. Não obstante, Anderson, Fornell e Lehmann (1994), Marchetti e Prado (2001) e Marchetti e Prado (2004) acreditam que a experiência com o produto (consumo) é condição necessária para que ele defina o quão satisfeito ou não ele está. Além disso, Anderson, Fornell e Lehmann (1994) afirmam que a percepção 69 de qualidade que o consumidor possui é determinada pelo valor que este paga pelo produto ou serviço ou mesmo pelos benefícios que ele percebe implícitos a esse consumo. Corroborando as afirmações anteriores, Kotler (2005) realça que os consumidores constroem expectativas com base nas opiniões de referências pessoais que já tenham experiência com o consumo de determinado produto ou serviço, baseiam-se em conselhos de grupos pessoais que o rodeiam, além de serem influenciados por “promessas” de profissionais de marketing e concorrência. Cobra (2005) complementa os mesmos argumentos dos autores anteriormente citados, reiterando que as pessoas que estão em estado de plena satisfação com as experiências de compra são as menos tendenciosas a mudanças. Os demais consumidores que estiverem meramente satisfeitos e, sobretudo, os insatisfeitos estarão mais propensos à mudança. Buscar a satisfação de um consumidor e alcançá-la não se limita apenas à descoberta do que o que ele almeja, visto que grande parte dos consumidores não sabe exatamente o que quer (COBRA, 2005). Nesse sentido, cabe às empresas interessadas nesse cliente descobrir o que ele deseja, mas não consegue expressar em palavras. Altos graus de satisfação tendem a criar vínculos emocionais e afetivos com a empresa e sua marca e não significam para o cliente uma mera preferência racional (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007; KOTLER, 2005). Cobra (2005) acentua que os clientes certamente haverão de consumir nas organizações em que eles perceberem que os maiores valores agregados lhes serão entregues. E o cliente insatisfeito pode se tornar fonte de descontentamento e propaganda negativa. O cliente satisfeito será conduzido a ações de recompra e, consequentemente, representará uma comunicação boca a boca favorável e positiva em relação à empresa pela qual demonstra satisfação (CARDOZO, 1965). No entanto, Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) relatam que clientes satisfeitos não necessariamente serão sempre leais à marca. Clientes satisfeitos podem vir a trocar de marca. No entanto, esse grupo apresenta mais probabilidade de continuarem compradores frequentes do que os consumidores 70 insatisfeitos. Compradores frequentes, portanto, podem continuar comprando de determinada marca, ainda que não possuam uma ligação emocional com ela, mas podem estar mais vulneráveis às ações da concorrência (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007). Qualidade percebida A qualidade é tudo aquilo o que o cliente percebe na aquisição de um bem ou na contratação de um serviço (COBRA, 2005). Tal construto pode apresentar duas dimensões: funcional e técnica. O autor relaciona a dimensão de qualidade funcional ao processo que envolve os aspectos técnicos do bem, assim como seu funcionamento e uso que o consumidor fará. Já a dimensão técnica está relacionada ao processo de fabricação e concepção do produto. Ainda assim, a percepção de qualidade do consumidor pode ser afetada se for feito desse produto qualquer espécie de mau uso. Logo, o produto pode estar em perfeitas condições de fabricação, mas pode apresentar resultado insatisfatório se o consumidor não souber usá-lo e aproveitá-lo. Cobra (2005) sublinha que a qualidade é baseada na junção de processos objetivos e subjetivos. As instruções de uso e recursos do produto são, portanto, uma peça fundamental para que as características técnicas do produto não sejam subestimadas por falta de instruções. Silva Leite e Gonçalves Filho (2007) sugerem que a qualidade pode ser percebida pelo consumidor sob a perspectiva da qualidade do produto ou da qualidade do serviço. E afirmam que a qualidade do produto está relacionada aos atributos do produto físico, enquanto a qualidade dos serviços está relacionada à “associação interativa entre os clientes e os elementos do serviço, como, por exemplo, o comportamento dos funcionários da empresa” (SILVA LEITE; GONÇALVES FILHO, 2007, p. 182-183). Há alternativas, segundo Solomon (2011), para que as organizações modernas administrem as expectativas dos consumidores. A organização deve buscar se adequar dentro dos limites máximos de sua capacidade de atender a essas necessidades e desejos dos consumidores. No entanto, quando se identifica que não há viabilidade de atender às expectativas do consumidor, 71 Solomon (2011) recomenda que a organização aja no sentido de posicionar-se quanto à qualidade do serviço ou do produto e, se preciso for, “dispensar” o cliente por não ser ela a organização apta a acatar e atender à suas necessidades. Reforçando os argumentos e definições acerca da qualidade apresentada por Cobra (2005), Parasuraman, Berry e Zeithaml (1985) definem a qualidade sob a ótica de cinco macrodimensões, a saber: tangibilidade, confiabilidade, presteza, garantia e empatia. Não somente pelas macrodimensões, mas a qualidade é percebida pelo consumidor, também, de acordo com a forma como o produto ou serviço são entregues a ele. A percepção do consumidor em relação à qualidade é fruto da junção dessas cinco dimensões unidas à entrega do produto ou serviço ao consumidor, segundo o ponto de vista de Parasuraman, Berry e Zeithaml (1985) e Marchetti e Prado (2001). A qualidade nada mais é do que a comparação que o consumidor faz entre as expectativas que possuía do produto ou serviço com o desempenho apresentado por ele após dele usufruir (PARASURAMAN; BERR; ZEITHAML, 1985; SOLOMON, 2011). Ou seja, o consumidor deve perceber e receber “conformidade com os requisitos" (p. 2) que foram definidos por ele anteriormente, em que foi formada uma rede de expectativas acerca do desempenho esperado. Solomon (2011), Farias e Santos (2000) e Marchetti e Prado (2001) propõem que há desconfirmação de expectativa quando o resultado é diferente do esperado, tanto de forma positiva (encantamento) quanto de forma negativa (decepção). Essa percepção ainda é influenciada por fatores subjetivos e variáveis que tornam a avaliação da qualidade de serviços uma tarefa árdua e delicada (PARASURAMAN; BERRY; ZEITHAML, 1985). Na tentativa de definir a qualidade, os consumidores empregam diversas variáveis para encontrá-la, tais como o nome da marca e o preço, e leva em consideração até mesmo o dispêndio financeiro da organização na promoção do produto em campanhas publicitárias (SOLOMON, 2011). Ainda aplicando o conceito de qualidade a serviços, Cobra (2005) refere-se à qualidade, contextualizando para o exemplo de uma escola. Uma escola pode ter a si atribuídos diversas variáveis que impactam na percepção de sua qualidade. Dessa forma, a qualidade de uma escola pode ser vista como uma 72 reunião de diversos fatores, como: bons professores, que usem recursos e técnicas instrumentais pedagógicas adequadas, e bons alunos, que farão aproveitamento máximo do conhecimento transmitido pelos professores. Para Pinho (1996, p. 48), “a percepção global de qualidade associada a uma marca influencia decisivamente nas decisões de compra e na fidelidade à marca, além de possibilitar que a empresa pratique preços premium e promova a extensão da marca para outros produtos”. Logo, a qualidade percebida é um construto que influencia diretamente na lealdade do consumidor e, consequentemente, em sua elasticidade ou inelasticidade em relação ao preço praticado pela empresa. A qualidade é um fator extremamente importante para as organizações, pois reflete significativamente em sua competitividade e sustentabilidade (TAMASHIRO et al., 2007). Se a qualidade é um fator garantido pela organização ao consumidor, os impactos positivos refletirão diretamente na “lealdade à marca, comunicação boca a boca, lucratividade e participação no mercado” (TAMASHIRO et al., 2007, p. 20). Parasuraman, Berry e Zeithaml (1985) definem que a prestação de serviços é marcada pela subjetividade e que precisar a qualidade para uma atividade dessa natureza é tarefa complicada. Essa dificuldade deve-se ao fato de que a avaliação de desempenho e qualidade por parte do consumidor pode variar de acordo com: o produtor de determinado serviço ou a pessoa que o atendeu naquele momento, o cliente que terá sua percepção de qualidade testada e o dia específico em que isso pode ocorrer. Em outras palavras, a percepção que um cliente pode ter hoje baseada em determinada experiência, considerando, por exemplo, a percepção dos atributos de qualidade e atendimento pode ser completamente diferente de tudo o que ele pode ter percebido ontem ou poderia perceber posteriormente, com base nos mesmos atributos de comparação. Por fim, os mesmos autores descrevem mais uma dificuldade na mensuração de qualidade na prestação de serviços: os serviços são prestados concomitantemente ao “consumo” que o cliente faz. Como os serviços não são como produtos (que são previamente produzidos e são passíveis de correção ou retificação caso algo não saia como o esperado), o cliente experimenta o serviço ao mesmo tempo em que a empresa o oferece. Dessa forma, determinar a 73 percepção de qualidade por parte do consumidor é ainda mais difícil quando se trata de produtos tangíveis e palpáveis. Valor percebido De acordo com Cobra (2004), a construção do conceito de valor para o consumidor parte de experiências anteriores positivas vividas por ele e estas, por sua vez, compõem um sistema interconectado de atributos e aspectos relacionados que se sobrepõem e se combinam. No tocante aos atributos de serviço, o cliente percebe atributos de natureza intrínseca e de natureza extrínseca (COBRA, 2004). Os atributos intrínsecos estão relacionados à natureza e características do serviço-padrão. Já quanto aos atributos de natureza extrínseca, Cobra (2004, p. 76) afirma que: [...] decorrem da anexação de outros serviços terceirizados que se façam necessários e que constituem a qualidade percebida em relação ao custo monetário e não monetário do serviço (isto é, o sacrifício percebido pelo cliente). O balanceamento entre a qualidade percebida e o sacrifício percebido resulta no valor percebido. Dessa forma, o autor continua na conceituação do valor percebido relacionando o balanceamento entre os benefícios que o consumidor busca obter no serviço com o sacrifício que terá que fazer para obtê-lo. Cobra (2008) ainda acrescenta a esse conceito que o alto valor percebido se dá quando o consumidor acredita que há uma boa relação de custo-benefício na compra ou contratação de um serviço, ou seja, que os benefícios do produto ou serviço são mais valiosos que o preço praticado. O autor propõe que o valor percebido pode ser medido por meio da razão entre o benefício percebido (capacidade que o produto possui de satisfazer e atender às necessidades que o consumidor possui) pelo sacrifício percebido (preço pago na compra ou contratação do serviço), ou seja, pelo dispêndio financeiro que o consumidor fez para adquirir tais benefícios adjacentes ao produto ou serviço em questão. O valor percebido, para Silk (2006, p. 150), é “o valor que o consumidor entende que o produto lhe proporciona”. Em certas situações, o benefício do produto ou serviço está facilmente visível pelo consumidor, aproximando o 74 conceito de valor percebido ao valor objetivo, o que demanda pouco esforço por parte da empresa (SILK, 2006). Brei e Rossi (2005) atestam que o conceito mais utilizado para definir valor percebido em toda a literatura de marketing é o proposto por Zeithaml (1988, p. 14), que descreve: “valor percebido é a avaliação geral pelo consumidor da utilidade de um produto baseado em percepções do que é recebido e do que é dado”. A percepção de valor pelo cliente parte de uma relação existente de confiança deste com um parceiro de negócios e o compromisso para com ele. Dessa forma, Brei e Rossi (2005) concluem essa análise reconhecendo que os clientes veem mais valor no próprio relacionamento do que nos atributos do produto ou serviço em si. Em contrapartida, Silk (2006) descreve que o preço praticado por concorrentes ou produtos substitutos pode influenciar sobremaneira a visão de valor que o cliente tem pelo produto ou serviço. Não obstante, Rocha (2004) opina que o valor percebido por um cliente em relação aos mesmos atributos de determinado produto ou serviço pode variar de acordo com o estágio de vida e níveis de prioridade dados por ele, que variam ao longo do tempo. Silk (2006) ainda comenta que não somente o estágio de vida do indivíduo pode impactar em sua percepção de valor, mas também o preço cobrado pelo produto ou serviço demandado por ele, já que a sensibilidade deste em relação ao valor cobrado varia de acordo com interesse, disponibilidade de recursos e capacidade de pagamento, entre diversas outras variáveis. Em seu estudo acerca da relação de confiança, valor percebido e lealdade dos consumidores de serviços de internet banking, Brei e Rossi (2005) apuraram que há forte relação entre o valor percebido e a confiança, assim como a lealdade. E clientes que possuem forte percepção de valor em serviços e produtos de determinada organização tendem a demonstrar mais confiança e lealdade para com a marca ou organização. Santos e Fernandes (2008), nessa análise, confirmam que o valor percebido pelo cliente influencia positivamente sua intenção de recompra e a recomendação por meio da comunicação boca a boca. Sirdeshmukh, Singh e Sabol (2002) ainda corroboram as afirmativas anteriores na medida em que definem o valor percebido pelo cliente como resultado e mediador do efeito da confiança e da lealdade. Assim, os autores 75 sintetizam a ideia do valor como a percepção que o consumidor possui dos benefícios obtidos, subtraindo destes os custos de manutenção de um relacionamento duradouro com determinada organização. Convergindo com essa análise, Gronroos (2000) percebe que clientes voltados para a relevância do relacionamento são mais impactados pela existência da confiança e do compromisso contínuo com a empresa do que com a satisfação do produto ou serviço propriamente dita. Já os clientes “transacionais” não atribuem a mesma relevância ao relacionamento. Ao contrário, esperam que toda transação seja bem-sucedida e satisfatória. Preço Embora o valor percebido por um cliente seja marcado por subjetividade e julgamento pessoal do consumidor, o valor econômico e monetário de um produto ou serviço impacta sobremaneira em seu comportamento e atitudes relacionadas a determinada marca ou organização (SILK, 2006). Embora muitos consumidores percebam valor na intensidade relacional e confiança com determinada organização, o relacionamento tende a tornar-se menos atrativo para o consumidor na medida em que lhe são impostos altos custos de manutenção e, consequentemente, a relação de lealdade será menos evidente (SANTOS; FERNANDES, 2008). Silk (2006, p. 157) evidencia que: “quando o valor varia entre clientes, um programa de precificação deve considerar se se customiza o preço segundo o valor percebido, cobrando assim um preço mais alto daqueles que valorizam mais o produto”. O autor contextualiza esse enunciado e confirma que o preço do produto deve falar por si. No entanto, produtos de preços muito baixos poderão se submeter a altos riscos de não serem comprados pelos consumidores por estes perceberem baixo valor (em termos subjetivos e emocionais) e, consequentemente, atribuírem a ele baixo valor percebido. Para reverter esse cenário, Silk (2006) contesta que a empresa pode ampliar o investimento em marketing, aumentar a percepção de valor pelo cliente e, por conseguinte, captar esse valor criado para que a margem necessária possa ser arrecadada para arcar 76 com os custos de marketing despendidos. Ainda assim, “o valor percebido de um produto a um consumidor deve ser igual ao preço máximo que o consumidor pagará pelo produto” (SILK, 2006, p. 150). O preço é definido por Cobra (2008) como o valor que o consumidor se dispõe a pagar em função do valor percebido. O consumidor possui uma visão relativa de valor, uma vez que avalia ou julga os preços praticados de forma comparativa. Assim, o produto que ele tem em mente passa pela comparação à percepção do preço, assim como o preço de determinada marca ou empresa passa por uma comparação em relação aos seus concorrentes em seu segmento. Grecco (1977) contribui que a definição de preço de um produto deve ser baseada na constatação da preferência do consumidor. Desse modo, o preço é estabelecido após certificar-se de que o cliente já possui familiaridade com o produto, que já o adquire com frequência e já manifestou, portanto, sua preferência por ele ou pela marca. Cobra (2005) ainda identifica que a determinação de preços deve passar por uma análise no tocante aos aspectos econômicos e psicológicos do consumidor. Se a percepção de valor e estima do produto tem valor elevado, o produto certamente poderá vir acompanhado de preço alto. Caso contrário, o preço deve passar por ajustes para que o consumidor possa obter o que espera com a posse do produto ou contratação do serviço. O preço é definido pela quantidade monetária ou renúncia de bens ou serviços que deve ser feita para adquirir a propriedade de um produto ou permissão de uso de um serviço (CHURCHILL JÚNIOR; PETER, 2000). Ainda, o preço é um componente fundamental e desempenha duas importantes funções no composto de marketing: além de influenciar a compra do produto e mensurar o quanto dele será adquirido pelo cliente, atua como um mecanismo de indicação se a comercialização de determinado produto ou serviço será lucrativa ou não. Segundo Santos (2010), as organizações devem buscar manter coerente a relação do preço e os demais componentes do mix de marketing a fim de posicionar bem o produto. Para Kotler (1998), via de regra, o preço tem atuado como um dos principais fatores determinantes para a escolha do consumidor. Ainda que outros fatores venham desempenhando forte influência no 77 comportamento do cliente, o preço ainda é um fator determinante na participação no mercado e na rentabilidade das organizações. A percepção de preço que o consumidor possui pode variar em função de aspectos como sua cultura, costumes, valores e experiências (MONTEIRO et al., 2012). Schiffmann e Kanuk (2000) concluíram que a forma como o consumidor percebe e avalia o preço de determinado produto ou serviço (avaliações como alto, baixo, justo, injusto) impacta sobremaneira nas intenções de compra e na satisfação de compra do consumidor. Já conforme Urdan e Urdan (2001), o consumidor faz uso de três grandes importantes variáveis que antecedem a decisão de compra por um produto ou serviço: qualidade, preço e valor percebido. O autor refere, ainda, que o consumidor correlaciona as percepções e os julgamentos acerca dos conceitos de qualidade, preço e valor da oferta que lhe é feita até decidir efetivamente pela compra. Atitudes O conceito de atitude perpassa amplamente pelas teorias relacionadas ao comportamento do consumidor e deságua nas teorias comportamentais estudadas pela psicologia. Ajzen (2001) e Kokkinaki (1999) afirmam que a atitude é um dos construtos mais pesquisados na área de ciências sociais e comportamentais, sobretudo no que se refere ao comportamento do consumidor. De acordo com Fishbein e Ajzen (1972), a atitude de um indivíduo em relação a determinado objeto é, em primeira instância, a predisposição que ele possui para reagir a esse objeto de forma consciente, positiva ou negativa. Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) reportam que é por meio do arranjo de processos emocionais, motivacionais e cognitivos que o indivíduo demonstra certa predisposição de posicionar-se de determinada forma diante de dado objeto, tanto de forma favorável quanto desfavorável. Fishbein e Ajzen (1972) corroboram argumentando que a atitude trata-se do posicionamento do indivíduo quanto às avaliações de dimensões opostas e paradoxais desse objeto como ser favorável ou desfavorável, achar bom ou ruim, ter interesse e não ter interesse, etc. Na avaliação de Moura (2010, p. 72), “as atitudes podem ser entendidas como um composto formado por itens cognitivos oriundos das crenças dos 78 indivíduos e itens afetivos, formados pelas emoções e sentimentos das pessoas”. Já para Sheth, Mittal e Newman (2001) as crenças são a base formadora das atitudes e, não menos importante, estão na mente das pessoas, além de serem aprendidas por meio de exposição a informações, produzindo, assim, respostas conscientes. O construto atitude é composto de três distintos componentes sugeridos por Ajzen e Fishbein (2005) e Solomon (2002): cognição, conação e emoção. A cognição trata-se do aspecto racional da atitude, enquanto a conação refere-se à ação propriamente dita relacionada à atitude. Por fim, a emoção refere-se ao aspecto afetivo da atitude. A cognição é o mecanismo responsável pela formação das crenças do indivíduo, solidificadas por suas características técnicas ou emocionais. Em outras palavras, a cognição é o que relaciona o objeto aos seus benefícios e desempenho que ele apresente. Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) e Sheth, Mittal e Newman (2001) acrescentam, quanto às crenças, que estas podem ser normativas (em relação a aspectos morais e de valor), avaliativas (quanto à avaliação do objeto) e descritivas (respeitantes à qualidade do objeto ou seu resultado). Já considerando o componente afetivo, Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) o relacionam à avaliação emocional do indivíduo quanto ao objeto. Ou seja, trata-se dos sentimentos e emoções que o objeto desperta no indivíduo (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007; SHETH, MITTAL; NEWMAN, 2001). E o componente conativo está relacionado à predisposição que um indivíduo possui de agir em relação ao objeto. Moura (2010, p. 74) reforça que, juntos, os três componentes são formadores das atitudes e, de modo geral, “são coerentes e consistentes entre si” e a mudança em um dos componentes certamente haverá de provocar impacto nos demais. Ainda assim, é válido que todos eles sejam representados de forma independente, mas mutuamente influenciados entre si. Assim, segundo Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) e Sheth, Mittal e Newman (2001), a mudança em um dos componentes da atitude haverá de provocar mudanças em todos os seus aspectos. Em situações de compatibilidade do afeto e da cognição, Ajzen (2001) mostra que ambos corroboram de forma significativa e igual a predição 79 comportamental. No caso de indivíduos cuja formação de atitude é mais forte a partir da cognição, as crenças exercem papel extremamente importante em sua formação. Já no caso de pessoas cujas crenças são desenvolvidas a partir dos sentimentos, o componente afetivo exerce maior peso na formação das atitudes. A formação de atitudes, portanto, é vinculada à forma como os indivíduos percebem a realidade por meio dos seus componentes. Sheth, Mittal e Newman (2001) e Mowen e Minor (2003) observam que as atitudes podem representar diversas funções para os indivíduos, a saber: utilitárias (auxílio na tomada de decisões), defesa do ego (traz para si ou repudia objetos que podem comprometer ou fortalecer seu status), conhecimento (auxilia na tomada de decisões e favorece o processo de busca de informação, tornando mais rápida e eficiente a etapa de seleção de alternativas) e expressiva de valor (expressa valores coerentes com o comportamento a partir das atitudes). Etzel, Walker e Stanton (2001) ressaltam que as atitudes podem passar por um processo de aprendizagem, de modo que podem sofrer influências de outrem e são voltadas para determinado alvo, ou seja, são contingenciais de acordo com o objeto focado. A atitude pode sofrer modificações diversas, de acordo com cada um dos componentes, conforme brevemente descritos a seguir (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007; SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2001). Sob o ponto de vista do componente cognitivo, as atitudes podem sofrer alterações diversas, como: baseadas na percepção das pessoas quanto às características do objeto (cognitivo, propriamente dito), ao objeto (por meio de comunicação mercadológica), ao acréscimo de novo atributo ou característica (que pode alterar a percepção de valor), à mudança da situação desejada pelo indivíduo, em relação à influência de outras pessoas e a alterações da percepção das consequências de certos comportamentos e ações. No tocante ao componente afetivo, Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) e Sheth, Mittal e Newman (2001) entendem que as atitudes podem sofrer alterações, conforme: a comunicação direcionada à pessoa e a exposição continuada do objeto, relacionando-o com outros estímulos agradáveis. Por fim, os autores concluem que mudanças de atitude a partir do componente conativo podem dar-se de diferentes maneiras: mudança no 80 comportamento em virtude de promoções ou incentivos, influências situacionais ou contingenciais, ações governamentais de restrição ou liberação de certos comportamentos e atitudes ou por meio de avanços no processo de comunicação e fornecimento de informações. Portanto, é importante frisar que as atitudes são formadas a partir de uma série de fatores e componentes que podem, positiva ou negativamente, influenciar as intenções comportamentais das pessoas com base nos julgamentos de valor e sentimentos que forem despertados no indivíduo. Essas afirmações, portanto, possuem relação direta dos impactos das influências (influências de natureza social, pessoal, psicológicas, familiares, etc.) que o ambiente exerce nos indivíduos sobre suas atitudes e intenções comportamentais em relação a determinado produto, serviço, marca ou objeto. Preferência de compra Em um mercado altamente competitivo e de grande oferta de produtos e serviços ao consumidor, as marcas mais conhecidas e famosas são as que mais merecerão a preferência do consumidor em relação a todas as demais desconhecidas (PINHO, 1996). Segundo o autor, uma marca mais relevante e conhecida no mercado apresenta mais chances de ser escolhida já que o consumidor dá preferência ao produto ou serviço que lhe é mais familiar. De acordo com Viana et al. (2010), os profissionais de marketing são cada vez mais demandados na criação de diferenciais competitivos das organizações, no sentido de criarem e adotarem estratégias que conquistem a preferência de compra do cliente. Kotler e Keller (2006) e Kotler (2005) inferem que quanto maior a preferência de um consumidor por uma marca, mais aceitação ele apresenta em relação a ela e mais possibilidades apresentará de adquirir dela produtos ou serviços. Já para Pinho (2006), uma empresa introduz um produto ou serviço no mercado por meio do mix de marketing, que é o que faz os consumidores tomar consciência de sua existência aos consumidores potenciais. A partir daí, os consumidores são induzidos a dar preferência pela compra do produto dessa organização em detrimento dos demais concorrentes disponíveis. 81 Clientes satisfeitos geralmente tendem a permanecer clientes na medida em que a qualidade percebida por eles é superior às expectativas existentes, como apregoam Zacharias, Figueiredo e Almeida (2008). Esse processo vem reforçar ainda mais seu comportamento de compra e preferência pela marca ou produto no longo prazo. Ratificando tais argumentos, Woodruff (1997) indica que o valor percebido pelo cliente está diretamente ligado às percepções e avaliações relacionadas aos diversos atributos e características de determinado produto ou serviço, bem como ao seu desempenho e às consequências decorrentes de seu uso. E que, sob o ponto de vista dos clientes, o produto tem seu valor percebido por seus atributos e, à proporção que o consumidor faz uso desse produto ou serviço e de seus atributos relacionados, ele desenvolve preferências e desejos por determinadas características. Dessa forma, os atributos desse bem ou serviço produzem as consequências desejadas pelo consumidor, construindo valor percebido que acarreta em satisfação e êxito nos objetivos. A preferência do consumidor é uma combinação de marca e características associadas ao produto ou a um bem que permitem a maximização da funcionalidade e utilidade do mesmo para o consumidor (ROBERTSON; ZIELINSKI; WARD, 1984). Segundo Hemzo (2002), a decisão de consumo por parte do cliente é pautada pela construção dessa preferência baseada em atributos e desempenho percebidos pelo consumidor. Além disso, essa preferência sofre influência direta de fatores ambientais e restrições, como, por exemplo, “consciência, disponibilidade, preços, promoções”, entre outros. Hemzo (2002) ainda afirma que o consumidor tende a demonstrar mais preferência por marcas globais do que pelas marcas locais no tocante a produtos de alto envolvimento de compra. No caso dos produtos de baixo envolvimento, a preferência não é influenciada pela relevância da marca. Na visão de Queiroga et al. (2005), a preferência do consumidor moderno é orientada para produtos e empresas que demonstram comportamento socialmente responsável, sempre que as discussões acerca do meio ambiente e sustentabilidade passam, cada vez mais, a fazer parte do cotidiano do consumidor e das organizações. Em sua pesquisa, os autores obtiveram resultados favoráveis à preferência do consumidor por produtos que causam menos poluição e menos danos ao meio ambiente. 82 Essas abordagens são reforçadas por Larán e Espinoza (2004), para quem o cliente que não possui preferência apresenta baixo comprometimento atitudinal e, consequentemente, é menos propenso a ser um cliente leal. Partindo disso, a lealdade é um estado acentuado de preferência do consumidor e seu comprometimento deve ser estimulado pela organização que o tem como cliente a fim de construir um processo cognitivo-afetivo com vistas ao atendimento de suas expectativas. Propensão à lealdade A condição de satisfação do consumidor não garante sua lealdade, ainda que conquistar a condição total de satisfação do consumidor não seja tarefa fácil (COBRA, 2005). Cobra (2005) e Kotler (2005) asseveram que um cliente extremamente satisfeito e totalmente encantado pode demonstrar afinidade com a marca e a empresa, fortalecendo, consequentemente, sua imagem e aumentando as possibilidades de recompras futuras. Por conseguinte, a probabilidade de mudança quando do aparecimento de uma oferta aparentemente melhor é reduzida, visto que o cliente já se encontra não somente com suas expectativas atendidas, mas superadas. Esse cliente, segundo Cobra (2005), apresentará como resultado alta lealdade à organização que promoveu encantamento e alta satisfação. No entanto, os clientes meramente satisfeitos são totalmente suscetíveis de mudança quando algo melhor surge e este percebe melhor custo-benefício no consumo (COBRA, 2005). Silva Leite e Gonçalves Filho (2007) definem um cliente leal como potencializador de rendimentos e lucros de uma empresa, além de ser mais propenso à compra de produtos e serviços adicionais e, não menos importante, disseminador de boca a boca positivo para a organização, possibilitando a geração de novos negócios. Anderson, Fornell e Lehmann (1994) acreditam que o principal ponto que leva um consumidor à lealdade é a satisfação que sente pelo produto ou serviço adquirido em seu fornecedor. Complementam essa afirmativa listando grandes benefícios que as organizações ganham quando conquistam a lealdade de seus clientes, a saber: redução da elasticidade quanto ao preço, redução da sensibilidade dos consumidores quanto ao assédio da concorrência, 83 ganho na redução de custos de transação, custos mais baixos na atração de clientes e aumento de valor da organização em termos de reputação. Sirdeshmukh, Singh e Sabol (2002) relatam que a lealdade do consumidor, uma vez adquirida, impactará sobremaneira nas atitudes e comportamentos do consumidor de forma positiva no que se refere a recompra, queda na sensibilidade ao preço, formação de laços afetivos e recomendação dessa organização por meio do boca a boca positivo. O conceito dado por Lovelock e Wright (2001) à lealdade baseia-se no interesse de um cliente permanecer prestigiando uma empresa durante prolongado período prolongado de tempo. Essa permanência envolve continuidade e periodicidade na compra de produtos e na utilização de serviços, além de recomendações voluntárias dos produtos e serviços dessa empresa. De acordo com Oliveira et al. (2008) e Espartel, Sampaio e Perin (2008), a lealdade já foi entendida como um processo de mera repetição de compra. Posteriormente, pesquisas que foram amadurecendo ao longo do tempo confirmaram que a recompra não é um indicativo de lealdade, como também reconhecem Larán e Espinoza (2004). Logo, a atitude do consumidor diante da marca define a decisão de recompra nas relações de troca, de modo que o conceito de lealdade se aproxima cada vez mais do conceito de comprometimento. Um cliente fiel não necessariamente está garantindo compras e comprometimento futuro, como adverte Aaker (2005). Aaker (2005) desenvolveu uma matriz de fidelidade do consumidor, que visa a identificar o nível de escolha relacionado à fidelidade do consumidor à empresa. Por meio da matriz, o autor revela que os clientes fiéis e até mesmo os concorrentes devem ter alta prioridade. FIGURA 3 – Matriz de fidelidade Cliente Não Cliente Baixa Fidelidade Média Baixa a Média Fidelidade Moderada Alta Alta Fiel Mais Alta Zero Fonte: Aaker (2005). Aaker (2005) aduz que a melhor estratégia na busca de manter a fidelização do cliente é recompensá-lo. Essa ação tem como finalidade sempre 84 relembrar e trazer à memória do consumidor as experiências e expectativas de forma consistente, além de buscar fortalecer e reafirmar uma relação contínua por meio de ofertas de bônus que o agradem e o surpreendam. Há concordância de estudos realizados por diversos renomados autores da área do comportamento do consumidor que identificaram forte relação da qualidade com lealdade do cliente (ANDERSON; FORNELL; LEHMANN, 1994). Os autores ainda preconizam que clientes satisfeitos tendem a apresentar elevados índices de lealdade e, consequentemente, são valiosos instrumentos de manutenção da rentabilidade e da saúde organizacional, conforme também abstraem Farias e Santos (2000). Esse processo se dá em virtude do alto grau de satisfação que o consumidor possui na compra em determinada organização, o que o move a atitudes de recompra e fidelidade à organização que conquistou seu alto grau de satisfação, mantendo-se fiel no hall de compradores da empresa (LARÁN; ESPINOZA, 2004). Cardozo (1965) e Prado e Santos (2007) corroboram salientando que o cliente altamente satisfeito tende a manifestar atitudes de recompra e é fortemente leal à empresa e/ou à marca que preencheu lacunas que as outras organizações não o fizeram. Conforme Fornell et al. (1996) e Gonçalves Filho, Guerra e Moura (2003), há forte relação da lealdade do consumidor com: as expectativas que possuía anteriormente em relação ao produto ou serviço almejado, a percepção de qualidade após o consumo e o valor monetário que foi pago por ele (relação custo-benefício). Esses fatores, juntos e positivamente avaliados pelo consumidor, tendem a demonstrar que ele se torna fiel quando tais atributos são harmonicamente combinados: expectativas surpreendidas pelo desempenho superior ao esperado, percepção de qualidade favorável e sensação de ter sido contemplado com excelente relação de custo-benefício. A lealdade à marca é definida por Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p. 399) como “uma reação comportamental tendenciosa expressada ao longo do tempo por uma unidade de tomada de decisão em relação a uma ou mais marcas alternativas em um conjunto de marcas que é função de processos psicológicos”. Logo, um consumidor fiel e comprometido com a marca ou a organização tende a demonstrar um vínculo emocional com esta. Larán e Espinoza (2004) registram que a propensão à lealdade de um cliente está diretamente relacionada às 85 consecutivas experiências bem-sucedidas com a organização ou com a marca, favorecendo o estreitamento desses laços (consumidor x empresa) para o futuro. Orgulho O conceito do termo orgulho é encontrado no Dicionário Michaelis (2009) como: “1. Conceito muito elevado que alguém faz de si mesmo; altivez, brio. 2. Amor-próprio exagerado. 3. Empatia, Bazófia, Soberba. 4. Ufania. 5. Aquilo de que alguém pode orgulhar-se: o bom filho é o orgulho de seus pais”. Harter (1996) afirma que o orgulho trata-se de uma construção no campo teórico que o indivíduo faz de si mesmo na medida em que interage com o meio social. Segundo Costa e Almeida (2007), o orgulho compõe uma das etapas dos níveis de lealdade identificados nos consumidores, sendo ele o último nível de lealdade identificado dentre os cinco descritos por Aaker (2005), a saber: clientes indiferentes, compradores habituais, clientes satisfeitos, clientes que gostam da marca e clientes comprometidos. Neste último nível, os clientes comprometidos são descritos como aqueles que sentem orgulho de fazerem uso da marca ou de terem-na descoberto. Costa e Almeida (2007) referem que os clientes enquadrados nesse nível certamente recomendariam a marca para sua rede de relacionamento. O consumidor chega a ter orgulho de determinado produto ou marca quando o sentimento que possui em relação a eles excede a sua função prática ou palpável, para a qual foi realmente adquirido/contratado (CARDOSO et al., 2010). Ainda para Cardoso et al. (2010), esse cliente pode vir a ter orgulho de determinado bem ou serviço em virtude de razões sentimentais, de status que foi a ele conferido por essa aquisição, pelo contexto histórico, pelas características físicas e sensoriais que ele apresenta ou, ainda, por valor associado aos aspectos social, afetivo e emocional que este possui para ele. Corroborando os argumentos anteriores, Vieira e Troccoli (2011) afirmam que o consumidor pode desenvolver orgulho pela posse de determinado produto ou serviço, mas quando enfatiza mais o conhecimento proporcionado por um produto do que o próprio orgulho de possuí-lo trata-se de uma satisfação cognitivamente orientada. 86 Já Weiner (1984) aborda a temática do orgulho no que se refere aos impactos que este pode provocar no indivíduo. O orgulho impacta na autoestima, no autoconceito que o indivíduo faz de si mesmo e em suas expectativas. Os indivíduos que alcançaram sucesso em determinada situação depararam com a experimentação do orgulho quando realizaram atribuições internas; e quando realizadas em uma situação de fracasso, os levaram a sentir vergonha da situação. Por fim, que quando os indivíduos percebem a sensação de fracasso como algo interno, mas também como controlável, estes deparam com o sentimento de culpa por não terem agido proativamente em sua precaução. Em sua pesquisa, Weiner et al. (1971) identificaram que quando a atribuição do sucesso está relacionada à habilidade ou capacidade, o indivíduo é capaz de vivenciar emoções como felicidade, competência, confiança e orgulho. No caso da atribuição do sucesso ao esforço, ele é capaz de experimentar emoções como felicidade, orgulho, competência e satisfação. Os autores ainda encontraram outras emoções oriundas do sucesso, como: sucesso atribuído à sorte, a sensação é de surpresa e culpa; e o sucesso atribuído à ajuda a resposta é de gratidão. Weiner et al. (1971) ainda contrapuseram a análise relacionando o fracasso a alguns sentimentos com os quais o indivíduo poderia se deparar. Quando o fracasso é atribuído à falta de habilidade, os indivíduos se sentem incompetentes, enquanto sua atribuição com a falta de esforço causa-lhes culpa e vergonha. Por fim, o fracasso relaciona-se à sorte, que suscita surpresa; e quando relacionado à interferência de outros, o sentimento final é de hostilidade e desprezo. Comumente veem-se as empresas modernas buscando colocar-se nos rankings de classificações de melhores empresas para se trabalhar no país. À luz da perspectiva organizacional, Levering e Moskowitz (2002) mostram que a pesquisa que é realizada junto aos trabalhadores para consideração nesses rankings é pautada em cinco grandes dimensões: credibilidade, respeito, justiça, orgulho e camaradagem. Tolfo e Piccinini (2001) confirmam o papel do orgulho em tais pesquisas referindo que as organizações mais bem avaliadas foram aquelas cujos empregados apresentavam elevados índices de orgulho de a elas pertencer. Tais afirmações, portanto, denotam o valor subjetivo e emocional que o 87 orgulho representa para os indivíduos, independentemente da situação em que tal construto é avaliado. Comunicação boca a boca/recomendação Embora neste estudo se reconheça que há diversas nuanças da comunicação boca a boca que se diferenciam da recomendação no que se refere ao comportamento do consumidor e suas atitudes e intenções comportamentais, ambos os conceitos serão aqui tratados na mesma esfera, visto que grande volume da literatura o faz, ainda que sejam conceitos distintos no âmbito do marketing. De acordo com Solomon (2011, p. 424), o boca a boca é “a informação sobre produtos transmitida de indivíduos para indivíduos”. Nesse sentido, as recomendações que recebemos por meio do boca a boca tendem a ser mais confiáveis na escolha de um produto ou serviço do que a recomendação obtida por meio de canais de comunicação e marketing. Para Costa (2007), o boca a boca é um dos elementos comportamentais mais importantes em marketing e no estudo do comportamento do consumidor. Harrison-Walker (2001) enfatiza que o boca a boca constitui uma comunicação pessoal e não comercial entre um comunicador e um receptor – marcada pela informalidade – e está diretamente ligada a determinada marca, produto, empresa ou serviço. Ainda, o boca a boca apresenta dados surpreendentes em termos de efetividade quando comparado às demais formas de tornar a marca ou produto conhecidos (meios de comunicação pessoal ou de massa). Os dados fornecidos por Harrison-Walker (2001) mostram que o boca a boca pode chegar a ser sete vezes mais efetivo comparado a anúncios de revista, quatro vezes mais efetivo comparado a vendas pessoais, duas vezes mais efetivo que anúncio em rádio, além de ser nove vezes mais efetivo comparado à realização de propagandas que visam a converter clientes de forma favorável que estão em postura neutra ou desfavoráveis. Cobra (2005, p. 174) contribui para tais análises sugerindo que “a recomendação boca a boca é a propaganda mais encorajadora para estimular compradores hesitantes”. 88 Um consumidor insatisfeito pode fornecer uma resposta particular negativa à organização, promovendo um boca a boca negativo acerca desta ao seu ciclo de convivência (familiares, amigos e outros). Essa ação pode comprometer significativamente a reputação da organização no mercado em que atua já que a propaganda influencia sobremaneira as atitudes do consumidor em relação ao produto ou à marca (SOLOMON, 2011). Estudo realizado pelo White House Office os Consumer Affairs, em que a referida instituição concluiu que 90% dos consumidores insatisfeitos com a empresa com a qual se desapontou não voltarão a fazer mais negócios com esta (SOLOMON, 2011). Desse montante, é provável que cada pessoa compartilhe sua insatisfação com pelo menos nove outras e aproximadamente 13% desses consumidores desapontados chegarão a transmitir a outras 30 pessoas sua experiência negativa. Farias e Santos (2000) destacam que a comunicação boca a boca positiva está diretamente ligada à satisfação alcançada pelo consumidor. Silva Leite e Gonçalves Filho (2007) concordam quando discorrem acerca do comportamento de um cliente fiel. Esse cliente satisfeito e leal demonstra grandes chances de recomendar as empresas onde compra e é satisfeito com os produtos e serviços, disseminando, portanto, a imagem positiva da organização por meio do boca a boca. Na era do conhecimento e da Internet, Bentivegna (2002) referencia que as organizações modernas passam a preocupar-se com a utilização dos canais interpessoais dos consumidores como uma forma de propagação do marketing boca a boca, sobretudo nas redes sociais (SOLOMON, 2011). Solomon (2011) e Bentivegna (2002) alertam para os cuidados com o boca a boca, pois um cliente busca enfatizar e dar mais valor aos comentários negativos, dando a eles mais peso do que quando possuem algum comentário positivo a fazer. Solomon (2011) atesta que o consumidor tem mais tendência a prestar atenção nos pontos e informações negativas do que nas positivas. Além disso, a mensagem transmitida pelo consumidor sofre desvios à medida que se dissemina, em completa desconformidade com a mensagem original. Brown et al. (2005) relatam resultados de estudos que comprovam que o boca a boca é considerado atualmente uma das mais importantes e relevantes respostas de esforços das organizações que buscam fortalecimento do elo com o 89 cliente. O boca a boca atua como o principal mecanismo de teste de eficiência e efetividade dos programas desenvolvidos que visam a estreitar o relacionamento com o consumidor. A medida da intensidade e interesse do cliente em realizar uma recomendação positiva é um relevante indicador de desempenho da empresa, visto que diversos estudos a identificam como o mecanismo mais adequado para projetar e prever o crescimento desta (REICHHELD, 2003). Tal indicador, segundo o autor, é mais relevante do que a própria medida de satisfação. 3.1.2.7 Descarte Último estágio no modelo do processo de decisão de compra do consumidor, é um dos pontos de grande atenção para os profissionais de marketing, visto que é a forma como os consumidores descartam os produtos utilizados. Os consumidores podem dar três tipos de finalidades diferentes em um produto: descarte completo, reciclagem ou revenda (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Utilizando o exemplo da compra de um carro, Blackwell, Miniard e Engel (2005) sugerem que o consumidor, ao finalizar o uso do carro que adquiriu, pode revendê-lo a outros, trocá-lo por outro modelo ou marca ou, ainda, desfazer dele em um ferro velho. O processo de descarte pode ocorrer quando o produto já cumpriu completamente sua função ou porque estes não mais se enquadram na forma como o consumidor vê a si próprio (SOLOMON, 2011). Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) ainda afirmam que o descarte pode acontecer antes, durante ou depois do uso do produto, sobretudo das embalagens que os envolvem. Além disso, o consumidor pode optar pela manutenção da embalagem ou do produto por meio de uma loja ou uso para um objetivo original ou, ainda, o uso para um novo objetivo. Este ainda pode optar pelo descarte por meio da reciclagem, jogar fora como lixo, trocar, vender, doar ou emprestar (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007). Kotler e Keller (2006), Solomon (2011) e Blackwell, Miniard e Engel (2005) alertam para a consciência ambiental e ecológica quanto ao descarte de produtos 90 no meio ambiente. Kotler e Keller (2006) advertem que os profissionais de marketing devem conhecer e conscientizar os consumidores para um descarte sustentável que não promova impactos significativos no meio ambiente, como o de pilhas, baterias, embalagens de bebidas e outros. 91 4 METODOLOGIA Nesta etapa são descritos e apresentados os métodos e as técnicas que foram utilizadas na realização desta pesquisa, contemplando o tipo e a natureza da pesquisa, bem como a população pesquisada, a descrição da amostra investigada, as técnicas utilizadas para a coleta de dados e, por fim, as análises estatísticas realizadas. 4.1 Tipo da pesquisa A presente pesquisa é essencialmente de natureza descritiva e, na tentativa de responder aos objetivos propostos, teve como base variáveis quantitativas, além de ter sido realizada com base em um levantamento do tipo survey, com corte transversal, como descreve Malhotra (2006). Froemming et al. (2000) e Malhotra (2006) prelecionam que a pesquisa de natureza descritiva possui grande importância, sobretudo pelo fato de que tem como finalidade principal descrever as características de determinados grupos relevantes, estimar percentuais de unidades de uma população que exibe determinado comportamento, estabelecer percepções de características de produtos ou serviços, fazer previsões específicas, entre outras. De acordo com Gil (2006, p. 42): Entre as pesquisas descritivas, salientam-se aquelas que têm opor objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental, etc. Outras pesquisas deste tipo são as que se propõem a estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, o índice de criminalidade que aí se registra, etc. São incluídas neste grupo as pesquisas que têm como objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população. Também são pesquisas descritivas aquelas que visam descobrir a existência de associações ente variáveis, como, por exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a relação entre preferência político-partidária e nível de rendimentos ou de escolaridade. A pesquisa descritiva tem como finalidade observar, registrar e correlacionar fenômenos e variáveis da realidade sem, contudo, manipulá-la 92 (CHURCHILL JÚNIOR, IACOBUCCI, 2009; RAMPAZZO, 2005). Rampazzo (2005), Gil (2006), Honorato (2004) e Dantas (2005) ainda descrevem que a pesquisa descritiva busca, essencialmente, descobrir a frequência com que determinado fenômeno ou fato ocorrem e qual a relação e conexão que eles possuem entre si, bem como a natureza dessa correlação, e demais características diversas. Dessa forma, a pesquisa descritiva visa a desvendar situações e acontecimentos da vida social, econômica e demais dimensões do comportamento humano, seja individual ou coletivamente, e é destinada aos pesquisadores que se preocupam com a atuação social prática (GIL, 2006). Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2001) expõem que grande parte das pesquisas de natureza descritiva se destina ao preenchimento de lacunas no conhecimento, partindo a minoria deles do plano teórico. Tais lacunas estão relacionadas à necessidade de compreensão de fenômenos ou processos que ocorrem em determinada instituição, sociedade, grupo, comunidade, etc. Assim, as pesquisas que derivam de tal necessidade, em geral, são definidas como exploratórias ou descritivas. As pesquisas de natureza descritiva pressupõem que o pesquisador possua vasto conhecimento prévio acerca da situação ou problema a ser pesquisado (MALHOTRA, 2006). Malhotra (2006) e Vieira (2002) afirmam que os principais e mais comuns tipos de pesquisa de marketing são as de natureza exploratória e conclusiva. A pesquisa conclusiva é subdividida em pesquisa descritiva ou causal, sob o ponto de vista de Malhotra (2006). Para Vieira (2002), as pesquisas descritivas abrem amplo leque de opções de métodos para coleta de dados. Entre as formas disponíveis, destacam-se as entrevistas pessoais, envio de questionários pelos correios, aplicação de questionários pessoais e observação. Cobra (2009) vai ao encontro das afirmações de Vieira (2002) com o argumento de que a entrevista pessoal é veementemente o método mais relevante na coleta de dados, principalmente por contar com a presença física do entrevistador, o que viabiliza as observações em torno do entrevistado. A seguir, o QUADRO 3 distingue claramente a diferença entre as concepções básicas de pesquisa, que são as pesquisas de natureza exploratória, 93 descritiva e causal, cujos construtos e definições foram desenvolvidos por Vieira (2002, p. 67) e Malhotra (2006, p. 100). QUADRO 3 – Diferenças entre as concepções básicas de pesquisas exploratória, descritiva e causal Item Objetivos Exploratória Descoberta de ideias e percepções. Provisão de critérios e compreensão. Descritiva Causal Descrever características ou funções de mercado. Determinação de relação de causa e efeito. Estudos de mercado que possibilitem ao pesquisador Formulação de um problema conhecer o tamanho do ou definição deste com mais mercado, o poder de compra dos precisão. consumidores, disponibilidade de Compreensão das Melhor compreensão do distribuidores e perfil dos variáveis problema. consumidores. independentes (que são Identificar caminhos Estudos detalhados de a causa) e das variáveis alternativos de ação. participação de mercado. dependentes (que são o Desenvolvimento de Estudos acerca de análise de efeito) de determinado Finalidades hipóteses. vendas por região, linha de fenômeno. Isolar variáveis e relaçõesproduto, etc. Determinação da chave para exame futuro. Estudos de imagem. natureza da relação Obtenção de critérios para Estudo da frequência do uso de entre as variáveis desenvolvimento de uma produtos. causais e o efeito abordagem do problema. Estudos de distribuição. a ser previsto. Estabelecimento de Estudos de preço. prioridades para pesquisas Estudos de propaganda que futuras. descrevem hábitos de consumo de mídia. Controle de outras Flexível variáveis intermediárias. Versátil Formulação prévia de hipóteses Características Controle de outras Por vezes, é tomada como específicas. da variáveis indiretas. base do ponto de partida de Concepção de estudo prépesquisa Manipulação de uma ou toda a concepção da planejado e estruturado. mais variáveis pesquisa. independentes. Entrevistas com Dados secundários. especialistas. Levantamentos (sobretudo, Métodos Levantamentos-piloto. survey). Experimentos. utilizados Fonte de dados secundários. Painéis, scanner. Pesquisa qualitativa. Dados de observações e outros Focus-group. dados. Análise de conteúdo. Sistemas para SPSS; SAS; Excel; Análise de corpo léxico e SPSS; SAS; Excel; Sphinxs; análise dos Sphinxs; Statistics; conteúdo com software Statistics; BMDP; Minitab. dados BMDP; Minitab; Lisrel. Sphinx. Característica Pequeno número de Médio número de Grande número de amostras. da amostra amostras. amostras. Fonte: adaptado de Vieira (2002, p. 67) e Malhotra (2006, p. 100). 94 De acordo com Vieira (2002) e Malhotra (2006), a pesquisa descritiva é baseada em grandes e representativas amostras, visto que sua finalidade é expor características de determinada população ou fenômeno e, consequentemente, auferir conclusões mais realistas desse universo. Para atender a essa finalidade, Vieira (2002) realça que para esses casos os levantamentos do tipo survey são os mais usuais. O uso de surveys em pesquisas descritivas pode requerer do pesquisador a validação de alguns critérios que possam contribuir para o sucesso da investigação. Gonçalves e Meirelles (2004) inferem que quando o pesquisador detém conhecimento das variáveis e seus operacionalizadores que descrevem o problema e se esse levantamento survey já passou pela etapa de ter questionários validados e escalas já validadas, ele deverá: Elaborar o instrumento de pesquisa (questionário, no caso); realizar pré-teste para a validação da linguagem e compreensão dos significados das variáveis que são utilizadas nesse questionário; realizar a aplicação desse instrumento (questionário) e teste de viés de não resposta; validar as variáveis do referido instrumento de pesquisa, sendo comumente usados recursos tais como: alfa de Cronbach, análise fatorial oblíqua, entre outros disponíveis para uso; por fim, elaborar e analisar os resultados. No que se refere ao presente estudo, o levantamento survey foi desenvolvido com a finalidade de responder aos objetivos propostos e já passou pela validação de questionários e escalas anteriormente desenvolvidos por outros pesquisadores da área, conforme QUADRO 5 (Citações dos construtos e variáveis da pesquisa). Parte das variáveis e dos construtos utilizados no questionário desenvolvido pela autora foi recortada, modificada e utilizada na presente pesquisa. Segundo Gil (2006), as pesquisas baseadas em levantamentos são marcadas pela interrogação direta e abordagem às pessoas cujo comportamento desperta interesse no pesquisador, o qual deseja conhecê-las melhor. Para realização de estudos baseados em levantamento, o pesquisador deve, 95 primeiramente, solicitar e coletar informações de significativo grupo de pessoas que estejam relacionadas ao problema avaliado. Em seguida, torna-se possível, por meio de análises quantitativas, obter informações que permitam tirar conclusões que sejam correspondentes aos dados coletados. Gil (2006) ainda preleciona que há grande dificuldade operacional e material de realização de levantamentos junto a toda a população que integra o universo pesquisado. Se assim for possível, esse processo caracteriza-se como censo e somente o governo ou instituições que possuam amplos recursos de natureza financeira, material e operacional são capazes de promover pesquisas que abordem toda a população pesquisada. Desta feita, Gil (2006) afirma que as conclusões e resultados obtidos com a amostra da população pesquisada são atribuídos e projetados para todo o universo, não deixando de se considerar a margem de erro que pode ser calculada por meio de tratamentos e cálculos estatísticos. Gil (2006) ainda indica algumas vantagens no uso de levantamentos, tais como: “Conhecimento direto da realidade”: o autor afirma que na medida em que as pessoas informam características de seu próprio comportamento, características, opiniões próprias, crenças e atitudes, a pesquisa em questão torna-se mais desvinculada de possibilidades de interpretações subjetivas por parte dos pesquisadores; “economia e rapidez”: grande quantidade de dados pode ser obtida em curto espaço de tempo, desde que se disponha de uma equipe bem treinada de entrevistadores, codificadores e tabuladores. Além disso, o uso de questionários torna o custo da pesquisa mais baixo; “quantificação”: os dados obtidos na pesquisa por meio de levantamentos podem ser traduzidos em tabelas, gráficos e outros recursos que evidenciem a natureza quantitativa dos dados e a análise estatística. Além disso, o estabelecimento de correlações entre as variáveis torna-se possível se estas forem quantificadas. Por fim, pode-se conhecer a margem de erro dos resultados obtidos sempre que os levantamentos se basearem em amostras probabilísticas. 96 Em contrapartida, Gil (2006) registra algumas limitações e desvantagens apresentadas pelos levantamentos, a saber: Ênfase nos aspectos perceptivos: no caso dos levantamentos, as coletas de dados para as pesquisas são baseadas na opinião que as pessoas possuem acerca de si mesmas. Considerando que a percepção é uma variável subjetiva e que há grande diferença na forma como as pessoas pensam, falam e agem, logo, a pesquisa pode sofrer viés e fornecer dados distorcidos da realidade expressa por toda a população do universo pesquisado; “pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais”: ainda que por meio dos levantamentos seja possível obter grande quantidade e variedade de informações acerca dos indivíduos, estes não se apresentam como o melhor método capaz de aprofundar nos fenômenos sociais, visto que estes são formados por fatores interpessoais e institucionais, nem sempre captados por pesquisa de natureza alguma; “limitada apreensão do processo de mudança”: os levantamentos, em linhas gerais, oferecem visão engessada da realidade social, assemelhando-se a uma fotografia do mundo social em determinado momento no tempo, sendo, portanto, incapaz de projetar possíveis tendências à variação ou mudanças estruturais. Outras formas metodológicas buscam preencher essa lacuna, como, por exemplo, os painéis, que buscam basear-se na coleta de dados da mesma amostra em diferentes momentos do tempo. Ainda que haja essa contraposição de vantagens e desvantagens do uso de levantamentos, Gil (2006) mostra que esse método é o mais adequado para pesquisas de natureza descritiva do que para pesquisas de natureza explicativa. Assim, levantamentos tornam-se sobremaneira úteis no estudo de opiniões e atitudes e pouco indicados no caso de pesquisas relacionadas a problemas que se referem a estruturas sociais mais complexas. Malhotra (2006) assegura que as pesquisas descritivas fazem uso de dois tipos distintos de estudos: transversal e longitudinal, sendo o primeiro deles usado para a presente investigação. O autor afirma que o estudo transversal é a forma 97 de estudo mais frequentemente usada em pesquisas descritivas, principalmente em pesquisas de marketing. Vieira (2002) e Malhotra (2006) discorrem acerca dos estudos transversais como forma de coleta de informações e dados da população, que é realizada somente uma vez. Tais estudos ainda se dividem em transversais únicos (nos quais é extraída somente uma parcela de entrevistados da população-alvo e as informações acerca dessa amostra são obtidas somente uma vez) e em transversais múltiplos (em que há duas ou mais amostras de respondentes da população e a informação de cada uma das amostras é obtida somente uma vez). No caso dos estudos transversais múltiplos, Malhotra (2006) acredita que periodicamente são coletadas informações de diferentes amostras ao longo de largos intervalos de tempo, além de se darem em momentos distintos, o que descreve de forma mais evidente a natureza da presente pesquisa. O autor ainda indica uma grande vantagem nos estudos transversais múltiplos, que se baseia no fato de que esse tipo de estudo possibilita ao pesquisador realizar comparações não de forma individual, mas de forma agregada, como um todo. Comparativamente, conforme Malhotra (2006, p. 104): Nos estudos longitudinais, uma mostra fixa de elementos da população (ou várias amostras) é medida repetidamente com as mesmas variáveis. Um estudo longitudinal difere de um estudo transversal porque a amostra (ou as amostras) permanece a mesma ao longo do tempo. Em outras palavras, as mesmas pessoas são estudadas ao longo do tempo. Vieira (2002) corrobora as afirmações de Malhotra (2006), afirmando, ainda, que o estudo longitudinal baseia-se na coleta de dados e informações ao longo do tempo, enquanto o transversal baseia-se na coleta de informações e dados somente uma vez no tempo. Desta feita, Souki (2003) reporta que os cortes transversais são mais utilizados nas pesquisas de marketing por apresentarem: baixos custos em relação às pesquisas que fazem uso de cortes longitudinais, demandam menos esforço do pesquisador e do entrevistado, apresentam tempo reduzido de coleta dos dados e são capazes de retratar a realidade do objeto estudado de forma satisfatória. Tais vantagens, portanto, justificam mais uso dos cortes transversais em pesquisas de marketing do que os cortes longitudinais. 98 4.2 População e amostra da pesquisa De acordo com Marconi e Lakatos (2009) e Malhotra (2006), a descrição do universo ou população caracteriza-se pelo conjunto de seres ou objetos ou que apresentam uma ou mais características e/ou comportamentos em comum. Diversas outras definições são dadas para conceituar a amostra de uma pesquisa. Marconi e Lakatos (2006) e Marconi e Lakatos (2010) definem amostra como uma parcela do universo que é selecionada convenientemente, ou seja, refere-se a uma espécie de subconjunto do universo a ser pesquisado. Para o caso da presente pesquisa, o universo desta é composto pelos estudantes de escolas de inglês da cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Gil (2006) preleciona que, como os levantamentos geralmente abrangem um universo cuja quantidade de elementos é significativamente grande, é necessário que se selecionem amostras, ou seja, uma parte reduzida dos elementos que compõem todo o universo. Se for rigorosamente selecionada, os estudos realizados baseados na amostra tenderão, com grande margem de segurança, a demonstrar os resultados e comportamentos do universo ou da população como um todo. Dessa forma, Cooper e Schindler (2001) esclarecem que a seleção de uma amostra destina-se a obter conclusões acerca da população, ou seja, que sejam encontradas características e comportamentos que reflitam a realidade do universo pesquisado. Cooper e Schindler (2001) detectam diversas vantagens no uso de amostras, tais como: Custo mais baixo: a pesquisa indica custos mais baixos se realizada em uma parcela da população em vez de se abranger toda ela; mais acuidade dos resultados: a investigação pode ser mais aprofundada e específica do que se feita junto à população. Logo, a qualidade do estudo tende a ser melhor e a retratar a realidade com mais fidedignidade; mais velocidade na coleta de dados: a velocidade de execução da pesquisa em amostras é infinitamente maior do que pesquisas realizadas com toda a população; e o tempo entre o reconhecimento de necessidades de informações e a obtenção dessas informações é consideravelmente menor; 99 disponibilidade dos elementos da população: a amostragem é o único processo viável de realização para uma investigação quando uma população é infinita. Para a presente pesquisa, a técnica de amostragem utilizada foi não probabilística que, conforme Malhotra (2006) e Samara e Barros (2002), é baseada na confiança do julgamento pessoal do pesquisador. Dessa forma, o pesquisador é quem define de forma voluntária ou arbitrária quais são os elementos que irão compor a amostra (MALHOTRA, 2006). Reafirmando os pareceres de Malhotra (2006), Cooper e Schindler (2001), a amostragem não probabilística é arbitrária, ou seja, não aleatória, além de subjetiva. Logo, “os membros não têm uma chance conhecida diferente de zero de serem incluídos” (COOPER; SCHINDLER, 2001, p. 152). A probabilidade de seleção de determinados elementos da população é desconhecida e, por esse motivo, as estimativas obtidas podem não serem estatisticamente projetáveis para toda a população (MALHOTRA, 2001). Cooper e Schindler (2001) ensinam que a amostragem não probabilística cuja coleta é cuidadosamente conduzida pode produzir grandes resultados, além de apresentar vantagens como baixo custo e menos tempo de coleta, se comparada às técnicas de amostragem probabilísticas. Além disso, Malhotra (2006) descreve a amostragem não probabilística como uma forma relativamente segura para a obtenção de confiáveis estimativas dos atributos e características da população, embora não seja o mecanismo mais seguro para realização de avaliação objetiva da precisão dos resultados amostrais (MARCONI; LAKATOS, 2006). O QUADRO 4 distingue os tipos de pesquisa conforme a técnica de amostragem escolhida pelo pesquisador sem, contudo, detalhar cada um dos tipos e finalidades de cada tipo delas. 100 QUADRO 4 – Tipos de amostragem Seleção do Elemento Base de Apresentação Probabilística Não Probabilística Irrestrita Aleatória simples Por conveniência Restrita Aleatória Complexa Sistemática Por conglomerado Estratificada Dupla Intencional Por julgamento Por quota Bola-de-neve Fonte: Cooper e Schindler (2001, p. 152). Para a presente pesquisa, a amostra foi obtida por meio da técnica de amostragem bola-de-neve, em que os respondentes são identificados e localizados a partir de redes de referência (COOPER; SCHINDLER, 2001, p. 170). No estágio inicial da amostragem bola-de-neve, as pessoas são descobertas e podem ser ou não selecionadas através de métodos probabilísticos. Esse grupo então é usado para localizar outras pessoas que possuem características similares e que, por sua vez, identificam outras pessoas. Similar a uma pesquisa reversa de fontes bibliográficas, a “bola-de-neve” reúne sujeitos à medida que avança. Rea e Parker (2000), Babbie (2012) Hair Jr. et al (2003), Malhotra (2006) e Babbie (2009) detalham o processo de amostragem bola-de-neve que se dá a partir de alguns entrevistados iniciais. Após alguns respondentes serem identificados, é solicitado a eles que indiquem outras pessoas que seriam potenciais entrevistados, e daí em diante. A amostra ganha forma gradativamente, ou seja, na medida em que a pesquisa é executada e novos participantes são incluídos no processo até que a amostra alcance o tamanho desejado e necessário para o estudo. Tais argumentos são convergentes com os de Malhotra (2006), para quem o processo ocorre em “ondas sucessivas”, de modo que o pesquisador obtém informações a partir de informações, o que caracteriza um efeito “bola-de-neve”. O autor conclui que “as referências terão características demográficas e psicográficas mais semelhantes às pessoas que as indicam do que poderia ocorrer ao acaso” (MALHOTRA, 2006, p. 329). Relevante e principal vantagem do 101 uso de “bola-de-neve” é que há significativo aumento da possibilidade de se identificar e localizar a característica desejada na população estudada. Quanto ao tamanho da amostra, Hair Jr. et al. (2003) aconselha que deve ser compatível com a pesquisa ou estudo que for realizado, sobretudo se a população ou universo foram consideravelmente grandes. Determinar o número exato da amostra é um procedimento complexo, pois há de se buscar equilíbrio entre fatores como custo, tempo, tangibilidade e capacidade de resposta aos objetos pesquisados, além de outros fatores. O pesquisador, portanto, ao deparar com diversas formas estatísticas de determinar o tamanho da amostra a ser avaliada, deverá tomar importantes decisões, conforme descrito por Hair Jr. et al. (2003): Determinar o grau de segurança (geralmente, determina-se 95%); definir o nível de precisão especificado, ou seja, a margem aceitável de erros; determinar a variabilidade da população, ou seja, a sua homogeneidade. Hair Jr. et al. (2003) afirmam que o nível de precisão pode ser definido pelo próprio pesquisador em virtude do prévio conhecimento que este possui acerca da população a ser pesquisada. Os autores ainda reconhecem que o grau de segurança é, historicamente, definido como 95% para grande parte dos estudos estatísticos realizados com populações. Por fim, a variabilidade da população pode ser mensurada de acordo com o desvio-padrão da população, de modo que populações homogêneas tendem a possuir baixo desvio-padrão, enquanto populações predominantemente heterogêneas tendem a apresentar alto desviopadrão (HAIR JR. et al., 2003). Em se tratando de amostragens não probabilísticas, Honorato (2004, p. 103) propõe que abranjam entre 300 e 500 indivíduos avaliados em caso de estudos de mercado-teste, que reflete o caso da presente pesquisa. De acordo com Samara e Barros (2002), é possível determinar o tamanho confiável de uma amostra de um universo desconhecido ou para populações potencialmente grandes. Para isso, usa-se a fórmula conforme descrito a seguir: 102 p p q Z (1) n em que: p = desvio-padrão da proporção p = proporção ou porcentagem dos elementos da amostra favoráveis ao atributo pesquisado q = proporção ou porcentagem dos elementos da amostra desfavoráveis ao atributo pesquisado n = tamanho da amostra Z = número do desvio-padrão Levando em consideração que o nível de confiança para a presente pesquisa foi de 95%, o valor de 1,96 para o desvio-padrão é obtido por meio da tabela de porcentagem de área relacionada à curva de distribuição normal, assim como são definidos outros valores para outros níveis de confiança (SAMARA; BARROS, 2002, p. 95-96). A margem de erro definida para este estudo foi de 5%, que correspondente ao desvio-padrão da proporção, ou seja, considera-se que a margem de erro esperada para esse processo seja de cinco pontos percentuais para mais ou para menos considerando intervalo de confiança de 95%. Assim, ainda que a amostragem bola-de-neve não seja o método mais confiável para auferir conclusões acerca da população por meio de amostra, esperou-se que fosse possível ter grande fidedignidade ao comportamento do consumidor de escolas de inglês de Belo Horizonte por meio do uso das fórmulas a seguir para definir um tamanho confiável de amostra que reflita as características de toda a população. Samara e Barros (2002) propõem o uso da fórmula (1) para definir tamanhos amostrais cujo universo é desconhecido ou é superior a 10.000 elementos. Considerando margem de erro da proporção de 5%, p=50% e q=50% (se não se sabe quem será favorável ou desfavorável, deve-se estimar 50% para os atributos, considerando 50% da probabilidade de ambos ocorrem), o tamanho confiável para a amostra da presente pesquisa é de 384 indivíduos, como demonstram os cálculos a seguir: 103 p p q Z n 5 50 50 1 , 96 n 25 50 50 (2) 3 , 84 n 25 n 2500 3 , 84 25 n 9600 n 384 Para esta investigação, foram considerados potenciais entrevistados alunos regularmente matriculados em qualquer escola de inglês de Belo Horizonte, Minas Gerais. Não foram levados em conta aqui estudantes do idioma inglês de professores e aulas particulares, visto que os construtos e variáveis estudadas estão diretamente relacionadas às atitudes e intenções comportamentais dos estudantes em relação aos atributos ligados à escola onde estudam. Ainda que os cálculos de definição amostral recomendem a coleta junto a pelo menos 384 indivíduos, optou-se pela realização da aplicação de 459 questionários para conferir mais credibilidade e confiabilidade à pesquisa. O pré-teste do questionário a ser aplicado em campo é recomendado por diversos autores e tem como finalidade confirmar a adequação do questionário aos objetivos do estudo, bem como a clareza e entendimento dos entrevistados quanto às variáveis e construtos pesquisados (SAMARA; BARROS, 2002). O préteste foi realizado junto aos primeiros 50 entrevistados e não demonstrou necessidades de adaptações, visto que houve clareza no entendimento das questões e nas variáveis estudadas, não suscitando dúvidas ou dificuldades que exigissem adaptações. Logo, sua avaliação foi qualitativa, que teve como finalidade constatar qualquer necessidade de ajustes. O tempo de aplicação foi de cerca de 10 minutos, mostrando-se adequado ao que outrora fora proposto. 104 4.3 Métodos e técnicas utilizadas para a coleta de dados Para a realização desta pesquisa, foi feito levantamento do tipo survey que, para ser operacionalizado, foi desenvolvido questionário estruturado (APÊNDICE A). Esse questionário foi aplicado por meio de autopreenchimento e fez uso de 14 construtos e diversas variáveis adaptadas, ambos oriundos de outros estudos realizados por diversos pesquisadores (QUADRO 5). Tais construtos e variáveis foram selecionados com base em sua relação com as atitudes e intenções comportamentais dos estudantes em relação às escolas em que estão regularmente matriculados. QUADRO 5 - Citações dos construtos e variáveis da pesquisa (questionário) cont. VARIÁVEL CITAÇÃO PROFESSORES B3.1) Apresentam excelente conhecimento do idioma inglês Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007) B3.2) Têm excelente didática (sabem transmitir o conteúdo Duarte (2007), Sales (2006), das aulas) Bernardes Neto (2007) B3.3) Estão bastante atualizados em relação ao inglês Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007) B3.4) São pontuais (chegam para a aula na hora certa) Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007) B3.5) Não faltam às aulas (assiduidade) Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007) B3.6) Têm excelente relacionamento com os alunos Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007), Vieira (2007) B3.7) Preocupam-se em ajudar alunos a aprenderem inglês Duarte (2007) B3.8) Estimulam os alunos a desenvolverem as suas Duarte (2007), Sales (2006), habilidades na língua inglesa Bernardes Neto (2007) INFRAESTRUTURA B4.1) Possui excelente infraestrutura Duarte (2007) B4.2) Possui infraestrutura com uma boa aparência Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007), Vieira (2007) B4.3) Possui salas de aula confortáveis Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007) B4.4) Possui os equipamentos necessários para auxiliar no Duarte (2007) processo de ensino B4.5) Possui aprendizagem infraestrutura adequada para uma boa Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007) B4.6) Possui biblioteca com uma boa infraestrutura Sales (2006), Bernardes Neto (2007) B4.7) Possui biblioteca com um bom acervo de livros Sales (2006), Bernardes Neto (2007) 105 QUADRO 5 - Citações dos construtos e variáveis da pesquisa (questionário) – cont. VARIÁVEL CITAÇÃO QUALIDADE DE SERVIÇOS, ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA E COMUNICAÇÃO DA ESCOLA B5.1) Possui excelente organização administrativa Duarte (2007), Sales (2006), Vieira (2007), Bernardes Neto (2007) B5.2) Oferece serviços de elevada qualidade Duarte (2007) B5.3) Preocupa-se em solucionar os problemas dos alunos Duarte (2007), Sales (2006), de forma rápida e eficiente Bernardes Neto (2007), Vieira (2007) B5.4) Atende às minhas solicitações à secretaria, diretoria, Duarte (2007), Vieira (2007) etc. de maneira rápida e eficaz B5.5) Preocupa-se sinceramente com a satisfação dos Duarte (2007), Sales (2006), alunos Bernardes Neto (2007) B5.6) Preocupa-se em comunicar os fatos de forma clara Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007) B5.7) Tem funcionários sempre disponíveis para escutar os Duarte (2007), Sales (2006), alunos Bernardes Neto (2007) B5.8) Mostra coerência entre o que fala e o que faz Sales (2006), Bernardes Neto (2007) B5.9) Cumpre os compromissos firmados com os alunos Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007) B5.10) É honesta e transparente com os alunos Sales (2006), Santos Júnior (2012), Vieira (2007), Bernardes Neto (2007) FUNCIONÁRIOS E ATENDIMENTO DA ESCOLA B6.1) Atendimento rápido por parte dos funcionários Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007) B6.2) Atendimento eficiente por parte dos funcionários Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007) B6.3) Atendimento cordial por parte dos funcionários Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007), Vieira (2007) B6.4) Funcionários bem aparentados Duarte (2007), Sales (2006), Bernardes Neto (2007), Vieira (2007) B6.5) Funcionários competentes Sales (2006), Bernardes Neto (2007) AMBIENTE DA ESCOLA B7.1) É acolhedor e amigável (faz com que eu me sinta bem Sales (2006), Vieira (2007), recebido) Bernardes Neto (2007) B7.2) Faz com que eu me sinta na minha própria casa Sales (2006), Bernardes Neto (2007) B7.3) É bastante informal Bernardes Neto (2007) B7.4) Possui excelente relacionamento entre as pessoas Sales (2006), Bernardes Neto (2007) (professores, funcionários e alunos) B7.5) Tem pessoas simpáticas e legais nas turmas Duarte (2007) MÉTODO DE ENSINO DA ESCOLA B8.1) Possui excelente método de ensino Duarte (2007) B8.2) Oferece cursos personalizados de acordo com as Duarte (2007) minhas necessidades e expectativas B8.3) Tem método de ensino que não exige que os alunos Duarte (2007) “decorem” o conteúdo da matéria 106 QUADRO 5 - Citações dos construtos e variáveis da pesquisa (questionário) – cont. VARIÁVEL B8.4) Oferece flexibilidade de horários CITAÇÃO Duarte (2007), Sales (2006), Vieira (2007), Bernardes Neto (2007) B8.5) Possui horário de aulas que atende às minhas Duarte (2007), Vieira (2007), necessidades Bernardes Neto (2007) B8.6) Tem muitas atividades de conversação Duarte (2007) B8.7) Oferece atividades extracurriculares (ex. eventos, Duarte (2007), Sales (2006), feiras, extensão) que permitem a integração dos alunos Bernardes Neto (2007) B8.8) Proporciona aplicação prática do inglês no dia-a-dia Duarte (2007) por meio de músicas, filmes, etc. B8.9) Estimula o aprendizado por meio de Duarte (2007) convidados/palestras com norte-americanos/ingleses para prática do inglês RAPIDEZ DA APRENDIZAGEM DA ESCOLA B9.1) Oferece aprendizado rápido Duarte (2007) B9.2) Oferece cursos de curta duração Duarte (2007) B9.3) Auxilia-me a ter fluência no idioma inglês rapidamente Duarte (2007) MARCA E TRADIÇÃO DA ESCOLA B10.1) É bastante tradicional no mercado de cursos de Duarte (2007), Santos Júnior (2012), idiomas Vieira (2007), Bernardes Neto (2007) B10.2) É bastante conhecida no mercado de cursos de idiomas Duarte (2007), Santos Júnior (2012) B10.3) Tem boa reputação no mercado de cursos de idiomas Duarte (2007), Santos Júnior (2012) B10.4) É famosa no mercado de cursos de idiomas Duarte (2007), Santos Júnior (2012), Bernardes Neto (2007) B10.5) Tem nome bastante reconhecido no mercado de Duarte (2007), Vieira (2007), cursos de idiomas Bernardes Neto (2007) B10.6) Tem marca sólida no mercado de cursos de idiomas Duarte (2007), Santos Júnior (2012), Vieira (2007) INTERCÂMBIO INTERNACIONAL DA ESCOLA B11.1) Possui intercâmbio com escolas e/ou universidades Duarte (2007) internacionais B11.2) Promove viagens ao exterior para os seus estudantes Duarte (2007) B11.3) Prepara os seus alunos para viagens internacionais Duarte (2007) B11.4) Possibilita-me fazer intercâmbio em outros países Duarte (2007) STATUS E ENDOSSO SOCIAL DA ESCOLA B12.1) É bastante valorizada pelos meus amigos e/ou Duarte (2007) familiares B12.2) É frequentada por alunos de elevado nível social Duarte (2007) B12.3) Dá prestígio aos seus estudantes Duarte (2007) B12.4) É um lugar onde as pessoas com quem eu quero Duarte (2007) conviver estudam B12.5) É uma instituição chique Duarte (2007) B12.6) É o lugar onde as pessoas bem-sucedidas estudam Duarte (2007) ou estudaram 107 QUADRO 5 - Citações dos construtos e variáveis da pesquisa (questionário) – cont. VARIÁVEL CITAÇÃO ACESSIBILIDADE E COMODIDADE OFERECIDAS PELA ESCOLA B13.1) Tem excelente localização Duarte (2007), Vieira (2007), Bernardes Neto (2007) B13.2) Fica perto do meu trabalho Duarte (2007), Vieira (2007) B13.3) Fica perto da minha casa Duarte (2007), Sales (2006), Vieira (2007), Bernardes Neto (2007) B13.4) É de fácil acesso Vieira (2007) B13.5) Oferece facilidade de estacionamento Duarte (2007), Vieira (2007), Bernardes Neto (2007) PREÇO E VALOR PERCEBIDO B14.1) Oferece cursos baratos Duarte (2007) B14.2) Possui baixo valor de mensalidade Duarte (2007) B14.3) Possui boa relação custo-benefício Santos Júnior (2012) B14.4) Oferece qualidade compatível com o valor cobrado Sales (2006), Vieira (2007) pela mensalidade B14.5) Tem valor de mensalidade que vale a pena pagar Sales (2006) ATITUDES E INTENÇÕES COMPORTAMENTAIS EM RELAÇÃO À ESCOLA B15.1) A escola de inglês em que eu estudo atende Santos Júnior (2012) totalmente às minhas expectativas B15.2) Estou satisfeito com a minha decisão em estudar na Sales (2006), Santos Júnior (2012), escola de inglês onde estou matriculado Vieira (2007), Bernardes Neto (2007) B15.3) Sinto prazer em estudar na escola de inglês Sales (2006), Bernardes Neto (2007) onde estou matriculado B15.4) Estou arrependido(a) por ter escola de inglês onde estou matriculado escolhido a Sales (2006), Santos Júnior (2012), Vieira (2007), Bernardes Neto (2007) B15.5) Sinto-me frustrado (a) por estudar na escola Sales (2006), Santos Júnior (2012), de inglês onde estou matriculado Vieira (2007), Bernardes Neto (2007) B15.6) Eu acredito que se tivesse me matriculado em outra Sales (2006) escola de inglês estaria mais satisfeito(a) B15.7) Se eu pudesse voltar atrás, escolheria outra escola Sales (2006), Santos Júnior (2012), de inglês para estudar Vieira (2007), Bernardes Neto (2007) B15.8) Eu só falo coisas positivas sobre a escola de inglês Sales (2006), Santos Júnior (2012), onde eu estudo para meus parentes e amigos Vieira (2007), Bernardes Neto (2007) B15.9) Eu estimulo as pessoas a estudarem na escola de Santos Júnior (2012) inglês onde eu estudo B15.10) Eu recomendo as pessoas a estudarem na escola Sales (2006), Santos Júnior (2012), de inglês onde eu estudo Bernardes Neto (2007) B15.11) Sinto orgulho em estudar na escola de inglês em Sales (2006), Santos Júnior (2012), que estou matriculado Bernardes Neto (2007) B15.12) Fico envaidecido ao contar para os outros que eu Sales (2006) estudo na escola de inglês onde estou matriculado B15.13) Para mim, é uma honra estudar na escola de inglês Sales (2006) em que estou matriculado B15.14) Mesmo que eu recebesse uma proposta para Santos Júnior (2012) estudar em outra escola de inglês, eu continuaria estudando na escola onde estou matriculado 108 QUADRO 5 - Citações dos construtos e variáveis da pesquisa (questionário) – conclui VARIÁVEL CITAÇÃO B15.15) Eu acredito que estaria perdendo muito se eu Sales (2006), Bernardes Neto (2007) trocasse a escola de inglês onde eu estudo por outras escolas existentes no mercado B15.16) Eu considero a minha escola de inglês a primeira Sales (2006), Santos Júnior (2012), opção entre as existentes no mercado Bernardes Neto (2007) B15.17) Eu pretendo continuar estudando na escola de Sales (2006), Santos Júnior (2012), inglês onde eu estou matriculado Bernardes Neto (2007) PREFERÊNCIA B16.1) A escola onde eu estudo é superior às demais Santos Júnior (2012) escolas de inglês existentes no mercado B16.2) Faz mais sentido estudar na escola onde eu estudo Santos Júnior (2012) em vez de em outras escolas de inglês existentes no mercado, mesmo que elas ofereçam cursos semelhantes B16.3) Ainda que outras escolas de inglês ofereçam os Santos Júnior (2012) mesmos cursos que a escola onde eu estudo, eu prefiro estudar nela do que em qualquer outra B16.4) Mesmo que outras escolas de inglês sejam Santos Júnior (2012) consideradas tão boas quanto a escola em que eu estudo, eu prefiro estudar nela do que em qualquer outra Fonte: elaborado pela autora. Não houve critério específico para a seleção dos respondentes, já que a técnica de amostragem utilizada para a referida pesquisa foi a “bola-de-neve”, em que a aplicação se dá de forma sucessiva e fazendo uso de referências. O questionário aplicado fez uso de uma escala do tipo Likert adaptada para 11 pontos, variando de zero (discordo totalmente) a 10 (concordo totalmente). A aplicação dos questionários iniciou-se no dia 15/07/2012 e finalizou-se no dia 15/10/2012, contemplando: eventos acadêmicos, instituições de ensino superior, escolas de ensino médio e em referências fornecidas pelos entrevistados. 4.4 Tratamento dos dados Os dados referentes à pesquisa survey foram tratado por procedimentos estatísticos, por meio do uso de análises multivariadas, que serão mais bem descritos no capítulo de análise dos dados e resultados. A ferramenta principal utilizada para esse processo foi a Modelagem de Equações Estruturais (SEM). Para o tratamento estatístico dos dados e realização das análises foram utilizados 109 os softwares Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 17.0, Excel 2007 e SmartPLS. Considerando as características do instrumento da pesquisa, algumas técnicas foram utilizadas, a saber: Fase de consistência inicial dos dados: - Análise de normalidade dos dados; - Análise de outliers; - Análise de viés de não resposta; - Análise descritiva como estudo exploratório e classificatório. Fase de validação interna: - Uso de métodos de validação interna: Alfa de Cronbach; - Análise discriminante inicial com a utilização da técnica de Análise Fatorial Exploratória. Fase de análise descritiva conclusiva e validação interna: - Análise fatorial confirmatória: Modelagem de Equações Estruturais (SEM); - Análise multivariada (análise fatorial). 4.4.1 Modelagem de Equações Estruturais (Structural Equations Modeling – SEM) De acordo com Hair et al. (2009), a Structural Equations Modeling (SEM) é resultado da evolução das modelagens multiequação, desenvolvidas principalmente nas ciências econométricas e originadas dos princípios de mensuração da Psicologia e Sociologia. A modelagem de equações estruturais é uma continuidade de algumas técnicas de análise multivariadas, principalmente da análise de regressão múltipla e análise fatorial. O que a difere das demais técnicas multivariadas é examinar diversas relações de dependência ao mesmo tempo, enquanto as demais técnicas são capazes de verificar e examinar um único relacionamento entre as variáveis de cada vez. Hair et al. (2009) ainda entendem que as SEMs se distinguem por duas características: estimação de múltiplas e inter-relacionadas relações de dependência e habilidade de 110 representar conceitos não observados nessas relações, além de ser capaz de explicar o erro de mensuração no processo de estimação. Além disso, na modelagem de equações estruturais uma variável dependente pode ser uma variável independente na medida em que relacionamentos subsequentes são avaliados (BERNARDES NETO, 2007). A aplicação e uso da modelagem de equações estruturais não se limitam à análise de dependência simultânea, mas também podem contribuir para uma transição da análise exploratória para uma ótica confirmatória de dados e relações (SANTOS JÚNIOR, 2012). A SEM é também usada para avaliar um conjunto de relacionamentos de dependência que, empiricamente, são testados por meio de um modelo que operacionaliza a teoria (HAIR et al., 2009). Segundo os autores, o modelo, portanto, tem como finalidade a representação dos relacionamentos examinados, que é formalizado por meio de um diagrama de caminhos ou de um conjunto de equações estruturais. Conforme Hair et al. (2009) o modelo estrutural expressa relações entre as variáveis dependentes e independentes, ainda que uma dependente se torne independente quando testadas outras relações. As relações propostas são demonstradas em uma série de equações estruturais para cada variável dependente. À luz da teoria como base para a formação do diagrama de caminhos ou da montagem das equações, o processo é passível de inclusão ou omissão de relacionamentos. Nessas propostas de relacionamentos podem surgir conceitos que não foram observados anteriormente. Daí, portanto, emerge uma nova característica da modelagem de equações estruturais. Outra relevante característica da SEM é a capacidade de incorporação de dimensões latentes na análise (BERNARDES NETO, 2007; SANTOS JÚNIOR, 2012). Os autores demonstram que uma variável latente pode ser definida como hipotética, que não pôde ser observada diretamente, mas que só pode ser medida e mensurada por meio de variáveis manifestas ou observáveis. Conforme Klem (2002), o ponto de mais atenção no uso dessa técnica é a ordem em que as variáveis são dispostas. Traçando um paralelo com a regressão, uma variável X influencia uma variável Y. Na SEM, uma variável X influencia Y, que por sua vez influencia Z. Dessa forma, a SEM possui uma característica básica que gira em torno da possibilidade de se testar uma teoria de 111 ordem causal em meio a um conjunto de variáveis. O autor cita como exemplo a imagem de determinada marca. Hipoteticamente, a teoria propõe que a imagem exerce influência sobre o brand equity e que este pode levar à predisposição ou intenção de compra. Por meio do SEM é possível estabelecer e determinar essa relação de causalidade. Klem (2002) ainda afirma que o uso de tal técnica permite ao pesquisador a realização de investigação de quão bem as variáveis preditoras (predictors) são capazes de explicar a variável dependente (criterion) e qual dessas variáveis preditoras é a mais importante. Embora a regressão também possa ser usada para essas finalidades, a SEM mostra-se mais adequada, pelo fato de se poder ter mais de uma variável dependente em um único modelo. Ainda segundo Klem (2002), a formulação básica da SEM pode se dar conforme demonstração em termos de equações, como se segue: Y1 = X11 + X12 + X13 + ....+X1n (1) Y2 = X21 + X22 + X23 + ....+X2n (2) Y3 = Xm1 + Xm2 + Xm3 + ....Xmn (3) (métrica) (3) (não métrica) De acordo com Hair et al. (2009), a ilustração dos relacionamentos entre as variáveis na modelagem de equações estruturais é feita por meio do diagrama de caminhos. No modelo, as setas representam a influência das variáveis independentes sobre as dependentes. As setas curvas representam a correlação entre as variáveis, enquanto as setas de duplo sentido denotam relacionamento mútuo entre os construtos. A elipse é o símbolo usado para representar os construtos no diagrama de caminhos e o retângulo é usado para representar as variáveis manifestas. Os construtos exógenos possuem setas saindo deles e não são preditos por qualquer outro construto no modelo. Ainda segundo Hair et al. (2009), quando um construto recebe setas provenientes de outras variáveis, este é considerado construto ou variável endógena. Nesse caso, o diagrama de caminhos é a análise que tem como finalidade realizar o cálculo da intensidade das relações representada nesse diagrama, fazendo uso de matriz de correlação ou covariância como entrada. Quando se trata de uma correlação simples (bivariada), que se refere à relação 112 entre duas variáveis quaisquer, a representação se dá por meio da soma dos caminhos compostos, conectando, portanto, esses pontos. O caminho composto caracteriza-se pelo caminho ao longo dessas setas que deve seguir três princípios básicos: a) após seguir por um caminho, uma seta não pode retroceder novamente, mas pode seguir para trás indistintamente antes de ir adiante; b) o caminho não pode seguir com a mesma variável mais de uma vez; c) o caminho pode incluir somente uma seta curvada, ou seja, um par de variáveis correlacionadas. Como descreve Hair et al. (2009) na FIG. 4 a seguir, as variáveis X1, X2 e Y são descritas como construtos. X1 e X2 são considerados construtos exógenos e independentes; enquanto Y é considerado um construto endógeno e dependente. Além disso, alguns outros significados são descritos a seguir: Os indicadores “i” são representados pelos retângulos; as setas retas são representadas por b; os relacionamentos causais são indicados por c; a seta curva representa a correlação entre os construtos X1 e X2; “e” são os erros relacionados a cada indicador. FIGURA 4 – Diagrama de caminhos X1 b Y1 a X2 c Fonte: adaptado de Hair et al. (2009, p. 15). Assim, as influências de uma variável em outra são incluídas no diagrama de caminhos e, quando não há seta ligando duas variáveis, pode-se dizer que elas não estão diretamente relacionadas. 113 5 MODELO HIPOTÉTICO DA PESQUISA O modelo hipotético testado que serviu como diretriz para esta pesquisa pressupõe que a qualidade percebida em relação aos serviços prestados pelas escolas de inglês é um construto multidimensional com impacto sobre as atitudes e intenções comportamentais dos estudantes de tais escolas. Dessa forma, a qualidade percebida global foi concebida como um fator de segunda ordem, ou seja, entende-se que as diversas dimensões de qualidade compõem tal construto. A FIG. 5 apresenta o modelo hipotético da pesquisa. Em seguida, são apresentadas e descritas as hipóteses propostas para o presente trabalho, que descrevem tal modelo e que serão testadas para seu desenvolvimento. Cada uma das hipóteses corresponde às relações esperadas entre os construtos e dimensões de qualidade (FIG. 5). 114 FIGURA 5 – Modelo hipotético da pesquisa H1: A qualidade percebida global apresenta uma relação monotônica positiva sobre o valor percebido pelos estudantes de escolas de inglês; H2: A qualidade percebida global apresenta uma relação monotônica positiva sobre a satisfação dos estudantes de escolas de inglês; H3: O valor percebido apresenta uma relação monotônica positiva sobre a preferência dos estudantes de escolas de inglês; H4: O valor percebido apresenta uma relação monotônica positiva sobre a propensão à lealdade dos estudantes de escolas de inglês; H5: O valor percebido apresenta uma relação monotônica positiva sobre a satisfação dos estudantes de escolas de inglês; H6: O valor percebido apresenta uma relação monotônica positiva sobre o orgulho dos estudantes de escolas de inglês; H7: O valor percebido apresenta uma relação monotônica positiva sobre a comunicação boca a boca e recomendação pelos estudantes de escolas de inglês; H8: O preço apresenta uma relação monotônica positiva sobre o valor percebido pelos estudantes de escolas de inglês; H9: O preço apresenta uma relação monotônica positiva sobre a satisfação dos estudantes de escolas de inglês; H10: A satisfação apresenta uma relação monotônica positiva sobre a preferência dos estudantes de escolas de inglês; H11: A satisfação apresenta uma relação monotônica positiva sobre a propensão à lealdade dos estudantes de escolas de inglês; H12: A satisfação apresenta uma relação monotônica positiva sobre o orgulho dos estudantes de escolas de inglês; H13: A satisfação apresenta uma relação monotônica positiva sobre a comunicação boca a boca e recomendação pelos estudantes de escolas de inglês. Fonte: dados da pesquisa. 115 6 RESULTADOS Neste capítulo da dissertação serão apresentados os resultados encontrados, cujo objetivo é tornar possível responder às hipóteses testadas. Para tanto, foram utilizados os softwares SPSS 17.0, Excel 2007 e SmartPLS. Entretanto, em um primeiro momento, fez-se necessária a realização de diversas análises. 6.1 Análise exploratória dos dados Após a coleta e tabulação dos dados, faz-se fundamental realizar uma preliminar análise exploratória dos dados. Essa análise tem como objetivo aprimorar as medições e identificar possíveis problemas, diagnosticando-os e resolvendo-os de forma adequada, a fim de evitar distorções nos resultados da análise (TABACHNICK; FIDEL, 2001). Logo, neste capítulo serão verificadas: a caracterização da amostra, a análise descritiva dos dados, a existência de dados ausentes no banco de dados (missing values), a existência de outliers univariados e multivariados, a normalidade dos dados e a linearidade. 6.1.1 Caracterização da amostra A caracterização da amostra é um importante instrumento que visa a conhecer o perfil dos entrevistados, visto que, ao final da pesquisa, pretende-se que os resultados sejam explorados de maneira mais ampla. Dessa forma, é importante que o perfil da amostra seja semelhante ao da população, representando os diversos extratos. O GRÁF. 1 exibe as escolas de inglês nas quais os entrevistados estudam. Verifica-se elevado percentual de respondentes nas escolas Number One (17%), 116 seguida da Cultura Inglesa (13%) e da Fisk (11%). Na categoria “outras” foram agrupadas as escolas que receberam menos de 5% de citações. GRÁFICO 1 – Escolas de inglês onde os entrevistados estudam 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 33% 9% 13% 17% 11% 8% 5% 5% Wizard The Best 0% CCAA Cultura Fisk Luziana Inglesa Lanna * Escolas com menos de 5% de citações. Fonte: dados da pesquisa. Number One Outras* A TAB. 2 mostra algumas informações sobre o estudo do inglês por parte dos entrevistados. A primeira variável é referente a quanto tempo o entrevistado estuda inglês. Alguns iniciaram o estudo da língua há apenas um mês, enquanto no outro extremo existem entrevistados que já estudam o inglês há 37 anos. Em média, os entrevistados estudam inglês há três anos e meio e o desvio-padrão é de três anos e cinco meses. A segunda variável refere-se ao tempo que os entrevistados estão matriculados na escola de inglês atual. Verifica-se que o tempo mínimo é de um mês e o máximo de 10 anos. Em média, estes estão matriculados há dois anos e dois meses e o desvio-padrão é, também, de dois anos e dois meses, aproximadamente. A terceira variável diz respeito ao valor pago como mensalidade na atual escola dos entrevistados. Verifica-se que alguns entrevistados nada pagam, pois possuem bolsa de estudos. Por outro lado, a mensalidade mais cara é de R$ 750,00. Em média, os entrevistados pagam R$ 211,00 e o desvio-padrão é de R$ 122,00. 117 TABELA 2 – Informações sobre o estudo do inglês por parte dos entrevistados Variáveis n B1.2) Há quanto tempo você cursa inglês? (em meses) B1.3) Há quanto tempo você cursa inglês na escola onde está matriculado? (em meses) B1.4) Qual é o valor que você paga atualmente de mensalidade na escola em que está matriculado(a)? (R$) Mínimo Máximo Média Desviopadrão 345 1 444 44 42 341 1 120 27 26 234 0 750 211 122 Fonte: dados da pesquisa. O GRÁF. 2 exibe a renda familiar dos entrevistados. Observa-se boa distribuição nos diversos extratos de renda. O extrato de mais alto percentual foi o "acima de R$ 9.000", com 19% das citações. E os extratos de mais baixo percentual foram "R$ 8.001 a 9.000", com 5% e "até R$ 2.000", com 6%. GRÁFICO 2 – Renda familiar dos entrevistados 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 6% 8% 12% 13% 16% 19% 12% 8% 5% Até R$ R$ 2.001 R$ 3.00 R$ 4.001 R$ 5.001 R$ 6.001 R$ 7.001 R$ 8.001 Acima de 2.000 a 3.000 a 4.000 a 5.000 a 6.000 a 7.000 a 8.000 a 9.000 R$ 9.000 Fonte: dados da pesquisa. O gênero dos entrevistados pode ser visualizado no GRÁF. 3. Verifica-se que 58% são do gênero feminino e 41% do gênero masculino. Os outros - menos de 1% não responderam a esta questão. 118 GRÁFICO 3 – Gênero dos entrevistados 100% 90% 80% 70% 58% 60% 50% 41% 40% 30% 20% 10% 0% 0% . Feminino Masculino NR Fonte: dados da pesquisa. No GRÁF. 4 constata-se o nível de escolaridade dos entrevistados, sendo que a maior parte possui ensino médio em curso ou já concluído (68%). Outros 15% estão cursando o ensino superior e outros 15% já terminaram o ensino superior, sendo que, destes, praticamente um terço já fez algum curso de especialização. Quanto aos outros 2% os dados mostram que ou não possuem algum nível de escolaridade ou cursaram o primário. GRÁFICO 4 – Nível de escolaridade dos entrevistados 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 68% 15% 1% Fonte: dados da pesquisa. 1% 9% 6% 119 O GRÁF. 5 apresenta o estado civil dos entrevistados. Observa-se que 85% dos entrevistados são solteiros e que 11% são casados/amigados. Outros (1%) são divorciados/separados e 2% não responderam a esta questão. GRÁFICO 5 – Estado civil dos entrevistados 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 85% 11% Solteiro Casado / Amigado 1% 0% 2% Divorciado / Separado Viúvo NR Fonte: dados da pesquisa. No tocante à faixa etária dos entrevistados, observa-se mais concentração na faixa de "até 17 anos", totalizando 61% das citações. Outros 19% possuem idade entre 18 e 24 anos e 15% possuem idade entre 25 e 34 anos. Os outros 5% dos entrevistados possuem 35 anos ou mais. Verifica-se, também, que a idade mínima é de 14 anos e a idade máxima de 74 anos. A idade média é de 20 anos e o desviopadrão é de sete anos, conforme descrito no GRÁF. 6. 120 GRÁFICO 6 – Faixa etária dos entrevistados 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Mínimo: 14 anos Máximo: 74 anos Média: 20 anos Desvio padrão: 7 anos 61% 19% 15% 3% 1% 1% Até 17 anos De 18 a 24 De 25 a 34 De 35 a 44 De 45 a 54 55 anos ou anos anos anos anos mais 0% NR . Fonte: dados da pesquisa 6.1.2 Análise descritiva dos dados Neste item serão apresentadas as estatísticas descritivas das variáveis da pesquisa. A TAB. 3 exibe o valor mínimo (mínimo), o valor máximo (máximo), a média e o desvio-padrão de cada variável. A média foi adotada como medida de tendência central, que é calculada somando todos os valores e dividindo pelo número de entrevistados. Nesse caso, quanto maior o seu valor, maior a concordância. Já como medida de variabilidade dos dados foram adotados dois tipos: amplitude e desvio-padrão. A primeira é calculada subtraindo-se o valor máximo pelo valor mínimo, de modo que quanto maior a amplitude, maior a variabilidade. Por outro lado, o desvio-padrão revela se a média reflete consenso ou não do que os entrevistados responderam. Nesse sentido, um desvio-padrão reduzido indica que os dados estão próximos da média e, portanto, existe consenso dos entrevistados. Já os desvios-padrão mais altos significam que os dados estão mais distantes da média, ou seja, que os entrevistados apresentam opinião mais divergente sobre o assunto (ANDERSON; SWEENEY; WILLIAMS, 2009). 121 TABELA 3 – Estatística descritiva – cont. Variáveis B3.1) Apresentam excelente conhecimento do idioma inglês B3.2) Têm excelente didática (sabem transmitir o conteúdo das aulas) B3.3) Estão bastante atualizados em relação ao inglês B3.4) São pontuais (chegam para a aula na hora certa) B3.5) Não faltam às aulas (assiduidade) B3.6) Têm excelente relacionamento com os alunos B3.7) Preocupam-se em ajudar os alunos a aprenderem inglês B3.8) Estimulam os alunos a desenvolverem as suas habilidades na língua inglesa B4.1) Possui excelente infraestrutura B4.2) Possui infraestrutura com boa aparência B4.3) Possui salas de aula confortáveis B4.4) Possui os equipamentos necessários para auxiliar no processo de ensino B4.5) Possui infraestrutura adequada para uma boa aprendizagem B4.6) Possui biblioteca com boa infraestrutura B4.7) Possui biblioteca com bom acervo de livros B5.1) Possui excelente organização administrativa B5.2) Oferece serviços com elevada qualidade B5.3) Preocupa-se em solucionar os problemas dos alunos de forma rápida e eficiente B5.4) Atende às minhas solicitações à secretaria, diretoria, etc. de maneira rápida e eficaz B5.5) Preocupa-se sinceramente com a satisfação dos alunos B5.6) Preocupa-se em comunicar os fatos de forma clara B5.7) Tem funcionários sempre disponíveis para escutar os alunos B5.8) Mostra coerência entre o que fala e o que faz B5.9) Cumpre os compromissos firmados com os alunos B5.10) É honesta e transparente com os alunos B6.1) Atendimento rápido por parte dos funcionários B6.2) Atendimento eficiente por parte dos funcionários B6.3) Atendimento cordial por parte dos funcionários B6.4) Funcionários bem aparentados B6.5) Funcionários competentes B7.1) É acolhedor e amigável (faz com que eu me sinta bem recebido) B7.2) Faz com que eu me sinta na minha própria casa B7.3) É bastante informal B7.4) Possui excelente relacionamento entre as pessoas (professores, funcionários e alunos) 1,00 10,00 8,95 Desviopadrão 1,59 2,00 10,00 8,67 1,52 2,00 1,00 0,00 2,00 1,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 9,06 9,10 9,34 9,21 9,23 1,21 1,48 1,24 1,43 1,25 1,00 10,00 9,08 1,37 0,00 1,00 0,00 10,00 10,00 10,00 8,47 8,74 8,53 1,62 1,50 1,72 2,00 10,00 8,84 1,53 1,00 10,00 8,82 1,55 0,00 0,00 0,00 0,00 10,00 10,00 10,00 10,00 7,36 7,12 8,24 8,54 2,55 2,57 2,00 1,74 0,00 10,00 8,41 1,94 0,00 10,00 8,33 1,98 0,00 1,00 10,00 10,00 8,50 8,59 1,85 1,75 0,00 10,00 8,48 1,82 1,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,00 2,00 0,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 8,72 8,91 8,79 8,48 8,63 8,76 8,88 8,89 1,67 1,71 1,84 1,80 1,69 1,59 1,44 1,47 1,00 10,00 8,85 1,61 0,00 0,00 10,00 10,00 7,79 7,22 2,34 2,70 0,00 10,00 8,91 1,57 Mínimo Máximo Média 122 TABELA 3 – Estatística descritiva – cont. Variáveis B7.5) Tem pessoas simpáticas e legais nas turmas B8.1) Possui excelente método de ensino B8.2) Oferece cursos personalizados de acordo com as minhas necessidades e expectativas B8.3) Tem método de ensino que não exige que os alunos “decorem” o conteúdo da matéria B8.4) Oferece flexibilidade de horários B8.5) Possui horário de aulas que atende às minhas necessidades B8.6) Tem muitas atividades de conversação B8.7) Oferece atividades extracurriculares (ex. eventos, feiras, extensão) que permitem a integração dos alunos B8.8) Proporciona aplicação prática do inglês no dia-a-dia por meio de músicas, filmes, etc. B8.9) Estimula o aprendizado por meio de convidados/ palestras com norte-americanos/ ingleses para prática do inglês B9.1) Oferece aprendizado rápido B9.2) Oferece cursos de curta duração B9.3) Auxilia-me a ter fluência no idioma inglês rapidamente B10.1) É bastante tradicional no mercado de cursos de idiomas B10.2) É bastante conhecida no mercado de cursos de idiomas B10.3) Tem boa reputação no mercado de cursos de idiomas B10.4) É famosa no mercado de cursos de idiomas B10.5) Tem nome bastante reconhecido no mercado de cursos de idiomas B10.6) Tem marca sólida no mercado de cursos de idiomas B11.1) Possui intercâmbio com escolas e/ou universidades internacionais B11.2) Promove viagens ao exterior para os seus estudantes B11.3) Prepara os seus alunos para viagens internacionais B11.4) Possibilita-me fazer intercâmbio em outros países B12.1) É bastante valorizada pelos meus amigos e/ou familiares B12.2) É frequentada por alunos de elevado nível social B12.3) Dá prestígio aos seus estudantes B12.4) É um lugar onde as pessoas com quem eu quero conviver estudam B12.5) É uma instituição chique B12.6) É o lugar onde as pessoas bem-sucedidas estudam ou estudaram B13.1) Tem excelente localização B13.3) Fica perto da minha casa B13.4) É de fácil acesso 0,00 2,00 10,00 10,00 9,15 8,66 Desviopadrão 1,42 1,70 0,00 10,00 8,19 2,24 0,00 10,00 8,21 2,27 0,00 10,00 7,68 2,72 0,00 10,00 8,14 2,54 0,00 10,00 8,42 2,15 0,00 10,00 6,95 3,14 0,00 10,00 7,96 2,44 0,00 10,00 5,48 3,71 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 7,74 7,27 7,85 7,67 7,75 8,13 7,75 2,37 2,64 2,44 2,61 2,70 2,43 2,74 0,00 10,00 7,84 2,75 0,00 10,00 7,96 2,65 0,00 10,00 6,71 3,28 0,00 0,00 0,00 10,00 10,00 10,00 6,54 7,22 6,82 3,40 3,11 3,28 0,00 10,00 8,13 2,11 0,00 0,00 10,00 10,00 7,75 8,09 2,05 1,99 0,00 10,00 7,70 2,33 0,00 10,00 6,99 2,51 0,00 10,00 7,08 2,53 0,00 0,00 0,00 10,00 10,00 10,00 8,49 7,27 8,56 2,02 3,14 2,12 Mínimo Máximo Média 123 TABELA 3 – Estatística descritiva – conclui Variáveis B13.5) Oferece facilidade de estacionamento B14.1) Oferece cursos baratos B14.2) Possui baixo valor de mensalidade B14.3) Possui boa relação custo-benefício B14.4) Ofereça qualidade compatível com o valor cobrado pela mensalidade B14.5) Tem valor de mensalidade que vale a pena pagar B15.1) A escola de inglês em que eu estudo atende totalmente às minhas expectativas B15.2) Estou satisfeito com a minha decisão em estudar na escola de inglês onde estou matriculado B15.3) Sinto prazer em estudar na escola de inglês onde estou matriculado B15.8) Eu só falo coisas positivas sobre a escola de inglês onde eu estudo para meus parentes e amigos B15.9) Eu estimulo as pessoas a estudarem na escola de inglês onde eu estudo B15.10) Eu recomendo as pessoas a estudarem na escola de inglês onde eu estudo B15.11) Eu sinto orgulho em estudar na escola de inglês em que estou matriculado B15.12) Eu fico envaidecido ao contar para os outros que eu estudo na escola de inglês onde estou matriculado B15.13) Para mim, é uma honra estudar na escola de inglês em que estou matriculado B15.14) Mesmo que eu recebesse uma proposta para estudar em outra escola de inglês, eu continuaria estudando na escola onde estou matriculado B15.15) Eu acredito que estaria perdendo muito se eu trocasse a escola de inglês onde eu estudo por outras escolas existentes no mercado B15.16) Eu considero a minha escola de inglês a primeira opção entre as existentes no mercado B15.17) Eu pretendo continuar estudando na escola de inglês onde eu estou matriculado B16.2) Faz mais sentido estudar na escola onde eu estudo em vez de em outras escolas de inglês existentes no mercado, mesmo que elas ofereçam cursos semelhantes B16.3) Ainda que outras escolas de inglês ofereçam os mesmos cursos que a escola onde eu estudo, eu prefiro estudar nela do que em qualquer outra B16.4) Mesmo que outras escolas de inglês sejam consideradas tão boas quanto a escola em que eu estudo, eu prefiro estudar nela do que em qualquer outra Fonte: dados da pesquisa. 0,00 0,00 0,00 0,00 10,00 10,00 10,00 10,00 5,80 5,96 5,71 7,25 Desviopadrão 3,36 3,04 3,05 2,52 0,00 10,00 7,75 2,44 0,00 10,00 7,75 2,52 0,00 10,00 8,02 2,18 0,00 10,00 8,26 2,24 0,00 10,00 8,16 2,37 0,00 10,00 7,06 3,07 0,00 10,00 7,31 2,81 0,00 10,00 7,60 2,66 0,00 10,00 7,57 2,64 0,00 10,00 6,43 3,14 0,00 10,00 7,01 2,89 0,00 10,00 6,56 3,25 0,00 10,00 6,72 3,12 0,00 10,00 6,65 3,32 0,00 10,00 7,82 2,96 0,00 10,00 6,88 3,00 0,00 10,00 6,94 3,10 0,00 10,00 7,00 3,05 Mínimo Máximo Média Verificando os resultados, observa-se comportamento diferenciado nas variáveis da pesquisa no tocante à média e ao desvio-padrão. Algumas variáveis 124 tiveram médias altas e desvios-padrão reduzidos, enquanto outras tiveram médias baixas ou regulares e desvios-padrão superiores. Percebe-se que a mais alta média foi obtida para a variável "B3.5 - Não faltam às aulas (assiduidade)", da ordem de 9,34. Já a variável que apresentou o mais baixo desvio-padrão foi a "B3.3 - Estão bastante atualizados em relação ao inglês", de 1,21. No outro extremo, a variável que obteve a mais baixa média foi a "B8.9 Estimula o aprendizado por meio de convidados/palestras com norte-americanos/ ingleses para prática do inglês", de 5,48. Já a variável que apresentou o maior desvio-padrão foi a "B13.2 - Fica perto do meu trabalho", da ordem de 3,78, indicando mais variabilidade às respostas dadas a essa variável. 6.1.3 Análise de dados ausentes Os dados ausentes são as células sem resposta existentes nos bancos de dados, que podem ocorrer por diversos motivos (DAVIS, 2001; HAIR et al., 2009). Os entrevistados podem se recusar a dar a sua opinião sobre determinada variável ou podem acontecer erros no momento da coleta de dados ou, ainda, algum erro no momento da tabulação dos dados, entre outras possibilidades. A ocorrência de dados ausentes geralmente é bastante frequente em pesquisas e pode se consistir em um problema, dependendo da quantidade e da qualidade. Assim, Hair et al. (2009) sugerem realizar um diagnóstico dos mesmos por meio de um método de quatro passos, de modo a evitar problemas posteriores. O primeiro passo consiste em verificar se os dados ausentes estavam previstos no planejamento da pesquisa, ou seja, se de fato algumas perguntas não eram para ser respondidas por todos os entrevistados ou se ocorreram devido a motivos externos ao pesquisador, como a recusa do entrevistado a responder determinada questão. Neste estudo, a priori, não eram esperados dados ausentes, uma vez que as variáveis presentes no questionário poderiam e deveriam ser respondidas por qualquer membro da população de interesse, ainda que a opção "Não sei / Não respondeu" tenha sido oferecida aos entrevistados. 125 No segundo passo, os autores propõem avaliar a quantidade de dados ausentes que apareceram no banco de dados e que não eram esperados. Seguindo tal diretriz, apurou-se o percentual dos dados ausentes existentes, sendo que, de acordo com os autores, valores superiores a 10% começam a ficar preocupantes. De forma a avaliar o percentual de dados ausentes por variável, foi utilizado o procedimento denominado missing value analysis, que demonstrou que quatro variáveis (B11.1, B11.2, B11.4 e B13.2) tinham mais de 10% de dados ausentes. Além disso, foram encontradas 1.654 células em branco na base de dados, no total de 41.078, o que corresponde a apenas 0,04%. As variáveis do bloco 11 referem-se a serviços e oferta de intercâmbio. Dessa forma, acredita-se que a não resposta por parte dos entrevistados pode ser decorrente do fato de que muitos dos estudantes não procuram por esse tipo de serviço ou mesmo quando o querem o buscam por meio de outras empresas especializadas para tal. Já a variável B13.2 diz respeito à proximidade do local de trabalho em relação à escola. Como a amostra é composta de alto número de indivíduos cuja idade é inferior a 17 anos, é de se esperar que grande parte ainda não exerça atividade profissional e, portanto, não teria como emitir uma opinião acerca dessa variável. Avaliaram-se, também, os dados ausentes existentes por respondentes, criando uma nova variável denominada count, e detectou-se que 248 respondentes deixaram alguma questão em branco. Destes, entretanto, 71 tiveram volume superior a 10% de dados ausentes. Diante de tais resultados, optou-se por excluir as variáveis do bloco 11, a variável B13.2 e os 71 respondentes com mais de 10% de dados ausentes, dando, então, prosseguimento à análise. Segundo os autores, o terceiro passo consiste no levantamento da existência de algum padrão de ocorrência dos dados ausentes. Quando nenhum padrão é identificado, eles são definidos como dados completamente aleatórios ao acaso (ACAA). Para obter essa informação, Hair et al. (2009) preconizam realizar o teste denominado Little's MCar. Caso a significância do teste seja inferior a 1%, não é possível atestar que os dados são ACAA. O resultado revelou que os dados não são ACAA, uma vez que a significância foi >1% (Little's MCar test: Chi-Square = 10.779,920, DF = 9.819, Sig. = 0,000). 126 Os autores revelam que o quarto, e último, passo consiste na adoção de algum método de substituição para que não se tenha mais dados ausentes, uma vez que as técnicas multivariadas que serão utilizadas não permitem a existência dos mesmos. Com as eliminações dos indivíduos e variáveis, o banco de dados passou a apresentar menos de 10% dos dados ausentes e a amostra passou a contar com 366 respondentes. Dessa forma, optou-se por substituir os dados ausentes pela média, por ser um dos métodos mais adequados a esse diagnóstico observado. 6.1.4 Análise de outliers De acordo com Hair et al. (2009), os outliers são observações que apresentam um padrão de respostas muito distinto das outras observações. Os autores revelam que deve ser realizado um diagnóstico inicial para melhor compreendê-las e que, a princípio, não devem ser rotuladas como prejudiciais às análises. Além disso, os referidos autores explicitam a existência de quatro tipos de outliers: a) erros na tabulação dos dados ou falhas na codificação; b) observações decorrentes de algum evento extraordinário; c) observações extraordinárias para as quais o pesquisador não tem uma explicação; d) observações que estão no intervalo usual de valores para cada variável, mas são únicas em sua combinação de valores entre as variáveis. Em relação ao primeiro tipo, não foram encontrados valores fora do intervalo da escala (de zero a 10). Entretanto, análise primária do banco de dados constatou a existência de alguns questionários duplicados. Devido ao tipo de método de coleta empregado, que torna mais difícil um controle rigoroso, optou-se por eliminar esses 21 casos. Além disso, outro caso ocorrido foi quanto aos questionários que tiveram como resposta 10 em todas as variáveis, o que também é um comportamento excêntrico e suspeito, levando, portanto, à sua eliminação. Tais casos foram retirados antes mesmo da análise de dados ausentes, reduzindo o banco de dados, que contava com o total de 459 questionários, para o total de 438. Contando com um banco de dados composto de 366 entrevistados, percebeu- 127 se a existência de outliers univariados, com base em um método comumente utilizado. Esse método consiste na padronização dos resultados, de forma que a média da variável seja zero e o desvio-padrão um. Sugere-se que escores padronizados fora do intervalo de |3,29| sejam consideradas outliers (HAIR et al., 2009), para amostras maiores que 300, como é o caso desta pesquisa. Com base nesse critério, foram encontradas 272 observações com escores fora da faixa de -3,29 a 3,29, distribuídos em 43 variáveis, divididos em 81 casos. Por se tratar de observações supostamente válidas da população, uma vez que todas as respostas estavam dentro dos valores aceitáveis para a escala (zero a 10), e visando manter a consistência da amostra, preferiu-se manter tais casos na análise, com exceção de apenas seis respondentes, que se apresentaram como outliers em mais de 10% das questões, optando-se por excluí-lo. Foi encontrada também a existência de outliers multivariados (tipo 4) com base na medida D² de Mahalanobis. Hair et al. (2009) ressaltam que tal medida indica a posição de cada observação comparada com o centro de todas as observações em um conjunto de variáveis. Com base nesse teste, os outliers são aqueles que apresentam significância da medida inferior a 0,001, baseado em um teste qui-quadrado. Com base no teste foram encontrados 91 casos de observação atípica multivariada. Ao final, foram excluídos somente os seis indivíduos com excesso de valores atípicos na avaliação univariada, ficando o banco de dados com 360 entrevistados. Isso porque se acredita que as outras observações sejam casos válidos da população e, se fossem eliminadas, correr-se-ia o risco de melhorar a análise multivariada, mas limitar sua generalidade (HAIR et al., 2009). 6.1.5 Normalidade dos dados Um dos pressupostos do Método de Equações Estruturais é a distribuição normal das variáveis. Esta afirmativa justifica-se pelo fato de que o método de estimação a ser utilizado depende dos resultados obtidos (HAIR et al., 2009). Para 128 tanto, foi empregado o teste de Kolmogorov-Smirnov, para avaliar se as variáveis têm distribuição normal, uma vez que, de acordo com esse teste, uma variável pode ser considerada normal se o valor da significância da estatística for superior a 0,01 (nível liberal). A TAB. 4 apresenta o resultado do teste para as variáveis da pesquisa. TABELA 4 – Teste de adesão à normalidade de Kolmogorov-Sminorv – cont. Variáveis B3.1) Apresentam excelente conhecimento do idioma inglês B3.2) Têm excelente didática (sabem transmitir o conteúdo das aulas) B3.3) Estão bastante atualizados em relação ao inglês B3.4) São pontuais (chegam para a aula na hora certa) B3.5) Não faltam às aulas (assiduidade) B3.6) Têm excelente relacionamento com os alunos B3.7) Preocupam-se em ajudar os alunos a aprenderem inglês B3.8) Estimulam os alunos a desenvolverem suas habilidades na língua inglesa B4.1) Possui excelente infraestrutura B4.2) Possui infraestrutura com boa aparência B4.3) Possui salas de aula confortáveis B4.4) Possui os equipamentos necessários para auxiliar no processo de ensino B4.5) Possui infraestrutura adequada para boa aprendizagem B4.6) Possui biblioteca com boa infraestrutura B4.7) Possui biblioteca com bom acervo de livros B5.1) Possui excelente organização administrativa B5.2) Oferece serviços com elevada qualidade B5.3) Preocupa-se em solucionar os problemas dos alunos de forma rápida e eficiente B5.4) Atende às minhas solicitações à secretaria, diretoria, etc. de maneira rápida e eficaz B5.5) Preocupa-se sinceramente com a satisfação dos alunos B5.6) Preocupa-se em comunicar os fatos de forma clara B5.7) Tem funcionários sempre disponíveis para escutar os alunos B5.8) Mostra coerência entre o que fala e o que faz B5.9) Cumpre os compromissos firmados com os alunos B5.10) É honesta e transparente com os alunos B6.1) Atendimento rápido por parte dos funcionários B6.2) Atendimento eficiente por parte dos funcionários B6.3) Atendimento cordial por parte dos funcionários B6.4) Funcionários bem aparentados B6.5) Funcionários competentes B7.1) É acolhedor e amigável (faz com que eu me sinta bem recebido) B7.2) Faz com que eu me sinta na minha própria casa B7.3) É bastante informal Est. 5,14 4,18 4,92 5,72 7,21 6,25 6,12 6,06 3,54 4,33 4,30 4,58 4,49 3,14 2,91 3,94 4,00 Sig. 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 3,89 0% 4,19 0% 4,61 4,56 4,02 4,28 5,29 5,28 4,16 4,03 4,42 4,59 4,82 4,88 3,88 3,90 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 129 TABELA 4 – Teste de adesão à normalidade de Kolmogorov-Sminorv – cont. Variáveis B7.4) Possui excelente relacionamento entre as pessoas (professores, funcionários e alunos) B7.5) Tem pessoas simpáticas e legais nas turmas B8.1) Possui excelente método de ensino B8.2) Oferece cursos personalizados de acordo com as minhas necessidades e expectativas B8.3) Tem método de ensino que não exige que os alunos “decorem” o conteúdo da matéria B8.4) Oferece flexibilidade de horários B8.5) Possui horário de aulas que atende às minhas necessidades B8.6) Tem muitas atividades de conversação B8.7) Oferece atividades extracurriculares (ex. eventos, feiras, extensão) que permitem a integração dos alunos B8.8) Proporciona aplicação prática do inglês no dia-a-dia por meio de músicas, filmes, etc. B8.9) Estimula o aprendizado por meio de convidados/palestras com norteamericanos/ ingleses para prática do inglês B9.1) Oferece aprendizado rápido B9.2) Oferece cursos de curta duração B9.3) Auxilia-me a ter fluência no idioma inglês rapidamente B10.1) É bastante tradicional no mercado de cursos de idiomas B10.2) É bastante conhecida no mercado de cursos de idiomas B10.3) Tem boa reputação no mercado de cursos de idiomas B10.4) É famosa no mercado de cursos de idiomas B10.5) Tem nome bastante reconhecido no mercado de cursos de idiomas B10.6) Tem marca sólida no mercado de cursos de idiomas B11.1) Possui intercâmbio com escolas e/ou universidades internacionais B11.2) Promove viagens ao exterior para os seus estudantes B11.3) Prepara os seus alunos para viagens internacionais B11.4) Possibilita-me fazer intercâmbio em outros países B12.1) É bastante valorizada pelos meus amigos e/ou familiares B12.2) É frequentada por alunos de elevado nível social B12.3) Dá prestígio aos seus estudantes B12.4) É um lugar onde as pessoas com quem eu quero conviver estudam B12.5) É uma instituição chique B12.6) É o lugar onde as pessoas bem-sucedidas estudam ou estudaram B13.1) Tem excelente localização B13.3) Fica perto da minha casa B13.4) É de fácil acesso B13.5) Oferece facilidade de estacionamento B14.1) Oferece cursos baratos B14.2) Possui baixo valor de mensalidade B14.3) Possui boa relação custo-benefício Est. Sig. 5,28 0% 5,56 4,35 0% 0% 4,32 0% 4,20 0% 3,89 4,73 4,40 0% 0% 0% 3,74 0% 3,83 0% 2,72 0% 3,22 3,24 3,88 3,53 3,83 4,34 4,12 4,10 4,18 3,83 3,43 3,74 3,84 4,04 2,82 3,55 3,25 2,82 2,83 4,97 3,91 5,13 2,37 2,33 2,11 2,62 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 130 TABELA 4 – Teste de adesão à normalidade de Kolmogorov-Sminorv – conclui Variáveis B14.4) Oferece qualidade compatível com o valor cobrado pela mensalidade B14.5) Tem valor de mensalidade que vale a pena pagar B15.1) A escola de inglês em que eu estudo atende totalmente às minhas expectativas B15.2) Estou satisfeito com a minha decisão em estudar na escola de inglês onde estou matriculado B15.3) Sinto prazer em estudar na escola de inglês onde estou matriculado B15.8) Eu só falo coisas positivas sobre a escola de inglês onde eu estudo para meus parentes e amigos B15.9) Eu estimulo as pessoas a estudarem na escola de inglês onde eu estudo B15.10) Eu recomendo as pessoas a estudarem na escola de inglês onde eu estudo B15.11) Sinto orgulho em estudar na escola de inglês em que estou matriculado B15.12) Eu fico envaidecido ao contar para os outros que eu estudo na escola de inglês onde estou matriculado B15.13) Para mim é uma honra estudar na escola de inglês em que estou matriculado B15.14) Mesmo que eu recebesse uma proposta para estudar em outra escola de inglês eu continuaria estudando na escola onde estou matriculado B15.15) Eu acredito que estaria perdendo muito se eu trocasse a escola de inglês onde eu estudo por outras escolas existentes no mercado B15.16) Eu considero a minha escola de inglês a primeira opção entre as existentes no mercado B15.17) Pretendo continuar estudando na escola de inglês onde eu estou matriculado B16.2) Faz mais sentido estudar na escola onde eu estudo em vez de em outras escolas de inglês existentes no mercado, mesmo que elas ofereçam cursos semelhantes B16.3) Ainda que outras escolas de inglês ofereçam os mesmos cursos que a escola onde eu estudo, eu prefiro estudar nela do que em qualquer outra B16.4) Mesmo que outras escolas de inglês sejam consideradas tão boas quanto a escola em que eu estudo, eu prefiro estudar nela do que em qualquer outra Fonte: dados da pesquisa. Est. 3,85 3,70 Sig. 0% 0% 3,98 0% 4,26 0% 4,25 0% 3,51 0% 3,44 0% 3,50 0% 3,54 0% 2,79 0% 3,54 0% 2,76 0% 2,97 0% 3,64 0% 4,37 0% 2,86 0% 3,06 0% 3,14 0% Com base nos resultados da TAB. 4, nota-se que todas as variáveis rejeitaram a hipótese nula de normalidade dos dados. Pode-se confirmar, ainda, a não existência da normalidade multivariada, pois esta exige a distribuição normal univariada (TABACHNICK; FIDEL, 2001). Dessa forma, será escolhido um método de estimação no modelo de equações estruturais adequado a esse tipo de dados. 131 6.1.6 Linearidade Outro pressuposto da técnica multivariada a ser utilizada no teste de hipóteses é a linearidade dos dados. Ela pode ser avaliada por meio da correlação das variáveis par a par, de modo que se a correlação apresenta um coeficiente significativo (no nível de 5%), há um indicativo da existência de linearidade (HAIR et al., 2009). O coeficiente mais adequado, quando não há normalidade, é o de Spearman (MALHOTRA, 2006) e, por esse motivo, foi o empregado na presente pesquisa. Ressalta-se que foram obtidas 3.375 de 3.901 relações significativas no nível de 5%, a partir da análise da matriz de correlação, o que representa 87% das correlações possíveis. Dessa forma, foi dado prosseguimento às análises, uma vez que os dados são adequados ao tipo de técnica a ser aplicada posteriormente. 6.2 Dimensionalidade dos construtos da pesquisa Para início das análises, é importante esclarecer o que são construtos. Eles podem ser entendidos como o agrupamento de diversas variáveis e de formas de mensurar conceitos abstratos que não são possíveis de serem captados por meio de apenas uma variável (NETEMEYER; BEARDEN; SHARMA, 2003). Após a operacionalização (criação das diversas variáveis), é importante que os construtos sejam medidas válidas e confiáveis do conceito que pretendem mensurar. Para tanto, é realizada uma Análise Fatorial Confirmatória (AFC). Entretanto, em um primeiro momento, é importante conhecer a dimensionalidade dos construtos, que é realizada por meio de uma Análise Fatorial Exploratória (AFE). Esse caminho é necessário, visto que cada construto teórico deve tratar de dimensões distintas do fenômeno estudado. Além disso, a unidimensionalidade implica que os itens do questionário devem estar altamente relacionados uns aos outros, formando um único conceito (HAIR et al., 2009). Como este estudo utilizou construtos que já haviam sido validados em outras pesquisas, optou-se por realizar uma AFE para cada um deles. Para isso, foi 132 utilizada a análise de componentes principais como método de extração e o varimax como método de rotação. Segundo Mingoti (2005), tal método de extração é mais adequado quando se espera que as cargas fatoriais das variáveis carreguem no primeiro fator e que, caso seja encontrado mais de um fator, estes sejam correlacionados. Além disso, para definir o número de fatores foi utilizado o critério do Eigenvalue, ou seja, somente fatores que apresentaram eigenvalues (quantidade de variância explicada por um fator) acima de um foram considerados significantes (HAIR et al., 2009). Após rodar a AFE, duas medidas devem ser analisadas e constatou-se que a aplicação mais apropriada da mesma foi feita aos dados da pesquisa: a medida de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e o Teste de Esfericidade de Bartlett (TEB). O KMO indica a proporção da variância dos dados, que pode ser considerada comum a todas as variáveis. De acordo com Malhotra (2006), ele varia de 0,000 a 1,000 e a solução fatorial é adequada se apresentar valor entre 0,500 e 1,000. Além disso, quanto mais próximo de 1,000 (unidade), mais adequada é a amostra à aplicação da análise fatorial. Já o TEB indica se a matriz de correlação populacional não é uma identidade, o que pode ser comprovado quando o resultado revela valor significativo (p<0,01) - isso se a matriz de identidade não é adequada à aplicação da AFE. Após garantir que o KMO e o TEB são adequados, é importante avaliar outras três medidas de modo a aferir a qualidade da solução encontrada, a saber: a variância explicada (VE), a comunalidade (Com) e a carga fatorial (CF). A VE indica o quanto a redução dos dados consegue explicar o construto, de modo que um mínimo adequado é de 50%. Já a Com reflete o quanto determinada variável compartilha de significado com as outras variáveis do construto, sendo que, nesta pesquisa, adotou-se que valores superiores a 0,400 eram adequados. Por fim, a CF representa o quanto determinada variável compartilha de significado o seu respectivo fator, sendo que valores acima de 0,400 são considerados adequados. Além disso, caso a variável apresente CF muito semelhante em dois fatores ou mais, esta deve ser eliminada, sob o risco de causar falta de validade discriminante entre os mesmos (HAIR et al., 2009). 133 O QUADRO 6 apresenta de forma resumida os critérios para verificar a adequação e a qualidade da solução fatorial encontrada. QUADRO 6 – Critérios para adequação da solução fatorial e confiabilidade Medida Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) Teste de Esfericidade de Bartlett (TEB) Variância explicada (VE) Comunalidade (h²) Carga fatorial (CF) Parâmetro de aceitação > 0,500 (duas variáveis) ou >0,600 (três variáveis ou mais) Valor significativo inferior a 1% > 50% > 0,400 > 0,400 (para somente um fator) Fonte: Mingoti (2005), Malhotra (2006) e Hair et al. (2009). A primeira solução fatorial encontrada para o construto B3 - Professores da escola - apresentou KMO de 0,853, o TEB foi de 1.335,93 (sig. a 1%) e a variância explicada foi de 53,66%. A TAB. 5 exibe a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. TABELA 5 – Solução fatorial do construto B3: professores da escola Variáveis Comunalidade Carga fatorial B3.1) Apresentam excelente conhecimento do idioma inglês 0,557 0,746 B3.2) Têm excelente didática (sabem transmitir o conteúdo das aulas) 0,570 0,755 B3.3) Estão bastante atualizados em relação ao inglês 0,508 0,713 B3.4) São pontuais (chegam para a aula na hora certa) 0,418 0,646 B3.5) Não faltam às aulas (assiduidade) 0,485 0,696 B3.6) Têm excelente relacionamento com os alunos 0,603 0,777 B3.7) Preocupam-se em ajudar os alunos a aprenderem inglês 0,572 0,756 B3.8) Estimulam os alunos a desenvolverem as suas habilidades na 0,580 0,762 língua inglesa Fonte: dados da pesquisa. A segunda solução fatorial registrada foi para o construto B4 – Infraestrutura da escola, que demonstrou a existência de dois fatores. Apresentou KMO de 0,802 e o TEB foi de 2.006,02 (sig. a 1%); a variância explicada foi de 81,17%. O primeiro fator foi denominado de B4.1 - Infraestrutura da escola - e o segundo fator de B4.2 Biblioteca. A TAB. 6 exibe a carga fatorial, a comunalidade e a variância explicada para os fatores encontrados. 134 TABELA 6 – Solução fatorial do construto B4: infraestrutura da escola com base no método de extração denominado componentes principais e definição do número de fatores livres Variáveis Comunalidade B4.1) Possui excelente infraestrutura B4.2) Possui infraestrutura com uma boa aparência B4.3) Possui salas de aula confortáveis B4.4) Possui os equipamentos necessários para auxiliar no processo de ensino B4.5) Possui infraestrutura adequada para a boa aprendizagem B4.6) Possui biblioteca com boa infraestrutura B4.7) Possui biblioteca com bom acervo de livros 0,768 0,776 0,789 0,717 Carga fatorial Variância explicada Fator 1 Fator 2 0,880 0,882 0,879 61,15% 0,850 0,763 0,932 0,937 0,873 20,02% 0,949 0,981 Fonte: dados da pesquisa. A terceira solução fatorial obtida foi para o construto B5 - Qualidade de serviços, Organização Administrativa e Comunicação da escola, que apresentou KMO de 0,944, TEB de 3.327,07 (sig. a 1%) e variância explicada de 71,19%. Na TAB. 7 encontram-se a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. TABELA 7 – Solução fatorial do construto B5: qualidade de serviços, organização administrativa e comunicação da escola Variáveis B5.1) Possui excelente organização administrativa B5.2) Oferece serviços com elevada qualidade B5.3) Preocupa-se em solucionar os problemas dos alunos de forma rápida e eficiente B5.4) Atende às minhas solicitações à secretaria, diretoria, etc. de maneira rápida e eficaz B5.5) Preocupa-se sinceramente com a satisfação dos alunos B5.6) Preocupa-se em comunicar os fatos de forma clara B5.7) Tem funcionários sempre disponíveis para escutar os alunos B5.8) Mostra coerência entre o que fala e o que faz B5.9) Cumpre os compromissos firmados com os alunos B5.10) É honesta e transparente com os alunos Comunalidade Carga fatorial 0,608 0,681 0,780 0,825 0,771 0,878 0,771 0,878 0,800 0,685 0,628 0,777 0,722 0,676 0,895 0,827 0,793 0,881 0,850 0,822 Fonte: dados da pesquisa. A quarta solução fatorial detectada foi para o construto B6 – Funcionários e atendimento da escola, que apresentou um KMO de 0,870, TEB de 1.486,11 (sig. a 135 1%) e a variância explicada foi de 77,62%. A TAB. 8 mostra a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. TABELA 8 – Solução fatorial do construto B6: funcionários e atendimento da escola Variáveis B6.1) Atendimento rápido por parte dos funcionários B6.2) Atendimento eficiente por parte dos funcionários B6.3) Atendimento cordial por parte dos funcionários B6.4) Funcionários bem aparentados B6.5) Funcionários competentes Comunalidade Carga fatorial 0,820 0,841 0,829 0,699 0,692 0,906 0,917 0,910 0,836 0,832 Fonte: dados da pesquisa. A quinta solução fatorial encontrada foi para o construto B7 – Ambiente da escola, com KMO de 0,783, TEB de 609,58 (sig. a 1%) e a variância explicada foi de 68,32%. Vale ressaltar que, para tanto, foi necessária a retirada da variável "B7.3 – É bastante informal", pois esta apresentou comunalidade de 0,192. A TAB. 9 revela a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. TABELA 9 – Solução fatorial do construto B7: ambiente da escola Variáveis B7.1) É acolhedor e amigável (faz com que eu me sinta bem recebido) B7.2) Faz com que eu me sinta na minha própria casa B7.4) Possui excelente relacionamento entre as pessoas (professores, funcionários e alunos) B7.5) Tem pessoas simpáticas e legais nas turmas Comunalidade Carga fatorial 0,720 0,619 0,848 0,786 0,771 0,878 0,624 0,790 Fonte: dados da pesquisa. A sexta solução fatorial registrada foi para o construto B8 – Método de ensino da escola, que demonstrou a existência de dois fatores. Ela apresentou KMO de 0,886, TEB de 1.968,02 (sig. a 1%) e a variância explicada foi de 70,69%. O primeiro fator foi denominado de B8.1 – Método de ensino da escola; e o segundo fator de B8.2 - Atividades extras. A TAB. 10 exibe a carga fatorial, a comunalidade e a variância explicada para os fatores encontrados. 136 TABELA 10 – Solução fatorial do construto B8: método de ensino da escola Variância explicada Carga fatorial Variáveis Comunalidade B8.1) Possui excelente método de ensino B8.2) Oferece cursos personalizados de acordo com as minhas necessidades e expectativas B8.3) Tem método de ensino que não exige que os alunos “decorem” o conteúdo da matéria B8.4) Oferece flexibilidade de horários B8.5) Possui horário de aulas que atende às minhas necessidades B8.6) Tem muitas atividades de conversação B8.7) Oferece atividades extracurriculares (ex. eventos, feiras, extensão) que permitem a integração dos alunos B8.8) Proporciona aplicação prática do inglês no dia-a-dia por meio de músicas, filmes, etc. B8.9) Estimula o aprendizado por meio de convidados/palestras com norte-americanos/ ingleses para prática do inglês Fonte: dados da pesquisa. 0,668 0,848 0,683 0,757 0,673 58% Fator 1 Fator 2 0,860 0,724 0,796 0,673 0,850 0,696 0,720 0,764 0,808 0,699 0,638 0,783 13% 0,943 A sétima solução fatorial obtida foi para o construto B9 – Rapidez da aprendizagem da escola, com KMO de 0,728, TEB de 603,20 (sig. a 1%) e variância explicada de 80,97%. A TAB. 11 exibe a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. TABELA 11 – Solução fatorial do construto B9: rapidez da aprendizagem da escola Variáveis B9.1) Oferece aprendizado rápido B9.2) Oferece cursos de curta duração B9.3) Auxilia-me a ter fluência no idioma inglês rapidamente Comunalidade Carga fatorial 0,825 0,755 0,850 0,908 0,869 0,922 Fonte: Dados da pesquisa A oitava solução fatorial detectada foi para o construto B10 – Marca e tradição da escola, que apresentou KMO de 0,904, TEB de 3.652,23 (sig. a 1%) e variância explicada de 90,43%. A TAB. 12 informa a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. 137 TABELA 12 – Solução fatorial do construto B10: marca e tradição da escola Variáveis B10.1) É bastante tradicional no mercado de cursos de idiomas B10.2) É bastante conhecida no mercado de cursos de idiomas B10.3) Tem boa reputação no mercado de cursos de idiomas B10.4) É famosa no mercado de cursos de idiomas B10.5) Tem nome bastante reconhecido no mercado de cursos de idiomas B10.6) Tem marca sólida no mercado de cursos de idiomas Comunalidade Carga fatorial 0,866 0,926 0,867 0,947 0,931 0,962 0,931 0,973 0,935 0,967 0,885 0,941 Fonte: Dados da pesquisa A nona solução fatorial encontrada foi para o construto B12 – Status e endosso social da escola, que apresentou KMO de 0,837, TEB de 1.058,10 (sig. a 1%) e variância explicada de 60,61%. A TAB. 13 exibe a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. TABELA 13 – Solução fatorial do construto B12: status e endosso social da escola Variáveis B12.1) É bastante valorizada pelos meus amigos e/ou familiares B12.2) É frequentada por alunos de elevado nível social B12.3) Dá prestígio aos seus estudantes B12.4) É um lugar onde as pessoas com quem eu quero conviver estudam B12.5) É uma instituição chique B12.6) É o lugar onde as pessoas bem-sucedidas estudam ou estudaram Fonte: dados da pesquisa. Comunalidade Carga fatorial 0,513 0,589 0,665 0,716 0,767 0,816 0,492 0,701 0,695 0,834 0,682 0,826 A décima solução fatorial apurada foi para o construto B13 – Acessibilidade e comodidade oferecida pela escola: KMO de 0,608, TEB de 273,77 (sig. a 1%) e variância explicada de 65,09%. Vale ressaltar que, para tanto, foi necessário retirar a variável "B13.5 - Oferece facilidade de estacionamento", que teve comunalidade de 0,148. A TAB. 14 traz a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. 138 TABELA 14 – Solução fatorial do construto B13: acessibilidade e comodidade oferecida pela escola Variáveis B13.1) Tem excelente localização B13.3) Fica perto da minha casa B13.4) É de fácil acesso Comunalidade 0,703 0,467 0,782 Carga fatorial 0,838 0,684 0,885 Fonte: dados da pesquisa. A 11a. solução fatorial registrada foi para o construto B14.1 - Preço, que apresentou KMO de 0,500, sendo o TEB de 536,34 (sig. a 1%) e a variância explicada de 94,07%. Na TAB. 15 notam-se a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. TABELA 15 – Solução fatorial do construto B14.1: preço Variáveis Comunalidade Carga fatorial 0,941 0,941 0,970 0,970 B14.1) Oferece cursos baratos B14.2) Possui baixo valor de mensalidade Fonte: Dados da pesquisa. A 12a. solução fatorial detectada foi para o construto B14.2 - Valor percebido, que mostrou KMO de 0,729, TEB de 733,11 (sig. a 1%) e variância explicada foi de 83,89%. A TAB. 16 exibe a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. TABELA 16 – Solução fatorial do construto B14.2: valor percebido Variáveis B14.3) Possui boa relação custo-benefício B14.4) Oferece qualidade compatível com o valor cobrado pela mensalidade B14.5) Tem valor de mensalidade que vale a pena pagar Comunalidade Carga fatorial 0,774 0,880 0,879 0,937 0,864 0,930 Fonte: dados da pesquisa. A 13a. solução fatorial encontrada foi para o construto B15.1 - Satisfação, que apresentou KMO de 0,747, TEB foi de 931,69 (sig. a 1%) e variância explicada de 88,36%. A TAB. 17 informa a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. 139 TABELA 17 – Solução fatorial do construto B15.1: satisfação Variáveis Comunalidade B15.1) A escola de inglês em que eu estudo atende totalmente 0,877 às minhas expectativas B15.2) Eu estou satisfeito com a minha decisão em estudar na 0,918 escola de inglês onde estou matriculado B15.3) Eu sinto prazer em estudar na escola de inglês onde 0,856 estou matriculado Fonte: dados da pesquisa. Carga fatorial 0,936 0,958 0,925 A 14a. solução fatorial obtida foi para o construto B15.3 - Comunicação boca a boca/recomendação, que teve KMO de 0,654, TEB de 663,68 (sig. a 1%) e variância explicada de 78,32%. Na TAB. 18 percebem-se a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. TABELA 18 – Solução fatorial do construto B15.3: comunicação boca a boca/ recomendação Variáveis Comunalidade Carga fatorial B15.8) Eu só falo coisas positivas sobre a escola de inglês onde eu 0,615 0,784 estudo para meus parentes e amigos B15.9) Eu estimulo as pessoas a estudarem na escola de inglês 0,853 0,923 onde eu estudo B15.10) Eu recomendo as pessoas a estudarem na escola de inglês 0,882 0,939 onde eu estudo Fonte: dados da pesquisa. A 15a. solução fatorial registrada foi para o construto B15.4 - Orgulho, que apresentou KMO de 0,693, TEB de 600,47 (sig. a 1%) e variância explicada de 79,74%. A TAB. 19 mostra a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. TABELA 19 – Solução fatorial do construto B15.4: orgulho Variáveis B15.11) Eu sinto orgulho em estudar na escola de inglês em que estou matriculado B15.12) Eu fico envaidecido ao contar para os outros que eu estudo na escola de inglês onde estou matriculado B15.13) Para mim, é uma honra estudar na escola de inglês em que estou matriculado Fonte: dados da pesquisa. Comunalidade Carga fatorial 0,813 0,901 0,709 0,842 0,870 0,933 140 A 16a. solução fatorial encontrada foi para o construto B15.5 - Lealdade, cujo KMO foi de 0,849, o TEB foi de 1.170,19 (sig. a 1%) e a variância explicada foi de 82,11%. Na TAB. 20 visualizam-se a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. TABELA 20 – Solução fatorial do construto B15.5: lealdade Variáveis B15.14) Mesmo que eu recebesse uma proposta para estudar em outra escola de inglês, eu continuaria estudando na escola onde estou matriculado B15.15) Eu acredito que estaria perdendo muito se trocasse a escola de inglês onde eu estudo por outras escolas existentes no mercado B15.16) Eu considero a minha escola de inglês a primeira opção entre as existentes no mercado B15.17) Eu pretendo continuar estudando na escola de inglês onde eu estou matriculado Fonte: dados da pesquisa. Comunalidade Carga fatorial 0,837 0,915 0,858 0,926 0,858 0,926 0,731 0,855 A 17a., e última, solução fatorial obtida foi para o construto B16 - Preferência, que apresentou KMO de 0,745, sendo o TEB de 952,11 (sig. a 1%) e a variância explicada de 88,38%. A TAB. 21 exibe a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. TABELA 21 – Solução fatorial do construto B16: preferência Variáveis B16.2) Faz mais sentido estudar na escola onde eu estudo em vez de em outras escolas de inglês existentes no mercado, mesmo que elas ofereçam cursos semelhantes B16.3) Ainda que outras escolas de inglês ofereçam os mesmos cursos que a escola onde eu estudo, eu prefiro estudar nela do que em qualquer outra B16.4) Mesmo que outras escolas de inglês sejam consideradas tão boas quanto a escola em que eu estudo, eu prefiro estudar nela do que em qualquer outra Fonte: dados da pesquisa. Comunalidade Carga fatorial 0,838 0,915 0,915 0,957 0,898 0,948 141 6.3 Método de equações estruturais: teste das hipóteses Após serem realizadas análises exploratórias, de modo a conhecer melhor os dados e definir a estrutura dos construtos utilizados na pesquisa, procedeu-se à utilização do Método de Equações Estruturais (MEE ou SEM). Tal método permite estudar modelos mais complexos com relações de dependência simultâneas, além de possibilitar a utilização de variáveis não observáveis (construtos) mais adequadas para mensuração de conceitos complexos e levar em conta o erro de mensuração (HAENLEIN; KAPLAN, 2004; MACKENZIE, 2001). Assim, o método foi ao encontro das necessidades da pesquisa, que operacionalizou os conceitos estudados por meio de construtos e possui um modelo com diversas relações de dependência. Haenlein e Kaplan (2004) enfatizam que os parâmetros no MEE podem ser estimados por meio de dois grandes métodos: o primeiro é baseado na matriz de covariância, como o método da máxima verossimilhança, e o segundo é baseado na variância, como o Partil Least Square (PLS). De acordo com Henseler, Ringle e Sinkovics (2009), o segundo método possui algumas vantagens em relação ao primeiro. Entre essas vantagens, é possível citar a não exigência da normalidade multivariada como pressupostos e não levar a problemas de mensuração ou a resultados impróprios ou não convergentes. Fornell e Bookstein (1982) revelam, ainda, que o PLS trabalha bem com tamanhos de amostras limitados, sendo possível sua aplicação em amostras que apresentem até menos de 100 observações. Como os dados da pesquisa em questão não apresentam distribuição normal, a rede de relações a ser testada é complexa e o número de respondentes é reduzido. Para tanto, optou-se por utilizar o PLS como método de estimação dos parâmetros do modelo, por meio do software SmartPLS (RINGLE; WENDE; WILL, 2005). Para constatar se os 366 entrevistados eram suficientes para aplicar o PLS na estimação dos parâmetros do modelo, foi utilizado o critério estabelecido por Chin (1998). Para ele, a amostra deve possuir cinco a 10 vezes o número de indicadores do construto com mais alto número de indicadores. Na presente pesquisa, o construto com o maior número de indicadores é o “qualidade percebida global”, 142 composto de 12 indicadores. Dessa forma, para adequado teste do modelo, seriam necessários, no mínimo, 60 a 120 respondentes. Como a amostra possui quase três vezes além do necessário, pode-se considerar adequada a aplicação do método de estimação PLS para os dados coletados. Hair et al. (2009) conceituam que um modelo é um conjunto sistemático de relações, que fornecem uma explicação consistente e abrangente de fenômenos, delineado com base em uma teoria. Na SEM, geralmente são testados dois modelos: o modelo de mensuração e o modelo estrutural, que no PLS-SEM são denominados de Outer Model e Inner Path Model, respectivamente. O teste do Outer Model também pode ser chamado de Análise Fatorial Confirmatória (AFC). Na AFC são verificadas a validade convergente, a validade discriminante e a confiabilidade dos construtos da pesquisa (HAIR et al., 2009). A validade do construto é mensurada por dois conceitos: a validade convergente e a validade discriminante. A primeira garante que os indicadores de um construto estão correlacionados o suficiente para medir o conceito latente (MALHOTRA, 2006), enquanto a segunda avalia se os construtos, efetivamente, medem diferentes aspectos do fenômeno de interesse, tratando de conceitos distintos (TABACHNICK; FIDEL, 2001). De modo a testar a validade convergente dos construtos, foram utilizados dois critérios: o proposto por Bagozzi, Yi e Philips (1991) e o proposto por Fornell e Larcker (1981). Com base no primeiro, um construto apresenta validade convergente quando a significância das cargas padronizadas dos mesmos, decorrentes do modelo de equações estruturais, é inferior a 5 ou 1%, por meio de testes t unicaudais, em que o t crítico corresponde a 1,65 (=0,05) ou 2,236 (=0,01). Já o critério proposto por Fornell e Larcker (1981) garante tal validade caso a Variância Média Extraída (AVE), que indica o percentual médio de variância compartilhada entre o construto latente e seus indicadores e varia de 0 a 100% (HAIR et al., 2009), seja superior a 50% (HENSELER; RINGLE; SINKOVICS, 2009; TABACHNICK; FIDEL, 2001). Já para a realização do teste da validade discriminante, foi utilizado, primeiramente, o método proposto por Fornell e Larcker (1981). Para que os 143 construtos apresentem validade discriminante, a correlação elevada ao quadrado de todos os pares de construtos do modelo devem ser inferiores às AVEs dos construtos comparados. Uma outra forma de se testar a validade discriminante dos construtos é por meio dos cross-loadings, ou cargas cruzadas, que indicam a correlação das variáveis com todos os construtos do modelo. Neste caso, para que um construto seja diferente dos demais, suas variáveis devem possuir carga superior no mesmo, comparada às suas cargas nos outros construtos. Vale ressaltar que quando um modelo apresenta variáveis com cargas superiores em outros construtos comparadas com o construto que ela pretende mensurar, tal variável deve ser revista (CHIN, 1998; GÖTZ; LIEHR-GOBBERS; KRAFFT, 2009). Por fim, o construto deve apresentar, ainda, confiabilidade adequada, que revela a consistência e capacidade das medidas em mensurar o conceito que pretendem medir (HAIR et al., 2009). Nesse caso, duas medidas podem ser utilizadas: a confiabilidade composta (CC) ou o Alfa de Cronbach (AC). Tanto o CC quanto o AC variam de 0 a 100%, sendo que quanto mais próximo de 100%, maior a confiabilidade da escala. Além disso, o CC diz o quanto da variância dos construtos é livre de erros aleatórios (HAIR et al., 2009), enquanto o AC representa a proporção da variância total da escala, que é atribuída ao verdadeiro escore do construto latente que está sendo mensurado (NETEMEYER; BEARDEN; SHARMA, 2003). De acordo com Hair et al. (2009), elas devem apresentar valor superior a 70%. Após garantir que os construtos possuem validade convergente, discriminante e confiabilidade, é avaliado o Inner Path Model. Ele é utilizado para aferir a validade nomológica, em que são testadas as hipóteses estabelecidas (HUNT, 2002) e o ajuste do modelo (HAIR et al., 2009). Para isso, são analisados quatro aspectos: o primeiro é o percentual das variações dos construtos endógenos, que são explicadas pelos construtos exógenos (R²). Já em relação às cargas da regressão, devem ser observadas a significância, a magnitude e o sentido das mesmas. Para testar a significância das cargas, faz-se uso do procedimento bootstrapping (HENSELER; RINGLE; SINKOVICS, 2009), que tem valor t, para cada carga, inferior a 1,66 (=0,05) ou 2,36 (=0,01) (ANDERSON; SWEENEY; WILLIAMS, 2009). De modo a avaliar a magnitude, deve-se considerar que as cargas variam de -1 a 1 e, quanto 144 mais próximas dos extremos, maior o impacto. Por fim, deve-se avaliar o sentido da relação, ou seja, se a carga foi positiva ou negativa, sendo que Henseler, Ringle e Sinkovics (2009) reconhecem que caminhos que possuem um sinal algébrico contrário ao esperado levam à rejeição da hipótese testada. De modo a avaliar o ajuste do modelo, foram utilizadas duas medidas: o Goodness of fit (GoF), com base na fórmula proposta por Amato, Esposito Vinzi e Tenenhaus (2004), e o Stone-Geisser’s Q² (Q²). Para calcular o GoF, deve-se tomar a média das AVEs dos construtos e a média dos R² do modelo. Ao final, deve-se realizar a média geométrica das duas médias anteriores obtidas no GoF. Tal valor varia de 0 a 100%, não havendo, ainda, valores de corte para considerar um ajuste como bom ou ruim. No entanto, quanto mais próximo de 100%, melhor o ajuste. Já o Q², que reflete se o modelo foi capaz de predizer adequadamente os construtos endógenos, deve ser superior a zero (HAIR; RINGLE; SARSTEDT, 2011). Antes de prosseguir com as análises, é importante esclarecer algumas denominações utilizadas no MEE: construtos exógenos x construtos endógenos; construtos reflexivos x construtos formativos; e construtos de primeira ordem x construtos de segunda ordem. Em relação ao primeiro par de termos, construtos exógenos x construtos endógenos, deve-se entender que o MEE assume nomenclaturas diferentes para denominar as relações de dependência e independência, uma vez que diversas relações, sejam de dependência ou independência, são testadas em um mesmo modelo. Dessa forma, os construtos exógenos são aqueles que apresentam impacto hipotético em algum outro construto. Já os construtos endógenos são aqueles hipoteticamente explicados por outros construtos. Além disso, vale ressaltar que um mesmo construto/ variável pode ser exógeno e endógeno simultaneamente, em equações diferentes (BREI; LIBERALI NETO, 2006). O segundo par de termos a se referenciar são construtos reflexivos x construtos formativos. No caso dos construtos reflexivos, variações nos mesmos causam variações nas variáveis que os compõem. A divisão em variáveis é um mecanismo para simplificar o entendimento acerca do conceito, pois isso não é possível na realidade, e tais variáveis são altamente correlacionadas. Já os 145 construtos formativos são aqueles cujas mudanças nas variáveis causam variações no construto, visto que as variáveis, nesse caso, são formadoras do construto em questão e funcionam de maneira independente umas das outras. Vale ressaltar que, nesta pesquisa, foram empregados apenas construtos reflexivos (GOSLING; GONÇALVES, 2003). Por fim, deve-se esclarecer o que são construtos de primeira ordem e construtos de segunda ordem. Tais nomenclaturas são mais bem compreendidas quando relacionadas à unidimensionalidade ou não da variável latente. Os construtos de primeira ordem são mensurados por meio de variáveis. Entretanto, existem outros tipos de conceitos, mais complexos, que são mensurados por outros construtos (que estão sendo denominados de subconstrutos) e são, desta forma, denominados de construtos de segunda ordem (HAIR et al., 2012; HENSELER; RINGLE; SINKOVICS, 2009). No caso desta pesquisa, o construto “qualidade percebida global” foi considerado de segunda ordem, composto de 12 dimensões. Entretanto, o software utilizado para testar o modelo proposto (SmartPLS) não comporta o teste de construtos de segunda ordem. Como forma de ascender a essa limitação, Wilson e Henseler (2007) propõem a utilização do método de dois passos (The Two-step approach), que consiste em rodar o Outer Model utilizando somente os construtos de primeira ordem. Após garantir a validade e confiabilidade dos mesmos, é feita uma transformação dos construtos de primeira ordem em variáveis, utilizando a seguinte fórmula: X X Construto de primeira ordem (variável) X = (Σ (L * E)) / ((Σ L)) i=1 i=1 em que: L = carga estrutural padronizada da variável no construto E = nota de concordância / discordância atribuída pelo entrevistado X = número de variáveis que irão compor o índice (4) 146 Após a realização de tal cálculo, o modelo é rodado novamente. Nesse momento, o construto de segunda ordem é mensurado por meio de variáveis (que são os construtos de primeira ordem transformados por meio da média ponderada). Então, faz-se necessário garantir que os construtos de segunda ordem também apresentem validade e confiabilidade adequadas, para, então, verificar o Inner Path Model. A seguir são apresentados os resultados para o modelo proposto, separando o Outer Model e o Inner Path Model. 6.3.1 Outer Model: validade convergente, discriminante e confiabilidade Num primeiro momento, foi verificado o Outer Model dos construtos de primeira ordem. Após garantir que os mesmos são validados e confiáveis, os construtos que compõem a segunda ordem denominada “qualidade percebida global” foram transformados em variáveis para, então, testar o seu Outer Model. O relatório dos resultados foi, então, dividido dessa forma. 6.3.1.1 Construtos de primeira ordem A TAB. 22 apresenta o resultado da validade convergente, com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) para as variáveis dos construtos do modelo. A significância das cargas, inferiores a 1%, indicam que todas as variáveis têm validade convergente com o construto. As cargas padronizadas das variáveis são positivas e estão entre 0,52 e 0,98, indicando expressiva relação com próprio o construto. 147 TABELA 22 – Avaliação da validade convergente dos construtos de primeira ordem do modelo com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) - cont. Construto B3 Professores da escola B4.1 – Infraestrutura da escola B4.2 Biblioteca B5 Qualidade de serviços, organização administrativa e comunicação da escola Variável Amostra B3.1) Apresentam excelente conhecimento do 0,74 idioma inglês B3.2) Têm excelente didática (sabem 0,81 transmitir o conteúdo das aulas) B3.3) Estão bastante atualizados em relação 0,73 ao inglês B3.4) São pontuais (chegam para a aula na 0,64 hora certa) B3.5) Não faltam às aulas (assiduidade) 0,66 B3.6) Têm excelente relacionamento com os 0,75 alunos B3.7) Preocupam-se em ajudar os alunos a 0,73 aprenderem inglês B3.8) Estimulam os alunos a desenvolverem 0,76 as suas habilidades na língua inglesa B4.1) Possui excelente infraestrutura 0,86 B4.2) Possui infraestrutura com boa aparência 0,86 B4.3) Possui salas de aula confortáveis 0,89 B4.4) Possui os equipamentos necessários 0,86 para auxiliar no processo de ensino B4.5) Possui infraestrutura adequada para a 0,89 boa aprendizagem B4.6) Possui biblioteca com boa infraestrutura 0,98 B4.7) Possui biblioteca com um acervo de 0,95 livros B5.1) Possui excelente organização 0,78 administrativa B5.2) Oferece serviços com elevada 0,83 qualidade B5.3) Preocupa-se em solucionar os problemas dos alunos de forma rápida e 0,89 eficiente B5.4) Atende às minhas solicitações à secretaria, diretoria, etc. de maneira rápida e 0,88 eficaz B5.5) Preocupa-se sinceramente com a 0,89 satisfação dos alunos B5.6) Preocupa-se em comunicar os fatos de 0,82 forma clara B5.7) Tem funcionários sempre disponíveis 0,80 para escutar os alunos B5.8) Mostra coerência entre o que fala e o 0,88 que faz B5.9) Cumpre os compromissos firmados com 0,84 os alunos B5.10) É honesta e transparente com os 0,52 alunos Pop. Desv. Erro Valor T Sig. 0,73 0,05 0,05 15,60 0% 0,81 0,02 0,02 35,81 0% 0,73 0,04 0,04 18,32 0% 0,64 0,05 0,05 12,46 0% 0,66 0,05 0,05 13,16 0% 0,75 0,04 0,04 19,42 0% 0,73 0,05 0,05 13,92 0% 0,76 0,03 0,03 26,01 0% 0,86 0,03 0,03 0,86 0,03 0,03 0,89 0,02 0,02 30,94 25,95 54,39 0% 0% 0% 0,86 0,03 0,03 34,21 0% 0,89 0,02 0,02 43,85 0% 0,98 0,01 0,01 136,98 0% 0,95 0,03 0,03 31,28 0% 0,78 0,04 0,04 22,22 0% 0,83 0,03 0,03 27,77 0% 0,88 0,02 0,02 46,29 0% 0,88 0,02 0,02 46,41 0% 0,89 0,01 0,01 62,03 0% 0,82 0,03 0,03 25,74 0% 0,80 0,03 0,03 28,11 0% 0,88 0,02 0,02 57,77 0% 0,84 0,02 0,02 41,15 0% 0,53 0,05 0,05 10,07 0% 148 TABELA 22 – Avaliação da validade convergente dos construtos de primeira ordem do modelo com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) - cont. Construto Variável Amostra B6.1) Atendimento rápido por parte dos 0,91 funcionários B6.2) Atendimento eficiente por parte dos B6 – 0,92 Funcionários e funcionários atendimento da B6.3) Atendimento cordial por parte dos 0,91 funcionários escola B6.4) Funcionários bem aparentados 0,82 B6.5) Funcionários competentes 0,84 B7.1) É acolhedor e amigável (faz com que 0,87 eu me sinta bem recebido) B7.2) Faz com que eu me sinta na minha 0,78 própria casa B7 – Ambiente B7.4) Possui excelente relacionamento entre da escola as pessoas (professores, funcionários e 0,90 alunos) B7.5) Tem pessoas simpáticas e legais nas 0,75 turmas B8.1) Possui excelente método de ensino 0,80 B8.2) Oferece cursos personalizados de acordo com as minhas necessidades e 0,82 expectativas B8.1 – Método B8.3) Tem método de ensino que não exige de ensino da que os alunos “decorem” o conteúdo da 0,80 matéria escola B8.4) Oferece flexibilidade de horários 0,86 B8.5) Possui horário de aulas que atende às 0,83 minhas necessidades B8.6) Tem muitas atividades de conversação 0,83 B8.7) Oferece atividades extracurriculares (ex. eventos, feiras, extensão) que permitem 0,86 a integração dos alunos B8.2 B8.8) Proporciona aplicação prática do inglês Atividades 0,89 no dia-a-dia por meio de músicas, filmes, etc. extras B8.9) Estimula o aprendizado por meio de convidados/palestras com norte-americanos / 0,80 ingleses para prática do inglês 0,91 B9 – Rapidez B9.1) Oferece aprendizado rápido da B9.2) Oferece cursos de curta duração 0,86 aprendizagem B9.3) Auxilia-me a ter fluência no idioma 0,92 da escola inglês rapidamente Pop. Desv. Erro Valor T Sig. 0,91 0,01 0,01 69,46 0% 0,92 0,02 0,02 59,63 0% 0,91 0,02 0,02 48,57 0% 0,82 0,04 0,04 0,83 0,04 0,04 22,06 19,15 0% 0% 0,87 0,03 0,03 29,62 0% 0,78 0,03 0,03 24,30 0% 0,90 0,02 0,02 56,46 0% 0,74 0,06 0,06 13,11 0% 0,80 0,03 0,03 26,41 0% 0,83 0,02 0,02 36,91 0% 0,81 0,03 0,03 23,76 0% 0,86 0,02 0,02 39,23 0% 0,83 0,02 0,02 37,12 0% 0,83 0,02 0,02 36,54 0% 0,86 0,02 0,02 38,46 0% 0,89 0,01 0,01 60,97 0% 0,80 0,03 0,03 29,87 0% 0,91 0,02 0,02 0,86 0,02 0,02 51,68 37,77 0% 0% 0,92 0,01 0,01 87,96 0% 149 TABELA 22 – Avaliação da validade convergente dos construtos de primeira ordem do modelo com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) - cont. Construto Variável Amostra B10.1) É bastante tradicional no mercado de 0,92 cursos de idiomas B10.2) É bastante conhecida no mercado de 0,94 cursos de idiomas B10.3) Tem oa reputação no mercado de 0,94 B10 – Marca e cursos de idiomas tradição da B10.4) É famosa no mercado de cursos de escola 0,95 idiomas B10.5) Tem nome bastante reconhecido no 0,94 mercado de cursos de idiomas B10.6) Tem marca sólida no mercado de 0,93 cursos de idiomas B12.1) É bastante valorizada pelos meus 0,77 amigos e/ou familiares B12.2) É frequentada por alunos de elevado 0,75 nível social B12 – Status e B12.3) Dá prestígio aos seus estudantes 0,84 endosso social B12.4) É um lugar onde as pessoas com da escola 0,72 quem eu quero conviver estudam B12.5) É uma instituição chique 0,78 B12.6) É o lugar onde as pessoas bem0,78 sucedidas estudam ou estudaram B13 – B13.1) Tem excelente localização 0,87 Acessibilidade B13.3) Fica perto da minha casa 0,61 e comodidade oferecida pela B13.4) É de fácil acesso 0,90 escola B14.1) Oferece cursos baratos 0,97 B14.1 - Preço B14.2) Possui baixo valor de mensalidade 0,97 Pop. Desv. Erro Valor T Sig. B14.3) Possui boa relação custo-benefício B14.2 - Valor B14.4) Oferece qualidade compatível com o percebido valor cobrado pela mensalidade B14.5) Tem valor de mensalidade que vale a pena pagar B15.1) A escola de inglês que eu estudo atende totalmente às minhas expectativas B15.2) Estou satisfeito com a minha decisão B15.1 em estudar na escola de inglês onde estou Satisfação matriculado B15.3) Sinto prazer em estudar na escola de inglês onde estou matriculado B15.8) Eu só falo coisas positivas sobre a escola de inglês onde eu estudo para meus B15.3 parentes e amigos Comunicação B15.9) Eu estimulo as pessoas a estudarem boca a boca / na escola de inglês onde eu estudo recomendação B15.10) Eu recomendo as pessoas a estudarem na escola de inglês onde estudo 0,88 0,88 0,02 0,02 43,88 0% 0,94 0,94 0,01 0,01 74,20 0% 0,93 0,93 0,01 0,01 69,42 0% 0,94 0,94 0,01 0,01 92,56 0% 0,96 0,96 0,01 0,01 152,43 0% 0,92 0,92 0,01 0,01 75,03 0% 0,75 0,75 0,05 0,05 16,46 0% 0,94 0,93 0,01 0,01 72,45 0% 0,95 0,95 0,01 0,01 145,85 0% 0,91 0,02 0,02 57,43 0% 0,94 0,01 0,01 79,60 0% 0,94 0,01 0,01 89,96 0% 0,95 0,01 0,01 88,81 0% 0,94 0,01 0,01 71,39 0% 0,93 0,01 0,01 70,97 0% 0,78 0,03 0,03 29,08 0% 0,75 0,04 0,04 17,66 0% 0,84 0,02 0,02 37,20 0% 0,72 0,04 0,04 17,79 0% 0,78 0,03 0,03 23,32 0% 0,78 0,03 0,03 23,10 0% 0,87 0,03 0,03 0,61 0,07 0,07 31,80 8,59 0% 0% 0,90 0,02 0,02 56,39 0% 0,97 0,01 0,01 174,94 0% 0,97 0,00 0,00 210,09 0% 150 TABELA 22 – Avaliação da validade convergente dos construtos de primeira ordem do modelo com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) - conclui Construto Variável Amostra Pop. Desv. Erro Valor T Sig. B15.11) Eu sinto orgulho em estudar na 0,92 0,92 0,01 0,01 76,37 0% escola de inglês em que estou matriculado B15.12) Eu fico envaidecido ao contar para os B15.4 outros que eu estudo na escola de inglês 0,81 0,80 0,03 0,03 23,45 0% Orgulho onde estou matriculado B15.13) Para mim, é uma honra estudar na 0,94 0,94 0,01 0,01 105,14 0% escola de inglês em que estou matriculado B15.14) Mesmo que eu recebesse uma proposta para estudar em outra escola de 0,91 0,90 0,01 0,01 65,29 0% inglês, eu continuaria estudando na escola onde estou matriculado B15.15) Eu acredito que estaria perdendo muito se eu trocasse a escola de inglês onde 0,92 0,92 0,01 0,01 71,56 0% B15.5 eu estudo por outras escolas existentes no Lealdade mercado B15.16) Eu considero a minha escola de inglês a primeira opção entre as existentes no 0,92 0,92 0,01 0,01 96,32 0% mercado B15.17) Eu pretendo continuar estudando na 0,87 0,87 0,02 0,02 47,43 0% escola de inglês onde eu estou matriculado B16.2) Faz mais sentido estudar na escola onde eu estudo em vez de em outras escolas 0,91 0,91 0,02 0,02 50,42 0% de inglês existentes no mercado, mesmo que elas ofereçam cursos semelhantes B16.3) Ainda que outras escolas de inglês B16 ofereçam os mesmos cursos que a escola 0,96 0,96 0,01 0,01 108,02 0% Preferência onde eu estudo, eu prefiro estudar nela do que em qualquer outra B16.4) Mesmo que outras escolas de inglês sejam consideradas tão boas quanto a escola 0,95 0,95 0,01 0,01 103,84 0% em que eu estudo, eu prefiro estudar nela do que em qualquer outra a) Amostra: é o peso padronizado obtido para amostra completa; b) Pop.: é o peso médio obtido na população; c) Desv.: é o desvio-padrão da estimativa; d) Erro: é o erro estimado da estimativa; e) valor T: é a razão entre o peso não padronizado pelo seu erro-padrão. Fonte: dados da pesquisa. Entende-se, portanto, que, conforme o critério sugerido por Bagozzi, Yi e Philips (1991), todos os indicadores atingiram os valores mínimos necessários para atender ao pressuposto de validade convergente. A TAB. 23 apresenta os valores de AVE dos construtos de primeira ordem do modelo. De acordo com o critério de Fornell e Larcker (1981), pode-se atestar, 151 também, a validade convergente dos mesmos, uma vez que todas as AVEs são superiores a 50%. TABELA 23 – Avaliação da AVE dos construtos de primeira ordem do modelo Construtos B3 - Professores da escola B4.1 – Infraestrutura da escola B4.2 – Biblioteca B5 - Qualidade de serviços, organização administrativa e comunicação da escola B6 – Funcionários e atendimento da escola B7 – Ambiente da escola B8.1 – Método de ensino da escola B8.2 - Atividades extras B9 – Rapidez da aprendizagem da escola B10 – Marca e tradição da escola B12 – Status e endosso social da escola B13 – Acessibilidade e comodidade oferecida pela escola B14.1 – Preço B14.2 - Valor percebido B15.1 – Satisfação B15.3 - Comunicação boca a boca / recomendação B15.4 – Orgulho B15.5 – Lealdade B16 – Preferência AVE 53% 76% 93% 72% 78% 68% 68% 73% 81% 79% 60% 65% 94% 84% 88% 78% 79% 82% 88% Fonte: dados da pesquisa. Já a TAB. 24 disponibiliza os resultados para analisar a validade discriminante entre os construtos, com base no critério de Fornell e Larcker (1981). 152 TABELA 24 – Avaliação da validade discriminante dos construtos de primeira ordem com base no método de Fornell e Larcker (1981) Construtos B3 - Professores da escola B4.1 – Infraestrutura da escola B4.2 - Biblioteca B5 - Qualidade de serviços, organização administrativa e comunicação da escola B6 – Funcionários e atendimento da escola B7 – Ambiente da escola B8.1 – Método de ensino da escola B8.2 - Atividades extras B9 – Rapidez da aprendizagem da escola B10 – Marca e tradição da escola B12 – Status e endosso social da escola B13 – Acessibilidade e comodidade oferecida pela escola B14.1 - Preço B3 B4.1 B4.2 B5 53% 31% 76% 2% 16% 93% B6 B7 B8.1 B8.2 B9 B10 B12 B13 B14.1 B14.2 B15.1 B15.3 B15.4 B15.5 B16 1% 0% 5% 6% 94% B14.2 - Valor percebido 15% 11% 3% 23% 13% 19% 29% 19% 19% 17% 28% 20% 34% 84% B15.1 - Satisfação 24% 19% 10% 33% 19% 32% 49% 31% 40% 29% 38% 23% B15.3 - Comunicação boca a boca / 18% 17% 6% 28% 13% 22% 31% 16% 22% 28% 37% 19% recomendação B15.4 - Orgulho 14% 15% 7% 27% 13% 24% 27% 20% 23% 28% 41% 18% 12% 36% 88% 11% 32% 51% 78% 11% 32% 48% 68% 79% B15.5 - Lealdade 9% 10% 5% 17% 6% 16% 27% 21% 23% 19% 27% 14% 9% 27% 54% 45% 57% 82% B16 - Preferência 11% 11% 5% 18% 8% 18% 29% 20% 23% 24% 38% 16% 8% 32% 51% 43% 46% 57% 84% 41% 32% 9% 72% 36% 28% 8% 49% 78% 35% 32% 8% 46% 45% 68% 34% 29% 5% 41% 36% 30% 68% 10% 15% 12% 16% 15% 13% 40% 73% 20% 13% 3% 20% 22% 16% 52% 31% 81% 18% 31% 7% 28% 17% 20% 25% 16% 20% 79% 15% 26% 15% 24% 24% 30% 30% 28% 22% 34% 60% 11% 21% 4% 18% 11% 18% 20% 5% 11% 18% 21% 65% 3% 3% 4% 15% 13% 18% 3% 5% Os valores na diagonal principal correspondem à variância média extraída dos construtos. Os valores abaixo da diagonal correspondem ao quadrado do coeficiente de correlação entre os valores fatoriais da amostra, estimados no PLS. Fonte: dados da pesquisa. 153 Infere-se que, para todos os pares de construtos, a correlação ao quadrado é menor que a AVE de ambos os construtos, confirmando, assim, a validade discriminante entre os construtos de primeira ordem. Por fim, é investigada a confiabilidade dos construtos de primeira ordem por meio da CC e do AC, estando os resultados na TAB. 25. TABELA 25 – Avaliação da CC e do AC dos construtos de primeira ordem Construtos B3 - Professores da escola B4.1 – Infraestrutura da escola B4.2 - Biblioteca B5 - Qualidade de serviços, organização administrativa e comunicação da escola B6 – Funcionários e atendimento da escola B7 – Ambiente da escola B8.1 – Método de ensino da escola B8.2 - Atividades extras B9 – Rapidez da aprendizagem da escola B10 – Marca e tradição da escola B12 – Status e endosso social da escola B13 – Acessibilidade e comodidade oferecida pela escola B14.1 - Preço B14.2 - Valor percebido B15.1 - Satisfação B15.3 - Comunicação boca a boca / recomendação B15.4 - Orgulho B15.5 - Lealdade B16 - Preferência CC AC 90% 94% 96% 88% 92% 93% 96% 95% 95% 89% 93% 89% 93% 96% 90% 84% 97% 94% 96% 91% 92% 95% 96% 93% 84% 91% 82% 88% 95% 87% 73% 94% 90% 93% 86% 87% 93% 93% Fonte: dados da pesquisa. Os resultados obtidos mostram que todos os construtos de primeira ordem apresentaram CC e AC acima dos limites aceitáveis (que são de 60%), o que indica adequada confiabilidade dos construtos de primeira ordem. 6.3.1.2 Construtos de segunda ordem Os construtos de primeira ordem foram transformados em variáveis, de acordo com a fórmula de cálculo da média ponderada descrita anteriormente, 154 conforme sugerem Wilson e Henseler (2007). Com base nessas novas variáveis, foi feito novo teste do modelo, agora incluindo os construtos de segunda ordem. A TAB. 26 informa o resultado da validade convergente, com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991), no tocante ao construto de segunda ordem do modelo da presente pesquisa (qualidade percebida global). Observa-se que todas as variáveis apresentam validade convergente com o construto, uma vez que as significâncias são inferiores a 1%, exibindo, ainda, altas cargas padronizadas, com valores entre 0,46 e 0,85. TABELA 26 – Avaliação da validade convergente do construto de segunda ordem com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) Construtos de primeira ordem (variáveis) Amostra Pop. Desv. Erro Valor T 20,85 17,46 8,51 Sig. B3 - Professores da escola 0,67 0,67 0,03 0,03 0% B4.1 – Infraestrutura da escola 0,71 0,70 0,04 0,04 0% B4.2 - Biblioteca 0,46 0,46 0,05 0,05 0% B5 - Qualidade de serviços, organização 0,79 0,79 0,03 0,03 30,13 0% administrativa e comunicação da escola B6 – Funcionários e atendimento da escola 0,74 0,74 0,03 0,03 24,23 0% B7 – Ambiente da escola 0,75 0,75 0,03 0,03 23,16 0% B8.1 – Método de ensino da escola 0,85 0,85 0,02 0,02 43,09 0% B8.2 - Atividades extras 0,71 0,71 0,03 0,03 21,03 0% B9 – Rapidez da aprendizagem da escola 0,70 0,70 0,03 0,03 20,42 0% B10 – Marca e tradição da escola 0,63 0,63 0,04 0,04 14,09 0% B12 – Status e endosso social da escola 0,75 0,75 0,03 0,03 28,98 0% B13 – Acessibilidade e comodidade 0,58 0,58 0,04 0,04 14,50 0% oferecida pela escola Amostra: é o peso padronizado obtido para amostra completa; b) Pop.: é o peso médio obtido na população; c) Desv.: é o desvio padrão da estimativa; d) Erro: é o erro estimado da estimativa; e) Valor T: é a razão entre o peso não padronizado pelo seu erro padrão. Fonte: dados da pesquisa. A validade convergente pode, também, ser atestada com base no critério de Fornell e Larcker (1981), uma vez que a AVE do construto foi de 49%. Apesar da sua AVE não ter atingido 50%, seu valor ficou muito próximo do valor de referência, podendo-se perceber, assim, que ele possui validade convergente. Além disso, Nunnally e Bernstein (1994) afirmam que, em pesquisas exploratórias, AVEs superiores a 40% também são tidas como aceitáveis. Como a escala de qualidade percebida global possuía novos itens, além de outros adaptados de instrumentos já validados na literatura, é possível atestar que o 155 mesmo apresentou um resultado que garante a sua validade convergente, considerando, também, o segundo critério adotado. A validade discriminante foi testada com base no critério de Fornell e Larcker (1981), conforme descrito anteriormente. Os resultados estão descritos na TAB. 27. TABELA 27 – Avaliação da validade discriminante do construto de segunda ordem com base no método de Fornell e Larcker (1981) Construtos 01 - Qualidade percebida global B14.1 - Preço B14.2 - Valor percebido B15.1 - Satisfação B15.3 - Comunicação boca a boca / recomendação B15.4 - Orgulho B15.5 - Lealdade B16 - Preferência 01 - Qualidade percebida global 12% 35% 58% 42% 43% 33% 37% AVE 49% 94% 84% 88% 78% 79% 82% 84% Os valores na diagonal principal correspondem à variância média extraída dos construtos. Os valores abaixo da diagonal correspondem ao quadrado do coeficiente de correlação entre os valores fatoriais da amostra, estimados no PLS. Fonte: dados da pesquisa. Apreende-se que todas as correlações ao quadrado entre os pares de construtos são menores do que as AVEs dos mesmos, com exceção apenas do par 01 - Qualidade percebida global e 15.1 - Satisfação. Tal relação é muito forte, como descrito na literatura, o que pode acarretar esse tipo de problema. Dessa forma, optou-se por avaliar a validade discriminante, ainda com base em outro método, que foi o Cross-loading, cujos resultados estão descritos na TAB. 28. 156 TABELA 28 – Avaliação da validade discriminante do construto de segunda Variáveis 01 - Qualidade Percebida Global B14.1 - Preço B14.2 - Valor Percebido B15.1 - Satisfação B15.3 - Comunicação boca a boca / Recomendação B15.4 - Orgulho B15.5 - Lealdade B16 - Preferência ordem com base nos cross-loadings B3 B4.1 B4.2 B5 B6 B7 B8.1 B8.2 B9 B10 B12 B13 B14.1 B14.2 B14.3 B14.4 B14.5 B15.1 0,67 0,72 0,48 0,79 0,74 0,74 0,85 0,71 0,70 0,63 0,74 0,57 0,34 0,32 0,50 0,58 0,54 0,72 0,16 0,09 0,03 0,22 0,19 0,20 0,42 0,30 0,42 0,14 0,21 0,25 0,97 0,97 0,63 0,46 0,51 0,35 0,37 0,30 0,16 0,48 0,35 0,43 0,54 0,42 0,44 0,37 0,50 0,43 0,55 0,57 0,88 0,94 0,93 0,59 0,48 0,46 0,31 0,57 0,43 0,56 0,70 0,54 0,63 0,48 0,60 0,46 0,35 0,33 0,49 0,58 0,57 0,94 0,42 0,39 0,24 0,53 0,36 0,48 0,55 0,40 0,47 0,50 0,58 0,40 0,33 0,31 0,47 0,53 0,56 0,66 0,37 0,39 0,27 0,52 0,37 0,50 0,54 0,42 0,48 0,49 0,62 0,41 0,31 0,33 0,44 0,55 0,56 0,65 0,29 0,33 0,23 0,41 0,25 0,40 0,55 0,44 0,48 0,40 0,52 0,37 0,29 0,31 0,43 0,49 0,50 0,68 0,31 0,34 0,23 0,42 0,30 0,44 0,55 0,42 0,47 0,43 0,59 0,40 0,25 0,27 0,47 0,53 0,54 0,68 B15.2 0,74 0,32 0,60 0,96 0,69 0,66 0,71 0,72 B15.3 0,68 0,32 0,50 0,92 0,66 0,65 0,67 0,64 B15.8 0,37 0,24 0,32 0,43 0,74 0,56 0,42 0,41 B15.9 0,62 0,31 0,54 0,66 0,94 0,76 0,63 0,58 B15.10 0,67 0,32 0,60 0,74 0,95 0,83 0,69 0,69 B15.11 0,67 0,32 0,61 0,73 0,84 0,93 0,74 0,67 B15.12 0,44 0,29 0,38 0,43 0,62 0,81 0,52 0,45 B15.13 0,59 0,27 0,48 0,64 0,73 0,94 0,72 0,62 B15.14 0,48 0,27 0,41 0,61 0,57 0,67 0,91 0,66 B15.15 0,50 0,28 0,46 0,65 0,61 0,68 0,92 0,67 B15.16 0,54 0,26 0,48 0,67 0,64 0,71 0,92 0,70 B15.17 0,55 0,28 0,50 0,72 0,62 0,66 0,87 0,66 B16.2 0,57 0,27 0,54 0,65 0,62 0,64 0,65 0,91 B16.3 0,55 0,25 0,52 0,70 0,61 0,62 0,71 0,96 B16.4 0,57 0,24 0,52 0,69 0,59 0,62 0,73 0,95 Fonte: dados da pesquisa. 157 Com base nesse outro método, foi possível abstrair que todos os construtos possuem validade discriminante, uma vez que as suas variáveis têm cargas superiores no seu construto, comparadas às suas cargas nos outros construtos. Daí, também foi possível verificar a validade discriminante entre a qualidade e a satisfação, sendo possível prosseguir com a análise do modelo. Por fim, foi atestada a confiabilidade do construto de segunda ordem, que apresentou CC de 92% e AC de 90%. Com base nesses resultados, é possível afirmar que o construto de segunda ordem possui confiabilidade adequada (HENSELER; RINGLE; SINKOVICS, 2009). Tais resultados garantem que o Outer Model é adequado, podendo, então, ser avaliado o Inner Path Model, de modo a testar as hipóteses da pesquisa. 6.3.2 Modelos estruturais: validade nomológica e ajuste do modelo A FIG. 6 ilustra o teste realizado do modelo proposto pela pesquisa. A “qualidade percebida global” é um construto de segunda ordem reflexivo, composto de 12 subdimensões. A subdimensão de maior carga foi a "método de ensino" e a de menor carga foi a "biblioteca". O construto valor percebido apresentou R² de 51%, sendo explicado pelos construtos qualidade percebida global e pelo preço. Os dois têm carga positiva e significativa no nível de 1%, com praticamente a mesma magnitude, de 0,44 e 0,43, respectivamente. Este revela que ambas possuem peso moderado e variam no mesmo sentido que o valor percebido. Vale ressaltar que a escala de preço refere-se ao fato de o preço ser baixo. Nesse sentido, quanto mais qualidade e quanto mais baixo o preço, maior o valor percebido. O teste realizado ainda mostra que 61% da satisfação são explicados pela qualidade percebida global, pelo valor percebido e pelo preço. Entretanto, dos três, apenas os dois primeiros possuem relação estatisticamente significativa no nível de 1% e positiva. A qualidade possui peso maior, da ordem de 0,62, enquanto o valor percebido tem peso de 0,24. Pode-se notar que quanto mais qualidade e quanto mais alto o valor percebido, maior a satisfação. Por outro lado, 158 o preço não impacta na satisfação, sendo baixo ou não. Seu impacto é indireto, por meio do valor percebido. A satisfação e o valor percebido apresentam impacto estatisticamente significativo e positivo em outros quatro construtos. O primeiro deles é a preferência, sendo que 55% das suas variações são explicados pelos dois primeiros. Entretanto, a satisfação tem peso superior ao valor percebido (0,60 e 0,20, respectivamente). O segundo é a propensão à lealdade, sendo que 54% das suas variações foram explicados pelos dois construtos (satisfação e valor percebido). O primeiro construto exógeno teve peso de 0,66 (sig. <1%) e o segundo, peso de 0,12 (sig. <5%). Em terceiro lugar, aparece o construto orgulho, com R² de 52%. Nesse caso, a satisfação mostrou carga de 0,55 (sig. <1%) e o valor percebido de 0,23 (sig. <1%). Como quarto e último construto, tem-se a comunicação boca a boca/recomendação. A satisfação e o valor percebido são responsáveis por 54% de suas variações, sendo que o primeiro apresentou carga de 0,58 (sig. <1%) e o segundo de 0,22 (sig. <1%). No tocante ao ajuste do modelo, todos os construtos endógenos tiveram Q² superior a 0%, indicando adequada mensuração dos mesmos. Já o GoF foi de 64%. Ainda que não exista um critério de avaliação desse valor, o mesmo pode ser considerado elevado, o que significa que o modelo possui bom ajuste. 159 FIGURA 6 – Modelo testado da pesquisa Professores Infraestrutura Biblioteca 0,67** Ajuste do Modelo 0,71** GoF = 64% Q²s> 0% 0,46** Qual. de serviços, Org. Administrativa e Comunicação Funcionários e 0,79** 0,74** atendimento 0,75** Qualidade Percebida Global 0,85** Atividades extras 0,71** Status e endosso social Acessibilidade e comodidade oferecida Fonte: dados da pesquisa Preço 0,01 0,24** Método de ensino Marca e tradição 0,43** 0,62** Ambiente da escola Rapidez no aprendizado Valor percebido R² = 51% 0,44** 0,70** 0,63** 0,75** 0,58** Satisfação R² = 61% 0,20** 0,60** 0,58** Preferência R² = 55% 0,23** 0,12** 0,66** Prop. Lealdade R² = 54% 0,55** 0,22** Boca a boca / Recomen. R² = 54% Orgulho R² = 52% Legenda : ** significância <1% 160 A TAB. 29 apresenta o resultado das hipóteses do modelo proposto em forma de tabela, conforme exibido na FIG. 6. TABELA 29 – Resultado das hipóteses do modelo proposto Construtos R² Amostra Pop. Desv. Erro Exógenos Endógenos 01 - Qualidade 0,44 0,45 0,05 0,05 B14.2 - Valor percebida global 51% percebido B14.1 - Preço 0,43 0,43 0,05 0,05 01 - Qualidade 0,62 0,62 0,05 0,05 percebida global B15.1 - Satisfação 61% 0,01 B14.1 - Preço 0,01 0,03 0,03 B14.2 - Valor percebido 0,23 0,23 0,06 0,06 B14.2 - Valor percebido B15.3 - Comunicação 0,22 0,22 0,06 0,06 boca a boca/ 54% B15.1 - Satisfação 0,58 0,58 0,05 0,05 recomendação B14.2 - Valor percebido 0,23 0,23 0,05 0,05 B15.4 - Orgulho 52% B15.1 - Satisfação 0,55 0,56 0,05 0,05 B14.2 - Valor percebido 0,12 0,12 0,06 0,06 B15.5 - Lealdade 54% B15.1 - Satisfação 0,66 0,66 0,05 0,05 B14.2 - Valor percebido 0,20 0,20 0,04 0,04 B16 - Preferência 55% B15.1 - Satisfação 0,60 0,60 0,04 0,04 Valor T Sig. 9,21 0% 9,34 0% 13,52 0% 0,26 4,19 3,82 40% 0% 0% 10,80 0% 4,28 11,93 1,94 12,39 4,41 14,58 0% 0% 3% 0% 0% 0% a) Amostra: é o peso padronizado obtido para amostra completa; b) Pop.: é o peso médio obtido na população; c) Desv.: é o desvio-padrão da estimativa; d) Erro: é o erro estimado da estimativa; e) Valor T: é a razão entre o peso não padronizado pelo seu erro padrão. Fonte: dados da pesquisa. Já a TAB. 30 demonstra os Q² para todos os construtos endógenos do modelo. Conforme já mencionado anteriormente, todos são superiores a 0%, indicando adequado poder de previsão do modelo. TABELA 30 – Q² dos construtos endógenos do modelo Construtos endógenos B14.2 - Valor percebido B15.1 - Satisfação B15.3 - Comunicação boca a boca / recomendação B15.4 - Orgulho B15.5 - Lealdade B16 - Preferência Fonte: dados da pesquisa. Q² 0,42 0,54 0,39 0,40 0,41 0,47 161 7 CONCLUSÕES A presente pesquisa buscou desenvolver uma escala de avaliação da qualidade percebida e das atitudes e intenções comportamentais de estudantes de escolas de inglês de Belo Horizonte. Os resultados obtidos permitiram concluir que a qualidade percebida global é um construto multidimensional composto de diversos atributos de qualidade, sobre os quais os estudantes conferem ou mais ou menos peso, conforme exposto no modelo hipotético testado da pesquisa. Estas afirmações se confirmam com os argumentos apresentados por Cobra (2005), outrora descritos na revisão de literatura acerca da qualidade percebida, de forma que a qualidade percebida é composta de diversos atributos e dimensões. Para o referido construto, a dimensão que apresentou mais peso foi o “método de ensino”, enquanto a menor carga foi atribuída à “biblioteca”. O modelo testado sugere a existência do impacto da qualidade percebida sobre a satisfação e o valor percebido, confirmando os achados que Parasuraman, Berry e Zeithaml (1985) e Solomon (2011) Assim, a revisão bibliográfica fornece base a essa relação existente no modelo, de modo que quando o consumidor tem suas expectativas confirmadas e percebe qualidade do produto ou serviço utilizado, haverá uma relação direta e significativa da qualidade percebida com a sua satisfação e com o valor percebido por ele. Os resultados obtidos pelo modelo testado permitiram abstrair, ainda, a relação existente e o impacto do valor percebido sobre a preferência de compra e sobre a comunicação boca a boca, o que é sugerido pela literatura descrita por Brei e Rossi (2005), no tocante à preferência, e por Santos e Fernandes (2008), no que se refere à comunicação boca a boca. Santos e Fernandes (2008) ainda propõem a relação positiva existente do valor percebido sobre a propensão à lealdade, cuja relação é confirmada, de acordo com o que pode ser observado nos resultados obtidos no modelo testado da presente pesquisa. Embora a revisão bibliográfica não tenha abordado a relação direta positiva do valor percebido sobre o orgulho e sobre a satisfação, os resultados obtidos pelo teste do modelo permitem inferir indícios de que essa relação existe, com 162 cargas de 0,23 e 0,24, respectivamente. Logo, sugere-se que tais relações sejam contempladas na revisão literária de pesquisas futuras, a fim de corroborar tais relações que foram encontradas no modelo. O modelo hipotético da presente pesquisa previa uma relação de impacto direto do preço sobre a satisfação do consumidor. Essa hipótese não foi evidenciada pelos resultados obtidos pelo teste do modelo da pesquisa, que demonstrou que o preço pode exercer impacto sobre a satisfação, porém esta relação só se deu de forma indireta por meio do valor percebido. Dessa forma, não se confirmou uma relação direta entre ambos os construtos. O modelo proposto para a presente pesquisa teve amparo na hipótese de que o preço exerce impacto sobre o valor percebido, conforme afirma Silk (2006). Assim, o preço pode ser um instrumento de comparação que o consumidor usa para atribuir valor subjetivo a um produto ou marca específicos - ressalta o autor. Embora Kotler (2009) afirme que o preço é um determinante nas escolhas do consumidor, não foram encontrados indícios na literatura de que exerça impactos na satisfação do consumidor pelo produto ou serviço propriamente ditos, ainda que tenham sido encontrados indicativos de seus impactos em outras dimensões como lealdade e percepção de qualidade, não contemplados no modelo. Logo, embora a presente pesquisa não tenha demonstrado relação direta do preço com a propensão à lealdade, Santos e Fernandes (2008) evidenciam a existência de tal relação, no sentido de quanto mais altos forem os custos de manutenção da relação do consumidor com o produto ou marca, menor será a sua relação de lealdade com ela. Os resultados revelam, ainda, que a satisfação pode exercer influência direta sobre a propensão à lealdade e sobre a preferência dos alunos de escolas de inglês de Belo Horizonte, cujas conclusões são, ainda, corroboradas pelos argumentos propostos por Zacharias, Figueiredo e Almeida (2008), Cobra (2005), Anderson, Fornell e Lehmann (1994) e Kotler (2005). Embora o presente estudo não tenha demonstrado relação direta do valor percebido sobre a preferência de compra e propensão à lealdade dos consumidores, Zacharias, Figueiredo e Almeida (2008) citam indicativos de que exista tal relação, que não foram contempladas no modelo da pesquisa. Além disso, não se observou nesse trabalho a existência de relação direta entre a lealdade e a comunicação boca a 163 boca. Silva Leite e Gonçalves Filho (2007) acreditam que tal relação pode existir, o que pode ser objeto de estudos e investigações futuras. A presente investigação não buscou demonstrar a evidência de uma relação direta entre a qualidade percebida e a lealdade. Contudo, Pinho (1996) sugere existir tal relação, que no modelo proposto é contemplada de forma indireta por meio da satisfação. A relação positiva direta da satisfação sobre o orgulho teve suporte no modelo da pesquisa, sendo, ainda, corroborada pelas afirmações de Costa e Almeida (2007) acerca de tais construtos. A mesma relação direta positiva da satisfação foi encontrada em relação à comunicação boca a boca/recomendação, o que pode ser sugerido, também, por autores como Solomon (2011), Farias e Santos (2000) e Silva Leite e Gonçalves Filho (2007). Embora aqui não se tenha demonstrado relação direta da qualidade percebida com a comunicação boca a boca, Tamashiro et al. (2007) listam indícios de que pode haver tal relação, que no modelo proposto existe de forma indireta por meio da satisfação. Considerando que a qualidade percebida global tem elevada capacidade preditiva da satisfação e que esta exerce impactos significativos na preferência, na propensão à lealdade, no orgulho e na comunicação boca a boca/recomendação, é de extrema importância que as escolas estejam atentas para a oferta de serviços de alta qualidade. Por fim, diferentemente do que se havia proposto no modelo inicial da pesquisa, constatou-se que o preço não impacta diretamente na satisfação dos estudantes de escolas de inglês, embora exista impacto indireto por meio do valor percebido. Todas as demais hipóteses do modelo puderam ser confirmadas, como mostra o QUADRO 7. 164 QUADRO 7 – Resultados da avaliação das hipóteses Hipóteses Resultados H1 A qualidade percebida global apresenta relação monotônica positiva sobre o valor percebido pelos estudantes de escolas de inglês. Suportada H2 A qualidade percebida global apresenta relação monotônica positiva sobre a satisfação dos estudantes de escolas de inglês. Suportada H3 O valor percebido apresenta relação monotônica positiva sobre a preferência dos estudantes de escolas de inglês. Suportada H4 O valor percebido apresenta relação monotônica positiva sobre a propensão à lealdade dos estudantes de escolas de inglês. Suportada H5 O valor percebido apresenta relação monotônica positiva sobre a satisfação dos estudantes de escolas de inglês. Suportada H6 O valor percebido apresenta relação monotônica positiva sobre o orgulho dos estudantes de escolas de inglês. Suportada H8 O valor percebido apresenta relação monotônica positiva sobre a comunicação boca a boca e recomendação pelos estudantes de escolas de inglês. O preço apresenta relação monotônica positiva sobre o valor percebido pelos estudantes de escolas de inglês. H9 O preço apresenta relação monotônica positiva sobre a satisfação dos estudantes de escolas de inglês. Não Suportada A satisfação apresenta relação monotônica positiva sobre a preferência dos H10 estudantes de escolas de inglês. Suportada A satisfação apresenta relação monotônica positiva sobre a propensão à H11 lealdade dos estudantes de escolas de inglês. Suportada A satisfação apresenta relação monotônica positiva sobre o orgulho dos H12 estudantes de escolas de inglês. Suportada A satisfação apresenta relação monotônica positiva sobre a comunicação H13 boca a boca e recomendação pelos estudantes de escolas de inglês. Suportada H7 Suportada Suportada Fonte: dados da pesquisa. As implicações acadêmicas da presente pesquisa baseiam-se na abordagem de construtos e relações inovadoras que aqui foram testadas e validadas, como, por exemplo, o orgulho e a preferência de compra, que diferem de outras produções e pesquisas acerca do comportamento do estudante de escolas de inglês outrora realizadas. Logo, a presente pesquisa contribui, de forma inovadora e distinta, para a produção científica já existente acerca do tema. Quanto às implicações gerenciais, estas residem na contribuição e no fornecimento de subsídios para a tomada de decisão e orientação estratégica de 165 gestores e administradores do ramo de ensino de inglês em diversas partes do país, no que se refere ao comportamento e atitudes de seu mercado. 7.1 Limitações e sugestões para futuras pesquisas Como fatores limitadores da pesquisa podem ser citadas algumas ponderações, descritas a seguir. O presente trabalho foi realizado com base em um corte transversal, ou seja, baseia-se em um retrato de determinada realidade em determinado momento no tempo. Considerando que o mercado de cursos de inglês tem sofrido profundas transformações em virtude da crescente competitividade do ramo, esse corte transversal mostra-se um fator limitador, pois reflete um único momento histórico-temporal. Esse corte permite visualizar uma realidade em um único momento social, econômico, político, que pode demonstrar-se bem diferente do que já fora em tempos anteriores ou que se mostrará em tempos futuros. Além disso, o modelo de amostragem bola-de-neve é um tipo de amostragem não probabilística, o que limita a expansão e atribuição dos resultados obtidos com a amostra para a população como um todo. O referido modelo permite, então, mensurar indicativos das percepções de qualidade e das atitudes e intenções comportamentais de estudantes de escolas de inglês de Belo Horizonte e não é adequado para se inferirem características e percepções de toda a população. A presente pesquisa ainda mostra como limitação a restrição de sua aplicação em uma única cidade do Brasil, que foi a cidade de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. Os resultados obtidos pela pesquisa realizada na cidade de Belo Horizonte podem ser distintos de possíveis resultados em outras cidades ou regiões do Brasil. Portanto, o quesito relacionado à aplicação da pesquisa na referida cidade mostra-se um fator limitador e impede que os resultados sejam atribuídos para o comportamento de estudantes de escolas de inglês de outras localidades. Não menos importante, a aplicação da pesquisa deu-se, em sua maioria, em uma amostra de jovens estudantes de ensino médio (concluídos ou concluintes). Esse fator pode ser considerado uma limitação, visto que pode 166 conferir viés ao estudo que não corresponda a todos os extratos sociais e de faixa etária compreendidos entre os estudantes de escolas de inglês de Belo Horizonte, em geral. Por fim, a forma de coleta dos questionários utilizada, que foi por autopreenchimento, demonstra-se um fator limitador. Isso porque, ao longo do preenchimento, o entrevistado pode ter se deparado com dúvidas que não foram devidamente esclarecidas, o que contribui para a redução da consistência dos dados. Com o intuito de minimizar essa possibilidade, um grande volume de questionários com qualquer indício de problemas de preenchimento foi eliminado, com o objetivo de conferir mais confiabilidade e consistência aos dados. Fica a sugestão para investigações futuras, a fim de que outras lacunas desse universo do comportamento de estudantes de escolas de inglês possam ser preenchidas e respondidas, sob o ponto de vista científico e gerencial. Uma recomendação para pesquisas vindouras é a realização de pesquisas correlatas em outros momentos histórico-temporais, em que a realidade econômica, social, política e tecnológica desse mercado pode mostrar-se diferente em momentos diversos do tempo. Além disso, sua aplicação em outras localidades do estado de Minas Gerais, do Brasil e até mesmo do mundo pode mostrar-se resultados distintos dos aqui obtidos, visto que o comportamento do consumidor pode sofrer influências diversas do ambiente externo, e uma delas é a geográfica. Outra sugestão é a aplicação e uso da escala para outras finalidades que não cursos de idiomas. A escala pode ser adaptada e válida para outras modalidades de prestação de serviços educacionais presenciais, em escolas que prestam serviços de ensino de idiomas de outras línguas (que não o inglês) e para estudo de outros fenômenos. O uso de amostragens probabilísticas, como a aleatória simples ou estratificada, mostra-se, também, sugestão válida para a aplicações da pesquisa em momentos futuros. Isso porque dessa forma pode conferir mais confiabilidade aos resultados e permitir sua atribuição à população como um todo, não se restringindo, assim, à amostra. Como a presente pesquisa baseou-se no uso de atributos e variáveis de pesquisas já realizadas acerca das atitudes e intenções comportamentais de consumidores, sugere-se que, para pesquisas futuras, sejam realizadas 167 pesquisas qualitativas, a fim de mensurar se há atributos de qualidade que não foram incluídos no modelo e que poderiam interferir nas atitudes e intenções comportamentais dos estudantes de escolas de inglês. Além disso, recomenda-se que os serviços de intercâmbio também sejam incluídos em pesquisas futuras, ainda que para o presente estudo não tenha apresentado relevância para o público pesquisado. Isso se deve à procura pela fluência in loco do idioma, que tem crescido consideravelmente e os serviços de intercâmbio podem mostrar-se de grande relevância para estudos futuros. Por fim, pesquisas dessa natureza devem ser aplicadas diretamente nas escolas de inglês a fim de conferir mais confiabilidade à opinião da amostra analisada. Muitos questionários desta investigação foram coletados em escolas de ensino médio, com alunos que fazem cursos de inglês concomitante com os estudos do ensino médio. Ainda assim, a aplicação in loco nas escolas poderia fornecer dados mais contundentes e confiáveis, além de demonstrar com mais fidedignidade o comportamento da população por meio dessa amostra. 168 REFERÊNCIAS AAKER, D. A. Administração estratégica de mercado. São Paulo: Bookman, 2005. 355 p. 7 ed. AJZEN, I.; FISHBEIN, M. The influence of attitudes on behavior. In: ALBARRACÍN, D.; JOHNSON, B.T.; ZANNA, M.P. (eds.). The handbook of attitudes. Mahwah, NJ: Erlbaum, p. 173-221, 2005. AJZEN, I. Nature and operation of attitudes. Annual Review of Psychology, v. 52, p; 27-58, 2001. ALVES-MAZZOTTI, A.J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. 203 p. ALVES, M.E. Perfil de consumo de classes de baixa renda. 2008. 247 f. 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Estamos realizando uma pesquisa que tem por objetivo verificar a percepção de qualidade e as intenções comportamentais dos alunos de escolas de inglês da cidade de Belo Horizonte. Sua participação é muito importante para o êxito do nosso trabalho. Cabe ressaltar que o sigilo das informações será plenamente preservado. Por sua especial colaboração, antecipamos nossos mais sinceros agradecimentos! . Bloco 1 – Seleção dos entrevistados (Crivo) B1.1) Em qual das escolas abaixo você estuda atualmente? Caso o (a) entrevistado (a) não estiver matriculado em alguma das escolas abaixo, especificar a escola onde está atualmente: 1. CCAA 4. Luziana Lanna 7. Uptime 2. Cultura Inglesa 5. Mai English 8. Wizard 3. Fisk 6. Number One 9. Outras: ______________________ B1.2) Há quanto tempo você cursa inglês? ________________________________________________ B1.3) Há quanto tempo você cursa inglês na escola onde está matriculado? _____________________ B1.4) Qual é o valor que você paga atualmente de mensalidade na escola em que está matriculado(a)? R$ ___________ . Bloco 2 – Informações Pessoais B2.1) Sexo: 1. Masculino 2. Feminino B2.2) Idade (anos):_______________________ B2.3) Bairro onde você reside: _________________________________________________________ B2.4) Nome completo: __________________________________________ B2.5) Telefone: _________ B2.6) Renda familiar (favor incluir todos os membros da família que possuem renda) 1. Até R$ 2.000,00 4. R$ 4.001,00 a R$ 5.000,00 7. R$ 7.001,00 a R$ 8.000,00 2. R$ 2.001,00 a R$ 3.000,00 5. R$ 5.001,00 a R$ 6.000,00 8. R$ 8.001,00 a R$ 9.000,00 3. R$ 3.001,00 a R$ 4.000,00 6. R$ 6.001,00 a R$ 7.000,00 9. Acima de R$ 9.000,00 B2.7) Escolaridade 4. Superior incompleto B2.8) Estado Civil 1. Não possui 5. Superior completo 1. Solteiro 2. Primário 6. Especialização 2. Casado / Amigado 3. Ensino médio 7. Mestrado/doutorado 3. Divorciado / Separado 4. Viúvo Nos próximos blocos você deverá responder às questões avaliando A ESCOLA ONDE ESTUDA ATUALMENTE. Dessa forma, favor dar notas que melhor representem a sua opinião, sendo 0 para DISCORDO TOTALMENTE e 10 para CONCORDO TOTALMENTE. Favor dar notas intermediárias para níveis médios de concordância ou discordância. Caso o entrevistado não saiba responder ou não se sinta habilitado, favor marcar NÃO SEI (NS). . 180 Bloco 3 – Professores da escola Os professores da escola de inglês N Discordo Concordo em que eu estudo... S totalmente totalmente B3.1) Apresentam excelente conhecimento do idioma inglês B3.2) Têm excelente didática (sabem transmitir o conteúdo das aulas) B3.3) Estão bastante atualizados em relação ao inglês B3.4) São pontuais (chegam para a aula na hora certa) B3.5) Não faltam às aulas (assiduidade) B3.6) Têm excelente relacionamento com os alunos B3.7) Preocupam-se em ajudar os alunos a aprenderem inglês B3.8) Estimulam os alunos 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 a desenvolverem as suas habilidades na língua inglesa . Bloco 4 – Infraestrutura da escola A escola de inglês em que eu estudo... NS Discordo Concordo totalmente totalmente B4.1) Possui excelente infraestrutura 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B4.2) Possui infraestrutura com boa aparência 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B4.3) Possui salas de aula confortáveis 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B4.4) Possui os equipamentos necessários para auxiliar no processo de ensino B4.5) Possui infraestrutura adequada para uma boa aprendizagem B4.6) Possui biblioteca com boa infraestrutura B4.7) Possui biblioteca com bom acervo de livros . 181 Bloco 5 – Qualidade de serviços, organização administrativa e comunicação da escola NS A escola de inglês em que eu estudo... B5.1) Possui excelente organização administrativa B5.2) Oferece serviços com elevada qualidade B5.3) Preocupa-se em solucionar os problemas dos alunos de forma rápida e eficiente B5.4) Atende às minhas solicitações à secretaria, diretoria, etc. de maneira rápida e eficaz B5.5) Preocupa-se sinceramente com a satisfação dos alunos B5.6) Preocupa-se em comunicar os fatos de forma clara B5.7) Tem funcionários sempre disponíveis para escutar os alunos B5.8) Mostra coerência entre o que fala e o que faz B5.9) Cumpre os compromissos firmados com os alunos B5.10) É honesta e transparente com os alunos Discordo Concordo totalmente totalmente 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 . Bloco 6 – Funcionários e atendimento da escola A escola de inglês NS em que eu estudo possui... B6.1) Atendimento rápido por parte dos Discordo Concordo totalmente totalmente 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.4) Funcionários bem aparentados 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B6.5) Funcionários competentes 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 funcionários B6.2) Atendimento eficiente por parte dos funcionários B6.3) Atendimento cordial por parte dos funcionários . 182 Bloco 7 – Ambiente da escola O ambiente da escola de inglês NS em que eu estudo... B7.1) É acolhedor e amigável (faz com que eu me sinta bem recebido) B7.2) Faz com que eu me sinta na minha própria casa B7.3) É bastante informal Discordo Concordo totalmente totalmente 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B7.4) Possui excelente relacionamento entre as pessoas (professores, funcionários e alunos) B7.5) Tem pessoas simpáticas e legais nas turmas . Bloco 8 – Método de ensino da escola A escola de inglês NS em que eu estudo... B8.1) Possui excelente método de ensino Discordo Concordo totalmente totalmente 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B8.2) Oferece cursos personalizados de acordo com as minhas necessidades e expectativas B8.3) Tem método de ensino que não exige que os alunos “decorem” o conteúdo da matéria B8.4) Oferece flexibilidade de horários B8.5) Possui horário de aulas que atende às minhas necessidades B8.6) Tem muitas atividades de conversação B8.7) Oferece atividades extracurriculares (ex. eventos, feiras, extensão) que permitem a integração dos alunos B8.8) Proporciona aplicação prática do inglês no dia-a-dia por meio de músicas, filmes, etc. B8.9) Estimula o aprendizado por meio de convidados/palestras com norte- americanos / ingleses para prática do inglês 183 Bloco 9 – Rapidez da aprendizagem da escola A escola de inglês NS em que eu estudo... Discordo Concordo totalmente totalmente B9.1) Oferece aprendizado rápido 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B9.2) Oferece cursos de curta duração 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B9.3) Auxilia-me a ter fluência no idioma inglês rapidamente Bloco 10 – Marca e tradição da escola A escola de inglês em NS que eu estudo... B10.1) É bastante tradicional no mercado de cursos de idiomas B10.2) É bastante conhecida no mercado de cursos de idiomas B10.3) Tem boa reputação no mercado de cursos de idiomas B10.4) É famosa no mercado de cursos de idiomas B10.5) Tem nome bastante reconhecido no mercado de cursos de idiomas B10.6) Tem marca sólida no mercado de cursos de idiomas Discordo Concordo totalmente totalmente 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 . Bloco 11 – Intercâmbio internacional da escola A escola de inglês em NS que eu estudo... B11.1) Possui intercâmbio com escolas e/ou universidades internacionais B11.2) Promove viagens ao exterior para os seus estudantes B11.3) Prepara os seus alunos para viagens internacionais B11.4) Possibilita-me fazer intercâmbio em outros países . Discordo Concordo totalmente totalmente 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 184 Bloco 12 – Status e endosso social da escola A escola de inglês em NS que eu estudo... B12.1) É bastante valorizada pelos meus amigos e/ou familiares B12.2) É frequentada por alunos de elevado nível social B12.3) Dá prestígio aos seus estudantes B12.4) É um lugar onde as pessoas com quem eu quero conviver estudam B12.5) É uma instituição chique B12.6) É o lugar onde as pessoas bemsucedidas estudam ou estudaram Discordo Concordo totalmente totalmente 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Bloco 13 – Acessibilidade e comodidade oferecida pela escola A escola de inglês em NS que eu estudo... Discordo Concordo totalmente totalmente B13.1) Tem excelente localização 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B13.2) Fica perto do meu trabalho 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B13.3) Fica perto da minha casa 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B13.4) É de fácil acesso 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B13.5) Oferece facilidade de estacionar 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 .. Bloco 14 – Preço e valor percebido A escola de inglês em NS que eu estudo... Concordo totalmente totalmente B14.1) Oferece cursos baratos 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B14.2) Possui baixo valor de mensalidade 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B14.3) Possui boa relação custo- benefício B14.4) Oferece qualidade compatível com o valor cobrado pela mensalidade B14.5) Tem valor de mensalidade que vale a pena pagar . Discordo 185 Bloco 15 – Atitudes e intenções comportamentais em relação à escola NS Discordo Concordo totalmente totalmente Afirmativas B15.1) A escola de inglês em que eu estudo atende totalmente às minhas expectativas 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.2) Estou satisfeito com a minha decisão em estudar na escola de inglês onde estou matriculado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.3) Eu sinto prazer em estudar na escola de inglês onde estou matriculado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.4) Eu estou arrependido(a) por ter escolhido a escola de inglês onde estou matriculado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.5) Eu me sinto frustrado(a) por estudar na escola de inglês onde estou matriculado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.6) Eu acredito que se eu tivesse me matriculado em outra escola de inglês estaria mais satisfeito(a) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.7) Se eu pudesse voltar atrás, escolheria outra escola de inglês para estudar 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.8) Eu só falo coisas positivas sobre a escola de inglês onde eu estudo para meus parentes e amigos 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.9) Eu estimulo as pessoas a estudarem na escola de inglês onde eu estudo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.10) Eu recomendo as pessoas a estudarem na escola de inglês onde eu estudo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.11) Eu sinto orgulho em estudar na escola de inglês em que estou matriculado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.12) Eu fico envaidecido ao contar para os outros que eu estudo na escola de inglês onde estou matriculado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.13) Para mim, é uma honra estudar na escola de inglês em que estou matriculado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.14) Mesmo que eu recebesse uma proposta para estudar em outra escola de inglês, eu continuaria estudando na escola onde estou matriculado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.15) Eu acredito que estaria perdendo muito se eu trocasse a escola de inglês onde eu estudo por outras escolas existentes no mercado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.16) Eu considero a minha escola de inglês a primeira opção entre as existentes no mercado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B15.17) Eu pretendo continuar estudando na escola de inglês onde eu estou matriculado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 . 186 Bloco 16 – Preferência NS Em minha opinião... Discordo Concordo totalmente totalmente B16.1) A escola onde eu estudo é superior às demais escolas de inglês existentes no 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 mercado B16.2) Faz mais sentido estudar na escola onde eu estudo em vez de em outras escolas de inglês existentes no mercado, mesmo que elas ofereçam cursos semelhantes B16.3) Ainda que outras escolas de inglês ofereçam os mesmos cursos que a escola onde eu estudo, eu prefiro estudar nela do que em qualquer outra B16.4) Mesmo que outras escolas de inglês sejam consideradas tão boas quanto a escola em que eu estudo, eu prefiro estudar nela do que em qualquer outra B16.5) Mesmo que a escola de inglês onde eu estudo atualmente ofereça cursos semelhantes aos oferecidos por outras escolas existentes no mercado, eu estou disposto a pagar: 1. Muito menos pela escola de inglês onde eu 4. Mais pela escola de inglês onde eu estudo estudo atualmente. atualmente. 2. 5. Menos pela escola de inglês onde eu estudo atualmente. 3. Muito mais pela escola de inglês onde eu estudo atualmente. O mesmo valor pela escola de inglês onde eu estudo atualmente. B16.6) Mesmo que a escola de inglês onde eu estudo atualmente ofereça cursos semelhantes aos oferecidos por outras escolas existentes no mercado, eu estou disposto a pagar: 1. R$____________ a MENOS pela escola de inglês onde eu estudo atualmente do que para outras escolas. 2. O mesmo valor pela escola de inglês onde eu estudo atualmente do que para outras escolas. 3. R$____________ a MAIS pela escola de inglês onde eu estudo atualmente do que para outras escolas. Favor utilizar o verso desse questionário para incluir qualquer comentário que o(a) entrevistado(a) julgar importante. Ressaltar que todas as respostas individuais permanecerão em sigilo e agradecer pelas informações prestadas.