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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL
DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
AS DANÇAS FOLCLÓRICAS GAÚCHAS COMO CONTEÚDO ESCOLAR
NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
ELIS FERNANDA GRETER WINK
Ijuí – RS
2014
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ELIS FERNANDA GRETER WINK
AS DANÇAS FOLCLÓRICAS GAÚCHAS COMO CONTEÚDO ESCOLAR
NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Educação
Física da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
(UNIJUÍ), como requisito parcial para a
obtenção do grau em Bacharelado e
Licenciatura em Educação Física.
Orientadora: Ms. Lisiane Goettems
Ijuí – RS
2014
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho as duas pessoas mais
especiais e mais amadas da minha vida: minha mãe
Marcia e meu irmão Elvis, por terem me incentivado
e me apoiado nessa longa jornada.
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AGRADECIMENTOS
A Deus por ter iluminado e abençoado meus passos
durante estes anos na universidade.
À minha mãe Marcia e meu irmão Elvis que com muito
carinho, atenção e apoio não mediram esforços para que
eu chegasse até esta etapa de minha vida.
Às minhas amigas e colegas de graduação Eduarda
Burckardt e Carolina Gehrke pelas alegrias, tristezas e
vitórias compartilhadas. Muito obrigada a vocês por tudo.
À minha amiga Suelen Zanchi pela compreensão e
paciência quando ligava para desabafar e para pedir
aquela ajuda.
À minha orientadora Ms. Lisiane Goettems pela paciência,
pelo apoio e pelos incentivos recebidos durante a
realização do trabalho, sou muito grata a você e obrigada
pela compreensão e pela amizade.
À Escola de Educação Especial Recanto da Alegria, ao
grupo de professores desta instituição e aos meus
queridos alunos por terem me recebido e me acolhido de
braços abertos, me apoiando e me incentivando na
realização da pesquisa.
A todos os professores do Curso de Educação Física
pelos ensinamentos recebidos, pelo carinho e dedicação.
A todos aqueles que de alguma forma estiveram e estão
próximos de mim, fazendo esta vida valer cada vez mais a
pena, acreditando no meu potencial e nas minhas ideias.
Muito obrigada!
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E aqueles que foram vistos dançando foram
julgados insanos por aqueles que não podiam
escutar a música.
(Friedrich Nietzsche)
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RESUMO
Dança na Escola, como conteúdo da Educação Física não comporta simplesmente o
fazer, necessita unir o saber ao fazer, carregado de significados podendo abranger:
folclore, dança de salão, culturas, etnias, aspectos sociais e expressivos, dentre
outros. O estudo a seguir tem por objetivo conhecer as possibilidades de
desenvolver um trabalho com as danças folclóricas gaúchas, dentro do contexto
escolar, na educação especial, na especificidade da Educação Física, visando
reconhecer através do desenvolvimento da unidade didática quais são os momentos
e modos que se evidencia a absorção do conhecimento dos alunos envolvidos? A
pesquisa aconteceu com os alunos das turmas da oficina 01 e 02, turno da manhã
da Escola de Educação Especial Recanto da Alegria de Tenente Portela – RS e se
caracteriza como uma pesquisa-ação, com o desenvolvimento da unidade didática
das danças folclóricas e análise de diário de campo, onde foram realizados relatórios
e reflexões do que aconteceu durante as aulas. Os dados foram analisados após os
relatos de cada aula e das colocações dos alunos durante as aulas, constatando-se
que para que ocorra o aprendizado dos alunos com deficiência é necessário que os
mesmos sejam estimulados, que sejam valorizados, que sejam desafiados com
conteúdos novos e atividades diferenciadas.
Palavras-chave: Danças Folclóricas Gaúchas. Educação Física Escolar. Educação
Especial.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Vista da entrada da escola .......................................................................... 72
Figura 2: Sala EDF 1 .................................................................................................. 72
Figura 3: Sala EDF 2 .................................................................................................. 73
Figura 4: Caranguejo 1 ............................................................................................... 73
Figura 5: Giro ............................................................................................................. 74
Figura 6: Xote inglês 1 ............................................................................................... 74
Figura 7: Pesquisadora e aluno participante .............................................................. 75
Figura 8: Estátua ........................................................................................................ 75
Figura 9: Alongamento ............................................................................................... 76
Figura 10: Dança jornal 1 ........................................................................................... 76
Figura 11: Dança jornal 2 ........................................................................................... 77
Figura 12: Massagem bexigas ................................................................................... 77
Figura 13: Espelho 1 .................................................................................................. 78
Figura 14: Espelho 2 .................................................................................................. 78
Figura 15: Dança da vassoura ................................................................................... 79
Figura 16: Dança de salão ......................................................................................... 79
Figura 17: Dança com a boneca ................................................................................ 80
Figura 18: Xote antigo ................................................................................................ 80
Figura 19: Apresentação 1 ......................................................................................... 81
Figura 20: Apresentação 2 ......................................................................................... 81
Figura 21: Apresentação 3 ......................................................................................... 82
Figura 22: Apresentação 4 ......................................................................................... 82
Figura 23: Expressão 1 .............................................................................................. 83
Figura 24: Expressão 2 .............................................................................................. 83
Figura 25: Atividade rítmica ........................................................................................ 84
Figura 26: Sarrabalho 1 .............................................................................................. 84
Figura 27: Turma ........................................................................................................ 85
Figura 28: Dança da cadeira ...................................................................................... 85
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Figura 29: Dança da cooperativa ............................................................................... 86
Figura 30: Sarrabalho 2 .............................................................................................. 86
Figura 31: Sarrabalho 3 .............................................................................................. 87
Figura 32: Ajoelha e chora ......................................................................................... 87
Figura 33: Dança com balões 1.................................................................................. 88
Figura 34: Dança com balões 2.................................................................................. 88
Figura 35: Dança com balões 3.................................................................................. 89
Figura 36: Dança com balões 4.................................................................................. 89
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10
1 A EDUCAÇÃO ESPECIAL ..................................................................................... 13
1.1 ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE) .................. 14
1.2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA ......................... 15
1.3 EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL ............................................... 18
2 PRIMEIROS PASSOS DA DANÇA ........................................................................ 20
2.1 A DANÇA NO PROCESSO EDUCATIVO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL .............. 21
2.2 DANÇAS FOLCLÓRICAS NO BRASIL ................................................................ 25
2.3 RESGATE HISTÓRICO: DANÇAS FOLCLÓRICAS GAÚCHAS .......................... 27
2.4 AS DANÇAS FOLCLÓRICAS GAÚCHAS: UMA POSSIBILIDADE DE ENSINO
E APRENDIZAGEM ................................................................................................... 30
3 CAMINHOS DA PESQUISA ................................................................................... 32
3.1 TIPO DE PESQUISA ............................................................................................ 32
3.2 POPULAÇÃO ....................................................................................................... 32
3.3 PROCEDIMENTOS .............................................................................................. 33
3.4 COLETA DE DADOS E INSTRUMENTOS .......................................................... 34
3.5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS .............................................................. 34
3.5.1 Unidade Didática ............................................................................................. 35
3.5.2 Categorias de Análise ..................................................................................... 36
3.5.2.1 Do Olhar da Professora para com os Alunos ................................................. 36
3.5.2.2 Motivação para com o Aprender .................................................................... 38
3.5.2.3 Utilização dos Conhecimentos Específicos da Dança em Educação Física,
como Meio de Inserção Social ................................................................................... 42
3.5.2.4 Do Olhar da Professora com o Percurso de Ensino e Aprendizagem
Escolhido – Metodologia Experimentada ................................................................... 44
3.5.2.5 Do Conteúdo da Unidade Didática – Danças Folclóricas Gaúchas como
uma Possibilidade de Ensino e Aprendizagem .......................................................... 46
3.5.2.6 Objetivos Conceituais, Procedimentais e Atitudinais – Envolvimentos e
Entraves ..................................................................................................................... 47
3.5.2.7 O Aluno e suas Aprendizagens ...................................................................... 49
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CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 51
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 54
ANEXOS .................................................................................................................... 56
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INTRODUÇÃO
Como já se sabe a cultura da dança traz enormes benefícios para quem
usufrui dela, a dança escolar proporciona uma maior sensibilidade em relação ao
mundo exterior, faz com que a pessoa tenha a necessidade de se expressar, não só
pela fala, mas também através de movimentos corporais que podem surgir
involuntariamente a partir de um ritmo sentido/percebido. Mesmo com toda essa
sensibilidade que a dança proporciona sozinha, é necessário que haja a interação
constante da escola, que deve ser um agente que procura entender os
questionamentos relacionados à prática da dança na escola, e integrando os alunos
e a dança como um todo.
Nesta perspectiva supracitada e com base no fato de me interessar pelas
danças, mais especificamente pelas danças folclóricas gaúchas que estão presentes
na minha vida desde a infância, é que faço a opção de estudar esta temática no
percurso de construção desta pesquisa. Por acreditar que a dança é um conteúdo
de fundamental importância dentro do contexto escolar, passei a buscar autores que
fundamentassem o trabalho com este conteúdo, neste sentido tive anseio em saber
mais sobre este universo complexo que envolve as danças dentro da escola de
educação especial.
O desafio de desenvolver uma unidade de danças gaúchas folclóricas dentro
de uma escola de educação especial surge a partir do momento em que passo a
fazer parte do grupo de professores desta instituição de ensino, o que ocorre no
início do mês de agosto de 2013. A Escola de Educação Especial Recanto da
Alegria é um lugar onde ocorre a inteira inclusão dos alunos, todos são bem
tratados, recebem os mais variados atendimentos, o que torna a escola um ambiente
muito agradável para os alunos e sua família.
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A escola de educação especial recebe alunos com as mais diferentes
deficiências e idades, realiza um projeto de inclusão dos alunos em idade escolar na
escola regular, por acreditar que a inclusão possa ser feita de maneira pensada e
organizada. Há alunos que já não tem mais idade de ir para uma escola regular e
que frequentam só a escola de educação especial, e através da escola que os
mesmos estão incluídos, pois inclusão não é somente na escola e sim na sociedade,
se socializando, se desenvolvendo e aprendendo, por acreditar nesta modalidade de
ensino que defendo a escola de educação especial, onde o ensino é direcionado
exclusivamente a eles sem intenção de excluí-los, mas de desenvolvê-los sem estar
expondo e muitas vezes ocasionando momentos desagradáveis de exclusão no
meio escolar, que podem ser vivenciados na escola regular.
A inclusão, nos moldes de intenções atuais, apresenta alguns pontos frágeis,
pois alguns alunos não possuem condições de frequentar uma escola regular em
decorrência da sua deficiência, e também ocorre de alguns alunos não estarem mais
em idade escolar, o que acabaria fazendo com que estes voltassem a viver só no
seu contexto familiar, isolados do contato de maneira mais ampla com a sociedade.
Enquanto os alunos frequentam a escola de educação especial entendo que
conseguem “manterem-se vivos”, como seres capazes de criar, de pensar, de agir,
de vivenciar novas experiências que muitas vezes ficando em casa não teriam as
oportunidades que na escola recebem.
Por ser então uma defensora das escolas de educação especial que busquei
desenvolver esta pesquisa neste contexto, apostando também que as aulas de
educação com a tematização das danças folclóricas possibilitariam inúmeras
melhoras no desenvolvimento destes alunos, por isso se fazem necessários estudos
que de maneira geral ajudarão no desenvolvimento de uma unidade didática de
danças folclóricas gaúchas na educação especial, que busquem identificar e
entender os momentos e modos onde ocorre a absorção e incorporação do
conhecimento, tanto no contexto escolar quanto na vida em sociedade.
As aulas de Educação Física com o desenvolvimento da tematização das
danças folclóricas gaúchas na educação especial, onde as mesmas foram
desenvolvidas, buscando responder a seguinte problemática: Em uma unidade
didática com danças folclóricas gaúchas, em aulas de Educação Física, em escola
especial, quais são os momentos e modos que se evidencia a absorção do
conhecimento dos alunos?
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A pesquisa apresenta como seus objetivos o desenvolver de uma unidade
de danças folclóricas gaúchas na educação especial, procurando identificar e
entender os momentos e modos onde ocorre a absorção e incorporação do
conhecimento tanto no contexto escolar quanto na vida em sociedade, as aulas
serão desenvolvidas através da concepção de ensino de aulas aberta em Educação
Física onde os alunos dentro de suas possibilidades podem participar da tomada de
decisões referentes a conteúdos e objetivos trabalhados nas aulas.
Buscando através do desenvolver da unidade uma metodologia de trabalho
para as danças folclóricas gaúchas no contexto escolar da educação especial e
analisar como o conhecimento pode ser absorvido e de que modo passa a fazer
parte da vida dos alunos envolvidos na pesquisa.
Pautada nas intencionalidades citadas a pesquisa se estrutura em três
capítulos. Sendo que o primeiro apresenta dados relevantes sobre o histórico da
educação especial e o tratamento recebido pelas pessoas deficientes, apresentando
o surgimento das APAEs, trazendo algumas considerações sobre a Educação Física
e seu percurso geral e depois a Educação Física presente na educação especial. No
segundo capítulo, o contexto histórico da dança, passando pelas danças folclóricas
no Brasil, apresentando um resgate das danças folclóricas gaúchas e a mesma com
uma possibilidade de trabalho dentro do contexto das aulas de Educação Física. No
terceiro capítulo são apresentados os caminhos da pesquisa, trazendo a análise e
discussão dos dados, apresentados através de dois pontos de vista: do olhar da
professora para com alunos e do olhar da professora com o percurso de ensino e
aprendizagem escolhido.
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1 A EDUCAÇÃO ESPECIAL
Desde a antiguidade até recentemente, crianças e adultos com deficiência
sofriam com a exclusão total da sociedade, eram renegadas socialmente e também
no seu contexto familiar. Há registros históricos que desde a era Cristã essas
crianças vêm sofrendo com a segregação e resistência em serem aceitas, como cita
Misés (1977 apud CARDOSO, 2004, p. 16):
Nós matamos os cães danados e touros ferozes, degolamos ovelhas
doentes, asfixiamos recém-nascidos mal constituídos; mesmo as crianças
se forem débeis ou anormais, nós as afogamos, não se trata de ódio, mas
da razão que nos convida a separar das partes sãs aquelas que podem
corrompê-las.
Percebe-se que a partir da ideia do autor que a sociedade não praticava
somente a exclusão social, mas havia também um pensamento que a existência
destas pessoas poderia ser uma punição divina, como pagamento de pecados, ou
ainda ligada à imagem da feitiçaria e então eram perseguidos e sacrificados para
que não rompessem com os padrões da sociedade.
A educação especial tem seu início relacionado ao surgimento de
instituições de ensino voltadas para surdos e cegos, que tinham como objetivo
oferecer educação para estas crianças, já que as mesmas não poderiam participar
de instituição de Ensino Regular, os primeiros registros deste processo se dão na
Europa no final do século XVIII.
A partir deste novo processo de escolarização houve a expansão para
outras formas de deficiência, intelectual e física, distúrbios de diferentes ordens
(sociais, emocionais, intelectuais, etc.).
Segundo Bueno (1993, p. 27):
A extensão da educação especial, das crianças cegas e surdas para as que
apresentavam outros problemas, ofereceu oportunidade de escolarização
aos deficientes mentais, aos deficientes físicos de fundo neurológico, as
crianças com quadros graves de distúrbios mentais, ao mesmo tempo em
que incorporou portadores de distúrbios de conduta, de linguagem e de
aprendizagem, muitas vezes sem qualquer evidência de anormalidade
orgânica ou psíquica, constituindo, na sua maioria, os chamados “carentes
culturais”, aos quais são imputados déficits cognitivos, emocionais ou de
linguagem em razão de meio social carente e pouco estimulador.
14
No que se refere à educação especial ocorre no século XX a criação de
programas escolares e das instituições especializadas para os deficientes mentais.
Já no Brasil, até a década de 50 quase não se falava em educação especial
e sim em atendimentos para os Alunos com Necessidades Educativas Especiais
(ANEE), entrando na década de 70 a educação especial sofre a instalação de um
subsistema educacional onde se proliferou as instituições públicas e privadas de
ensino aos ANEE, também nesta mesma década são criadas as classes especiais
(OLIVEIRA et al., 2002).
Nos anos 80, passa-se a defender a ideia de que o ensino da criança com
necessidades educativas especiais deveria ser realizado junto com os alunos das
classes regulares, também quanto à formação de definição para estas pessoas vem
sendo discutida, até então os mesmos eram chamados de excepcionais, tentando
buscar expressões mais adequadas. O termo pessoas portadoras de deficiência,
muito utilizado na década de 80, atualmente foi substituído pelo termo pessoas com
deficiência ou ainda pessoas com necessidade educacional especial.
Apesar de a educação especial ter se expandido entre as décadas de 60 e
80, uma grande parte da população de pessoas com necessidades educativas
especiais não foi abrangida por esta expansão educacional, ficando excluída do
contexto escolar. Surge assim ao lado da rede pública de ensino a rede privada, que
assume um papel de importante relevância, pois uma grande parte da população
passa a ser atendida nestas entidades filantrópicas. Como exemplo, destas
entidades, temos a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).
1.1 ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE)
O processo que envolve as pessoas deficientes tem suas origens históricas
e culturais relacionadas a uma grande rejeição e discriminação tanto pela sociedade,
quanto pelo poder público, que se mostrou ineficiente em promover políticas públicas
sociais, que atendessem as necessidades deste púbico. Surge assim um empenho
vindo por parte das famílias em quebrar paradigmas, buscando assim soluções para
que seus filhos com deficiência intelectual ou múltipla tenham a possibilidade de
adquirir condições para serem incluídos na sociedade.
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As Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) surgem no
Brasil através da ocasião da chegada de Beatrice Bemis, procedente dos Estados
Unidos, a mesma em seu país, já havia participado da fundação de mais de
duzentas e cinquenta associações de pais e amigos; a mesma possuía uma grande
ligação com as crianças especiais, pois tinha um filho portador de Síndrome de
Down.
Segundo dados disponibilizados pela Federação Nacional da APAEs
(FENAPAEs):
A APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais nasceu em 1954,
no Rio de Janeiro. Caracteriza-se por ser uma organização social, cujo
objetivo principal é promover a atenção integral à pessoa com deficiência,
prioritariamente aquela com deficiência intelectual e múltipla. A Rede APAE
destaca-se por seu pioneirismo e capilaridade, estando presente,
atualmente, em mais de 2 mil municípios em todo o território nacional.
A criação destas associações só foi possível através do empenho de
diferentes profissionais, que acreditaram nestas famílias e acima de tudo nestas
crianças e nos seus potenciais de desenvolvimento, buscando assim estudar,
pesquisar, apropriando-se de novos conhecimentos para melhor atendimento às
suas necessidades. Sendo assim, passou a se prestar serviços nos âmbitos de
educação, saúde e assistência social.
1.2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA
É durante os séculos XVII e XIX que na Europa surgem as primeiras bases
filosóficas que dariam sustentabilidade ao surgimento da Educação Física, vários
autores nesse período referem-se à importância dos cuidados com o corpo e do
exercício físico para a melhor formação dos indivíduos.
Conforme Betti et al. (2005, p. 144):
No século XIX filósofos ocupados com questões da educação da criança e
jovens, e sob influência das ideias racionalistas e liberalistas do Iluminismo,
do conceito pedagógico de natureza de Rousseau e dos avanços da
Medicina, referem-se à necessidade da “educação física”, que deveria se
justapor e relacionar à educação moral, à educação intelectual, etc. Sob
essas ideias, escolas pioneiras introduzem a ginástica em seus currículos.
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A ginástica pode ser entendida durante o século XIX como sinônimo de
Educação Física, sua prática era vista como uma forma de educação para a saúde e
para a educação moral.
Caracterizou-se no Brasil desde o início da década de 80 um movimento de
repedagogização da teoria em Educação Física, onde a mesma passa a ser
remetida como uma prática pedagógica (BETTI et al., 2005, p. 145).
Segundo Bach (1999 apud BETTI et al., 2005) “[...] nos anos 90, no interior
da Educação Física brasileira, uma tentativa de delimitá-la como campo acadêmico
que teoriza a prática pedagógica que tematiza manifestações da cultura corporal de
movimento” (p. 25). Entendem o objetivo da Educação Física como o saber
específico de que trata essa prática pedagógica, “cuja transmissão/tematização e/ou
realização seria atribuição desse espaço pedagógico que chamamos Educação
Física [...]” (p. 42).
A partir daí são tematizadas as funções e saberes à Educação Física, sendo
organizados três saberes: um deles referente ao desenvolvimento da aptidão física,
outro que busca o desenvolvimento integral do aluno e a cultura corporal de
movimento que traz o movimentar-se humano como uma forma de comunicação.
Contudo, a cultura corporal de movimento e objetivo da Educação Física
implica avançar do fazer corporal para um fazer sobre o movimentar-se do ser
humano, o qual deve ser incorporado pela Educação Física (na escola) como um
saber a ser transmitido (aos alunos) (BETTI et al., 2005, p. 147).
A Educação Física na escola traz a cultura corporal de movimento para os
educandos coma intenção de ensinar não somente o saber movimentar-se, mas o
saber sobre esse movimentar-se, trazendo assim para estes educandos a
capacidade de autonomia crítica (BETTI et al., 2005, p. 148).
Ao comentar a Educação Física Escolar, Betti et al. (2005) nos coloca que é
a:
Disciplina que tem por finalidade proporcionar aos alunos a apropriação
crítica da cultura corporal de movimento, visando formar o cidadão que
possa usufruir, compartilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas
culturais do exercício da motricidade humana: jogo, esporte, ginástica e
práticas de aptidão física, dança e atividades rítmicas/expressivas,
lutas/artes marciais e práticas corporais alternativas.
17
É no século XX que a Educação Física se consolida na escola, tendo visto
como sua função principal a promoção da saúde, visando o desenvolvimento integral
dos educandos e de todas as suas potencialidades. É também neste século que o
esporte se incorpora a ela.
Num primeiro momento a Educação Física foi considerada uma atividade
que orientava os educandos para o desenvolvimento de sua aptidão física.
Conforme Brasil (1971 apud BETTI et al., 2005):
Decreto nº 69.450, de 01/11/1971, que dá conta no seu artigo 1º que: “A
Educação Física, atividade que por seus meios, processos e técnicas,
desperta, desenvolvendo e aprimorar forças físicas, morais, cívicas,
psíquicas e sociais do educando, constituindo um dos fatores básicos para
a conquista das finalidades da educação nacional”.
Surge aqui a necessidade de mostrar que a Educação Física deve ser uma
disciplina curricular, mostrando que a mesma possui assim como as demais
disciplinas da Educação Básica um conhecimento, um saber (inclusive conceitual)
necessário para a formação plena do indivíduo (BETTI et al., 2005).
O que ocorre na nova versão da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional), Lei nº 9.394, de 20/12/1996 onde contemplasse a Educação
Física no seu artigo 26, parágrafo 3º:
A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é
componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e
às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos
(BRASIL, 1971 apud BETTI et al., 2005).
Sendo que logo em seguida a este decreto ouve uma diminuição da
presença da Educação Física no contexto escolar, pois o decreto acima citado não
contempla a palavra “obrigatória”, o que ocorre em outras disciplinas, tornando
assim confusa a existência da Educação Física na escola. Surge aí uma reação que
levou a inclusão da palavra “obrigatória” no texto da LDB que alterou o parágrafo 3º
do artigo 26 da Lei nº 9.394 para o seguinte:
A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é
componente curricular obrigatório da Educação Básica, ajustando-se às
faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos
cursos noturnos (BRASIL, 2001 apud BETTI et al., 2005).
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Entende-se assim que a Educação Física na escola é de fundamental
importância, sendo facultativa sim em alguns casos, mas a mesma contribui de
maneira geral para o desenvolvimento global do educando.
1.3 EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
A Educação Física na educação especial dentro das escolas das APAEs
vem sendo fundamentada pela Proposta Orientadora das Ações, elaborada pela
Federação Nacional das APAEs, que apresenta a justificativa da proposta da
Educação Física, os seus objetivos, os conteúdos, os eixos e estruturação da
Proposta de Educação Física, Desporto e Lazer, sendo dividida em dois segmentos:
a) Educação Física Escolar como componente curricular norteado pela LDB
nº 9.394/96, integrada à Proposta Pedagógica das Escolas das APAEs;
b) Educação Física, Desporto e Lazer desenvolvida pela necessidade da
prática de atividades físicas, esportivas e recreativas de forma a contribuir
para a qualidade de vida das Pessoas Portadoras de Deficiência.
O objetivo da Educação Física é desenvolver, promover e estimular hábitos
saudáveis, através da prática de atividades físicas, que busquem melhor a qualidade
de vida, dentre estas atividades pode-se destacar as caminhadas, hidroginástica,
prática de lutas (capoeira, judô), já no que se refere ao lazer as atividades são de
cunho recreativo, como gincanas, jogos recreativos, passeios. Quanto ao
treinamento desportivo, visão a iniciação de treinamento de atletas para competições
(Olimpíada das APAEs).
Com a introdução da Educação Física no currículo das escolas das APAEs,
isto ocorreu por volta de 1968, buscava-se tornar o espaço escolar um lugar mais
alegre que possibilitasse aos alunos uma interação social, é a partir daí que são
introduzidas as práticas esportivas nas APAEs, com isto nascem também as
Olimpíadas das APAEs.
Deste modo, muitos conceitos passam a serem revistos dentro da Educação
Física, buscando um processo que desenvolva de forma integral o aluno,
respeitando
suas
potencialidades.
limitações
e
estimulando
o
desenvolvimento
de
suas
19
Conforme Rosadas (1994 apud FENAPAEs, 2001) “o objetivo da Educação
Física, enquanto processo educacional, não é a simples aquisição de habilidades,
mas sim contribuir para o desenvolvimento das potencialidades humanas [...]”.
Dentro do contexto escolar das APAEs a Educação Física deve buscar
desenvolver o corpo e o movimento, usufruindo-se da ludicidade como meio
educacional indissociável tanto na Educação Infantil como no Ensino Fundamental e
Médio, conforme estruturação curricular da escola.
Os conteúdos relacionados podem ser assim definidos:
Os conteúdos da Educação Física nas Escolas das APAEs podem ser
organizados em três blocos: Conhecimento Corporal – Esporte, Jogos e
Ginásticas – Atividades Rítmicas e Expressivas, que deverão ser
distribuídas e desenvolvidas de acordo com o projeto pedagógico, as
especificidades e as características dos educandos de cada escola e de
cada região (FENAPAEs, 2001, p. 48).
Sendo assim, as aulas devem buscar o prazer do aluno e a satisfação do
mesmo durante a realização das atividades propostas, trabalhando de uma forma
lúdica e recreativa, que além de fazer o aluno se prender à atividade proporciona o
desenvolvimento dos conhecimentos desejados.
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2 PRIMEIROS PASSOS DA DANÇA
Acredita-se que a dança tenha seu surgimento de maneira cronológica,
tendo início no período Paleolítico Inferior de 1.000.000 a.C., estendendo-se até o
período Neolítico (UGOLOTTI apud BACH, 2003).
Dentro de todo esse processo de surgimento e de transformação da dança
ela veio evoluindo de várias formas, passando por diferentes maneiras de execução,
em grupos, individuais, com contato e sem contato, com pares mistos, com
galanteio, dentre outras características que se fizeram presentes. Também foi
utilizada em seu início para pedir favores aos deuses, para agradecê-los, para
demonstrar os sentimentos de fé ou demonstrar acontecimentos sociais. Para os
guerreiros, a dança foi usada para proporcionar destreza para a guerra ou caça.
Através da dança o homem buscava a saúde e dirigir-se aos seres sobrenaturais.
Quanto ao nascimento da dança, Caminada (apud BACH, 2003) afirma que:
A dança nasceu da necessidade de expressar uma emoção, de uma
plenitude particular do ser, de uma exuberância instintiva, de um apelo
misterioso, que atinge o próprio mundo animal. Sim porque também nos
macacos aparece a dança, embora, só com os homens, ela se eleve a
categoria arte, em função mesmo e sua consciência.
Nesta época as primeiras danças foram realizadas por povos nômades, que
se alimentavam do que encontravam no caminho, e sua habitação eram as cavernas
naturais que protegiam e serviam de abrigo durante a noite. Hoje não seria possível
reproduzir estas danças, pois não encontramos mais povos nômades como naquela
época, apenas os ciganos, mas os mesmos não possuem uma dança
essencialmente própria, pois vão se apropriando da cultura dos povos por onde
passam.
A dança foi evoluindo e as antigas culturas foram contribuindo e evoluindo
juntamente com a dança. Na Índia há registros de dançarinas sagradas que
dançavam por devoção aos deuses [...]; na China a dança tinha o objetivo
de ensinar o espectador a admirar o bom e belo [...]; no Japão a dança era
tida como um vínculo entre os homens e os deuses, era utilizada para
expressar os mandamentos dos deuses [...]; no Egito a dança era
executada pelas classes inferiores destinadas a fazerem espetáculos para
os nobres em suas residências [...]; as danças hebraicas primeiramente
eram só as pessoas de alto nível que dançavam e logo em seguida estes
perderam o interesse, deixando essa demonstração de agradecimento para
as classes mais inferiores [...]; a dança também teve outras passagens
marcantes pela Grécia, Roma, Bizâncio, Idade Média, Renascimento
21
chegando ao reinado de Luís XIV. Durante o reinado de Luís XIV, os
dançarinos das danças de salão estavam desanimados com a monotonia, e
então surgem os bailes de máscaras, que foram um sucesso possibilitando
este espetáculo para todas as classes (OSSONA, 1988).
A cada evolução a dança necessitou ser repensada, quando saiu de
religiosa e também se tornou profana (SIQUEIRA, 2006), ela precisou ser revista e
reformulada, e isto ocorreu em vários outros momentos da história da dança.
O ser humano foi conquistado de corpo e alma pela dança, pois através dela
qualquer sentimento pode ser expresso, demonstramos o que sentimos através de
movimentos e gestos. Para darmos sentido a esta expressão surge a necessidade
de incluirmos um ritmo aos nossos movimentos e gestos, o ritmo que dá forma e
sentido para a dança, formando assim um ciclo onde a dança foi sendo introduzida e
praticada por homens, mulheres, adolescentes e crianças.
A dança é cultuada, aprendida e vai sendo passada de geração para
geração. Tornou-se uma manifestação universal muito importante nas relações entre
as pessoas, por criar vínculos, aproximar e expressar através de movimentos
corporais o que as pessoas sentem.
2.1 A DANÇA NO PROCESSO EDUCATIVO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Conforme os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais Brasileiros) para a
Educação Física, a mesma deve abranger vários conhecimentos que referem-se à
cultura corporal de movimento, que são atividades rítmicas e expressivas, a
ginástica, lutas, esportes e jogos. A dança no processo educativo na APAE vem
sendo baseada na Proposta Orientadora das Ações, elaborada pela Federação
Nacional das APAEs, que traz a dança dentro das múltiplas ações que a Educação
Física deve desenvolver na escola, que está relacionada nas atividades rítmicas e
expressivas.
É necessário ressaltar as palavras de Pereira et al. (2001 apud GARIBA,
2007) que nos coloca:
[…] a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com
ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a
explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem
novos sentidos, movimentos livres [...]. Verifica-se assim, as infinitas
22
possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio
dessa atividade.
A partir dessas palavras podemos entender um pouco mais do que o aluno
estará a vivenciar dentro das aulas de Educação Física, no trabalho com a dança
escolar, levando em consideração os conhecimentos que os alunos trazem com
eles, a sua bagagem cultural.
A dança está presente dentro da cultura humana desde seu início,
integrando-se de uma forma geral a esta cultura, sendo sempre vista como algo bom
para a vida humana e como uma atividade que está sempre ligada à natureza do
homem. Quando introduzida no contexto escolar da educação especial a mesma
deve buscar o desenvolvimento corporal, cognitivo, afetivo, de maneira a
desenvolver estes alunos de forma global, buscando interagir com os conhecimentos
formais da escola e as habilidades que cada aluno possui.
Dentro do contexto da escola especial a necessidade de se movimentar, de
explorar novas possibilidades para os seus corpos é de fundamental importância
para os alunos especiais, auxiliando assim na aquisição de alguns conceitos e no
desenvolvimento da capacidade de criação, expressão, estimulando os alunos a se
comunicarem, sentirem o mundo e serem sentidos por este mundo.
Na escola de educação especial a dança pode ser um caminho para
transformar uma realidade que muitas vezes vem carregada de marcas negativas,
onde estas crianças são excluídas e mal interpretadas, pois possuem ao mesmo
tempo uma inocência muito grande que surpreende as pessoas e uma agressividade
incontida decorrente das marcas deixadas pela influência social.
Quando desenvolvida na educação especial a mesma permite um
desenvolvimento de vários aspectos, melhorando a confiança em si mesmo e nos
colegas, melhoras na postura, ampliando o dicionário de movimentos, a
coordenação e a noção de tempo e espaço, possibilita uma evolução da capacidade
de comunicação, tornando o aluno mais expressivo e sociável, traz benefícios para a
saúde e também compensa muitas vezes a falta de movimentação destas crianças.
Conforme Bertoldi (2004 apud FREITAS, 2006):
[...] é fundamental que a criança tenha a oportunidade de desenvolver
alguns aspectos psicomotores, como por exemplo, o esquema e a
percepção corporal, fatores da qualidade do movimento como o fluxo, o
peso, o espaço e o tempo além do aprendizado do relacionamento das
23
diferentes partes do corpo entre si, entre o corpo e diferentes objetos e
entre o corpo e outras pessoas.
Também na escola a dança assume um papel de desenvolver e estimular a
criação de expressões corporais e sociais dos alunos, que se desenvolvem através
de diferentes experiências, partindo de trabalhos de livre e espontânea expressão
para uma interpretação formal, trabalhando juntamente a mímica, a teatralidade,
improvisação, jogos de comunicação dentre outras aprendizagens que são
importantes dentro do processo de dança na escola.
O que fica visível quando se trata da dança na escola é que apesar da
dança estar situada desde 1971 como uma unidade da disciplina de Educação
Física, ela continua sem receber o seu devido reconhecimento (BRASILEIRO, 2003),
os trabalhos desenvolvidos na maioria das escolas estão voltados somente às datas
comemorativas, início e término de ano letivo, dias das mães, dias dos pais, dentre
outras datas.
Brasileiro (2003, p. 47) nos destaca o que já foi comentado anteriormente:
Em respostas obtidas do questionário, evidenciaram que nenhum dos que
retornaram esse instrumento de coleta trata o conteúdo “dança” nas aulas
de Educação Física e apenas um indica recorrer à dança em festivais e
datas comemorativas.
Quando nos deparamos com o contexto escolar e a dança, fica visível que
não temos uma boa estrutura para desenvolver este conteúdo, pois imaginamos que
para se trabalhar com a dança precisamos de uma sala ampla cheia de espelhos,
mas quando trabalhamos com os esportes e encontramos quadras sem condições
de uso não abandonamos este conteúdo, o desenvolvemos no pátio, na grama, até
mesmo no campinho de terra, encontramos uma maneira de trabalhar com ele.
Com a dança também pode ser assim, o que é fundamental para se realizar
uma boa aula de dança: é necessário um som, um bom professor, um bom plano de
aula e, além disso, qualquer espaço é espaço para se trabalhar com a dança, seja
dentro de uma sala de aula simples, um salão de eventos, um anfiteatro, uma
quadra, há várias possibilidades de lugares.
Na escola, a dança não deve competir com as academias voltadas para a
formação de dançarinos, mas sim deve levar o aluno a conhecer e desenvolver o
seu corpo e a cultura nacional, aprender a ser cooperativo, crítico, socializar,
24
aprender a fazer movimentos e pensar em termos de movimento (SCARPATO,
2004), contribuindo assim para a formação social deste educando, possibilitando a
transformação dos sujeitos, fazendo um ser capaz de formular sua própria opinião e
suas ideias, auxiliando não somente no desenvolvimento motor deste aluno, mas
também intelectual.
A dança dentro das aulas de Educação Física surge com o desejo de
transformar o educando num sujeito capaz de ver, sentir e conhecer o seu próprio
corpo e o que ele pode desenvolver através dele e a partir de movimentos, também
desenvolvendo a criatividade, a autonomia e a autoconfiança.
Neste contexto, a dança escolar trabalha sensibilizando e conscientizando
os alunos sobre sua postura, atitudes, gestos e ações quando está convivendo em
sociedade, mostrando para o aluno que durante a sua vida ele tem que estar aberto
para receber o novo e aprender com ele.
Para o professor de dança não basta saber dançar é preciso ter
conhecimentos históricos sobre a dança, saberes pedagógicos, saberes didáticos e
uma gama de conhecimentos sobre como ensinar, buscando qual a melhor maneira
de construir estes conhecimentos com os alunos, preocupando-se e refletindo sobre
o que ensinar e porque ensinar e, principalmente, de que maneira ensinar.
O professor na perspectiva da dança escolar não pode ser alguém que vai
impor técnicas e conceitos, mas sim trabalhar como um mediador, alguém que vai
orientando o trabalho dos alunos, trabalhando para através da curiosidade do aluno,
estimulando-o para que busque os conhecimentos, para que ele mesmo descubra
suas habilidades. Podendo assim o aluno descobrir o sentido do ser, não só
fisicamente, mas psicologicamente.
De acordo com Scarpato (2004, p. 71) os conteúdos da aula podem ser
trabalhados com temas que busquem desenvolver e contribuir para:
-
a consciência corporal;
expansão do vocabulário de movimentos;
a compreensão do fator tempo, peso, espaço e influência do movimento;
a socialização e cooperação em grupos;
a valorização da cultura;
a observação de alguns estilos de dança e partir para a alteração criativa
dos movimentos.
25
A grande maioria dos alunos apresenta hoje grandes dificuldades nestas
áreas de conhecimento corporal, quando se fala em vocabulário de movimentos na
dança estamos nos referindo ao tempo, espaço, peso e qualidade deste movimento,
estas dificuldades se percebem até em outras atividades, por exemplo, no voleibol
quando o aluno não consegue perceber o tempo e o espaço para sacar a bola ou
até mesmo para realizar uma recepção.
Fica evidente assim, que seria de fundamental importância que a dança
estivesse presente dentro do contexto escolar desde os anos iniciais até os anos
finais da escolarização, porque para se desenvolver um bom trabalho é necessário
dar uma continuidade e certa permanência dentro de um determinado enfoque de
estudo teórico/prática, assim como acontece com os esportes, o aluno vem
desenvolvendo-se aos poucos, por etapas, e com a dança também pode se
trabalhar da mesma forma.
Garaudy (1980 apud SCARPATO, 2004) coloca uma citação do coreógrafo
Maurice Bert:
Dançar é tão importante para uma criança quanto falar, contar ou aprender
geografia. É essencial para a criança, que nasce dançando, não
desaprender essa linguagem pela influência de uma educação repressiva e
frustrante [...].
O desafio agora é de buscarmos e mantermos estes alunos dançantes
dentro do espaço escolar ao invés de podarmos ela como está sendo feito hoje,
vamos sim dar mais espaço para suas criações e chances para que ela aumente
ainda mais o seu conhecimento.
2.2 DANÇAS FOLCLÓRICAS NO BRASIL
O Brasil é um país que sofreu uma grande miscigenação cultural, isto é, um
dos grandes fatores que nos fazem ter esta grande variedade de danças dentro do
país, pois ele foi sendo colonizado aos poucos por diferentes povos, que trouxeram
consigo as suas características culturais e foram introduzindo-as no povo que aqui
vivia. Por isso, hoje dentro de cada Estado é possível encontrar uma manifestação
da cultura através da dança, encontramos assim, talvez o maior meio de expressão
da cultura do nosso país.
26
Para Arthur Ramos, os sudaneses puros e os negros-maometanos muito
influíram nos aspectos religiosos (incluindo as danças rituais, da formação
do povo brasileiro). Já os bantos tiveram grande influência nas danças
profanas. Foram eles que trouxeram o batuque angola-cangoense. Do
batuque (palavra que vem do bater, fazendo marcação com as palmas e
sapateados, realizados pelos dançarinos nos terreiros das senzalas e
instrumentos de percussão) várias danças como samba, capoeira, trevo e
outros (NANNI, 1995, p. 77).
Durante os primeiros anos de colonização, mais aproximadamente os
duzentos primeiros só se ouvia os cantos dos índios e suas danças rituais, aos
poucos os colonizadores foram introduzindo instrumentos de sopro, bate-pés, os
batuques dos africanos, etc. (NANNI, 1995).
Através da dança podemos possibilitar para os educandos um conhecimento
amplo da cultura do nosso país, não trabalhando somente a cultura local, mas
buscando ampliar estes conhecimentos, para pelos menos uma vivência de outra
cultura mais distante que também tem sua relevância na formação dos
conhecimentos para os educandos, isto tudo pode ser trabalhado de uma forma
interdisciplinar, buscando um trabalho em conjunto com as disciplinas de História,
Geografia e Artes, dentre outras, para desenvolver um conhecimento sobre os
Estados que serão trabalhados.
Segundo Ferreira (2005) a dança na escola pode contribuir para que os
educandos adotem atitudes de valorização e apreciação das manifestações
expressivas e culturais brasileiras.
O educando que participa de grupos ou de aulas de danças folclóricas
aprende também a cooperar com os integrantes deste determinado grupo, a assumir
responsabilidades, aprendendo também a ter consideração com os outros e valorizar
as culturas mais diversas.
As danças folclóricas
brasileiras
possuem
características
regionais,
dependendo da influência étnica que sofreram elas terão mais aspectos indígenas
como nos Estados de Amazonas e Pará; africanos como na Bahia, Minas e Rio; ou
europeus como nos Estados do Sul do país (NANNI, 1995).
O educando que se envolve com a dança de uma maneira geral, não
somente as danças folclóricas, desenvolve seu senso de ritmo, relação com espaço
e tempo, desenvolve suas habilidades motoras, força, agilidade, equilíbrio e
resistência. As danças folclóricas exigem muito mais dos alunos que simplesmente
um trabalho muscular, acaba fazendo com que o aluno se envolva de corpo e alma
27
pela dança, fazendo com que o mesmo adote certos padrões e que ocorra uma
mudança de atitudes.
Tudo o que se aprende com a dança pode e deve ser inserido na vida do
educando, quando se dança se busca uma valorização, um respeito pelo que se faz,
com a dança aprendemos a valorizar o esforço de todo o grupo, não somente
favorecendo um par ou uma pessoa do grupo.
Dentro deste universo da dança inserida no contexto escolar é um desafio
encontrarmos um caminho que podemos seguir, mas dentro das danças folclóricas
há uma grande variedade que podemos desenvolver na escola, pode-se destacar a
cultura do Rio Grande do Sul que traz consigo várias danças, tanto de salão como
vaneira, vaneirão, bugio, rancheira, dentre outras, como as danças tradicionais
pezinho, maçanico, balaio, caranguejo. Trazendo dentro deste contexto da dança
outros conteúdos como lendas, contos, culinárias e costumes.
2.3 RESGATE HISTÓRICO: DANÇAS FOLCLÓRICAS GAÚCHAS
No Brasil, os seus Estados possuem várias danças folclóricas que
representam os costumes, a cultura e a identidade de um povo, os seus hábitos e
muitos outros elementos de cada cultura social, mostrando a imensa riqueza cultural
do país.
Carlos Vegas, musicólogo argentino (apud CORTES; LESSA, 1961, p. 2)
sintetiza o processo de formação das danças populares:
Nada mais universal que o folclórico; nada mais regional que o folclórico.
São universais os elementos; são regionais as combinações. Pois o que
confere fisionomia regional não é tanto a matéria original como o produto de
suas especiais e singulares maneiras de superposição e mescla.
As danças populares foram surgindo e ditando moda, ganhando o gosto das
camadas mais altas da sociedade do Rio Grande do Sul, eram dançadas nas
capitais, nas cidades, nas vilas, espalhando-se pelo Rio Grande inteiro e ganhando
um espaço imenso. Só que ao contrário das músicas populares que sempre foram
individualizadas, a dança sempre foi coletiva, acredita-se que na música prepondera
a criação direta, já na dança a força-criadora mais forte está na sociedade
(CORTES; LESSA, 1961).
28
No Brasil, uma das grandes influências nas danças foi a Espanha, que traz
seus traços também presentes nas danças gaúchas, isso não quer dizer que foi a
única, outras também como Portugal, França foram grandes divulgadoras da dança
pelo mundo.
No Rio Grande do Sul, a mais antiga representação das danças é o velho
fandango. Conforme Cortes e Lessa (1961, p. 3) chamou-se “Fandango”, no antigo
Rio Grande, a uma série de cantigas entremeadas de sapateios. Nesses fandangos
as cantigas e músicas eram essencialmente mestiças do Brasil, já os sapateios
vieram como característica da antiga Espanha.
Jacques (apud CORTES; LESSA, 1961, p. 3) faz a seguinte fala sobre o
fandango:
Entre as altas classes, o fandango, que até pelos anos de 1839 e 1840
ainda era muito usado, foi sendo substituído pelas danças vinda da Europa,
como ril, a gavota, o sorongo, o montenegro, a valsa, e mais tarde as
polcas, os chotes, as contradanças, as mazurcas, e finalmente as lindas
havaneiras, expressão musical do langer e dos requebros.
O fandango que veio sendo aclamado durante um longo período entra em
decadência com a chegada de novas danças vindas da Europa, e assim como
outras áreas, as danças estão ligadas aos conceitos da moda, somente é bem visto
o que está sendo executado nos salões mais nobres.
As danças folclóricas do Rio Grande do Sul são verdadeiras expressões da
alma do gaúcho, da sua essência, trazem vivo o respeito pela prenda e pelas
tradições, trabalhando sempre com a teatralidade dos gaúchos, mas sem torná-los
em fantoches dentro do contexto da dança.
Ao comentar as danças folclóricas, Cortes e Lessa (1961, p. 4) ressaltam
que:
Donde as danças gaúchas surgiram é problema secundário, repetimos mais
uma vez. O que interessa é sabermos que elas realmente animaram as
festas do Rio Grande tradicional, e representaram um incentivo de alegria
aqueles intrépidos peleadores de outrora, forjados da grandeza histórica de
nosso rincão.
É possível entender a partir desta colocação que as danças gaúchas são do
Sul, não porque surgiram no Rio Grande, mas porque o gaúcho as recebeu donde
quer que se origine e deu forma, música, colorido e alma nativista (CORTES;
29
LESSA, 1961). São cultivadas e muito valorizadas com uma grande intensidade pelo
povo, tendo um destaque maior dentro dos Centros de Tradição Gaúcha (CTGs),
nestes centros são realizadas diversas atividades relacionadas à cultura deste
Estado como as danças, tiro de laço, gastronomia dentre outras.
No Rio Grande do Sul, assim como em outros Estados e países se tem um
estilo típico de dançar, caracterizando como um dos aspectos do folclore, o povo
gaúcho construiu ao longo de sua história e trajetória uma gama de ritmos musicais
e danças que adquiriram a condição de tradicional dentro da cultura do gaúcho.
As danças se dividem em danças gaúchas de salão e danças tradicionais
gaúchas ou folclóricas. As que são executadas em bailes nos CTGs, festas, eventos
e comemorações são as danças de salão, onde podemos destacar vários ritmos,
que são bem diferentes das outras regiões do país, o Bugio que é um ritmo
autenticamente gaúcho, nasceu no Sul e sua execução é feita a partir da imitação do
modo de andar dos primatas das matas do Sul, que se deslocam com pequenos
saltos (SAVARIS, 2005).
A milonga rica em formas de execução, mas que no Sul se limita a milonga
tangueada, milonga vaneirada e milonga rio-grandense, cada casal dança a que
melhor se adaptar e que mais lhe agradar. Dentre vários outros ritmos como valsa,
xote, vaneira, marcha, rancheira, chamamé que é uma dança de origem guarani, um
dos ritmos mais apreciados pelos gaúchos, tanto para se dançar como para se ouvir,
ritmo muito agradável, com uma suavidade nas melodias.
Já as danças tradicionais gaúchas que vem sendo estudadas desde 1948,
por vários pesquisadores, têm outras características próprias, são dançadas em
grupos, que nos CTGs recebem o nome de invernada artística, onde os alunos são
divididos pelas idades formando diversas categorias. Nos centros de tradição se
dança não somente com o objetivo de manter viva a dança e a cultura, mas também
de participar de eventos e competições em torno das danças tradicionais gaúchas
como no caso do Encontro de Arte e Tradição (ENART) que é o maior festival de
arte amadora da América Latina segundo a UNESCO, é realizado anualmente em
três etapas, as regionais, as interregionais e a final. Evento promovido pelo
Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) órgão que se dedica à preservação,
resgate e desenvolvimento da cultura gaúcha.
30
No passar dos anos algumas danças tradicionais foram caindo em desuso,
hoje são vinte e cinco danças que estão descritas no Manual das Danças
Tradicionais Gaúchas que foi publicado melo MTG, podemos citar algumas delas: o
anu, balaio, caranguejo, chico sapateado, chimarrita balão, pezinho, maçanico,
havaneira marcada, meia canha (polca de relação), dentre várias outras. Algumas
nem precisamos parar para pensar e logo já nos vem sua música e a sequência de
passos pela mente, como se fosse um filme, algumas nunca vimos e nem ouvimos
falar, repletas de beleza e de uma grande magnitude coreográfica as danças
tradicionais são muito bem recebidas por crianças, jovens e adultos dentro dos
centros de tradição gaúcha e em qualquer outro lugar onde são desenvolvidas.
2.4 AS DANÇAS FOLCLÓRICAS GAÚCHAS: UMA POSSIBILIDADE DE ENSINO E
APRENDIZAGEM
O ensino das danças tradicionais gaúchas dentro da escola tem por objetivo
buscar o desenvolvimento integral, incentiva a criança a ter domínio do seu corpo e
dos seus movimentos, além de possibilitar todo um resgate histórico passando pelo
passado, vivenciando o conhecimento, reconstruindo valores e resgatando a cultura.
Com base em conhecimentos obtidas no material disponibilizado pelo
Governo do Estado, Referencial Curricular: Lições do Rio Grande, onde
encontramos algumas competências e habilidades a serem desenvolvidas,
conteúdos e sugestões de algumas estratégias possíveis para cada nível de ensino,
encontramos a dança nos conteúdos referentes a Artes, mas não esquecendo que
este conteúdo está relacionado à Educação Física também.
Quando nos colocam nas Lições do Rio Grande que os alunos devem
conhecer a dança em contextos culturais e históricos variados, fica evidente que isto
serve para as danças folclóricas.
Com base nas lições do Rio Grande temos vários caminhos a seguir no
trabalho com a dança que serve não somente para as danças tradicionais gaúchas,
mas também para qualquer tipo de dança. Estimular os alunos a buscar suas
origens culturais num momento em que a sociedade não se preocupa em preservar
esta cultura com certeza não é uma missão fácil, mas pode ser um desafio
interessante, partindo da perspectiva de buscar conhecer a dança dentro do Brasil,
passando um pouco por cada Estado, chegando à cultura local, não com a mesma
31
visão que os alunos encontram a dança dentro dos CTGs, onde são exigidos e
cobrados ao máximo, mas sim com o intuito de possibilitar um novo conhecimento e
acima de tudo um conhecimento sobre seu corpo e suas possibilidades.
A dança auxilia na formação da personalidade, se partirmos do contexto da
própria cultura do gaúcho por mais “grosso” que ele fosse, na antiga literatura não
há registro de que algum gaúcho maltratou uma mulher, sendo o respeito de
fundamental importância nas relações humanas e nas danças tradicionais. Esta
relação fica evidente entre os pares enquanto os meninos sapateiam e meninas
sarandeiam com toda a sua graciosidade e delicadeza, nos deixa claro que há um
enorme respeito por cada um.
A dança é um agente transformador, mas se for utilizado de forma correta,
buscando a integração e o aprendizado como um todo, no trabalho com as danças
tradicionais ou com qualquer outra forma de danças vamos encontrar dificuldades,
alunos com grandes problemas no desenvolvimento das habilidades motoras, de
coordenação, de flexibilidade, mas a dança é um grande aliado para buscar uma
solução ou pelo menos amenizar estes problemas, o que não pode ocorrer é uma
discriminação das crianças, pois cada qual ao seu tempo se desenvolverá e irá
aprender, com mais dificuldade, mas irá aprender.
As danças tradicionais são ricas em detalhes, são estes detalhes que a
deixam mais bela, mas num trabalho inicial, num primeiro momento não devemos
buscar a perfeição, e sim com o intuito de trabalhar a dança e o desenvolvimento e
não a melhor execução é preciso que as crianças e os jovens dancem sem se
preocupar com os pés, se eles estão no ritmo ou não, o que precisam sentir é a
magia e o encantamento de parecer estar flutuando, enquanto enlaçados dançam
pela sala.
No trabalho com as danças tradicionais nosso maior objetivo deve ser a
integração entre os alunos, a troca de conhecimentos entre eles e o resgate cultural,
buscando realizar pesquisa acerca das danças gaúchas, buscar vídeos, promover
visitas aos centros de tradições gaúchas, palestras com integrantes destes centros,
buscando com o aluno, além de aprender e desenvolver o gosto pela dança adquirir
outros conhecimentos sobre esta cultura.
32
3 CAMINHOS DA PESQUISA
3.1 TIPO DE PESQUISA
Considerando os objetivos, a pesquisa configura-se como qualitativa e
descritiva e apoia-se na unidade didática danças folclóricas gaúchas onde se
apresenta as atividades ordenadas e organizadas visando alcançar os objetivos
proposto. A unidade foi desenvolvida com os alunos da oficina 01 e 02, do turno da
manhã, na Escola de Educação Especial Recanto da Alegria, do município de
Tenente Portela – RS1.
Em relação ao delineamento da pesquisa, com base no procedimento
utilizado para a coleta de dados, esta pesquisa ocorre na forma de pesquisa-ação. A
pesquisa-ação, segundo a definição de Thiollent (1985 apud GIL, 2007, p. 55) é:
[...] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um
problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes
representativos da situação ou do problema estão envolvidos do modo
cooperativo ou participativo.
3.2 POPULAÇÃO
Para desenvolver a unidade didática de danças folclóricas gaúchas na
escola de educação especial foi escolhida a turma das oficinas 01 e 02, formada por
alunos de ambos os sexos, que frequentam a escola no turno da manhã. Sendo que
alguns estão incluídos, e outros já estiveram, mas por não se adaptarem a realidade
da escola regular acabaram ficando só com o atendimento e os ensinamentos que
recebem na Escola de Educação Especial Recanto da Alegria.
A turma é formada por dez meninos e cinco meninas, com idades variadas
entre 17 e 48 anos. Estes alunos apresentam diferentes síndromes e diagnósticos
conforme será descrito abaixo, através de CID, que resultam da avaliação de médico
neurologista.
1
No município de Tenente Portela os primeiros registros de exploração das terras aconteceu no ano
de 1911. Tenente Portela, foi fundado por famílias oriundas de outras cidades, e por duas tribos
indígenas Kaingangs e Guarani, atualmente moradores do Toldo Indígena do Guarita, sob jurisdição
da Fundação Nacional do Índio. Economia baseada na agricultura, população por volta de 13.719.
33
Três alunos, dois meninos e uma menina possuem em suas fichas o
diagnóstico conforme exames neurológicos CID10-Q90 Síndrome de Down, os
meninos são alunos muito ativos e participativos nas aulas, são extremamente
carinhosos e atenciosos com professores e colegas, a menina já é mais calada e
quieta, mas participa ativamente nas aulas.
Seis alunos, dois meninos e quatro meninas, que possuem em suas fichas
diagnósticos conforme exames neurológicos CID10-F71 retardo mental moderado.
Todos os alunos deste enquadramento são muito ativos, sendo bem participativos,
possuem bom relacionamento com os colegas e trabalham de forma harmoniosa
com o grupo, não apresentam dificuldades em entender e compreender as
explicações.
Quatro alunos, todos são meninos, possuem em sua ficha o diagnóstico
através de exames neurológicos CID10-F72 retardo mental grave, são alunos
participativos e bem dispostos. Destacando um aluno que apresenta um
comportamento mais agressivo, complicado de lidar, estando muitas vezes abalado
emocionalmente, sempre com a cara fechada, tem sido o mais difícil de se relacionar
no contexto geral da escola.
Um aluno tem em seu diagnóstico através de exame neurológico CID10-F79
retardo mental não especificado, apresenta-se um aluno bem calmo, participativo,
integrado com os colegas e professores, foi estudante da escola regular e se formou
no Ensino Médio.
Para o desenvolvimento da pesquisa a unidade didática foi desenvolvida a
partir de 16 aulas, sendo realizadas duas aulas juntas, totalizando 1 h 30 min de
aula a cada encontro. As aulas foram ministradas pela pesquisadora, com objetivo
de desenvolver as danças folclóricas gaúchas, destacando as danças do pezinho,
do caranguejo, do xote inglês e do sarrabalho.
3.3 PROCEDIMENTOS
No primeiro momento foi feito contato com a direção da Escola de Educação
Especial Recanto da Alegria para expor a pesquisa e o que a mesma pretendia
estudar e solicitar a permissão para o desenvolvimento da pesquisa, a qual a
pesquisadora integra o grupo de profissionais, atuando como professora de
Educação Física desde o início de agosto de 2013. Após a autorização da diretora e
34
da coordenadora pedagógica se deu início o processo de escolha das turmas e
conversa com a professora regente da turma das oficinas 01 e 02, sobre a pesquisa
e seu desenvolvimento.
O ponto de partida do trabalho foi com a observação de uma aula em sala
de aula da referida turma para observar o comportamento dos alunos dentro da sala
e com a professora regente da turma. Após foi dado início a elaboração da unidade
didática das danças folclóricas gaúchas, que foram ministradas pela pesquisadora
tendo sempre o acompanhamento da professora regente da turma.
Salienta-se ainda que, esta pesquisa preservou algumas informações
pessoais dos sujeitos envolvidos, devido questões éticas que regem toda e qualquer
pesquisa e seu desenvolvimento.
3.4 COLETA DE DADOS E INSTRUMENTOS
Para alcançar os objetivos da pesquisa, a coleta de dados ocorreu por meio
de uma pesquisa-ação e diário de campo.
A pesquisa foi desenvolvida diretamente pela pesquisadora, onde a mesma
pode desenvolver e observar as atividades correspondentes à unidade didática,
onde os maiores interesses foram os de perceber quais são os momentos e modos
que se evidencia a absorção dos conhecimentos vivenciados durante a unidade
didática pelos alunos, o que foi concretizado através do desenvolvimento da unidade
didática de danças folclóricas nas aulas de Educação Física na escola de educação
especial.
Conforme a unidade didática foi sendo desenvolvida, durante o decorrer das
aulas, foi sendo realizado um diário de campo, onde se registrava os acontecimentos
mais importantes da aula, este instrumento corresponde a relatórios feitos após as
aulas e registros fotográficos, que se fez necessário para a posterior análise e
discussão dos dados coletados referentes ao problema de pesquisa.
3.5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Nesta parte do texto serão apresentados e discutidos os dados produzidos
na pesquisa. Primeiramente apresentando o cronograma de planejamento da
unidade didática, em seguida os resultados da prática docente através de dois
35
pontos de vista: do olhar da professora para com alunos e do olhar da professora
com o percurso de ensino e aprendizagem escolhido.
3.5.1 Unidade Didática
A unidade didática que tem como tema central o desenvolvimento das
danças folclóricas gaúchas na educação especial apresenta como subtemas que
deverão ser desenvolvidos junto com a vivência das danças aqui propostas, a
coordenação motora visando permitir as crianças dominar o corpo no espaço,
controlando os seus movimentos e utilizando-os de maneira expressiva, no contexto
da vida; o ritmo visando desenvolver a percepção do ritmo individual e de grupo e
criações com momentos de socialização que visam despertar os sentidos de
cooperação, solidariedade, comunicação, entrosamento, fortalecendo a inclusão
social destes alunos na comunidade.
A unidade foi desenvolvida conforme cronograma abaixo:
Aulas
Subtemas
Danças folclóricas.
Coordenação.
Ritmo.
Expressão corporal.
Socialização.
01 e 02
-
03 e 04
- Danças folclóricas.
05 e 06
- Ritmo.
- Danças folclóricas.
Atividades
- Problematização sobre o
tema dança.
- Amostra da cultura do Rio
Grande do Sul.
- Costume, culinária, dança
e artes.
- Expressão corporal
(estátua,
atenção/concentração,
atividade rítmica).
- Danças folclóricas:
pezinho e caranguejo.
- Apresentar a indumentária
dos peões e prendas.
- Apresentação de um
vídeo das danças
folclóricas.
- Dança: pezinho,
caranguejo e xote inglês.
- Dança com jornais.
- Dança: caranguejo,
pezinho, xote inglês e
sarrabalho.
- Massagem com bexiga.
36
Aulas
07 e 08
Subtemas
- Danças folclóricas.
- Expressão corporal.
09 e 10
- Danças folclóricas.
- Socialização.
11 e 12
-
Danças folclóricas.
Coordenação.
Ritmo.
Expressão corporal.
Danças folclóricas.
Coordenação.
Ritmo.
Expressão corporal.
-
Danças folclóricas.
Coordenação.
Ritmo.
Expressão corporal.
13 e 14
15 e 16
Atividades
- Espelho.
- Mostrar as danças
folclóricas de salão,
imagens, músicas,
diferentes ritmos.
Possibilitar a vivência.
- Dinâmica da dança da
vassoura e da boneca.
- Construção da coreografia
com a música do Xote
Antigo.
- Participação no
acampamento farroupilha.
- Apresentação.
- Brincadeiras folclóricas.
- Cinco marias.
- Futebol de bombacha.
- Expressão com imagens.
- Atividades rítmicas.
- Danças folclóricas.
- Dança da cadeira.
- Dança da cadeira
cooperativa.
- Danças folclóricas.
- Ajoelha e chora.
- Dança com balões.
- Danças folclóricas.
- Ajoelha e chora.
3.5.2 Categorias de Análise
No decorrer da pesquisa criou-se categorias de análise, na intencionalidade
de melhor aproveitar os dados que tive acesso durante o desenvolvimento das
aulas. Seguem-se as categorias e as reflexões provenientes desta.
3.5.2.1 Do Olhar da Professora para com os Alunos
Conhecimentos construídos: retenção do conhecimento, aplicação do
conhecimento.
37
A dança presente nas aulas de Educação Física vem para os alunos como
um momento onde se possibilita diferentes vivências expressivas, descobertas de
movimento, um momento de resgate cultural e social.
Conforme Laban (1990 apud SANTOS; FIGUEIREDO, 2003) “a dança tem
por objetivo ajudar o ser humano a achar uma relação corporal com a totalidade da
existência”. Entendemos assim que a dança na escola deve proporcionar aos alunos
momentos de descoberta, não buscando a perfeição e a melhor execução dos
movimentos, mas sim que o aluno consiga se apropriar destes conhecimentos, de
forma criativa e consiga utilizá-los em outros momentos.
Desta maneira, a dança folclórica aqui trabalhada com uma turma de alunos
da escola de educação especial não busca destacar o melhor dentre todos os
alunos e sim fazer com que todos descobrissem o seu melhor.
Os alunos com necessidades educativas especiais desta turma já tem uma
idade um pouco mais avançada, em sua maioria foram introduzidos no meio escolar
tarde, muitos não sabem diferenciar direita de esquerda nos membros superiores e
inferiores, com a dança tentei explicar para eles esta questão de lateralidade, mas
durante as danças se eles não conseguiam se localizar nesta questão não fiquei
cobrando ou exigindo isto deles, por entender que a deficiência e o atraso no
desenvolvimento de algumas habilidades torna esta tarefa um pouco mais difícil e
também por entender que o processo de aprender se dá de muitas formas e ao seu
tempo.
Percebe-se que para que ocorra o aprendizado do aluno com deficiência é
necessário que ele esteja vivenciando um cotidiano escolar com atividades
diversificadas, a dança proporciona uma nova visão de mundo para os alunos,
possibilitando aos mesmos se perceberem no ambiente e perceber o ambiente com
os outros, percebendo o seu corpo e os demais corpos presentes.
Os alunos que estão envolvidos nas aulas de Educação Física com a
tematização de danças apresentam uma melhora no seu comportamento entre si,
apresentando um progresso em seu desenvolvimento cognitivo e físico, o que pode
ser notado não somente nas aulas de Educação Física que evidenciaram a referida
tematização, mas nas mais diferentes atividades, pois através da dança
conhecimentos como memorização, comunicação, tempo e espaço, agilidade,
concentração e percepção são trabalhados. Conhecimentos estes que são utilizados
nas demais atividades desenvolvidas pelos alunos na escola como pintura, trabalhos
38
com garrafa pet, recorte e colagem, trabalhos em M.D.F., culinária e demais
atividades proporcionadas aos alunos das turmas de oficinas.
A retenção dos conhecimentos adquiridos durante a unidade de danças
folclóricas foi sendo realizada através da prática das danças, isso não quer dizer que
esta prática seja meramente reprodução do que já foi aprendido, mas um constante
aperfeiçoamento, melhoramento e estímulo da cooperação no grupo. A aplicação
deste conhecimento que é retido se comprova quando os alunos em momento de
descontração e diversão, como no intervalo, buscam vivenciar o que aprenderam,
realizando movimentos correspondentes às respectivas práticas e muitas das
práticas vivenciadas na sala de aula.
3.5.2.2 Motivação para com o Aprender
Quando se propõe algo novo na escola sempre se está sujeito à rejeição e à
aprovação dos alunos, na escola de educação especial isto ocorre da mesma forma
que nas outras escolas, há alunos que não querem realizar as práticas propostas e
que acabam ficando isolados sem realizar as atividades, até aceitarem que a dança
é uma prática das aulas de Educação Física e que pode ser uma vivência
interessante, animada, que tem o que ensinar e pode agregar muito para suas vidas.
Os alunos da turma das oficinas 01 e 02 já vivenciaram algumas práticas de
dança anteriormente, mas seu contato com as danças gaúchas havia sido iniciado
pouco antes da saída da professora de Educação Física anterior, os mesmos já
possuem alguns conhecimentos sobre as danças folclóricas do pezinho e do
caranguejo, mas são conhecimentos bem restritos.
No primeiro contato com as turmas para iniciar o trabalho pude constatar
que os alunos se encontravam desmotivados por esta prática, sem muita vontade de
participar, onde qualquer atividade que fosse proposta para eles seria melhor do que
a aula de dança. Ocorreu nesta aula de dois alunos se negarem a participar, um é
gaiteiro, sempre traz sua gaita na sexta no dia das aulas, e acaba só querendo tocar
a gaita e o outro menino em decorrência da sua própria deficiência é um pouco mais
agressivo. Então a partir desta aula recebi estes dois alunos como um desafio, pois
o objetivo é fazer com que todos participem e se para isso temos que dar um pouco
mais de atenção a estes alunos, vou dedicar um pouco mais de tempo a eles. Aos
poucos, durante esta primeira aula, notei que o que faltava era um estímulo, um
39
novo desafio, dançar o pezinho e o caranguejo já não era tão legal quanto poderia
ser no início. Então já de imediato para a próxima aula lancei para a turma a prática
de uma dança nova, um pouco mais complicada, mas que seria o nosso objetivo
agora, colocando para eles que deveriam vir prontos para novas vivências na
próxima aula.
Propor atividades diversificadas como vídeos e apresentação dos elementos
da cultura foi essencial para a construção de conhecimento dos alunos, dentro deste
contexto folclórico. A introdução de uma dança totalmente nova e até então
desconhecida para os alunos fez com que os mesmos se interessassem e se
dedicassem mais, a prática da dança do xote inglês adaptada num primeiro
momento só com a música cantada por eles foi um momento de inteira alegria e
descontração, apesar de se ter o objetivo dos alunos fixar o conhecimento sobre
aquela prática a dança deu um ânimo novo à turma. Nesta aula já busquei trabalhar
de outra forma sem dar tempo para os alunos que na aula anterior se negaram a
participar, fiz um combinado com a professora regente da turma, que ela dançaria
com um dos meninos e eu com o outro, então desde o início das atividades eles já
sabiam que iriam dançar cada um com uma professora.
Dando sequência às aulas, ocorreu que sempre antes das danças
propriamente ditas nós vivenciamos algumas atividades que tinha como objetivo
desenvolver os subtemas trabalhados na unidade didática, uma delas foi a dança e
a estátua com jornal, uma prática interessantíssima que desencadeou uma polêmica
na turma bem grande, pois os alunos estavam acostumados a dançar sempre de
tênis e nesta aula fiz com que ficassem de meias sobre os jornais e alguns alunos
não gostaram muito da ideia num primeiro momento, mas posteriormente à prática
estavam bem contentes com a nova vivência. A massagem com bexiga exige muito
dos alunos com necessidades especiais, toda a questão do toque que na dança se
restringe muitas vezes aos membros superiores e na massagem exploramos todo o
corpo do outro com o uso do balão, explorando os ritmos e a intensidade dos
movimentos.
Explorar a criatividade, a capacidade de criação dos alunos foi um desafio
na atividade do espelho, os alunos têm seus movimentos restritos às reproduções,
em sua maioria “não conseguem criar” o que fazer, um dos alunos com Down é bem
desenvolvido, ele iniciava um movimento quando você menos esperava estavam
40
todos fazendo o mesmo movimento. O que Santos e Figueiredo (2003) nos
destacam sobre:
[...] Ensinar e aprender a dança é vivenciar, criar, expressar, brincar com o
próprio corpo; deixar-se levar pela descoberta de imagináveis movimentos,
é descobrir no corpo que o que está certo pode estar errado e o que é
errado pode estar certo [...].
Partindo desta ideia de vivenciar, criar, expressar e brincar com o corpo fui
buscando mais atividades para desenvolver estas capacidades nos alunos, onde
pode-se destacar a prática de expressão com imagens que também possibilitou aos
alunos brincarem com o seu corpo, cada um recebeu uma imagem que foi
espalhada pelo chão da sala, ao som de uma música deveriam se deslocar e
quando a música parasse deveria realizar a pose ou o movimento que estava na
imagem à sua frente, atividade que traz consigo uma riqueza de possibilidades de
movimentos, que possibilita aos alunos se desenvolver e a criar novas
interpretações.
Através de algumas explicações e de alguns estímulos partimos para uma
interpretação da música do xote antigo com movimentos simples, mas que os
educandos com necessidades educativas especiais encantaram, a ideia foi fazer
com que os alunos conseguissem se imaginar em um baile onde os peões queriam
dançar com as prendas, só que o gaiteiro se nega a tocar, então eles tiveram que
convencer o gaiteiro de que ele deveria tocar para que eles pudessem dançar, a
expressão de cada um em seu rosto, a maneira que cada aluno encontrou de
demonstrar o que queria disser e não podia, foi incrível, foi um momento muito legal,
onde pude sentir que os alunos estavam alegres com as práticas e bem envolvidos
com o conteúdo aqui programado.
Com a participação que ocorreu dos alunos no Acampamento Farroupilha2
de Tenente Portela, que se deu através de um convite feito pelos organizadores, os
mesmos disponibilizaram alguns horários para as escolas se fazerem presentes e
demostrarem o que desenvolviam com a cultura gaúcha, surge aí uma forma de
2
O Acampamento Farroupilha é um evento organizado em parceria pelos dois CTGs da cidade, que
acontece numa praça, onde são montadas casinhas de costaneiras, o acampamento aconteceu pela
terceira vez, iniciando no primeiro dia da Semana Farroupilha e se estendendo até o dia 20 de
setembro, com uma extensa programação com show, apresentações, bailes, tiro de laço, dentre
outras atividades culturais. O evento faz parte do calendário de eventos do município.
41
socializar os alunos com a comunidade que também era um subtema desta unidade
didática, achei de fundamental importância a participação dos alunos que
participavam da pesquisa neste evento, sem intenção de fazer uma apresentação
mirabolante, pois aprender extrapola com mecanismos fechados, brilhos e
performances sem sentido, fomos com as danças que sabíamos e com as roupas
que tínhamos na escola, e mesmo assim fomos aplaudidos de em pé em nossas
duas apresentações. A sensação de realização dos alunos enquanto dançavam e
após a apresentação deles foi notável, alguns alunos que não gostam de
representar a escola (mostrar que são alunos da escola da APAE) estavam lá
dançando perante a comunidade escolar de todo o município, o que demonstra que
assim como o esporte é visto como um caminho para a inserção social e combate a
marginalidade, a dança também pode ser uma maneira de combater alguns
comportamentos indesejáveis.
Cada
aluno
tem
sua
deficiência
e
necessitamos
descobrir
suas
potencialidades, os mesmos necessitam de estímulos para o seu desenvolvimento,
estímulos estes que devem ser dados a todos os momentos para que não se perca a
motivação dos alunos durante as aulas.
Ramos (2010) destaca o seguinte sobre o papel de estimulador do
professor:
O professor deve estimular constantemente seus alunos com deficiência
mental superarem as limitações e sempre propor atividades motivadoras,
contudo, deve haver também moderação sem pressão e sem desrespeito
pessoal para com o aluno, isso deve ocorrer de maneira natural através de
estímulos e encorajamento às atividades prazerosas e inteligíveis.
Como tenho um contato um pouco maior com os alunos da escola que não
se restringi somente a estas duas aulas, pude notar que um dos momentos na
escola onde eles mais se destacam, onde mais estão motivados, animados e
integrados com o grupo é na aula onde se trabalha com a dança, os ganhos que a
dança traz, estreitando laços e desenvolvendo novas capacidades de entendimento
dos movimentos corporais possibilita notáveis mudanças de comportamento nos
alunos, que são vistas durante as aulas e após delas pelas conversas das demais
professoras da escola.
42
3.5.2.3 Utilização dos Conhecimentos Específicos da Dança em Educação Física,
como Meio de Inserção Social
Percorrendo a história da nossa sociedade podemos verificar que as
pessoas com deficiências vêm sendo excluídas e discriminadas na nossa história
social, num primeiro momento ocorre a rejeição da própria família, a todo um
processo de luto pelo filho que seria popularmente “tido como normal”, num segundo
momento toda a aceitação do círculo social onde esta criança será inserida, depois
os laços vão sendo aumentados, amigos, escola, comunidade em geral, até todos
aceitarem esta criança/pessoa deficiente como um ser de oportunidades que dentro
de suas limitações terá um desenvolvimento harmonioso.
O aluno com deficiência quando inserido na escola de educação especial ou
na escola regular convive num meio social que é formado pelas mais diferentes
pessoas e realidades sociais. Este aluno por apresentar alguma deficiência muitas
vezes é superprotegido pelos pais ou por quem os cuida, sendo assim, muitas vezes
depende de auxílio para desenvolver algumas atividades. A Escola de Educação
Especial Recanto da Alegria busca desenvolver em seus alunos a sua autonomia
para com as atividades diárias, como banho, escovação, higiene e demais atividades
que para as pessoas sem deficiência são tão fáceis de serem feitas.
Na aula de dança o objeto a ser trabalhado é o movimento humano, é
necessário que este corpo esteja em condições de receber o toque e de tocar o
outro também. A dança pode ser um meio de inserção social de alguns alunos na
escola, na turma e até mesmo na família, que muitas vezes estes alunos não têm
uma boa aceitação.
Os alunos com deficiência não possuem muitas vezes a mesma malícia que
uma pessoa adulta na idade deles tem, para eles tocar o colega é normal, dançar
homem com homem, mulher com mulher não é sinônimo de qualquer coisa, é
simplesmente uma dança. Eles não possuem preconceito e muito menos alguns
tabus que são encontrados na sociedade. Os mesmos possuem outras formas de
ver o mundo, com mais inocência, afetividade, carinho e transparecem isso nas suas
atitudes, na sua maioria são extremamente carinhosos.
Durante o desenvolvimento da unidade didática de dança na educação
especial possibilitei para que os alunos em muitos momentos escolhessem o colega
com quem gostaria de trabalhar durante a determinada aula, sem intenção de
43
delimitar menina com menino e assim por diante, deixando-os livres para que
buscassem quem julgavam ser o melhor para lhe acompanhar. Assim como na
escola regular há sempre aquele que não é escolhido pelos colegas para realizar as
atividades, talvez porque não a realiza tão bem quanto os outros, porque é mais
calado e não se destaca tanto em meio aos colegas como os mais comunicativos e
expansivos ou simplesmente porque por algum motivo seus coleguinhas não o
escolheram.
Entende-se caber tanto para a escola de educação especial quanto para a
escola regular e seus professores tentar diminuir esta situação de inteira exclusão de
qualquer aluno/pessoa, por qualquer um dos motivos supracitados, buscando com a
dança e com as demais atividades a inserção social de todos os alunos, seja na
turma, na escola, em casa e nos demais âmbitos sociais.
Todas as pessoas são seres humanos e possuem em seu interior uma gama
de sentimentos que muitas vezes acabam sendo esquecidos pelas demais pessoas,
a utilização dos conhecimentos específicos da dança nas aulas de Educação Física
consegue possibilitar às crianças deficientes uma valorização de si mesmo e do
outro, um desenvolvimento e interação muito grande que são elementos essenciais
para a inclusão social destes alunos.
Durante as práticas realizadas dentro da unidade didática foi se buscando a
valorização destes alunos deficientes, tanto dentro da escola como na comunidade e
no seio familiar. O que pude notar durante este trabalho e também em conversas
com as outras professoras da escola é que estes alunos com deficiência parecem
que não recebem a atenção que necessitam em suas casas e acabam sendo
excluídos dentro de suas próprias famílias.
Promover a valorização e a integração de todos os alunos durante as aulas,
tanto dentro da turma como no meio escolar ocorreu de maneira tranquila, claro que
com um pouco de resistência dos próprios alunos, o nosso gaiteiro e o outro aluno
que no fim acabou recebendo um apelido carinhoso de azedinho pela turma em
consequência de suas atitudes, pois durante as aulas quando era proposta qualquer
atividade a primeira resposta que ele nos dava era não quero e não vou fazer.
Com o tempo a gente conhece e vai descobrindo o que cada aluno trás por
trás de suas respostas e atitudes, uma carência afetiva muito grande, uma maneira
de agressividade de seu tratamento na sua casa, o descaso com eles ou demais
motivos que podem desencadear uma agressividade e a gente entende o porquê
44
eles agem assim, eles se defendem da gente atacando com palavras, com gestos,
com pequenas atitudes. Mas com calma e com muita dedicação consegui fazer com
que este aluno, o nosso azedinho, fosse incluído nas atividades e se socializasse
com os demais colegas, tanto que durante as aulas se a(o) aluna(o) com quem ele
estivesse dançando saísse por alguns minutos de sua frente ele logo pegava uma
de nossas bonecas para dançar, acabou sendo um destaque após sua socialização
e integração com a turma.
3.5.2.4 Do Olhar da Professora com o Percurso de Ensino e Aprendizagem
Escolhido – Metodologia Experimentada
Muito tem se ouvido falar em concepções de metodologia para o ensino na
Educação Física, buscando avaliar o que cada um tem a oferecer no que se refere a
conteúdos e formas de trabalho junto ao aluno. Com isto tem se destacado a
metodologia aberta, que nos apresenta uma intenção de ensino onde o professor e
os alunos cooperam na construção do ensino e aprendizagem, realizando uma
reflexão critica sobre esta pratica.
Conforme Cardoso et al. (1998):
A concepção de aulas abertas às experiências tem relação com o enfoque
pedagógico social-crítico. Acompanha esta nova concepção a necessidade
de compreendê-la através de algumas fundamentações teóricas e exemplos
práticos. Consequentemente, a ação envolve uma nova orientação no
processo ensino-aprendizagem, nos objetivos da aula, nos conteúdos da
Educação Física, na avaliação e no método de ensino.
Sendo esta a metodologia que melhor se encaixou para o desenvolvimento
das aulas da unidade didática no contexto da educação especial, por possibilitar ao
aluno intervir junto à referida prática, desenvolvendo a criatividade e o pensar,
priorizando juntamente a socialização e a cooperação. A concepção de aulas
abertas em educação física possibilita aos alunos a capacidade co-decisão, onde os
mesmo podem auxiliar na definição dos objetivos e conteúdos, isso tudo dentro de
suas possibilidades de decisão e intervenção (CARDOSO et al., 1998). Os mesmo
pode se usufruir de vivências cotidianas o que dá sentido as aulas, sentido este
produzido pelos alunos.
45
De acordo com Hildebrandt e Langing (1986 apud TESTA, 2011) o
referencial das aulas abertas nos apresenta como objetivos para as aulas que as
mesmas assumam:
[...] a busca da autonomia e da emancipação do aluno: valorizar a
participação dos alunos, propiciando momentos em que possam questionar
e opinar; possibilitar a construção coletiva do conhecimento, a partir de
decisões tomadas em conjunto professor e alunos; estimular a criatividade e
o pensar dos alunos, trabalhar o aspecto das relações aluno/aluno, no que
tange a incentivar a cooperação e socialização.
Com isso entende-se que as aulas dão uma maior possibilidade aos alunos
de explorarem, de criar movimento com seu corpo, de sentir a liberdade de
movimentar-se, ficando assim os mesmos livres para adquirirem novos movimentos
corporais, dentro do seu grau de possibilidade estas intervenções serão feitas dentro
dos limites dos alunos, dentro do seu entendimento.
É frente a esta possibilidade que o professor busca estimular os alunos
durante a realização das práticas, com frases de desafio e de incentivo, para que os
mesmos busquem o seu melhor, isto nas aulas com alunos com necessidades
educativas especiais faz toda a diferença, pois estes alunos necessitam serem
estimulados com mais frequência.
Referente à metodologia também pode-se observar que o desenvolvimento
das aulas se deu através de um leve aumento na complexidade das danças,
partindo de duas danças mais simples, chegando-se à danças mais complexas.
Conforme Oliveira o enfoque metodológico das aulas abertas está nas ações
problematizadoras:
[...] as ações metodológicas são organizadas de forma a conduzir a um
aumento no nível de complexidade dos temas tratados e realiza-se em uma
ação participativa, onde professor e alunos interagem na resolução de
problemas e no estabelecimento de temas geradores; o ensino aberto
exprime-se pela “subjetividade” dos participantes [...].
Pautado nesse pensamento as aulas da unidade foram sendo conduzidas de
uma maneira que os alunos adquirissem o conhecimento e conseguissem colocá-lo
em prática, os trabalhos com as danças na unidade se iniciaram com o pezinho e
com o caranguejo adaptados, se estendendo as danças de salão e as danças
46
folclóricas como sarrabalho e xote inglês, com um grau de complexidade bem maior
por possuir muitas trocas de lugares e variados desenvolvimentos.
3.5.2.5 Do Conteúdo da Unidade Didática – Danças Folclóricas Gaúchas como uma
Possibilidade de Ensino e Aprendizagem
A partir do desenvolvimento da referida unidade didática tendo como temas:
As Danças Folclóricas Gaúchas, sendo estas danças uma possibilidade de trabalho
das atividades rítmicas e expressivas na escola de educação especial foi possível
constatar que o tema da unidade didática estimulou os alunos a cooperarem entre si,
incentivando o aluno a ter domínio do seu corpo e de se desenvolver como criador
de novas experiências de movimentos.
Para se trabalhar com as danças folclóricas gaúchas durante as aulas da
unidade com os alunos da escola de educação especial foi necessário realizar
algumas adaptações, que não fizeram com que se perdessem os passos originais,
mas sim algumas alterações em seu deslocamento que se fizeram necessárias
devido à necessidade de facilitar o aprendizado da dança para os alunos com
deficiência. As adaptações necessárias para o desenvolvimento do trabalho não
diminuíram a beleza da dança, mas mostraram que para a mesma ser uma
possiblidade de trabalho dentro do contexto da educação especial necessita ser
repensada.
Estas adaptações estão presentes na dança do caranguejo onde ocorre uma
troca de lugares por ambos os dançarinos/alunos, acreditando que esta troca de
lugares prejudicaria o entendimento dos alunos, pois exige uma grande capacidade
de concentração durante estas trocas para que não ocorra de um aluno passar do(a)
aluno(a) com quem deverá dançar, foi estabelecido que as prendas/alunas ficariam
no seu lugar com as mãos erguidas como se fossem castanholas, enquanto os
peões/alunos realizariam a referida troca de lugares. Encontram-se adaptações
também na dança do pezinho onde são realizados dois tipos de marcações, uma
marcação pendular e outra marcação em linha reta, para facilitar o entendimento e
desenvolvimento da dança é realizado somente um tipo de marcação, a pendular,
onde os alunos tomando-se das mãos realizam quatro marcações pendulares,
iniciando com o pé direito. Contudo, as adaptações foram realizadas para
proporcionar aos alunos mais satisfação e realização durante as práticas, pois com
47
estas adaptações o índice de erro diminuiu e os alunos se sentem mais estimulados
e conseguem se desenvolver dentro das suas possibilidades.
A possibilidade de ensino das danças folclóricas gaúchas auxiliou na
socialização entre os alunos e também na minha socialização aluno-professor, pois
assim como os saberes eram novos, a professora também era nova, então ocorreu
uma necessidade ainda maior de cativar estes alunos, de conquistá-los para mim e
para as práticas aqui propostas.
Durante as aulas sempre contei com o apoio da professora regente da
turma, sempre empolgada em aprender, interessada e comprometida com as
práticas, a cada sexta-feira quando chegava à escola ela vinha e me questionava
sobre o que era aprendido, a mesma não possuía conhecimento sobre as danças
folclóricas, então seus conhecimentos foram sendo construídos junto com os alunos.
Acho que era isso que a mais motivava para as práticas, pois ao mesmo tempo em
que era professora dos alunos era colega deles, dançando e participando
ativamente, sempre realizando relatos sobre o que era vivenciado e os
acontecimentos para as demais professoras na hora do intervalo.
3.5.2.6 Objetivos Conceituais, Procedimentais e Atitudinais – Envolvimentos e
Entraves
A unidade didática das danças folclóricas gaúchas apresentou objetivos
conceituais, procedimentais e atitudinais, os três objetivos são trabalhados dentro da
unidade, cada um com sua intencionalidade e obtendo diferentes respostas dos
alunos, alguns com melhores resultados, outros com resultados um pouco menores.
O objetivo procedimental buscava possibilitar aos alunos com deficiência
desenvolver
sua
capacidade
de
expressão,
vivenciando
diferentes
ritmos,
melhorando sua coordenação e socialização, a capacidade de expressão foi
trabalhada na unidade didática através de diferentes atividades, com enfoque
voltado para a criação de diferentes expressões, através de movimentos ritmados.
Foi um objetivo que teve seus resultados mais restritos, pois como já relatado
anteriormente os alunos têm uma grande dificuldade com a criação de movimentos,
mas seu dicionário de movimentos corporais teve sim uma ampliação com algumas
limitações, mas foi desenvolvido, foi um dos momentos onde os alunos necessitaram
de mais estimulação.
48
O objetivo conceitual está inteiramente relacionado à vivência das danças
folclóricas, onde se buscava adquirir conhecimentos sobre as danças do pezinho,
caranguejo, sarrabalho e xote inglês, também conhecimentos relacionados às
danças de salão com xote e vaneira, durante as aulas os alunos sempre se
mantiveram interessados nas danças folclóricas, quando apresentei para os mesmos
os vídeos de grupos de danças e de alguns casais dançando, eles ficaram
encantados e realizados, pois puderam ver através dos vídeos que as danças e
atividades vivenciadas por eles na escola também são realizadas por outras pessoas
em outros lugares.
O envolvimento e o gosto que os alunos foram adquirindo durante as aulas
pelas danças folclóricas são demonstrados nas atitudes dos mesmos e de variados
modos, quando nos questionam sobre quando será a próxima aula, se será
vivenciado uma nova dança, se adquirimos mais um par de botas, se na aula de hoje
vamos ter a atividade com a boneca, acredito que são essas atitudes que dão
valorização ao trabalho realizado. Quando um aluno vem na porta da sala dos
professores todo alegre para mostrar que sua mãe comprou uma guaiaca, mesmo
que ele esteja usando sobre uma bermuda e uma camiseta, o aluno está realizado
pela conquista e a gente também fica, pois este gosto pela cultura foi desenvolvido
na escola nas aulas de dança.
Ainda temos o objetivo atitudinal que buscava desenvolver atitudes de
respeito entre os alunos e com as professoras, promovendo a valorização da cultura
e do folclore do nosso Estado e também respeitando as diferentes culturas,
dedicando-se às aulas, demonstrando ter vontade de aprender, mantendo relações
equilibradas com colegas e professores, respeitando todas as diferenças e
dificuldades. Este objetivo foi bem desenvolvido, não tivemos atitudes de desrespeito
ou discriminação de qualquer aluno por parte dos demais, todos sempre foram
preocupados com os outros e se necessário até mesmo auxiliavam os colegas nas
referidas práticas.
Os três objetivos sempre são trabalhados juntos durante a unidade didática,
são envolvidos um no outro durante as aulas, e acredito que há um resultado
positivo para cada um deles, dentro desta ligação que ocorre entre os três objetivos.
49
3.5.2.7 O Aluno e suas Aprendizagens
Quando se trabalha no contexto da escola de educação especial as turmas
são formadas por alunos com diferentes deficiências, na turma onde desenvolvi a
unidade didática o contexto era assim, então as respostas foram as mais diferentes,
tivemos alguns alunos que não conseguiam tirar o pé do chão, que dançam
arrastando os pés, tivemos alunos que se desenvolveram de uma aula para outra
com uma facilidade que eu nunca imaginei.
Os alunos com CID10-Q90 Síndrome de Down3, dois meninos e uma
menina, são os destaques da turma, os meninos muito participativos, ativos, se
destacavam nas aulas, eu explicava a atividade ou o passo da dança, quando
olhava para o lado eles já estavam tentando realizar, não precisavam de duas
explicações, os mesmos são bem atenciosos com os colegas, quando notavam que
alguém estava com mais dificuldade tentavam ajudar ou me mostravam que aquele
colega não estava conseguindo. A menina já é bem mais quieta, claro há uma
grande diferença de idade entre os três alunos, ela é bem mais velha que eles, têm
a questão dela estar acima do peso e isto tudo dá mais dificuldade para ela realizar
as tarefas, mas a mesma tem força de vontade para fazer as coisas, isso já é de
grande relevância para as aulas, a mesma está conseguindo acompanhar a turma
dentro do seu tempo, às vezes está um pouco atrasada no tempo da música, mas
tem persistência e segue dançando.
Os demais alunos da turma possuem em seus diagnósticos conforme
exames neurológicos CID10-F71 retardo mental moderado, CID10-F72 retardo
mental grave e CID10-F79 retardo mental não especificado4, estes alunos não
apresentaram dificuldades para realizar as atividades, para compreender as
3
Síndrome de Down ou Trissomia do cromossoma 21 é um distúrbio genético causado pela presença
de um cromossomo 21 extra total ou parcialmente. Caracterizada por uma combinação de diferenças
maiores e menores na estrutura corporal, geralmente está associada a alguma dificuldade de
habilidade cognitiva e desenvolvimento físico, assim como de aparência facial.
4
Os três tipos de retardos mentais acima descritos se diferenciam no grau de comprometimento, indo
de um grau leve a um grau mais grave. O retardo mental ocorre em decorrência de algumas doenças
como Síndrome de Down, que não é uma síndrome herdada, é a síndrome do cromossomo X frágil, é
a causa mais frequente de retardo mental herdado, além destas duas doenças genéticas, as
alterações cromossômicas humanas, em geral, podem causar retardo mental, além de outros sinais
clínicos. Seu diagnóstico é mais difícil pela complexidade de sua etiologia. Caracteriza-se por
funcionamento intelectual significativamente abaixo da média e presença de limitações de
desenvolvimento intelectual significativamente abaixo da média e presença de limitações de
desenvolvimento e de habilidades adaptativas. Dados retirados da página do Centro de Pesquisa do
Genoma Humano e Células-tronco.
50
explicações, são alunos bem desenvolvidos dentro de suas limitações, temos o caso
de um destes alunos apresentar em alguns momentos no contexto escolar geral um
comportamento mais agressivo, possuía um pouco de medo que durante as aulas
ele se comportasse desta forma, mas não tive problemas de agressividade com este
aluno, sempre bem responsável e respeitando os demais colegas.
Também podemos destacar deste grupo aqueles dois alunos que na
primeira aula prática não queriam participar e que no decorrer da unidade didática
foram sendo conquistados pela dança e incorporados nos trabalhos, o nosso gaiteiro
e o azedinho me causaram certo medo durante as primeiras aulas, de chegar até o
fim desta unidade didática e não conseguir incorporar os dois nas práticas, mas
venci, venci os medos deles e os meus também.
Através das aulas de dança pude ver estes dois alunos dançando contentes,
tendo lugar de destaque na coreografia feita para a música do xote antigo, acho que
este dois são os que mais apresentaram evoluções durante o desenvolvimento desta
unidade, se integrando, se relacionando com os colegas, realizando as atividades
propostas de maneira intensa e dedicada, indo além do que eu imaginava que
conseguiria com eles, momentos marcantes e de extrema satisfação tanto para eles
como para mim.
Ramos (2010) destaca que “Logo, o aluno com deficiência mental pode sim
apresentar-se com destaque numa aula de dança, principalmente quando é tocado
por meios interdisciplinares e por profissionais qualificados e amantes do que
fazem”. Comprovando e valorizando o destaque dos alunos durante as atividades e
seu destaque durante o desenvolvimento da unidade didática.
51
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação de alunos com necessidades educativas especiais vem sendo
baseada em leis que buscam a valorização das pessoas com deficiência. A
Educação Física também vem buscando o seu espaço e valorização enquanto
disciplina e não simplesmente uma atividade. O problema é que muitos profissionais
da área continuam vendo as aulas de Educação Física como um momento de
recreação/brincadeiras onde não se tem um objetivo, muitos acabam assumindo a
postura de professor bola, os quais simplesmente largam a bola para seus alunos e
os deixam na quadra, abandonando os outros eixos de trabalhos da Educação
Física.
A Educação Física deve tratar dos conhecimentos referentes à cultura
corporal de movimento, esta pesquisa trabalhou com um dos conteúdos
correlacionados a estas práticas corporais, buscando compreender no decorrer do
desenvolvimento de unidade didática de danças folclóricas gaúchas na educação
especial em quais momentos e modos que se evidencia a absorção dos
conhecimentos pelos alunos. A análise da pesquisa foi dividida em dois pontos de
vista: Do olhar da professora para com alunos, onde destacamos os seguintes
pontos: conhecimentos construídos, motivação para com o aprender, utilização dos
conhecimentos específicos da dança em EDF como meio de inserção social. E do
olhar da professora com o percurso de ensino e aprendizagem escolhido,
destacando os seguintes pontos: metodologia experimentada, do conteúdo da
unidade didática – danças folclóricas gaúchas como uma possibilidade, objetivos
conceituais, procedimentais e atitudinais – em qual há maior envolvimento ou
entraves, de que modo apareceram e no que o aluno foi além do proposto – por
quê?
52
A partir destes pontos conseguimos detalhar através da prática realizada
com os alunos da educação especial, nos pontos referentes ao olhar da professora
para com os alunos, que para que ocorra o aprendizado dos alunos com deficiência
é necessário que este aluno esteja incluído num ambiente estimulador e vivenciando
um cotidiano escolar com atividades diversificadas, promovendo o desenvolvimento
das suas potencialidades e sempre buscando a valorização destes alunos.
Os alunos demonstram durante as aulas de Educação Física onde ocorre a
tematização da dança de diferentes modos que este conhecimento é de relevância
para ele e para sua vida, nós utilizamos as mais diferentes formas de comunicação,
geradas pelo nosso corpo, desde uma palma até um assubiu para demonstrar algo,
e através da dança que podemos desenvolver estas capacidades de comunicação
através de movimentos produzidos pelo nosso corpo, como batidas de pés, giros,
movimentos com os braços, dentre outros.
No que se refere ao olhar da professora com o percurso de ensino e
aprendizagem escolhido para o desenvolvimento da unidade didática foi utilizada a
metodologia de ensino aberta que visa à construção dos conhecimentos numa
parceria entre o professor e o aluno, onde junto se construiu o processo de ensino e
aprendizagem.
Para que este processo ocorresse de forma mais simples para os alunos da
educação especial foi necessário realizar adaptações nas danças folclóricas, para
facilitar assim o entendimento e a prática das danças, para que todos os alunos
cada qual na sua deficiência conseguissem desenvolver da melhor forma possível
suas potencialidades, valorizando e respeitando cada aluno dentro do processo.
As aulas de Educação Física com a tematização dos conteúdos das danças
folclóricas possibilitaram aos alunos com necessidades educativas especiais além
de se descobrirem como seres criadores de movimentos corporais, como integrantes
de uma cultura imensamente rica em danças, costumes e demais bens culturais, a
dança também ofereceu momentos de sociabilidade, cooperação, valorização e de
respeito ao colega e aos professores.
Para que o trabalho com danças nas aulas de Educação Física na educação
especial ocorra com sucesso é imprescindível que os professores se preparem,
busquem conhecer todos os elementos da cultura corporal de movimento, fugindo
das práticas restritas somente ao esporte, oportunizando para estes alunos que são
53
carregados de marcas, vivências estimuladoras e desafiadoras para que ocorra das
mais diferentes formas o processo de ensino e aprendizagem.
Fica a experiência rica deste momento e a perspectiva de manter minha
formação continuada, fazendo novas inserções de estudo em casa, na escola, na
atuação profissional, em uma pós-graduação, dentre em breve.
54
REFERÊNCIAS
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56
ANEXOS
57
ANEXO A – Dados da Escola de Educação Especial Recanto da Alegria –
Tenente Portela – RS
A Escola de Educação Especial Recanto da Alegria é mantida pela
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Tenente Portela. Foi
fundada em 27 de outubro de 1981 por um grupo de líderes da comunidade. As
atividades pedagógicas tiveram início em 1982, no prédio do antigo Sindicato de
Trabalhadores Rurais. Em 1988 inaugurou-se o prédio da Escola da APAE,
construído pelo Lions Clube, com o apoio financeiro da comunidade. Em 2000, por
determinação do Conselho Estadual de Educação, parecer 253/00, passou a ser
Escola de Educação Especial Recanto da Alegria.
 Dados da Instituição
Endereço: Rua Potiguara, nº 536 – Tenente Portela – RS
Bairro: Operário
Fone: (55) 3551-2010
E-mail: [email protected]
 Funcionamento
A Escola de Educação Especial Recanto da Alegria atende seus alunos nos
turnos da manhã e da tarde de segunda-feira a sexta-feira, das 8 as 12 horas e das
13 as 17 horas.
 Equipe da Diretoria
A Escola de Educação Especial Recanto da Alegria tem além de sua equipe
diretiva a comissão que preside a diretoria da Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais, que tem como componentes da diretoria os seguintes colaboradores:
Presidente: Hélio C. de Aguiar
Vice-Presidente: Maria Rute Perreira
Secretária: Theresinha Conceição M. Furini
Vice-Secretária: Luci Avani Motta
Diretora Financeira: Eloá Splendor
Vice-Diretora Financeira: Elenir Tereza De Carli
Diretora Patrimonial: Iracema Tessari
Diretora Social: Nice Ternes
58
Conselho Administrativo: Lenir Puntel, Isanete Heminng, Clenir Molinari,
Joslei Penno, Ivone Paludo
Conselho Fiscal: Sueli Marroni Muller, Elvira De Carli, Teresinha Bolson
 Equipe Diretiva e Pedagógica
Diretora: Rosane Maria Demari Avrella
Coordenadora Pedagógica: Leonilda Pinno
 Equipe Docente
Professores: Sandra Missio, Ivete Solange Pinno Pozebom, Juleide
Aparecida Polesso Almeida, Sandra Lapazini Bergonci, Liane Lina Lucatelli
Uik, Marina Boni, Eliandra Machado, Regina da Silva
 Equipe de Técnicos
Psicólogos: Fernanda Furini, Rosicler Hencken Weiss
Fonoaudióloga: Grasiela Maria Luza
Fisioterapeuta: Marizol Zanatta
Terapeuta Ocupacional: Virginia
 Equipe de Funcionários
Secretária: Cristina Fries Coldebella, Priscila Carvalho da Costa
Motorista: Velci Medeiros
Merendeira: Lurdes Alves de Oliveira
Serviços Gerais: Malvane de Lima, Rosinei Hencken Weiss
 Filosofia
A Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de Tenente Portela tem
como filosofia, valorizar o aluno, respeitando suas limitações.
 Objetivo Geral da Escola
Educar o aluno para a individualização, integração e socialização,
desenvolvendo o máximo de suas potencialidades através de um trabalho
participativo.
 Missão
Promover o desenvolvimento integral do aluno excepcional, dentro dos
limites de sua capacidade, visando a formação de sua personalidade para melhor
convivência com a família e a comunidade.
59
 Modalidade de Desenvolvimento
A escola atende atualmente cerca de 100 alunos, estes alunos com idade de
0 a 48 anos aproximadamente, a escola atende desde a Educação Infantil até a
preparação destes alunos para o mercado de trabalho.
Quando o aluno entra na escola com idade para integrar a Educação Infantil
o mesmo é avaliado e definido a turma que irá integrar, se tiver o desenvolvimento e
a idade entre 0 a 3 anos o mesmo será encaminhado para a turma de estimulação
precoce, que visa desenvolver nesta criança potencialização, sua capacidade,
respeitando suas individualidades, o desenvolvimento de forma progressiva,
buscando a independência futura deste aluno.
Os alunos com idade e desenvolvimento entre 4 e 5 anos são encaminhados
para a turma da pré-escola, que busca desenvolver o físico, o psíquico, o intelectual
e o emocional do aluno, ampliando suas possibilidades de adaptação, socialização,
comunicação e expressão, a identificação do eu e meu corpo e minha família através
de atividades de interação e intercâmbio social.
No caso dos alunos que chegam mais tarde à escola, com idade entre 6 e
14 anos, estes já serão encaminhados para o Ensino Fundamental, alfabetização
inicial (etapa I) 6 a 8 anos; alfabetização intermediária (etapa II) 9 a 10 anos;
alfabetização avançada (etapa III) 11 a 12 anos; e pós-alfabetização (etapa IV) 13 a
14 anos. Alguns alunos com Necessidades Educativas Especiais são capazes de
assimilar os conteúdos curriculares referentes ao Ensino Fundamental, reúnem
condições suficientes para adaptar-se socialmente através da atuação independente
na comunidade e estão aptos à alfabetização, apresentando condições de
desenvolver o domínio de habilidades linguísticas básicas, componentes para o
sucesso da leitura e escrita, sendo assim, após a pré-alfabetização do alunado, o
processo da escola é encaminhá-lo para a Escola Regular, ocorrendo um
intercâmbio, num turno o aluno frequenta a Escola Regular e no outro a Escola de
Educação
Especial,
onde
recebe
um
reforço
pedagógico,
atendimento
fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicológico e de assistência social.
Neste período o alunado estará desenvolvendo sua independência na
realização de ações e no relacionamento interpessoal, valorizando o aspecto sócioafetivo dos alunos como cidadãos com condições de desenvolver sua própria
capacidade.
60
Durante este período os alunos paralisados cerebrais são estimulados,
proporcionando incentivos, atividades, brincadeiras, desafiando-os para que
desenvolvam seu potencial evolutivo, respeitando suas limitações, oferecendo
possibilidades de recuperar ou construir seu lugar como pessoa.
Após o aluno frequentar as turmas referentes ao Ensino Fundamental o
mesmo é direcionado à turma de preparação para o trabalho, as chamadas oficinas,
onde a qualificação profissional objetiva estimular e capacitar estes jovens para o
mercado de trabalho, se propõe a adaptação dos jovens aprendizes às
necessidades sociais e ao mundo do trabalho, desenvolvendo sua autoconfiança e a
realização pessoal fundada no conhecimento da realidade, valores e expressões
culturais de seu meio. Formação de hábitos e atitudes de trabalho como,
pontualidade, responsabilidade, respeito, segurança e condutas adequadas.
Na escola também temos alguns alunos com maiores dificuldades que são
atendidos nos grupos de convivência, alunos com diagnósticos bem complicados e
conturbados, são atendidos nos grupos de convivência onde busca-se proporcionar
a estes alunos atividades de lazer, socialização, recreação, higiene pessoal, que
lhes permite o desenvolvimento de suas potencialidades, respeitando suas
limitações. O objetivo é, sobretudo, estimular sua independência de hábitos e
atitudes.
61
ANEXO B – Professora Regente das Turmas Oficina 01 e 02 da Escola de
Educação Especial Recanto da Alegria
A professora responsável pela turma das oficinas 01 e 02 é a professora
Sandra Lapazini Bergonci, com idade entre 37 anos, casada, com um filho de 10
anos.
A professora Sandra é formada em Pedagogia, formou-se em 2011 e é pósgraduada em Educação Infantil e Anos Iniciais, formou-se em 2013. Atualmente a
mesma está cursando Educação Especial e Educação Inclusiva na Uniasselvi e
Uninter.
A professora Sandra está trabalhando junto à escola da APAE – Escola de
Educação Especial Recanto da Alegria há mais de um ano e meio, a mesma me
relatou que a oportunidade de trabalho junto à escola surgiu através de uma
entrevista e a mesma foi selecionada, aceitou, pois seria uma oportunidade de iniciar
na área de sua formação, acabou se apaixonando pelo trabalho, acredita não ter
muitas dificuldades no trabalho, somente comentou que a maior dificuldade do
trabalho é que o grupo é grande, cada um tem suas especificidades e o complicado
é conseguir atender todas estas especificidades sozinhas, a mesma solicitou junto à
diretoria da escola uma monitora para lhe auxiliar no trabalho com as turmas das
oficinas.
Quando questionada sobre o que lhe dá ânimo para o trabalho, a mesma me
relatou que o que lhe dá mais ânimo, é que as crianças ensinam a gente a dar valor
às pequenas e simples coisas da vida, cada aluno traz uma coisa só sua, uns são
mais amorosos, outros são mais agressivos, alguns mais carentes, outros mais
espevitados, mas cada um ensina e nos anima a cada dia.
Quando questionada sobre a participação da família dos alunos junto ao
processo de ensino e aprendizagem dos filhos a mesma comenta que as famílias
têm uma falta de interesse muito grande, são raros os casos que as famílias
participam e estão presentes junto à escola. Questionei a mesma sobre a
contribuição quando são solicitados e a mesma me relatou que os mesmos são
muito pouco contribuintes, na verdade os mesmos estão desligados da educação
dos seus filhos.
62
ANEXO C – Descrição das Danças Folclóricas Gaúchas
- Dança pezinho: o pezinho tem origem portuguesa, na ilha dos Açores. A
dança se dá em fileiras, primeiramente o peão e a prenda tomando-se das mãos
direitas, e colocando o pé direito à frente, onde o calcanhar fica preso ao solo e o
que se movimenta e a ponta do pé que faz movimentos pendulares que começam
para a direita correspondente a parte da música: Ai bota aqui, ai bota ali o seu
pezinho. Trocam-se as mãos e os pés, mão esquerda e pé esquerdo, repete o
movimento executado pelo pé direito na parte correspondente à música: O teu
pezinho bem juntinho com o meu, alternando pés e mãos repete a coreografia num
total de quatro vezes.
Para melhor compreensão dos alunos da educação especial a dança do
pezinho será adaptada da seguinte forma: serão realizadas somente duas trocas de
mãos e pés, ficando assim na parte corresponde à música: Ai bota aqui, ai bota ali o
seu pezinho, o teu pezinho bem juntinho com o meu, será executada somente com o
pé direito, quando se iniciar novamente: Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho, o teu
pezinho bem juntinho com o meu, será executada com o pé esquerdo, havendo
somente duas trocas de pés onde haveria quatro na dança original.
A segunda figura é a volta inteira, o par tomando-se pelos braços direitos
rodeiam no sentido dos ponteiros dos relógios através de passos de marchas
(caminhando) até voltar ao seu lugar, repete-se quatro vezes alternando os lados
iniciando pela direita.
Na dança original a terceira figura corresponde a um movimento pendular
em linha reta, mas a adaptação que se fez necessário para a educação especial faz
com que se repita a primeira figura adaptada.
Repete-se novamente a segunda figura, a da volta inteira. A dança se dá
num total de quatro repetições de cada figura.
- Dança caranguejo: dança muito popular em todo o Brasil, havendo
referência sobre a mesma desde o século XIX, no Estado do Rio Grande do Sul, o
primeiro registro musical se dá por volta de 1903, feito por Alcides Cruz, para o
anuário do Rio Grande do Sul, esta melodia ainda se pendura no Estado em
cantigas de rodas e brincadeiras infantis.
63
A dança se dá em roda, uma roda interna de meninas e uma externa de
meninos, que deverão estar postados frente a frente.
Para melhor compreensão dos alunos da educação especial para
introduzirmos esta dança num primeiro momento trabalhamos assim, ao invés de
entrarmos diretamente com a música fizemos com que os mesmos na roda frente a
frente com seu par colocassem ambos o pé direito à frente, o pé batesse com toda
planta e prenda com a ponta do pé a seguinte cantiga juntos executando três
batidas, pé, pé, pé, em seguida unissem os pés e levado as mãos à frente três
palmas, palma, palma, palma. Num primeiro momento vivenciamos somente isso,
em seguida foi introduzido um giro após a palma, e novamente a repetição do pé,
pé, pé e palma, palma, palma, gira. Isto corresponde à primeira figura da dança
caranguejo, na música na parte correspondente a: Caranguejo não é peixe (pé, pé,
pé). Caranguejo peixe é (palma, palma, palma). Se não fosse o caranguejo não se
dançava em Bagé (giro), repete-se duas vezes antes de seguir para a próxima
figura.
Dando sequência à coreografia na dança original na segunda figura os pares
se deslocam juntos, o peão para a direita e a prenda para a esquerda, com as mãos
nas alturas dos olhos, realizando marcações de castanholas com as mãos,
passando um peão (prenda) pela frente, entrando nas costas do segundo e ao final
executando um giro. Na dança para a educação especial só acontecerá o
deslocamento dos peões, passando somente pela frente, então ele sairá da sua
prenda, passará uma prenda e dançará com a segunda prenda. As prendas farão as
marcações de castanholas (pedindo dinheiro que é o termo que usamos durante as
aulas) no mesmo lugar, isto tudo ocorreu na parte correspondente na música ao
instrumental.
Repete-se toda a dança quatro vezes, se o peão não acabar na frente da
sua prenda deverá voltar até ela se deslocando no sentido anti-horário.
- Xote inglês: para se trabalhar com a dança do xote inglês iniciamos
conhecendo outra cantiga: “Eu vou, eu vou, eu vou para casa da vovó, eu vou, eu
vou, eu vou para casa da vovó, vou voando, volto correndo, vou voando, volto
correndo. Eu vou, eu vou, eu vou para casa do vovô, eu vou, eu vou, eu vou para
casa do vovô, vou voando, volto correndo, vou voando, volto correndo”. A melodia
original da dança do xote inglês é somente instrumental, então para facilitar o
trabalho com esta dança utilizaremos esta cantiga da casa da vovó e do vovô.
64
A dança é executada frente a frente na primeira parte, o par de mãos dadas,
mão direita do peão e esquerda da prenda, executando três passos de marcha
lateral (passo junta, passo junta...), iniciando o peão com o pé esquerdo e a prenda
com o direito, ao finalizar o terceiro passo três marcações de marcha no lugar, trocase de mão e executa-se os três passos de marcha lateral, iniciando o peão com o pé
direito e a prenda com o pé esquerdo, os passos correspondentes a um trecho da
música “eu vou (passo lateral), eu vou (passo lateral), eu vou (passo lateral) para
casa da vovó (marcações)”, após as duas repetições se executa um passo de xote
fundamental, tomando-se pela mão direita do peão e esquerda da prenda, executam
um passo de xote para frente (infletindo ¼ de volta), iniciando com o pé esquerdo do
peão e a prenda com o pé direito, realização da execução de três passos de xote
seguidos de uma pausa que seria o quarto passo que fica no ar, o pé não pousa no
solo, que já iniciara a execução dos passos de xote para voltar trocando as mãos,
esquerda do peão e direita da prenda, peão inicia com o pé direito que foi o que fez
o quarto passo (que não posou no solo) e a prenda com o esquerdo, que foi o pé
que realizou o quarto passo (que não posou no solo), repete-se a mesma execução
anterior, estes passos correspondem ao trecho da cantiga que se refere “Vou
voando, volto correndo, vou voando, volto correndo”. Após a execução dos passos
de xote os pares enlaçados como na valsa executam um valseado no lugar.
Repete-se a dança novamente, só que agora os passos não são laterais,
tomando-se das mãos novamente, direita do peão e esquerda da prenda, infletem ¼
de volta, peão para a esquerda e prenda para a direita e executam os três passos,
marcha para frente, voltam e executam para o outro lado, em os passos de xote um
valseado. Repete a dança toda novamente.
65
ANEXO D – Desenvolvimento das Atividades
- Estátua: será distribuído no chão da sala bambolês onde cada aluno
deverá estar, quando a música iniciar os mesmos deverão sair do bambolê e se
deslocar livremente pela sala, quando a música parar eles deverão entrar dentro de
um bambolê e fazer uma pose de estátua. Quando a música reiniciar segue-se a
brincadeira, repetindo quantas vezes acharem interessante.
- Dança com jornais: para iniciar distribuir as folhas de jornal uma para
cada aluno, a turma deve ficar de pé, no centro da sala, a professora explica que irá
colocar uma música e que os participantes devem dançar sobre a folha de jornal que
receberam. Colocar a música e deixar que os participantes dancem sobre a folha de
jornal. Parar a música e pedir que os participantes dobrem a folha de jornal (uma
dobra). Colocar a música novamente e pedir que dancem sobre a folha dobrada.
Parar a música e pedir que dobrem a folha novamente. Proceder dessa forma até
que a folha de jornal esteja toda dobrada e os participantes não consigam mais
dançar sobre ela. Observar durante a prática se os participantes mantiveram o
equilíbrio apoiando-se uns nos outros ou se cada um preocupou-se apenas consigo
mesmo.
Variações possibilitadas:
- estátua sobre o jornal;
- duas folhas de jornais por participantes, de pé descalços os mesmos
deveram amassar as folhas de jornais com os pés e fazer duas bolinhas
uma para cada pé, deveram dançar com os pés sobre as bolinhas, nos
mais diferentes ritmos.
- Massagem com bexigas: o professor orienta os participantes a formar
duplas. Entrega uma bexiga a cada dupla, solicitando que a encham, auxiliando
quem não conseguir. Orienta os mesmos a escolher a pessoa da dupla que
começará o exercício, havendo a inversão de papéis no segundo momento. Informa
ser este exercício uma atividade de sensibilização, e que para ser feito
adequadamente requer atenção, concentração e seriedade dos participantes. Tem
como objetivo utilizar, durante cerca de dois minutos, um objeto intermediário
“bexiga” para “massagear” o corpo do colega de formas variadas “ritmo, intensidade,
etc.”. É reforçada a importância de que os participantes “se dediquem ao colega da
dupla”, buscando estar atentos aos sentimentos e sensações que possam vir a
66
surgir. O professor dá início ao exercício colocando ao fundo uma música suave, e
solicitando que os participantes não falem durante a atividade. Decorridos os dois
minutos iniciais, pede-se aos mesmos que interrompam a “massagem”, fechem os
olhos e registrem na memória o que estão sentindo. Após alguns instantes, solicita
que abram os olhos lentamente e invertam os papéis na dupla. Novamente dá-se
início ao exercício por mais dois minutos. Ao final desta segunda etapa, repete-se o
momento do registro de sentimentos e sensações presentes, passando-se a seguir à
troca de experiências entre os componentes da dupla. Após isso, abre-se espaço
para que depoimentos livres possam ocorrer no grupo maior. É importante ressaltar
as sensações experimentadas, as inibições, a relação confiança x desconfiança,
sensibilização etc.
- Espelho: o instrutor divide os participantes em duplas, orientando-os de
que o exercício terá dois momentos: no 1º, um elemento da dupla será o espelho e o
outro o objeto; no 2º, ocorrerá a inversão de papéis. Cada etapa terá a duração
máxima de dois minutos. Após a escolha dos papéis em cada dupla, o instrutor
explica que o “espelho” deverá “refletir” (imitar), da forma mais semelhante possível,
os movimentos do “objeto” e vice-versa no momento da segunda etapa. Após a
realização das duas etapas, abre-se para discussão grupal sobre o que foi sentido
no exercício. Uma variação desta atividade é “seguir” com o corpo as mãos ou olhos
do parceiro da dupla. Colocar-se no lugar do outro/concentração.
- Dança da vassoura (boneca): os alunos em duplas/pares dançam, um
aluno forma sua dupla com a boneca ou com a vassoura, quando a música para o
que está com a boneca/vassoura deve tentar arrumar alguém para formar uma dupla
e passar a boneca/vassoura para outro colega. A possibilidade de se declamar um
pequeno verso entre a troca da boneca/vassoura pelo par que estava dançando com
a mesma.
Construção de uma coreografia com o uso da música Xote Antigo, que
em sua letra nos diz o seguinte:
Gaiteiro, toque um xote antigo,
Que eu vou tirar uma prenda pra dançar comigo.
Pode ser xote largado, pode ser de quatro passos
Mas que seja um xote antigo que eu lhe mostro como faço
67
Pego na mão da chinoca e arrodeio pros dois lados
E amanheço no fandango, dançando xote largado
(Gaiteiro, toque um xote antigo
Que eu vou tirar uma prenda pra dançar comigo) x2
Se for xote carreirinha tem que ter bastante espaço
Xiru velho barrigudo quase morre de cansaço
Pra não dar rolo na sala toque o velho laranjeira
Que a indiada se entrevera e dá-lhe xote a noite inteira
(Gaiteiro, toque um xote antigo
Que eu vou tirar uma prenda pra dançar comigo) x2
Se for xote carreirinha tem que ter bastante espaço
Xiru velho barrigudo quase morre de cansaço
Pra não dar rolo na sala toque o velho laranjeira
Que a indiada se entrevera e dá-lhe xote a noite inteira
A partir da letra da música e da ideia da turma possuir um gaiteiro, juntamos
a teatralidade e a dança, onde os alunos meninos correspondentes aos pares das
prendas deveriam entrar na sala onde estaria o gaiteiro e o panderista sentado e no
momento em que se soltasse a música e se inicia a mesma com a frase Gaiteiro
toque [...], os mesmos deveriam cutucar o gaiteiro e apontar para as meninas que
estavam sentadas no lado esperando por eles e pelo gaiteiro para iniciarem o baile.
O gaiteiro e seu companheiro por sua vez se negam a tocar e responde os meninos
com um não, mas vence a insistência e a determinação dos meninos que vieram até
o baile para dançar com as prendinhas.
Após a concordância do gaiteiro e seu companheiro em tocar, os meninos
iam até suas prendas, as giravam e enlaçam e dançavam um xote.
- Expressão com imagens: cada aluno recebeu uma imagem de revista,
deveriam distribuir pelo chão, ao som de uma música deveriam se deslocar pela
sala, quando a música parasse os alunos deveriam expressar o que estava na
imagem da sua maneira, mas o mais próximo possível da imagem.
68
- Atividade rítmica: organizar os alunos em duplas, um de frente para o
outro. Eles devem segurar um arco horizontalmente e ficar dentro dele. Conforme os
comandos dados pelo professor os alunos deveram andar aumentando e diminuindo
o ritmo, mexendo os braços, com passos curtos e longos, pulando, etc.
- Dança da cadeira: disponha as cadeiras em círculo, sendo que o número
de assentos seja menor do que o número de participantes. Coloque uma música
para tocar. Enquanto a música toca, todos os jogadores dançam em volta das
cadeiras. Quando a música parar, cada um deve tentar ocupar um lugar. A criança
que não conseguir lugar sai do jogo levando consigo mais uma cadeira. O vencedor
será aquele que conseguir sentar na última cadeira.
- Dança das cadeiras cooperativas: colocamos em círculo, um número de
cadeiras menor que o número de participantes. Em seguida propomos um “objetivo
comum”, terminar o jogo com todos os participantes sentados nas cadeiras que
sobrarem. Colocamos a música e todos dançam. Quando a música é interrompida,
todos devem se sentar, usando os recursos que estão no jogo: cadeiras e pessoas.
Os participantes podem se sentar nas cadeiras, nos colos uns dos outros, ou de
alguma outra maneira criada por eles. A cada interrupção o professor retira algumas
cadeiras. Ninguém sai do jogo e a dança continua até todos os participantes estarem
sentados numa cadeira só.
- Coreografia para a música Ajoelha e chora – Tchê Garotos: na primeira
parte da música os alunos devem executar passos de vaneira (2 x 2) laterais com as
mãos para o alto.
No refrão: mãos nos joelhos cruzadas e depois abertas, mãos no rosto
marcando o choro. Na parte correspondente ao laço erguer uma das mãos e fazer o
movimento como se estivesse laçando, girando.
Repete-se tudo.
Tava cansado de me fazer de bonzinho
Te chamando de benzinho de amor e de patroa
Esta malvada me usava e me esnobava
E judiava muito da minha pessoa
Endureci resolvi bancá o machão
Ai ficou bem bom agora é do meu jeito
69
De hoje em diante sempre que eu te chamar
Acho bom tu ajoelhá e me tratá com respeito
Refrão:
Ajoelha e chora ajoelha e chora
Quanto mais eu passo laço muito mais ela me adora
Ajoelha e chora oi, ajoelha e chora
Quanto mais eu passo laço muito mais ela me adora
Mas o efeito do remédio que eu dei
Foi melhor do que eu pensei ela faz o que eu quiser
Me lava a roupa lava os pratos e cuida os filhos
Anda nos trilhos garrô preço essa muié
Faz cafuné me abraça com carinho
Me chama de docinho comecei me preocupar
Eu tô achando que esta mulher danada
Ficou mal acostumada e tá gostando de apanha.
- Dança com balões: em duplas, cada dupla com um balão, para iniciar a
dança colocar o balão na testa e dançar mexendo os braços e se deslocando. A
professora fará pausas na música e a cada pausa o balão deverá passar para outra
parte do corpo. O balão não pode cair no chão.
70
ANEXO E – Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, Elis Fernanda Greter Wink, responsável pela pesquisa que se intitula AS
DANÇAS FOLCLÓRICAS GAÚCHAS COMO CONTEÚDO ESCOLAR NAS AULAS
DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL, venho por meio deste fazer
um convite para você participar como voluntário deste estudo. Esta pesquisa
pretende através do desenvolvimento das aulas de Educação Física com a temática
das danças folclóricas gaúchas, contatar quais são os momentos e modos que se
evidencia a absorção do conhecimento pelos alunos participantes e se estes
conhecimentos se incorporam nos demais contextos da vida. Acredito que seja
importante a sua participação, pois a turma já possui um grupo bem integrado, o que
facilitaria o desenvolvimento da referida unidade. Para a realização e comprovação
da pesquisa serão necessários registros fotográficos das aulas e demais atividades
que se fizerem necessárias ao desenvolvimento da mesma. Ficando esclarecido que
o participante tem o direito de tirar qualquer dúvida ou pedir qualquer outro
esclarecimento, bastando para isso entrar em contato com a pesquisadora.
Consentimento da participação da pessoa como sujeito.
Eu, _____________________________________, RG/CPF/nº de prontuário/nº de
matrícula ______________________________, abaixo assinado, concordo em
participar do estudo _____________________________________________, como
sujeito.
Fui
devidamente
informado
e
esclarecido
pelo
pesquisador
______________________________ sobre a pesquisa, os procedimentos nela
envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha
participação.
71
Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem
que
isto
leve
a
qualquer
penalidade
ou
interrupção
de
meu
acompanhamento/assistência/tratamento.
Local e data:
____________________________________
Nome e assinatura do sujeito ou responsável:
____________________________________
Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e aceite do
sujeito em participar.
72
ANEXO F – Registros Fotográficos
Figura 1: Vista da entrada da escola
Fonte: Wink (ago. 2013).
Figura 2: Sala EDF 1
Fonte: Wink (ago. 2013).
73
Figura 3: Sala EDF 2
Fonte: Wink (ago. 2013).
Figura 4: Caranguejo 1
Fonte: Wink (ago. 2013).
74
Figura 5: Giro
Fonte: Wink (ago. 2013).
Figura 6: Xote inglês 1
Fonte: Wink (ago. 2013).
75
Figura 7: Pesquisadora e aluno participante
Fonte: Wink (ago. 2013).
Figura 8: Estátua
Fonte: Wink (set. 2013).
76
Figura 9: Alongamento
Fonte: Wink (set. 2013).
Figura 10: Dança jornal 1
Fonte: Wink (set. 2013).
77
Figura 11: Dança jornal 2
Fonte: Wink (set. 2013).
Figura 12: Massagem bexigas
Fonte: Wink (set. 2013).
78
Figura 13: Espelho 1
Fonte: Wink (set. 2013).
Figura 14: Espelho 2
Fonte: Wink (set. 2013).
79
Figura 15: Dança da vassoura
Fonte: Wink (set. 2013).
Figura 16: Dança de salão
Fonte: Wink (set. 2013).
80
Figura 17: Dança com a boneca
Fonte: Wink (set. 2013).
Figura 18: Xote antigo
Fonte: Wink (set. 2013).
81
Figura 19: Apresentação 1
Fonte: Wink (set. 2013).
Figura 20: Apresentação 2
Fonte: Wink (set. 2013).
82
Figura 21: Apresentação 3
Fonte: Wink (set. 2013).
Figura 22: Apresentação 4
Fonte: Wink (set. 2013).
83
Figura 23: Expressão 1
Fonte: Wink (set. 2013).
Figura 24: Expressão 2
Fonte: Wink (set. 2013).
84
Figura 25: Atividade rítmica
Fonte: Wink (set. 2013).
Figura 26: Sarrabalho 1
Fonte: Wink (set. 2013).
85
Figura 27: Turma
Fonte: Wink (set. 2013).
Figura 28: Dança da cadeira
Fonte: Wink (out. 2013).
86
Figura 29: Dança da cooperativa
Fonte: Wink (out. 2013).
Figura 30: Sarrabalho 2
Fonte: Wink (out. 2013).
87
Figura 31: Sarrabalho 3
Fonte: Wink (out. 2013).
Figura 32: Ajoelha e chora
Fonte: Wink (out. 2013).
88
Figura 33: Dança com balões 1
Fonte: Wink (out. 2013).
Figura 34: Dança com balões 2
Fonte: Wink (out. 2013).
89
Figura 35: Dança com balões 3
Fonte: Wink (out. 2013).
Figura 36: Dança com balões 4
Fonte: Wink (out. 2013).
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