Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional - CEDEPLAR Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG Produto 3 Edital 001/2012 – LOTE 01 PLANO REGIONAL ESTRATÉGICO EM TORNO DE GRANDES PROJETOS MINERÁRIOS NO NORTE DE MINAS por Alisson Flávio Barbieri (Coordenador) Professor do Departamento de Demografia e pesquisador do CEDEPLAR – UFMG Belo Horizonte 2013 Equipe Técnica Coordenação Alisson Flávio Barbieri, Bacharel em Ciências Econômicas, UFMG, Mestre em Demografia, UFMG, e PhD em Planejamento Regional e Urbano pela University of North Carolina, EUA). Professor do Departamento de Demografia e Pesquisador do CEDEPLAR/ UFMG; Associate Faculty do Departamento de Saúde Internacional da Johns Hopkins University, EUA; e Professor do Programa de Pós-graduação em Práticas de Desenvolvimento Sustentável (PPDS) da UFRRJ. Co-coordenação -Técnico de Perfil 1 Edson Paulo Domingues,(Doutor em Economia, USP), Professor do Departamento de Economia e Pesquisador do CEDEPLAR/ UFMG. Técnico Perfil 2 (Arquiteto e urbanista, especialista em planejamento regional) Roberto Luís de Melo Monte-Mór (PhD, Planejamento Urbano, University of Califórnia – Los Angeles, EUA), Professor do Departamento de Economia, da pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, e Pesquisador do CEDEPLAR/ UFMG Técnico Perfil 3 (Planejamento Tecnológico) Fabiana Borges Teixeira dos Santos (PhD em Economia, University of Cambridge, Inglaterra), Pesquisadora do CEDEPLAR/ UFMG. Técnico Perfil 4 (Demógrafo) José Irineu Rangel Rigotti (Doutor, Demografia, UFMG). Professor do Departamento de Demografia e Pesquisador do CEDEPLAR/ UFMG. Técnico Perfil 5 (Especialista em Análise Ambiental) Brenner H. Maia Rodrigues (Bacharel em Geografia, UFMG, e Mestre em Geografia, UFMG). Consultor independente. Técnico Perfil 6 (Especialista em Análise Urbana e Regional) João Tonucci (Bacharel em Economia, UFMG, e Mestre em Arquitetura e Urbanismo, USP). Consultor independente. Técnico Perfil 7 (Especialista em Transportes) Osias Baptista Neto (Mestre em Engenharia de Transportes, UFMG). Consultor independente. Técnico Perfil 8 ( Especialista em Geoprocessamento) Francisco Cortezzi (Bacharel em Geografia, PUCMINAS, e Mestre em Tratamento da Informação Espacial, PUCMINAS). Pesquisadores Associados Guilherme Malta (Professor, Departamento de Turismo- UFMG) Luiza Becker (Especialista em Turismo) Cleuber Vieira (Professor de Economia, UNIMONTES) Ana Flávia Machado (Dept. Economia – UFMG) Assistentes de Pesquisa Glaucia Possas da Motta (Doutoranda em Economia – UFMG) Mariana Aguiar (Mestranda em Economia – UFMG) Mara Nogueira Alexandre Marcos Mendes Rabelo Financiador: Secretaria de Desenvolvimento Regional e Urbano de Minas Gerais (SEDRU) Instituição Gestora: Fundação para o Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP) LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Estrutura Etária da Região de Referência Norte de Minas - 2010 ............... 21 Gráfico 2 – Estrutura Etária da Região de Referência Norte de Minas - 2030 ............... 22 Gráfico 3 – Investimentos previstos no setor mineral brasileiro: 2012-2016 .................. 36 Gráfico 4 – Evolução do PIB para os Municípios da Região de Estudo ......................... 47 Gráfico 5 – Taxa de crescimento media anual do PIB para os municípios da região de estudo (% ao ano) .................................................................................. 47 Gráfico 6 – População residente na região do Norte de Minas, por municípios, 2000 e 2010 .......................................................................................................... 65 Gráfico 7 – Taxa de urbanização na região do Norte de Minas, por municípios, 2000 e 2010 .......................................................................................................... 66 Gráfico 8 – Proporção de internação por doenças no aparelho respiratório para os municípios do Norte de Minas, 2012 ........................................................... 67 Gráfico 9 – Proporção de domicílios com acesso a programas de transferência de renda no Norte de Minas, 2010 ................................................................... 79 Gráfico 10 – Número de estabelecimentos por atividade e ano ................................... 108 Gráfico 11 – Estabelecimentos por município e atividade (2002)................................. 109 Gráfico 12 – Estabelecimentos por município e atividade (2006)................................. 109 Gráfico 13 – Estabelecimentos por município e atividade (2011)................................. 110 Gráfico 14 – Principal Motivo da Viagem (%) ............................................................... 113 Gráfico 15 – Se a motivação foi a lazer, qual o principal atrativo (%) .......................... 113 Gráfico 16 – Forma de organização da Viagem (%) .................................................... 114 Gráfico 17 – Local de pernoite (%) ............................................................................... 114 Gráfico 18 – Quantidade de empregados por setor e ano ........................................... 117 Gráfico 19 – Salário médio mensal por ano e setor (2002-2011) ................................. 118 Gráfico 20 – Proporção de mulheres na força de trabalho (2002-2011) ...................... 119 LISTA DE MAPAS Mapa 1 – Região de Referência e Região de Estudo no Norte de Minas ............................. 16 Mapa 2 – Rede de Transportes Regional Existente e Projetada do Norte de Minas ............ 93 Mapa 3 – Região Norte do Estado de Minas Gerais ............................................................ 95 Mapa 4 – Região Norte de Minas: projetos minerários....................................................... 126 Mapa 5 – Planos Diretores de Recursos Hídricos: Norte de Minas .................................... 131 Mapa 6 – Rede de Cidades Norte de Minas – Hierarquia dos Centros Urbanos 2007 ....... 138 Mapa 7 - Rede de Cidades Norte de Minas – Vinculação entre os Centros Urbanos 2007 139 Mapa 9 Fluxos de compras da microrregião de Grão Mogol (2005-2030),em participação do volume total de compras .................................................................................................... 172 Mapa 10. Fluxos de vendas da microrregião de Grão Mogol (2005-2030),em participação do volume total de compras .................................................................................................... 173 Mapa 11. Fluxos de compras da microrregião de Janaúba (2005-2030),em participação do volume total de compras .................................................................................................... 174 Mapa 12. Fluxos de vendas da microrregião de Janaúba (2005-2030),em participação do volume total de vendas ...................................................................................................... 175 Mapa 13. Fluxos de compras da microrregião de Salinas (2005-2030),em participação do volume total de compras .................................................................................................... 176 Mapa 14. Fluxos de vendas da microrregião de Salinas (2005-2030),em participação do volume total de vendas ...................................................................................................... 177 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Nomenclatura dos produtos constantes no Relatório de Pesquisa e correspondência ao Edital 001/2012, Anexo I.1 .......................................... 14 Quadro 2 – Novos Projetos Minerários em Minas Gerais .............................................. 39 Quadro 3 – Atrativos turísticos dos municípios do Norte de Minas .............................. 102 Quadro 4 – Atividades Caracterizadoras do Turismo segundo a CNAE 95 ................. 106 Quadro 5 – Atividades Caracterizadoras do Turismo segundo a CNAE 2.0 ................ 107 Quadro 6 – Definição dos grupos de comparação com as atividades caracterizadoras do turismo .................................................................................................. 116 Quadro 7 – Unidades de Conservação ........................................................................ 119 Quadro 8 – Limitações ao Desenvolvimento Turístico Regional .................................. 122 Quadro 9 – Situação dos planos diretores municipais ................................................. 149 Quadro 10 – Relação de Agentes Entrevistados para a Elaboração do Plano de Desenvolvimento do Norte de Minas ....................................................... 160 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Projeção tendencial da população da Região de Referência Norte de Minas, segundo municípios: 2010 a 2030 .................................................... 19 Tabela 2 – Taxa geométrica de crescimento médio anual da Região de Referência Norte de Minas e de seus municípios, por períodos quinquenais, entre 2010 e 2030 .................................................................................................. 20 Tabela 3 – Projeção da composição do PIB microrregional (2005-2030) ...................... 24 Tabela 4 – Projeção da estrutura setorial da produção microrregional (2005-2030) ...... 25 Tabela 5 – Projeção da utilização da produção doméstica em Grão Mogol (20052030) ............................................................................................................ 25 Tabela 6 – Projeção da utilização da produção doméstica em Salinas (2005-2030) ..... 26 Tabela 7 – Projeção da utilização da produção doméstica em Janaúba (2005-2030) ... 26 Tabela 8 – Projeção da Estrutura das Compras das Microrregiões - % das compras por origem (2005-2030) ................................................................................ 28 Tabela 9 – Projeção da Estrutura das Vendas das Microrregiões - % das vendas por destino (2005-2030)...................................................................................... 29 Tabela 10 – Variáveis De Capacidade Fiscal (Média de 2000 a 2010) .......................... 31 Tabela 11 – Expansão da capacidade produtiva 2011-2016 de empresas selecionadas ............................................................................................... 36 Tabela 12 – Investimentos Previstos – Norte de Minas ................................................. 44 Tabela 13 – Quocientes Locacionais por Sub-Setor de Atividade para os municípios da região de estudo, anos 2000 e 2010 ...................................................... 49 Tabela 14 – Produção Mineral: Minas Gerais (em bilhões de reais) .............................. 51 Tabela 15 – Emprego total e participação por Setor de Atividade, Minas Gerais, 2011 . 52 Tabela 16 – Renda Gerada e participação por Setor de Atividade, Minas Gerais, 2011 ............................................................................................................ 52 Tabela 17 – Exportações dos principais produtos minerais de Minas Gerais, 2012 (US$, %) ..................................................................................................... 55 Tabela 18 – Exportações dos 10 maiores municípios mineradores exportadores de Minas Gerais e Participação relativa de suas exportações minerais no total das exportações do estado (US$, %) .................................................. 56 Tabela 19 – Exportações das 5 maiores empresas mineradoras exportadoras em 2012 (US$, %) ............................................................................................ 58 Tabela 20 – Quinze Maiores Municípios Mineiros Arrecadadores da CFEM, 2012 ....... 59 Tabela 21 – Evolução do PIB per capita e da Renda per capita entre 2000 e 2010 para os 15 municípios com maior arrecadação da CFEM (%) ................... 62 Tabela 22 – Evolução do PIB per capita e da Renda per capita entre 2000 e 2010 para os municípios do Norte de Minas (%) ................................................. 63 Tabela 23 – Total de internações no ano de 2012, por municípios do Norte de Minas .. 67 Tabela 24 – Taxa de analfabetismo por municípios, 2000 e 2010 ................................. 69 Tabela 25 – Proporção de indivíduos com 18 anos ou mais com ensino médio ............ 70 Tabela 26 – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) nas escolas da rede estadual, nos municípios do Norte de Minas, Belo Horizonte, e Minas Gerais (2005, 2007, 2009 e 2011) .................................................... 72 Tabela 27 – Taxa de ocupação formal nos municípios do Norte de Minas, 2000 e 2010 ............................................................................................................ 74 Tabela 28 – Rendimento médio do trabalho principal em 2010, Municípios Norte de Minas .......................................................................................................... 75 Tabela 29 – Proporção de domicílios com acesso ao abastecimento geral de água no Norte de Minas....................................................................................... 77 Tabela 30 – Proporção de domicílios com acesso a esgotamento sanitário, Norte de Minas .......................................................................................................... 78 Tabela 31 – IMRS para municípios do Norte de Minas, 2008 ........................................ 81 Tabela 32 – Mão de obra empregada, Minas Gerais e Brasil, 2007 a 2011 .................. 84 Tabela 33 – Número de Estabelecimentos, Minas Gerais e Brasil, 2007 a 2011 ........... 84 Tabela 34 – Estrutura do Mercado de Trabalho, Microregião de Grão Mogol, Norte de Minas, 2007 a 2011 ............................................................................... 86 Tabela 35 – Número de Estabelecimentos, Microregião de Salinas, Norte de Minas, 2007 a 2011 ................................................................................................ 87 Tabela 36 – Número de Estabelecimentos, Microregião de Janaúba, Norte de Minas, 2007 a 2011 ................................................................................................ 88 Tabela 37 – Indicadores de Centralidade da REGIC 2007 – Região de Estudo Norte de Minas ................................................................................................... 140 Tabela 38 – Oferta de modalidades de ensino, segundo Microrregiões, Fevereiro de 2013 ......................................................................................................... 142 Tabela 39 – Oferta de serviços de saúde selecionados, Dezembro de 2012, por ....... 143 Tabela 40 – Oferta de equipamentos de saúde selecionados, Dezembro de 2012, .... 143 Tabela 41 – Oferta de profissionais de saúde selecionados, Dezembro de 2012, ....... 144 Tabela 42 – Percentual da População com abastecimento de água, coleta de lixo e .. 145 Tabela 43 – Existência de banheiro ou sanitário e tipo de esgotamento sanitário, ...... 145 Tabela 44 – Tipo de Domicílio Particulares Permanentes (%), Microrregiões, 2010 .... 146 Tabela 45 – Tipo de Domicílio Particulares Permanentes por Condição de Ocupação146 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ALMG – Assembleia Legislativa de Minas Gerais BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CAGEDE – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CBMM – Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração CEDEPLAR/UFMG – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais CFEM – Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas CODEMA – Conselho Deliberativo de Meio Ambiente CODEMIG – Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais DER/MG – Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral EIA – Estudos de Impacto Ambiental EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais FCASA - Ferrovia Centro Atlântico SA FENICS –Feira Nacional da Indústria FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração IMRS – Índice Mineiro de Responsabilidade Social UDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IDTE – Desempenho Tributário e Econômico IMAGEM-MG – Integrated Multi-regional Applied General Equilibrium Model – Minas Gerais INDI – Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais FENICS – Feira Nacional da Indústria FERARP – Feira Regional do Alto Rio Pardo FJP – Fundação João Pinheiro FIP – Fundação Israel Pinheiro IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IEPHA – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais IGS – Instituto Grande Sertão LPOUS – Leis de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo MIBA – Mineração Minas Bahia MPEs – Micro e Pequenas Empresas MTE – Ministério do Trabalho e Emprego PCHs – Pequenas Centrais Hidrelétricas PDM – Plano Diretor Municipal PDMs – Planos Diretores Municipais PDITS – Planos de Desenvolvimento Integrado para o Turismo Sustentável PIB – Produto Interno Bruto PN – Plano Nacional da Mineração PRODETUR – Programa de Desenvolvimento do Turismo PROACESSO – Programa de Pavimentação de Ligações e Acessos Rodoviários aos Municípios PRODETUR – Programa de Desenvolvimento do Turismo RAIS – Relação Anual de Informações Sociais SAM – Sul Americana de Metais SEDVAN – Secretaria de Estado Extraordinária SEBRAE – Serviço Brasileiro às Micro e Pequenas Empresas SEDRU – Secretaria de Desenvolvimento Regional e Urbano de Minas Gerais SETUR Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais UINE – Unidade de Inteligência Empresarial UNIMONTES – Universidade Estadual de Montes Claros SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 13 1 APRESENTAÇÃO DO PLANO E BREVE DESCRIÇÃO METODOLÓGICA . 15 1.2 Definição da Região de Estudo ..................................................................... 15 2 DIAGNÓSTICO, CRIAÇÃO DE CENÁRIOS E LEITURA ESTRUTURAL ....... 17 2.1 Dinâmica Demográfica Regional, 1991-2030: Projeções Populacionais Tendenciais para o Período 2010-2030 na Região de Referência Norte de Minas ....................................................................................................................... 17 2.1.1 Resultados das Projeções Demográficas Tendenciais: 2010 a 2030 ................ 17 2.1.2 Vulnerabilidade Socioeconômica e Ambiental ....................................................... 22 2.2 Dinâmica Econômica Regional 2005-2030 ......................................................... 23 2.2.1 Indicadores estruturais da dinâmica econômica no Norte de Minas .................. 23 2.2.2 Capacidade Fiscal dos Municípios ........................................................................... 29 2.3 Cenário de Investimentos e Estrutura Urbano-Regional ............................... 33 2.3.1 Análise do Setor Mínero-Metalúrgico e Possibilidades de Diversificação Econômica ................................................................................................................... 34 2.3.1.1 Investimentos e Empregos Previstos no Setor Mineral: Brasil ........................... 34 2.3.1.2 Investimentos Previstos no setor Mineral: Minas Gerais..................................... 38 2.3.1.3 Outros investimentos previstos para a Região de Estudo: Norte de Minas ..... 43 2.3.1.4 Estrutura Produtiva e Investimentos Previstos...................................................... 45 2.3.1.5 Análise do potencial de desenvolvimento do setor minero-metalúrgico na região de referência, investimentos previstos, cronograma e expansão da produção ..................................................................................................................... 51 2.3.1.5.1 Produção Mineral e Emprego em Minas Gerais ................................................... 51 2.3.1.5.2 Comércio Exterior ...................................................................................................... 54 2.3.1.5.3 CFEM ........................................................................................................................... 58 2.3.1.5.4 Economia Mineral, Investimentos e Potencialidades de Diversificação ........... 59 2.3.1.5.5 A Dimensão social e a diversificação produtiva .................................................... 64 2.3.2 A Estrutura da Economia Regional: mercado de trabalho no Norte de Minas 82 2.3.3 Transportes na Estrutura Urbano-Regional ........................................................... 89 2.3.3.1 Rodovias ...................................................................................................................... 89 2.3.3.2 Ferrovias ...................................................................................................................... 92 2.3.4 Turismo e Patrimônio Histórico e Natural: Caracterização da Dinâmica Turística na Região do Norte de Minas e Proposições para seu Fortalecimento............................................................................................................. 93 2.3.4.1 Segmento turístico predominante ............................................................................. 95 2.3.4.2 Produtos turísticos e atrativos ................................................................................... 99 2.3.4.3 Oferta Turística .......................................................................................................... 104 2.3.4.4 Evolução do número de estabelecimentos na região ......................................... 108 2.3.4.5 Demanda turística ..................................................................................................... 110 2.3.4.6 Demanda potencial ................................................................................................... 115 2.3.4.7 Economia do turismo ................................................................................................ 115 2.3.4.8 Limitações ao desenvolvimento turístico .............................................................. 120 2.3.3.9 Planos, programas e ações desenvolvidas para o fortalecimento do turismo regional ...................................................................................................................... 123 2.3.4.10 Propostas preliminares............................................................................................ 125 2.3.5 Impactos no Meio Ambiente Regional .................................................................. 126 2.3.6 A Rede de Cidades Regional ................................................................................. 132 2.3.6.1 Aspectos teórico-conceituais ................................................................................... 132 2.3.6.2 Aspectos metodológicos: a REGIC 2007 .............................................................. 134 2.3.6.3 Caracterização da rede urbana regional ............................................................... 136 2.3.7 Desenvolvimento Urbano no Médio Espinhaço ................................................... 141 2.3.7.1 Indicadores de Infraestrutura e Serviços Urbanos ............................................. 141 2.3.7.2 Análise dos Planos Diretores Municipais .............................................................. 147 2.4 Pesquisa Qualitativa para a Construção do Plano de Desenvolvimento 159 2.5 Cartografia e Bases de Dados ............................................................................. 161 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 162 ANEXO A – Projeções Populacionais Tendenciais por Grupo Etário – Norte de Minas .................................................................................................................... 167 ANEXO B – Relações de comércio regional no Norte de Minas ................................ 173 13 INTRODUÇÃO Este relatório apresenta as atividades e produtos executados durante o período de 01 de dezembro a 31 de maio. O Relatório segue as orientações de conteúdo mencionados no Edital 001/2012. Optou-se neste Produto 3 por redefinir a nomenclatura estabelecida no Edital, porém mantendo o conteúdo solicitado, conforme o Quadro 1. Essa redefinição de nomenclatura foi realizada a partir de quatro argumentos: a) estabelecer uma linguagem mais acessível ao público de forma geral; b) estabelecer um encadeamento lógico e estrutura que permita melhor conexão com os produtos 4 e 5, a serem entregues nos próximos meses; c) facilitar a normalização pela ABNT; e d) facilitar a construção do Sumário Executivo, objeto do Produto 5, e eventualmente a publicação dos resultados finais da pesquisa na forma e estrutura de livro. Todos os produtos serão analisados de forma integrada quando da elaboração do Produto 5 e Sumário Executivo. 14 Quadro 1 – Nomenclatura dos produtos constantes no Relatório de Pesquisa e correspondência ao Edital 001/2012 Denominação no Edital 001/2012 Denominação Correspondente no Produto 1 Revisão e Ampliação do Produto 1, C. Definição da Região de Estudo 1.2. Definição da Região em Estudo 4.2. Diagnóstico, Criação de Cenários e Leitura Estrutural 2. Introdução: Diagnóstico, Cenários e Leitura Estrutural A. Análise da Dinâmica Demográfica 2.1. Dinâmica Demográfica Regional, 19912030 2.1.1. Resultados das Projeções Demográficas Tendenciais: 2010 a 2030 2.1.2. Vulnerabilidade socioeconômica e ambiental B. Análise da Dinâmica Econômica 2.2. Dinâmica Econômica Regional 2005-2030 2.2.1. Indicadores estruturais da dinâmica econômica no Norte de Minas 2.2.2. Capacidade Fiscal dos Municípios C. Estrutura Urbano-Regional 2.3. Cenário de Investimentos e Estrutura Urbano-Regional 2.3.1. Análise do Setor Mínero-Metalúrgico e Possibilidades de Diversificação Econômica 2.3.2. A Estrutura da Economia Regional: mercado de trabalho no Norte de Minas 2.3.3. Transportes na Estrutura UrbanoRegional 2.3.4. Turismo e Patrimônio Histórico e Natural 2.3.5. Impactos no Meio Ambiente Regional 2.3.6. A Rede de Cidades Regional 2.3.7. Desenvolvimento Urbano no Médio Espinhaço G. Entrevistas e Participação 2.4. Pesquisa Qualitativa para a Construção do Plano de Desenvolvimento F. Tratamento de Informações e Análise Espacial 2.5. Cartografia e Banco de Dados 15 1 APRESENTAÇÃO DO PLANO E BREVE DESCRIÇÃO METODOLÓGICA 1.2 Definição da Região de Estudo O Mapa 1 traz a redefinição das áreas de estudo e referência para o Norte de Minas, utilizada neste Produto 3. 16 Mapa 1 – Região de Referência e Região de Estudo no Norte de Minas Fonte: BARBIERI (Coord), 2012. 17 2 DIAGNÓSTICO, CRIAÇÃO DE CENÁRIOS E LEITURA ESTRUTURAL 2.1 Dinâmica Demográfica Regional, 1991-2030: Projeções Populacionais Tendenciais para o Período 2010-2030 na Região de Referência Norte de Minas As projeções populacionais para o período 2010-2030 foram realizadas no nível de municípios da região de referência. Estas ajudarão a entender melhor as tendências demográficas, isto é, o contingente populacional da Região de Referência nos períodos quinquenais compreendidos entre 2010 e 2030, bem como sua distribuição segundo grupos de idade, por município. A metodologia está detalhada no Produto 2, mas vale lembrar que o cenário tendencial não incorpora os possíveis impactos da consolidação dos empreendimento previstos, o que será feito no Produto 4. Entretanto, as projeções tendenciais são importantes para revelar os efeitos do comportamento previsto para as componentes fecundidade, mortalidade e migrações. 2.1.1 Resultados das Projeções Demográficas Tendenciais: 2010 a 2030 Em 2010, a Região de Referência Norte de Minas tinha uma população de aproximadamente 501 mil pessoas, com um ritmo de crescimento demográfico, entre 2000 e 2010, mais baixo do que a média do Brasil (1,2% ao ano) e de Minas Gerais (0,9% ao ano). Isso indica um saldo migratório negativo, uma vez que a fecundidade da região é mais alta do que a brasileira e mineira. De fato, a Região de Referência Norte de Minas tem se caracterizado, historicamente, por perdas populacionais. A tabela 1 mostra os resultados das projeções demográficas para os períodos quinquenais compreendidos entre 2015 e 2030, além dos resultados do Censo Demográfico 2010. O que se observa é um crescimento absoluto em todos os períodos, atingindo 519 mil pessoas em 2030. Portanto, a tendência demográfica é de crescimento baixo, fruto da diminuição do crescimento natural, mas também das perdas líquidas populacionais, em um cenário de envelhecimento – portanto, de diminuição da população em idades mais propensas à emigração. Internamente, os municípios apresentam comportamentos diferenciados, com aumento da população na maioria dos municípios da Região de Referência. No horizonte de projeção, os aumentos mais expressivos tendem a ocorrer em algumas 18 localidades de maior porte populacional, com destaque para Jaíba, Janaúba e Taiobeiras, nesta ordem. Apesar do provável aumento populacional, as projeções apontam para uma tendência de diminuição em 12 deles, sendo a mais expressiva em Monte Azul. Diminuição em termos absolutos normalmente indica saldos migratórios negativos bastante expressivos, muito além do crescimento natural. Um fenômeno bastante comum em termos de mobilidade espacial da população é a tendência de parte dos fluxos migratórios se direcionarem para localidades mais próximas. Nesse sentido, municípios com ritmo mais elevado de crescimento populacional tendem a refletir, parcialmente, o ganho populacional a partir dessas origens. 19 Tabela 1 – Projeção tendencial da população da Região de Referência Norte de Minas, segundo municípios: 2010 a 2030 Região de Referência e municípios Norte de Minas Águas Vermelhas Berizal Botumirim Catuti Cristália Curral de Dentro Divisa Alegre Espinosa Fruta de Leite Gameleiras Grão Mogol Indaiabira Itacambira Jaíba Janaúba Josenópolis Mamonas Mato Verde Monte Azul Montezuma Ninheira Nova Porteirinha Novorizonte Padre Carvalho Pai Pedro Porteirinha Riacho dos Machados Rio Pardo de Minas Rubelita Salinas Santa Cruz de Salinas Santo Antônio do Retiro São João do Paraíso Serranópolis de Minas Taiobeiras Vargem Grande do Rio Pardo 2010 500927 12722 4370 6497 5102 5760 6913 5884 31113 5940 5139 15024 7330 4988 33587 66803 4566 6321 12684 21994 7464 9815 7398 4963 5834 5934 37627 9360 29099 7772 39178 4397 6955 22319 4425 30917 4733 2015 512202 13002 4571 6377 5134 5668 7301 6273 31273 5623 5195 15199 7297 5220 36260 69131 4612 6481 12623 21833 7807 9984 7328 5085 5950 5979 37715 9202 29636 7541 40541 4248 7008 22973 4572 32731 4831 População 2020 522897 13278 4779 6268 5145 5600 7722 6681 31384 5333 5245 15374 7264 5461 39014 71248 4692 6607 12495 21550 8165 10154 7250 5214 6101 6026 37661 9047 30161 7314 41754 4102 7079 23577 4719 34511 4922 2025 531626 13515 4977 6154 5126 5526 8128 7082 31361 5064 5268 15503 7214 5694 41779 72971 4791 6693 12280 21124 8508 10284 7129 5345 6252 6050 37384 8876 30569 7076 42731 3955 7140 24057 4856 36175 4990 2030 537432 13677 5150 6011 5078 5424 8499 7450 31158 4793 5257 15546 7137 5898 44425 74182 4877 6740 11985 20550 8815 10373 6962 5457 6359 6044 36850 8658 30784 6814 43472 3796 7169 24377 4967 37664 5033 Fonte: Elaboração própria. Projeções elaboradas pelo CEDEPLAR/UFMG. O aumento da população da Região de Referência ocorre a um ritmo decrescente, de 0,45% ao ano, entre 2010 e 2015, para 0,22% ao ano, entre 2025 a 2030, como pode ser observado na Tabela 2. Jaíba, e em menor medida Taiobeiras, são os municípios cuja tendência demográfica aponta para o maior ritmo de crescimento demográfico. O primeiro tende a ter um crescimento de 1,54% ao ano, no período 2010-2015, cujo ritmo decai para 1,24% ao ano, no último quinquênio projetado. A importância regional de Jaíba fica ainda mais evidente ao considerar que este é um dos municípios de maior porte populacional, devendo atingir mais de 20 44 mil habitantes, por volta de 2030. Para Taiobeiras, entre o primeiro e o último período de projeção, a taxa de crescimento varia de 1,15% até 0,81% ao ano. Apesar de apresentar um ritmo mais lento de crescimento, Janaúba merece menção, pois tende a apresentar a maior população até o final de período, ultrapassando 74 mil habitantes em 2030, e certamente exercendo papel de importante polo regional. Tabela 2 – Taxa geométrica de crescimento médio anual da Região de Referência Norte de Minas e de seus municípios, por períodos quinquenais, entre 2010 e 2030 Taxa de Crescimento do Período Região de Referência e municípios 2010 a 2015 2015 a 2015 2020 a 2030 2025 a 2030 Norte de Minas 0,45 0,41 0,33 0,22 Águas Vermelhas 0,44 0,42 0,35 0,24 Berizal 0,90 0,90 0,81 0,69 Botumirim -0,37 -0,34 -0,37 -0,47 Catuti 0,13 0,04 -0,07 -0,19 Cristália -0,32 -0,24 -0,27 -0,37 Curral de Dentro 1,10 1,13 1,03 0,90 Divisa Alegre 1,29 1,27 1,17 1,02 Espinosa 0,10 0,07 -0,01 -0,13 Fruta de Leite -1,09 -1,06 -1,03 -1,09 Gameleiras 0,22 0,19 0,09 -0,04 Grão Mogol 0,23 0,23 0,17 0,06 Indaiabira -0,09 -0,09 -0,14 -0,21 Itacambira 0,91 0,91 0,84 0,71 Jaíba 1,54 1,47 1,38 1,24 Janaúba 0,69 0,61 0,48 0,33 Josenópolis 0,20 0,34 0,42 0,36 Mamonas 0,50 0,39 0,26 0,14 Mato Verde -0,10 -0,20 -0,35 -0,48 Monte Azul -0,15 -0,26 -0,40 -0,55 Montezuma 0,90 0,90 0,83 0,71 Ninheira 0,34 0,34 0,25 0,17 Nova Porteirinha -0,19 -0,21 -0,34 -0,47 Novorizonte 0,49 0,50 0,49 0,42 Padre Carvalho 0,40 0,50 0,49 0,34 Pai Pedro 0,15 0,16 0,08 -0,02 Porteirinha 0,05 -0,03 -0,15 -0,29 Riacho dos Machados -0,34 -0,34 -0,38 -0,50 Rio Pardo de Minas 0,37 0,35 0,27 0,14 Rubelita -0,60 -0,61 -0,66 -0,75 Salinas 0,69 0,59 0,46 0,34 Santa Cruz de Salinas -0,69 -0,70 -0,73 -0,82 Santo Antônio do Retiro 0,15 0,20 0,17 0,08 São João do Paraíso 0,58 0,52 0,40 0,26 Serranópolis de Minas 0,65 0,64 0,57 0,45 Taiobeiras 1,15 1,06 0,95 0,81 Vargem Grande do Rio Pardo 0,41 0,37 0,28 0,17 Fonte: Elaboração própria. Projeções elaboradas pelo CEDEPLAR/UFMG. 21 A evolução das componentes demográficas não impacta apenas o ritmo de crescimento, mas também a estrutura etária, algo fundamental para a elaboração de políticas públicas. Os Gráficos 1 e 2 fornecem uma ideia do reflexo do envelhecimento sobre a estrutura etária da Região de Referência. Nota-se que, em 2010, a maior participação relativa situava-se no grupo etário de 15 a 19 anos, portanto, já demonstrando a redução passada da fecundidade, uma vez que as idades anteriores apresentavam menor participação relativa. Também fica evidente a grande proporção da população em idade ativa – compreendida entre 15 e 64 anos, um período conhecido como “janela de oportunidades” ou de “bônus demográfico”, devido a diminuição da participação de pessoas em idades economicamente inativas, neste caso, de crianças. Gráfico 1 – Estrutura Etária da Região de Referência Norte de Minas - 2010 Fonte: 12,00 10,00 % 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 0a4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 a 74 75 a 79 grupo etário Projeções elaboradas pelo CEDEPLAR/UFMG . 80+ 22 Gráfico 2 – Estrutura Etária da Região de Referência Norte de Minas - 2030 12,00 10,00 % 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 0a4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 a 74 75 a 79 80+ grupo etário Projeções elaboradas pelo CEDEPLAR/UFMG . Entretanto, os efeitos do envelhecimento ficam bastante evidentes ao se observar, no Gráfico 2, que a maior proporção de pessoas tende a se concentrar nos grupos etários de 30 a 39 anos, no ano de 2030, uma alteração substancial. Em todas as idades anteriores, a participação relativa irá diminuir, ocorrendo o contrário nas idades subsequentes. Isso mostra claramente a tendência de maior peso das coortes acima das idades economicamente ativas. A dinâmica demográfica da Região de Referência aponta para um comportamento relativamente diversificado, uma vez que há tendência de aumento absoluto de população, mas são esperadas perdas líquidas populacionais para outras regiões, juntamente com envelhecimento generalizado. No entanto, alguns municípios podem exercer a função de atração populacional, pois indicam ritmo de crescimento acima da média do País e de Minas Gerais. Esta dinâmica heterogênea poderá afetar de maneira diferenciada o processo de envelhecimento, como pode ser conferido nos resultados das projeções municipais por idade, nas tabelas do Anexo A. 2.1.2 Vulnerabilidade Socioeconômica e Ambiental Os resultados da análise de vulnerabilidade socioambiental dos municípios no Médio Espinhaço serão discutidos no Produto 4. 23 2.2 Dinâmica Econômica Regional 2005-2030 Os indicadores apresentados e analisados nesta sessão são retirados da base de dados e das projeções de cenário do modelo Integrated Multi-regional Applied General Equilibrium Model – Minas Gerais (IMAGEM-MG). Assim, dá-se continuidade a analise e apresentação do modelo, iniciada no produto anterior. Pretende-se ainda com estes números ilustrar características não evidenciadas em dados secundários obre a estrutura das regiões de estudo. Vale ressaltar que os indicadores apresentados nesta sessão são fruto de procedimentos matemáticos e estatísticos utilizados na construção da base de dados do modelo. Assim, não representam informações tomadas diretamente de dados secundários, mas obtidas por modelos e métodos a partir de um grande conjunto de dados secundários utilizados na construção da base de dados do modelos. Portanto, devem ser interpretados qualitativamente como forma de entendimento da estrutura produtiva das regiões analisadas, representando uma informação adicional aos demais indicadores apresentados neste relatório. 2.2.1 Indicadores estruturais da dinâmica econômica no Norte de Minas A Tabela 3 mostra a composição do PIB em cada região pela ótica da absorção: consumo das famílias, investimento, governo e outras demandas, exportações e importações. Estes dois últimos contabilizam tanto o fluxo para o exterior como para as demais regiões do Brasil. Estes dados representam essa composição entre 2005 e 2030, no âmbito do cenário de referência traçado no Produto 2. Um fato típico das economias de regiões pequenas é a dependência das importações e o elevado déficit comercial. Nas três microrregiões, o total das importações é superior ao PIB, com destaque para Grão Mogol, a menor região das três, na qual o volume é quase quatro vezes o Produto Interno Bruto (PIB) da região, que também possui um elevado nível de exportações superior ao PIB. O consumo das famílias e do Governo é da mesma magnitude do PIB em Grão Mogol, indicando a preponderância deste componente em relação ao investimento (em média, o investimento responde por 15% do PIB de Minas Gerais). Um fato característico das regiões é a baixa proporção do investimento, em torno de 10% do PIB. 24 Tabela 3 - Projeção da composição do PIB microrregional (2005-2030) Componentes do PIB Participação no PIB da Microrregião Grão Mogol Salinas Janaúba Famílias 102% 88% 78% Investimento 10% 12% 11% Governo e outras dem. 91% 74% 59% 267% 100% 85% -371% -173% -133% Exportações Importações (1) (1) TOTAL 100% 100% 100% Fonte: Base de dados do modelo IMAGEM-MG. Nota: Contabiliza-se os fluxos para o mercado externo e para o restante do mercado interno (demais regiões de Minas Gerais e restante do Brasil). A composição produtiva das regiões de estudo pode ser observada na Tabela 4, de acordo com os 15 setores do modelo. Como esperado, excluindo-se os setores de serviços, predominam os setores da Agricultura e Pecuária, especialmente em Janaúba. Os produtos derivados da cana-de-açúcar implicam na elevada participação do setor de Químicos, álcool e açúcar em Grão Mogol e Salinas. Em Janaúba há ainda certo destaque para setores industriais de Alimentos, Têxteis e Madeira. A pequena participação de setores industriais nessas regiões corrobora os dados da Tabela 3, indicando que a demanda por estes produtos deve ser atendida por importações, como bens de consumo duráveis (eletrodomésticos e linha branca, automóveis, etc.) e bens intermediários (combustíveis, cimento, produtos de metalurgia, material elétrico). Esta estrutura produtiva aponta para a concentração na produção primária, ausência de setores industriais relevantes e elevada participação de serviços, provavelmente de baixa complexidade utilizados no atendimento do consumo das famílias. 25 Tabela 4 – Projeção da estrutura setorial da produção microrregional (2005-2030) Setores Econômicos Grão Mongol Salinas Janaúba 1. Agricultura 15,4% 14,9% 23,7% 2. Pecuária 5,2% 3,2% 7,0% 3. Extrativa Mineral 1,4% 2,2% 0,3% 4. Minério de Ferro 2,3% 3,6% 0,4% 5. Combustíveis 0,0% 0,0% 0,0% 6. Alimentos, Bebidas e Fumo 0,0% 1,8% 3,7% 7. Têxteis, Vestuário e Calçados 0,0% 0,5% 1,6% 8. Celulose, Papel e Madeira 8,9% 1,0% 2,1% 9. Químicos, Álcool e Açúcar 12,1% 13,4% 0,4% 10. Minerais não Metálicos 0,3% 1,5% 1,3% 11. Siderurgia 0,0% 0,5% 0,7% 12. Bens de Capital e duráveis 0,0% 0,0% 0,1% 13. Equipamento de Transporte 0,0% 0,0% 0,0% 14. Outras Indústrias 0,0% 1,3% 0,4% 15. Serviços Total Fonte: Base de dados do modelo IMAGEM-MG. 54% 100% 56% 100% 58% 100% A projeção da composição da demanda ajuda a configurar a estrutura produtiva das regiões, uma vez que indica o destino (utilização) da produção doméstica. No caso de Grão Mogol (TABELA 5), apresentam-se apenas os setores de produção significativa na região (TABELA 3). O uso local se destaca para o setor de produtos de madeira e serviços. Na Agricultura, pecuária e Minério de Ferro o destino da produção são vendas para outras regiões e exportações (90% da produção em média). Tabela 5 – Projeção da utilização da produção doméstica em Grão Mogol (2005-2030) Uso Local Famílias Setores Outros Total Outras Exportações Regiões 1. Agricultura 0,5% 1,1% 0,0% 1,6% 78,8% 19,6% 2. Pecuária 4,1% 3,6% 0,0% 7,7% 90,2% 2,1% 3. Extrativa Mineral 0,2% 8,6% 0,0% 8,8% 61,7% 29,5% 4. Minério de Ferro 0,0% 6,9% 0,0% 6,9% 84,0% 9,1% 8. Celulose, Papel e Madeira 7,0% 22,6% 0,0% 29,6% 44,2% 26,2% 9. Químicos, Álcool e Açúcar 1,4% 5,0% 0,0% 6,4% 65,0% 28,6% 15. Serviços 15,4% 8,7% Fonte: Base de dados do modelo IMAGEM-MG. 27,6% 51,7% 48,1% 0,2% Na região de Salinas (TABELA 6) a maior parte da produção da Agricultura, Pecuária e Extrativa é vendida para fora da região, seja para as demais regiões do Brasil seja para exportações. O consumo local se destaca na utilização da produção de Químicos, álcool e açúcar; Minerais não Metálicos; Outras Indústria e Serviços. 26 Assim, percebe-se que a produção primária da região espacialmente destinada para vendas a outras regiões; cujos recursos gerados financiam a compra de bens de consumo duráveis e outros produtos não produzidos localmente. Tabela 6 – Projeção da utilização da produção doméstica em Salinas (2005-2030) Uso Local Setores Outros Total Outras Regiões Exportações Famílias 1. Agricultura 4,2% 8,9% 0,0% 13,1% 66,0% 20,9% 2. Pecuária 7,6% 11,7% 0,0% 19,3% 80,2% 0,6% 3. Extrativa Mineral 0,3% 24,1% 0,0% 24,4% 58,2% 17,4% 4. Minério de Ferro 0,0% 8,9% 0,0% 8,9% 89,2% 1,9% 6. Alimentos, Bebidas e Fumo 7,4% 2,4% 0,0% 9,8% 85,4% 4,7% 9. Químicos, álcool e açúcar 6,5% 27,8% 0,0% 34,3% 34,3% 31,4% 10. Minerais não Metálicos 1,1% 21,6% 0,0% 22,7% 46,4% 30,9% 11. Siderurgia 0,2% 7,7% 0,0% 7,9% 89,8% 2,3% 14. Outras Indústrias 43,0% 20,1% 0,0% 63,1% 22,1% 14,7% 15. Serviços 23,5% 16,5% Fonte: Base de dados do modelo IMAGEM-MG. 30,5% 70,5% 29,3% 0,2% Para Janaúba, Tabela 7, apresentamos novamente o uso da produção apenas para os setores mais significativos na região (TABELA 4). O uso local se destaca para o setor de produtos de madeira, serviços e Têxteis, Vestuário e Calçados. Na Agricultura, Pecuária e Alimentos o principal destino da produção são vendas para outras regiões do Brasil e restante de Minas Gerais (75 a 85% da produção em média). A existência de um setor de Têxteis, Vestuário e Calçados, com vendas regionais expressivas, sugere que a região funciona como um polo de produção local, inclusive no fornecimento de produtos para Salinas e Grão Mogol. Vale lembrar que a região de Janaúba é 40% maior que Salinas e cerca de 9 vezes o tamanho de Grão Mogol, em termos de PIB. Tabela 7 – Projeção da utilização da produção doméstica em Janaúba (2005-2030) Total Outras Regiõe s Exportaçõe s Uso Local Famílias Setores Outros 1. Agricultura 2,7% 10,3% 0,0% 13,0% 75,5% 11,4% 2. Pecuária 4,0% 11,1% 0,0% 15,1% 84,2% 0,6% 6. Alimentos, Bebidas e Fumo 7. Têxteis, Vestuário e Calçados 9,6% 5,0% 0,0% 14,6% 76,9% 8,4% 27,6% 9,8% 0,0% 37,4% 53,7% 8,9% 8. Celulose, Papel e Madeira 21,4% 47,6% 0,0% 69,0% 27,2% 3,7% 10. Minerais não Metálicos 1,4% 28,2% 0,0% 29,6% 40,0% 30,4% 15. Serviços 26,1% 18,0% Fonte: Base de dados do modelo IMAGEM-MG. 32,5% 76,6% 23,0% 0,4% 27 O quadro configurado acima pelos indicadores do PIB, produção e demanda indicam que o comércio inter-regional é um fator importante na dinâmica das regiões analisadas. A base de dados do modelo permite observar os principais fluxos de compras e vendas destas e regiões, a assim um mapeamento destas forças econômicas. A Tabela 8 retrata as regiões de maiores fluxos de origem (compras) para as regiões analisadas. Um fato relevante é o Restante do Brasil figurar entre as duas principais origens das compras dessas regiões, com percentuais de 24% (Janaúba) a 37% (Grão Mogol). As compras da própria região também são elevadas, em torno de 30% em Salinas e Janaúba, mas de apenas 13% em Grão Mogol. Neste caso, mais um reflexo da pequena produção doméstica e dependência das compras de demais regiões. Comparativamente, na maior região do estado, Belo Horizonte, as compras da própria região representam 85% do total, as do restante do Brasil de apenas 4,5%, e do restante do estado 10,5%. A tabela reflete também a baixa integração comercial entre as 3 regiões, uma vez que a compra entre estas situa-se de 1 a 3 % do volume total. Por outro lado, algumas regiões do Norte de Minas se destacam como fornecedoras, como Montes Claros e Pirapora, além da ligação com o Triangulo (Uberlândia e Uberaba) e Belo Horizonte. 28 Tabela 8 – Projeção da Estrutura das Compras das Microrregiões - % das compras por origem (2005-2030) GRÃO MOGOL 36,98% Restante do Brasil SALINAS JANAÚBA 36,27% 13,03% Grão Mogol 32,47% Salinas 29,86% Restante Do Brasil 24,20% Janaúba Restante Do Brasil 8,19% Montes Claros 5,32% Uberlândia 7,03% Uberlândia 7,20% Uberlândia 4,97% Pirapora 6,84% Montes Claros 5,46% Pirapora 4,96% Belo Horizonte 6,56% Pirapora 5,00% Belo Horizonte 3,84% Montes Claros 5,29% Belo Horizonte 3,98% Uberaba 1,99% Uberaba 1,94% Uberaba 1,78% Salinas 1,49% Araçuaí 0,88% Salinas 1,29% Janaúba 1,32% Janaúba 0,79% Januária 1,14% Januária 1,32% Capelinha 0,64% Sete Lagoas 0,99% Paracatu 1,03% Pedra Azul 0,42% Paracatu 0,94% Poços De Caldas 0,63% Almenara 0,42% Ipatinga 0,67% Sete Lagoas 0,62% Januária 0,37% Três Marias 0,58% Varginha 0,59% Sete Lagoas 0,34% Bocaiuva 0,58% Capelinha 0,55% Teófilo Otoni 0,34% Varginha 0,57% Araxá 0,52% Ipatinga 0,33% Poços de Caldas 0,52% Unaí 0,40% Grão Mogol 0,29% Itabira 0,50% Patos De Minas 0,39% Paracatu 0,28% Juiz De Fora 0,49% Alfenas 0,36% Poços De Caldas 0,28% Frutal 0,26% Araxá 0,42% Patrocínio 0,34% Varginha Fonte: Base de dados do modelo IMAGEM-MG. A Tabela 9 ilustra as 20 maiores regiões de fluxos de destino (vendas) para as regiões analisadas (vide mapas no ANEXO B). Um fato relevante é o Restante do Brasil figurar entre os dois principais destinos das vendas dessas regiões, com percentuais de 12% (Salinas) a 19% (Janaúba). As vendas da própria região também são elevadas, em torno de 50% em Salinas e Janaúba, mas de apenas 38% em Grão Mogol. Assim, mais um indicador da pequena produção doméstica e dependência das vendas para as demais regiões no caso de Grão Mogol. Comparativamente, na maior região do estado, Belo Horizonte, as vendas da própria região representam 76% do total, para o restante do Brasil 7%, e do restante do estado 17%. Os dados também refletem, novamente, a baixa integração comercial entre as 3 regiões, uma vez que os fluxos de vendas entre estas situa-se de 7% a 1,75 % do volume total. Vale notar que algumas regiões do Norte de Minas se destacam como destinos da produção regional, como Montes Claros, Pirapora, além da ligação com Uberlândia e Belo Horizonte. 29 Tabela 9 – Projeção da Estrutura das Vendas das Microrregiões - % das vendas por destino (2005-2030) GRÃO MOGOL SALINAS JANAÚBA 38,45% Grão Mogol 54,86% Salinas 52,72% Janaúba 14,33% Restante Do Brasil 12,02% Restante Do Brasil 18,95% Restante Do Brasil 5,96% Montes Claros 3,33% Araçuaí 5,61% Uberlândia 4,75% Uberlândia 2,90% Uberlândia 4,59% Montes Claros 4,45% Salinas 2,71% Capelinha 2,35% Belo Horizonte 3,06% Belo Horizonte 2,35% Pedra Azul 1,66% Salinas 2,71% Pirapora 2,09% Montes Claros 1,08% Januária 2,68% Janaúba 1,71% Janaúba 0,72% Bocaiuva 1,92% Januária 1,60% Belo Horizonte 0,67% Ipatinga 1,40% Ipatinga 1,54% Pirapora 0,65% Pirapora 1,28% Capelinha 1,39% Itabira 0,55% Uberaba 1,21% Araçuaí 1,14% Almenara 0,54% Araçuaí 0,98% Bocaiuva 1,04% Ipatinga 0,52% Capelinha 0,98% Pedra Azul 0,99% Ouro Preto 0,50% Três Marias 0,96% Três Marias 0,80% Grão Mogol 0,45% Pedra Azul 0,93% Itabira 0,79% Januária 0,43% Grão Mogol 0,84% Paracatu 0,61% Teófilo Otoni 0,40% Almenara 0,84% Almenara 0,50% Três Marias 0,39% Paracatu 0,81% Ouro Preto 0,44% Uberaba 0,34% Itabira 0,74% Uberaba 0,43% Bocaiúva Fonte: Base de dados do modelo IMAGEM-MG. 0,31% Sete Lagoas 2.2.2 Capacidade Fiscal dos Municípios A presente seção tem por objetivo fazer uma análise descritiva das variáveis utilizadas para avaliar a capacidade fiscal dos municípios da região de estudo, a qual é formada pelas seguintes microrregiões: Salinas, Grão Mogol e Janaúba. Em uma etapa posterior deste trabalho, empregaremos um modelo econométrico para projetar estas variáveis, obtendo um panorama da capacidade de fiscal da região. A Tabela 10 apresenta a média, entre os anos de 2000 e 2010, de algumas variáveis que ilustram a capacidade fiscal dos municípios analisados: Desempenho Tributário e Econômico (IDTE), Relação entre Receita Tributária e Receita Total e Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). A seguir tais variáveis serão brevemente descritas. O IDTE, Indicador de Desempenho Tributário e Econômico1, busca medir a capacidade de autofinanciamento da administração local, além de avaliar algumas 1 O IDTE foi apresentado e discutido com detalhes no Produto 2 desse projeto. 30 condições da economia em questão, bem como seu nível de desenvolvimento. A maior vantagem do IDTE2 em relação ao indicador de receita tributária é que aquele inclui receitas advindas de transferências associadas à atividade econômica local, dando melhor medida da capacidade fiscal do município. Os valores utilizados são provenientes da Fundação João Pinheiro3. De acordo com a Tabela 10 é possível ver que dentre as 3 microrregiões a que possui um maior valor para o IDTE é Grão Mongol (20,92), seguido por Salinas (18,11) e Janaúba (17,85). Importante ressaltar que as 3 regiões se encontram abaixo da média do estado, a qual é 27,60, o que pode ser justificado pelo Norte de Minas ser uma região historicamente menos desenvolvida que o restante do estado. Avaliando separadamente cada microrregião, em Salinas, os maiores valores para o IDTE são referentes aos seguintes municípios: Divisa Alegre, São João do Paraíso, Taiobeiras e Salinas. Já em Grão Mogol destaca-se o município de Grão Mogol com um valor significamente superior aos demais: 37,46. Por fim, em Janaúba, os principais valores são para Janaúba, Jaíba e Nova Porteirinha. 2 Para mais detalhes, ver Oliveira e Biondini, 2012. Disponível em: Para mais detalhes, consultar o website da Fundação João Pinheiro, em http://www.fjp.gov.br. Indicador Mineiro de Responsabilidade Social. 3 31 Tabela 10 – Variáveis De Capacidade Fiscal (Média de 2000 a 2010) IDTE Razão - Receita Tributária/Total (%) CFEM (R$) 18,11 3,37 13.776,93 Águas Vermelhas 17,20 3,04 10.937,48 Berizal 13,03 2,62 - Curral de Dentro 16,73 2,46 15.039,93 Divisa Alegre 25,07 2,30 - Fruta de Leite 15,49 3,26 - Indaiabira 16,82 2,77 - Montezuma 17,28 2,98 - Ninheira 14,29 2,48 3.204,86 Novorizonte 14,62 2,74 - Rio Pardo de Minas 21,92 4,66 - Rubelita 17,20 2,94 - Salinas 23,80 6,71 29.271,23 Santa Cruz de Salinas 13,71 2,04 525,00 Santo Antônio do Retiro 16,29 2,56 - São João do Paraíso 25,79 5,30 845,62 Taiobeiras 24,99 5,79 4.173,99 Vargem Grande do Rio Pardo 13,27 2,44 20,92 5,00 - Botumirim 18,32 2,55 - Cristália 21,07 3,70 - Grão Mogol 37,46 14,16 - Itacambira 20,59 3,53 - Josenópolis 13,40 2,71 - Padre Carvalho 14,71 3,12 - 17,85 3,42 11.527,75 Catuti 13,54 2,53 - Espinosa 13,37 3,52 - Gameleiras 15,79 2,56 - Jaíba 28,21 7,39 - Janaúba 32,42 6,77 25.208,41 Mamonas 12,05 2,18 - Mato Verde 16,96 4,45 - Monte Azul 13,37 3,81 - Nova Porteirinha 25,78 1,54 68,36 Pai Pedro 15,21 1,97 - Porteirinha 15,85 2,91 186,04 Riacho dos Machados 18,69 2,72 - Serranópolis de Minas 12,10 1,90 - 27,60 5,37 97.554,51 Microrregião de Salinas Microrregião de Grão Mongol Microrregião de Janaúba Minas Gerais Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de BRASIL, [entre 2008 e 2012]. Nota: A receita tributária está como proporção da receita total. CFEM está em R$ constantes do ano de 2010. 32 A segunda variável consiste na razão da Receita Tributária sobre a Receita Total dos municípios, usando como fonte o FINBRA4 (Finanças do Brasil – Dados Contábeis dos Municípios). Tal variável objetiva avaliar em que medida a receita do município é dependente da arrecadação tributária. É possível ver que, novamente, as 3 microrregiões encontram-se abaixo da média estadual. No entanto Grão Mogol apresentou um valor muito próximo (5,00) à média estadual (5,37). Em Salinas os principais municípios foram Salinas (6,71), Taioberas (5,79) e São João do Paraíso (5,30). Em Grão Mogol destaca-se novamente o município de Grão Mongol com um valor muito superior aos outros da mesma região (14,16), o que impulsionou a média da microrregião para cima. Em Janaúba os principais municípios foram Jaíba (7,39) e Janaúba (6,77). De forma semelhante, a variável Receita Corrente busca avaliar a capacidade de autofinanciamento dos municípios. Novamente, a fonte dos dados é o FINBRA. As três microrregiões apresentaram valores semelhantes: Salinas (103,57), Grão Mongol (104,25) e Janaúba (102,47), sendo a média estadual 104,11. Tais valores acima de 100 indicam que a Receita Corrente possui um valor superior do que a Receita total. Finalizando a exposição sobre as variáveis de capacidade fiscal, temos a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). A CFEM, estabelecida pela Constituição de 1988, em seu Art. 20, § 1o, é devida aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e aos órgãos da administração da União, como contraprestação pela utilização econômica dos recursos minerais em seus respectivos territórios. A compensação é administrada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e é devida por quem exerce atividade de mineração em decorrência da exploração ou extração de recursos minerais. A CFEM é calculada sobre o valor do faturamento líquido, obtido por ocasião da venda do produto mineral. Entende-se por faturamento líquido o valor da venda do produto mineral, deduzindo-se os tributos (ICMS, PIS, COFINS), que incidem na comercialização, como também as despesas com transporte e seguro. De acordo com a tabela 10 é possível ver que apenas alguns municípios arrecadam CFEM. Na microrregião de Salinas o município de Salinas é o que mais se destaca na arrecadação, com um montante de R$ 29.271,23 em média, no período compreendido entre 2000 e 2010. Em Grão Mogol nenhum município 4 Disponível em: http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/estados_municipios/index.asp . 33 apresentou arrecadação de CFEM no período de análise. Na microrregião de Janaúba, o destaque é o próprio município de Janaúba (R$ 25.208,41). Conforme esperado, as 3 regiões encontram-se abaixo da média do estado uma vez que a maior parte da arrecadação é concentrada na região Central, no Quadrilátero Ferrífero. Como um todo, as informações acima parecem indicar para uma precária situação de capacidade fiscal dessas microrregiões pertencentes a região norte. Avaliando o IDTE, é possível ver que em apenas três municípios, parece haver uma situação mais sólida, como é o caso de Grão Mogol (37,46) na microrregião de Grão Mogol, e Jaíba (28,21) e Janaúba (32,42), na microrregião de Janaúba. Tais municípios apresentaram uma média do IDTE superior à estadual, a qual foi de 27,60. 2.3 Cenário de Investimentos e Estrutura Urbano-Regional Em consonância com a abordagem conceitual e metodológica geral adotada neste Plano Regional Estratégico, a avaliação da estrutura urbano-regional aqui realizada parte de uma análise integrada e multiescalar dos fatores que transformam a dinâmica territorial. A integração entre as diversas análises temáticas e setoriais (ambiental, econômica, demográfica, social, urbanística etc.) permite que se trace um quadro mais compreensivo dos fatores envolvidos na transformação do território, assim como é imprescindível para a formulação de políticas de desenvolvimento regional apoiadas sobre articulações intersetoriais e supramunicipais. A abordagem multiescalar é fundamental para a identificação das unidades de análise relevantes tanto em uma escala espacial (localidades rurais e urbanas, município, região, micro ou mesorregião e o contexto macro) quanto na escala temporal, ou seja, qual o impacto da velocidade e ritmo das transformações socioeconômicas, demográficas e ambientais no tempo. A definição de um novo ordenamento territorial regional deverá partir da caracterização da estrutura urbano-regional, constituída pelas centralidades, relações de polarizações, homogeneidades e diferenciações intra e interregionais, condicionantes físico-ambientais e históricos da região, configuração dos sistemas de mobilidade e comunicações, e pela distribuição da população e das atividades econômicas no território. A proposta de uma nova estrutura urbano-regional deverá 34 incorporar as estratégias de ação para o desenvolvimento regional sustentável, a partir da definição de uma nova rede de centralidades, de projetos estratégicos de mobilidade intra e interregional, da identificação de áreas para expansão urbana e para usos econômicos especiais, e de áreas para restrição ao uso e à ocupação. 2.3.1 Análise do Setor Mínero-Metalúrgico e Possibilidades de Diversificação Econômica 2.3.1.1 Investimentos e Empregos Previstos no Setor Mineral: Brasil O Ministério das Minas e Energia elaborou, em 2011, o Plano Nacional da Mineração 2030 (PNM 2030). O PNM 2030 pretende ser norteador das ações o desenvolvimento do setor mineral nos próximos 20 anos, ao definir três diretrizes estratégicas: governança pública eficaz, agregação e adensamento de conhecimento em todas as etapas do setor mineral; e sustentabilidade em todas as etapas da cadeia produtiva mineral. Adicionalmente, o PNM 2030 estabelece a criação da Agencia Nacional de Mineração, do Conselho Nacional de Política Mineral, a consolidação do marco regulatório da mineração, alem de mudança na outorga dos títulos minerais e uma nova política para os royalties da mineração. De acordo com o PNM 2030, o Brasil deverá receber investimentos em pesquisa, mineração e transformação mineral de U$350 bilhões sendo que 30% desse valor é destinado a infraestrutura. No subperíodo 2023-2030 está previsto o maior volume de investimentos no período, principalmente na transformação mineral. Estas estimativas consideram o melhor cenário apresentado no Plano, denominado “Na Trilha da Sustentabilidade”. Neste cenário, estima-se que o Brasil crescerá 5,1% ao ano entre 2010-2030 e o mundo, 3,8% a.a.. O PIB brasileiro alcançará US$5,5 trilhões e o PIB per capita US$26.297 em 2030. A composição dos investimentos previstos é a seguinte: a) conhecimento geológico: US$2,1 bilhões; b) pesquisa mineral: US$ 10,5 bilhões, sendo que em minério de ferro US$1,4 bilhões; c) Investimentos na produção: US$90 bilhões; d) Investimentos totais na transformação mineral: US$ 170 bilhões; e) Investimentos na cadeia do minério de ferro: 35 – produção: US$33 bilhões em minério de ferro. Estes investimentos deverão elevar a produção nacional de minério de ferro de 372 Mt em 2010 para 1.100 Mt, sendo que as exportações passariam de 311 Mt para 797 Mt; – Pelotização: US$4,3 bilhões, elevando a produção de 62 Mt em 2010 para 119 Mt, das quais 95 Mt serão exportadas; – Siderurgia: US$82 bilhões, expandindo a produção de 33 Mt em 2010 para 116 Mt em 2030. No entanto, a indefinição sobre o novo marco regulatório da mineração, que se arrasta desde 2010, vem contribuindo para aprofundar a crise no setor mineral brasileiro (já mostrando reflexos do declínio dos preços e da demanda internacional), com declínio dos investimentos e na produção. Ademais, a suspensão das outorgas minerais pelo governo desde novembro de 2011 tem levado à estagnação do setor. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), entre 2012-2016 estavam previstos US$75 bilhões em investimentos (GRÁFICO 3). No entanto, a insegurança jurídica somada à suspensão das outorgas teria levado ao adiamento de investimentos no valor de US$20 bilhões, do total dos US$75 bilhões. Nas palavras do consultor jurídico da Vale SA, o recente ciclo virtuoso da mineração está acabado. A indústria mineral está em um momento de queda nos preços (dos minérios). As cinco maiores mineradoras do mundo tiveram seus presidentes demitidos em razão dos resultados, que não são mais os mesmos dos últimos anos. Hoje a indústria de mineração brasileira está absolutamente estagnada (INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO, 2013). 36 Gráfico 3 – Investimentos previstos no setor mineral brasileiro: 2012-2016 INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO, 2012, p. 12. Conforme o IBRAM, as principais empresas envolvidas nesses investimentos e sua produção estimada até 2016 estão relacionadas na Tabela 11. Tabela 11 – Expansão da capacidade produtiva 2011-2016 de empresas selecionadas Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO, 2012, p., 34. Como se pode notar pela tabela, não são relacionados qualquer um dos investimentos previstos para o Norte de Minas (Sul Americana de Metais (SAM), Mineração Minas Bahia (MIBA) e Carpathian). Apenas a Bahia Mineração, parte do mesmo grupo da MIBA, é destacada. Mas estes investimentos vêm sendo realizados na Bahia (Caetité). Contudo, uma análise dos dados da CFEM para 2012 demonstra que os investimentos realizados no Norte de Minas (SAM, MIBA e Carpathian) ainda não 37 geraram receitas com royalties para os municípios dessa região. Nas informações da CFEM 2012 por município, divulgadas pelo Departamento Nacional Produção Mineral (DNPM), nenhum dos municípios onde estão sendo implantados os grandes projetos minerários geraram arrecadação da CFEM, reforçando análises anteriores sobre os atrasos na implantação do projeto da MIBA e da fase pré-operacional dos projetos da SAM e da Carpathian. De fato, o projeto da Carpathian em Riacho dos Machados vem enfrentando dificuldades no processo de licenciamento ambiental e crescente resistência das comunidades, receosas da contaminação das águas pela extração de ouro. No caso da SAM, o processo de licenciamento está em andamento e ainda há condicionantes a cumprir. Da mesma forma, o projeto vem encontrando resistências das comunidades vizinhas. Em geral, todos os projetos de mineração de ferro encontram resistência tanto pelo uso que farão da água para transporte de minérios até os portos, através de minerodutos, quanto pela forma como têm atuado no uso do solo. Uma outra importante discussão que vem emergindo em foros minerários é o atual desaquecimento da demanda mundial e dos preços do minério de ferro no mercado mundial. Isso tem levado empresas como a Vale a afirmar que buscará no futuro ampliar a sua parcela de mercado no país. Segundo projeções da empresa, com a expansão da produção de minério de ferro de outras empresas e a necessidade de colocar os excedentes de produção no mercado interno, sua parcela de mercado cairá de 50% para 29% em 2015. Esse fato indica um acirramento da concorrência no mercado nacional com a entrada em operação de grandes projetos bem como a reversão de parte da produção exportada para o mercado interno. Sem dúvida, isso pressionará os preços internos e a viabilidade econômico-financeira de alguns dos grandes projetos, principalmente daqueles localizados no Norte de Minas. Como discutido anteriormente, estes projetos baseiam-se na extração de minérios de baixo teor de ferro e dependem essencialmente da logística baseada no mineroduto. Caso os preços internacionais caiam abaixo de US$130/ton, a viabilidade econômico-financeira dos projetos pode ser afetada, levando ao adiamento ou mesmo suspensão dos investimentos. A seguir, é realizada uma análise mais detalhada dos investimentos minerarios em Minas Gerais de forma a aprofundar o entendimento sobre as principais tendências, na medida em que o estado é o maior produtor mineral (com 38 quase 50% da produção nacional) e responsável por 67% da produção nacional de minério de ferro. 2.3.1.2 Investimentos Previstos no setor Mineral: Minas Gerais Minas Gerais é o estado que mais tem atraído investimentos na indústria extrativa mineral nos anos recentes. Segundo o IBRAM, deverão ser investidos no país, entre 2012-2016, US$ 75 bilhões. Destes, aproximadamente 35% deverão ser alocados em Minas Gerais, ou seja, US$ 26,2 bilhões. Do total que Minas Gerais deverá receber, 80% será destinado à produção de minério de ferro. De acordo com relatório do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais - INDI (2008), as empresas mineradoras e seus principais projetos de investimentos em minério de ferro seriam (QUADRO 2): 39 Quadro 2 – Novos Projetos Minerários em Minas Gerais Empresa Vale Minério Minério de Ferro Fosfato MMX Minério de Ferro Acelor Mittal Minério de Ferro CSN Minério de Ferro Jaguar Mining Ferrous Itaminas SAM MIBA (ERCN) Carpathian Gold Anglo American Manabi Ouro Minério de Ferro Minério de Ferro Minério de Ferro Minério de Ferro Ouro Minério de Ferro Minério de Ferro Projeto Tipo Localização Complexo Itabiritos Expansão Itabirito/Nova Lima Mina Apolo Novo Mina Serpentina Novo Caeté Conceição do Mato Dentro Cauê, Conçeição, Dois Corregos, Onça, Esmeril, Chacrinha, Periquito Expansão Itabira Alegria, Timbopeba, Fábrica Nova, Fazendão, Morro da Mina Expansão Mariana Minas Centrais (Agua Limpa, Brucutu, Corrego do Meio e Gongo Soco Expansão São Gonçalo do Rio Abaixo Minas do Oeste (Corrego do Feijão e Fábrica) Expansão Brumadinho MBR Expansão Nova Lima Nova Nova Unidade Serra Azul (Tico-Tico e Ipê) Expansão Patrocínio Itatiaiauçu (R$ 4,8 milhões) Mina do Pau de Vinho Expansão Serra Azul Expansão Mina Andrade Expansão Mina Casa de Pedra Expansão Congonhas Namisa Expansão Congonhas Mina Turmalina Expansão Turmalina Complexo Paciência Modernização Paciência Complexo Caeté (Roça Grande e Pilar) Expansão Caeté Expansão Brumadinho Mina Viga Expansão Congonhas Viga Norte Expansão Itabirito Serrinha Expansão Brumadinho Esperança Remediação Brumadinho Santanense Expansão Expansão (Novos investidores chineses) Itatiaiauçu Projeto Rio Pardo Novo Rio Pardo de Minas Projeto Jibóia e Peixe Bravo Novo Grão Mongol Riacho dos Machados Novo Projeto Rio-Minas Novo Projeto Morro do Pilar e Morro Escuro Novo Sarzedo Bom Sucesso Itatiaiauçu (US$ 75 milhões) Monlevade (US$ 50 milhões) Sarzedo Riacho dos Machados Conceição do Mato Dentro Morro do Pilar Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de INDI (2008): Perfil do Setor de Minério de Ferro de Minas Gerais 40 No Norte de Minas há expectativa de que a Vale e a BHP Billiton também iniciem atividades de pesquisa mineral para futura produção na região. A Vale deverá investir em Serranópolis de Minas. É inquestionável a importância da economia mineral para o estado de Minas Gerais, tanto em termos da atração de investimentos nacionais e internacionais, como para as exportações e receitas fiscais e parafiscais. A realização dos investimentos previstos dependerá fundamentalmente do desempenho econômico da China (absorve 46% das exportações de minério de ferro brasileiro) e do Brasil nos próximos anos. Caso não se sustente o crescimento da demanda chinesa e da demanda nacional nos próximos anos, é provável que alguns projetos sejam adiados ou mesmo abandonados, não só por seus custos (que impacta no preço final) e pela qualidade do minério a ser extraído (que influencia a demanda e os preços internacionais), mas também pela própria competição entre as empresas produtoras. Nesse caso, os projetos minerários do Norte de Minas poderão vir a ser impactados negativamente, dada as características da produção, logística e da qualidade do minério. Adicionalmente, segundo informações do IBRAM, além dos desafios apontados pela insegurança jurídica recente, os projetos minerários do país deverão sofrer concorrência de outros projetos que vêm se desenvolvendo em outros países, significando que no médio prazo a indústria mineral brasileira estará diante de desafios técnicos e logísticos associados com o declínio na qualidade dos minérios brasileiros vis-à-vis a qualidade dos novos produtores, como no caso dos projetos do Norte de Minas. Haverá ainda uma tendência, como comentado anteriormente, de reversão de parte da produção destinada ao mercado internacional para o mercado domestico, o que pressionará ainda mais os preços do minério de ferro. Deve-se lembrar que a Vale é uma grande compradora no mercado nacional e ainda detém praticamente o monopólio do transporte ferroviário de minérios no estado. Isso a coloca em uma posição competitiva privilegiada, capaz de influenciar a viabilidade de vários projetos (particularmente aqueles das empresas juniores). Se assumirmos que até 2015 as tendências da economia mineral deverão se manter, conforme relatórios técnicos internacionais, e, que, consequentemente, grande parte dos projetos descritos no Quadro 2 venham a se realizar, as expectativas de novos investimentos e a abertura de novas fronteiras de exploração no estado colocam vários desafios para o governo e para a sociedade. 41 Inicialmente, o acentuado aumento da produção mineral do estado resultará em consideráveis impactos ambientais e sociais, notadamente associados ao uso dos recursos hídricos, o uso do solo, a degradação da biodiversidade e do patrimônio natural e imaterial e a movimentação (migrações e deslocamentos) de populações no território. Particularmente preocupante é a falta de planejamento para o fechamento de minas, notadamente no que tange aos recursos financeiros para isso. Nenhuma empresa é obrigada a manter fundos para o fechamento e, as mudanças na conjuntura econômica, podem levar à simples paralisação ou mesmo abandono de minas, notadamente aquelas com elevados passivos ambientais. Nesse caso, o inventário que vem sendo realizado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) sobre as minas abandonadas é oportuno. Deve ser complementado ainda por um estudo das minas paralisadas ou em manutenção, de forma a identificar onde se localizam os mais prováveis fechamentos futuros. Em segundo lugar, serão significativos os impactos sobre a infraestrutura de transporte, de geração de energia e de serviços essenciais dos municípios “hospedeiros”, em geral despreparados para receber o significativo fluxo/estoque de pessoas e cargas. No caso da geração de energia, é provável que, se não houver estímulo para a utilização de fontes alternativas de energia (tais como eólica, solar, biomassa ou outra), haja um crescimento acelerado em Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), com impactos nas bacias hidrográficas5. Em terceiro lugar, deve-se considerar o desafio associado à gestão dos recursos minerais em benefício da sociedade, notadamente no caso das regiões pobres do Norte de Minas, que provavelmente virão a depender excessivamente da mineração para seu crescimento futuro. Nesse caso, a natureza de enclave exportador e a excessiva dependência dos municípios mineradores da renda e exportações da indústria mineral colocam importantes desafios para as comunidades e para o estado, quais sejam: a) governança determinada a partir de fora (matriz localizada em outra região do estado/país ou do mundo sem comprometimento e envolvimento com a comunidade local); 5 Deve-se considerar que o uso de energias alternativas, notadamente aquelas baseadas na biomassa ou em biocombustíveis, poderia ser uma forma de endogeneizar a geração de renda no local, pela compra da produção dos agricultores da região. 42 b) os encadeamentos à jusante e à montante limitados, o que resulta em pequeno efeito de arraste sobre a economia local e regional; c) o vazamento de renda e emprego para o exterior, na medida em que a transformação industrial, etapa da cadeia produtiva de maior agregação de valor, e portanto, de maior geração de emprego e renda é realizada no exterior; d) a drenagem de recursos humanos e naturais (não só minerais, mas também hídricos, energéticos, etc.) por grandes empreendimentos minerários (em geral, os mercados de trabalho e de recursos locais são dominados por uma grande empresa) acaba por comprometer o desenvolvimento de outras atividades no território, notadamente naqueles locais mais pobres e vulneráveis, e dificultar processos de diversificação produtiva; e) a sobreutilização da infraestrutura local (vias, energia elétrica, comunicações) e dos serviços públicos (saneamento, segurança, saúde e educação) impõe elevados gastos às prefeituras para a recuperação e/ou manutenção dessa infraestrutura e desses serviços, comprometendo principalmente a execução fiscal dos municípios e às vezes absorvendo parcelas significativas da CFEM que deveria ser também direcionada para a criação de alternativas produtivas futuras para estas localidades; f) a atividade mineraria caracteriza-se por significativos impactos ambientais ao nível local/regional, associados à sua baixa eficiência de conversão; a alta intensidade energética e de uso de recursos hídricos, às emissões de resíduos e poluição do ar, os impactos negativos sobre a biodiversidade e sobre a saúde e segurança dos trabalhadores, haja vista o elevado número de acidentes de trabalho e de morbidade associada a esta atividade. g) a natureza essencialmente exportadora de alguns desses projetos significa que o efeito multiplicador dos investimentos planejados sobre a geração de empregos será realizado no exterior. De acordo com informações do DNPM, o efeito multiplicador do emprego na cadeia produtiva mineral é de 1:13. Isso significa que a cada emprego gerado na extração mineral, são gerados outros 11 empregos nas indústrias que realizam a primeira transformação (por exemplo, indústria siderúrgica, 43 metalúrgica e/ou produtos de metal) e ainda são gerados outros 2 empregos a montante, nas indústrias fornecedoras. Portanto, no caso dos projetos exportadores como os do Norte de Minas, os efeitos multiplicadores de emprego se resumirão aos impactos sobre as indústrias fornecedoras. Mesmo neste caso, deve-se considerar que boa parte dos fornecedores dessas grandes empresas mineradoras localiza-se fora da região, o que limita ainda mais os efeitos sobre o emprego e a economia local/regional. 2.3.1.3 Outros investimentos previstos para a Região de Estudo: Norte de Minas Esta seção se baseia em carteira de investimentos montada pela Unidade de Inteligência Empresarial do Serviço Brasileiro às Micro e Pequenas Empresas (UINE/SEBRAE), publicada trimestralmente no Boletim Inteligência Integrada de Investimentos e em informações sobre os desembolsos realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos anos de 2011 e 2012. Enquanto a primeira fonte informa municípios, setores e volume, a segunda (BNDES) informa município, tipo de tomador de crédito (pessoa física, micro e pequena, media, grande empresa) e numero de operações. No BOLETIM TRIMESTRAL DE INVESTIMENTO (2012), são apresentadas informações sobre investimentos previstos para Minas Gerais, Regiões de Planejamento do SEBRAE (que diferem das regiões de planejamento do Estado) e 10 principais municípios para os próximos 8 trimestres (2012-2014). Essa carteira de investimentos contribui para avaliar o potencial de diversificação produtiva da região do Norte de Minas a partir da identificação da existência ou não de investimentos que não se relacionem diretamente com a indústria mineral. De acordo com informações do BOLETIM TRIMESTRAL DE INVESTIMENTO (2012), entre o 4o trimestre de 2012 e o 3o. trimestre de 2014, estão previstos investimentos superiores a R$57 bilhões, liderados pela mineração e siderurgia. Estes setores deverão absorver R$27 bilhões (sendo a mineração sozinha responsável por R$21,5 bilhões). Cimento e metalurgia também fazem parte da lista dos principais setores a receberem investimentos, absorvendo, respectivamente, R$1,84 bilhão e R$1,48 bilhão. Os demais setores que deverão receber importantes investimentos são: automotivo, fertilizantes, química, sucroalcooleiro e energia. 44 Entre os 10 municípios que deverão receber o maior aporte de investimentos, nenhum está localizado no Norte de Minas. De acordo com o Boletim, a Região Norte é a que possui o maior número de municípios sem investimentos (26% dos 89 municípios localizados nessa região de planejamento do SEBRAE). No entanto, é a região que apresentou a maior elevação relativa nos aportes previstos entre as duas edições (3a. e 4a.) do Boletim. Segundo a análise da UINE/SEBRAE isso seria devido, em parte, ao esforço do governo em descentralizar os investimentos por todo o estado, por meio de estímulos governamentais. Alem disso, os investimentos minerários se destacam nesse cenário. De fato, os investimentos minerários na região têm sido responsáveis pelo deslocamento de Montes Claros da primeira posição regional na atração de investimentos nos próximos 2 anos6 (TABELA 12). Tabela 12 – Investimentos Previstos – Norte de Minas Valor (R$ milhões) Rio Pardo de Minas Indústria (Mineração) 879,40 Grão Mogol Indústria (mineração) 878,40 Montes Claros Diversas 813,40 Santa Fé de Minas Energia (PCH) 685,10 Padre Carvalho Indústria (mineração) 637,40 Riacho dos Machados Indústria (mineração) 280,50 Taiobeiras n.a. 98,10 Salinas Indústria (mineração) 94,10 Porteirinha Indústria (mineração) 94,10 Serranópolis de Minas n.a. 70,00 TOTAL 4.530,50 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de BOLETIM TRIMESTRAL DE INVESTIMENTOS, 2012. Município Grupo principal Como se pode observar, a carteira de investimentos para o Norte de Minas indica uma concentração de investimentos na mineração, com exceção de Montes Claros e Taiobeiras, que vem recebendo importantes investimentos em maquinas e equipamentos, shopping centers, energia e açúcar e álcool. Ou seja, nessa região vem ocorrendo uma diversificação de investimentos que podem alterar estruturalmente a economia da região, à exemplo dos investimentos minerários. Uma das externalidades que se pode esperar dos grandes investimentos minerários na região é o estímulo aos investimentos em energia e telecomunicações. Finalmente, recentemente, o governo federal anunciou investimentos em Projetos de 6 O principal investimento em Montes Claros está associado à implantação da planta da New Case Holland. 45 Irrigação no Norte de Minas, dentre os quais destacam-se o Projeto Jequitaí, Gorotuba e Jaíba, que absorverão R$394 milhões. As informações sobre desembolsos do BNDES para a região de estudo do Norte de Minas apontam que foram realizados investimentos que totalizaram R$49,7 milhões em 2011 e praticamente o mesmo valor em 2012 (R$47,5 milhões). Janaúba, Taiobeiras e Salinas foram os municípios que receberam maiores desembolsos do BNDES em 2011 (70% do total para a região de estudo) e 2012 (82%). A distribuição dos investimentos por porte de empresa indica que a maior parte dos investimentos tem sido direcionada para micro e pequenas empresas (MPEs): em 2011 foram R$31,2 milhões direcionados para 999 MPEs e, em 2012, foram R$37,2 milhões destinados a 1.227 MPEs). Em Janaúba, foram 259 MPEs atendidas em 2011, numero que saltou para 452 em 2012; Taiobeiras vem em segundo lugar com, respectivamente, 330 e 334 MPEs atendidas nos mesmos anos; e Salinas, com respectivamente, 255 e 290 MPEs atendidas naqueles anos. Em 2011, pode ser destacado investimentos no valor de R$8,3 milhões direcionados para duas grandes empresas em Grão Mogol (muito provavelmente associado com projeto de mineração). Em 2012, em contraste, foram atendidas 4 grandes empresas, todas elas localizadas em Janaúba, com desembolsos de R$0,8 milhões. Outro aspecto que merece ser ressaltado é que Janaúba concentra para os dois anos analisados mais de 80% dos desembolsos para medias empresas. As informações anteriores indicam que os municípios de Janauba, Taiobeiras e Salinas possuem uma dinâmica de crescimento independente da mineração e que deve ser preservado e estimulado notadamente no que se refere ao uso dos recursos hídricos e da biodiversidade local. 2.3.1.4 Estrutura Produtiva e Investimentos Previstos Uma avaliação preliminar dos impactos da carteira de investimentos na Região do Norte de Minas deve levar em consideração a estrutura produtiva hoje existente. Inicialmente é importante notar que o PIB da região de estudo vem crescendo nos últimos anos, mas mais acentuadamente nos municípios de Montes Claros e Janaúba. Salinas experimentou um crescimento contínuo, mas moderado, ao longo da última década. Grão Mogol, por sua vez, a partir de 2007 viu seu PIB crescer aceleradamente entre 2005-2007, para declinar daí em diante. De certa 46 forma, os dados de PIB indicam uma forte segmentação na rede de cidades com dois municípios (Montes Claros e Janaúba) destacando-se dos demais em termos de escala e dinamismo. Em contraste os investimentos minerários nos demais municípios ainda não exerceram influência nos PIB municipais, como no caso de Riacho dos Machados e Rio Pardo de Minas (Gráfico 4). Como mostra o Gráfico 5, à exceção de Porteirinha e Riacho dos Machados, nos demais municípios o PIB cresceu acima da média do estado, indicando que os demais municípios da região de estudo aumentaram sua participação relativa no PIB do estado. Mesmo considerando que tem havido uma maior atração de investimentos para esta região, eles têm sido insuficientes para superar a situação de atraso e subdesenvolvimento que muitos desses municípios experimentam. Ademais, como será visto adiante, as condições sociais desses municípios não foram influenciadas por estes novos investimentos, observando-se uma grande vulnerabilidade social e sérias deficiências na saúde, educação e mercado de trabalho. A este respeito, é importante que se destaque que o baixo nível de escolaridade dos recursos humanos e o elevado analfabetismo são importantes desafios ao desenvolvimento da região. Igualmente importante, o mercado de trabalho é dominado pela informalidade e pela precariedade das relações de trabalho com o rendimento médio situando-se na base da pirâmide salarial. 47 Gráfico 4 – Evolução do PIB para os Municípios da Região de Estudo Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2012 Gráfico 5 – Taxa de crescimento media anual do PIB para os municípios da região de estudo (% ao ano) Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2012 Informações sobre composição setorial do valor adicionado e do emprego e sua evolução entre 2000 e 2010 nos indicam os setores que têm sido a base da economia local e como os investimentos minerários podem alterar esta estrutura. Considerando as informações sobre emprego formal e Quociente Locacional para os 48 municípios da região de estudo (TABELA 13), pode-se observar que a agricultura continua sendo um dos setores de maior relevância para a região como um todo. Se, de um lado, isso significa que nesses municípios a transição para atividades de maior valor agregado ainda não foi realizada; de outro, indica que um dos caminhos da diversificação produtiva dessa região, em associação com os investimentos minerários, seja reforçar a atividade agrícola, modernizando-a e direcionando seus produtos para o atendimento dos centros urbanos emergentes da região, que absorverão novos contingentes de população, ou para a exportação. Nesse caso, o novo projeto do governo federal voltado para três projetos de irrigação na região Norte de Minas (Jequitaí, Gorotuba e Jaíba) deverão vir a fortalecer esta atividade. Adicionalmente, parcerias da Empres de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) podem contribuir para a transformação dessa atividade no nível regional, de forma a fortalecê-la como base da estrutura produtiva regional e evitar que o crescimento da mineração na região drene recursos humanos dessa atividade, como já vem acontecendo em Riacho dos Machados. 49 Tabela 13 – Quocientes Locacionais por Sub-Setor de Atividade para os municípios da região de estudo, anos 2000 e 2010 Sub-setor IBGE Grão Mogol 2000 2010 Janaúba 2000 2010 Porteirinha 2000 2010 Riacho dos Machados 2000 2010 2010 2000 2010 Serranópolis de Minas 2000 2010 0,56 0,05 0,05 0,15 0,06 0,17 0,19 0,87 0,02 0,40 1,03 0,62 0,27 0,81 0,27 2,61 2,65 0,08 12,32 0,10 0,62 0,05 0,22 0,74 0,61 1,27 0,45 1,31 0,89 1,27 0,21 0,83 0,52 1,11 0,32 1,76 1,13 0,60 8,45 0,23 2,01 0,54 0,20 0,70 0,96 1,55 0,91 0,99 0,43 0,43 0,79 0,62 0,45 1,35 1,24 13,62 Rio Pardo 2000 Extrativa Mineral 1,29 0,98 0,24 0,21 1,86 Prod. Mineral Não Metálicos 0,56 3,81 4,32 0,54 1,95 0,53 Indústria Metalúrgica 0,02 0,06 0,32 0,18 0,09 Indústria Mecânica 0,04 0,01 Elétrico e Comunicação Material de Transporte 0,07 Madeira e Mobiliário 2,90 1,04 1,08 0,20 Papel e Gráfico 0,35 0,22 0,09 0,68 0,18 Borracha, Fumo, Couros 0,08 Indústria Química 2,60 0,21 0,19 0,05 0,04 0,10 Indústria Têxtil 0,10 0,15 0,66 0,55 Indústria Calçados Alimentos e Bebidas 0,06 0,42 1,06 0,60 0,97 2,62 Serviço Utilidade Pública 0,31 0,93 0,08 0,62 0,67 0,65 Construção Civil 0,17 0,63 0,48 0,04 0,28 0,43 Comércio Varejista 0,32 0,31 1,50 1,68 0,70 1,30 0,23 0,19 0,55 Comércio Atacadista 0,21 1,55 1,10 0,25 0,25 0,05 Instituição Financeira 0,49 0,32 1,33 1,40 1,20 1,52 0,31 0,77 Adm Técnica Profissional 1,32 2,95 0,33 0,62 0,04 0,85 1,41 0,03 1,79 Transporte e Comunicações 0,10 0,51 0,43 0,42 0,09 0,57 3,77 4,74 1,55 Aloj Comunic 0,14 0,15 0,45 0,49 0,26 0,43 0,14 0,04 0,10 Médicos Odontológicos Vet 1,78 1,06 0,85 1,39 1,44 1,00 0,08 1,25 Ensino 0,06 0,94 1,04 0,80 2,16 Administração Pública 3,48 1,82 1,23 0,74 3,10 1,86 2,41 2,12 Agricultura 1,30 3,45 3,34 3,48 3,47 1,95 6,84 3,94 1,27 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de ANUÁRIO RAIS 2000; 2010, 1985 - MTE/RAIS. Salinas 0,36 0,20 0,10 0,06 4,44 1,68 2000 2010 Montes Claros 2000 2010 4,65 0,04 4,39 0,15 0,18 9,91 0,11 0,61 0,41 0,07 0,89 0,07 0,79 0,49 0,30 0,14 0,83 0,33 1,71 2,53 0,26 4,27 0,27 0,03 0,08 0,59 0,12 0,61 0,74 0,84 0,40 1,35 0,44 0,63 0,99 0,25 0,29 1,11 0,57 1,16 3,80 0,31 1,11 0,28 0,42 0,84 0,32 0,29 1,10 1,39 1,51 3,37 0,08 1,08 0,56 1,46 1,52 1,09 0,88 0,40 1,03 0,68 1,42 0,85 0,93 0,73 Taiobeiras 0,36 0,84 0,34 0,37 0,06 0,11 0,51 0,91 1,38 1,35 1,91 0,00 0,73 0,13 1,05 1,54 1,47 0,96 0,66 0,93 1,32 1,76 1,91 0,62 0,51 50 Adicionalmente, a Tabela 13 mostra a importância de Montes Claros como um centro regional diversificado e capaz de atrair investimentos em diferentes setores econômicos, tais como comércio, maquinas e equipamentos, calçados, etc. A região tem sido beneficiada também por investimentos nos setores de energia (tanto hidrelétrica quanto sucroalcooleira) e na de alimentos e bebidas. Um aspecto que tem chamado atenção é o fato de que o crescimento da renda per capita regional tem atraído investimentos destinados a este mercado consumidor emergente. Nesse sentido, há ainda um potencial para atração de novos investimentos em segmentos voltados para o consumo popular, como Cosméticos, alimentos e bebidas, etc. Neste quesito, é importante notar que a estrutura econômica dos municípios da região pouco se alterou entre 2007 e 2011 e que apesar do significativo crescimento em número de estabelecimentos formais (6,5% ao ano, enquanto MG cresceu 4,5%, em média), não houveram mudanças significativas. Serro, Ferros e Conceição do Mato Dentro, em 2007, eram os principais municípios da microrregião em estabelecimentos em “agricultura e pecuária”, “comércio varejista”, “alimentação” e “atenção à saúde humana”, com Conceição do Mato Dentro superando Ferros em importância relativa a partir de 2010 em quase todas as atividades produtivas analisadas e os três municípios continuando a ser os principais em 2011. A evolução do município de Conceição do Mato Dentro fica mais facilmente descrita, quando comparamos seu comércio varejista com o principal município da microrregião (em termos de números de estabelecimentos). Em 2007, Serro possuía mais de 30% dos estabelecimentos do “comércio varejista” da microrregião, enquanto Conceição do Mato Dentro possuía 17%. Já no ano de 2011, enquanto Serro reduz sua participação para 26%, Conceição do Mato Dentro sobe para mais de 20%. Ainda em termos comparativos, dado que Serro continua a ser o principal município da microrregião em número de estabelecimentos formais, em “atividades de atenção à saúde humana” Conceição do Mato Dentro salta de pouco mais de 23% do número de estabelecimentos para mais de 38%, neste mesmo período, enquanto Serro se mantém com aproximadamente 30% dos estabelecimentos. 51 2.3.1.5 Análise do potencial de desenvolvimento do setor minero-metalúrgico na região de referência, investimentos previstos, cronograma e expansão da produção Para se realizar a análise do potencial de desenvolvimento do setor minerometalúrgico na região de referencia é necessário a contextualização desta análise na evolução da economia mineral de Minas Gerais. Como apontado anteriormente, os investimentos previstos para Minas Gerais nesse setor, bem como as condições econômicas e regulatórias podem vir a impor desafios para a realização desses investimentos. 2.3.1.5.1 Produção Mineral e Emprego em Minas Gerais Minas Gerais é o maior estado minerador do país, com significativas e diversificadas reservas minerais. De acordo com a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMIG), o estado é responsável por aproximadamente 53% da produção brasileira de minerais metálicos e 29% dos minérios em geral. Informações recentes do IBRAM (2012) indicam que Minas Gerais é responsável por 67% da produção de minério de ferro do país (que totalizou em 2011, 390 milhões de toneladas). Mais de 300 minas estão em operação, distribuídas por 250 municípios mineiros. Das 100 maiores minas do Brasil, 40 estão localizadas no estado, sendo que 67% das minas classe A (produção superior a 3 milhões de toneladas/ano) estão localizadas no estado. A Tabela 14 traz a evolução da produção mineral entre os anos de 2000 e 2011, último ano com dados disponíveis pelo DNPM. Tabela 14 – Produção Mineral: Minas Gerais (em bilhões de reais) 2000 Produção Mineral Minas Gerais 4.473 2001 4.960 2002 6.822 2003 9.682 2004 6.641 2005 13.860 2006 18.516 2007 17.980 2008 23.540 2009 21.718 2010 41.160 2011 52.500 Ano Fonte: ANUÁRIO MINERAL BRASILEIRO 2000-2011, 1972-. 52 Minas Gerais é o maior produtor brasileiro de minério de ferro (mais de 70% da produção nacional que soma mais de 160 milhões de toneladas/ ano), ouro (cerca de 50% do total nacional), zinco (quase 100% da produção nacional), nióbio (75% do nióbio do mundo), chumbo, fosfato, grafita, silício, lítio, calcário e gemas. De acordo com informações da Fundação João Pinheiro, que calcula o PIB do estado, Minas Gerais foi responsável por 22,2% do valor adicionado da indústria extrativa mineral nacional em 2010, último ano em que há informações consolidadas para o PIB. A indústria extrativa mineral de Minas Gerais empregou, de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais/Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS/MTE) sobre empregos diretos formais, 55.306 pessoas em 2011, último ano de dados disponíveis. As Tabelas 15 e 16 apresentam os valores para emprego e renda, respectivamente. Tabela 15 – Emprego total e participação por Setor de Atividade, Minas Gerais, 2011 Setor de atividade Absoluto % Extrativa mineral 55.306 1,10% Indústria de 831.949 17,20% transformação SIUP 39.977 0,80% Construção Civil 325.758 6,70% Comércio 923.092 19,00% Serviços 1.518.900 31,30% Administração Pública 898.335 18,50% Agropecuária 257.659 5,00% Total 4.850.976 100% Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de ANUÁRIO RAIS 2011, 1985 - MTE/RAIS. Tabela 16 – Renda Gerada e participação por Setor de Atividade, Minas Gerais, 2011 Setor de atividade Absoluto (R$) % 143.220.583 2,0% 1.189.418.680 16,7% SIUP 124.398.585 1,7% Construção Civil 428.144.302 6,0% Comércio 870.434.225 12,2% Serviços 2.239.598.572 31,5% Administração Pública 1.890.499.682 26,6% 224.371.454 3,2% Extrativa mineral Indústria de transformação Agropecuária Total 7.110.086.083 100,0% Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de ANUÁRIO RAIS 2011, 1985 - MTE/RAIS. 53 Considerando as informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), que apresenta uma síntese do comportamento do mercado de trabalho formal, o emprego em Minas Gerais cresceu 3,61% no ano de 2012, significando um aumento de 145.292 postos de trabalho em 2012. A indústria extrativa mineral contribuiu apenas moderadamente para este crescimento do emprego: criou apenas 2.504 novos postos de trabalho (menos da metade do número de postos de trabalho criados em 2011 – 5.325 novos postos de trabalho). Estima-se, com base nas informações da CAGED, que a indústria extrativa mineral em dezembro de 2012 empregava formalmente 56.351 pessoas. A atividade que mais gerou empregos na indústria extrativa mineral foi a extração de minério de ferro, conforme informações da CAGED. A limitada geração de emprego pela indústria extrativa mineral reflete a sua característica de ser altamente intensiva em capital e baseada na exploração de recursos naturais, o que gera limitados efeitos multiplicadores de emprego, particularmente se esta atividade é voltada para a exportação. Isto é um fator preocupante considerando que os municípios da região, à exceção de Montes Claros, apresentaram elevadas taxas de analfabetismo, segundo dados do Censo 2010, muito superiores à media do estado 7. Se considerarmos as características dos empreendimentos minerários – intensidade de capital, baixa geração de postos de trabalho, qualificação da mão de obra - estes contribuirão apenas modestamente para a redução dessa taxa, na medida em que os empregos diretos e indiretos gerados na fase de operação são bem inferiores do que aqueles na fase de implantação e têm uma exigência de qualificação diferenciada. Adicionalmente, como indicam os dados de formalização das relações de trabalho, não obstante sua expansão entre 2000 e 2010, a região ainda apresenta níveis bastantes baixos relativamente à media do estado. Alguns municípios ficaram à margem desse processo, com uma elevação na formalização muito inferior àquela observada para os demais municípios da região e mesmo para a media do estado. Particularmente relevante são os casos de Grão Mogol, Rio Pardo de Minas, Porteirinha, Riacho dos Machados e Serranópolis de Minas, municípios que vêem recebendo ou receberão importantes investimentos minerários. Este é um outro desafio que a indústria extrativa mineral pouco poderá contribuir, a não ser que haja, de fato, um esforço por parte dos empresas mineradoras em promover o adensamento da cadeia produtiva local em atividades de 7 A análise dos dados socioeconômicos é realizada na seção 3.7.5. 54 transformação industrial e não apenas em serviços pessoais e de apoio à produção, e, dessa forma, estimular a geração de novos postos de trabalho. Esta situação do mercado de trabalho regional exigirá ainda medidas efetivas dos governos estadual e municipais para a diversificação produtiva, notadamente em direção à atração de investimentos em atividades intensivas em mão de obra. Simultaneamente, deve-se estimular iniciativas que retenham a população na área rural. Nesse caso, é necessário o apoio das instituições estaduais e federais à agropecuária no sentido de promover a sua modernização tecnológica e criar novas alternativas de renda no campo. 2.3.1.5.2 Comércio Exterior A importância do comércio exterior para a indústria mineral é evidenciada pelo fato de que dos 390 milhões de toneladas produzidas em 2011 no Brasil, 330,8 milhões foram exportadas. Deste total, 45% foi para a China. Os dados do comércio exterior mostram que o ano de 2012 foi ruim para a economia mineral, que não só experimentou volatilidade nos preços, mas também queda na demanda (BRASIL, [2012b]). A Tabela 17 apresenta as exportações de produtos selecionados da indústria extrativa mineral em 2012 dentre os 100 produtos mais exportados por Minas Gerais. As exportações minerais representaram mais de 58% das exportações totais do estado em 2012, indicando a elevada (e crescente) dependência do Estado da indústria mineral. Os principais produtos minerais exportados foram minério de ferro não aglomerado e aglomerado – US$ 14,424 bilhões (representando 43,15% das exportações totais do estado); ferronióbio – US$1,643 bilhão (4,91%); Ouro/bulhão dourado – US$1,552 bilhão (5,15%); Silício/Ferro silício/Ferrosilício Manganês – US$619,5 milhões (1,85%); Mates de Níquel – US$184,73 milhões (0,55%). 55 Tabela 17 – Exportações dos principais produtos minerais de Minas Gerais, 2012 (US$, %) TOTAL Minas Gerais 33.429.309.969 100% Total dos principais produtos minerais exportados 19.480.395.964 58,2 Minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados Ferronióbio Ouro em barras,fios,perfis de sec.macica,bulh 14.078.265.727 1.642.548.494 1.552.302.824 42,1 4,91 4,64 Outros silícios Minérios de ferro aglomerados e seus concentrados Mates de níquel Bulhão dourado,para uso não monetário Obras de galio,hafnio,indio,niobio,renio e ta 408.295.152 346.138.431 184.730.540 170.733.371 168.713.813 1,22 1,04 0,55 0,51 0,50 Ferrossilicio contendo peso>55% de silicio Oxidos,hidroxidos e peroxidos de outros metai Bauxita calcinada (minerio de aluminio) Granito cortado em blocos ou placas Zinco n/lig.cont.zinco>=99.99%,eletrolitico,e 155.414.558 126.866.566 108.339.252 88.554.597 73.742.410 0,46 0,38 0,32 0,26 0,22 Ferrossilicio-manganes Magnesia calcinada a fundo e outros oxidos de 55.795.180 53.649.973 0,17 0,16 Ardosia natural trabalhada e obras de ardosia Minérios de niobio,tantalo ou vanadio,seus co Outras pedras preciosas/semi,trabalhadas de o Carboneto de silicio Zinco n/lig.cont.zinco<99.99%,em lingotes Grafita natural em po ou em escamas Pedras preciosas/semi,em bruto,serradas ou de 50.123.630 45.071.046 44.320.761 38.433.360 34.774.434 34.419.397 19.162.448 0,15 0,13 0,13 0,11 0,1 0,1 0,06 Fonte: Elaboração própria com dados de BRASIL, [2012b] Os dez municípios mineradores que mais exportaram em 2012 foram: Nova Lima, Ouro Preto, Itabira, Araxá, São Gonçalo do Rio Abaixo Brumadinho, Itabirito, Mariana e Paracatu. A Tabela 18 mostra as exportações minerais de cada um desses municípios e a participação relativa das exportações minerais desses municípios no total das exportações de Minas Gerais. Note que há uma forte dependência desses municípios em relação às exportações minerais, expressando a sua limitada diversificação produtiva. 56 Tabela 18 – Exportações dos 10 maiores municípios mineradores exportadores de Minas Gerais e Participação relativa de suas exportações minerais no total das exportações do estado (US$, %) US$FOB % Total das exportações Araxá Ferroniobio Obras de galio, hafnio, indio, niobio, renio e talio Oxidos,hidroxidos e peroxidos de outros metais,etc. Total das exportações Barão de Cocais Minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados Total das exportações Brumadinho Minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados Total das exportações Itabira Minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados Rubis,safiras e esmeraldas,trabalhadas de outro modo Pedras preciosas/semi,em bruto,serradas ou desbastadas Ferrito de bario Outros ferritos e ferratos Outros imas permanentes e artefs.magnetizav.p/imas Oxido ferrico com teor de fe2o3>=85%,em peso Total das exportações Itabirito Minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados Ouro em barras,fios,perfis de sec.macica,bulhao dourado Ferro fundido bruto não ligado,c/peso<=0.5% de fósforo Total das exportações de Mariana 1.904.597.967 1.642.516.565 168.713.813 89.194.778 427.814.902 401.692.975 1.087.163.377 1.087.161.771 1.994.973.669 1.979.599.543 10.699.517 3.827.652 355.149 243.345 157.173 53.028 930.415.177 891.301.450 21.999.000 16.936.291 906.658.527 100 86,2 8,86 4,68 100 93,9 100 100 100 99,2 0,54 0,19 0,02 0,01 0,01 0 100 95,8 2,36 1,82 100 Minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados Outras pedras de cantaria,talhad/serrad.superf.plana/lisa Outras pedras de cantaria,etc.trabalhad.out.modo e obra Outros granitos trabalhados de outro modo e suas obras Total das exportações Nova Lima 905.082.768 820.837 709.399 45.523 3.670.890.020 99,8 0,09 0,08 0,01 100 1 minerios de ferro nao aglomerados e seus concentrados 2 ouro em barras,fios,perfis de sec.macica,bulhao dourado 3 minerios de ferro aglomerados e seus concentrados Total das exportações de Ouro Preto 2.585.909.851 822.634.434 244.897.524 1.996.886.278 70,4 22,4 6,67 100 Minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados Minérios de ferro aglomerados e seus concentrados Ferrossilicio-manganes 1.868.609.004 101.240.907 26.230.095 93,6 5,07 1,31 Outras pedras de cantaria,talhad/serrad.superf.plana/lisa Outras obras de pedras ou de outras materias minerais Pedras preciosas/semi,em bruto,serradas ou desbastadas Total das exportações Paracatu Ouro em barras,fios,perfis de sec.macica,bulhao dourado Bulhão dourado,para uso não monetário Minérios de chumbo e seus concentrados Total das exportações são Gonçalo do rio abaixo 1 minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados 296.238 280.843 162.608 757.381.340 580.087.214 170.733.371 6.451.602 1.900.534.028 1.900.534.028 0,01 0,01 0,01 100 76,6 22,5 0,85 100 100 Total das exportações minerais dos 10 municípios selecionados 15.529.178.296 46,45 Total das exportações de Minas Gerais Fonte: Elaboração própria com dados de BRASIL, 2012a 33.429.309.969 100 57 Se considerarmos que os empreendimentos mineradores a serem implantados na região deverão estar entre os maiores do estado pela escala de produção estimada em seus planos de negócio, pode-se inferir que se eles chegarem à operar na capacidade produtiva estimada poderão gerar exportações que se assemelham àquelas geradas pelo município de São Gonçalo do Rio Abaixo (US$1,9 bilhão). No entanto, tal como neste município, há uma grande possibilidade de que a totalidade das exportações será gerada pela mineração, significando que a economia regional dependerá, em grande medida, dos ciclos econômicos da economia mundial e, particularmente da China. De fato, a SAM é de propriedade chinesa e é o principal investimento na região. Esse aspecto adiciona um fator de risco ao crescimento sustentado da região com base exclusivamente em um enclave monoexportador baseado em recurso natural. Esse fato deve ser destacado, considerando as dificuldades de diversificação produtiva e de atração de novos investimentos que estes municípios vêm experimentando. Tendo em vista o desempenho exportador das principais empresas mineradoras em operação no estado, a Tabela 19 apresenta as informações para 2012. Como se pode observar, as exportações das 5 maiores empresas mineradoras exportadoras de Minas Gerais (Vale, Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), Nacional de Minérios, Kinross e AnglogoldAshanti) representaram 51% das exportações totais do estado em 2012. Somente a Vale exportou US$12,2 bilhões, representando 36,57% das exportações totais do Estado. Como se sabe, a Vale não só produz mas também é a principal compradora de minério de ferro no pais. Em muitos casos, as dificuldades de logística na comercialização do minério de ferro devido ao monopólio dessa empresa no transporte ferroviário de minérios leva muitas empresas a venderem a sua produção para esta empresa. Isso reforça a dependência do desempenho da indústria mineral em relação à Vale. A Kinross e a Anglo GoldAshanti são competidoras diretas da Carpathian que realiza investimentos em Riacho dos Machados para extração de ouro. No entanto, esta empresa é uma empresa júnior que vem enfrentando dificuldades para cumprimento dos cronogramas definidos com investidores, em razão de problemas no licenciamento ambiental de seu projeto. Isso vem afetando a viabilidade econômico-financeira do empreendimento. 58 Tabela 19 – Exportações das 5 maiores empresas mineradoras exportadoras em 2012 (US$, %) (US$) % VALE S.A. 12.225.861.085 36,57 Companhia Brasileira de 1.900.477.892 5,69 Metalurgia e Mineração Nacional Minérios S/A 1.456.765.152 4,36 Kinross Brasil Mineração S/A 750.820.585 2,25 Anglogold Ashanti Corrego Do 610.468.075 1,83 Sitio Mineração S. Total das 5 Principais 16.944.392.789 50,7 Empresas Exportadoras Total Da Área 33.429.309.969 100 Fonte: Elaboração própria com dados de BRASIL, 2012b 2.3.1.5.3 CFEM Em 2012, a arrecadação da CFEM em Minas Gerais atingiu R$ 974,5 milhões, representando 53,2% da arrecadação nacional da CFEM (de aproximadamente R$1,8 bilhão). Entre os 10 principais municípios arrecadadores da CFEM, 8 estão localizados em Minas Gerais e todos eles têm sua produção associada ao minério de ferro. Os cinco municípios de maior arrecadação no estado em 2012, responsáveis por 64,7% do total, foram: Nova Lima, Itabira, Mariana, São Gonçalo do Rio Abaixo e Itabirito (TABELA 20). A análise dos dados da CFEM por município não apontaram geração de royalties para os municípios receptores dos grandes investimentos minerarios do Norte de Minas em 2012. Ou seja, nenhum dos municípios onde estão sendo implantados projetos minerarios geraram arrecadação da CFEM, reforçando análises anteriores sobre os atrasos na implantação do projeto de Riacho dos Machados e Grão Mogol e da fase préoperacional do projeto de Rio Pardo de Minas. Nos demais municípios onde foi identificada arrecadação da CFEM, esta parece estar associada à extração de minerais não metálicos, como em Janaúba, Porteirinha, Salinas e Taiobeiras. Vale uma ressalva nesse ponto: 65% da arrecadação da CFEM é direcionada ao município onde a extração se localiza, como uma forma de indenização pelos impactos gerados. Contudo, como as visitas aos municípios da região de referencia têm demonstrado, os impactos negativos da implantação dos projetos minerários se estendem para além do município hospedeiro do empreendimento. Nesse sentido, deve-se pensar formas de uma distribuição da CFEM entre os municípios da região. Há a experiência do Alto Paraopeba com a formação de um consórcio municipal e ainda a criação de fundos de desenvolvimento regionais que atuariam na escala regional para a mitigação dos impactos da mineração e ainda a criação de alternativas produtivas. 59 Tabela 20 – Quinze Maiores Municípios Mineiros Arrecadadores da CFEM, 2012 Município 2006 R$ 2012 % R$ % VAR 2012/06 Nova Lima 40.945.502,84 0,13 188.475.017,42 0,19 360% Itabira 62.829.656,77 0,20 132.525.924,28 0,14 111% Mariana 49.072.148,41 0,15 118.963.251,87 0,12 142% São Gonçalo do Rio Abaixo 10.377.870,95 0,03 114.676.051,02 0,12 1005% Itabirito 21.630.570,59 0,07 75.930.760,09 0,08 251% Brumadinho 17.176.006,55 0,03 70.318.513,41 0,06 309% Congonhas 11.126.662,36 0,03 62.979.665,48 0,06 466% Ouro Preto 13.591.733,53 0,04 37.397.577,13 0,04 175% Itatiaiuçu 4.255.326,84 0,01 19.300.835,05 0,02 354% Barão de Cocais 9.572.358,34 0,03 17.549.753,95 0,02 83% Paracatu 5.003.121,75 0,02 17.418.588,02 0,02 248% Santa Bárbara 6.821.924,36 0,02 13.700.927,96 0,01 101% Sabará 4.525.349,35 0,01 9.842.618,76 0,01 117% Araxá 3.471.267,82 0,01 8.825.852,81 0,01 154% Catas Altas 942.956,76 0,00 7.336.064,89 0,01 678% Total 15 municípios 289.949.571,60 0,90 895.241.402,14 0,92 209% mineradores Total Minas Gerais 321.701.510,70 1,00 974.497.742,65 1,00 203% Fonte: Ministério das Minas e Energia – DNPM, Relatórios, CFEM, Maiores Arrecadadores, Minas Gerais, Municípios, 2012. https://sistemas.dnpm.gov.br/arrecadacao/extra/Relatorios/cfem/maiores_arrecadadores.aspx 2.3.1.5.4 Economia Mineral, Investimentos e Potencialidades de Diversificação Como se sabe, mudanças estruturais significativas na estrutura produtiva de uma região ou município só ocorrem mediante uma quebra estrutural, tal como a realização de um grande investimento que irá alterar a estrutura produtiva do local significativamente em termos de geração de valor adicionado e de empregos. Nesse caso, a carteira de investimentos é um importante norteador das possibilidades de ocorrência de quebra estrutural e mudança nas especializações dos municípios, como discutido anteriormente. Um primeiro aspecto a ser ressaltado é que os investimentos minerários na região irão alterar a sua especialização produtiva nos próximos 5 anos à medida em que estes empreendimentos entrarem em operação. Como argumentado anteriormente, esta especialização na mineração poderá levar a “efeitos de substituição” e “efeitos de trancamento” na atividade minerária. Vale dizer, em alguns municípios onde a atividade mineradora se torna a âncora do crescimento econômico, outras atividades tradicionais são substituídas, seja pela realocação dos recursos humanos para a atividade mineral seja pela realocação recursos humanos para atividades assessorias à mineração. Nesse 60 caso, atividades de maior valor agregado e de maior intensidade em trabalho tendem a sofrer os maiores impactos. Isso porque, na fase de implantação, as atividades da construção civil e da mineração tendem a drenar recursos humanos de atividades intensivas em trabalho (notadamente agricultura, e setores tradicionais como têxteis, calçados, madeira e móveis, papel e gráfica, por exemplo); e, na fase de operação, as atividades minerarias tendem a atrair os mais qualificados. De outro lado, as deseconomias de aglomeração geradas pelo empreendimento mineral (como poluição do ar, insegurança, degradação ambiental e do patrimônio natural e cultural, etc) acabam por levar ao êxodo de atividades de maior valor agregado, o que a principio não será um problema para os municípios considerados, a não ser no caso daqueles que tenham importantes atrativos turísticos. É esperado que estes efeitos sejam sentidos com maior intensidade na agropecuária. Nas experiências de clusters mineradores, como no Alto Paraopeba por exemplo, a atividade agrícola foi bastante impactada pela forte migração campo-cidade, estimulada pelas novas oportunidades de emprego, notadamente na fase de implantação dos projetos minerários, quando os níveis de qualificação requeridos são inferiores. Da mesma forma, os programas de qualificação de mão de obra fomentados pelas empresas tornam-se atrativos para esta população, que busca novas oportunidades de emprego e renda. Particularmente no caso do Norte de Minas, a vulnerabilidade das populações a extensos períodos de seca pode reforçar esta tendência de busca de novas alternativas de geração de emprego e renda fora da atividade agrícola. No entanto, o reforço nos investimentos em projetos de irrigação da região podem contrapor esta tendência. Um aspecto que emerge da análise dos grandes municípios mineradores de Minas Gerais é a sua crescente especialização na indústria extrativa mineral. Alem dos aspectos associados à natureza de enclave desses empreendimentos (o que explicaria a sua incapacidade de gerar encadeamentos locais), há ainda que se considerar o uso que tem sido feito da CFEM pelos municípios. Os dados parecem sugerir que os recursos da CFEM não têm sido utilizados para criar alternativas produtivas futuras para os municípios mineradores. Nesse sentido, a CFEM pode estar sendo consumida com a recuperação das áreas degradadas, ou mesmo com a compensação pela sobreutilização dos serviços públicos, sem transformar a estrutura socioeconômica do município e sem torná-lo apto a se transformar no futuro a partir da atração de investimentos fora da cadeia mineral. Um outro indicador dessa incapacidade de gerar um crescimento endógeno e 61 socialmente inclusivo nos municípios com maior dependência da atividade minerária é a comparação entre as taxas de crescimento da renda e do PIB per capita. Quando se comparam as taxas de crescimento do PIB per capita e da renda per capita no período 2000 a 2010, como apresentado na Tabela 22, nota-se que nos municípios mais dependentes da mineração e menos diversificados produtivamente a relação entre as taxas de crescimento do PIB e da renda per capita foram superiores a 1, indicando que o PIB per capita cresceu à frente da renda per capita, com menor apropriação local da renda. 62 Tabela 21 – Evolução do PIB per capita e da Renda per capita entre 2000 e 2010 para os 15 municípios com maior arrecadação da CFEM (%) Taxa Média Anual Taxa Média Anual de de Crescimento Crescimento Município (2)/(1) Renda per Capita PIB per capita 2000 a 2010 (%) 2000 a 2010 (%) Araxá 3,19 4,45 1,40 Brumadinho 6,33 8,41 1,33 Itabira 3,63 9,58 2,64 Mariana 4,92 8,41 1,71 Nova Lima 7,66 5,51 0,72 Barão de Cocais 5,77 5,21 0,90 Catas Altas 6,20 25,91 4,18 Congonhas 4,89 9,83 2,01 Itabirito 4,21 5,09 1,21 Itatiaiuçu 4,87 15,08 3,10 Ouro Preto 4,05 13,05 3,22 Paracatu 4,53 3,83 0,85 Sabará 4,06 3,81 0,94 Santa Bárbara 4,33 -0,36 -0,08 São Gonçalo do Rio Abaixo 6,89 37,20 5,40 Belo Horizonte 3,21 3,37 1,05 Média MG 4,16 3,62 0,87 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos Fundação João Pinheiro, indicadores Demográficos, Renda per capita dos municípios de Minas Gerais (censo Demográfico – 2010) Tabela síntese RPC – Municípios 2010. http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/analises-demograficas/renda-per-capita-municipios-de-mg-censo2010; Indicadores Econômicos – PIB Produto Interno Bruto de Minas Gerais, Resultados Municipais – Anexo Estatístico – PIB dos municípios de Minas Gerais http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/analiseeconomica/pib-produto-interno-bruto-de-minas-gerais Em contraste, a Tabela 22, que apresenta os mesmos dados para os municípios do Norte de Minas, mostra que nestes municípios, onde a atividade mineradora ainda não entrou em operação, a renda per capita cresceu a taxas superiores à do PIB per capita, indicando que houve uma maior apropriação da renda localmente. De fato, a renda per capita dos municípios da região apresentou uma melhora considerável entre 2000 e 2010, praticamente atingindo o valor da renda per capita do Estado. Mas, em Grão Mogol e Rio Pardo de Minas, a inversão nesta relação já começou a ocorrer, sugerindo não só que o PIB per capita vem crescendo à frente da renda, mas que os vazamentos de renda já se iniciaram, muito provavelmente para os polos regionais e estadual e também para o exterior. Chama atenção o fato de que tanto o PIB quanto a renda per capita dos municípios da região cresceram acima da média do Estado, indicando uma melhoria generalizada nas condições de renda da população. 63 Tabela 22 – Evolução do PIB per capita e da Renda per capita entre 2000 e 2010 para os municípios do Norte de Minas (%) Referência Estudo Águas Vermelhas Berizal Curral de Dentro Divisa Alegre Fruta de Leite Indaiabira Montezuma Ninheira Novorizonte Rubelita Santa Cruz de Salinas Santo Antônio do Retiro São João do Paraíso Vargem Grande do Rio Pardo Botumirim Cristália Itacambira Josenópolis Padre Carvalho Catuti Espinosa Gameleiras Jaíba Mamonas Mato Verde Monte Azul Nova Porteirinha Pai Pedro Grão Mogol Janaúba Rio Pardo de Minas Salinas Taiobeiras Porteirinha Riacho dos Machados Serranópolis de Minas Montes Claros Grão Mogol Janaúba Salinas Média MG Grão Mogol Janaúba Rio Pardo Salinas Taiobeiras Porteirinha Riacho dos Machados Serranópolis de Minas Montes Claros Micro de Grão Mogol Micro de Janaúba Micro de Conceição Média MG Taxa Média Taxa Média Anual de Anual de Crescimento Crescimento Renda Per PIB per Capita Capita 2000 a 2010 (%) 2000 a 2010 (2) (%) (1) 6,23 5,19 7,44 4,62 6,89 2,65 5,40 3,02 10,78 7,29 8,52 5,58 7,13 4,50 5,77 5,58 6,60 4,47 6,35 6,12 9,18 6,07 7,97 5,84 8,27 4,42 6,91 5,75 7,55 4,04 8,36 5,79 9,30 3,64 8,58 2,78 11,20 1,38 8,48 4,13 5,28 4,00 8,82 4,14 5,73 4,85 5,56 1,71 5,50 3,16 7,63 3,84 4,03 3,61 6,03 5,05 6,63 11,05 5,24 3,91 6,82 7,25 6,47 3,90 5,72 4,94 5,59 3,24 8,33 1,96 7,77 4,07 3,49 1,86 8,47 5,39 6,27 3,74 7,05 4,98 4,16 3,62 (2)/(1) 0,83 0,62 0,38 0,56 0,68 0,66 0,63 0,97 0,68 0,96 0,66 0,73 0,53 0,83 0,54 0,69 0,39 0,32 0,12 0,49 0,76 0,47 0,85 0,31 0,57 0,50 0,90 0,84 1,67 0,75 1,06 0,60 0,86 0,58 0,24 0,52 0,53 0,64 0,60 0,71 0,87 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos Fundação João Pinheiro, indicadores Demográficos, Renda per capita dos municípios de Minas Gerais (censo Demográfico – 2010) Tabela síntese RPC – Municípios 2010. http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/analises-demograficas/renda-per-capita-municipios-de-mg-censo- 64 2010; Indicadores Econômicos – PIB Produto Interno Bruto de Minas Gerais, Resultados Municipais – Anexo Estatístico – PIB dos municípios de Minas Gerais http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/analiseeconomica/pib-produto-interno-bruto-de-minas-gerais. A análise das duas tabelas anteriores parece sugerir que nos municípios com sobre-especialização na atividade mineraria os vazamentos de renda tendem a ser consideráveis, sendo parte importante da riqueza gerada (PIB) apropriada externamente ao local/região. Nesse sentido, a diversificação produtiva e o adensamento da cadeia mineral são medidas importantes para minimizar os vazamentos de renda. De outro lado, o crescimento da renda per capita na região indica o sucesso das políticas de transferência de renda, bem como os impactos positivos do crescimento econômico dos últimos anos associados com algumas atividades tradicionais da região e sua capacidade de atrair investimentos baseada em benefícios fiscais e estímulos governamentais. Para que esta região continue a superar as desvantagens do atraso é importante que ela não se torne dependente de enclaves produtivos monoprodutores, como a mineração. 2.3.1.5.5 A Dimensão social e a diversificação produtiva Para complementar a análise econômica anterior é necessário ainda avaliar a evolução dos principais indicadores sociais dos municípios da região. Essa avaliação é necessária pois ela apresenta os principais gargalos que devem ser superados com a utilização da renda minerária para que ao longo da vida útil das minas estes municípios sejam capazes de estruturar alternativas produtivas à mineração que os tornem menos dependentes e expostos aos riscos e ciclos desta atividade e, mais importante, que seu crescimento torne-se inclusivo socialmente. Como se verá, há importantes desafios a serem enfrentados, particularmente na educação e na qualificação da mão de obra, na infraestrutura urbana e no mercado de trabalho. Esta seção tem por objetivo apresentar análise de indicadores sociais da Região do Norte de Minas. Tais indicadores contemplam informações municipais sobre população, saúde, educação, mercado de trabalho, acesso dos domicílios à infraestrutura urbana e a políticas de transferência de renda, além do Índice Municipal de Responsabilidade Social (IMRS), elaborado pela FJP (Fundação João Pinheiro). População. Os municípios do Norte de Minas podem ser considerados, no geral, de pequeno porte segundo o critério de número de habitantes. Com exceção de Janaúba, Salinas e Porteirinha, todos apresentam população inferior a 30.000 habitantes nos dois 65 anos censitários em análise (GRÁFICO 6). O perfil se enquadra na média do estado, que é também baixa (7.500 em 2000 e 8.003 em 2010). Apenas Serranopólis de Minas tem número de moradores inferior ao tamanho médio dos municípios de Minas Gerais. Ademais, nesta região observou-se crescimento populacional na primeira década do século XXI, especialmente em Janaúba, onde a variação foi de 8%. Apesar de moderado, o crescimento populacional contribui para formação de economias de aglomeração. Todavia, geram externalidades negativas como a pressão de demanda por transporte público e habitação, construção e ampliação de serviços como de abastecimento de água, esgotamento sanitário, entre outros, que exigem maiores investimentos em serviços públicos. Muitas das vezes, os municípios vulneráveis do Norte de Minas não possuem recursos fiscais suficientes para fazer face à crescente demanda por esses serviços. Tal fato deverá ser agravado pela implantação dos projetos minerários, que como se sabe, nessa etapa, atrai um contingente significativo de trabalhadores terceirizados que pressionam os serviços públicos regionais. Gráfico 6 – População residente na região do Norte de Minas, por municípios, 2000 e 2010 Fonte:Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2003; IBGE, 2011 Simultaneamente, nos municípios da região nota-se processo de urbanização no período intercensitário, especialmente em Riacho dos Machados, conforme mostra o 66 Gráfico 7. Entretanto, a distribuição dos municípios segunda taxa de urbanização é heterogênea. Enquanto Janaúba, Taiobeiras e Montes Claros contam com mais de 80% da população residindo na área urbana, Grão Mogol, Rio Pardo e Serranópolis apresentam taxa de urbanização de cerca de 40% em 2010. Por um lado, os dados de urbanização indicam uma forte fragmentação da rede de cidades da região, onde um limitado número de municípios apresentam economias de urbanização e aglomeração e se constituem em pólos locais/regionais de serviços. Por outro lado, demonstra que alguns municípios ainda não fizeram a transição para indústrias e serviços modernos, mantendo-se dependentes do setor primário para seu crescimento. Gráfico 7 – Taxa de urbanização na região do Norte de Minas, por municípios, 2000 e 2010 Fonte:Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2003; IBGE, 2011 Saúde. Recorrendo aos dados do Datasus sobre número de internações, tem-se uma medida indireta da saúde da população destes municípios. No Norte de Minas, a incidência de internações, em 2012, foi elevada para o porte dos municípios, especialmente em Espinosa, São João do Paraíso, Rio Pardo de Minas e Porteirinha (TABELA 23). Assim como no Médio Espinhaço, a investigação de causas de morbidade sugere desdobramentos de doenças ocupacionais, posto que predomina doenças do aparelho respiratório (GRÁFICO 8). 67 Tabela 23 – Total de internações no ano de 2012, por municípios do Norte de Minas Estudo Referência Total de Internações em 2012 901 Águas Vermelhas 253 Berizal 492 Curral de Dentro 312 Divisa Alegre 422 Fruta de Leite 369 Indaiabira 334 Montezuma 500 Ninheira 283 Novorizonte 420 Rubelita 272 Santa Cruz de Salinas 342 Santo Antônio do Retiro 1389 São João do Paraíso 249 Vargem Grande do Rio Pardo 327 Botumirim 373 Cristália 279 Itacambira 265 Josenópolis Padre Carvalho 399 247 Catuti 2113 Espinosa 281 Gameleiras 1841 Jaíba 352 Mamonas 460 Mato Verde 1816 Monte Azul 311 Nova Porteirinha 276 Pai Pedro 945 Grão Mogol Grão Mogol 3507 Janaúba Janaúba 2142 Rio Pardo de Minas Rio Pardo 3054 Salinas Salinas 2296 Taiobeiras Taiobeiras 2562 Porteirinha Porteirinha 414 Riacho dos Machados Riacho dos Machados 242 Serranópolis de Minas Serranópolis de Minas 23699 Montes Claros Montes Claros 2588 Grão Mogol Micro de Grão Mogol 14422 Janaúba Micro de Janaúba 14030 Salinas Micro de Salinas 125085 Belo Horizonte Belo Horizonte Média MG Média MG 1367 Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). http://w3.datasus.gov.br/siasih/siasih.php 68 Gráfico 8 – Proporção de internação por doenças no aparelho respiratório para os municípios do Norte de Minas, 2012 Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). http://w3.datasus.gov.br/siasih/siasih.php Educação. A dimensão educacional é aqui analisada por intermédio da taxa de analfabetismo, da proporção de pessoas com ensino médio e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O primeiro indicador é tratado como indicador social da educação e, por isso, integra o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O segundo indicador reflete fluxo e universalização da educação e o IDEB é um índice para medir a qualidade do sistema. A taxa de analfabetismo descreve a proporção da população com mais de 15 anos que é analfabeta entre os residentes de um município. Para tal, considera-se analfabeto aquele indivíduo que é incapaz de ler e escrever pelo menos um bilhete simples na sua língua de origem. Trata-se de uma medida de estoque, englobando, portanto, as várias fases da história de escolarização do país. Há, por isso, um efeito de composição etária, porque há maior incidência de população analfabeta entre os mais idosos relativamente aos mais jovens, principalmente em países em processo de universalização da educação, como é o caso do Brasil. Como pode ser observado pela leitura da Tabela 24, cai a taxa de analfabetos em todos os municípios do Norte de Minas no período de 2000 a 2010, algo que é fruto das políticas públicas de âmbito nacional. No entanto, muitos municípios apresentam elevadas 69 taxas de analfabetismo relativamente à média estadual, excetuando-se o caso de Montes Claros, com taxa inferior à do estado. Tabela 24 – Taxa de analfabetismo por municípios, 2000 e 2010 Referência Estudo 2000 2010 Águas Vermelhas - 35,07 27,57 Berizal - 32,11 24,84 Curral de Dentro - 32,26 24,36 Divisa Alegre - 30,95 22,22 Fruta de Leite - 44,79 33,97 Indaiabira - 39,9 32,13 Montezuma - 32,83 22,57 Ninheira - 45,63 34,28 Novorizonte - 27,97 21,86 Rubelita - 28,96 24,43 Santa Cruz de Salinas - 31,04 26,74 Santo Antônio do Retiro - 36,65 31,36 São João do Paraíso - 38,66 27,6 Vargem Grande do Rio Pardo - 34,46 25,27 Botumirim - 22,89 16,93 Cristália - 29,89 19,55 Itacambira - 22,23 16,05 Josenópolis - 40,62 28,86 Padre Carvalho - 37 26,37 Catuti - 37,46 27,99 Espinosa - 29,8 23,34 Gameleiras - 35,26 25,44 Jaíba - 26,36 18,29 Mamonas - 35,77 28,53 Mato Verde - 27,06 21,34 Monte Azul - 27,98 22,59 Nova Porteirinha - 22,32 18,49 Pai Pedro - 39,88 31,18 Grão Mogol Grão Mogol 29,03 18,83 Janaúba Janaúba 19,76 14,23 Rio Pardo de Minas Rio Pardo 34,39 23,43 Salinas Salinas 23,85 17,28 Taiobeiras Taiobeiras 27,53 21,22 Porteirinha Porteirinha 26,84 17,68 Riacho dos Machados Riacho dos Machados 30,67 22,06 Serranópolis de Minas Serranópolis de Minas 28,32 23,19 Montes Claros Montes Claros 9,93 6,25 Grão Mogol Micro de Grão Mogol 29,46 19,19 Janaúba Micro de Janaúba 28,32 22,59 Salinas Micro de Salinas 32,83 24,84 Belo Horizonte Belo Horizonte 4,63 2,87 Média MG Média MG 18 11,95 70 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2003; IBGE, 2011 Na esteira de resultados tão preocupantes quanto às evidências relativas ao analfabetismo, está a proporção de pessoas, com mais de 18 anos de idade, que declaram ter completado Ensino Médio. Mais uma vez, a proporção é menor do que a média de Minas Gerais e apenas Montes Claros está acima desta, conforme Tabela 25. Tabela 25 – Proporção de indivíduos com 18 anos ou mais com ensino médio Referência Estudo Águas Vermelhas Berizal Curral de Dentro Divisa Alegre Fruta de Leite Indaiabira Montezuma Ninheira Novorizonte Rubelita Santa Cruz de Salinas Santo Antônio do Retiro São João do Paraíso Vargem Grande do Rio Pardo Botumirim Cristália Itacambira Josenópolis Padre Carvalho Catuti Espinosa Gameleiras Jaíba Mamonas Mato Verde Monte Azul Nova Porteirinha Pai Pedro Grão Mogol Grão Mogol Janaúba Janaúba Rio Pardo de Minas Rio Pardo Salinas Salinas Taiobeiras Taiobeiras Porteirinha Porteirinha Riacho dos Machados Riacho dos Machados Serranópolis de Minas Serranópolis de Minas Montes Claros Montes Claros Grão Mogol Micro de Grão Mogol Janaúba Micro de Janaúba Salinas Micro de Salinas Belo Horizonte Belo Horizonte Média MG Média MG Fonte: elaboração própria com dados extraídos de: IBGE, 2011 2010 10,64 15,50 8,93 15,08 6,73 10,24 9,81 7,19 10,52 9,37 9,73 11,86 13,57 14,36 10,96 11,49 17,44 7,83 9,85 14,40 16,37 17,09 12,35 12,91 18,98 16,58 17,05 12,46 11,17 22,38 13,31 15,83 17,59 18,43 13,55 12,42 32,54 11,46 17,59 13,28 37,37 25,00 71 O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) é um indicador de monitoramento da qualidade do sistema educacional. O indicador tem por pressuposto que acesso à escola não é mais um problema, pelo menos no nível fundamental, mas identifica a repetência, a evasão e o baixo desempenho cognitivo como resultados de uma baixa qualidade do sistema. Para ser um instrumento de avaliação, a métrica combina indicador de fluxo escolar e indicador de desempenho escolar. Assim, um produtório destes dois indicadores é utilizado, considerando a pontuação média dos estudantes em exames padronizados ao final de determinada etapa da educação básica (4ª e 9ª séries do ensino fundamental) e a taxa média de aprovação dos estudantes da correspondente etapa de ensino. Em outras palavras, o indicador identifica escolas ou redes com alunos de baixo desempenho ou fluxo ruim e avaliar este comportamento ao longo do tempo. A Tabela 26 informa o IDEB para escolas públicas estaduais nos municípios em questão, Belo Horizonte e média estadual para anos iniciais e finais do nível fundamental, nos anos ímpares de 2005 a 20118. Nos anos iniciais, o desempenho das escolas municipais de todos os municípios selecionados melhora entre 2005 e 2011, pois se registra aumento do IDEB na série histórica. No entanto, deve-se observar que nos anos 2009 e 2011 este desempenho não se altera ou mesmo piora para os municípios da região de estudo. Esse é um indicador preocupante para a capacidade da região em se apropriar dos benefícios dos novos investimentos e ainda de criar alternativas de geração de emprego e renda. No caso dos anos finais, houve uma melhora no indicador entre 2005 e 2011. No entanto, este indicador possui valores inferiores aos dos anos iniciais, evidenciando, indiretamente o efeito da evasão e da repetência, assim como a baixa proficiência cognitiva dos alunos. Com algumas exceções, os municípios dessa região apresentaram valores do indicador inferiores à media estadual para os anos estudados. Em 2011, alguns municípios como Indaiabira, Montezuma, Novorizonte, São João do Paraíso, Grão Mogol e Taiobeiras apresentaram desempenho no IDEB melhor do que a média do estado, todos os demais detêm resultados inferiores. Assim, os indicadores educacionais aqui analisados demonstram que há um enorme desafio em termos de políticas públicas para universalizar e melhorar a qualidade da educação nesta região do estado. 8 A divulgação ocorre em anos ímpares, porque são nestes anos que se aplica a Prova Brasil, teste padronizado, realizado pelo INEP-MEC, para captar a proficiência dos alunos. 72 Tabela 26 – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) nas escolas da rede estadual, nos municípios do Norte de Minas, Belo Horizonte, e Minas Gerais (2005, 2007, 2009 e 2011) IDEB Anos Iniciais IDEB Anos Finais 2005 2007 2009 2011 2005 2007 2009 2011 Águas Vermelhas 3,7 3,3 4,8 4,7 3,0 3,0 3,8 4,1 Berizal 3,7 3,6 3,6 3,7 Curral de Dentro 3,4 4,0 5,1 5,4 2,8 3,2 3,4 4,0 Divisa Alegre 2,5 3,1 4,3 4,6 Fruta de Leite 3,7 4,5 5,4 5,3 2,7 2,5 2,4 3,1 Indaiabira 3,6 3,8 6,4 6,2 3,2 3,1 3,3 4,0 Montezuma 3,8 4,5 4,9 6,1 2,9 3,0 3,6 3,4 Ninheira 3,4 3,5 5,6 5,5 2,4 2,4 3,4 3,7 Novorizonte 5,7 6,1 6,7 2,7 3,1 4,5 4,8 Rubelita 4,1 4,6 5,3 2,3 3,3 3,4 3,7 Santa Cruz de Salinas 3,8 4,4 6,0 6,5 3,0 3,1 3,4 3,9 Santo Antônio do Retiro 3,5 2,9 4,6 2,8 3,4 3,1 3,4 São João do Paraíso 4,3 4,2 6,4 6,1 3,0 3,4 3,8 4,8 Vargem Grande do Rio Pardo 3,1 3,5 3,3 4,5 Botumirim 3,5 4,6 6,7 6,0 3,0 3,3 3,9 4,3 Cristália 2,7 3,0 3,2 4,2 Itacambira 3,6 4,0 3,9 5,4 Josenópolis 2,8 2,0 2,6 3,9 Padre Carvalho 3,4 2,5 2,5 2,5 3,8 Catuti 3,5 4,5 5,3 5,0 3,3 3,3 3,3 3,4 Espinosa 4,3 4,3 4,8 5,1 2,9 3,2 3,7 3,3 Gameleiras 2,9 4,4 4,9 3,3 3,3 3,7 3,3 Jaíba 3,8 4,7 4,9 5,3 3,0 3,1 3,9 3,6 Mamonas 3,5 3,1 3,2 3,5 Mato Verde 4,5 4,8 5,3 6,1 3,4 3,5 4,0 4,8 Monte Azul 4,2 4,7 5,8 5,8 3,7 3,6 3,6 4,5 Nova Porteirinha 3,3 3,0 3,1 3,1 3,3 Pai Pedro 3,1 3,3 3,4 3,5 Grão Mogol Grão Mogol 3,9 5,4 6,2 6,1 2,8 2,8 4,0 4,6 Janaúba Janaúba 4,2 5,0 5,3 5,6 3,5 3,4 3,9 4,0 Rio Pardo de Minas Rio Pardo 4,0 4,4 5,8 5,4 3,3 3,6 4,2 4,2 Salinas Salinas 4,3 5,1 5,9 5,9 3,2 3,2 3,8 4,3 Taiobeiras Taiobeiras 5,1 5,5 6,5 6,3 3,5 3,5 4,7 4,4 Porteirinha Porteirinha 4,5 5,0 5,5 5,6 3,4 3,8 4,1 3,8 Riacho dos Machados Riacho dos Machados 4,3 5,5 6,0 5,1 3,5 3,0 4,1 3,9 Serranópolis de Minas Serranópolis de Minas 4,2 4,4 5,1 5,5 3,4 3,7 3,1 3,4 Montes Claros Montes Claros 4,8 4,8 6,0 6,0 3,3 3,6 4,2 4,5 Belo Horizonte Belo Horizonte 4,6 5,1 5,9 5,9 3,5 3,8 3,9 3,9 Média MG Média MG 4,9 4,9 5,8 6,0 3,6 3,7 4,1 4,4 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de INEP/MEC. http://ideb.inep.gov.br/ Referência Estudo 73 Trabalho. No que tange aos indicadores de mercado de trabalho, trataremos de dois deles: taxa de ocupação formal (pessoas empregadas no setor formal sobre ocupados e desempregados) e rendimento médio do trabalho. No período intercensitário, houve aumento significativo da formalização das relações de trabalho em todos os municípios da região. Certamente, esta expansão é fruto do crescimento econômico que ampliou a demanda por trabalho, de incentivos criados por políticas trabalhistas específicas e de alguns investimentos realizados na região atraídos pelos incentivos fiscais (TABELA 27). Deve-se destacar, entretanto, que alguns municípios ficaram à margem desse processo, com uma elevação na formalização muito inferior àquela observada para os demais municípios da região e mesmo para a media do estado. Particularmente relevante são os casos de Grão Mogol, Rio Pardo de Minas, Porteirinha, Riacho dos Machados e Serranópolis de Minas, municípios que vêem recebendo ou receberão importantes investimentos minerários. Ademais, deve-se destacar que apesar desta expansão de contratação de trabalhadores em postos formalizados, a participação deste segmento no mercado de trabalho municipal é inferior ao da média estadual. 74 Tabela 27–Taxa de ocupação formal nos municípios do Norte de Minas, 2000 e 2010 Referência Estudo 2000 2010 Águas Vermelhas 6,57 20,49 Berizal 16,36 27,33 Curral de Dentro 13,46 26,12 Divisa Alegre 9,12 32,95 Fruta de Leite 12,31 27,40 Indaiabira 8,93 19,88 Montezuma 8,76 27,10 Ninheira 7,59 21,08 Novorizonte 16,23 28,23 Rubelita 10,69 27,14 Santa Cruz de Salinas 8,63 16,58 Santo Antônio do Retiro 7,38 8,66 São João do Paraíso 9,32 29,09 Vargem Grande do Rio Pardo 8,36 20,02 Botumirim 13,66 27,97 Cristália 20,00 25,10 Itacambira 8,71 32,64 Josenópolis 6,43 25,32 Padre Carvalho 12,23 46,22 Catuti 0,92 25,89 Espinosa 13,74 25,51 Gameleiras 1,75 14,43 Jaíba 16,15 30,98 Mamonas 1,53 13,56 Mato Verde 5,81 18,33 Monte Azul 4,55 17,02 Nova Porteirinha 16,73 27,68 Pai Pedro 9,78 23,83 Grão Mogol Grão Mogol 21,92 24,91 Janaúba Janaúba 20,69 37,97 Rio Pardo de Minas Rio Pardo 15,99 25,08 Salinas Salinas 13,82 34,12 Taiobeiras Taiobeiras 14,65 28,31 Porteirinha Porteirinha 14,06 20,96 Riacho dos Machados Riacho dos Machados 17,05 27,62 Serranópolis de Minas Serranópolis de Minas 15,91 23,01 Montes Claros Montes Claros 30,12 47,37 Grão Mogol Micro de Grão Mogol 15,92 29,26 Janaúba Micro de Janaúba 13,80 27,33 Salinas Micro de Salinas 12,00 26,77 Belo Horizonte Belo Horizonte 42,14 60,56 Média MG Média MG 32,14 49,05 Fonte:Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2003; IBGE, 2011 O rendimento médio do trabalho em 2010 (TABELA 28) é, na maioria dos municípios desta região, inferior a 1,5 salário mínimo (a preços do salário mínimo de setembro de 2010, i.e., R$ 510,00). No Norte de Minas, as médias são superiores a este limiar nos municípios de Janaúba, Salinas e Montes Claros. Somente neste último 75 município o rendimento médio se aproxima da media do estado. De fato, chama atenção que a maior parte dos municípios tenha um rendimento médio inferior à metade do rendimento médio para a média do Estado. A análise destes indicadores de mercado de trabalho evidencia que os postos de trabalho gerados no mercado formal foram de baixa qualidade, considerando o aspecto da remuneração. Tabela 28 - Rendimento médio do trabalho principal em 2010, Municípios Norte de Minas Referência Estudo Águas Vermelhas Berizal Curral de Dentro Divisa Alegre Fruta de Leite Indaiabira Montezuma Ninheira Novorizonte Rubelita Santa Cruz de Salinas Santo Antônio do Retiro São João do Paraíso Vargem Grande do Rio Pardo Botumirim Cristália Itacambira Josenópolis Padre Carvalho Catuti Espinosa Gameleiras Jaíba Mamonas Mato Verde Monte Azul Nova Porteirinha Pai Pedro Grão Mogol Grão Mogol Janaúba Janaúba Rio Pardo de Minas Rio Pardo Salinas Salinas Taiobeiras Taiobeiras Porteirinha Porteirinha Riacho dos Machados Riacho dos Machados Serranópolis de Minas Serranópolis de Minas Montes Claros Montes Claros Grão Mogol Micro de Grão Mogol Janaúba Micro de Janaúba Salinas Micro de Salinas Belo Horizonte Belo Horizonte Média MG Média MG Fonte: elaboração própria com dados extraídos de: IBGE, 2011 2010 614,45 483,85 651,17 645,45 545,26 500,04 462,55 445,08 506,06 500,47 449,67 479,48 489,31 514,21 477,45 538,84 619,12 510,26 486,09 491,42 490,87 467,96 684,13 462,43 468,26 573,95 486,14 429,30 555,66 836,58 529,82 781,66 719,37 565,97 516,52 573,50 1.054,59 533,78 638,54 612,38 1.930,74 1.139,49 76 Infraestrutura e acesso a políticas de transferência de renda. O acesso dos residentes aos serviços públicos tradicionais é traduzido pela proporção de domicílios que são contemplados pelo abastecimento geral de água e pelo esgotamento sanitário. Como se pode apreender pela leitura da Tabela 29, não há distinção entre os municípios no que tange ao abastecimento de água. Além disso, os dois serviços estão universalizados em sua distribuição, porque quase a integralidade dos domicílios tem cobertura na região. 77 Tabela 29 – Proporção de domicílios com acesso ao abastecimento geral de água no Norte de Minas Referência Estudo 2010 Águas Vermelhas Berizal Curral de Dentro Divisa Alegre Fruta de Leite Indaiabira Montezuma Ninheira Novorizonte Rubelita Santa Cruz de Salinas Santo Antônio do Retiro São João do Paraíso Vargem Grande do Rio Pardo Botumirim Cristália Itacambira Josenópolis Padre Carvalho Catuti Espinosa Gameleiras Jaíba Mamonas Mato Verde Monte Azul Nova Porteirinha Pai Pedro Grão Mogol Grão Mogol Janaúba Janaúba Rio Pardo de Minas Rio Pardo Salinas Salinas Taiobeiras Taiobeiras Porteirinha Porteirinha Riacho dos Machados Riacho dos Machados Serranópolis de Minas Serranópolis de Minas Montes Claros Montes Claros Grão Mogol Micro de Grão Mogol Janaúba Micro de Janaúba Salinas Micro de Salinas Belo Horizonte Belo Horizonte Média MG Média MG Fonte: elaboração própria com dados extraídos de: IBGE, 2011 98,96 97,84 94,69 98,88 99,01 99,62 99,64 100,00 99,37 98,69 99,15 100,00 99,32 100,00 99,05 97,86 98,92 98,19 99,32 98,99 97,02 100,00 97,33 99,68 98,34 98,46 98,92 98,85 96,13 98,15 99,04 99,00 97,03 96,95 99,55 97,58 98,53 97,90 97,94 98,46 99,05 98,37 A proporção de domicílios com acesso à rede de esgoto é bastante limitada no Norte de Minas. Alguns municípios não acessam esgotamento sanitário, como no caso de Serranópolis de Minas na região de estudo (TABELA 30). Chama atenção os casos de 78 Taiobeiras e Salinas, que apesar de apresentarem alguns indicadores de desenvolvimento socioeconômico relativamente melhores do que os demais municípios da região, apenas 7% e 12%, respectivamente, de seus domicílios acessam esgotamento sanitário. Tabela 30 – Proporção de domicílios com acesso a esgotamento sanitário, Norte de Minas Referência Estudo 2010 42,71 Águas Vermelhas 24,14 Berizal 47,25 Curral de Dentro 0,19 Divisa Alegre Fruta de Leite 37,97 Indaiabira 60,85 Montezuma 22,88 Ninheira Novorizonte 53,59 Rubelita 97,44 Santa Cruz de Salinas 91,61 Santo Antônio do Retiro 31,63 São João do Paraíso 1,44 Vargem Grande do Rio Pardo 30,91 Botumirim 37,72 Cristália 13,98 Itacambira 50,68 Josenópolis Padre Carvalho 2,03 Catuti 0,60 Espinosa Gameleiras 24,67 Jaíba 10,90 Mamonas 1,82 Mato Verde 12,82 Monte Azul 41,73 Nova Porteirinha Pai Pedro 55,48 Grão Mogol Grão Mogol 12,99 Janaúba Janaúba 12,18 Rio Pardo de Minas Rio Pardo 77,05 Salinas Salinas 7,56 Taiobeiras Taiobeiras 31,47 Porteirinha Porteirinha 40,00 Riacho dos Machados Riacho dos Machados Serranópolis de Minas Serranópolis de Minas 94,75 Montes Claros Montes Claros 35,86 Grão Mogol Micro de Grão Mogol 15,21 Janaúba Micro de Janaúba 37,79 Salinas Micro de Salinas 95,18 Belo Horizonte Belo Horizonte 85,44 Média MG Média MG Fonte: elaboração própria com dados extraídos de: IBGE, 2011 79 A proporção de domicílios beneficiários de políticas de transferência de renda é uma medida indireta do nível de pobreza dos municípios analisados. Observa-se, pela leitura do Gráfico 9, que todos apresentam proporção superior a de Minas Gerais, com exceção de Salinas no Norte de Minas. Riacho dos Machados e Grão Mogol dentre os municípios da região de estudo apresentam a maior dependência dos programas de transferência de renda do governo. Gráfico 9 – Proporção de domicílios com acesso a programas de transferência de renda no Norte de Minas, 2010 Fonte: elaboração própria com dados extraídos de: IBGE, 2011 Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS) – Fundação João Pinheiro. O IMRS é uma base de dados organizada pela Fundação João Pinheiro que traz informações para todos os municípios mineiros sobre as dimensões: saúde, educação, renda, segurança pública, meio ambiente e saneamento, cultura, esporte e lazer e finanças municipais. Na Tabela 31 são apresentadas as informações para 2008 9. Em geral, os municípios da região estão próximos da media estadual ou abaixo dela. Apenas Salinas e Grão Mogol apresentam valores superiores à média do estado. O resultado para Grão Mogol é paradoxal, na medida em que para todas as dimensões analisadas 9 Ano de última divulgação. 80 anteriormente, este município esteve sempre em uma posição desvantajosa. Destaquese, entretanto, que todos os municípios distam em muito do valor observado para Belo Horizonte. 81 Tabela 31 – IMRS para municípios do Norte de Minas, 2008 Micro Grão Mogol Referência Estudo IMRS 2008 Botumirim 0,567 Cristália 0,598 Grão Mogol Grão Mogol 0,615 Itacambira 0,576 Josenópolis 0,531 Padre Carvalho 0,539 Janaúba Catuti 0,559 Espinosa 0,544 Gameleiras 0,569 Jaíba 0,576 Janaúba Janaúba 0,584 Mamonas 0,542 Mato Verde 0,539 Monte Azul 0,553 Nova Porteirinha 0,541 Pai Pedro 0,547 Porteirinha Porteirinha 0,563 Riacho dos Machados Riacho dos Machados 0,549 Serranópolis de Minas Serranópolis de Minas 0,588 Salinas Águas Vermelhas 0,539 Berizal 0,549 Curral de Dentro 0,558 Divisa Alegre 0,58 Fruta de Leite 0,534 Indaiabira 0,557 Montezuma 0,536 Ninheira 0,521 Novorizonte 0,579 Rio Pardo Rio Pardo 0,555 Rubelita 0,533 Salinas Salinas 0,615 Santa Cruz de Salinas 0,548 Santo Antônio do Retiro 0,542 São João do Paraíso 0,557 Taiobeiras Taiobeiras 0,599 Vargem Grande do Rio Pardo 0,552 Micro de Janaúba Micro de Janaúba 0,558 Micro de Grão Mogol Micro de Grão Mogol 0,571 Montes Claros Montes Claros 0,62 Belo Horizonte Belo Horizonte 0,720 Média MG Média MG 0,597 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Fundação João Pinheiro, Indicadores Sociais, Índice Mineiro de Responsabilidade Social - IMRS. http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/indicadores-sociais/-imrsindice-mineiro-de-responsabilidade-social A análise dos indicadores socioeconômicos para o Norte de Minas evidencia precariedade no desenvolvimento desta região. Entre os indicadores analisados, os referentes à educação são bem preocupantes. Sabe-se que a qualificação da população tem efeitos positivos sobre a inserção social e econômica. Tal privação contribui para 82 impactar negativamente outras, como o tipo de ocupação e o nível de rendimento do trabalho. Mesmo que atividades formalizadas estejam expandindo nos municípios da região, elas parecem estar acompanhadas de um caráter precário nas relações de trabalho. Neste contexto, é difícil para estes municípios superarem a dependência de políticas de transferência de renda. Em termos de políticas públicas, é premente desenvolver ações voltadas para universalizar a educação básica e a redução do analfabetismo, em ritmo mais intenso do que vem sendo feito, sob pena de não se direcionar o desenvolvimento da região para atividades econômicas que internalizem a renda aí gerada. 2.3.2 A Estrutura da Economia Regional: mercado de trabalho no Norte de Minas A análise da estrutura econômica regional será feita a partir da identificação do mercado de trabalho formal dos municípios da Região Ampla de Estudo, conforme definida. A RAIS (Ministério do Trabalho) é um registro administrativo, criado com o objetivo de suprir as necessidades de controle, de estatísticas e de informações às entidades governamentais da área social, de fundamental importância para o acompanhamento e a caracterização do mercado de trabalho formal 10. De acordo com De Negri et al. (2001, p. 8): A RAIS representa, praticamente, um censo anual do mercado formal brasileiro, na medida em que todas as organizações legais (privadas e públicas) são obrigadas a declará-la. O tratamento aplicado aos dados dos estabelecimentos e aos vínculos empregatícios permite sua desagregação no âmbito do município, de subatividades econômicas e de ocupações. Tais informações são disponibilizadas segundo o estoque (número de empregos) e a movimentação de mão-de-obra empregada (admissões e desligamentos), por gênero, faixa etária, grau de instrução, rendimento médio e faixas de rendimentos em salários mínimos, sendo possível, também, construir dados sobre a massa salarial. De Negri et al. (2001) destaca, ainda, a confiabilidade dos dados levantados pelo Ministério do Trabalho, presentes na RAIS, e defende amplamente seu uso em pesquisas aplicadas para o mercado formal. Além dos apontamentos relativos à evolução do mercado formal de trabalho entre os anos de 2007 a 2011, faremos algumas análises de concentrações relativas de atividades produtivas (associadas ao conceito de Quociente Locacional), em comparação com médias do Estado e da região de estudo. 10 Informação de acordo com: http://www.mte.gov.br/estudiosospesquisadores/pdet/conteudo/rais_default.asp. 83 Estas análises serão feitas em termos de mão de obra empregada e de número de estabelecimentos formais. Em termos de mão de obra empregada, o Estado de Minas Gerais responde por aproximadamente 10,5% dos empregos formais do País e esta participação não varia significativamente, apesar de uma ligeira diminuição ao longo dos cinco anos de análise, conforme Tabela 32. 84 Tabela 32 – Mão de obra empregada, Minas Gerais e Brasil, 2007 a 2011 2007 2008 2009 2010 2011 Minas Gerais 4.036.203 4.184.183 4.350.839 4.646.891 4.850.976 Brasil 37.607.430 39.441.566 41.207.546 44.068.355 46.310.631 Participação 10,73% 10,61% 10,56% 10,54% 10,47% Fonte: Elaboração própria com dados extraídos da RAIS-MTE. Em termos de número de estabelecimentos formais, Minas Gerais responde por cerca de 13,4% e, também, apesar da ligeira diminuição desta participação ao longo dos anos de análise, não existe nenhuma alteração mais substancial (TABELA 33). Tabela 33 – Número de Estabelecimentos, Minas Gerais e Brasil, 2007 a 2011 2007 2008 2009 2010 2011 Minas Gerais 399.951 417.356 431.482 454.061 476.365 Brasil 2.935.448 3.085.470 3.223.514 3.403.448 3.590.616 Participação 13,62% 13,53% 13,39% 13,34% 13,27% Fonte: Elaboração própria com dados extraídos da RAIS-MTE. É importante destacar que os setores em que Minas Gerais se destaca (comparado com o Brasil) em termos de concentração relativa de estabelecimentos e de mão de obra empregada são: agricultura, pecuária e serviços relacionados (aproximadamente 78% mais intensivo em número de estabelecimentos e 65% mais intensivo em uso de mão de obra), produção florestal (45% em estabelecimentos e 160% em mão de obra) e extração de minerais metálicos (155% em estabelecimentos e 360% em mão de obra). Em atividades como “comércio varejista”, “administração pública”, “atenção à saúde” e “educação”, Minas Gerais possui praticamente a mesma intensidade do emprego de mão de obra e do número de estabelecimentos que a média nacional (educação, em MG apresenta concentração ligeiramente inferior ao restante do País em número de estabelecimentos -5%, mas apresenta a mesma concentração nacional em termos de empregos formais). Trazendo a análise para a Região Ampla de Estudo, podemos identificar que em termos de mão de obra ocupada, a participação média da região na “Administração Pública” reduz de mais de 40% em 2007 para aproximadamente 32% em 2011. Importante notar que quanto menor o município, maior é a concentração de trabalhadores formais nesta atividade. Em 2011, a exceção de Nova Porteirinha, todos os municípios da Região Ampla de Estudo possuíam menor emprego de mão de obra em “Educação” do que a média do 85 Estado. Apesar disso, alguns municípios se destacam como significativa concentração deste emprego, em relação aos demais municípios da região (Nova Porteirinha, Porteirinha, Janaúba, Taiobeiras e Mato Verde). Comparado com a distribuição da mão de obra em Minas Gerais, a região de análise pode ser considerada intensiva em algumas atividades: “Agricultura e Pecuária” – Janaúba, Jaíba e Nova Porteirinha eram 186%, 538% e 893%, respectivamente, mais intensivos em uso de mão de obra do que o restante do Estado em 2007. Em 2011 esta intensidade se eleva ainda mais, indo para 281%, 875% e 980%, respectivamente. “Produção Florestal” – Salinas, Jaíba, Taiobeiras, Rio Pardo, Grão Mogol, Riacho dos Machados, Itacambira e Padre Carvalho são bem mais intensivos no uso de mão de obra se comparados à média do Estado. Vale notar que Minas Gerais já é muito mais intensivo em mão de obra nesta atividade do que a média nacional. Ao se comparar a Região Ampla de Estudo (três microrregiões), que emprega em média 1,16% da mão de obra formal do Estado, a região respondeu por mais de 14% do emprego de mão de obra em “Produção Florestal” no Estado, em 2011. “Fabricação de Bebidas” – Salinas é 764% mais empregadora de mão de obra do que a média do Estado, em 2007, passando a 922% em 2011. Este percentual cai quando a comparação é feita com a média da Região Ampla de Estudo. Isso indica que outros municípios da Região colaboram para a elevação desta intensidade. Analisando especificamente a microrregião de Grão Mogol (TABELA 27), em termos de emprego de mão de obra, destacamos evolução do mercado de trabalho formal do município polo da microrregião (Grão Mogol), que cresceu a uma média de mais de 10,48%, e do município de Padre Carvalho (crescimento médio de 13,96%) em relação aos demais municípios da região. Vale destacar Cristália e Botumirim tiveram crescimento médio superior ao de Grão Mogol, mas estes são municípios relativamente pequenos, em termos de mercado formal de trabalho, na região. O emprego de mão de obra formal, da microrregião, cresceu a uma média de 6,72% ao longo do período, superior aos 4,7% da média do Estado (TABELA 34). 86 Tabela 34 – Estrutura do Mercado de Trabalho, Microregião de Grão Mogol, Norte de Minas, 2007 a 2011 MG-ITACAMBIRA MG-PADRE CARVALHO MG-BOTUMIRIM MG-CRISTALIA MG-JOSENOPOLIS 1475 955 587 393 318 264 1996 1109 543 284 490 236 4441 2134 908 435 255 442 267 4646891 4788 1984 805 719 580 428 272 4850976 5126 2117 884 848 529 453 295 MG-ITACAMBIRA MG-PADRE CARVALHO MG-BOTUMIRIM MG-CRISTALIA MG-JOSENOPOLIS Ano Total - MG Total Microrregião MG-GRAO MOGOL 2007 4036203 3992 2008 4184183 4658 2009 4350839 2010 2011 Ano Total - MG Total Microrregião MG-GRAO MOGOL 2008 3,67% 16,68% 35,32% 16,13% -7,50% -27,74% 54,09% -10,61% 2009 3,98% -4,66% 6,91% -18,12% -19,89% -10,21% -9,80% 13,14% 2010 6,80% 7,81% -7,03% -11,34% 65,29% 127,45% -3,17% 1,87% 2011 4,39% 7,06% 6,70% 9,81% 17,94% -8,79% 5,84% 8,46% m édia 4,71% 6,72% 10,48% -0,88% 13,96% 20,18% 11,74% 3,21% 2007 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos da RAIS-MTE. O município de Grão Mogol aumenta sua participação no mercado formal da microrregião, entre 2007 e 2011, representando em 2007 36,8% e chegando a 41,3% de todos os postos de trabalho formais da região. Destaca-se as atividades de “comércio varejista”, “agricultura, pecuária e serviços relacionados”, “atividades de atenção à saúde humana” e “educação”, em todos os anos observados, o que pode caracterizar o município como real polo da microrregião. Na microrregião de Salinas, destacamos que o emprego de mão de obra formal, cresceu a uma média de 7,3% ao longo do período. O município polo da microrregião cresceu menos que a média da microrregião e menos que a média do Estado. Os municípios que mais se destacaram em termos de crescimento foram Rubelita e Fruta de Leite, mas pelo tamanho do seu mercado de trabalho, o município de Taiobeiras, foi o que mais colaborou para a elevação do volume de empregos formais na microrregião (TABELA 35). 87 Tabela 35 – Número de Estabelecimentos, Microregião de Salinas, Norte de Minas, 2007 a 2011 Ano Total - MG Total Microrregião MG-SALINAS MG-TAIOBEIRAS MG-SAO JOAO DO PARAISO MG-RIO PARDO DE MINAS MG-BERIZAL MG-AGUAS VERMELHAS MG-NINHEIRA 2007 4036203 16672 4503 3110 2129 1692 394 794 542 2008 4184183 17079 4117 3444 2401 1720 725 829 601 2009 4350839 19101 4822 3878 2167 1961 923 829 694 2010 4646891 19974 5135 4212 2390 2147 1172 815 418 2011 4850976 22039 5322 4317 2899 2390 1428 831 779 MG-NOVORIZONTE MG-SANTA CRUZ DE SALINAS MG-FRUTA DE LEITE MG-SANTO ANTONIO DO RETIRO MG-DIVISA ALEGRE MG-INDAIABIRA MG-MONTEZUMA MG-RUBELITA MG-CURRAL DE DENTRO 2007 587 463 528 370 251 355 314 218 422 2008 711 323 460 435 289 250 266 296 212 2009 670 421 481 447 277 302 277 737 215 2010 599 436 597 466 378 367 272 335 235 2011 732 596 582 562 384 370 317 288 242 Ano Total - MG Total Microrregião MG-SALINAS MG-TAIOBEIRAS MG-SAO JOAO DO PARAISO MG-RIO PARDO DE MINAS MG-BERIZAL MG-AGUAS VERMELHAS MG-RUBELITA 10,89% 2007 2008 3,67% 2,44% -8,57% 10,74% 12,78% 1,65% 84,01% 4,41% 2009 3,98% 11,84% 17,12% 12,60% -9,75% 14,01% 27,31% 0,00% 15,47% 2010 6,80% 4,57% 6,49% 8,61% 10,29% 9,48% 26,98% -1,69% -39,77% 2011 4,39% 10,34% 3,64% 2,49% 21,30% 11,32% 21,84% 1,96% 86,36% m édia 4,71% 7,30% 4,67% 8,61% 8,65% 9,12% 40,04% 1,17% 18,24% MG-DIVISA ALEGRE MG-CURRAL DE DENTRO MG-INDAIABIRA MG-MONTEZUMA MG-NINHEIRA MG-NOVORIZONTE MG-SANTA CRUZ DE SALINAS MG-FRUTA DE LEITE MG-SANTO ANTONIO DO RETIRO 2008 21,12% -30,24% -12,88% 17,57% 15,14% -29,58% -15,29% 35,78% -49,76% 2009 -5,77% 30,34% 4,57% 2,76% -4,15% 20,80% 4,14% 148,99% 1,42% 2010 -10,60% 3,56% 24,12% 4,25% 36,46% 21,52% -1,81% -54,55% 9,30% 2011 22,20% 36,70% -2,51% 20,60% 1,59% 0,82% 16,54% -14,03% 2,98% m édia 6,74% 10,09% 3,32% 11,29% 12,26% 3,39% 0,90% 29,05% -9,02% 2007 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos da RAIS-MTE. Salinas e Taiobeiras, em 2007, eram responsáveis por mais de 45% dos empregos formais da microrregião. Em 2011, esta participação era de 43,7%. Ainda analisando a microrregião, entre 2007 e 2011, os dois municípios empregavam quase 70% da mão de obra do “comércio varejista”, mais de 85%, em média, em “educação” e passaram de 45%, em 2007, para mais de 70%, em 2011, da mão de obra em “atividades de atenção à saúde humana”. A microrregião de Janaúba (TABELA 36) apresentou um crescimento do mercado de trabalho formal ligeiramente superior ao crescimento apresentado no Estado (5,26% diante dos 4,71% do Estado). O município de Jaíba, com crescimento médio de 14,11% ao ano, foi o que mais colaborou para seu crescimento na microrregião, superior ao do Estado no período analisado. Neste período, é importante destacar que o município do Jaíba, que em 2007 era responsável por 34% dos empregos na região em “agricultura, pecuária e serviços relacionados”, em 2011 elevou sua participação em mais de 48%. 88 Tabela 36 – Número de Estabelecimentos, Microregião de Janaúba, Norte de Minas, 2007 a 2011 Ano Total - MG Total Microrregião MG-JANAUBA MG-JAIBA MG-ESPINOSA MG-PORTEIRINHA MG-MONTE AZUL MG-NOVA PORTEIRINHA 2007 4036203 21280 9148 3341 1943 1924 1263 753 2008 4184183 19959 9670 3870 2236 1928 1322 933 2009 4350839 23542 9518 4599 2276 1867 1325 1035 2010 4646891 24101 9074 5251 2676 1936 1446 1129 2011 4850976 25767 9565 5649 2220 2030 1540 1473 MG-GAMELEIRAS MG-MAMONAS MG-RIACHO DOS MACHADOS MG-MATO VERDE MG-PAI PEDRO MG-CATUTI MG-SERRANOPOLIS DE MINAS 2007 966 548 424 275 258 174 263 2008 993 632 485 349 285 158 215 2009 694 806 389 282 210 177 364 2010 700 616 414 274 211 186 188 2011 1039 857 478 280 242 209 Ano Total - MG Total Microrregião MG-JANAUBA MG-JAIBA MG-ESPINOSA 185 MG-PORTEIRINHA MG-MONTE AZUL MG-NOVA PORTEIRINHA 2007 2008 3,67% -6,21% 5,71% 15,83% 15,08% 0,21% 4,67% 23,90% 2009 3,98% 17,95% -1,57% 18,84% 1,79% -3,16% 0,23% 10,93% 2010 6,80% 2,37% -4,66% 14,18% 17,57% 3,70% 9,13% 9,08% 2011 4,39% 6,91% 5,41% 7,58% -17,04% 4,86% 6,50% 30,47% m edia 4,71% 5,26% 1,22% 14,11% 4,35% 1,40% 5,13% 18,60% MG-CATUTI MG-SERRANOPOLIS DE MINAS MG-GAMELEIRAS MG-MAMONAS -18,25% MG-RIACHO DOS MACHADOS MG-MATO VERDE 2008 2,80% 15,33% 14,39% 26,91% 10,47% -9,20% 2009 -30,11% 27,53% -19,79% -19,20% -26,32% 12,03% 69,30% 2010 0,86% -23,57% 6,43% -2,84% 0,48% 5,08% -48,35% 2011 48,43% 39,12% 15,46% 2,19% 14,69% 12,37% -1,60% m edia 5,49% 14,60% 4,12% 1,77% -0,17% 5,07% 0,28% MG-PAI PEDRO 2007 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos da RAIS-MTE. Janaúba, no período analisado, se apresenta como o principal empregador de mão de obra no “comércio varejista”. Apesar de perder importância relativa dentro da microrregião, caindo de aproximadamente 58% dos empregos formais neste setor, em 2007, para aproximadamente 52% em 2011, o município manteve sua grande importância regional no que diz respeito a esta atividade. Em “atividades de atenção à saúde humana”, Janaúba também se destaca regionalmente, aumentando sua intensidade de mão de obra, relativa à região, passando de mais de 55% (2007) dos empregos do setor na região, para mais de 76% em 2011. Em “educação”, da mesma forma, Janaúba de 2007 a 2011 sempre empregou em torno de 60% da mão de obra formal da região neste setor. Como já destacado anteriormente, a microrregião de Janaúba, como um todo, é muito intensiva no emprego de mão de obra em atividades de “agricultura, pecuária e serviços relacionados” e em “produção florestal”. Em termos de número de estabelecimentos, podemos dizer que o mercado formal destes municípios, assim como o comportamento do mercado de trabalho, apresentou 89 crescimento, também, superior ao do Estado. Neste caso, o crescimento médio das três microrregiões, além de superior a média do Estado, foi superior ao crescimento da mão de obra (A Microrregião de Grão Mogol cresceu, em média, 10,48% ao ano, a de Salinas cresceu 8,98% e a de Janaúba cresceu 6,16%, enquanto o crescimento do Estado foi de 4,47%). Neste quesito, é importante notar que a estrutura econômica dos municípios da região pouco se alterou entre 2007 e 2011 e que apesar do significativo crescimento em número de estabelecimentos formais não houve mudanças estruturais significativas. 2.3.3 Transportes na Estrutura Urbano-Regional 2.3.3.1 Rodovias A mesorregião do Norte de Minas é servida por três níveis de rodovias, as federais, as estaduais e as municipais. No nível federal, é atendida pelas seguintes rodovias: BR-251, que liga Cuiabá, no Mato Grosso, a Ilhéus, na Bahia, mas que está implantada praticamente apenas entre Boqueirão, perto de Unaí, em Minas Gerais, e o Distrito Federal, e entre Montes Claros e Pedra Azul. Esse trecho no Norte de Minas faz a ligação transversal entre as rodovias BR 135 e BR 116, que são as principais vias de acesso à região a partir de Belo Horizonte. Rodovia em pista simples, com uma faixa por sentido, tem um tráfego médio de 2.300 veículos por dia, segundo dados do DER/MG 11. BR-122, que liga Montes Claro, em Minas Gerais, a Chorozinho, no Ceará, e que tem implantado o trecho entre Montes Claros e Caitité, na Bahia, passando por Jabaúba e Porteirinha. Rodovia de pista simples,com uma faixa de tráfego por sentido, com um tráfego médio diário de 1.850 veículos1. Não existe nenhum programa do Governo Federal para o desenvolvimento rodoviário dessa área, nem previsão de duplicação dessas rodovias, nem sua inclusão no Programa de Investimentos em Logística. As rodovias estaduais existentes na região não se caracterizam por ligações estruturantes, fazendo mais o papel de ligação das sede municipais ao sistema rodoviário de gestão federal. 11 Disponível em http://www.der.mg.gov.br/images/Volume_de_Trafego/volumemediodiarioanualdetrafego%281%29.pdf 90 O Governo do Estado tem dois programas rodoviários com ação sobre a região de estudo, o Programa de Pavimentação de Ligações e Acessos Rodoviários aos Municípios (PROACESSO) e o Caminhos de Minas. O Programa PROACESSO - de pavimentação de ligações e acessos rodoviários aos municípios tem como objetivo geral contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de cidades com baixo IDH e precária conexão com a rede viária principal, através da melhoria e pavimentação da infraestrutura rodoviária de acesso. Fisicamente, o Programa pavimentou ligações existentes em leito natural, com o aproveitamento básico do traçado, com o mínimo de movimento de terra possível, e com pavimentação condizente com o tráfego esperado na ligação dos municípios à rodovia existente asfaltada mais próxima. A seção transversal média implantada foi de 8,60 metros. O Programa Estruturador Caminhos de Minas tem como objetivo encurtar distâncias, diminuir o tempo das viagens e aumentar a capacidade de rodovias que exercem o papel integrador entre os municípios mineiros. No total, o Caminho de Minas prevê a pavimentação de mais de 7.700 Km de rodovias, beneficiando 302 municípios de cidadãos por todo o Estado. O padrão de projeto implantado considerou a importância estruturadora das rodovias, com uma pavimentação adequada a volumes de tráfego mais altos e seção transversal média de 12,0 metros, investindo maiores recursos na movimentação de terra, permitindo raios de curva e rampas mais favoráveis. Algumas mineradoras em ação na região firmaram, ou estão negociando, convênios com o DER/MG para a implantação de trechos da malha rodoviária, tanto estadual quanto municipal, de seu interesse, em especial para o aproveitamento da faixa de domínio das rodovias para passagem de minerodutos. Complementarmente a essas melhorias, o DER/MG pavimenta algumas rodovias municipais que passam a ter importância estratégica nessa nova configuração. Assim, segundo informações do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG), é a seguinte a situação dos projetos e obras rodoviárias em andamento: Rodovia MG/626: Trecho: Curral de Dentro – Entr° Berizal; Extensão: 20,0 km; 91 Situação: Projeto em andamento; Obra: Trecho integrante do “Programa Caminhos de Minas”, sem programação para execução das obras; Rodovia MG/114: Trecho: Entr° Coronel Murta- - Entr° Virgem da Lapa; Extensão: 36,0 km; Situação: Projeto a licitar; Obra: Trecho integrante do “Programa Caminhos de Minas”, sem programação para execução das obras; Rodovia MG/626: Trecho: Fruta de Leite – Taiobeiras; Extensão: 54,0 km; Situação: Autorizada a licitação do Projeto de Engenharia; Obra: Trecho integrante do “Programa Caminhos de Minas”, sem programação para execução das obras; Rodovia Municipal: Trecho: Indaiabira – Vargem Grade do Rio Pardo; Extensão: 23,10 km; Situação: Projeto a licitar; Obra: Trecho integrante do “Programa Caminhos de Minas”, sem programação para execução das obras; Rodovia Municipal: Trecho: Itacambira – BR/367; Extensão: 63,50 km; Situação: Projeto a licitar; Obra: Trecho integrante do “Programa Caminhos de Minas”, sem programação para execução das obras; Rodovia MG/401: Trecho: Jaíba (contorno) – Ponte Rio Jaíba; Extensão: 5,7 km; Situação: Projeto Concluído; Obra: Contratada, integrante do “Programa Caminhos de Minas”, com previsão de inicio em março/2013; Rodovia Municipal: Trecho: Novorizonte – Serranópolis de Minas; Extensão: 96,0 km; 92 Situação: Projeto a licitar; Obra: Trecho integrante do “Programa Caminhos de Minas”, sem programação para execução das obras; Rodovia MG/120: Trecho: Riacho dos Machados – Porteirinha; Extensão: 29,0 km; Situação: Projeto concluído. Obra: Obra contratada, integrante do “Programa Caminhos de Minas”, com previsão de inicio em março/2013; Rodovia municipal: Trecho: Rio Pardo de Minas – Mato Verde; Extensão: 34,0 km; Situação: Projeto de Engenharia em andamento; Obra: Trecho integrante do “Programa Caminhos de Minas”, sem programação para execução das obras; Rodovia municipal: Trecho: Rio Pardo de Minas – Vargem Grande do Rio Pardo; Extensão: 40,8 km; Situação: Autorizada a licitação do Projeto de Engenharia; Obra: Trecho integrante do “Programa Caminhos de Minas”, sem programação para execução das obras; O Mapa 2 abaixo mostra a estrutura viária existente, em implantação e em projeto pelos programas governamentais na mesorregião do Norte de Minas. 2.3.3.2 Ferrovias O Governo Federal tem, em seu Programa de Investimentos em Logística, a programação de lançamento de uma parceria público – privada para o corredor Belo Horizonte – Salvador. Este corredor é uma revitalização da linha existente operada pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCASA), e não se divulgou como seria o modelo de concessão, uma vez que a linha está concessionada àquela operadora, devendo, portanto, ser retomada pelo poder concedente. 93 Mapa 2 – Rede de Transportes Regional Existente e Projetada do Norte de Minas Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de IBGE/GeoMinas/CEDEPLAR-UFMG 94 2.3.4 Turismo e Patrimônio Histórico e Natural: Caracterização da Dinâmica Turística na Região do Norte de Minas e Proposições para seu Fortalecimento Apresenta-se a seguir as atividades e produtos executados durante o período de fevereiro a abril de 2013, prazo de execução do Produto 3, referente ao diagnóstico da atividade turística na região do Norte de Minas e algumas proposições preliminares. Os municípios contemplados no presente relatório e que fazem parte da região de estudo, são: Grão Mogol, Janaúba, Porteirinha, Riacho dos Machados, Rio Pardo de Minas, Salinas, Serranópolis de Minas e Taiobeiras. Além desses devido ao impacto esperado das atividades minerárias foram incluídos Fruta de Leite e Padre Carvalho e devido ao potencial turístico, Januária. O município de Montes Claros embora não inserido na área de estudo, será mencionado devido a constituirse no maior centro urbano regional com potencial para dar suporte as atividades de turismo da região. O Mapa 3, a seguir, apresenta um recorte da região em análise. 95 Mapa 3 – Região Norte do Estado de Minas Gerais Fonte: BARBIERI (Coord.), 2012. Várias foram as fontes consultadas para a elaboração do presente texto, além de entrevistas e reuniões com atores locais e de instituições de interesse. Vale destacar os estudos constantes dos Planos de Desenvolvimento Integrado para o Turismo Sustentável (PDITS), elaborados para as regiões do Norte de Minas, denominado PDITS Caminhos de Minas e para a região mineira do Vale do Rio São Francisco, denominado PDITS do São Francisco. Ambos foram realizados para a Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais (SETUR/MG), no ano de 2005. 2.3.4.1 Segmento turístico predominante Principais recursos turísticos. O desenvolvimento turístico na região denominada Norte de Minas se assenta nas festas, nas comemorações religiosas, folclóricas ou cívicas, no artesanato e nas cachaças, principalmente as produzidas em Salinas, que são comercializadas em todo o país. Destaca-se ainda a paisagem natural, onde estão localizados vários atrativos de interesse turístico, dispersos por toda a região. Merece destaque os inúmeros bens espeleológicos, arqueológicos, paleontológicos e ecossistemas extremamente frágeis, que oferecem um segmento voltado para a observação e geração de conhecimentos científicos. O Parque Nacional do Peruaçu, em Januária, ainda sem condições de visitação pública regular, se destaca no segmento de turismo de cavernas, com seu patrimônio espeleológico. 96 A região se destaca por um rico e variado acervo de bens culturais e naturais, tendo como principal elemento aglutinador sua identidade geográfica. Constitui-se, em síntese, de caminhos que cortam o sertão mineiro e que oferecem ao visitante, além de paisagens naturais e históricas, várias opções de lazer e divertimento, com grande potencial para o desenvolvimento de diferentes segmentos turísticos, até mesmo para o turismo de eventos e de negócios, dada a importância econômica da cidade polo regional, Montes Claros, e da crescente importância de Salinas, onde se realiza há mais de dez anos o Festival Mundial da Cachaça. Nesse elenco variado de bens de interesse turístico, aparece com maior relevância o conjunto dos recursos naturais, compreendido principalmente por praias fluviais, serras, vales de rios, cachoeiras, grutas e águas termais. É bastante amplo o leque de manifestações culturais típicas da região, destacando-se, sobretudo, as festas religiosas, o artesanato, as feiras e a gastronomia. A seguir apresentam-se em detalhes os recursos turísticos, com os municípios que mais se destacam em cada um deles. Histórico-culturais. Existe um expressivo acervo de edificações remanescentes do período colonial, embora distribuído de forma heterogênea e apenas em alguns municípios da região, destacando-se o conjunto arquitetônico de Grão-Mogol, sendo a maioria dos edifícios tombados a nível municipal, com destaque para a igreja Matriz de Santo Antônio, construída em pedra, e as capelas do Rosário e Divino Espírito Santo. De modo geral, o estado de conservação dos imóveis é bom. No que diz respeito à gestão municipal do patrimônio, o município de Grão-Mogol encontrase bastante avançado, sendo que desde 1999 a prefeitura vem trabalhando na realização de inventários e tombamentos, e na restauração de alguns imóveis. Não há nos municípios da região edificações históricas protegidas por tombamento federal ou estadual, à exceção da Capela Nossa Senhora do Rosário em Januária, que é tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (1989)12, o que não significa o seu desinteresse para a história de Minas Gerais e do Brasil, mas uma relevância menor se comparadas com outros acervos mineiros, como é o caso das "cidades históricas", símbolos do apogeu minerador do século XVIII e principais destinos turísticos de Minas Gerais. De acordo com o PDITS Caminhos do Norte, esse é um aspecto que reforça a 12 o Decreto/ Data n 29.399 de 21/04/1989. 97 necessidade de uma abordagem criativa do patrimônio histórico-cultural do norte de Minas Gerais, com o objetivo principal de ampliar o seu interesse turístico e de darlhe melhores condições de competitividade em relação a outros destinos mineiros. Nessa direção, o primeiro aspecto a ser explorado seria a singularidade do processo de ocupação da região ou, em outros termos, a particularidade de sua inserção no quadro da economia colonial. Em virtude de seu grande potencial turístico, não apenas cultural, em face das suas belezas naturais, sobretudo a singularidade de sua flora, de grande interesse científico e capaz de atrair visitantes nacionais e internacionais, Grão-Mogol foi considerado pelo PDITS Caminhos de Minas o município que deverá ser mais impactado pelo desenvolvimento do turismo na região. Acrescentaremos outro município, Salinas, devido ao crescente comercio em torno da cachaça, por possuir um aeroporto regional, estar inserida nas ações da Secretaria Estadual de Cultura como polo cultural desenvolvimento e recente por da sua localização oferta turística privilegiada, (item que confirmada será pelo abordado posteriormente). Ainda pouco divulgadas, as peculiaridades históricas e culturais do norte de Minas, principalmente seus hábitos e costumes, constituem elemento estratégico para o desenvolvimento turístico da região. Este fato é reforçado pela opinião de representantes dos municípios do Norte de Minas em reunião sobre o Plano Estratégico no Salão do Turismo, onde privilegiaram como aspecto a ser ressaltado na construção da estratégia turística, “o modo de vida dos habitantes locais: sua gente e saberes locais”. Do ponto de vista cultural-antropológico, o PDITS do São Francisco ressalta os municípios de Januária e Itacarambi, que possuem uma significativa importância a nível mundial, tendo em vista os sítios arqueológicos ali cadastrados e as pinturas rupestres, classificadas como das mais importantes da história remota da humanidade. A maior parte desse acervo situa-se no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, no interior do qual se encontram, nas proximidades do rio São Francisco, atrativos naturais de impressionante beleza. Trata-se do complexo de cavernas formadas pelo rio Peruaçu, destacando-se por seus magníficos salões e suas grandes extensões lineares, os condutos. Suas galerias possuem dimensões de 70m de largura por 140 de altura e em uma das cavernas se encontra a maior 98 estalactite do planeta, com 27 metros (SALGADO, 2009). Com o objetivo principal de proteger o rio Peruaçu e suas áreas de influência, contribuindo, assim, para a conservação das cavernas formadas por esse curso d'água, foram criadas Unidades de Conservação, como a Área de Proteção Ambiental Cavernas do Peruaçu (federal) e o Parque Estadual Veredas do Peruaçu. Essas Unidades existem antes mesmo da criação do parque nacional citado. Entretanto, apesar de finalizado o Plano de Manejo dessas áreas, nenhuma delas ainda oferece estrutura de visitação (SALGADO, 2009 ,p.133). Socioambientais. Os municípios contemplados neste Plano se inserem numa região com grande diversidade de características naturais e culturais que, se adequadamente formatadas em produtos turísticos e comercializadas em canais de ampla divulgação nacional podem potencializar o desenvolvimento do turismo. A região é atravessada de norte a sul pelo maciço da serra do Espinhaço, rico em paisagens naturais e com grande diversidade florística. Apesar dos impactos das atividades antrópicas no decorrer dos quase três séculos desde o período colonial, em particular os da pecuária, a área ainda é relativamente preservada. Alguns municípios possuem elevado percentual de propriedades rurais ocupadas por matas e florestas naturais como ocorre com Grão Mogol e Taiobeiras, como apontado pelo PDITS Caminhos do Norte. Montes Claros, centro urbano e polo regional é servido com uma relativa infraestrutura receptiva para o turismo. Isso pode vir a ser um fator a potencializar o desenvolvimento do turismo em particular nos municípios situados a menos de 100km, destacando-se Grão Mogol, Janaúba, Riacho dos Machados e Januária. Mais a leste teríamos outro polo, Salinas, que poderá organizar o turismo considerando Taiobeiras, Rio Pardo, Fruta do Leite e Padre Carvalho. De acordo com o PDITS Caminhos do Norte, os atrativos naturais da região do Norte de Minas são desconhecidos de modo geral, não dispõem de infraestrutura para recebimento de visitantes e não possuem uma real avaliação de seu potencial para o desenvolvimento do turismo. Os levantamentos realizados pelo Plano de Turismo apontam alguns dos atrativos naturais como merecedores de maior atenção para o desenvolvimento turístico e que necessitam de medidas específicas de proteção socioambiental. Entre 99 esses estão os atrativos da serra do Espinhaço situados entre Bocaiúva e Grão Mogol com um conjunto de cursos d'água com cachoeiras em áreas de grande beleza cênica, e o conjunto cárstico com inúmeras grutas situadas em Montes Claros e Coração de Jesus. Vale ressaltar que se localiza em Januária, mais precisamente no distrito de Pandeiros, uma área alagada, de beleza singular, que já está sendo chamada de Pantanal de Minas Gerais. Na época das cheias, o pântano chega a alcançar mais de 3.000ha, dando refúgio a uma fauna de fundamental importância para a região. Pesquisadores indicam esse nicho como um "berçário" dos peixes que migram para o rio São Francisco. Toda essa área está incluída na Área de Proteção Ambiental Estadual do Rio Pandeiros. De acordo com o PDITS Vale do São Francisco, estudase uma forma de transformá-la em Unidade de Conservação de uso mais restrito, tentando, assim, melhor proteger esse patrimônio natural. 2.3.4.2 Produtos turísticos e atrativos Grão-Mogol guarda significativo conjunto arquitetônico representativo do período colonial, destacando-se principalmente por possuir potencial para o desenvolvimento do turismo ecológico e de aventura, com atrativos naturais de grande valor turístico. A cidade também conta com potencial para expansão do turismo religioso, devido a inauguração do “maior presépio natural ao ar livre do mundo” na cidade, em dezembro de 2011. Junto com tradicionais festas religiosas, a Prefeitura organiza eventos que atraem grande quantidade de visitantes à cidade, como é o caso da Festa do Vau que acontece na Praia e Capela do Vau no mês de setembro (GRÃO MOGOL, [2009?]). Janaúba, por sua vez, destaca-se pela diversidade de festas religiosas e folclóricas, além do rio Gorutuba, com praias e balneários de águas transparentes e propícias à prática de esportes. Destaque para o Balneário Bico de Pedras, que é o principal atrativo da cidade, onde há um clube, praias e pontos onde se vislumbram belas paisagens. Salinas, município onde são produzidas as melhores cachaças do Brasil abriga, há mais de dez anos, o Festival Mundial da Cachaça (em 2013 ocorre a 12ª edição). Em dezembro de 2012 foi inaugurado neste município o Museu da Cachaça, em uma área de 13 mil metros quadrados. Além de poder conhecer os 100 mais diferentes tipos de cachaça, os visitantes podem usufruir de cursos e ações educativas sobre todas as etapas da produção, desde o plantio da cana até a distribuição e o consumo responsável. A cidade de Januária, banhada pelo rio São Francisco, possui forte apelo turístico, voltado para esportes aquáticos e praias, de um lado e pela existência de grutas na região, como a caverna do Caboclo, localizada dentro do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, além do Pantanal do rio Pandeiros, conhecido como Pantanal Mineiro. Atualmente, a cidade é um importante polo turístico regional, rico em manifestações e instrumentos de caráter cultural, como a Casa da Memória do Vale do São Francisco, os grupos de congados, de folias de reis, dos reis dos cacetes, dos reis dos bois, de cavalhadas e o Grupo Teatral Chalitos, a Exposição de Arte e Cultura, a Feira do Bode e a Feira da Amizade. No calendário de eventos da cidade, destacam-se as festas, algumas religiosas e outras cívicas. Taiobeiras, assim como Grão Mogol e outros municípios da região, agrega a festas religiosas outras comemorações, como é o caso da Festa de Maio que une a Festa de Nossa Senhora de Fátima e outras comemorações não religiosas há mais de 50 anos (em 2013 acontece a 57ª edição). Também, com o objetivo de agregar à Festa de Maio o lado econômico, em 2005 foi criada a Feira Regional do Alto Rio Pardo (FERARP) onde há a exposição de produtos regionais e atração de outras empresas e público do Norte de Minas durante a Festa (TAIOBEIRAS, 2013). A cidade ainda realiza a Festa do Pequi, tradicional fruto da região, tendo a sua 20ª edição em 2013 (TAIOBEIRAS, [2013?]). A maioria dos atrativos dos municípios da região está inserida na categoria "Manifestações Culturais", demonstrando a riqueza e a diversidade da cultura regional, seja no artesanato, nas festas e comemorações tradicionais e folclóricas, populares e/ou cívicas, na música e dança ou na gastronomia típica. Vale destacar aqui a gastronomia da região. De acordo com Melo (2010), muitos dos ingredientes utilizados na atual culinária mineira são decorrentes da disposição dos solos, clima, tipo de vegetação e demais condições favoráveis à sua existência e apropriação. O norte de Minas, mais marcado pelo cerrado, utiliza os frutos nativos desse tipo de vegetação na composição dos pratos da região, como o araticum, jatobá, umbu e pequi, além dos peixes do São Francisco e do gado criado 101 nas fazendas da região. A autora sugere uma viagem para vivenciar os hábitos alimentares do povo e apresentar suas narrativas. Porém, deve-se ressaltar que a maioria das manifestações culturais ainda não possui cunho turístico, não sendo capazes de atrair, por si só, fluxos expressivos de turistas. Faz-se necessário, portanto, inseri-las em roteiros turísticos já comercializados ou em vias de serem criados, para que se possa valorizar e divulgar esta cultura. No meio natural, destacam-se o Complexo de Grutas da Fazenda Lapa Grande (Montes Claros), o Parque Estadual de Grão-Mogol, as grutas de Coração de Jesus, o rio Gorutuba (Janaúba) e o rio Itacambiruçu (Grão-Mogol), onde estão localizados vários atrativos naturais de interesse turístico, com potencial para o desenvolvimento de atividades relacionadas ao ecoturismo, ao turismo de contemplação e à prática de esportes de aventura, como treking, rapel e escalada, atraindo um outro nicho de mercado e diversificando a atividade turística na região. Em relação aos acontecimentos programados e às realizações técnicas e científicas contemporâneas, a região possui um número ainda incipiente destes tipos de atrativos, merecendo destaque a Exposição Agropecuária de Montes Claros, a Exposição Agropecuária de Janaúba e a Feira Nacional da Indústria (FENICS), em Montes Claros, que atraem um grande fluxo de turistas para estas cidades.. Vale mencionar, que de acordo com o PDITS Caminhos do Norte nenhum atrativo se enquadrou na hierarquia I, ou seja, atrativo turístico de excepcional valor e grande significado para o mercado turístico internacional, capaz, por si só, de motivar importantes correntes de visitantes, atuais ou potenciais, tanto internacionais como nacionais. Os atrativos de hierarquia II, de maior valor turístico, indicam o turismo ecológico associado a manifestações culturais como a marca do turismo da região. Entretanto, o PDITS do São Francisco apontou o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu como o único atrativo que se enquadrou na hierarquia /. Desta forma, reforça a inclusão de Januária como município participante de um plano para o desenvolvimento turístico da região Norte de Minas, considerando dois grandes eixos de desenvolvimento: Montes Claros irradiando para Janaúba, Januária, Grão Mogol e adjacências e o outro conformado por Salinas, Taiobeiras e vizinhança. Os atrativos turísticos acima estão listados no Quadro 3. 102 Quadro 3 - Atrativos turísticos dos municípios do Norte de Minas MUNICÍPIO ATRATIVO Praia do Vau Parque Estadual de Grão Mogol Cachoeiras Véu das Noivas, da Fumaça, Maria das Neves, Mirante Trilhas da Tropa e do Barão Grão Mogol* Centro Histórico de Grão Mogol e outros edifícios históricos Sítios Arqueológicos Igrejas Matriz de Santo Antônio e Nossa Senhora do Rosário Presépio Mãos de Deus (maior presépio ao ar livre do mundo) Festas do Divino Espírito Santo, do Padroeiro Santo Antônio e Nossa Senhora Santana Feira Livre Presépio Mãos de Deus Janaúba* Cachoeira Véu das Noivas Cachoeira do Barreiro da Raiz Barragem/ balneário Bico da Pedra Praia do Copo Sujo Festa do São João Gorutubano Exposição Agropecuária de Janaúba Mercado Municipal Parque Nacional Veredas do Peruaçu / Área de Proteção Ambiental Cavernas do Peruaçu Januária Parque Nacional Veredas do Peruaçu Gruta do Janelão e dos Caboclos Capela de Nossa Senhora do Rosário Praias no Rio São Francisco Casa Memória do Vale São Francisco Praia de Januária, nas margens do Rio São Francisco 103 Padre Carvalho* Porteirinha Festa Nacional da Mandioca (final de junho/ início de julho) Córrego Macuco e Rio Vacarias Mercado municipal Serra do Caíque Cachoeira do Serrado Parque Estadual Serra Nova Igreja de São José de Gorutuba (construída no século XVIII, em estilo colonial, por escravos) Feira Livre Riacho dos Machados Rio Pardo de Minas Salinas Parque Estadual Serra Nova Parque Estadual Serra Nova Cachoeira Sete Quedas Museu da Cachaça Festival Mundial da Cachaça (julho - 15mil visitantes) Mercado Municipal Museu da Cachaça – Salinas Serra do Talhado – Serranópolis de Minas Serranópolis de Minas* Festa de Santa Cruz (maio) Festa de Nossa Senhora da Conceição Parque Estadual Serra Nova 104 Serra do Talhado Festa do Pequi (março) Festa de Maio e Feira Regional do Alto Rio Pardo (em 2013 houve as 57ª e 9ª edições, respectivamente) Taiobeiras Mercado Municipal Fonte: Inventários de oferta turística, quando existente, site das prefeituras, <http://www.minasgerais.com.br/> e <http://ecoviagem.uol.com.br/brasil/minas-gerais>, acesso em 06/05/2013. (*) Municípios com inventário de oferta turística 2.3.4.3 Oferta Turística A atividade turística é formada por uma série de setores econômicos que apoiam o turista desde a compra da passagem ou pacote turístico (agências de viagem), seu deslocamento (o transporte) e o período da visita (hotéis, restaurantes, atrativos). Por exemplo, para atrair um fluxo razoável de turistas em Grão Mogol não basta a simples existência de uma bela cachoeira. É necessário que haja meios de hospedagem, restaurantes, agências de viagem, transporte (aluguel de carros, ônibus turísticos, taxi), atrativos complementares, entre outros que possibilitarão a visita e o desfrute da viagem . O conjunto dos serviços existentes conformam a oferta turística. A seguir será apresentado o levantamento dos estabelecimentos disponibilizados ao turista na região, por tipo de estabelecimento, por município, para o período de 2002 a 2011. A análise do comportamento da oferta turística neste período permitirá conhecer a evolução dos setores que apoiam o turismo nos últimos dez anos e tecer comentários pertinentes para a compreensão do desenvolvimento regional desta atividade. A fonte de dados escolhida refere-se a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que divulga informações relativas aos estabelecimentos e empregos legalmente constituídos no país(emprego formal). Para caracterizar a oferta turística partiu-se da analise da quantidade de estabelecimentos cujas atividades podem ser voltadas ao turismo, por município contemplado na região Norte de Minas, conforme apresentado na introdução. Uma das vantagens do uso da RAIS é que ela indica o código da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) dos estabelecimentos, o que permite a separação das atividades que podem ser relacionadas ao turismo das outras. Assim, com base nas informações contidas na publicação do IBGE (2008) sobre economia do turismo, considerando a estrutura de classificação das atividades 105 e o nível de agregação disponível13, foram selecionadas as classes de atividades caracterizadoras do turismo segundo os códigos CNAE 95 e 2.014, como resumido nos Quadros 4 e 5. 13 14 As atividades econômicas, na classificação CNAE 2.0, são dividas em 21 classes, 87 divisões, 285 grupos e 673 classes e 1301 subclasses. Sendo que as subclasses não foram disponibilizadas. As atividades passaram a ser classificadas pela CNAE 2.0 a partir de 2006. De 2002 a 2005 optouse por utilizar a classificação da CNAE 95. 106 Quadro 4 – Atividades Caracterizadoras do Turismo segundo a CNAE 95 Atividades Caracterizadoras do Turismo Código das Classes CNAE 95 Nome das classes CNAE 95 63.30-4 Atividades de agências de viagens e organizadoras de viagens Alimentação 55.21-2 +55.22-0 +55.29-8 Restaurantes e outros estabelecimentos de bebidas com serviço + Lanchonetes e similares + Outros serviços de alimentação Aluguel de automóveis Atividades culturais 71.10-2 92.13-4 +92.31-2 +92.32-0 +92.39-8 +92.51-7 +92.52-5 Aluguel de automóveis Projeção de filmes e vídeos + Atividades de teatro, música e outras atividades artísticas e literatura + Gestão de salas de espetáculo + Outras atividades de espetáculo, não especificadas anteriormente + Atividades de biblioteca e arquivos + Atividades de museus e conservação do patrimônio histórico Atividades Esportivas e Recreativas 92.61-4 +92.62-2 +92.53-3 Atividades desportivas + outras relacionadas ao lazer + Atividades de jardins botânicos, zoológicos, parques nacionais Hospedagem 55.13-1 +55.19-0 Estabelecimentos hoteleiros + outros tipos de alojamento Transporte rodoviário 60.24-0 +60.25-0 +63.21-5 Transporte rodoviário de passageiros, regular, não urbano + Transporte rodoviário de passageiros, não urbano + Atividades auxiliares dos transportes terrestres Agências e Operadores Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2008. 107 Quadro 5 – Atividades Caracterizadoras do Turismo segundo a CNAE 2.0 Atividades Caracterizadoras do Turismo Código das classes CNAE 2.0 Nome das Clases CNAE 2.0 Agências e Operadores 79.11-2 +79.12-1 +79.90-2 Agências de viagens + operadores turísticos + serviços de reservas e outros serviços de turismo não especificados anteriormente. Alimentação 56.11-2 +56.12-1 Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas + Serviços ambulantes de alimentação Aluguel de automóveis 77.11-0 Locução de automóveis sem condutor Atividades culturais 90.01-9 +90.02-7 +90.03-5 +91.01-5 +91.02-3 Artes cênicas, espetáculos a atividades complementares + criação artística + gestão de espaços para artes cênicas, espetáculos e outras atividades artísticas + atividades de biblioteca e arquivos + atividades de museus e de exploração, restauração artística e conservação de lugares e prédios históricos e atrações similares Atividades Esportivas e Recreativas 93.11-5 +93.12-3 +93.13-1 +93.19-1 +93.21-2 +93.29-8 +91.03-1 Gestão de instalação de esportes + clubes sociais, esportivos e similares + atividades de condicionamento físico + atividades esportivas não especificadas anteriormente + parques de diversão e parques temáticos + atividades de recreação e lazer não especificadas anteriormente + atividades de jardins botânicos, zoológicos, parques nacionais, reservas ecológicas e áreas de proteção ambiental Hospedagem 55.10-8 +55.90-6 Hotéis e Similares+Outros tipos de alojamento não especificados anteriormente 49.21-3 +49.22-1 +49.23-0 +49.29-9 +52.21-4 +52.22-2 +52.23-1 +52.29-0 +52.40-1 Transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, municipal e em região metropolitana + Transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, intermunicipal, interestadual e internacional + transporte rodoviário de táxi + Transporte rodoviário coletivo de passageiros, sob regime de fretamento e outros transportes rodoviários não especificados anteriormente+Concessionárias de rodovias, pontes, túneis e serviços relacionados + terminais rodoviários e ferroviários + estacionamento de veículos + atividades auxiliares dos transportes terrestres não especificados anteriormente. Transporte rodoviário Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2008. 108 2.3.4.4 Evolução do número de estabelecimentos na região Na região do Norte de Minas nota-se, nos primeiros anos, uma tendência de aumento da quantidade de estabelecimentos das atividades caracterizadoras do turismo (GRÁFICO 10). Mas, nos últimos anos da amostra essa taxa foi menor. O setor que cresceu mais foi o de alimentação, que contém a maior quantidade de estabelecimentos dentre todas as atividades consideradas. Atividades culturais também merece destaque, pois apresenta um incremento nos anos mais recentes. No caso dos estabelecimentos de alimentação vale ressaltar que sua existência não está relacionada exclusivamente com a atividade turística, mas também atende a população local e outras atividades econômicas, não necessariamente ligadas ao turismo. Esta é uma das dificuldades da medição da atividade turística. Ainda assim, a existência desse tipo de estabelecimentos permite que a atividade turística se fortaleça. Gráfico 10 – Número de estabelecimentos por atividade e ano Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de ANUÁRIO RAIS 2002- 2011, 1985- RAIS/MTE. Evolução por município. Ao analisar a quantidade de estabelecimentos por município, selecionaram-se os anos de 2002, 2006 e 2011 para comparação (GRÁFICOS 11, 12 e 13). Verificou-se que os municípios de Janaúba, Januária, Salinas e Taiobeiras são os que apresentam maior quantidade de estabelecimentos durante todo o período analisado. Salinas é o município que mais se destaca e, 109 como observado para toda a região, os setores com maior crescimento foram os de alimentação, seguido pelo transporte rodoviário. No caso do setor hoteleiro, entre os municípios contemplados no estudo, notou-se que no período de 2006 a 2011 a quantidade de municípios na região com pelo menos um estabelecimento hoteleiro aumentou. Merece destaque novamente o município de Salinas que, no período analisado, dobra o número de estabelecimentos hoteleiros. Um fator preocupante para o turismo na região é que em Grão Mogol, uma cidade com razoável quantidade de atrativos turísticos e acervo histórico considerável, apresenta apenas um estabelecimento hoteleiro cadastrado em 2011, o que parece indicar pouco aproveitamento do potencial da cidade. Vale ressaltar ainda que agências e operadores de viagem aparecem em 2006 nos municípios de Janaúba, Januária e Salinas, e em 2011 também em Porteirinha. Um bom indicador da demanda por atividades turísticas locais e a necessidade de apoio para o ecoturismo. Gráfico 11 – Estabelecimentos por município e atividade (2002) Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de ANUÁRIO RAIS 2002, 1985- MTE/RAIS. Gráfico 12 – Estabelecimentos por município e atividade (2006) 110 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de ANUÁRIO RAIS 2006, 1985-RAIS/MTE. Gráfico 13 - Estabelecimentos por município e atividade (2011) Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de ANUÁRIO RAIS 2006, 1985-RAIS/MTE. 111 2.3.4.5 Demanda turística Tanto no PDITS Caminhos do Norte como no PDITS do São Francisco, é ressaltada a precariedade da infraestrutura e serviços15 dos atrativos inventariados, resumindo-se, na maioria das vezes, a sanitários, barraquinhas, iluminação, bares e restaurantes e, em alguns casos, acesso para deficientes, segurança e sinalização, o que indica que a maioria dos atrativos não está bem preparada para receber os turistas. Uma estimativa da demanda para a região realizada pelo Plano de Turismo para a região Norte de Minas, no ano de 2002, alcançava uma quantidade de 360.924 visitantes, com uma perspectiva de crescimento de 2% ao ano até 2020 (considerada conservadora). A projeção assentava-se na taxa observada do fluxo de turistas no Brasil em períodos anteriores, sem incremento de investimentos e nenhuma divulgação. O cenário otimista utilizou uma taxa de crescimento de 11,2% ao ano, considerando a realização dos investimentos previstos no Plano, maior divulgação e comercialização de produtos. Esta taxa foi observada no período de 1998 a 2001 para o estado de Minas Gerais (12,03% a.a) e para o estado da Bahia (13,24%a.a), contempladas com investimentos turísticos. Adotando o cenário conservador, pode-se prever que a demanda para a região Norte de Minas alcançaria, no ano de 2013, 447.000 visitantes (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2005a). O cenário otimista previa 537.000 turistas. Como as ações do Plano não foram concretizadas torna-se mais factível o cenário conservador16. De acordo com o estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) para o turismo doméstico no Brasil, para o ano de 2010/2011, o turismo em Minas Gerais caracteriza-se como intensamente realizado pelos próprios residentes do Estado (40%), seguido pelos paulistas (24,2%), cariocas (14,8%) e numa escala inferior dos goianos (4,2%), capixabas (3,5%) e outros. Entretanto, quando se analisa a receita gerada, os paulistas estão em primeiro lugar com 27,2%, seguida pelos mineiros com 25,4% e cariocas (15,4%) (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2012). 15 No caso do PDITS Caminhos do Norte apenas 24,6% dos atrativos inventariados e no caso do São Francisco, apenas 21%. 16 Vale mencionar que o PDITS Caminhos do Norte contemplam outros municípios do Norte de Minas como Montes Claros, Bocaiúva, Coração de Jesus, Francisco Sá e Montezuma. 112 O estudo de demanda para a região Norte de Minas, conduzido pela Secretaria Estadual de Turismo (MINAS GERAIS, [2011?]) realizou 390 entrevistas nos municípios de Montes Claros e Pirapora, no ano de 2011 (GRÁFICO 14). Os resultados reforçam o resultado obtido pela UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2012, revelando uma maior participação ainda dos turistas originários do próprio estado de Minas Gerais, com uma participação de 77%, seguido do estado de São Paulo, com 7,2%, Distrito Federal com 3,3% e Bahia com 2,8%, seguido pelo Rio de Janeiro, com 1,8%. Ao analisar por cidade, verifica-se o amplo deslocamento de viajantes da capital do estado-Belo Horizonte, com 17,2%, São Paulo, com 4,9%, igual participação obtida para municípios da região como Bocaiúva e Janaúba, Brasília com 3,3%, seguida por Januária com 2,6% e Montes Claros com 2,3%. O principal motivo de viagem é a visita a amigos e parentes (36,9%), lazer e passeios (25,4%), negócios (20,4%), saúde (7,2%) e outros menos significantes, conforme apresenta o gráfico abaixo. Importante observar que dentro do motivo lazer, a principal motivação refere-se em primeiro lugar ao ecoturismo (49,2%), seguido de eventos (23,8%), diversão noturna (11,1%), turismo cultural (4,8%), pesca náutica (3,2%) e outros. 113 Gráfico 14 – Principal Motivo da Viagem (%) Fonte: MINAS GERAIS, [2011]. Gráfico 15 – Se a motivação foi a lazer, qual o principal atrativo (%) Fonte: MINAS GERAIS, [2011]. O principal meio de transporte para chegar na cidade é o ônibus rodoviário, representando 33%, seguido pelo carro próprio com 26%, ônibus de excursão com 22%, seguido de longe pelo taxi (7,3%) e outros de menor relevância. A forma de organização da viagem, como monstra o gráfico abaixo, revela que 90,1% dos turistas não tem se utilizado de serviços de agências para organizar suas viagens; 3,8% é organizada pela empresa onde trabalha, 3,4% por agencia de viagens; 1,4% pela igreja e outros 1,4% por outros meios. 114 Gráfico 16 – Forma de organização da Viagem (%) Fonte: MINAS GERAIS, [2011]. O nível de ensino preponderante do visitante é o médio, com 40,2%, seguido do ensino superior com 23,0%, sendo a renda média familiar mais frequente (com 27,2% dos casos), o valor compreendido entre R$1.021,00 a R$ 2.040 mensais. O turista permanece em média 5 dias na região, gasta entre R$68 a R$100 por dia e pelo total da viagem entre R$ 360 a R$ 540,00 aproximadamente, a preços de 2011. Do total de entrevistados, 64,3% dormiu ou pretendeu dormir na cidade, sendo que destes a grande maioria fica em casa de amigos ou parentes (61,4%), ficando hotéis e pousadas em segundo lugar (25,8%), casa própria ou alugada (7,6%), sendo as demais opções pouco representativas (menos de 1%). Gráfico 17 – Local de pernoite (%) Fonte: MINAS GERAIS, [2011]. A região fica distante da capital e de outros centros econômicos, como São Paulo e Rio de Janeiro, e por possuírem condições de precária acessibilidade, faz-se 115 necessário investir em melhorias nas vias de acesso a região e nas estradas que ligam os municípios que o integram. 2.3.4.6 Demanda potencial Além do potencial supra referido para o desenvolvimento do turismo histórico, do turismo cultural e do ecoturismo, existe na região um potenciai expressivo para a prática do turismo de negócios, principalmente em Montes Claros e Janaúba, a primeira por ser o centro urbano que suporta a atividade turística atualmente e Janaúba como reflexo do polo de irrigação do Jaíba com feiras agropecuárias e de equipamentos para irrigação e derivados. Outro segmento com potencial para ser desenvolvido é o turismo científico, haja vista a existência de inúmeros bens espeleológicos, arqueológicos e paleontológicos - e ainda por possuir ecossistemas extremamente frágeis, onde podem ser encontradas plantas inusitadas, e algumas espécies endêmicas de cactos e semprevivas. O agroturismo e o turismo rural também se configuram como atividades complementar, uma vez que nos municípios da região são fabricados vários produtos agrícolas que são comercializados em feiras locais, distribuídas nos vários municípios, que poderiam integrar roteiros em que o turista pudesse conhecer as etapas do processo de fabricação de produtos, como queijo, rapadura, requeijão moreno, quitandas, doces e cachaça, ou saboreá-los em um “circuito das feiras”, de acordo com a proposta da representante de Taiobeiras na reunião de representantes do Norte de Minas no Salão do Turismo, em março do presente ano. 2.3.4.7 Economia do turismo Para a análise de emprego e renda nas atividades características do turismo no período 2002-2011 decidiu-se comparar as informações obtidas com outros setores econômicos que também ocupam a mão-de-obra regional. Assim, confrontou-se o emprego formal em atividades turísticas com o mesmo na agricultura, extração mineral e fabricação de produtos alimentares e bebida, que foram definidos pelos códigos CNAE 95 e 2.0, como mostrado no quadro 6. 116 Quadro 6 – Definição dos grupos de comparação com as atividades caracterizadoras do turismo Setor de Atividade Econômica Agricultura Extrativa Mineral Fabricação de Produtos Alimentares e Bebidas Divisão CNAE 95 Divisão CNAE 2.0 01, 02, 05 10, 11, 13, 14 01, 02, 03 5, 6, 7, 8, 9 15 10, 11 Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE ACIDENTES DO TRABALHO 2007, c2009. Ainda, para reduzir a quantidade de atividades analisadas foi decidido agrupar as “atividades culturais” com as “atividades de esporte e lazer” sob o título de “entretenimento”. Emprego por setor. Ao analisar a quantidade de empregados por setor nota-se que no Norte de Minas a agricultura é a atividade dominante, com um razoável crescimento da quantidade de emprego formal no período analisado. A quantidade de empregos no setor de extração mineral foi baixa e estável. Entretanto, a fabricação de alimentos e bebida apresentou um crescimento seguido de um decrescimento de empregos no período considerado, fator que será investigado posteriormente. Em relação às atividades características do turismo, a quantidade de empregos nos setores de agências e operadoras é pequena (GRÁFICO 18). Nos setores de entretenimento e hospedagem a quantidade de empregados também é pequena, porém maior que no item anterior. E no setor de alimentação e transporte a quantidade de empregados aumentou, como esperado após a análise da quantidade de estabelecimentos. Mas nenhum destes setores ultrapassa em quantidade de empregos a agricultura ou a fabricação de alimentos e bebida. 117 Gráfico 18 – Quantidade de empregados por setor e ano Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de ANUÁRIO RAIS 2002- 2011, 1985- Renda. Se a quantidade de empregados por setor varia muito, esse não é o caso da remuneração, que é baixa e próxima ao salário mínimo vigente em todos os casos analisados à exceção da atividade extrativa mineral que apresenta médias salariais altas e crescentes, principalmente nos últimos 4 anos. Se faz interessante notar ainda que a fabricação de produtos alimentares e bebidas apresenta uma média salarial um pouco maior que das outras atividades consideradas, o que indica o uso de uma mão de obra mais qualificada, talvez devido a presença da produção da cachaça na região (embora a de Salinas seja a mais famosa). 118 Gráfico 19 – Salário médio mensal por ano e setor (2002-2011) Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de ANUÁRIO RAIS 2002- 2011, 1985- Gênero. Uma vez que o objetivo deste trabalho é verificar o impacto da mineração nos municípios em estudo e a possibilidade do turismo como alternativa de mitigação dos impactos da atividade mineradora na região se faz importante verificar a concorrência que esses dois setores tem em relação à mão-de-obra. É sabido que a mineração, pela natureza de sua atividade, emprega principalmente a mão-deobra masculina. Então, se o turismo emprega uma proporção maior de mulheres, as duas atividades podem coexistir no que tange a demanda por mão-de-obra, o que não acontece com a agricultura, que também emprega uma alta proporção de homens. Como pode ser verificado nos dados do Gráfico 20, a proporção de mulheres na força de trabalho é maior ou próxima a 50% nas atividades de alimentação e hospedagem. Nas atividades de agencias e operadores de turismo e entretenimento, em alguns anos a proporção de mulheres foi maior que a de homens, o que indica que nesses setores homens e mulheres são substitutos próximos em termos de mão-de-obra. 119 Gráfico 20 – Proporção de mulheres na força de trabalho (2002-2011) Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de ANUÁRIO RAIS 2002- 2011, 1985- Desta forma, o turismo como atividade complementar a mineração tende a reforçar a renda familiar, com a inclusão de mão de obra feminina nesta atividade na região, desde que se preserve os recursos naturais, culturais e históricos para o desenvolvimento turístico na região. Unidade de conservação. Na região em estudo foram implantadas as seguintes unidades de conservação, conforme apresentado no quadro abaixo, com as respectivas áreas protegidas. Quadro 7 – Unidades de Conservação Unidade de Conservação Área (ha) Parque Estadual de Grão Mogol (Grão Mogol) 28.404 Parque Estadual de Serra Nova (Rio Pardo de Minas, Serranópolis de Minas, Riacho dos Machados, Mato Verde e Porteirinha) 49.890 Parque Estadual da Lapa Grande (Montes Claros) 7.000 Parque Estadual Veredas do Peruaçu (Januária) 30.702 Fonte: INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS (MG), [200-?]. 120 O Parque Estadual de Grão Mogol está inserido, em sua maior extensão, na Serra Geral, que é conhecida por Serra da Bocaina. O relevo é predominantemente montanhoso. O parque está situado na bacia hidrográfica do Rio Jequitinhonha, e os rios que cortam toda a área do parque, são perenes, mesmo estando em uma região extremamente seca. O Parque Estadual de Serra Nova está localizado nos municípios de Rio Pardo de Minas, Serranópolis de Minas, Riacho dos Machados, Mato Verde e Porteirinha e abriga paisagens muito variadas apresentando os três biomas existentes em Minas: Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga. A unidade de conservação é marcada pela existência de várias nascentes, localizadas nas Serras Nova e Talhado, fundamentais para o abastecimento da população local. O Parque Estadual da Lapa Grande tem área de sete mil hectares e está inserido na região de ocorrência de Cerrado. Localiza-se na antiga Fazenda Lapa Grande, que abriga extenso patrimônio natural e arqueológico, formado por cerca de 35 grutas, com destaque para a Lapa Grande, que dá nome ao parque. A região abriga os principais mananciais de fornecimento de água para a comunidade de Montes Claros e dos municípios vizinhos. A área do Parque Estadual Veredas do Peruaçu abriga um complexo de veredas e lagoas. Destaque para a vereda do Peruaçu, que dá origem ao nome da unidade de conservação (significa 'gruta grande'), com seus 37 quilômetros de comprimento decorados por palmeiras e buritis de até 20 metros de altura. A unidade de conservação abriga ainda seis lagoas. A vegetação do Parque é a Caatinga, o Cerrado e as florestas, geralmente matas ciliares responsáveis pela conservação do curso das águas do Rio Peruaçu. As belezas naturais do parque foram esculpidas pelas águas e podem ser apreciadas nas rochas calarias, que formam uma zona cárstica de grutas e cavernas sendo difícil listar a mais importante, em função da variedade e riqueza pontual de cada uma. O Parque Estadual Veredas do Peruaçu não se encontra aberto para visitação. 2.3.4.8 Limitações ao desenvolvimento turístico Os dois planos diretores para o desenvolvimento turístico regional consultados verificaram a preponderância de baixa capacidade institucional dos municípios quanto a: 121 a) fragilidade nas ações de planejamento, execução, controle e avaliação de planos, programas e projetos; b) fraca atuação quanto à aplicação de mecanismos de controle e fiscalização, notadamente nas áreas financeira e de vigilância sanitária; c) baixa participação no controle urbanístico, na preservação ambiental e no desenvolvimento social econômico; d) fragilidade na política de desenvolvimento institucional das Prefeituras, principalmente com relação às políticas de pessoal. Quando se trata de obras públicas de execução local, do desenvolvimento social com ações voltadas a saúde, educação, esporte e lazer, onde há maior integração de ações, verificou-se uma melhor institucionalidade, denominada de média capacidade institucional que atende a: a) ações parcialmente integradas, buscando apoios e parcerias para as políticas públicas; b) existência de interação e integração com a sociedade local, os cidadãos e as esferas de governo; c) articulação com os municípios vizinhos e busca parcial de soluções para problemas comuns; d) ações parcialmente integradas para o processo de institucionalização da Prefeitura; e) razoável planejamento, execução, controle e avaliação das políticas públicas. Exceção para o município de Montes Claros, que devido ao tamanho e estrutura de gestão, possui melhor capacidade institucional. Dos municípios contemplados no presente Plano Estratégico, possuem Plano Diretor Municipal: Taiobeiras, Salinas, Januária e Janaúba. Vale comentar que embora o tema turismo esteja inserido em todos eles, se apresenta com mais ênfase nos planos diretores de Salinas e Januária. Nesse sentido, pode-se verificar o comprometimento do desenvolvimento institucional mais abrangente em relação à fragilidade da própria prática da Lei Orgânica do Município quanto ao planejamento do desenvolvimento local e de seu território. 122 Salgado (2007) apresenta algumas limitações, que o autor denomina de entraves, para o desenvolvimento turístico da região Norte de Minas adotando como objeto de análise os subsistemas: social, cultural e econômico. Quadro 8 – Limitações ao Desenvolvimento Turístico Regional Subsistemas Social Cultural Econômico Baixa consciencia política do turismoMá distribuição agenda cultural Poucos recursos financeiros Ausencia de RH (capacitados) Desorganização do setor Crença nas atividades agrárias Pouco envolvimento da sociedade Falta de políticas públicas Falta de linhas de crédito Receptivo inexistente ou deficiente Desvalorização do "local" Renda familiar baixa Baixa qualidade de vida Processo de "aculturação" Tributação onerosa Poucas peq.e médias empresas Baixo compromisso com o MunicipalArtesanato desvalorizado Políticas Públicas deficientes Manifestações não identificadas Marketing insuficiente Fonte: SALGADO, 2009, p. 44 - 146. Em reunião realizada com alguns representantes municipais, durante o Salão do Turismo, em Belo Horizonte, no dia 15 de março de 2013, foram mencionados alguns fatores que debilitam o turismo na região. Merecem destaques os seguintes pontos: a) mão de obra sem qualificação; b) falta de consciência do potencial turístico da região; c) baixa renda da população local; d) falta de inventário turístico em alguns municípios; e) conselho de turismo, quando existe, é inoperante; f) falta de interesse do setor privado local; g) falta de tombamento, a nível estadual e federal, de edificações/centro histórico; h) condições precárias do acesso viário entre os municípios da região e entre a capital Belo Horizonte e o centro urbano regional, Montes Claros. Os planos de turismo avaliados – PDITS ressaltam ainda a precariedade do sistema de saneamento básico da região, com deficiência no sistema de abastecimento de água e necessidade de implantação de redes de coleta de esgoto e estações de tratamento dos efluentes. 123 2.3.3.9 Planos, programas e ações desenvolvidas para o fortalecimento do turismo regional A região Norte de Minas a partir de seus recursos e atrativos turísticos e ciente de suas limitações vem desenvolvendo ações para desenvolvimento do turismo. No ano de 2005 foram elaborados os Planos de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS) Caminhos do Norte e Vale Mineiro do São Francisco, dentro do Programa de Desenvolvimento do Turismo (PRODETUR), parceria do governo do estado de Minas Gerais com o Ministério do Turismo. Tais planos contém um vasto diagnóstico do turismo na região, apresentando ainda uma série de projetos com vistas a fortalecer a atividade turística. Devido à falta de recursos financeiros as ações do Plano não foram ainda concretizadas e os documentos elaborados continuam sendo referência para o desenvolvimento do turismo regional. Diversas ações foram realizadas, nos últimos anos, visando diagnosticar os recursos turísticos regionais, divulgar a região, desenvolver o turismo solidário, buscar novas alternativas econômicas para os municípios e capacitar recursos humanos para o turismo. Vale destacar: o projeto Proturismo; o Movimento Catrumano e as Expedições pelas região; o Programa Turismo Solidário e o Encontro de Integração e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável do Médio São Francisco. O Projeto Proturismo, criado pelo Instituto Grande Sertão (IGS), em 1999, constituiu-se em uma experiência pioneira na região norte-mineira com o objetivo de encontrar uma alternativa econômica, envolvendo as comunidades em todo o processo, utilizando como referência os fundamentos do turismo de base comunitária. As ações se iniciaram no ando de 2000, com o levantamento do potencial turístico dos municípios de Grão Mogol, Botumirim, Cristália, Itacambira e Brasília de Minas (SALGADO, 2009, p.152). Em Grão Mogol, o projeto realizou a topografias de trilhas, ruínas, caminhos, exploração de ambientes desconhecidos, mapeamento, exploração de córregos, sítios arqueológicos, levantamento socioeconômico, levantamento cultural, levantamento de infraestrutura urbana, execução em escala da planta da Igreja Matriz de Santo Antônio e da Igreja do Rosário e o levantamento dos elementos de descaracterização e estado de conservação das igrejas (SALGADO, 2009, p.155). 124 O projeto foi interrompido em 2003 por falta de financiamento e questões burocráticas e dez anos depois retomou suas atividades aproveitando a comemoração dos 50 anos da emancipação política de Botumirim, organizando uma expedição off road pela região17. Uma das características principais do projeto Proturismo é a proposta de se “trabalhar o desenvolvimento do turismo de base local a partir de micro redes ou microcircuitos que priorizem em suas formatações relações culturais e geográficas” (SALGADO, 2007, p. 159). Para tal, propostas de regionalização do Turismo no Norte de Minas foram elaboradas pelo Instituto. O movimento Catrumano, criado em 2005, tem como objetivo o resgate histórico do Norte de Minas como região do "Primeiro núcleo de povoação do estado", título a ser conferido ao município de Matias Cardoso, sendo o responsável pela criação do "Dia dos Gerais'. Esta designação é um desdobramento de estudos históricos recentemente revistos e sistematizados pela tese do antropólogo Dr. João Batista de Almeida Costa, que foi encampado pela Fundação Cultural Genival Tourinho e pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Pretende-se envolver as prefeituras e órgãos do governo do Estado e as entidades relacionadas com o desenvolvimento e a cultura regionais18. Diversas expedições tem vasculhado a região com o objetivo de difundir os patrimônios cultural, ambiental e histórico da região. Dentre estas vale mencionar as expedições Caminhos dos Gerais e Caminhos Antigos das Minas à Bahia, o primeiro apoiado pelo Instituto Estadual de Floresta – IEF e o último em parceria com o programa Monumenta do Ministério da Cultura19. O Programa Turismo Solidário é uma iniciativa do Governo de Minas, elaborado pela Secretaria de Estado Extraordinária (SEDVAN) e seus parceiros, para realizar a ordenação turística de localidades que possuem rico patrimônio natural e cultural, porém baixos índices de desenvolvimento humano. Diante do potencial turístico que as regiões do Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas possuem, o programa atua como mola propulsora do desenvolvimento sustentável na geração de trabalho e renda para as comunidades. A cidade de Grão Mogol, na 17 Ver:http://www.uainoticias.com.br/modules/news/article.php?storyid=2648. Acesso em 24 de abril de 2013. Disponível em: http://www.cultura.mg.gov.br/imprensa/banco-de-noticias/1348-movimento-catrumanopromove-resgate-historico-do-norte-de-minas 19 Ver: http://www.ief.mg.gov.br/noticias/1/474-semad-e-ief-apoiam-expedicao-caminhos-dos-gerais e também: http://www.monumenta.gov.br/site/?p=120. Acesso em 24 de abril de 2013. 18 125 região foco do presente estudo, está inserida como participante do Programa 20 e durante os anos de 2004 e 2005, 120 cidadãos foram capacitados para atuar na dinâmica turística (SALGADO, 2009, p.167). Finalmente o Encontro de Integração e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável do Médio São Francisco, realizado nos dias 11 e 12 de agosto de 2006, na cidade de Januária, se constituiu em uma oficina de trabalho do Componente Turismo Sustentável do Programa de Revitalização da Bacia do São Francisco (PNUD – Projeto BRA 00/022), coordenado pelo Programa Nacional de Ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O objetivo do encontro foi identificar ações/diretrizes para o desenvolvimento turístico regional e o fortalecimento das ações e projetos desenvolvidos regionalmente (SALGADO, 2007. p. 183). 2.3.4.10 Propostas preliminares Procurou-se demonstrar neste texto a diversidade de recursos regionais para o desenvolvimento turístico no Norte de Minas, a existência de alguns atrativos e de uma oferta turística que apoie o visitante. Entretanto, os documentos analisados enfatizam que a maioria das manifestações culturais ainda não possui cunho turístico, não sendo capazes de atrair, por si só, fluxos expressivos de turistas. Faz-se necessário, portanto, inseri-las em roteiros turísticos já comercializados ou em vias de serem criados, para que se possa valorizar e divulgar a cultura regional. Da mesma forma, os PDITS analisados consideram que os atrativos muitas vezes são desconhecidos e o mais famoso com potencial para atrair turistas internacionais, o Parque Estadual Veredas do Peruaçu, não está aberto para visitação pública. É necessário ainda sanar as deficiências dos atrativos em termos de acesso, infraestrutura e serviços, e divulgar os roteiros já existentes e consagrados pela demanda regional em agências de Minas Gerais e de outros estados do Brasil, assim como trabalhar novos roteiros, melhorar o sistema de receptivo e comercializar adequadamente os produtos e destinos. Ou seja, muito há que caminhar no sentido de estruturar a região em termos de infraestrutura turística, desenvolvimento e comercialização de produtos, 20 Ver: http://www.turismosolidario.com.br/novo/. Acesso em: 20 de abril de 2013. 126 fortalecimento institucional para a gestão e ações de preservação ambiental. Os projetos em cada uma destas áreas serão apresentados nos produtos a serem desenvolvidos a seguir (produtos 4 e 5). Entretanto, considerando uma expectativa de intensificação da atividade minerária na região, o que se pode perceber através do mapa a seguir, que mostra a interface dos projetos minerários com a hidrografia e rede viária e ferroviária regional, é a necessidade de proteger os recursos naturais, históricos e culturais que se reconhece como a matéria prima ou base do turismo regional. Dentre estes, pode-se citar o complexo histórico cultural de Grão Mogol, o patrimônio espeleológico do Peruaçu, o Pantanal Mineiro, as feiras de produtos locais, as festas e manifestações religiosas e o complexo da cachaça em Salinas. Ao mesmo tempo, pelo fato de a atividade minerária gerar renda e atrair um fluxo de visitantes dentro do contexto do turismo de negócios, poderá gerar também maior demanda pelos atrativos turísticos. Mapa 4 – Região Norte de Minas: projetos minerários Fonte: BARBIERI (Coord.), 2012, p. 54 2.3.5 Impactos no Meio Ambiente Regional A instalação de grandes empreendimentos minerários tem um potencial de geração de grandes impactos ambientais. Empreendimentos desse tipo, relacionados à extração mineral resultam em profundas transformações nas áreas 127 que se instalam, o que se reflete no meio biótico (fauna e flora), no meio físico (recursos hídricos, relevo, clima, solos, dentre outros) e no meio socioeconômico. Apesar do início da mineração em Minas Gerais remontar ao século XVII (SILVA, 1995), o Norte de Minas Gerais não possui um histórico de mineração, o que potencializa alguns impactos nessa região, em especial aqueles relacionados à aspectos sociais e econômicos. As concentrações de minério de ferro nessa área, entre 20 e 30% segundo as empresas, são baixas quando comparadas a grandes centros produtores de minério de ferro, tais como o Quadrilátero Ferrífero (MG) e Carajás (PA). O cenário econômico mundial, associado à alta demanda por minérios, em especial pelo ferro e a introdução de novas tecnologias tem ampliado as fronteiras da mineração do estado e viabilizado a implantação de projetos em áreas como o Norte de Minas Gerais. Dessa forma, várias empresas desenvolveram projetos para a mineração na área, o que não era previsto no início da década passada e atualmente encontram-se em diferentes estágios de planejamento e/ou implantação. Além de projetos para extração de beneficiamento de Minério de Ferro no Norte de Minas Gerais, desenvolvidos pelas empresas Sul Americana de Metais (SAM), MIBA e Vale, a Carpathian Gold busca desenvolver na região um projeto para a mineração de ouro. A empresa Sul Americana de Metais (SAM) busca desenvolver o “Projeto Vale do Rio Pardo” na região. Trata-se de um projeto que envolve uma mina de minério de ferro e um mineroduto que conectará a planta de beneficiamento ao Porto Sul, no município de Ilhéus (BA). A mina será instalada nos municípios de Grão Mogol e Padre Carvalho, enquanto o Mineroduto atravessará 21 municípios nos estados de Minas Gerais e Bahia. O Projeto Jiboia, da Mineração Minas Bahia (MIBA) consiste na retirada e beneficiamento do minério de ferro nas áreas de Bocainas e Vale das Cancelas (distritos de Grão Mogol) e transporte da produção, por via ferroviária, até terminal privativo da BAMIN, a ser construído dentro do Complexo Porto Sul, em Ilhéus. Já a Carpathian Gold é uma “junior company” canadense que busca desenvolver um projeto para a exploração de ouro no município de Riacho dos Machados. O projeto, de cerca de 160 milhões de dólares será desenvolvida em uma área onde funcionou até 1997 uma mina da vale, cujo direitos minerários 128 acabaram sendo vendidos para a Mineração Santa Helena, que por sua vez os revendeu a Carpathian Gold em 2008. A empresa tem passado por um complexo processo de licenciamento ambiental, que teve início em 2009. A atuação da empresa no município tem contribuído para a arrecadação municipal, cerca de R$450.000,00 de ISS e buscará contratar cerca 70% da mão de obra na região. O projeto da Vale por sua vez encontra-se em fase de estudo e não tem previsão para implantação. A empresa é detentora de diversos decretos de pesquisa mineral na região do norte de Minas Gerais, mas não tem desenvolvido estudos ambientais nem estimativas de produção como as demais empresas. Esse contexto associado a instalação de grande projetos minerários gera grande expectativa na população da região, bem como diversas dúvidas e anseios. Uma das primeiras faces desse impacto é a alteração dos preços das terras na região. Muitos dos proprietários não possuírem escritura de suas terras, vários dos quais instalados em áreas previstas para a implantação dos projetos precisam negociar com os empreendedores. Além disso, os preços das terras e dos imóveis na região sofrem profundas transformações. Outra consequência desse processo é a pressão sobre o setor de serviços das localidades próximas. As equipes que participam das etapas de estudo e planejamento dessas empresas utilizam serviços em cidades próximas, tais como hospedagem e alimentação. A expectativa de instalação desses empreendimentos e o consequente aumento da demanda associado a isso faz com que várias empresas locais alterem sua estrutura de funcionamento. Muitas dessas empresas são informais e apresentam limitações de produção e mão de obra e alteram a forma como trabalham na expectativa de atender as mineradoras. Cabe destacar que esse processo de transformação é profundo e que, muitas das vezes necessita de assessoria técnica e capacitação haja vista sua complexidade. A expectativa de instalação dessas empresas também altera a dinâmica produtiva na área. A população que até então trabalhava em áreas rurais ou no comércio local, em especial a mais jovem fica na expectativa de se empregar nessas empresas, o que precisa ser acompanhado por eles no intuído te minimizar tais impactos. A mineração, assim como qualquer atividade econômica gera impactos. Além dos impactos sociais e econômicos, as empresas gerar impactos sobre os meios 129 biótico e físico, que serão analisados tendo em vista os Estudos de Impactos Ambientais (EIA) desses projetos. Esses estudos, necessários para o Licenciamento Ambiental dos projetos devem apresentar todos os impactos associado às fases de planejamento, implantação e operação do empreendimento, bem como propor ações mitigadoras e compensatórias para os mesmos. A existência desses impactos gera uma série de dúvidas, questionamentos e resistências ao projeto na população. Através da análise de textos e reportagens veiculadas em meios de comunicação local e na internet, verifica-se a existência de vários movimentos e grupos de oposição a implantação desses projetos. Exemplo disso são denúncias apresentadas em reunião ocorrida na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no dia 22/04/2013 onde cerca de 100 pessoas, ligadas a movimentos sociais, que denunciam as violações e lutam por mais transparência nos processos de licenciamento dos empreendimentos. Dentre as diversas questões apresentadas, foram realizadas denúncias de que empresas estivessem tentando desmobilizar a população, bem como de conflitos fundiários na região, carência de oferta de cursos de capacitação e falta de divulgação dos projetos. Outro exemplo desses questionamentos ocorreu em audiência pública da empresa Carpathian Gold realizada em Janaúba no dia 25/04/2013. Verificou-se que a população de Janaúba possui receio de que os rejeitos da mineração sejam despejados em um reservatório próximo a ribeirão Curral Novo, afluente do rio Gorutuba, que desagua na barragem do Bico da Pedra, utilizada pela população para a irrigação na região. Apesar do receio da população, a empresa garante que o projeto de instalação prevê um controle rígido dos rejeitos gerados através da aplicação de tecnologias modernas que inviabilizam a ocorrência dessa contaminação. Cabe destacar também, a relação dos projetos de mineração com os Planos Diretores de Recursos Hídricos existentes na região. O Plano Diretor de Recursos Hídricos é um instrumento de gestão que busca promover a gestão ambiental efetiva das bacias hidrográficas, garantindo o equilíbrio entre oferta e demanda de águas conforme proposto na Política Nacional de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997). Para tanto, esses planos fazem um diagnóstico das questões ambientais, dos usos da água existentes na bacia, prognósticos e propõem um enquadramento dos principais cursos d’água. 130 Esse enquadramento da qualidade das águas proposto nos Planos Diretores de Recursos Hídricos é acompanhado de um conjunto de ações e medidas necessárias para alcançar o cenário desejado. Apesar disso, esses planos não contemplam os projetos mineradores propostos para a região, bem como os impactos associados a eles. Dessa forma, os cenários de enquadramento propostos serão justapostos aos impactos ambientais apresentados nos Estudos de Impacto Ambiental (EIA), bem como com aqueles identificados pelo presente projeto. As áreas de influência dos empreendimentos minerários estão associadas às seguintes bacias que possuem Planos Diretores de Recursos Hídricos conforme apresentado na Figura XX: Bacia do rio Jequitinhonha Bacia do rio Pardo Bacia do rio Verde Grande Buscar-se-á apresentar no próximo produto verificar a relação entre o enquadramento proposto por esses planos diretores com os impactos ambientais gerados pelas empresas mineradoras. 131 Mapa 5 – Planos Diretores de Recursos Hídricos: Norte de Minas Fonte: BARBIERI (Coord.), 2012 132 2.3.6 A Rede de Cidades Regional 2.3.6.1 Aspectos teórico-conceituais Partimos aqui do pressuposto de que as redes urbanas são conformadoras de regiões nodais ou polarizadas, entendidas enquanto uma parte da superfície terrestre que se distingue de alguma forma das áreas adjacentes em função das interconexões e relações funcionais entre os núcleos urbanos (GRIGG, 1973). Para Antes de proceder à análise concreta, se faz necessário tecer alguns comentários acerca do conceito de rede urbana e dos seus desdobramentos teóricos. Os estudos sobre redes urbanas tiveram como ponto de partida o trabalho de Walter Christaller acerca da “teoria dos lugares centrais” na Alemanha, originalmente publicada em 1933. Sua obra demonstrou o fato de que o tamanho e a localização das cidades obedeciam a uma organização definida pelo raio de ação no mercado de alguns bens de consumo, e que estabeleciam um processo de hierarquização entre os núcleos urbanos da região. A partir da década de 1960, a profusão de estudos sobre a rede urbana teve grande influência na Geografia Francesa, particularmente a obra de Michel Rochefort, que propôs a identificação das hierarquias urbanas pela análise da densidade das atividades terciárias. Segundo Corrêa (1997), a rede urbana [...] constitui-se no conjunto de centros urbanos funcionalmente articulados entre si. É, portanto, um tipo particular de rede na qual os vértices ou nós são diferentes núcleos de povoamento dotados de funções urbanas, e os caminhos ou ligações os diversos fluxos entre esses centros. A rede urbana é um produto social, historicamente constituído, que tem como papel articular a sociedade numa data porção do espaço através de interações sociais espacializadas. O autor distingue entre diversos tipos de redes urbanas de conforme sua complexidade genética, padrão espacial, complexidade funcional dos centros, e o grau de articulação interna e externa de cada centro. A difusão de meios de comunicação e de transporte mais eficientes complexificam as relações de integração interna e externa entre os núcleos, tornando-as mais intensas, generalizadas, e situadas em regiões não contíguas entre si. Além disso, em função da crescente complexidade funcional dos centros, a importância de um dado centro da rede urbana não pode ser derivada unicamente da sua posição hierárquica. Assim, com o aprofundamento da divisão territorial do trabalho, cada centro vai se situar, simultaneamente, em pelo menos duas redes: 133 uma constituída pelas localidades centrais distribuídas hierarquicamente, e outra, menos sistemática, na qual cada centro cumpre um papel especializado e/ou complementar a outros centros (CORRÊA, 1997). Para Corrêa (2004), estas diferenciações funcionais corresponderiam a dois mecanismos econômicos distintos: competição (gerador de hierarquias) e cooperação (gerador de complementaridades). As relações espaciais dos centros da rede urbana podem também ser entendidas a partir da espacialidade do ciclo de reprodução do capital, no qual cada núcleo urbano participa diferentemente nas diversas etapas deste ciclo. As noções de “horizontalidade” e “verticalidade” (SANTOS, 1996), expressam, respectivamente, relações espaciais ligadas ao local ou regional e relações associadas a grandes distâncias extra-regionais. Corrêa (2004) chama a atenção também para a estrutura dimensional das redes urbanas, que diz respeito ao tamanho dos centros que a compõem, e que revela assim o grau de concentração ou dispersão de população e atividades nestes centros. Nos estudos referentes à estrutura dimensional das redes urbanas, destacam-se aqueles relacionados à identificação de redes macrocefálicas. Essas redes seriam comandadas por cidades primazes, ou seja, cidades que são duas ou mais vezes maiores, em termos econômicos e/ou demográficos, do que aquelas imediatamente abaixo em tamanho. Elas se caracterizam, geralmente, pela ausência de centros intermediários. Assim, enquanto as redes macrocefálicas seriam típicas do processo de urbanização dos países do Terceiro Mundo, os países desenvolvidos apresentariam redes urbanas mais equilibradas. Ainda segundo Corrêa (2006), no conjunto de centros urbanos funcionalmente articulados, destaca-se um centro mais importante, de nível metropolitano nacional ou regional, que exerce um papel de controle econômico e político sobre sua hinterlândia, e que constitui o nível espacial e funcional mais significativo para entendimento da organização espacial. No nível imediatamente inferior, estão as capitais regionais, cuja relevância está ainda no grau de controle econômico e político exercido pelas suas elites sobre as suas respectivas hinterlândias. A estrutura espacial da rede urbana refere-se ao modo como os centros urbanos e os fluxos entre eles estão dispostos sobre um dado segmento da superfície terrestre. O autor propõem tipos-ideais de estruturas espaciais de redes urbanas: redes solar, dendrítica, christalleriana, axial, circular e com múltiplos circuitos. Segundo o Corrêa (2006), a forma espacial dendrítica corresponde às 134 redes mais simples, e são marcadas pela presença de uma cidade primaz localizada excentricamente à hinterlândia, e constituindo porta de entrada e saída para essa área. Nessa forma, há ausência de articulação entre núcleos de mesmo nível hierárquico. Já as redes mais complexas são caracterizadas pela existência, na hinterlândia de uma dada cidade regional importante, de diversos padrões locacionais de centros urbanos. Esses padrões locacionais diversos são o resultado de um longo e diverso processo histórico de criação e recriação de atividades produtivas em múltiplos pontos do território. Espacialmente, elas comportam articulações hierárquicas horizontais e verticais entre níveis. 2.3.6.2 Aspectos metodológicos: a REGIC 2007 As Regiões de Influência das Cidades (REGIC) 2007 (IBGE, 2008) tem como objetivo definir a rede urbana brasileira e as regiões de influência das cidades. A atualização das REGIC retomou a concepção utilizada nos primeiros estudos realizados no IBGE, que resultaram na divisão do Brasil em regiões funcionais urbanas, de 1972, ou seja, estabelece inicialmente uma classificação dos centros e, a seguir, delimita suas áreas de atuação. Na atual versão, publicada em 2008, foi privilegiada a função de gestão do território, sugerida por Corrêa (1995), entendida como aquela cidade onde se localizam os diversos órgãos do Estado e/ou as sedes de empresas cujas decisões afetam direta ou indiretamente um dado espaço que passa a ficar sob o controle da cidade. Esta definição de controle e poder sobre um dado espaço é mais ampla do que a de centralidade econômica. Os níveis de centralidade administrativa, jurídica e econômica foram estabelecidos com a utilização de informações secundárias e registros administrativos, tanto de órgãos estatais quanto de empresas privadas. Além disso, também foram realizados estudos complementares (também com base em dados secundários), enfocando diferentes equipamentos e serviços – atividades de comércio e serviços, atividade financeira, ensino superior, serviços de saúde, Internet, redes de televisão aberta, e transporte aéreo. Ao final, foram identificados, e hierarquizados, os núcleos de gestão do território. A intensidade das ligações entre as cidades permitiu estabelecer suas áreas de influência e a articulação das redes no território. Para investigar a articulação dos centros de gestão, foram considerados os eixos de gestão pública e de gestão empresarial, complementados pelos serviços de saúde. A vinculação entre os 135 centros, determinada por sua principal ligação, foi definida pelos seguintes critérios: o maior número de ligações de primeira e segunda ordem (somadas), o maior número de ligações de primeira ordem, e o maior número de ligações de qualquer ordem, e atribuindo-se maior peso às ligações de gestão. As áreas de influência dos centros de gestão do território (711 em todo o país) foram delineadas a partir da intensidade das ligações entre as cidades, com base em dados secundários e informações obtidas por questionário específico da pesquisa, e permitiram identificar 12 redes de primeiro nível. As cidades foram classificadas em cinco grandes níveis de hierarquia, descritos a seguir: a) metrópoles – são os 12 principais centros urbanos do País, que se caracterizam por seu grande porte e por fortes relacionamentos entre si, além de, em geral, possuírem extensa área de influência direta. O conjunto foi dividido em três subníveis, segundo a extensão territorial e a intensidade destas relações: Grande metrópole nacional – São Paulo, o maior conjunto urbano do país, com 19,5 milhões de habitantes, em 2007, e alocado no primeiro nível da gestão territorial; Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília, com população de 11,8 milhões e 3,2 milhões em 2007, respectivamente, também estão no primeiro nível da gestão territorial. Juntamente com São Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o País; e Metrópole – Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, com população variando de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte), constituem o segundo nível da gestão territorial. Manaus e Goiânia, embora estejam no terceiro nível da gestão territorial, têm porte e projeção nacional que lhes garantem a inclusão neste conjunto; b) capital regional – integram este nível 70 centros que, como as metrópoles, também se relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com capacidade de gestão no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande número de municípios; c) centro sub-regional – integram este nível 169 centros com atividades de gestão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da 136 gestão territorial; têm área de atuação mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua própria rede dão-se, em geral, apenas com as três metrópoles nacionais; d) centro de zona – nível formado por 556 cidades de menor porte e com atuação restrita à sua área imediata; exercem funções de gestão elementares; e) centro local – as demais 4.473 cidades cuja centralidade e atuação não extrapolam os limites do seu município, servindo apenas aos seus habitantes, têm população predominantemente inferior a 10 mil habitantes. 2.3.6.3 Caracterização da rede urbana regional O Mapa 6 abaixo apresenta a hierarquia dos centros urbanos da região de referência e da região de estudo do Norte de Minas conforme os dados da REGIC 2007. Janaúba é o único Centro Sub Regional B em toda a área. No nível inferior da hierarquia, há Salinas como Centro de Zona A, e Taiobeiras e Porteirinha como Centros de Zona B. Todos os demais núcleos urbanos constituem Centros Locais. Especificamente no recorte da região de estudo, constatam-se 1 Centro Sub Regional B, 1 Centro de Zona A, 2 Centros de Zona B, e 6 Centros Locais. Já o Mapa 7 abaixo apresenta as vinculações entre os centros urbanos da região (determinadas pelas suas principais ligações). Este mapa mostra também as articulações externas da região, que está quase que inteiramente sob a polarização imediata de Montes Claros, classificada como Capital Regional B, e ligada diretamente a Belo Horizonte. Apenas os Centros Locais de Águas Vermelhas e Divisa Alegre, localizados no extremo leste da microrregião de Salinas, fazem parte da área de influência direta de Vitória da Conquista-BA (Capital Regional B). A microrregião de Janaúba apresenta a rede urbana mais complexa e articulada da região. Entretanto, ainda que Porteirinha exerça papel polarizador sobre dois Centros Locais (Riacho dos Machados e Serranópolis de Minas), todas as demais vinculações se fazem diretamente dos Centros Locais com Janaúba (Centro Sub Regional B), revelando a ausência de mais centros intermediários entre os dois extremos da hierarquia da rede urbana regional. A microrregião de Salinas está duplamente polarizada por Salinas (Centro de Zona A) e Taiobeiras (Centro de Zona B), destino das ligações principais de vários Centros Locais. Taiobeiras se vincula diretamente com Salinas, que por sua vez se 137 liga imediatamente com Montes Claros. Curiosamente, o município de Curral de Dentro apresenta sua principal ligação com Montes Claros. Já a microrregião de Grão Mogol é composta apenas por Centros Locais – até mesmo Grão Mogol – que se vinculam diretamente com Montes Claros, revelando a fragilidade da rede urbana local em função da inexistência de um núcleo que se destaque pela sua capacidade de polarização sobre os demais. 138 Mapa 6 – Rede de Cidades Norte de Minas – Hierarquia dos Centros Urbanos 2007 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2008. 139 Mapa 7 - Rede de Cidades Norte de Minas – Vinculação entre os Centros Urbanos 2007 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2008. 140 A Tabela 37 abaixo apresenta alguns indicadores selecionados de centralidade, extraídos da REGIC 2007, que permitem melhor caracterizar a rede urbana regional. Como se vê, Janaúba destaca-se em todos os indicadores, em virtude de ser o núcleo urbano de maior população e PIB. Apresenta também maior número de bancos (05) e de tipos de cursos de graduação (04), além de se destacar pela diversidade de comércio e serviços (54,35%), indicador que mede a intensidade da presença de setores específicos de comércio e serviços. No nível hierárquico imediatamente inferior, Salinas aparece com quase metade da população e do PIB de Janaúba e menor diversidade de comércio e serviços, mas ainda com relevante centralidade financeira e educacional. Taiobeiras e Porteirinha apresentam indicadores semelhantes aos de Salinas, mas com menor intensidade e, principalmente, menor capacidade de polarização sobre demais núcleos urbanos. Todos os demais núcleos são Centros Locais que, apesar de diferenciados em termos demográficos, econômicos e funcionais, não tem capacidade de polarização para além das suas hinterlândias imediatas. Tabela 37 – Indicadores de Centralidade da REGIC 2007 – Região de Estudo Norte de Minas Nome do município População Residente 2007 PIB 2005 (mil) Níveis de centralidade 2007 % da diversidade de comércio e serviços Nº de bancos Nº de tipos de cursos de graduação Total de matrículas na graduação Janaúba Salinas Taiobeiras Porteirinha Serranópolis de Minas Riacho dos Machados Grão Mogol Rio Pardo de Minas Fruta de Leite Padre Carvalho 65.387 37.370 29.732 36.864 4.515 9.392 14.594 28.633 6.327 5.828 274.491 157.547 100.657 102.695 10.494 23.238 50.459 75.283 14.224 11.849 3B 4A 4B 4B 5 5 5 5 5 5 54,35 40,00 40,00 30,00 3,04 13,04 19,13 24,78 6,09 6,09 5 4 3 3 0 0 1 1 0 0 4 2 6 3 0 0 1 1 0 0 544 315 407 546 0 0 106 147 0 0 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2008. De forma geral, a rede urbana dessa porção estudada do Norte de Minas caracteriza-se pela sua desarticulação e desequilíbrio. Muitos dos Centros Locais se vinculam a centros de nível superior mais distantes do que o centro de nível superior da sua hinterlândia imediata. Há inclusive várias vinculações de Centros Locais com Montes Claros e com Janaúba, o que revela a ausência de centros intermediários na 141 rede urbana regional. Estas características se devem à fraca divisão territorial do trabalho, em função da predominância de atividades agropecuárias e extrativistas extensivas de baixo e médio nível técnico na estrutura econômica regional. Além disso, a ausência de ligações interregionais eficientes – em função da estrutura rodoviária incompleta e de baixa performance – impede que se estabeleçam fluxos mais intensos entre os diversos centros. Trata-se de uma rede ainda estruturada principalmente em termos da distribuição hierárquica dos serviços centrais, na medida em que não existem especializações produtivas complexas que estariam na base de relações de complementaridades horizontais. Como exceção, destacam-se a produção de frutas nos projetos de irrigação de Janaúba e Jaíba, e a produção de cachaça em Salinas, que podem constituir importantes bases de exportação regional. A entrada da mineração na região certamente transformará a rede urbana, estabelecendo relações de verticalidade que tendem a gerar enclaves na estrutura regional. 2.3.7 Desenvolvimento Urbano no Médio Espinhaço 2.3.7.1 Indicadores de Infraestrutura e Serviços Urbanos Esta sessão do estudo tem como objetivo caracterizar a situação microrregional quanto ao provimento de infraestrutura e serviços urbanos e sociais básicos, distinguidos entre os seguintes temas: educação, saúde, saneamento e habitação. Educação (fundamental e médio, técnica e superior) As Microrregiões de Janaúba, Salinas e Grão Mogol contam com uma oferta de modalidade de ensino mais voltada para o ensino infantil e fundamental. A maior parte da oferta em Educação Infantil está na categoria de Pré-Escola, em todas as microrregiões. A maioria das vagas no ensino fundamental está concentrada no seguimento dos anos iniciais (1° ao 5° ano), também para todas as microrregiões. Observa-se uma queda considerável quando se considera o número de escolas que ofertam as modalidades Ensino Fundamental para as que ofertam o Ensino Médio Regular em todas as microrregiões. Há poucas escolas que ofertam Educação Profissional, Nível Técnico, e não há Escola de Ensino Superior ligada ao Estado, em todas as microrregiões (TABELA 38). 142 Tabela 38 – Oferta de modalidades de ensino, segundo Microrregiões, Fevereiro de 2013 Modalidades de Ensino Janaúba Salinas Grão Mogol Educação Infantil – Creche 76 48 7 Educação Infantil - Pré-Escola 117 93 12 Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) 270 227 83 Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) 95 77 19 Ensino Médio Regular 43 45 12 Educação Profissional - Nível Técnico 15 10 6 Total 616 500 139 Fonte: SEE-MG. Dados originais em http://www.educacao.mg.gov.br/parceiro/lista-de-escolas Saúde Os serviços de saúde têm a notável característica de distribuir-se em rede, a qual é em geral coincidente quanto a sua complexidade e escala com a rede formada por cidades, fato que não é casual. A oferta de um serviço com distintos graus de complexidade é condizente com os sucessivos níveis de demanda reunidos nas cidades (RODRIGUES; SIMÕES; AMARAL, 2007). No caso de equipamentos de saúde – assim como outros serviços marcados por complexidade técnica – há requisitos de demanda local, em especial a densidade econômico-demográfica, abaixo do qual a oferta incorre em dificuldades. Em termos práticos, e para nosso interesse imediato, isso significa que aglomerados urbanos (ou municípios) de pequeno porte têm geralmente um quadro de oferta de serviços de saúde limitado a serviços básicos, de baixa complexidade. Demandas por serviços mais complexos se apóiam, por construção, na oferta alocada em centros maiores, onde haja demanda e renda suficientemente densas para garantir a viabilidade econômica (se falamos de serviço privado). No caso de serviços públicos de saúde, cuja instalação pode se orientar por critérios de equidade mais que de eficiência econômica, uma alternativa é buscar a distribuição de pólos regionais, centros urbanos planejadamente distribuídos, através dos quais se alcance uma oferta que chegue até as regiões onde a baixa densidade demográfica ou econômica não atraia a oferta do serviço privado. Na Microrregião de Grão Mogol há apenas um hospital geral, enquanto nas Microrregiões de Janaúba e Salinas são encontrados seis hospitais gerais. Com relação aos centros de saúde, existem 14 na Microrregião de Grão Mogol, 78 na Microrregião de Janaúba e 73 na Microrregião de Salinas. Encontram-se 10 postos de saúde na Microrregião de Grão Mogol, 27 na Microrregião de Janaúba e 23 na 143 Microrregião de Salinas. Além desses estabelecimentos, ainda há existência de consultórios, farmácias, clínicas, entre outros. Quando comparadas com a Microrregião de Belo Horizonte, essas três microrregiões possuem uma infraestrutura muito inferior. A Tabela 39 ilustra esses comentários. Tabela 39 – Oferta de serviços de saúde selecionados, Dezembro de 2012, por Microrregião Belo Horizonte 586 Grão Mogol 14 Clinica especializada/ambulatório especializado 1132 Consultório Tipo de Estabelecimento Janaúba Salinas 78 73 1 21 20 4302 - 41 22 Cooperativa 32 - - - Farmácia 52 2 4 3 Hospital especializado 32 - - - Hospital geral 61 1 6 6 Laboratório central de saúde publica – LACEN 1 - - - Posto de saúde 27 10 27 23 Centro de saúde/unidade básica de saúde Pronto socorro geral 4 1 Unidade de serviço de apoio de diagnose e 539 23 terapia Unidade de vigilância em saúde 30 3 Total 6798 28 204 Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil Disponível em: DATASUS. http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=02 1 18 6 172 – CNES. A oferta de equipamentos médicos na Microrregião de Grão Mogol é bastante limitada. Nas Microrregiões de Janaúba e Salinas a oferta desses equipamentos é maior. O único equipamento que não se encontra nas três microrregiões, simultaneamente, é a ressonância magnética, de modo que serviços baseados em exames dessa complexidade exigem o deslocamento do paciente até centros de maior escala. A Tabela 40 ilustra esse cenário. Tabela 40 – Oferta de equipamentos de saúde selecionados, Dezembro de 2012, por Microrregião Equipamento selecionado Mamógrafo Raio X Tomógrafo Computadorizado Ressonância Magnética Ultrassom Equipo Odontológico Completo Total Belo Horizonte 158 1786 93 48 756 4370 7211 Grão Mogol 5 1 27 33 Janaúba Salinas 3 33 2 31 135 204 2 40 2 25 119 188 Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil – CNES. Disponível em: DATASUS. http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=02 144 No que se refere à oferta de profissionais de saúde, novamente, a comparação da Região com a Microrregião de Belo Horizonte mostra que a oferta local é pequena. Na Microrregião de Grão de Mogol, a oferta de profissionais da área da saúde é limitada e bem inferior à das Microrregiões de Janaúba e de Salinas. Estas apresentam um número também limitado, embora mais expressivos que os de Grão Mogol (TABELA 41). Tabela 41 – Oferta de profissionais de saúde selecionados, Dezembro de 2012, por Microrregião Profissionais selecionados Médicos Cirurgião dentista Enfermeiro Fisioterapeuta Fonoaudiólogo Nutricionista Farmacêutico Assistente social Psicólogo Auxiliar de Enfermagem Técnico de Enfermagem Total Belo Horizonte 42442 4646 6053 2192 908 538 1266 794 1822 8261 11930 80852 Grão Mogol 45 16 26 9 1 3 13 3 3 47 6 172 Janaúba 325 52 200 56 25 17 60 21 37 196 70 1059 Salinas 265 40 161 50 14 13 61 15 24 184 120 947 Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil – CNES. Disponível em: DATASUS. http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=02 Saneamento Os serviços de saneamento, assim como de educação, tiveram melhora importante ao longo da década de 1990 no Brasil e no estado de Minas Gerais. Segundo a “Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada em 2008 apenas 55,2% dos municípios do país ofertam coleta de esgoto à população local e somente um terço destes municípios tratam o esgoto coletado. Os números são muito melhores no que toca ao abastecimento de água, e os dados do esgotamento e tratamento. Considerando a evolução, 52,2% dos municípios ofertavam serviços de coleta de esgoto a pelo menos parte de sua população em 2000 e passando a 55,2% em 2008 (ano da última pesquisa). Considerando o percentual de domicílios atendidos por rede geral de esgoto, o valor passou de 33,5%, em 2000, para 44,0%, em 2008, um avanço insuficiente, como se pode notar (IBGE, 2008). 145 Como pode ser visto, os dados mostram que a maior parte da população das Microrregiões de Grão Mogol, Janaúba e Salinas são bem assistidos no quesito saneamento, uma vez que em todas elas mais de 98% de sua população total são abastecidas de água, coleta de lixo e instalações sanitárias. Tabela 42 – Percentual da População com abastecimento de água, coleta de lixo e instalações sanitárias Microrregiões, 2000 Belo Horizonte 99,38 Grão Mogol 98,75 Janaúba 98,70 Fonte: Elaboração própria com dados http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=02 Salinas 99,36 extraídos de DATASUS. No que diz respeito à existência de banheiro ou sanitário por domicílios particulares permanentes, observa-se que a tendência geral entre 2000 e 2010, em todas as microrregiões, é de melhora do quadro de acesso. Nas três microrregiões observa-se uma redução de quase metade dos domicílios que não tinham banheiro ou sanitário entre 2000 e 2010. Com relação ao tipo de esgotamento sanitário, observa-se que embora tenha crescido a quantidade de banheiros ou sanitários com rede geral de esgoto ou pluvial entre 2000 e 2010, a maior parte do esgotamento sanitário, em 2010, ainda acontecia via outro escoadouro que não a rede geral de esgoto ou pluvial, ou fossa séptica, em todas as microrregiões de estudo (TABELA 43). Tabela 43 – Existência de banheiro ou sanitário e tipo de esgotamento sanitário, Microrregiões, 2000 e 2010 Existência de banheiro ou sanitário e tipo de esgotamento sanitário Janaúba Salinas Grão Mogol 2000 2010 2000 2010 2000 2010 45.890 65.815 33.906 53.368 4.248 8.757 1.586 7.115 5.384 13.292 536 1.871 Tinham banheiro ou sanitário - fossa séptica 1.751 1.860 335 2.840 519 1.135 Tinham banheiro ou sanitário - outro escoadouro 42.553 56.840 28.187 37.236 3.194 5.751 Não tinham banheiro ou sanitário 9.440 4.100 12.326 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2003; IBGE, 2011 5.149 4.499 2.244 Tinham banheiro ou sanitário Tinham banheiro ou sanitário - rede geral de esgoto ou pluvial Habitação A Região tem um predomínio absoluto de domicílios particulares permanentes alocados em casas: 99%, aproximadamente, em todas as microrregiões. Nas 146 Microrregiões de Janaúba e Salinas cerca de 1,2% dos domicílios são apartamentos; na Microrregião de Grão Mogol esse valor é de apenas 0,3%. Para os demais tipos de domicílios o percentual é muito baixo, quase próximo de zero (TABELA 44). Tabela 44 – Tipo de Domicílio Particulares Permanentes (%), Microrregiões, 2010 Grão Tipo de Domicílio Janaúba Salinas Mogol Casa 98,7 98,8 99,6 Casa de vila ou em condomínio 0,04 0,02 0,04 Apartamento 1,21 1,18 0,32 Habitação em casa de cômodos, cortiço ou cabeça de porco 0,06 0,03 0,07 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2011 Na Região há predomínio da condição de propriedade do imóvel: 80,6%, contra 10% de imóveis alugados e 8,8% cedidos na Microrregião de Janaúba; 83,3%, contra 9,5% de imóveis alugados e 7% cedidos na Microrregião de Salinas; 85,8%, contra 7,1% de imóveis alugados e 6,2% cedidos na Microrregião de Grão Mogol. A proximidade entre o percentual de imóveis alugados e cedidos serve como indicativo de um mercado de aluguel de imóveis residenciais bastante reduzido. Tabela 45 – Tipo de Domicílio Particulares Permanentes por Condição de Ocupação (%), Microrregiões, 2010 Condição de ocupação do domicílio Próprio Alugado Cedido Outra condição Janaúba Salinas Grão Mogol 80,6 10,0 8,8 0,6 83,3 9,5 7,0 0,3 85,8 7,1 6,2 0,9 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2011 Com relação ao número de moradores por domicílios, observa-se que entre 2000 e 2010, a Região (Microrregião de Janaúba, Salinas e Grão Mogol), sofreu um aumentou do numero de domicílios com 1 a 4 moradores e queda de domicílios com 6 a 10 moradores ou mais. O número de domicílios com 5 moradores é praticamente o mesmo nos dois anos. 147 Gráfico 21 – Tipo de Domicílio Particulares Permanentes por Condição de Ocupação (%), 2010 18,000 16,000 14,000 12,000 10,000 8,000 Janaúba 2000 Janaúba 2010 Salinas 2000 6,000 Salinas 2010 4,000 Grão Mogol 2000 2,000 Grão Mogol 2010 0 Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de IBGE, 2011 2.3.7.2 Análise dos Planos Diretores Municipais Procede-se aqui à análise dos Planos Diretores Municipais (PDMs) da Região de Estudo. Esta avaliação visa definir as principais estratégias de planejamento municipal das cidades e a sua relevância frente a um contexto de transformação estrutural nos próximos anos. A análise dos Planos Diretores será organizada em torno de seis áreas: Desenvolvimento Econômico, Cultura e Patrimônio Histórico, Ordenamento Territorial, Habitação, Meio Ambiente e Políticas Sociais. Por se tratar de um instrumento central para o planejamento municipal, o Plano Diretor deve englobar diretrizes que demonstrem as prioridades e políticas públicas locais a partir destas seis áreas, assim como a integração entre as mesmas. Serão avaliados também se os Planos Diretores Municipais contemplam algum dos instrumentos de política urbana disponíveis no Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), particularmente aqueles referentes à garantia de acesso à terra urbanizada para população de baixa renda, seja através de mecanismos de regularização fundiária e/ou promoção de habitação. Nesta etapa do estudo, foram utilizadas informações extraídas da pesquisa realizada pela Fundação Israel Pinheiro (FIP) à Secretaria de Desenvolvimento Regional e Urbano de Minas Gerais (SEDRU)/Governo do Estado acerca da situação dos Planos Diretores Municipais nos municípios de Minas Gerais. Através 148 do banco de dados desta pesquisa, será possível identificar, para cada município: a obrigatoriedade ou não do Plano Diretor Municipal (PDM), existência do PDM, status do PDM (se aprovado, em tramitação, em elaboração, em revisão etc.), data de aprovação do PDM, existência de Leis de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo (LPOUS), existência de zoneamento, e nome e contato do responsável pela informação na Prefeitura Municipal. O mesmo banco de dados fornece, quando existentes, os documentos digitais dos Planos Diretores Municipais, LPOUS e respectivos Zoneamentos, disponibilizados pelas prefeituras na pesquisa. Dentre os 35 municípios, pertencentes às microrregiões Janaúba, Salinas e Taiobeiras, 13 estão obrigados, de acordo com os preceitos do Estatuto da Cidade, a ter plano Diretor. Destes, sete têm os planos aprovados, 1 está em tramitação e dois estão sendo elaborados. A lista com os municípios e a situação de seus PDMs encontra-se no Quadro 9. 149 Quadro 9 – Situação dos planos diretores municipais Município Microrregião Águas Vermelhas Berizal Botumirim Salinas Salinas Grão Mogol Cristália Curral de Dentro Divisa Alegre Espinosa Fruta de Leite Gameleiras Grão Mogol Indaiabira Itacambira Jaíba Janaúba Josenópolis Mamonas Mato Verde Monte Azul Montezuma Ninheira Nova Porteirinha Novorizonte Padre Carvalho Pai Pedro Porteirinha Grão Mogol Salinas Salinas Janaúba Salinas Janaúba Grão Mogol Salinas Grão Mogol Janaúba Janaúba Grão Mogol Janaúba Janaúba Janaúba Salinas Salinas Janaúba Salinas Grão Mogol Janaúba Janaúba Riacho dos Machados Rio Pardo de Minas Rubelita Salinas Santa Cruz de Salinas Santo Antônio do Retiro São João do Paraíso Serranópolis de Minas Taiobeiras Vargem Grande do Rio Pardo Obrigatoriedade Possui Plano Diretor? (S/N) Status do Plano Diretor Não Sim Sim Sim Não Aprovado Sim Sim Aprovado Sim Não Sim Sim Sim Não Não Sim Não Elaboração Aprovado Sim Não Não Sim Janaúba Não Não Sim Aprovado Não Salinas Sim Não Elaboração Salinas Salinas Sim Não Sim Aprovado Salinas Salinas Salinas Não Sim Não Tramitação Sim Sim Aprovado Sim Aprovado Salinas Salinas Salinas Fonte: SEDRU/MG. A partir da implantação dos empreendimentos mineradores, novos municípios deverão ter planos diretores por estarem “inseridas na área de influência 150 de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional” (BRASIL, 2001). Esta seção apresenta uma análise geral e preliminar dos planos diretores dos municípios de Janaúba, Salinas e Taiobeiras, que estão na área de abrangência dos empreendimentos minerários, além de serem três importantes centralidades microrregionais, cuja análise pode indicar possibilidades de compatibilização para a construção futura de um Plano Diretor Regional. Esta avaliação visa definir as principais estratégias de planejamento municipal destas localidades e sua relevância frente a um contexto de transformação estrutural nos próximos anos. A análise dos Planos Diretores está organizada em cinco áreas: Desenvolvimento Econômico, Habitação, Desenvolvimento Urbano, Meio Ambiente e Educação. Por se tratar de um instrumento para o planejamento municipal, o plano diretor deve englobar diretrizes que demonstrem as prioridades e políticas públicas locais a partir destas cinco áreas. Desenvolvimento Econômico Quanto às propostas referentes ao desenvolvimento econômico, os planos diretores analisados apresentam estratégias semelhantes, de um modo geral, com diretrizes para as atividades agropecuária, industrial, comércio e serviços, além do turismo. Os Planos Diretores de Taiobeiras e Janaúba colocam a integração regional como importante para o desenvolvimento econômico local, enquanto Salinas não aborda esse tema. Da mesma forma, apenas os dois primeiros propõem a criação de Conselho e Fundo de Desenvolvimento Econômico. Em relação à atividade agropecuária, verificou-se que os três municípios avaliados apresentam diretrizes com propostas para fortalecer localmente esta atividade econômica. Em Salinas a proposta é genérica e diz respeito apenas à “promoção e integração entre os órgãos e as entidades do sistema municipal de agropecuária.” (SALINAS, 2007). Já em Janaúba e Taiobeiras há propostas semelhantes que partem da elaboração de estudos, mapeamentos e programas para levantamento das realidades locais, reconhecimento e fortalecimento das atividades existentes, capacitação técnica, incentivo à produção familiar, promoção do consumo da produção local e produção de excedente para comercialização. 151 O incentivo para a agricultura familiar indica a importância desta atividade para as economias locais, como forma de ocupação de parcela da população e geração de renda para as localidades. É importante ressaltar o papel econômico da agricultura familiar quando esta é voltada a suprir as demandas locais por alimentos, além de contribuir para a expansão da renda da população rural. Estes planos diretores demonstram, ainda, a intenção de se promover a comercialização local da produção agrícola interna. Para Janaúba e Taiobeiras há ainda propostas específicas. Em Janaúba, elas se baseiam no fortalecimento das atividades existentes, relacionadas especialmente à fruticultura caprinocultura, piscicultura, apicultura e bovinocultura, à implantação de processos de transformação para a produção local, inclusive em cadeia regional, através de capacitação e criação de uma plataforma de comercialização, à introdução de novas culturas extensivas e intensivas (peão-manso, mamona, cedro mogno e café), à produção artesanal e, por fim, ao incentivo ao cooperativismo e associativismo. Em Taiobeiras, dentre as diretrizes, percebe-se a necessidade de maior capacitação técnica para as atividades agropecuárias, que culminam com a proposta de criação do Centro de Desenvolvimento e Conhecimento de Tecnologias do Agronegócio, compreendendo um conjunto de plataformas de apoio e assistência ao agronegócio e às atividades agropecuárias do município. Foram identificadas novas possibilidades de culturas intensivas e extensivas, como a plantação de oliveiras (devido ao clima de altitude), especiarias, candeia e coníferas, especialmente na porção do território pertencente à Bacia do Rio Jequitinhonha. Quanto às propostas relacionadas ao desenvolvimento do setor industrial, foram verificadas diversas propostas para os municípios. Em Salinas propõe-se a manutenção das atividades existentes (sem citar quais são), e a criação de novas atividades, sendo que apenas a construção civil é citada como potencial. Em Janaúba e Taiobeiras há várias propostas comuns que dizem respeito à articulação e alinhamento das instituições educacionais e de empreendedorismo do Município ao sistema produtivo industrial, convencional e de base tecnológica e de inovação, à demarcação das áreas destinadas a empreendimentos produtivos em seu território, ao incentivo a atividades produtivas com uma presença e participação predominante e diferencial do conhecimento e da tecnologia, ao processamento de matérias 152 primas e bens intermediários regionais, ao atendimento ao consumo local e regional, à produção de cerâmica, tanto para fins artesanais, como para a indústria de construção e criação e implantação de um programa de apoio ao desenvolvimento da produção cerâmica qualificada no Município, ao incentivo à agroindústria de alimentos com a criação e implantação de um programa de apoio e incentivo ao seu desenvolvimento. O Plano diretor de Janaúba propõe também o desenvolvimento de um programa de verticalização das indústrias extrativas do Município, em especial a argila, modificando o seu patamar para a transformação e para a confecção de produtos acabados; Em Taiobeiras, além do programa específico para a indústria extrativa da argila, há também para o florestamento, incluindo seu beneficiamento dentro do município, que inclui a fabricação artesanal de móveis e criação e implantação de um programa de apoio ao pequeno fabricante e incentivo à utilização do eucalipto como matéria-prima e à implantação de serralheria e estruturas, procurando-se a agregação de valor e a criação de linhas de produtos diferenciais. Esses planos reafirmam a importância da atividade primária nos municípios, sugerindo, inclusive, a introdução de atividades industriais ligadas ao setor agrícola. Além disso, reforçam o interesse por indústrias não poluidoras e que absorvam o potencial regional. Por se tratarem de municípios sem tradição industrial e, até então, sem perspectiva da atividade mineradora naquela região, os planos não vislumbraram um panorama voltado para esse cenário e as diretrizes são mais voltadas para a instalação de indústrias condizentes com suas realidades econômicas. Frente às perspectivas dos investimentos da atividade mineradora na região, é fundamental que a revisão dos planos diretores destes municípios incorporem propostas relacionadas à ampliação e ao desenvolvimento da indústria local nos próximos anos. Quanto ao setor serviços, em Salinas, as propostas são genéricas, indicando a manutenção das atividades existentes e a criação de novas, sem especificar quais são elas. Em Janaúba e Taiobeiras as propostas têm em comum a implantação de uma Política de Desenvolvimento do Comércio e dos Serviços que contempla, internamente e em simultaneidade, a revitalização e fortalecimento do que existe, 153 com a atração de novos empreendimentos comerciais em nichos estratégicos e de interesse maior do Município. Além disso, propõem dotar os Municípios de uma atividade comercial regular, tanto de varejo quanto atacado, com serviços individualizados ou em associações, tornando-os auto-suficientes quanto aos bens da economia primária e de serviços, com diversificação e paradigma de atendimento. Incluem, ainda, a modernização dos centros comerciais existentes. Em Janaúba há ainda a proposta de incentivar o desenvolvimento do setor de alimentação e hospedagem, como forma de aproveitar as oportunidades resultantes do potencial turístico. Os planos diretores dos três municípios apresentam propostas para o desenvolvimento do setor de turismo. Salinas apresenta uma proposta de integração regional para esse fim, além da criação do Circuito das Águas do Rio Salinas. Em Janaúba e Taiobeiras percebe-se uma preocupação em, primeiramente, identificar e fortalecer as atividades turísticas potenciais, com a realização de seu inventário, criação de leis específicas, qualificação de agentes técnicos e empresariais. Dentre os três municípios analisados, Janaúba é o que apresenta maior potencial turístico e as diretrizes específicas de seu Plano Diretor tendem a reforçar isso. Nos três municípios fica clara a percepção na região da importância do setor de serviços para o desenvolvimento econômico local. Percebe-se, ainda, um interesse pelo setor de turismo, ainda pouco desenvolvido. Os três municípios manifestam, ainda, a preocupação local com o desenvolvimento de sistemas produtivos baseados no cooperativismo e no artesanato. Habitação Todos os três planos diretores avaliados apresentaram propostas envolvendo o tema “habitação.” Deve-se lembrar, entretanto, que à época de suas elaborações, ainda não havia a demanda social decorrente dos empreendimentos minerários, já que estes começaram a ser debatidos a partir de 2010. Os três Plano Diretor apresentam diretrizes para delimitar áreas para a implantação de programas habitacionais de interesse social. Propõem, ainda, a 154 utilização do processo de autogestão e capacitação por meio de assessorias técnicas, o desenvolvimento de programas de regularização fundiária, estímulo às formas consorciadas de produção de moradias populares, com a participação do Poder Público e da iniciativa privada a melhoria do padrão das edificações nos programas habitacionais destinados à população de baixa renda Salinas trata com mais ênfase da remoção e reassentamento de habitações em área de risco, provavelmente por causa do seu relevo acidentado. Janaúba e Taiobeiras tratam da questão habitacional tanto nas áreas urbanas quanto rurais. É verificado nos planos diretores o interesse na resolução de problemas já vigentes nos municípios, o que é bastante válido; contudo, os planos analisados não levam em consideração a perspectiva de crescimento populacional decorrentes da materialização dos investimentos produtivos previstos. Desenvolvimento urbano Malha viária municipal Existe uma orientação nos planos diretores analisados em propor melhorias viárias para os municípios, genéricas, no caso de Salinas e mais específicas em Janaúba e Taiobeiras. Nos dois últimos há propostas relacionadas à melhoria das ligações viárias para com os demais municípios da região, num esforço de ampliar a integração regional. Ao mesmo tempo, propõem também a reformulação da estrutura de estradas vicinais, visando a melhor acessibilidade interna ao município e melhor integração entre áreas urbanas e rurais. Em Taiobeiras há, ainda, a proposta de construção de anel viário no Distrito Sede, em complementação à Avenida do Contorno existente. Malha viária urbana Os três planos diretores propõem a disponibilização de condições adequadas de acesso, através de adequações do sistema viário, de todos os cidadãos aos serviços públicos, privados, locais de trabalho, equipamentos de lazer e área central. Destacam, ainda, a importância de criar condições de acessibilidade segura e confortável para os pedestres. 155 O plano diretor de Salinas apresenta uma série de propostas pontuais no que tange às melhorias no sistema urbano. Dentre elas, destaca-se a criação de uma estrutura viária rádio concêntrica, mediante interligações transversais que integrem os elementos estruturais do Município, e o estudo completo de tráfego e da oferta de áreas para estacionamento de usuários e áreas de carga e descarga nas zonas comerciais. Em Janaúba e Taiobeiras, os planos diretores propõem a racionalização e simplificação do sistema viário urbano, visando melhoria do sistema de orientação e tráfego na cidade. Por serem mais planas que Salinas, há um destaque maior para a implantação de ciclovias. Indicam a necessidade de condições especiais de tráfego nas zonas históricas, no sentido de distribuir os fluxos de pessoas e veículos de maneira equilibrada e protetiva em relação aos bens a serem preservados. Propõem a disponibilização de maior oferta de oportunidades de encontro social e apropriação do espaço público pelos cidadãos inclusive pelo alargamento das calçadas ou passeios nos locais em que isso for possível e a construção e melhoria das praças. Em Taiobeiras, destaca-se o interesse em desviar o trânsito da área central através da proposta de criação de um anel viário. Transporte coletivo Nos três planos diretores avaliados foram observadas propostas diretamente voltadas ao desenvolvimento dos serviços locais de transporte coletivo. Salinas propõe implantar obras viárias de atendimento ao sistema de transporte coletivo nos bairros e a complementação do sistema viário principal além de reestruturar os trajetos do transporte coletivo, utilizando-os como indutores da ocupação de vazios urbanos de forma a alterar a expectativa de ocupação do território. Janaúba e Taiobeiras propõem o desenvolvimento de estudos específicos e sistemáticos de demanda por transporte público a fim de ofertar os serviços adequados à necessidade de transporte da população do Município, de modo a garantir o seu acesso aos postos de trabalho, escolas e postos de saúde, dentre outros, nas áreas urbanas e dos povoados das Zonas Rurais, por meio de transporte coletivo regular. 156 Patrimônio histórico e cultural Os três municípios possuem capítulos destinados à proteção do patrimônio histórico e cultural. Janaúba e Taiobeiras, que trazem em seus planos diretores diretrizes para parcelamento, ocupação e uso do solo, definem os limites de zonas especiais para esse fim. Em Salinas, há a indicação de necessidade de se criar um centro histórico, mas este não é delimitado. Os três indicam, ainda, a necessidade de levantar e inventariar os bens de valor histórico e cultural no município, mas apresentam, de antemão, alguns já determinados, sendo: - Janaúba: Biblioteca Pública Municipal, Espaço Cultural Central do Brasil; elementos naturais e paisagísticos, em particular o distrito de Barreiro da Raiz, incluindo o Morro do Agudo, a Serra Geral que corta a sede do município, o lago formado pela barragem Bico da Pedra, as lagoas Dente Grande, Dente Pequeno, Palmatória e Algodões na zona urbana e Lagoa Grande, Poções, Tapuia e Angicos no Distrito de Vila Nova dos Poções, as praias de Copo Sujo, da Ilha do Caiçara e da Ilha de Getúlio. - Taiobeiras: artesanato e a arte em cerâmica, a culinária local típica – a taioba, o queijo da serra, o arroz com pequi, o biscoito de goma passada e o biscoito cozido e assado -, as festas tradicionais - a Festa de Nossa Senhora de Fátima, a Festa do Pequi, a Festa de Sao Sebastiao - a Feira Livre. Elementos naturais e paisagisticos, em particular as Lagoas Redonda, de Cima, Dourada, Grande e Seca, a Barragem de Baixo e os Minadores. Expansão urbana Os três planos diretores avaliados apresentam como objetivos o planejamento da expansão urbana, com diretrizes que orientam para o controle de grandes intervenções no meio urbano, resultantes de grandes empreendimentos. São colocados como pré-requisitos para o estabelecimento de grandes empreendimentos a estimação dos impactos positivos e negativos sobre as localidades, por meio da elaboração de Estudos de Impacto de Vizinhança (EIV) e Estudos de Impacto Ambiental (EIA), entre outros, como sugere o Estatuto das Cidades. 157 Infra-estrutura A preocupação com a oferta de infra-estrutura para a população também é percebida como uma preocupação nas propostas sobre desenvolvimento urbano. Nos três municípios são mencionadas propostas como a provisão de iluminação pública em todas as vias, e cobertura de telefonia fixa e móvel em todo o território municipal, além de inclusão digital. Em Taiobeiras é citada a necessidade de aumento da capacidade da sub-estação de energia para receber novas plantas industriais. No que tange ao saneamento, os três municípios trazem um capítulo sobre o tema, que inclui esgotamento sanitário, abastecimento de água, drenagem pluvial e limpeza urbana. Em Janaúba e Taiobeiras são apresentadas diretrizes para aumentar a capacidade de reserva de água, além da expansão do sistema de distribuição de água tratada a todas as comunidades rurais do município. Da mesma forma, são apresentadas diretrizes para implantação de rede de coleta de esgoto e seu tratamento. Educação Os três municípios analisados apresentam propostas relativas à atuação no ensino fundamental e médio, tanto no que tange à melhoria quanto à ampliação. Além disso, propõem, em segundo plano, o ensino profissionalizante de modo a atender às demandas dos municípios, sem que, no entanto, iniba o atendimento prioritário da educação infantil, fundamental e médio. Reforçam, ainda, a importância de um transporte escolar eficiente que atenda tanto a área urbana como rural, e a necessidade de capacitação dos professores. Não há menção à implantação de ensino superior, o que possivelmente é um reflexo da baixa escolaridade, e a indicação de que os municípios possuem questões básicas a serem resolvidas, no que tange à educação. Meio ambiente Quando da elaboração dos planos diretores ainda não havia a perspectiva de implantação dos empreendimentos minerários, conforme citado anteriormente. Dessa forma, os aspectos tratados sobre meio ambiente, diziam respeito às realidades locais, já com muitas demandas no que se refere à preservação e recuperação de áreas degradadas. 158 Apresentam como proposta central a criação de Sistemas Municipais de Meio Ambiente, baseados na atuação, em cada um dos municípios, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, do Conselho Deliberativo de Meio Ambiente (CODEMA), e nas diretrizes das Leis Municipais de Meio Ambiente. Os três municípios tratam do meio ambiente em vários capítulos do Plano Diretor, incluindo, educação, desenvolvimento econômico, desenvolvimento urbano, dentre outros, além de trazerem um capítulo específico sobre o tema. Os três tratam, ainda, da importância do planejamento por bacias hidrográficas e a implantação de comitês de bacias e sub-bacias nos municípios. Os três propõem a criação de parques lineares, com mais ênfase em Janaúba e Salinas, onde os distritos sedes possuem rios que fazem parte da paisagem e do cotidiano da cidade e encontram-se degradados. Salinas traz um item específico para a recuperação dos rios Salinas, Bananal e Ribeirão, especialmente nos trechos urbanos, de forma a possibilitar a prática de lazer. 159 2.4 Pesquisa Qualitativa para a Construção do Plano de Desenvolvimento A partir de questionários semi-estruturados (ver Produto 2), foram realizadas entrevistas com atores selecionados em parceria com a SEDRU. Esses atores representam pessoas e instituições chaves, tais como: gestores públicos nas esferas estadual e municipal, entidades empresariais, e sindicais, principais empresas atuantes na região, lideranças comunitárias e a sociedade civil organizada em geral. A identificação desses atores começou a ser feita no início do período de execução do produto 2 e continuada no Produto 3. A percepção dos agentes é fundamental como elemento de qualificação das informações secundárias e dos modelos descritos nesse Plano de Desenvolvimento. A rigor, o processo de calibragem dos modelos econômicos e demográficos implica, necessariamente, a inclusão dessas percepções. Dessa forma, a possibilidade de combinação de elementos quantitativos e quantitativos nos cenários propostos assegura uma maior aderência a demandas efetivas dos diversos agentes envolvidos em termos de políticas futuras para a região. O Quadro 10 inclui as entrevistas realizadas com agentes, sendo que a conclusão de entrevistas será feita durante o período de execução do Produto 4. Essa etapa de interação com agentes envolveu, ainda, dois seminários com a população local (membros do executivo, legislativo e judiciário municipais, empresas, sociedade civil etc) nos municípios de Porteirinha, Grão Mogol e Montes Claros. A equipe pôde, ainda, discutir propostas durante a reunião do Comitê Estado em Rede (Governo do Estado) em Montes Claros. O conjunto de informações geradas já foi utilizada, de forma parcial, no diagnóstico feito neste Produto 3, e será aprofundada na análise de políticas e propostas ao longo dos produtos 4 e 5. 160 Quadro 10 – Relação de Agentes Entrevistados para a Elaboração do Plano de Desenvolvimento do Norte de Minas Agente Tipo Status da Entrevista SEDE SECTES INDI SEDRU DER SETOP IGAM COPANOR SEMAD IBAMA / Instituto Chico Mendes Secretaria Estadual de Tursimo Secretaria Estadual de Saúde Secretaria Estadual de Educação Secretaria Estadual de Segurança Pública Ministério Público Estadual Comitê de Bacia Hidrográfica DNPM CPRM SEBRAE SENAI Representantes do Comitê Regional " Estado em Rede" Associação de Desenvolvimento do Norte de Minas (ADENOR) Associação dos Municípios da Área Mineira da SUDENE (AMANS) Vale Sul Americana Metais Mineração Minas Bahia (MIBA) Carparthian Gold Poder Executivo Estadual Poder Executivo Estadual Poder Executivo Estadual Poder Executivo Estadual Poder Executivo Estadual Poder Executivo Estadual Poder Executivo Estadual Empresa Mista Poder Executivo Estadual Poder Executivo Federal Poder Executivo Estadual Poder Executivo Estadual Poder Executivo Estadual Poder Executivo Estadual Poder Judiciário Instituição de Atuação Regional Poder Executivo Federal Poder Executivo Federal Instituição de Atuação Regional Instituição de Atuação Regional Poder Executivo Estadual Poder Executivo Estadual Poder Executivo Estadual Empresa de Mineração Empresa de Mineração Empresa de Mineração Empresa de Mineração Realizada Realizada Realizada Realizada Realizada Realizada Realizada Realizada Em agendamento Em agendamento Realizada Em agendamento Em agendamento Realizada Em agendamento Em agendamento Cancelada Em agendamento Realizada Realizada Realizada Em agendamento Realizada Realizada Realizada Realizada Realizada Fonte: elaboração própria a partir de dados coletados na pesquisa. 161 2.5 Cartografia e Bases de Dados A Cartografia e base de dados produzida para os Produtos 1, 2 e 3 encontrase compilada em CD anexo a esse Produto 3. Os mapas encontram-se em formato editável (.jpeg) e nos shapefiles originais em ArcView, e as bases de dados encontram-se em formato Excel. 162 REFERÊNCIAS ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE ACIDENTES DO TRABALHO 2007. Brasília: Ministério da Previdência Social, c2009. Disponível em: <http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.php?id=652>. Acesso em: 3 abr. 2013. ANUÁRIO MINERAL BRASILEIRO. Brasília: Ministério das Minas e Energia, 1972-. ANUÁRIO RAIS, [Brasília]: Ministério do Trabalho,1985-. BARBIERI, Alisson Flávio (Coord.). Plano regional estratégico em torno de grandes projetos minerários no norte de minas. Produto 1, lote 1. Belo Horizonte: UFMG/CEDEPLAR, 2012. BOLETIM TRIMESTRAL DE INVESTIMENTO, [Belo Horizonte]: UINE/SEBRAE-MG, 4º trimestre, 2012. Disponível em: <http://www.mg.agenciasebrae.com.br/anexo_download.kmf?cod=782>. Acesso em: 23 mar. 2013. BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. 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Comunidade Lagoa Grande faz 20ª Festa do Pequi. [2013?]. Disponível em: <http://www.taiobeiras.mg.gov.br/sis2009/index.php?option=com_content&view =article&id=228:comunidade-lagoa-grande-faz-20o-festadopequi&catid=10:noticias>. Acesso em: 8 maio 2013. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Instituto de Pesquisas Econômicas. Caracterização e dimensionamento do turismo doméstico no Brasil 2010/2011. São Paulo, 2012. Relatório Executivo Produto 6. Disponível em: <http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/export/sites/default/dadosefatos/demanda_t uristica/domestica/downloads_domestica/Demanda_domestica_-_2012__Relatorio_Executivo_nov.pdf>. Acesso em: 20 abril 2013. 167 ANEXO A – Projeções Populacionais Tendenciais por Grupo Etário – Norte de Minas Tabela A.1 – População dos municípios da Região de Referência Norte de Minas, segundo grupos etários - 2010 Nome_município Águas Vermelhas Berizal Botumirim Catuti Cristália Curral de Dentro Divisa Alegre Espinosa Fruta de Leite Gameleiras Grão Mogol Indaiabira Itacambira Jaíba Janaúba Josenópolis Mamonas Mato Verde Monte Azul Montezuma Ninheira Nova Porteirinha Novorizonte Padre Carvalho Pai Pedro Porteirinha Riacho dos Machados Rio Pardo de Minas Rubelita Salinas Santa Cruz de Salinas Santo Antônio do Retiro São João do Paraíso Serranópolis de Minas Taiobeiras Vargem Grande do Rio Pardo Total 2010 12.722 4.370 6.497 5.102 5.760 6.913 5.884 31.113 5.940 5.139 15.024 7.330 4.988 33.587 66.803 4.566 6.321 12.684 21.994 7.464 9.815 7.398 4.963 5.834 5.934 37.627 9.360 29.099 7.772 39.178 4.397 6.955 22.319 4.425 30.917 4.733 0 a 4 anos 980 346 510 358 527 566 518 2.266 556 377 1.142 492 308 3.141 5.007 431 346 775 1.273 587 638 563 372 598 454 2.490 762 2.113 568 2.532 331 547 1.501 327 2.244 332 5 a 9 anos 1.192 388 651 453 680 710 665 2.514 629 383 1.396 630 411 3.271 5.749 506 417 903 1.533 719 925 651 440 633 544 2.910 851 2.773 726 3.012 403 705 1.823 384 2.626 433 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 34 anos 35 a 39 anos 40 a 44 anos 45 a 49 anos 50 a 54 anos 55 a 59 anos 60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos 80+ 1.342 411 801 565 773 769 614 2.900 707 519 1.704 846 518 3.717 6.732 608 532 1.099 1.940 851 1.027 742 537 648 629 3.344 1.003 3.502 821 3.599 477 840 2.252 406 2.986 545 1.377 442 780 562 711 686 601 3.298 631 600 1.706 794 547 3.845 6.895 529 574 1.308 2.162 802 1.069 792 463 667 693 3.786 1.068 3.105 800 3.747 432 743 2.546 417 3.096 540 1.155 413 599 401 598 613 553 3.055 478 444 1.479 616 484 3.521 6.485 399 458 1.123 1.755 667 852 716 408 590 505 3.458 956 2.823 534 3.485 307 608 2.258 361 2.800 450 963 380 464 365 461 536 490 2.760 452 390 1.245 566 429 3.339 6.067 327 462 1.013 1.675 620 809 689 417 482 492 3.384 796 2.445 530 3.296 290 559 1.919 389 2.696 389 Fonte: Elaboração própria a partir de projeções do Cedeplar-UFMG 890 305 408 355 355 517 439 2.173 345 374 1.083 465 389 2.520 5.375 264 442 983 1.603 535 671 590 319 426 432 2.823 621 2.170 495 2.961 283 497 1.670 317 2.377 307 795 272 366 346 321 437 384 1.946 275 315 914 436 289 2.010 4.524 211 438 921 1.449 474 619 525 295 295 378 2.563 512 1.824 439 2.716 253 401 1.347 252 2.145 329 723 252 337 354 290 411 352 1.853 274 318 899 434 306 1.935 4.314 237 432 888 1.591 430 574 452 289 271 350 2.485 579 1.720 482 2.563 246 367 1.322 279 1.985 290 711 261 363 318 241 323 317 1.730 265 315 784 420 264 1.511 3.722 214 461 809 1.449 361 537 401 239 285 295 2.251 506 1.486 433 2.240 230 336 1.129 264 1.754 246 608 228 299 244 206 311 222 1.556 276 287 635 359 244 1.318 3.123 205 386 634 1.279 360 434 327 223 225 284 1.880 390 1.249 419 1.987 238 330 1.051 254 1.543 227 529 175 293 219 175 287 203 1.295 281 220 563 335 207 1.090 2.535 185 313 576 1.064 268 445 256 222 231 243 1.724 375 1.092 403 1.788 244 310 941 185 1.223 180 455 158 207 167 136 227 179 1.046 236 208 460 277 193 841 1.982 126 311 476 992 239 343 228 195 141 188 1.397 292 862 336 1.433 170 210 770 193 988 130 352 117 141 149 93 193 119 876 164 150 342 229 168 645 1.494 123 255 390 765 192 303 188 170 117 144 1.043 222 697 279 1.253 166 185 640 139 738 104 258 90 116 119 67 132 100 711 177 86 256 176 101 413 1.163 82 224 303 583 152 213 119 147 74 129 846 172 517 228 1.013 143 123 482 114 641 93 169 55 85 68 72 86 59 489 97 76 180 123 81 245 707 56 122 203 378 102 168 77 108 64 75 521 108 336 107 713 95 106 316 57 537 60 223 77 77 59 54 109 69 645 97 77 236 132 49 225 929 63 148 280 503 105 188 82 119 87 99 722 147 385 172 840 89 88 352 87 538 78 168 Tabela A.2 – População dos municípios da Região de Referência Norte de Minas, segundo grupos etários - 2015 Nome_município Águas Vermelhas Berizal Botumirim Catuti Cristália Curral de Dentro Divisa Alegre Espinosa Fruta de Leite Gameleiras Grão Mogol Indaiabira Itacambira Jaíba Janaúba Josenópolis Mamonas Mato Verde Monte Azul Montezuma Ninheira Nova Porteirinha Novorizonte Padre Carvalho Pai Pedro Porteirinha Riacho dos Machados Rio Pardo de Minas Rubelita Salinas Santa Cruz de Salinas Santo Antônio do Retiro São João do Paraíso Serranópolis de Minas Taiobeiras Vargem Grande do Rio Pardo Total 2015 13.002 4.571 6.377 5.134 5.668 7.301 6.273 31.273 5.623 5.195 15.199 7.297 5.220 36.260 69.131 4.612 6.481 12.623 21.833 7.807 9.984 7.328 5.085 5.950 5.979 37.715 9.202 29.636 7.541 40.541 4.248 7.008 22.973 4.572 32.731 4.831 0 a 4 anos 948 345 451 370 436 546 498 2.343 345 381 1.169 520 407 3.023 5.622 324 456 945 1.575 608 741 543 365 419 451 2.821 672 2.275 452 3.223 254 527 1.814 330 2.630 381 5 a 9 anos 930 331 474 332 492 543 517 2.131 509 353 1.095 457 305 3.251 4.913 407 330 727 1.182 571 614 527 354 564 426 2.349 716 2.021 548 2.504 304 513 1.458 315 2.247 318 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 34 anos 35 a 39 anos 40 a 44 anos 45 a 49 anos 50 a 54 anos 55 a 59 anos 60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos 80+ 1.144 377 613 426 643 701 680 2.388 585 363 1.354 593 407 3.436 5.721 483 405 856 1.443 715 895 619 426 617 518 2.772 808 2.692 713 2.998 376 670 1.792 377 2.673 420 1.260 395 734 527 710 756 619 2.689 643 479 1.613 774 496 3.805 6.547 569 512 1.018 1.790 836 957 686 513 627 586 3.102 923 3.333 789 3.473 440 782 2.167 391 2.984 515 1.250 413 695 511 632 657 584 2.945 548 538 1.553 704 509 3.753 6.416 491 545 1.166 1.936 764 959 698 438 628 628 3.379 946 2.851 730 3.463 385 676 2.365 391 2.967 492 1.093 405 553 378 550 610 552 2.823 425 415 1.395 571 476 3.507 6.201 391 456 1.034 1.628 660 795 647 404 582 473 3.197 880 2.691 495 3.347 281 576 2.182 353 2.762 427 Fonte: Elaboração própria a partir de projeções do Cedeplar-UFMG 943 385 439 354 434 536 491 2.623 411 378 1.204 542 438 3.350 5.875 330 472 953 1.596 623 780 634 421 481 473 3.209 748 2.379 494 3.242 272 546 1.891 389 2.692 380 877 309 389 344 336 514 438 2.085 317 366 1.051 454 404 2.515 5.186 266 447 923 1.538 535 661 552 319 418 417 2.698 587 2.119 460 2.921 269 492 1.636 318 2.355 301 789 275 348 336 301 439 382 1.878 257 311 886 432 297 1.983 4.348 207 439 872 1.394 472 617 495 290 285 366 2.460 481 1.780 406 2.665 243 397 1.310 253 2.107 322 720 254 318 346 267 418 349 1.794 254 316 866 428 309 1.891 4.125 229 430 845 1.533 429 574 428 284 258 339 2.388 534 1.664 443 2.499 237 362 1.286 280 1.943 283 700 261 336 310 217 331 313 1.676 241 308 744 409 261 1.462 3.537 205 455 771 1.388 356 534 378 234 268 283 2.164 460 1.420 396 2.177 220 323 1.094 263 1.713 236 590 224 272 237 182 315 217 1.505 249 278 594 343 233 1.256 2.954 193 377 604 1.211 350 425 306 217 208 270 1.804 351 1.172 380 1.928 224 307 1.013 250 1.516 214 508 170 262 209 152 285 196 1.247 248 208 515 312 193 1.019 2.391 169 296 540 995 253 422 236 212 210 229 1.636 334 1.002 360 1.728 227 281 897 179 1.208 167 430 151 182 152 115 220 167 995 203 191 407 251 175 775 1.851 110 284 442 906 215 319 209 181 126 171 1.296 261 769 293 1.357 152 181 704 177 958 118 326 107 119 129 76 181 106 796 135 134 291 200 146 578 1.357 102 223 352 673 165 275 168 153 101 128 926 193 600 233 1.135 140 157 555 120 687 91 226 78 93 97 52 116 83 611 138 73 206 145 83 347 998 65 185 258 483 124 182 99 124 61 108 712 143 420 179 867 113 99 395 94 565 77 267 90 99 79 74 134 82 746 114 101 257 161 83 310 1.089 71 169 319 562 129 235 104 148 98 112 802 164 450 169 1.016 111 120 415 90 723 88 169 Tabela A.3 – População dos municípios da Região de Referência Norte de Minas, segundo grupos etários - 2020 Nome_município Águas Vermelhas Berizal Botumirim Catuti Cristália Curral de Dentro Divisa Alegre Espinosa Fruta de Leite Gameleiras Grão Mogol Indaiabira Itacambira Jaíba Janaúba Josenópolis Mamonas Mato Verde Monte Azul Montezuma Ninheira Nova Porteirinha Novorizonte Padre Carvalho Pai Pedro Porteirinha Riacho dos Machados Rio Pardo de Minas Rubelita Salinas Santa Cruz de Salinas Santo Antônio do Retiro São João do Paraíso Serranópolis de Minas Taiobeiras Vargem Grande do Rio Pardo Total 2020 13.278 4.779 6.268 5.145 5.600 7.722 6.681 31.384 5.333 5.245 15.374 7.264 5.461 39.014 71.248 4.692 6.607 12.495 21.550 8.165 10.154 7.250 5.214 6.101 6.026 37.661 9.047 30.161 7.314 41.754 4.102 7.079 23.577 4.719 34.511 4.922 0 a 4 anos 883 332 419 327 415 546 498 2.120 323 343 1.094 478 390 2.990 5.242 321 415 814 1.362 594 692 493 352 414 424 2.502 614 2.152 429 2.962 230 507 1.676 319 2.494 351 5 a 9 anos 898 329 419 342 406 523 496 2.198 315 356 1.118 481 401 3.121 5.504 305 434 884 1.460 590 712 508 347 395 422 2.656 631 2.171 435 3.180 233 493 1.759 317 2.627 364 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 34 anos 35 a 39 anos 40 a 44 anos 45 a 49 anos 50 a 54 anos 55 a 59 anos 60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos 80+ 890 321 446 311 464 534 527 2.019 472 333 1.059 429 301 3.405 4.875 388 320 687 1.110 567 592 500 342 548 405 2.231 679 1.957 537 2.486 282 486 1.430 308 2.281 307 1.086 366 568 401 596 695 693 2.236 538 338 1.294 548 394 3.553 5.620 456 393 801 1.345 710 842 578 412 604 488 2.597 751 2.586 692 2.922 350 630 1.741 367 2.698 401 1.181 381 676 495 652 748 620 2.479 576 444 1.516 709 476 3.835 6.290 545 501 937 1.655 822 887 625 501 610 548 2.859 844 3.160 743 3.314 403 734 2.079 379 2.953 485 1.204 412 653 490 592 666 592 2.769 496 513 1.492 664 508 3.805 6.243 489 553 1.093 1.827 770 911 642 441 630 600 3.180 886 2.765 688 3.384 360 651 2.325 389 2.979 475 Fonte: Elaboração própria a partir de projeções do Cedeplar-UFMG 1.077 414 526 369 522 613 557 2.700 389 405 1.359 551 489 3.543 6.044 398 469 979 1.561 669 772 599 410 584 457 3.051 832 2.635 464 3.313 265 566 2.165 356 2.777 420 933 392 421 344 413 535 493 2.529 381 371 1.174 533 457 3.359 5.695 335 480 899 1.537 626 772 595 423 475 459 3.080 709 2.333 461 3.212 259 543 1.861 392 2.680 375 873 313 371 336 317 518 437 2.020 297 363 1.022 452 416 2.492 5.004 262 450 877 1.485 535 661 523 315 406 405 2.599 553 2.076 427 2.877 260 489 1.597 320 2.322 296 789 278 330 330 278 449 379 1.824 239 311 855 428 301 1.945 4.173 201 439 832 1.348 472 619 470 286 272 356 2.372 445 1.728 375 2.607 235 393 1.279 255 2.069 315 711 255 295 338 241 430 345 1.743 232 310 824 418 307 1.835 3.932 220 425 809 1.473 425 573 404 280 243 327 2.303 487 1.595 406 2.436 228 349 1.249 281 1.903 273 681 258 306 301 192 336 307 1.624 218 299 697 391 251 1.396 3.353 194 446 734 1.317 348 523 354 229 248 270 2.080 416 1.335 360 2.115 208 301 1.057 260 1.686 223 568 219 243 226 158 313 210 1.451 220 264 544 320 216 1.175 2.790 176 356 566 1.134 332 402 282 208 189 254 1.715 313 1.078 340 1.868 209 278 967 242 1.499 199 482 162 230 190 128 277 183 1.187 215 192 456 283 175 941 2.236 149 271 502 910 228 393 217 197 187 209 1.520 299 895 315 1.639 203 242 821 165 1.173 152 397 139 154 131 94 206 149 904 167 173 347 219 153 696 1.681 91 248 398 797 185 290 186 162 109 152 1.154 227 663 245 1.229 128 153 611 155 893 103 286 93 95 105 59 160 89 683 105 114 233 165 119 489 1.165 80 184 300 557 135 235 142 130 83 107 777 159 487 184 970 111 125 453 98 603 75 340 116 118 109 75 173 106 899 150 116 289 195 107 435 1.401 82 223 384 672 159 277 133 179 103 143 986 200 546 213 1.241 136 136 507 117 874 107 170 Tabela A.4 – População dos municípios da Região de Referência Norte de Minas, segundo grupos etários - 2025 Nome_município Águas Vermelhas Berizal Botumirim Catuti Cristália Curral de Dentro Divisa Alegre Espinosa Fruta de Leite Gameleiras Grão Mogol Indaiabira Itacambira Jaíba Janaúba Josenópolis Mamonas Mato Verde Monte Azul Montezuma Ninheira Nova Porteirinha Novorizonte Padre Carvalho Pai Pedro Porteirinha Riacho dos Machados Rio Pardo de Minas Rubelita Salinas Santa Cruz de Salinas Santo Antônio do Retiro São João do Paraíso Serranópolis de Minas Taiobeiras Vargem Grande do Rio Pardo Total 2025 13.515 4.977 6.154 5.126 5.526 8.128 7.082 31.361 5.064 5.268 15.503 7.214 5.694 41.779 72.971 4.791 6.693 12.280 21.124 8.508 10.284 7.129 5.345 6.252 6.050 37.384 8.876 30.569 7.076 42.731 3.955 7.140 24.057 4.856 36.175 4.990 0 a 4 anos 835 321 393 294 391 531 494 1.945 307 314 1.035 441 379 3.058 4.936 324 381 713 1.204 577 642 442 347 414 394 2.247 577 2.024 407 2.754 211 483 1.564 310 2.393 323 5 a 9 anos 838 317 389 303 387 524 497 1.993 295 321 1.049 444 385 3.094 5.143 304 396 763 1.265 578 666 461 335 391 398 2.360 577 2.058 414 2.928 211 475 1.629 307 2.497 336 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 34 anos 35 a 39 anos 40 a 44 anos 45 a 49 anos 50 a 54 anos 55 a 59 anos 60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos 80+ 855 317 392 318 380 511 503 2.071 291 334 1.076 449 394 3.252 5.432 289 418 832 1.363 583 683 479 334 382 399 2.509 594 2.091 424 3.140 215 465 1.715 309 2.653 350 846 312 414 294 431 531 538 1.895 435 311 1.015 397 292 3.529 4.800 367 312 644 1.037 564 559 468 331 537 382 2.095 632 1.885 522 2.428 263 458 1.393 301 2.308 294 1.032 358 529 382 555 698 704 2.090 489 318 1.233 509 383 3.629 5.474 444 390 747 1.260 708 790 534 407 596 463 2.426 696 2.486 661 2.826 326 600 1.694 360 2.706 383 1.146 384 640 479 615 763 634 2.348 526 427 1.468 674 480 3.918 6.168 547 512 885 1.574 834 849 579 509 617 528 2.711 797 3.089 706 3.264 379 713 2.060 381 2.987 472 Fonte: Elaboração própria a partir de projeções do Cedeplar-UFMG 1.192 423 625 480 563 672 600 2.659 455 502 1.460 642 525 3.859 6.109 500 571 1.039 1.760 783 889 597 450 635 583 3.049 842 2.720 649 3.365 343 643 2.317 394 3.006 470 1.069 422 506 360 498 614 560 2.610 361 399 1.328 543 511 3.562 5.874 404 478 926 1.508 673 766 565 414 577 445 2.937 792 2.593 434 3.292 254 565 2.138 359 2.771 415 932 399 402 337 390 540 492 2.456 357 369 1.144 531 471 3.335 5.508 331 484 857 1.488 627 774 564 419 462 447 2.974 671 2.291 430 3.171 251 542 1.821 396 2.648 369 875 318 352 330 293 530 435 1.965 277 363 989 448 422 2.448 4.813 255 450 838 1.439 536 665 498 312 388 394 2.512 513 2.020 395 2.820 252 485 1.562 324 2.286 291 781 280 307 323 251 463 376 1.776 218 305 816 419 300 1.891 3.987 193 435 798 1.298 469 619 445 282 258 343 2.292 407 1.659 345 2.547 227 380 1.245 256 2.030 304 693 253 269 329 214 436 339 1.692 210 301 774 401 294 1.756 3.735 208 417 773 1.401 415 563 380 274 226 312 2.217 441 1.503 369 2.372 216 326 1.209 278 1.877 259 656 253 274 288 167 335 297 1.568 193 284 640 366 235 1.308 3.171 177 423 688 1.235 329 496 327 219 226 254 1.980 372 1.229 322 2.049 194 273 1.009 252 1.670 208 538 207 214 206 134 304 195 1.383 190 244 481 290 196 1.085 2.612 154 326 527 1.038 300 375 259 194 168 232 1.594 280 962 298 1.774 187 240 886 222 1.457 181 446 148 195 163 105 260 163 1.081 177 173 388 247 152 847 2.034 123 237 453 801 197 358 193 177 164 186 1.357 262 771 264 1.486 171 206 713 144 1.094 132 345 122 122 107 72 183 126 775 129 148 279 180 126 590 1.440 71 204 338 660 151 248 157 136 90 127 971 188 538 193 1.048 101 122 499 127 785 85 435 144 132 134 80 232 127 1.055 153 154 328 231 146 618 1.734 98 258 457 795 185 344 182 205 122 163 1.154 235 652 244 1.467 152 164 604 137 1.007 118 171 Tabela A.5 – População dos municípios da Região de Referência Norte de Minas, segundo grupos etários - 2030 Nome_município Águas Vermelhas Berizal Botumirim Catuti Cristália Curral de Dentro Divisa Alegre Espinosa Fruta de Leite Gameleiras Grão Mogol Indaiabira Itacambira Jaíba Janaúba Josenópolis Mamonas Mato Verde Monte Azul Montezuma Ninheira Nova Porteirinha Novorizonte Padre Carvalho Pai Pedro Porteirinha Riacho dos Machados Rio Pardo de Minas Rubelita Salinas Santa Cruz de Salinas Santo Antônio do Retiro São João do Paraíso Serranópolis de Minas Taiobeiras Vargem Grande do Rio Pardo Total 2030 13.677 5.150 6.011 5.078 5.424 8.499 7.450 31.158 4.793 5.257 15.546 7.137 5.898 44.425 74.182 4.877 6.740 11.985 20.550 8.815 10.373 6.962 5.457 6.359 6.044 36.850 8.658 30.784 6.814 43.472 3.796 7.169 24.377 4.967 37.664 5.033 0 a 4 anos 762 303 353 264 353 501 469 1.752 270 285 955 403 355 3.000 4.556 303 354 629 1.059 546 593 386 329 375 362 2.003 517 1.846 367 2.572 183 443 1.434 293 2.277 299 5 a 9 anos 794 308 366 272 366 510 494 1.831 281 294 994 410 375 3.169 4.849 307 364 670 1.120 562 618 414 331 391 371 2.123 544 1.938 393 2.727 194 453 1.521 299 2.399 310 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 34 anos 35 a 39 anos 40 a 44 anos 45 a 49 anos 50 a 54 anos 55 a 59 anos 60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos 80+ 798 306 364 283 363 513 505 1.878 273 301 1.009 415 378 3.224 5.077 288 381 718 1.181 570 639 435 322 378 376 2.230 544 1.983 403 2.892 195 448 1.588 299 2.522 324 813 308 364 301 354 509 514 1.945 268 312 1.031 417 382 3.372 5.351 274 408 781 1.274 580 645 449 323 375 377 2.358 554 2.016 412 3.069 201 438 1.672 301 2.685 335 814 309 391 283 406 540 554 1.793 400 296 979 374 288 3.651 4.735 362 313 609 984 570 532 437 331 535 366 1.982 594 1.835 505 2.379 248 442 1.373 299 2.345 285 1.008 362 504 372 527 716 725 1.993 449 307 1.201 487 389 3.732 5.403 448 401 710 1.206 723 761 498 416 608 449 2.315 662 2.446 632 2.801 310 586 1.690 364 2.756 375 Fonte: Elaboração própria a partir de projeções do Cedeplar-UFMG 1.139 395 614 471 587 773 645 2.263 485 419 1.440 655 497 3.987 6.055 561 531 844 1.521 850 831 540 521 625 515 2.607 759 3.049 667 3.255 361 707 2.060 386 3.025 468 1.186 432 602 470 539 675 605 2.578 424 496 1.432 634 550 3.890 5.954 509 584 985 1.705 791 885 564 455 630 570 2.944 803 2.684 609 3.353 330 643 2.293 399 3.010 465 1.070 431 485 353 471 622 561 2.540 340 398 1.298 543 529 3.546 5.694 401 484 884 1.464 677 769 538 411 563 434 2.843 751 2.552 405 3.259 246 565 2.098 364 2.745 409 936 406 383 332 361 555 492 2.395 334 370 1.110 528 481 3.284 5.310 322 486 822 1.445 630 780 538 415 442 436 2.880 623 2.234 399 3.116 244 538 1.784 401 2.612 363 868 320 328 323 265 548 433 1.917 254 357 946 440 420 2.385 4.608 246 447 805 1.388 533 666 472 308 368 381 2.432 470 1.943 364 2.761 243 470 1.524 325 2.247 281 762 277 280 315 223 471 370 1.728 198 297 768 403 290 1.814 3.796 183 427 763 1.236 459 609 419 276 239 328 2.212 369 1.566 314 2.485 215 355 1.207 254 2.006 288 669 248 241 315 186 436 328 1.636 186 286 712 375 276 1.649 3.539 191 396 728 1.316 394 535 351 263 206 294 2.114 394 1.385 330 2.302 201 296 1.156 269 1.862 241 623 242 241 263 141 325 278 1.495 167 263 566 332 213 1.208 2.971 156 387 640 1.131 295 462 301 204 201 232 1.841 334 1.098 282 1.946 174 237 926 231 1.624 189 499 189 181 178 110 285 173 1.260 157 221 410 254 172 977 2.379 127 285 477 914 260 341 231 174 146 206 1.425 245 830 250 1.611 158 204 769 193 1.360 159 389 128 155 132 81 230 138 927 139 148 312 204 125 720 1.746 97 196 386 663 161 308 163 149 136 156 1.143 217 625 209 1.269 136 164 583 119 961 108 545 186 158 152 91 291 167 1.225 170 205 384 265 178 816 2.157 103 294 535 944 214 399 226 228 140 189 1.401 279 755 271 1.676 156 180 697 170 1.228 133 172 ANEXO B – Relações de comércio regional do Norte de Minas Mapa 8 Fluxos de compras da microrregião de Grão Mogol (2005-2030),em participação do volume total de compras 173 Mapa 9. Fluxos de vendas da microrregião de Grão Mogol (2005-2030),em participação do volume total de compras . 174 Mapa 10. Fluxos de compras da microrregião de Janaúba (2005-2030),em participação do volume total de compras 175 Mapa 11. Fluxos de vendas da microrregião de Janaúba (2005-2030),em participação do volume total de vendas 176 Mapa 12. Fluxos de compras da microrregião de Salinas (2005-2030),em participação do volume total de compras 177 Mapa 13. Fluxos de vendas da microrregião de Salinas (2005-2030),em participação do volume total de vendas