UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas Coordenação de Licenciatura em Química Supervisão do Trabalho de Conclusão de Curso JHENTHUELLE FERNANDES GARCIA ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PARA O ENSINO DE QUÍMICA. EM FOCO: A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA REMEDIAR ORIENTADOR: PROF. MSC. CLAUDIO ROBERTO MACHADO BENITE Anápolis 2011 JHENTHUELLE FERNANDES GARCIA ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PARA O ENSINO DE QUÍMICA. EM FOCO: A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA REMEDIAR Trabalho de conclusão de curso sob a orientação do Professor MSc. Claudio Roberto Machado Benite submetido ao corpo Docente da coordenação de Química Licenciatura da Universidade Estadual de Goiás como parte dos requisitos necessários para obtenção do titulo de Licenciado em Química. Orientador: Profº MSc Cláudio Roberto Machado Benite Anápolis 2011 JHENTHUELLE FERNANDES GARCIA DEDICATÓRIA A Deus. Ele é tudo pra mim, e é somente para honra e gloria d‟Ele que esta vitória. Te amo Deus! À minha família, que sempre me incentivou, apoiou, compreendeu e me ajudou. Vocês são o bem mais precioso da minha vida! Amo vocês! AGRADECIMENTOS Obrigada Deus, por esta vitória! Só Você, para renovar as minhas forças, e dar entendimento para estar aqui hoje. Família, vocês são o meu maior tesouro! Ronnie Peterson, meu esposo querido, companheiro, amado da minha alma. Obrigada pela compreensão, incentivo, amor e carinho a mim dedicados. Mamãe Berenice. Sei que você deve estar mais feliz do que eu mesma, pois seu amor é incondicional. Você sempre me incentivou a estudar, a ter uma profissão. Obrigada! Jonhlesley e Jhenning, meus amadíssimos irmãos. Obrigada por sempre poder contar com vocês. Obrigada pelo carinho, amor e compreensão. A Adriana, que tanto me ajudou no curso. Obrigada por sua amizade. Ao José Jamil, parceiros de fé e também no curso. Como ele mesmo diz: Para fazer este curso tem que ter muita fé! Ao meu orientador, Cláudio Benite. Torço muito por você! Obrigada. Obrigada a Ivany, minha sogra, pelo apoio. Aos alunos: Érica Lima de Oliveira, Gabriel Victor Simões Dutra, Thamirys de Paula Garcia e Túlio Natalino de Matos. Obrigada por transcreverem a aplicação do projeto. Que Deus os abençoe. Obrigada a todos que, de alguma forma, contribuíram para que hoje eu pudesse estar este trabalho de conclusão de curso. Sim, grandes coisas fez o Senhor por nós, e por isto estamos alegres. Os que semeiam com lágrimas, com cânticos de júbilo segarão. Aquele que sai chorando, levando a semente para semear, voltará com cânticos de júbilo, trazendo consigo os seus molhos. Salmos 126:3, 5 e 6. RESUMO A revolução tecnológica nas informações e comunicações, impulsionadas pela expansão do uso de computadores e a internet, transformaram nossa sociedade e nossa cultura. Sob esta mesma perspectiva, tradicionais técnicas se tornaram ineficazes diante à chegada da nova geração cibercultural às escolas de ensino médio do país. Anápolis, devido à sua importância no cenário industrial farmacêutico brasileiro apresenta grande empregabilidade para analistas químicos, porém, a sociedade demonstra conhecer pouco sobre esta área de trabalho. Utilizando a pesquisa participante, desenvolveu-se um objeto virtual de aprendizagem (OVA) interativo, denominado “Indústria Farmacêutica Remediar”, no qual foi utilizado como um facilitador da aprendizagem de ciências/química; em sua construção, buscou-se aliar tecnologia, processos químico-farmacêuticos e a química vivenciada no cotidiano do aluno. Na aplicação do OVA, um representante da fictícia “Indústria Farmacêutica Remediar” acompanhou os alunos a conhecerem a indústria, desde as etapas produtivas de um fármaco ao controle de qualidade, no qual formam utilizados os recursos das analogias na contextualização. O OVA que abrangeu ciências/química e tecnologia teve uma boa aceitação entre os alunos. Palavras Chave: Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) - Objeto Virtual de Aprendizagem (OVA) – Contextualização. ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1: ........................................................................................................... 21 Figura 2: Tela principal do OVA. ...................................................................... 31 Figura 3: Instruções de Méedi para acessar os hiperlinks. .............................. 31 Figuras 4 e 5: Receita do Delicioso Bolo de Cenoura e a Primeira parte das instruções de preparo. .................................................................................. 33 Figura 6: Frame apresentando função de hiperlink em “Medicamentos” ......... 33 Figura 7: Frame explicativo sobre “Medicamentos”. ......................................... 34 Figura 8: Representação do processo produtivo. ............................................. 35 Figura 9: Representação de um espectro de identificação por infravermelho. . 35 Figura 10: Personagem Accentiv, renomeado como "Méedi" neste OVA. ....... 40 Figuras 11 e 12: Frames referente a área 1 “Apresentação". .......................... 41 Figura 13: Primeira tela do item 2 "Que Delícia!" ............................................. 42 Figura 14: Frame relacionado ao Bolo de Cenoura.......................................... 43 Figura 15: Frame que representa a função do fermento em pó no preparo de um bolo ......................................................................................................... 45 Figura 16: Frame que representa a função do fermento em pó no preparo de um bolo ......................................................................................................... 46 Figura 17: Frame representando a introdução do conceito medicamento ....... 47 Figura 18: Personagem Fred, explicando o conceito de "Medicamento". ........ 48 Figuras 19 – 21: Retomada de conceitos tratados na produção do Bolo de Cenoura. ....................................................................................................... 49 Figura 22: Demonstração da embalagem de um medicamento. ...................... 50 Figuras 23 e 24: Exemplificação de concentração ........................................... 52 Figuras 25 - 27: Definições de medicamento de referência, similar e genérico, respectivamente. ........................................................................................... 53 Figura 28: representação do medicamento Genérico Amoxicilina. .................. 54 Figura 29: Representação de suspensão tratada no OVA. .............................. 55 Figura 30: Fluxograma e ênfase no almoxarifado. ........................................... 56 Figura 31: Questionamentos levantados por Méedi. ........................................ 58 Figuras 32 – 36: Aspectos para reprovação da matéria-prima ovo...................59 Figura 37: Frame explicativo sobre Decomposição. ......................................... 60 Figuras 38 e 39: Análise descritiva. .................................................................. 60 Figuras 40 e 41: Análise descritiva. .................................................................. 61 Figura 42: Especificação, matéria prima e produto acabado ........................... 61 Figuras 43 – 46: Introdução ao controle de qualidade. .................................... 62 Figura 47: Análise de Solubilidade ................................................................... 63 Figura 48: Utilização de indicador ácido-base alternativo. ............................... 64 Figura 49: Análise de Dissolução. .................................................................... 66 Figura 50: Análise de Identificação Colorimétrica ............................................ 66 Figura 51: Equipamentos de emissão de radiação infravermelha e ultravioleta. ...................................................................................................................... 66 Figura 52: Explicação sobre Radiação infravermelha e ultravioleta ................. 67 Figura 53: Análise de Doseamento por Titulação............................................. 67 Figura 54: Análise de Doseamento por Cromatografia .................................... 67 Figura 55: Explicação sobre Cromatografia ..................................................... 68 Figura 56: Quais profissionais podem atuar como analista químico ................ 68 Figura 57: Agradecimentos de Méedi. .............................................................. 69 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................11 1. REVISÃO LITERÁRIA ................................................................................. 16 1.1 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ............................ 16 1.2 A UTILIZAÇÃO DAS TICS NA EDUCAÇÃO ............................................. 20 1.3 OS OBJETOS VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DE CIÊNCIAS/QUÍMICA .................................................................................... 24 2. METODOLOGIA .......................................................................................... 30 2.1 CONSTRUÇÃO DO OVA........................................................................... 32 2.2 APLICAÇÃO DO OVA ............................................................................... 37 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 38 3.1 DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DO OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM ......................................................................................... 40 3.1.1 ÁREA 1: “APRESENTAÇÃO” ............................................................... 40 3.1.2 ÁREA 2: “QUE DELÍCIA” – BUSCANDO O COTIDIANO DO ALUNO . 42 3.1.3 ÁREA 3: “MEDICAMENTOS” ................................................................ 46 3.1.4 ÁREA 4: “PROCESSOS PRODUTIVOS” ............................................. 57 3.1.5 ÁREA 5: “CONTROLE DE QUALIDADE” ............................................ 58 4 . CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 71 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 73 10 INTRODUÇÃO Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN‟s) propõem um Ensino Médio que promova ao aluno conhecimentos, informações, competências, habilidades e valores capazes de se constituírem em instrumentos reais de percepção, de satisfação, de cultura, de interpretação, de julgamento, de atuação e de aprendizado permanente (BERNARDO, 2009). O ensino de ciências/química deve ser eficaz no nível de promover o letramento científico, no qual se refere às habilidades e conhecimentos que constituem a leitura e a escrita no plano social, ou seja, uma pessoa letrada cientificamente é aquela capaz de decodificar a linguagem escrita e que efetivamente faz uso desta tecnologia na vida social de uma maneira mais ampla (MAMEDE e ZIMMERMANN, 2005). Assim, o professor deve assumir o papel de mediador do conhecimento, de forma atual e contextualizada com intuito dar suporte à formação do cidadão crítico e responsável. Assim, ao término deste ensino, os alunos devem estar preparados a resolver problemáticas do dia-a-dia, interpretar fenômenos vivenciados em seu cotidiano e também possuir visão crítica sobre a influência da ciência e da tecnologia no mundo. (HAZEN e TREFIL, 1995 apud TEIXEIRA e MARAMATSU, p.2, [s.a.]). A divulgação da ciência não deve estar restringida apenas a espaços exclusivos para isto, como museus, planetários, exposições científicas (KRASILCHIK e MARANDINO, 2004; AFONSO, 2001), mas deve ser trazida para dentro da escola. Assim, o letramento científico deve ser eficaz a ponto de proporcionar: Compreender como esta ciência está inserida no contexto social e humano, assim como entender e saber se posicionar em relação aos impactos desta ciência na sua cultura e na sociedade onde vive (SABBATINI, 2003, apud TEIXEIRA e MARAMATSU, p.4). A Química é a ciência da matéria, que estuda as propriedades das substâncias e as leis naturais que regem suas transformações, é: 11 [...] a ciência que tende a favorecer o progresso da humanidade, desvendando as leis naturais que regem a transformação da matéria; a tecnologia química, que dela decorre, é a soma de conhecimentos que permite a promoção e o domínio dos fenômenos que obedecem a essas leis, para sistemático usufruto e benefício do homem (CUOCOLO, 2005, p.53). Por sua vez, a química pode ser conceituada como a atividade do químico. É tudo aquilo que o químico faz e como ele realiza este trabalho. Portanto, o trabalho do químico apresenta os aspectos prático e teórico, no qual este é sempre uma interação entre o fazer e o pensar, a prática e a teoria (CHAGAS, 1997). O profissional da química tem por seu dever, conforme descrito em seu código de ética: “ajudar a coletividade na compreensão justa dos assuntos técnicos de interesse público”(CUOCOLO, 2005, p.54). Assim, é dever do Químico, levar à sociedade o conhecimento químico, pois esta ciência auxilia o homem a compreender melhor o mundo em que vive e contribuir para a melhoria de sua qualidade de vida. [...] o fenômeno está materializado na atividade social. E é isso que vai dar significação para a Química do ponto de vista do aluno. São as relações sociais que ele estabelece através dessa ciência que mostram que a Química está na sociedade, no ambiente. (MACHADO, MORTIMER e ROMANELLI, 2000, p. 276) A escola desempenha papel fundamental na preparação do indivíduo para a sociedade. Além da formação estudantil, também deve tratar a construção de cidadãos conscientes de seu papel. Vale ressaltar que esta sociedade passa por um período de transformações tecnológicas e a nova geração chega agora às escolas com diferentes identidades socioculturais das do período da formação dos professores (WAGNER, 2010). Isto ocorre porque o mundo vem passado por uma denominada revolução tecnológica. Com o advento dos computadores e a criação da internet, as distâncias encurtaram e as informações são cada vez mais rápidas. O resultado é uma maior facilidade nos processos e nos relacionamentos, maior interação social através das redes sociais; assim ela tem revolucionado os meios de comunicação, permitindo a possibilidade de múltiplas interações, sensações, direções e ambiente virtual em tempo real (LÉVY, 1981, LEMOS, 2002 apud SILVA, 2006, p. 2). As tecnologias da informação e comunicação presentes no quotidiano 12 criam a necessidade da atualização do ensino; assim, a educação é desafiada a acompanhar estas mudanças, inserindo-se as TIC‟s no contexto escolar. O professor ao refletir sobre sua prática deve surgir questionamentos quanto ao modo de proceder, tanto quanto no espaço quanto no tempo. Sabe-se que mudar a cultura não é uma tarefa fácil, mas torna-se necessária ao passo que a sociedade evolui (LÉVY, 1981, LEMOS, 2002, apud SILVA, 2006). Frente a isto, pesquisas vêm sendo desenvolvidas para que novas metodologias sejam utilizadas na busca de uma melhor qualidade do processo de ensino-aprendizagem (HERRONE, NURRENBERN, 1999). O professor é o profissional que atua mais próximo ao aluno; ninguém melhor do que ele para diagnosticar as necessidades de seus alunos, e atuar como desenvolvedor de seus próprios instrumentos de ensino. Isto requer domínio das ferramentas (computador e software) e também conhecimento específico da área a ser abordada. A proposta neste trabalho foi a de desenvolver um OVA contextual à cidade de Anápolis, associando o conhecimento técnico e o teórico, de uma acadêmica do curso de química licenciatura e que também atua em uma indústria farmacêutica desta cidade. A utilização do computador no desenvolvimento de um OVA torna-se muito interessante, pois pode ser acrescentadas diferentes formas de animação, som e imagem. Uma opção encontrada foi a utilização de um programa de simples operação podendo ser utilizado para a confecção do projeto, da empresa Microsoft Office, o PowerPoint. Com base nestes pressupostos, o OVA produzido trata do ensino de ciências/química envolvendo contextualização, medicamentos, processos produtivos e áreas de controle de qualidade. 13 1. REVISÃO LITERÁRIA 1.1 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Comunicar significa compartilhar informações, ter êxito no que se pretende informar. Para que haja comunicação, além do emissor transmitir a mensagem, o receptor deve ser capaz de compreendê-la. Se isto não ocorrer, significa que não houve comunicação, pois apenas a transmissão de conhecimentos não é comunicação (Chiavenato, 2005 apud IEL et al, 2010). Já a tecnologia, segundo Vargas (1994, apud MORTIMER e SANTOS, 2002), pode ser definida por “[...] um conjunto de atividades humanas, associadas a sistemas de símbolos, instrumentos e máquinas, visando à construção de obras e à fabricação de produtos por meio de conhecimento sistematizado” (p.8). O homem possui a necessidade de se comunicar. Isso é evidenciado pelos instrumentos e locais com esta finalidade, ao longo de sua história: rádio, telefone fixo, jornal impresso, televisão, telefone móvel, celular, internet, microfones, balcões de atendimento automatizado, os altares nas igrejas, os palcos nos shows... Assim, a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) pode ser definida como um conjunto de tecnologias utilizadas para reunir, compartilhar e distribuir informações (MENDES, 2002). Segundo Belloni (2005, apud LAMBACH [s.a.]), as TICs: [...] são o resultado da fusão de três grandes vertentes técnicas: a informática, as telecomunicações e as mídias eletrônicas. [...] vão desde as “casas ou automóveis inteligentes” até os andróides reais e virtuais para finalidades diversas, incluindo toda a diversidade de jogos on line (p.9). Esta nova era das TICs surgiram no contexto da Revolução Informacional, podendo ser denominada de Revolução Telemática ou de Terceira Revolução Industrial. Seu desenvolvimento foi gradativo, iniciando-se na secunda metade da década de 70, porém, com maior desenvolvimento na década de 90 (LAMBACH, [s.a]). A criação da internet foi um marco no modo de vida do homem. Desde a sua criação e crescente expansão, ela propicia um maior acesso a 14 informações, facilitando processos e maior interação social; Isso é verificado em todo o mundo. Pode-se dizer que ela revolucionou os meios de comunicação; com ela, obtem-se uma nova lógica nestes processos, propiciando não só a emissão como a dos métodos tradicionais, mas a possibilidade das múltiplas interações, sensações, direções, o ambiente virtual, o tempo real. (LÉVY, 1981, LEMOS, 2002 apud SILVA 2006; PACIEVITCH, 2009). No Brasil não é diferente. Na internet, inúmeros são os sistemas de acesso comunicação e informação, criando uma imensa rede capaz de promover interação entre as pessoas, no país e no mundo. Os instrumentos podem ser: e-mail, fóruns de discussões, reuniões online, chat, comunidades sociais, grupos de amizade virtual, entre outros (PACIEVITCH, 2009). Nos grupos sociais, alguns contendo expressões e fotos do proprietário (Orkut), outros com a adição do bate-papo virtual imediato entre o grupo de amizade (FacebooK) ou a presença da forte mídia social, porém objetiva (Twitter) vem revolucionando os relacionamentos humanos, pois possibilitam que pessoas comuns se interajam e se expressem perante o mundo (VALENTE, 2010). Assim, de acordo com Machado (1993) “a pluralidade significante é dada como dispositivo material: o sujeito não apenas interpreta mais ou menos livremente, como também organiza e estrutura, ao nível mesmo da produção" (p. 180). As alterações no comportamento das relações interpessoais podem ser facilmente notadas, basta observar-se ao redor. As praças, que antes eram o ponto de encontro de muitos, estão gradativamente sendo substituídos por outros locais, alguns reais como shoppings-centers, e outros virtuais com o acesso pela internet. As crianças, cada dia mais atraídas por dispositivos eletrônicos, deixam de lado os tradicionais brinquedos; assim, a sociedade tem se orientando do espaço físico para o virtual, sob novas formas de entendimento. Segundo o Pierry Lévy (1998, apud FERRARI, 2010), a motivação no sentido de tornar a inteligência coletiva: [...] passa pela prosperidade econômica, educacional e social, fortalecendo os direitos humanos e a transmissão das heranças culturais, gerando um planeta mais sustentável. Hoje a vida social passa pelo digital. [...] tudo será armazenado na Internet e a 15 computação baseada em tag vai modificar nosso dia a dia, criando uma inteligência coletiva reflexiva, ou melhor, autorreflexiva (p.47). Com o advento da internet e o avanço das TIC‟s, novas expressões estão sendo introduzidas pela mídia social. As tags (taxonomias próprias) como o scrap (palavra inglesa que significa recado), o SMS (Short Message Service serviço de curta mensagem), WWW (sigla de World Wide Web – rede de mundial de comunicação que permite o uso de imagens e textos na Internet).(BARBOSA, 2010). Também outras podem ser citadas: 3G (Terceira geração de padrões e tecnologias de telefonia móvel), PC (Personal Computer ou computador pessoal), on-line (conectado à internet), Site (endereço das páginas de internet), CD (Compact Disc – disco compacto), Chat (diálogo pela Internet através de textos), WAP (sistema que permite a comunicação e transferência de dados em sistemas sem fio como celulares e palmtops) entre outros, tornaram-se populares (BARBOSA, 2010). Resultados apresentados pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação no Brasil (CETIC.br) revelam que são cada dia maior o número de brasileiros que encontram na internet um referencial para pesquisas de conteúdo, para se manterem informados e socialmente inseridos (BECHARA, 2010). Outra pesquisa realizada em 2009 revelou que, no Brasil, a sociedade registrou aumento no crescimento na aquisição de equipamentos eletrônicos em relação ao ano de 2008. O telefone celular atingiu 78% da população, e o computador de mesa a 30%, este com aumento de sete pontos percentuais. O telefone fixo teve um aumento de 4%, e nas cidades, a TV por assinatura teve um crescimento, de 7% para 10% e a antena parabólica, de 20% para 26%.(FERRARI, 2010). Nesta pesquisa, quanto à avaliação no quesito “atividades desenvolvidas na Internet”, o item “Comunicação” liderou, com 90% de preferência, seguidos pela opção “Lazer”, com 86%. Quanto aos “sites de relacionamento”, o crescimento foi de 2% em relação a 2008. Assim, as redes sociais e a internet levaram a maior parte do crescimento quanto ao uso da internet no Brasil. As classes B e C foram as maiores responsáveis pelo impacto nas taxas positivas citadas (FERRARI, 2010). 16 As tecnologias da informação e comunicação são, portanto recursos utilizados para que o homem seja capaz de acompanhar as transformações socioculturais; O tempo se torna algo precioso, que deve ser muito bem administrado. O resultado obtido nesta economia de tempo pode ser investido na geração de conhecimento; o conhecimento, na geração de riquezas e bem estar. Consequentemente, nesta sociedade atual, entender os significados da cibercultura e seus mecanismos se tornam fundamentais para que qualquer indivíduo esteja socialmente inserido (FERRARI, 2010). As tecnologias evoluem em quatro direções fundamentais: Do analógico para o digital (digitalização); Do físico para o virtual (virtualização); Do fixo para o móvel (mobilidade); Do massivo para o individual (personalização). (FIORINA [s.a.] apud SILVA, 2006, p.1) 17 1.2 A UTILIZAÇÃO DAS TICS NA EDUCAÇÃO Na Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira, artigo 35, um dos objetivos do Ensino Médio é a “[...] compreensão dos fundamentos científicotecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina” (BRASIL, 1999, v. I, p.34). Posteriormente, no artigo 36, parágrafo 1º, prescreve que o aluno deve demonstrar como competências o domínio de princípios científicos e tecnológicos que guiam a produção moderna. Nos PCNEM‟s, sobre conhecimento e tecnologia prescreve: [...] a presença da tecnologia no Ensino Médio remete diretamente às atividades relacionadas à aplicação dos conhecimentos e habilidades constituídos ao longo da Educação Básica, dando expressão concreta à preparação básica para o trabalho prevista na LDB. (BRASIL, 1999, v. I, p.95). A escola desempenha papel fundamental na preparação do indivíduo para a sociedade. Além da formação estudantil, também deve tratar a construção de cidadãos conscientes de seu papel. Vale ressaltar que esta sociedade passa por um período de transformações tecnológicas e a nova geração, chega agora às escolas com diferentes identidades socioculturais das do período da formação dos professores. (LÉVY, 1981, LEMOS, 2002 apud SILVA, 2006). Pesquisas mostram que os jovens sabem utilizar as tecnologias mais modernas, de modo mais efetivo do que os de maior idade. Estatísticas revelam que as faixas etárias de 10 a 24 anos de idade apresentam percentuais muito mais elevados no domínio de habilidades quanto ao uso de tecnologias como o computador e a Internet do que as demais. Resultante disto, esforços no sentido de aprimorar o ensino principalmente nestas faixas etárias, impactaria muito mais os estudantes do que em outras (WAGNER, 2010). Nas palavras de Soares (2006, apud LAMBACH [...]): Não basta atrair a atenção, isto de certa forma já acontece naturalmente, porque as TCI já exercem certo fascínio nas novas gerações. A questão mais importante refere-se a como garantir uma 18 educação de qualidade com a utilização das TCI e como definir as formas de utilização mais pertinentes em cada contexto de formação, consideradas as condições e as necessidades inerentes a cada contexto e as novas tensões sociais que aí se refletem em função do crescente processo de globalização. [...] o aspecto de [...] relação com as TCI assume um lugar/papel estratégico (p.10 e 11). As tecnologias da informação e comunicação presentes no quotidiano criam à necessidade da atualização do ensino, assim, a educação é desafiada a acompanhar essas mudanças, inserindo-se as TIC‟s no contexto escolar. O professor ao refletir sobre sua prática deve questionar-se quanto ao modo de proceder, tanto quanto no espaço quanto no tempo. Sabe-se que mudar a cultura não é uma tarefa fácil, mas torna-se necessária ao passo que a sociedade evolui (LÉVY, 1981, LEMOS, 2002 apud SILVA 2006). No Brasil, grande parte das famílias possui acesso à internet. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) em 2010 revelou que, no Brasil, 45% da população têm acesso à internet (GOMES, 2011). A pesquisa também apresentou pontos negativos. Em uma pontuação de 0 a 10, em que são avaliadas 10 dimensões, a pontuação do Brasil foi de 6,75. Segundo a pesquisa, um dos pontos que contribuiu pelo resultado da nota baixa foi devido a fatores educacionais, motivados pela falta de interesse dos estudantes brasileiros pela área de exatas (GOMES, 2011). Isso demonstra que métodos tradicionais de ensino, que antes eram eficazes, vão gradativamente perdendo a sua aprovação entre os estudantes. Seria a desatualização do ensino, a desmotivação do interesse dos estudantes pela escola? Entre muitos aspectos, a qualidade de ensino começa pelo próprio professor, no qual deve ser capaz de utilizar de forma funcional os recursos disponíveis das TIC‟s nas escolas, principalmente nas públicas. Em lugar de transmissor do conhecimento, este deve o mediador do conhecimento, orientador. A ele cabe o papel de seleção de conteúdos e informações necessárias na geração de materiais contextuais, de forma que se desenvolva o pensamento crítico quanto a resolução de problemáticas cotidianas, sua interferência sobre a atuação no mundo. O objetivo deve ser que a aprendizagem se torne significativa, e que esta ocorra de modo natural 19 (LÉVY, 1981, LEMOS, 2002 apud SILVA, 2006). Mediatilizar o conhecimento, segundo Belloni (2005, apud LAMBACH, [s.a.]), significa: [...] codificar as mensagens pedagógicas, traduzindo-as sob diversas formas, segundo o meio técnico escolhido (por exemplo, um documento impresso, um programa informático didático, ou um videograma) [...]. Do ponto de vista da produção de materiais pedagógicos, mediatizar significa definir as formas de apresentação de conteúdos didáticos, previamente selecionados e elaborados, de modo a construir mensagens que potencializem ao máximo as virtudes comunicacionais do meio técnico escolhido no sentido de compor um documento auto-suficiente, que possibilite ao estudante realizar sua aprendizagem de modo autônomo e independente (p. 26). Segundo Machado (2002, apud SPINELLI [s.a]), conforme demonstrado na figura 1, a pirâmide informacional pode ser utilizada como auxílio na compreensão de alguns termos utilizados sobre as concepções do conhecimento: Figura 1: Pirâmide Informacional (MACHADO, 2002) Na base da pirâmide, os dados seriam todo o tipo de conteúdo disponível nos meios de comunicação: jornais, revistas, internet etc. A depuração dos dados se transformaria em informação, iniciando a organização de significados. A compreensão destas informações e suas conexões entre si gerariam o conhecimento e esta, deveria ser um importante objetivo do trabalho pedagógico, porém não o principal (MACHADO, 2002, apud SPINELLI 20 [s.a.]). Nesta perspectiva, segundo Machado (2002, apud SPINELLI [s.a]), o mais importante seria o direcionamento a ser determinado no sentido de se projetar, pois este é decisivo para que o conhecimento se torne significativo e alcance o nível da inteligência. O início do processo se daria no momento de sua idealização, onde a perspectiva do olhar à pirâmide deveria ser de seu topo para a sua base. O uso das TIC‟s, se bem trabalhadas no ensino, aproximam o ambiente social do escolar, propõe ao aluno o conhecimento de diversas áreas do saber, uma melhor compreensão do mundo real e virtual presentes em sua vida. Desta forma, “Ensinar é organizar situações de aprendizagem, criando condições que favoreçam a compreensão da complexidade do mundo, do contexto, do grupo, do ser humano e da própria identidade” (SILVA, 2006, p.10). 21 1.3 OS OBJETOS VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DE CIÊNCIAS/QUÍMICA Os PCNEM‟s propõem que o currículo de química aborde pontos como o desenvolvimento de atividades complementares e desfragmentadas (BRASIL, 2006). Este ensino não deve abordar conteúdos como um fim em si mesmo, mas deve propiciar situações de aprendizagem que possibilitem aos alunos compreenderem a sociedade, de tal forma que atuem nela de forma crítica. A transformação educacional torna-se necessária a fim de que o conhecimento adquirido nas escolas tenha aplicabilidade cidadã. (BRASIL 2006; PEREIRA, 2008). Quanto à área do ensino de ciências/química, a expressão tecnologia apresenta-se fortemente conectada aos processos produtivos, industriais e à questões ambientais. As prescrições contidas no PCNEM‟s (BRASIL, 1999) ressaltam que os conteúdos a serem abordados no desenvolvimento das práticas de ensino, desde as transformações químicas até o julgamento: [...] os conteúdos a serem abordados nessa fase devem se referir aos materiais extraídos e sintetizados pelo ser humano, bem como aos materiais introduzidos no ambiente em decorrência dos processos de fabricação e de uso. Devem abordar as implicações econômicas, sociais e políticas dos sistemas produtivos agrícola e industrial. [...] Esses conhecimentos exigem, entre outras, competências e habilidades de reconhecer o papel da Química no sistema produtivo, reconhecer as relações entre desenvolvimento científico e tecnológico e aspectos sociopolítico-econômicos [...], reconhecer limites éticos e morais envolvidos no desenvolvimento da Química e da tecnologia, apontando a importância do emprego de processos industriais [...] (v. III: 35) O tratamento das disciplinas de ciências/química nas escolas, no nível médio, portanto, a priori deve atender os requisitos contidos nos parâmetros curriculares nacionais. Estes parâmetros orientam que a educação deve ser desenvolvida de forma que os alunos, ao concluírem esta fase estudantil, devem também estar aptos a resolverem problemáticas em seu dia-a-dia, entender fenômenos por si vivenciados, enfim “[...] ter o conhecimento necessário para entender debates públicos sobre questões de ciência e tecnologia”. (HAZEN e TREFEIL, 1995 apud COELHO e PEREIRA, [s.a]). Assim, o cidadão deve possuir, no mínimo, um conhecimento em relação às ciências/química que atenda às suas necessidades básicas, contribuindo 22 para seu próprio bem estar e o da sociedade em que vive como um todo. Conforme define McCONNELL (1982, apud MORTIMER, SANTOS, 2002). Tomada de decisão pública pelos cidadãos em uma democracia requer: uma atitude cuidadosa, habilidades de obtenção e uso de conhecimentos relevantes, consciência e compromisso com valores e capacidade de transformar atitudes, habilidades e valores em ação. Todos esses passos podem ser encorajados se uma perspectiva de tomada de decisão for incorporada ao processo educacional (p.5). Desta forma, o cidadão deve estar capacitado a agir conscientemente no mundo ao ser redor, e também inserir-se como membro ativo da sociedade política e econômica em evolução, na qual ciência e tecnologia estão fortemente ligadas. O ensino de ciências/química nas escolas deve ser trabalhado numa perspectiva contextual e desfragmentada. O conhecimento adquirido nas aulas deve ter aplicabilibidade no cotidiano e este deve ir além da memorização, a fim que a linguagem química utilizada adquira sentido. O conjunto das ações educativas, deve também levar ao aluno formar para si um “[...] vocabulário básico de conceitos científicos, além de entender o seu significado e compreender as interligações das palavras deste vocabulário com as ações sociais” (Sabbatini, 2003 apud TEIXEIRA e MURAMATSU, 2007), ou seja, o objetivo é que “o indivíduo não apenas sabe [saiba] ler o vocabulário científico, mas é [seja] capaz de conversar, discutir, ler e escrever coerentemente em um contexto não técnico, mas de forma significativa” (SANTOS et al., 2003 apud LAMBACH, [s.a], p.4). O contato com a química na vida do cidadão se dá diariamente. Ao ir ao comércio, este conhecimento pode ser utilizado como poder de decisão como a opção por sacos de papel a de plástico, pois estes se degradam mais rapidamente no meio ambiente; optar por bebidas que utiliza embalagens retornáveis, o que geraria uma menor quantidade de resíduos; compreender o que diz os rótulos dos produtos resulta numa escolha crítica, pois, produtos mais caros nem sempre são os melhores. Estes exemplos são apenas alguns que são por nós vivenciados rotineiramente, sendo assim de natureza essencial ser trabalhados nas salas de aula. É papel do professor de ciências/química disponibilizar seu conhecimento em favor da cidadania (LIMA et al., 2002). Desta forma, os educadores químicos devem levar ao aluno a 23 importância da química em sua vida, sua razão de ser, como ela é importante e esta presente no dia-a-dia, ressaltando o que realmente é: uma ciência específica, que interroga a natureza e controla as respostas por meio de uma linguagem específica e por meios de instrumentos técnicos. Isso a torna mais próxima e a situa no campo real de sua atuação (BRASIL, 2006). Com o novo mundo tecnológico ao redor e com a evolução da ciência, o ensino de ciências/química nas escolas torna-se um imenso desafio para aqueles que se desejam aceita-lo (MARTINS, 1998). [...] o ensino praticado nas escolas não está propiciando ao aluno um aprendizado que possibilite a compreensão dos processos químicos em si e a construção de um conhecimento químico em estreita ligação com o meio cultural e natural, em todas as suas dimensões, com implicações ambientais, sociais, econômicas, ético-políticas, científicas e tecnológicas (BRASIL, 2006, p.107). O professor, antes de entrar em sala de aula, prepara sistematicamente o que será ensinado: seleciona conteúdos, se há temas nos quais não domina, pesquisa e aprende, desenvolve atividades e organiza tudo na forma que julga mais adequado para o entendimento do aluno. Este trabalho é muito importante, porém, no contexto mundial de desenvolvimento de novas tecnologias da informação e comunicação, não é o bastante. Desta forma, o ensino deve se atualizar e novas situações de aprendizagem devem ser criadas (SPINELLI, [s.a]). No ensino, além da abordagem contextual, a local, também deve-se relacionar à outra mais ampla, a global. Não dá para ignorar isto, pois o homem vive em um mundo de relações mútuas entre as culturas locais e globais, promovidas pela globalização (ASSIS e BONILLA, 2005 apud BENITE et al., 2011). O conhecimento da ciência aliado à tecnologia mostrou ser uma combinação perfeita para o avanço das civilizações. A sociedade moderna atual tende a exigir muito dos indivíduos, pois os desafios aumentaram à medida que esta evoluiu. Antes, o conhecimento uma vez adquirido, era garantia de bons salários. Hoje, o profissional que não procura se atualizar constantemente perde melhorias salariais e mercado. Assim, ser alfabetizado científica e tecnologicamente, tornou-se um pré-requisito para resolver os 24 desafios da vida moderna. No ensino isto não é diferente. O professor é um profissional entre inúmeros outros e também deve estar atualizado, disponível e flexível às inovações (PIETROCOLA, [s.a], p.3 e 4). . Bernstein (1996, apud ABREU, 200830) enfatiza sobre a importância do dever do profissional moderno formar a sua "empregabilidade", ou seja, a habilidade de adquirir a formação continuada em resposta às novas exigências do trabalho e da vida. O incessante avanço de conhecimentos e tecnologias requer indivíduos cada vez mais capacitados e flexíveis para operarem nestes sistemas. Dessa forma, estão sendo modificadas as relações de trabalho, de vida, de controle e de poder e o professor, deve estar atento a estas mudanças. As ciências/química, por ter uma linguagem simbólica por natureza, estão relacionadas com as formas de expressão. Elas podem ser expressas pelo professor de ciências/química com diversos recursos didáticos: quadro e giz, televisão, imagens e com grande destaque, o computador. (BENITE, et al., 2011). O uso do computador, que vem revolucionando a sociedade em todas as profissões, também é um importante meio a ser utilizado no ensino. Com ele, diferentes modos de comunicação podem ser criados, com diversas estruturas, que variam de textos personalizados a recursos gráficos animados. Os modelos teóricos, apresentados nos livros de forma estática, podem ser recriados para possibilitar a interação do aluno com o objeto de aprendizagem (GIORDAN e MELEIRO, 2003). Pode-se definir, o objeto de aprendizagem, segundo Institute of Electrical and Electronics Engineers, IEEE1 (2004, apud LAMBACH, [s.a]): [...] uma entidade, digital ou não-digital, que pode ser usada, reusada ou referenciada durante o ensino com suporte tecnológico. Exemplos de ensino com suporte tecnológico incluem sistemas de treinamento baseados no computador, ambientes de aprendizagem interativos, sistemas instrucionais auxiliados por computador, sistemas de ensino a distância e ambientes de aprendizagem colaborativa. Exemplos de objetos de aprendizagem incluem conteúdo multimídia, conteúdos instrucionais, objetivos de ensino, software instrucional e software em 1 Esta instituição integra o Learning Technology Standards Committee, é responsável por desenvolver normas, recomendações e guias para implementação de sistemas de e-learning (plataformas). 25 geral e pessoas, organizações ou eventos referenciados durante um ensino com suporte tecnológico (p.11). Newberry (1999, apud ABREU, 2008) destaca a relação entre ciência e tecnologia, que, embora caminhem juntas, são diferentes. O foco e/ou ênfase da ciência é na aquisição e compreensão do conhecimento, e a tecnologia, os resultados obtidos na utilização do conhecimento oriundo da ciência. Assim, o ponto forte da tecnologia está na relação homem com as inovações e a influência do desenvolvimento do saber e suas experiências. Aulas com a utilização de novas tecnologias são boas formas de aproximar o contexto do dia-a-dia da maioria dos alunos ao da sala de aula. Segundo Lévy (1999), a cibercultura define-se como um “[...] conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, [...] que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (p.17). Este novo formato de material didático pode ser denominado de Objeto Virtual de Aprendizagem (OVA). Outra definição, segundo Wiley (2000, apud BENITE, et al., 2011), assim argumenta: Os objetos de aprendizagem são elementos de um novo tipo de instrução baseada em computador apoiada no paradigma da orientação a objetos da informática. A orientação a objetos valoriza a criação de componentes (chamados “objetos”) que podem ser reutilizados em múltiplos contextos. (p. 3). Grandes são as potencialidades da utilização de ambientes de aprendizagem virtual, dentre as quais se podem citar: a experimentação por simulação (GIORDAN, 1999, apud GIORDAN et al, 2003 apud GIORDAN e MELEIRO, 2003); o subsídio na elaboração de modelos mentais (GIORDAN et al, 2003, apud GIORDAN e MELEIRO, 2003); a definição pelo usuário da sequência preferencial de leitura, pois possibilita o acesso não linear às informações (GIORDAN et al, 2003, apud GIORDAN e MELEIRO, 2003); reutilização do material em diversos contextos de ensino-aprendizagem (MENDES et al, 2005, apud BENITE et al, 2011); a vantagem de consultas rápidas (EICHLER e DELL PINO, 2006 apud AMARAL et al, 2007); o modelo estrutural em blocos, o que possibilita a construção do contexto da aprendizagem (TAROUCO, 2003 apud BENITE et al, 2011); as possibilidades 26 de vários eixos temáticos e a ampliação do significado de algum tema central através de novos tópicos interligados (EICHLER e DELL PINO, 2006 apud AMARAL et al, 2007), dentre outros. Para Fabre et al, (2003), os OVA‟s são “recursos suplementares ao processo de aprendizagem, [...] projetados e construídos em pequenos conjuntos” (p.2), com a finalidade de potencializar ao máximo o ensino/aprendizagem. Segundo Giordan e Meleiro (2003), esta nova estratégia de ensino, são plataformas de alto valor cognitivo. Com a apresentação de sua estrutura própria, possibilita estabelecer novas relações e contribuir para a construção de significados, pois possibilita o trabalho em conjunto de diversos recursos de mídia e linguagem. Também diz que esta nova proposta, até o atual momento foi pouco explorada e não totalmente compreendida. 27 2 . METODOLOGIA Trata-se de uma Pesquisa Participante com o enfoque de levar aos alunos de química do ensino médio, conhecimentos químicos através de um módulo instrucional cujo tema central é a produção de fármacos, envolvendo o processamento e análises físico-químicas nas etapas produtivas. Huynh (1919, apud BORDA e BRANDÃO, 2001), define a pesquisa participante como: [...] pesquisa da ação voltada para as necessidades básicas do indivíduo [...] que responde especialmente às necessidades de populações que compreendem operários, camponeses, agricultores e índios [...] levando em conta suas aspirações e potencialidades de conhecer e agir. É a metodologia que procura incentivar o desenvolvimento autônomo (autoconfiante) a partir das bases e uma relativa independência do exterior. (p.43) O pesquisador participante optou pela área da química, devido à empregabilidade destes profissionais no segmento industrial da região, em especial nesta cidade. Matriculou-se no curso técnico de Química Industrial, e durante o curso descobriu uma rotina de atuação muito diferente do que imaginava, durante o ensino médio. Muitos jovens de classe econômica baixa, sem estrutura financeira familiar para os manterem em uma universidade particular, ou mesmo em instituições públicas de cursos integrais e/ou diurnos, encontram em instituições de ensino técnico uma alternativa para adquirirem uma profissão. Isto porque são cursos mais rápidos que os cursos de graduação, e os salários após empregados, lhes possibilitam manterem-se, em universidades públicas ou privadas. Anápolis é um importante pólo nacional na produção de fármacos e a empregabilidade para profissionais na área da química é grande. A necessidade de mão de obra qualificada, nesta área, tem atraído profissionais de outros estados. Isto é vivenciado pelo pesquisador na indústria onde trabalha, devido ao grande número de vagas ocupadas por profissionais oriundos de vários estados brasileiros, como São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. 28 O pesquisador, após concluir o ensino técnico de Química Industrial, passa a atuar na indústria, e logo após, opta por iniciar o curso graduação de Química Licenciatura na Universidade Estadual de Goiás, para ter uma segunda opção de trabalho. Com o decorrer do curso de graduação, aprende sobre a grande importância do professor de ciências/química trabalhar em sala de aula conteúdos químicos aplicáveis ao cotidiano. O presente trabalho inicia-se primeiramente através da detecção pelo pesquisador que a população, de modo geral, pouco conhece sobre a sua profissão – analista químico. Por diversas vezes, quando lhe perguntaram: “Qual a sua profissão?” e ele respondia: “Analista químico”, era com dificuldade que era compreendido, principalmente pelo baixo conhecimento das ciências pela sociedade. O OVA foi desenvolvido para aplicação entre alunos de ensino médio, para que, além de ensinar química, possibilitasse evidenciar, mesmo que de forma breve, como seria a atuação de um químico dentro de uma indústria farmacêutica. Em uma pesquisa realizada entre 360 estudantes secundaristas, revelou que, os fatores que mais interferem na escolha profissional é o interesse pelas atividades da profissão (75,8%), seguidos por aptidões (52,2%) e mercado de trabalho (38,3%). Desta forma, parte-se do princípio de que se não há informações sobre a atuação em determinada profissão, ela terá menor probabilidade de ser opção de escolha entre as existentes (LIMA e RAMOS, 1996). O ensino de ciências/química nas escolas tem sido ineficiente quanto à formação do cidadão. A má qualidade no ensino causa uma deficiência de conhecimentos químicos básicos, aplicáveis ao cotidiano; isto impede o cidadão exercer melhor suas escolhas. Por exemplo, um mesmo produto em que variam as marcas, ao interpretar dados descritos em seus rótulos poderia aumentar o poder de compra, pagando menos por um produto em que se tem a mesma qualidade a outro de referência. O conhecimento químico aprendido nas salas de aula deve ser integrado na vida social do cidadão. Quando o conhecimento disponível é aplicável, este se torna um fator muito importante da aprendizagem significativa. Porém, só isto não basta. A ação educativa também deve ser desenvolvida em uma 29 linguagem acessível ao grupo alvo. Pensando nisto, foi construído um módulo instrucional pelo pesquisador participante, que atua como Analista Químico em uma indústria Farmacêutica, e também, durante o período do estágio atuou na educação básica. O OVA utiliza-se analogias para se explicar conceitos químicos relacionados ao processo industrial de fabricação de um medicamento popular, a Amoxicilina Suspensão, com ênfase à função de controle de qualidade. 2.1 CONSTRUÇÃO DO OVA A parte teórica do OVA foi retirada dos livros de química: ATKINS e JONES, Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente, 2001; CANTO e PERUZZO, Química na abordagem do Cotidiano, Volume 1, 2003. Outras informações também foram provenientes de sites e do resultado de 5 anos de experiência profissional do pesquisador na área de atuação no controle de qualidade físico-químico em uma indústria farmacêutica desta cidade. A função por ele ocupada é de analista químico pleno, na função específica de matéria prima, em um uma indústria farmacêutica desta cidade. As imagens utilizadas no módulo foram todas retiradas de diversos sites da internet, no qual se utilizou principalmente, o site de pesquisas “Google” para as imagens. Para confecção da parte estrutural foi utilizando o programa PowerPoint, da Microsoft, devido à sua menor complexidade quanto à construção. O módulo mediado pelo computador aproxima o aluno da realidade tecnológica da nova geração. O módulo tem o princípio estrutural de um filme, em que ao selecionar um link, o abre-se a janela de destino que se escolheu. Na tela principal, conforme mostrado na figura 2, permite o acesso aos 5 links existentes, que resultam no total de 149 frames. Visualmente o objetivo foi o de criar a aparência de um site de uma indústria farmacêutica, porém com estrutura semelhante a um filme, subdividido em capítulos. A indústria farmacêutica foi denominada como “Indústria Farmacêutica Remediar”. Imagens e outros 30 objetos se movimentam, e possuem efeitos de animação, para mais se assemelhar aos sites de indústrias reais. Figura 2: Tela principal do OVA. Na faixa de opções, na área “1. Apresentação”, a personagem “Méedi” é o representante da empresa se apresenta e fornece informações de como será a visita virtual. Ele dialoga com o receptor através da linguagem escrita, por meio de balões, e acompanha o visitante até o término da visita. Também informa que próximo a pontos de interrogação que aparecerão tem-se a aplicação de hiperlinks; neste, outro personagem, o “professor Fred” aparece em outra tela na qual é o responsável pelo o esclarecimento das dúvidas. Figura 3: Instruções de Méedi para acessar os hiperlinks. 31 Na área “2. Que Delícia”, vários pontos são abordados no preparo de um bolo de cenoura: proporção, unidades de medida, manipulação, ordem lógica (figuras 4 e 5), matérias primas e função destas no produto final. Figura 4 Figuras 4 e 5: Receita do Delicioso Bolo de Cenoura e a Primeira parte das instruções de preparo. Na área “3. Medicamentos”, inicia-se indagando sobre o que uma indústria farmacêutica produz. A partir deste momento, começa-se a aparecer os hiperlinks com a opção tira-dúvidas. O ponto de interrogação possui efeito de pisca-pisca em todas as aparições nos frames. Figura 6: Frame apresentando função de hiperlink em “Medicamentos” 32 A figura mostra o momento em que foi acionada a opção tira-dúvidas, pelo hiperlink. Quando se termina de ler, basta clicar no “X” vermelho que aparece, e então se retorna a posição do frame anterior representado pela figura 6. Figura 7: Frame explicativo sobre “Medicamentos”. Neste item também são trabalhados conceitos de matéria prima, formulação, princípio ativo, excipiente, misturas homogêneas, concentração, géis coloidais, medicamentos genéricos e similares, interpretação das informações apresentadas nos rótulos dos medicamentos entre outros. Na área “4. Processos Produtivos” o processo produtivo dos fármacos são representados em forma de fluxogramas, indicando as principais etapas do processo produtivo, em passos, conforme demonstrado na figura 8. No total, são “9 passos”.Na área “5. Controle de Qualidade”, inicia-se relacionando conceitos de qualidade e especificação, da matéria prima “ovo” e segue relatando o que ocorre quando o ovo degrada, abordando os julgamentos de apto e não apto para consumo. 33 Figura 8: Representação do processo produtivo. O conceito análise é portanto introduzido com o exemplo do “ovo”, e prossegue com exemplificações de análises mais simples, como acidez e basicidade, utilizando indicador natural até a técnicas mais complexas, como análise de identificação por infravermelho demonstrada na figura 9. Figura 9: Representação de um espectro de identificação por infravermelho. O módulo encerra-se no final deste item, destacando os profissionais que podem atuar como analistas de controle de qualidade, em um laboratório 34 de análises físico-químicas. 2.2 APLICAÇÃO DO OVA O OVA foi aplicado no período matutino em uma turma de 1º ano do ensino médio, no Colégio Estadual Rotary Donana, situado do bairro Santa Maria de Narazeth, desta cidade. Foram disponibilizados para aplicação 3 horários seqüenciais, antes do intervalo do recreio. Para aplicação do OVA, os alunos foram encaminhados para o laboratório de informática, no qual se organizaram em grupos de 2 e 3 alunos, com 10 computadores em funcionamento e uma turma num total de 25 alunos. Para auxiliar o professor na aplicação, estavam presentes a responsável pelo laboratório e um estagiário. A aula foi ministrada pelo professor da disciplina de química. O conteúdo visto pelos alunos anteriormente a esta aula foram Lei de Proust e Lavoisier. Para auxiliar o professor na aplicação, foi utilizada uma televisão de 29‟‟ no qual foi utilizada como monitor de um computador, para facilitar no esclarecimento dos passos. No início da aplicação, os alunos foram incentivados a fazer perguntas, 1 de cada vez para ser possível a clareza no registro da voz. A faixa etária dos alunos é de 13 à 17 anos, porém, a maioria da sala possui 14 anos, cerca de 60% da turma. 35 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A escola é a instituição social que se ocupa, de forma intencional, com o conhecimento e a recriação cultural de crianças, jovens e adolescentes, possibilitando que se constituam sujeitos históricos inseridos em determinado contexto social (BENITE, 2009). De acordo com Vigotski (2001), a aprendizagem escolar, por ser intencional e sistemática, deve proporcionar desenvolvimento, dificilmente alcançado fora de um contexto escolar adequado. Para dar início a análise desta pesquisa, apresenta-se a seguir o OVA intitulado “Indústria Farmacêutica Remediar” e sua aplicação numa turma da rede pública de 1º Ano, turno matutino do Colégio Estadual Rotary Donana. O projeto foi aplicado no laboratório de informática desta escola, em que haviam 10 computadores disponíveis aos alunos. Desta forma, os alunos se agruparam em duplas ou trios em cada máquina, já que a quantidade de alunos presentes nesta data era 25. O professor, aqui tratado como “P1” inicia o diálogo, lançando uma pergunta com o objetivo de identificar as concepções dos alunos sobre as atividades realizadas por um analista químico em uma indústria farmacêutica, como demonstra o diálogo a seguir. (P1): Alguém sabe o que um químico faz numa Indústria Farmacêutica? (A15): Faz remédio. (A5): Separa os remédios. (P1): Alguém tem outra idéia do que um químico faz numa Indústria Farmacêutica? (A5): Faz fórmulas de remédios. (P1): Faz as fórmulas dos remédios? (Todos): Então faz os remédios! (A2): Coloca os produtos químicos no remédio? (P1): Ah! Quase isso... (P1): A partir de agora vocês irão descobrir o que o químico faz em uma indústria farmacêutica. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996) o ensino médio é considerado a última etapa da educação básica, tanto por finalizar uma longa etapa de formação quanto por coincidir com a maturidade sexual e intelectual daqueles que seguem o ritmo de escolarização regular (BRASIL, 2006). Para Vigotski (1997) é nessa etapa que a capacidade 36 de abstração do indivíduo se desenvolve, constituindo seu poder de apropriação do conhecimento. Entretanto, deve-se considerar que o ensino escolar não é composto só de conhecimentos específicos das áreas que compõem seu currículo, mas de “construções históricas que adquirem sentidos e significados próprios de acordo com o contexto. Na escola, criam-se intencionalmente e de forma planejada os contextos a serem estudados” (BRASIL, 2006, p.103). A química, como área disciplinar, possui suas especificidades, linguagem específica e sua forma de interrogar a natureza. Além disso, utiliza de técnicas e instrumentos próprios da área para controlar sua variáveis e que são manipulados por profissionais denominados “Químicos ou educadores químicos” (BRASIL, 2006). Concorda-se com Santos e Schenetzler (1996) que a Química como componente curricular da educação básica possui como função social a formação cidadã e, para que isso aconteça, deve haver uma aproximação do conteúdo ao cotidiano do aluno. Os temas químicos devem contribuir para o desenvolvimento de habilidades básicas voltadas para a formação cidadã como a capacidade de tomada de decisões a partir de discussões relevantes trazidas pelo professor de aspectos sociais que exigem dos alunos posicionamento crítico quanto a escolhas e soluções, como o próprio papel do químico numa indústria. É neste sentido que P1 dá sequencia no diálogo ressaltando o mercado de trabalho de um químico industrial no município de Anápolis-GO dando ênfase na área de farmoquímica. (P1): Em Anápolis tem muita Indústria Farmacêutica? (Todos): Tem! (A10): A Teuto! (A7): Neoquímica! É de grande importância que no ensino, aspectos econômicos, que fazem parte de um contexto social sejam abordados nas salas de aula. A grande quantidade de indústrias farmacêuticas do Estado de Goiás, nas quais a grande maioria está localizada no Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA), se instalaram na cidade, atraídas por incentivos fiscais e devido à localização estratégica. As indústrias farmacêuticas, totalizando 20 no DAIA, empregam 37 mais de 6000 pessoas na região. Fora do Distrito são outras seis. Isto gera um expressivo fator no PIB no Estado. Assim, Anápolis é de grande importância no cenário nacional em indústrias farmoquímicas, ocupando a posição de segundo lugar neste segmento, com destaque para a produção de medicamentos genéricos, dados do Sistema Nacional de Empregos – SINE/Anápolis. Assim, como a função do ensino médio também é preparar os alunos para o ensino superior cabe ao professor de química apresenta-los as características e competências desse profissional além de seu campo de atuação, conforme a fala de P1 a seguir. (P1): Quem optar em Química como curso superior terá oportunidades de emprego em Anápolis! Desta forma, o ensino da química assume um novo papel e diferente do que tem sido realizado atualmente: campo de atuação profissional. 3.1 DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DO OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM Segundo Benite et al (2009) o objetivo da construção e aplicação de OVA‟s é “permitir a articulação de conceitos e construtos teóricos a partir do uso de diferentes tipos de representações simbólicas do conhecimento químico para alunos do ensino médio” (p.74). Como o OVA em questão foi desenvolvido em áreas, a aplicação foi realizada em ordem seqüencial a estas áreas: área 1.Apresentação; área 2.Que Delícia; área 3.Medicamentos; área 4.Processos Produtivos; área 5.Controle de Qualidade. Atividades desse tipo são elaboradas visando a organização dos aprendizes em pequenos grupos, objetivando o estabelecimento de maior interação entre os sujeitos na realização da atividade mediada, fornecendo ao aluno “a possibilidade de se apropriar dos conhecimentos químicos por meio da resolução de um problema” (Benite et al, 2011, p.74). 3.1.1 ÁREA 1: “APRESENTAÇÃO” 38 Inicialmente, o professor instruiu os alunos a clicarem na área “Apresentação”. Os programas de visita das indústrias farmacêuticas se procedem de forma que um funcionário da empresa acompanha os visitantes para conhecerem a indústria. Este funcionário deve se apresentar bem trajado, deve também ter boa aparência, ser comunicativo e conhecer, de modo geral, como é o funcionamento de toda a indústria. Neste OVA, foi proposto uma visita virtual, onde uma personagem desempenha esta função. A imagem 3D encontrada em um site de buscas na internet, foi escolhida por apresentar características visuais compatíveis com o que se desejava, além da personagem se apresentar em quatro diferentes posições possibilitando uma melhor expressão corporal, auxiliando a comunicação. Figura 10: Personagem Accentiv, renomeado como "Méedi" neste OVA. A proposta do nome para a personagem foi de que esta deveria apresentar características capazes de representar sua função. Na personagem, o nome “Méedi” foi escolhido por lembrar a palavra “medicamento” e também “remédio”. Na “Apresentação”, a personagem “Méedi” surge como representante da “Indústria Farmacêutica Remediar”. “Méedi” descreve que a visita virtual, possibilitará aos visitantes entenderem a relação da química 39 do cotidiano com a de uma indústria farmacêutica, entendimento sobre os constituintes do medicamento, como garantir a qualidade dos medicamentos e também um breve conhecimento do processo produtivo do principal produto, que é a Amoxicilina Suspensão. Figuras 11 e 12: Frames referente a área 1. “Apresentação". 3.1.2 ÁREA 2: “QUE DELÍCIA” – BUSCANDO O COTIDIANO DO ALUNO Após a “Apresentação”, retornou-se a tela principal pela função “hiperlink” aplicado nos botões de ação, inseridos na posição inferior direita dos frames. Esta função foi utilizada em todos os frames produzidos, pois possibilita a movimentação entre diferentes frames, com apenas um clique, tanto no avanço quanto no retorno de uma tela, ou também a um diferente arquivo. Na tela principal prosseguiu-se clicando no item 2, “Que Delícia”. Neste momento, abriu-se uma janela em que foi dada a continuidade à visita virtual à indústria. No item “Que Delícia”, o personagem convida o aluno a fazer um lanchinho, antes da visita, conforme demonstrado na figura 13. Atualmente, a contextualização é vista como um dos “eixos centrais organizadores das dinâmicas interativas no ensino de Química” (BRASIL, 2006, 40 p. 117), abordando situações reais trazidas do cotidiano do aluno ou criadas na sala de aula por meio de experimentos. Figura 13: Primeira tela do item "2. Que Delícia!" El_Hani e Bizzo (1999 apud SILVA, 2007) apontam princípios no ensino que relacionam a contextualização à aprendizagem na construção de conhecimentos. Um deles é o modelo de ensino que ressalta a importância do conhecimento prévio dos alunos, sobre suas impressões do mundo ao seu redor. Aqui, a tentativa de contextualização é iniciada a partir da produção de um bolo de cenoura com cobertura de chocolate, prática comum na cozinha brasileira. (P1): Alguém aqui já fez bolo de cenoura? (Todos): Já. (A7): Minha mãe já fez. Na educação em química, são muitas as práticas cotidianas conhecidas envolvendo conceitos que podem extrapolar a visão simplista de senso comum, articulando a teoria com a prática, por meio do diálogo em sala de aula, atribuindo significados aos conceitos de forma coletiva contrapondo-se a prática de transmissão de conhecimentos (BRASIL, 2006). Neste caso, concorda-se com Benite et al (2011) que: 41 [...] a intenção no desenvolvimento dessa atividade não é a memorização, mas o exercício do pensar e se expressar corretamente, identificando e solucionando um problema de tomada de decisão e com forte apelo visual, que rege todo o desenvolvimento da mídia apresentada (p. 74). A visão é a base da aprendizagem humana. Concorda-se com Sá et al (2007) que “a linguagem, a comunicação e as múltiplas formas de expressão cultural ou artística constituem-se de imagens e apelos visuais cada vez mais complexos e sofisticados” (p.13). Na escola não é diferente, os conteúdos geralmente “privilegiam a visualização em todas as áreas de conhecimento, de um universo permeado de símbolos gráficos, imagens, letras e números” (p.13). No OVA, é dado a receita de um bolo, intitulada como “Delicioso Bolo de Cenoura”. Ao passar o cursor nos ítens que referenciam os ingredientes, no momento que ele é citado, a imagem é representada no canto superior para destacar os diferentes ingredientes que o compõe, como mostra a figura 14. Figura 14: Frame relacionado ao Bolo de Cenoura Assim, a receita do bolo é utilizada para serem introduzidos conceitos de proporções, mistura homogênea, a função dos ingredientes, o procedimento de preparo e utensílios utilizados na produção de um bolo. Estes elementos são essenciais para que, por analogia, possam ser entendidos os constituintes e as etapas na produção de um medicamento. 42 Para Duit (1991), o processo analógico é a “[...]comparação entre estruturas ou relação entre dois domínios” (p.649-650, tradução nossa). Ortonny e Vosniadou (1989 apud PÁDUA [s. a.]) definem que este processo, “[...] envolve a transferência de informação relacional de um domínio que já existe na memória (normalmente referido como a fonte ou domínio base) para um campo a ser explicado (referido como o domínio alvo)” (p.6, Tradução Nossa). Guyton (1988) defende que metáforas e analogias possuem uma função modeladora, pois as experiências, uma vez adquiridas, são tratadas como padrões de referência para experiências futuras. Assim a analogia pode ser utilizada na resolução de problemas: Geralmente quem tenta solucionar um problema seleciona um análogo fonte de sua memória (seleção), mapeia o análogo fonte sobre o análogo alvo, gerando inferências a respeito do análogo alvo (mapeamento), avalia e adapta tais inferências a fim de se dar conta dos aspectos singulares do análogo alvo (avaliação) e, finalmente, aprende algo genérico a partir do sucesso ou insucesso da analogia (aprendizado).(SANTOS T, 1990, p. 11) Bloom (1992) enfatiza a importância do uso das analogias no ensino, pois estas são capazes de fornecer aos estudantes um nível seguro e confortável, que permitem a conexão de seu mundo ao das teorias e abstrações, característica das ciências/química. No OVA, o resultado obtido após se tratar do tema proposto no item 2 pode ser verificado, segundo o diálogo abaixo: (P1): E se eu quiser fazer um bolo maior, o que eu devo fazer com os ingredientes? (Todos): Coloca em maior quantidade. (P1): Mas eu devo aumentar qualquer quantidade? (Todos): Não, aumenta só a metade... (P1): Então, se eu for fazer o dobro eu tenho que duplicar. E se eu for fazer a metade? (Todos): Diminui tudo pela metade. Estequiometria, palavra de origem grega (stoicheon, elemento; metron, medida), introduzida para se para se referir à medida de elementos químicos em substâncias, é um assunto pouco trabalhado no ensino médio. Seu ensino, porém, é fundamental, já que se baseia em leis ponderais da 43 química, principalmente nas de Lavoisier (conservação da massa) e de Proust (proporções constantes) (CAZZARO, 1999). Para verificar se os alunos haviam compreendido a necessidade de seguir determinado procedimento (ordem e medida) no preparo do bolo, P1 questiona. (P1): Tem jeito de se fazer o bolo sem picar a cenoura? (Todos): Não! (P1): Não... E o bolo ficará bom se eu começar misturando primeiro a farinha, depois o leite, os ovos, e o restante dos ingredientes? (A7): Não. (P1): Então, ao se preparar o bolo, há uma ordem correta de preparo. No OVA também é mostrado que cada ingrediente possui uma função específica. Esta abordagem dará a base quanto ao entendimento de que cada matéria prima possui uma função específica nos medicamentos, assim como no bolo proposto, conforme na figura 15. Figura 15: Frame que representa a função do fermento em pó no preparo de um bolo. 3.1.3 ÁREA 3: “MEDICAMENTOS” Não se sabe quando exatamente se deu o início da utilização de substâncias químicas pela humanidade. No princípio, a maioria delas eram empregadas em poções preparadas a partir de extratos de plantas, 44 utilizadas como chás para cura de doenças ou como bebida sagrada, em rituais e festividades pagãs (BARREIRO, 2001). Galeno, precursor da farmácia, prescrevia o óprio para tratamento de doenças como epilepsia, asma, cólicas, dores de cabeças dentre outras. Paracelsus, no século XVI como anestésico e em 1804, foi comprovado ser o mais poderoso analgésico até então descoberto, batizado como morfina. Sua rota de síntese foi descoberta em 1952; posteriormente, descobriu-se que esta substância causava dependência física. Aliando o avanço tecnológico, fármacos puderam ser desenvolvidos em larga escala. Atualmente, tem-se que aproximadamente 85% dos fármacos utilizados sejam de origem sintética. (BARREIRO, 2001) No OVA, a terceira área trata de medicamentos. “Méedi” inicia indagando aos alunos sobre o que uma indústria farmacêutica produz, como mostra a figura 16. Figura 16: Frame que representa a função do fermento em pó no preparo de um bolo. (P1): Quem sabe? (Todos): Remédios... (P1): Ou seja,... (P1 e Todos): ...medicamentos. (P1): Cliquem agora na palavra medicamentos. A postura assumida pelo professor nas aulas quando o OVA é utilizado é a de medidor do conhecimento. Assim, a ferramenta cultural 45 computador deve ser utilizada como potencializador de sua prática pedagógica. A capacidade reflexiva dos alunos deve ser por ele estimulada, bem como os diálogos e discussões. (BENITE e BENITE, 2007). No diálogo anterior, pode-se observar claramente a atuação do professor como mediador do conhecimento, no momento em que este interage com a sala de aula ao utilizarem o OVA. A partir dos frames subseqüentes, inicia-se a inserção de conceitos específicos das áreas química e farmacêutica. Na figura 17 a palavra „medicamentos’ aparece sublinhada e próxima a um ponto de interrogação, indicando dúvida. Figura 17: Frame representando a introdução do conceito medicamento. Todas as palavras contidas neste OVA, como a citada anteriormente, foram aplicadas à função de hiperlink. Hiperlinks são funções dinâmicas de navegação, “botões de ação” (BENITE et al, 2011, p.75), entre os documentos responsável por encaminhar para uma outra parte ou para um outro documento dentro do objeto. Assim, ao clica-los, outros frames aparecem, explicando um pouco mais sobre o assunto em questão, conforme a figura 18. 46 Figura 18: Personagem Fred, explicando o conceito de "Medicamento". Antes de serem desenvolvidos os frames (ou quadros) com as animações, é necessário que anteriormente seja desenvolvido o storyboard. O storyboard pode ser definido como uma rede de nós de uma aplicação hipermídia, do que entra ou sai em determinado momento. Em outras palavras, ele nada mais é que um esboço, geralmente na forma gráfica, de como será o desenvolvimento do projeto, com seus componentes e a disposição destes em cada instante (FALKEMBACH, 2005). A medida que transcorre a navegação no OVA, o conteúdo anteriormente trabalhado na produção de um bolo é gradativamente resgatado. Isto pode ser verificado nos diálogos de “Méedi” presentes nos frames, como foi evidenciado conforme as figuras 19 a 21. Para que tais conhecimentos sejam internalizados pelos alunos P1, num processo de mediação, enfatiza: (P1): Assim, para os medicamentos não se diz ingredientes, e sim matérias primas... 47 Figuras 19 – 21: Retomada de conceitos tratados na produção do Bolo de Cenoura. Segundo Vigotski (1988) o processo de internalização é caracterizado pela reorganização interna, de uma operação externa com objetos que o homem interage, ou seja, fundamentais para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores consistindo em transformar uma atividade externa para uma atividade interna e de um processo interpessoal para um processo intrapessoal. Todas as funções psicointelectuais superiores aparecem duas vezes no decurso do desenvolvimento da criança: a primeira vez, nas atividades coletivas, nas atividades sociais, ou seja, como funções interpsíquicas; a segunda, nas atividades individuais, como propriedades internas do pensamento da criança, ou seja, como funções intrapsíquicas (1988, p.114) Assim, o pensamento, a percepção e a memória, funções mentais superiores do homem, são desenvolvidas na sua relação com o meio sociocultural, mediada por signos. Neste sentido, por serem essencialmente simbólicos, os conceitos químicos são designados como um sistema geral de signos em que seu aprendizado é considerado como uma tarefa complexa (PEREIRA et al, 2011). Defende-se aqui que a linguagem oral, como o processo de mediação do professor, passa a ser um recurso de ensino fundamental no processo de internalização do aluno. 48 Nesta etapa do objeto, também são abordados os constituintes químicos dos medicamentos, quanto à classificação das matérias primas, de acordo com sua função: princípio ativo; adjuvantes ou fármacos auxiliares; excipiente ou veículo. Estes conceitos são muito importantes de serem entendidos pelos alunos, pois, para se calcular a concentração de princípio ativo 2 de algum medicamento, deve-se entender que o medicamento não possui só substância ativa3, mas um conjunto substâncias químicas. O OVA prossegue tratando das formas farmacêuticas4, ou seja, as formas de industrialização do medicamento (comprimido, pomada, xarope, suspensão etc). O destaque é para suspensão de uso oral. O uso oral é apenas uma das vias de administração de um medicamento, porém mais comum. Pode-se citar outras vias administração: sublingual, retal, intra-venosa, muscular, dentre outras (WANNAMACHER, 2007). Logo após, é mostrado como é um modelo padrão de uma caixinha de um medicamento, em especial, da Amoxicilina suspensão, conforme representado na figura 22. Na caixinha do medicamento proposto, os textos explicativos aparecem quando se nos retângulos posicionados ao lado dos pontos de interrogação. Para esta demonstração, foi necessário desenvolver uma caixinha, isenta de publicidade para evitar a associação à alguma marca específica de medicamentos. 2 Princípio Ativo - Substância ou mistura de substâncias afins dotadas de um efeito farmacológico específico ou que, sem possuir atividade, adquire um efeito ao ser administrada no organismo. (RDC nº 157, de 31 de maio de 2002) 3 Substância Ativa: Qualquer substância que apresente atividade farmacológica ou outro efeito direto no diagnóstico, cura, alivio, tratamento ou prevenção de doenças, ou afete qualquer função do organismo humano (RDC n.º 134 de 13 de julho de 2001; RDC n.º 210, de 04 de agosto de 2003). 4 Forma farmacêutica: Estado físico no qual se apresenta um medicamento com o objetivo de facilitar seu fracionamento, posologia, administração, absorção e conservação (RDC nº 157, de 31 de maio de 2002). 49 Figura 22: Demonstração da embalagem de um medicamento. O link “concentração”, demonstrado nas figuras 23 e 24, tratam da definição e também da forma de se calcular a concentração do princípio ativo em uma dose de um medicamento. O conteúdo de concentração de soluções já havia sido trabalhado nesta turma por outro professor, baseado no modelo tradicional de ensino, com aula expositiva, utilizando como recursos didáticos apenas quadro e giz. Pelo diálogo a seguir entre P1 e os alunos, verifica-se que embora os mesmos já tivessem visto tal conceito, não souberam responde-lo adequadamente, sendo necessário, novamente, a intervensão de P1. (P1): Cliquem em concentração. (P1): O que está explicando aí em concentração? (A7): Expressa a quantidade de princípio ativo em uma dose do medicamento. (P1): Lá nas aulas de química, o que vocês aprenderam sobre concentração? (A7): Concentração é igual a massa... (A17): Sei lá! (P1): Quando se fala em concentração, o que vêm na mente de vocês? (A7): Concentração de muitas coisas juntas? (P1): Por exemplo, neste laboratório. Está com alta ou baixa concentração de pessoas? (A10): Vamos contar! (A7): Tá alta... , tá média. Média! (P1): Média? E se sair metade das pessoas daqui da sala pra fora? (A5): Abaixa. (P1): A concentração fica alta ou fica baixa? (A7): Baixa. (P1): E se entrasse o dobro de pessoas pra cá? Ficaria como? Muito alta! (P1): Então, o que é a concentração? É a relação entre massa e o... (P1 e Todos): ... volume. (P1): Ou então a quantidade em um determinado volume. 50 Segundo Drive et al (1999) “o conhecimento científico, como conhecimento público, é construído e comunicado através da cultura e das instituições sociais da ciência” (p.32). Entretanto, é apresentado ao aluno pelas instituições de ensino mediado pelo professor, representante legítimo da área atuante. Durante o processo de mediação é necessário que o professor disponha de artifícios pedagógicos que contribuam para que o aluno possa se apropriar de tal conhecimento de tamanha complexidade. Desta forma, a analogia feita pelo professor com a quantidade de pessoas presentes numa sala de aula pode ter contribuido para o entendimento dos alunos. As figuras 23 e 24 demonstram o local referido da aula no momento posterior ao diálogo anteriormente descrito. Figuras 23 e 24: Exemplificação de concentração. Uma pesquisa realizada pela CRTE (Coordenação Regional de Tecnologia) em 2005 na rede estadual de ensino de Maringá, no estado do Paraná, observou-se que a estequiometria representa o conteúdo de nível de maior dificuldade de entendimento pelos alunos de ensino médio. (COSTA e ZORZI, [s.a.]).Já que este assunto se fundamenta nas leis ponderais da química das proporções constantes e na conservação das massas, é muito importante que os alunos assimilem bem conteúdos como estes tratados na área “2. Que Delícia!”, pois estes farão parte da base de sustentação para o entendimento de assuntos mais complexos. A aula prossegue de forma que, em alguns pontos específicos que o professor considera mais importante; ele pede para os alunos irem até tal local 51 e enfatiza o ponto que se deseja. Ao término do conteúdo “concentração”, retorna-se à tela demonstrada pela figura 22, retomando o tema proposto sobre medicamentos. Quando se clica em “tarja”, é esclarecida a diferença entre medicamentos genérico, similar e referência. Dentre os alunos, é verificado que eles demonstram não saber a razão dos medicamentos genéricos serem mais baratos do que os medicamentos de referência. Sem a informação correta, pode-se ter um pré-julgamento quanto à associação de qualidade ao valor agregado ao produto. (A7): O medicamento genérico é mais barato? (A17): É mais barato! (A10): Por que ele é mais barato? (P1): Por que o medicamento genérico é mais barato? (A10): Por quê? Sei lá! (A7): Porque ele é genérico. (Todos): (risos). Figuras 25 - 27: Definições de medicamento de referência, similar e genérico. 52 Neste momento, o professor prossegue tratando-se da diferenciação entre os medicamentos genéricos, similares e de referência. No OVA, este era o tema posterior. Desta forma, é respondido aos alunos quanto ao questionamento levantado nos boxes em que diferenciam os três grupos de medicamentos: referência, similar e genérico. Logo após, conforme representação na figura 28 é informada como é a caixinha do medicamento genérico Amoxicilina Suspensão oral. Figura 28: representação do medicamento Genérico Amoxicilina. Nesta turma, o conteúdo que envolve os diferentes tipos de soluções já havia sido trabalhado por outro professor, no início do semestre. Respostas obtidas inicialmente sobre os conhecimentos prévios dos alunos do que seria suspensão, estão descritas a seguir. (P1): Alguém sabe o que é uma suspensão? (A5): Não! (A7): Eu não sei! Após assumirem não saberem a resposta, P1 lança um exemplo a partir de uma situação que envolve o assunto suspensão, usando as partículas dispersas no ar, observando que permanecerão apenas durante um curto período de tempo. 53 (P1): Um exemplo de suspensão... Se eu pegar um monte de areia e jogar para cima... (Todos): Vai subir. (P1): Sim, vai subir! E depois? O que vai acontecer? (Todos): Vai cair! (P1): Sim, vai cair! Mas se fosse um pó mais leve que a areia? Se fosse uma farinha... uma farinha de trigo. E se jogasse pra cima? (A10): Vai descer assim, devagar! (Pxuiii) (P1): Ela iria descer também, só que agora, mais devagar. Assim, uma suspensão é uma dispersão de alguma coisa. Por exemplo, quando se joga um pouco de farinha pra cima, ela tá suspensa no ar, só que depois de um tempo ela cai. Então, isso seria suspensão. Os medicamentos também se apresentam em formas de suspensão. Quem já viu aquele medicamento, que apresenta escrito na embalagem: agite antes de beber? (A10): Eu! Concorda-se com Santos e Mortimer (2000 apud SANTOS e MORTIMER, 2009), que introduzir “questões ambientais, políticas, econômicas, éticas, sociais e culturais relativas à ciência e à tecnologia tem sido recomendada em currículos com ênfases em Ciência-Tecnologia-Sociedade – CTS” (p.192), os quais objetivam a formação cidadã. Neste sentido, questões sociocientíficas (socioscientific issues – SSI) podem ser discutidas em sala de aula de forma temática (tipos de medicamentos e sua utilização) ou de forma pontual, “com exemplos de fatos e fenômenos do cotidiano relativos a conteúdos científicos que ilustram aplicações tecnológicas envolvendo esses aspectos; ou ainda por meio de questões dirigidas aos estudantes sobre esses aspectos” (p.192). Figura 29: Representação de suspensão tratada no OVA. 54 Assim, após conduzir os alunos ao entendimento sobre suspensão, P1 retorna ao OVA apresentando sua representação e explicação. Numa perspectiva freiriana, o ensino voltado para a formação cidadã deve ocorre por meio de problematizações que envolvam o cotidiano do aluno, de forma dialógica, levando-os a refletir contradições presentes da situação existencial, conduzindo-os a uma maior autonomia nas tomadas de decisões. Para isso, é necessária uma postura dialógica do professor em sala de aula, contemplando diferentes “vozes” dos alunos, para que, em um processo de mediatização do mundo científico e tecnológico, seja feita a decodificação das implicações da C&T no processo de dominação tecnológica e nos riscos para a vida no planeta (SANTOS e MORTIMER, 2000 apud SANTOS E MORTIMER, 2009, p.193). 3.1.4 ÁREA 4: “PROCESSOS PRODUTIVOS” A área 4 “Processos Produtivos”, a produção da Amoxicilina Suspensão é tratada por fluxogramas. Os setores da indústria são apresentados junto ao início do processo de produção e demonstrados passo a passo, sendo totalizado nove passos. São eles: Aquisição; Armazenamento; Amostragem; Análise de Matéria Prima; Pesagem; Manipulação; Análise de Semi-Acabado; Envase; Análise de Produto Acabado. (P1): Lá na sua casa quando você faz compra, você guarda o que comprou em algum lugar? (A7): Na dispensa. (P1): [...] Então, se pode dizer assim: A dispensa da indústria se chama almoxarifado [...]. Almoxarifado é um local de se guardar, de armazenar o que se adquiriu. Em seguida, P1 apresenta imagem do armazenamento em um almoxarifado. Após o 3º passo, “Amostragem”, o professor levanta questionamentos entre os alunos para introduzir conceitos de qualidade. 55 Figura 30: Fluxograma e ênfase no almoxarifado. (P1): Se vocês forem comprar um pacote de açúcar refinado, como saber se ele está bom para ser consumido? (A17): Se estiver com o sabor normal, está bom! Se não, não está! (P1): Vocês primeiro devem olhar... (A19): Na validade! (A7): Na validade! (P1): Isto, na validade. Se estiver dentro do prazo de validade, inicialmente, está bom. Mas é só isto ou vocês olham todas as características do produto? E se o açúcar apresentar coloração diferente? (A10): É o mesmo que comprar um pacote de açúcar cheio de formiga! (Todos): (risos). (P1): Turma, é interessante o que ele disse. Se vocês forem comprar e ele estiver cheio de formiga, você irá perceber que, ali tem alguma coisa errada. O sal atrai formiga? (A17): Não! Só o açúcar! (A10): Só o sal de lá de casa (risos). (P1): Se o seu sal estiver contaminado?! Então, contaminação significa que há alguma coisa estranha acontecendo, além do normal. (A19): Então... não há só sal! (P1): Isso! Na indústria, as análises servem para saber se tem algum contaminante no que está sendo analisado. Novamente apoiado em Santos e Mortimer (2000, apud SANTOS e MORTIMER, 2009) destaca-se a necessidade da utilização de feedbacks elaborativos ou elicitativo pelo professor visando auxiliar o aluno “a elaborar mais sua resposta ou a ampliar o foco do aspecto que está sendo considerado, dando continuidade à interação” (p.202). Tais feedbacks possuem carater dialógico contribuindo para que o horizonte conceitual do aluno seja 56 contemplado, elaborado e ampliado. Vale ressaltar que tal dinâmica é utilizada por P1 em vários momentos da aplicação do OVA. Assim, na etapa produtiva, em todos os pontos o professor levanta questionamentos sobre situações vivenciadas pelos alunos, relacionando quando possível a área 2 “Que Delícia!”, com a finalidade de os levarem a refletir sobre o assunto e também concluírem. Outro aspecto fundamental durante a aula é que o aluno deve ser ouvido, para que o professor possa leválo a corrigir ou reelaborar possíveis conceitos equivocados internalizados durante o processo de aprendizagem. Apenas ao término de cada questionamento, o professor responde sua questão central. 3.1.5 ÁREA 5: “CONTROLE DE QUALIDADE” Na aplicação da área 5 “Controle de Qualidade” o professor inicia resgatando dos alunos os ingredientes necessários para a produção do bolo de cenoura visando a aproximação com o conceito de matéria-prima. (P1): Quem poderia me dizer quais são as matérias primas do bolo de cenoura? (Todos): Ovo, farinha, cenoura... Figura 31: Questionamentos levantados por Méedi. A resposta obtida revelou que os alunos entenderam o conceito de matéria prima, tratado anteriormente pelo professor apoiado pelo OVA. Neste 57 momento, a personagem faz questionamentos, conforme demonstrado na figura 31. A resposta a esse questionamento, pode ser demonstrada nos diálogos a seguir: (Todos): Oval. (P1): A casca do ovo é de que jeito? Ela é dura? Ela quebra fácil? (A7): Ela é branca ou marrom também... (A18): Quebra fácil... (A19): Se você jogar ele no chão, quebra. Depois de estimular os alunos a fazerem uma análise descritiva do “ovo”, são apresentadas imagens de situações onde o mesmo estaria adequado ou inadequado para ser utilizado na produção do bolo de cenoura, tratado anteriormente. Em “cheiro ruim”, é utilizada a função de hiperlink para inserir o conceito de decomposição e que o odor de “ovo podre” é causado pela formação de uma substância química, o ácido sulfídrico (figuras 32-36). Em resposta ao hiperlink aplicado, abre-se o frame explicativo, representado na figura 37. Figuras 32 – 34: Aspectos para reprovação da matéria-prima ovo. 58 Figuras 35 – 36: Aspectos para reprovação da matéria-prima ovo. Figura 37: Frame explicativo sobre Decomposição. A linguagem utilizada na descrição, realizada pelo personagem do OVA foi baseada na mesma utilizada pela Farmacopéia Brasileira na análise descritiva de matérias primas. Neste momento, um dos objetivos foi o de trazer ao conhecimento informações sobre como a indústria brasileira analisa 59 descritivamente as matérias-primas antes de serem utilizadas em sua produção. Figuras 38 e 39: Análise descritiva. Em seguida, “Méedi” resume: Figura 40: Especificação, matéria prima e produto acabado. Posteriormente é inserida a função do controle de qualidade, conectando-o ao assunto tratado anteriormente, 60 Figuras 41 – 44: Introdução ao controle de qualidade. “Méedi” também explica que as especificações são retiradas de documentos oficiais denominados farmacopéias. Logo após, algumas análises realizadas em um controle de qualidade físico químico de uma indústria são mostradas. 61 Figura 45: Análise de Solubilidade Vale destacar que o professor regente da turma realizou uma aula experimental com os alunos, anteriormente, envolvendo conceitos de solubilidade e densidade, no qual utilizou-se a mistura de água, óleo, sal e também um ovo inteiro. No momento em que o frame representado na figura 42 aparece, os alunos são levados a relembrarem do experimento realizado pela professora. Isto é verificado no diálogo a seguir. (P1): Quando se mistura o sal na água, o que é formado? (A7): Uma mistura homogênea. (P1): [...] eu posso dizer que solubilizou?! (Todos): Sim! (P1): Então, isto vai ocorrer se houver a solubilização total [...] Em quais desses béqueres se percebe isto? (A7): No primeiro. (P1): No primeiro, então eu posso dizer que teve uma total solubilização. E esses dois aqui do lado vocês acham que solubilizou tudo? (A7): Não. Para Carmo e Marcondes (2008), de acordo com o atual currículo de Química no Ensino Médio, a assimilação pelo aluno do tema solução é de grande importância para o posterior entendimento de outros assuntos, como eletroquímica, equilíbrio químico e transformações químicas, além de ligações e interações químicas, e substâncias. [...] compreender o conceito de dissolução em termos de interações entre as partículas de soluto/solvente exigirá que o aluno reorganize 62 suas concepções de um nível de abstração menos complexo a níveis mais complexos de sua cognição (p.38). Para o melhor entendimento dos alunos quanto ao conceito de acidez e basicidade, é inserida no OVA o preparo de indicador natural, à base de extrato de repolho roxo, este foi escolhido porque faz parte do cotidiano dos alunos. Percebe-se que a utilização deste indicador despertou a curiosidade dos alunos. Também é mostrado que o medidor de acidez, mais utilizado nas análises em indústrias farmacêuticas, é o medidor de pH (pHmetro). (P1): Quem já viu repolho roxo [...]? (A11): Eu. O professor instrui quanto a preparação do extrato de repolho roxo, e mostra nos slides, o resultado da mudança de coloração do indicador, dependendo da solução em que esta era acrescentado. Figura 46: Utilização de indicador ácido-base alternativo. (A19): E o vinagre aí ficou vermelho por que? (P1): O vinagre, a gente sabe que ele é o que?... Ácido! Então o extrato de repolho roxo em meio ácido ele fica em que cor? (A7): Vermelho. (P1): Vermelho. E a solução de bicarbonato, ficou que cor? (A7): Verde. (P1): E se colocasse um pouquinho desse extrato de repolho roxo no alvejante? Ele iria ficar que cor? (A7): Verde. 63 (P1): Ele ia ficar verde. O extrato de repolho roxo em meio básico ele fica dessa cor. E a solução com sabonete. O sabonete é básico ou ácido? (A7): Base. (P1): Que cor a solução ficou? (A7): Verde. Em 1909, Sorensen introduziu o conceito de pH (potencial hidrogeniônico) para quantificar valores de acidez e basicidade em soluções aquosas. É muito importante que o aluno entenda o que é o pH, pois a partir dele, temas envolvendo soluções tampão podem ser trabalhados. O conceito de soluções tampão, não é mais exclusivo da química, mas aplicado a várias áreas do conhecimento, desde os processos biológicos, como os presentes no corpo humano à utilização como conservantes químicos em produtos industrializados (CAVALHEIRO et al, 2001). O argumento utilizado por P1 defende é o de que a justificativa sociológica para a inclusão das abordagens das inter-relações CiênciaTecnologia-Sociedade no ensino de ciências deve avançar do foco restrito sobre as discussões de suas implicações sociais para uma abordagem mais radical. Essa engloba na perspectiva freireana uma educação política que busca a transformação do modelo racional de ciência e tecnologia excludente para um modelo voltado para a justiça e igualdade social. Resgatar essas discussões no ensino de ciências possibilita uma recontextualização do movimento CTS. Após o término deste tópico, os alunos apresentavam bastante cansados, pois a aula já estava na metade do terceiro horário. Consequentemente, a partir deste momento não houveram participações expressivas dos alunos. Os temas abordados nos slides seguintes foram: Dissolução; Identificação (Colorimétrica, Ultravioleta e por Infravermelho) com enfoque na propagação da luz e diferenciação de radiação infravermelha e ultravioleta, seus respectivos comprimentos de onda, emissão e absorção de energia e luz visível; Doseamento: (Titulometria e Cromatografia líquida) explicação da técnica de separação cromatográfica em coluna, e as interações químicas existentes entre fase móvel e fase estacionária. 64 Figura 47: Análise de Dissolução. Figura 48: Análise de Identificação Colorimétrica. Figura 49: Equipamentos de emissão de radiação infravermelha e ultravioleta. 65 Figura 50: Explicação sobre Radiação infravermelha e ultravioleta. Figura 51: Análise de Doseamento por Titulação. Figura 52: Análise de Doseamento por Cromatografia. 66 Figura 53: Explicação sobre Cromatografia. O OVA encerra-se relacionando as profissões à área de atuação como analista químico de um laboratório físico químico de uma indústria farmacêutica, e ao término, Méedi se despede. Figura 54: Quais profissionais podem atuar como analista químico. 67 Figura 55: Agradecimentos de Méedi. 68 4 . CONSIDERAÇÕES FINAIS A investigação visou identificar: (1) estratégias e conteúdos explorados pela professora na abordagem de aspectos sociocientíficos (ASC); (2) fatores que facilitam e dificultam a introdução e a abordagem desses aspectos; e (3) respostas dos alunos em sala de aula a abordagem desenvolvida. Todas essas são questões amplas que requerem uma análise das diversas dimensões educacionais envolvidas no processo. Considerando que a perspectiva da educação humanística implica em um processo dialógico, o foco inicial da análise foi centrado nas interações discursivas. As estratégias utilizadas para a introdução de ASC puderam ser evidenciadas ao longo dos diálogos, onde o p1 nos diálogos que envolveram situações do cotidiano, ao levá-los a relacionar essas situações aos conhecimentos químicos apresentados; os alunos tiveram boa participação no decorrer do trabalho. A nova proposta de aula, utilizando o OVA também foi importante, pois incentivou muitos alunos a se expressarem, mesmo os mais tímidos. Alguns alunos estereotipados como problemáticos ou rebeldes, também tiveram boa participação no decorrer da aplicação do trabalho. Questões políticas e econômicas foram tratadas sob a abordagem temática: “Indústria Farmacêutica Remediar”, como eixo norteador para a execução do trabalho, onde questões cotidianas sobre ciências/química e tecnologia apresentam intrinsecamente a este relacionados. Conceitos científicos e tecnológicos também foram explorados ao longo do OVA, de forma que este instrumento foi relevante na abordagem de ASC. Durante a aplicação OVA, algumas dificuldades foram encontradas. A turma em que foi aplicado o projeto era de 25 alunos, e tinha disponíveis aos alunos apenas 10 computadores no laboratório de informática. Assim, os alunos tiveram que se reunir em duplas ou trios. Isto prejudicou pois, por mais que revezassem, quem manipulava o mouse do computador permanecia mais atento do que os que acompanhavam. Outra dificuldade foi quanto ao horário disponível para aplicação, na escola. Foram disponibilizadas 3 aulas consecutivas para a aplicação, pois 69 estava em um período próximo a avaliações escolares. O objetivo inicial era que a aplicação do projeto fosse realizada em 3 dias consecutivos, pois o assunto era extenso. Acredita-se que devido a um longo tempo decorrido do início da aplicação do OVA, resultou em cansaço nos alunos e assim, a área 5.”Controle de Qualidade” do OVA não obteve participações expressivas. Após a aplicação do OVA, nenhum aluno foi entrevistado para saber a avaliação deles quanto ao projeto desenvolvido, porém, tanto p1 quanto p2, ambos presentes na data da aplicação do OVA notaram que os alunos se interessaram bastante pelo projeto. Tanto os alunos mais tímidos como aqueles considerados problemáticos participaram significativamente. Os alunos não tiveram dificuldades em manusear o OVA; p1 muitas vezes pediu para alguns alunos esperarem as discussões para depois avançarem nos frames. Durante a aula em que foi utilizando o OVA, mediado pelo professor, demonstraram-se mais participativos e interessados, do que as realizadas sob a forma tradicional de ensino. A experiência obtida por p1 foi de que os alunos se aproximaram mais dele, e se sentiram mais liberdade para com ele esclarecer dúvidas. Desta forma, assim como o pretendido, o professor portou-se com mediador do conhecimento. Na aplicação deste OVA, um melhor resultado poderia obtido, se a aplicação fosse realizada em dias consecutivos, em que cada aula não ultrapassasse aos 50 minutos por dia e também, se o laboratório de informática da escola tivesse computadores disponíveis a todos os alunos. 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, R. G.Tecnologia e ensino de ciências: Recontextualização no “novo ensino médio”. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2008. ACCENTIV, In: Estúdio Saci. Disponível em: <http://www.estudiosaci.com.br/wp-saci/2010/04/16/personagem-accentiv/>. Acesso em Fev. 2011. AFONSO, A. J. Os lugares da educação. In: Educação formal e informal: espaços e culturas. Portugal, 2001. ASSIS, A. e BONILLA, M.H.S. Tecnologia e novas educações. Revista da Faculdade de Educação do Estado da Bahia. v. 14, n.23, p. 15-25, 2005. BARBOSA, A. F. Uso das TICs no Brasil ‒ 2009. Comitê Gestor da Internet no Brasil, São Paulo. p.35-37. 2010. BECHARA, M. A vez da rede móvel. 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