PRODUÇÃO, CONSUMO E RECICLAGEM DE PAPEL NO BRASIL Ricardo Motta Pinto Coelho Introdução Desde a década de 1980, a produção de embalagens e produtos descartáveis cresceu significativamente, assim como a produção de lixo, principalmente nos países industrializados. Muitos governos e ONGs (Organizações Não Governamentais) estão cobrando das indústrias atitudes responsáveis. Neste sentido, o desenvolvimento econômico deve estar aliado à preservação do meio ambiente. Atividades como campanhas de coleta seletiva de lixo e reciclagem de alumínio, plástico e papel, já são corriqueiras em várias cidades do mundo. No processo de reciclagem, que além de preservar o meio ambiente também gera renda, os materiais mais reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico. Esta reciclagem ajuda a diminuir significativamente a poluição da água, do ar e do solo. Muitas empresas estão reciclando materiais como uma maneira de diminuir os custos de produção de seus produtos. Outro importante benefício gerado pela reciclagem é a quantidade de novos empregos que ela tem gerado nos grandes centros urbanos. Muitas pessoas sem emprego formal (com carteira registrada) estão buscando trabalho neste ramo e conseguindo renda para manterem suas famílias. Cooperativas de catadores de papel e alumínio, por exemplo, já são comuns nas grandes cidades do Brasil. Diversos materiais como, por exemplo, o alumínio pode ser reciclado com um índice de reaproveitamento de aproximadamente 100%. Derretido, ele volta para as linhas de produção das indústrias de embalagens, reduzindo os custos para as empresas. Várias campanhas de educação ambiental têm despertado a atenção para o problema do lixo nos grandes centros urbanos. Cada vez mais, os centros urbanos, com altos índices de crescimento da população, tem encontrado dificuldades em obter locais para instalarem depósitos de lixo (aterros). Logo, a reciclagem mostra-se como uma solução viável do ponto de vista econômico, além de ser ambientalmente correta. Nas escolas, muitos alunos são orientados pelos educadores a separarem o lixo em suas casas. Outro fato interessante é que já é muito comum nos grandes condomínios residenciais a reciclagem do lixo. Em regiões de zona rural a reciclagem também está acontecendo. O lixo orgânico (sobras de vegetais, frutas, grãos e legumes) é utilizado na produção de adubo orgânico para ser usado na agricultura. Corte de árvores Energia Polpa Marron Preparo das toras cascas Retirada das cascas Branqueamento Água Lavagem Água Corte dos cavacos NaOH Na2S Água Polpação Kraft Lignina Papéis de impressão Papéis para escrever Papéis para embalagens Papéis sanitários Cartões e cartolinas Papéis crespados Papéis não classificados Cloro ClO2 NaClO O2 O3 Como podemos verificar, se o ser humano souber utilizar os recursos que a natureza oferece, poderemos ter, muito em breve, um ambiente mais limpo desenvolvido de forma sustentável. Curiosidade: Você sabia que muitos produtos levam muitos anos para serem absorvidos pelo meio-ambiente? Veja abaixo uma relação das substâncias e o tempo que elas levam para serem absorvidas no solo. · Papel comum: de 2 a 4 semanas · Cascas de bananas: 2 anos · Latas: 10 anos · Vidros: 4.000 anos · Tecidos: de 100 a 400 anos · Pontas de cigarros: de 10 a 20 anos · Couro: 30 anos · Embalagens de plástico: de 30 a 40 anos · Cordas de náilon: de 30 a 40 anos · Chicletes: 5 anos · Latas de alumínio: de 80 a 100 anos Reciclagem de papel Trata-se do reaproveitamento do papel não-funcional para produzir papel reciclado. Há duas grandes fontes de papel a se reciclar: as aparas pré-consumo (recolhidas pelas próprias fábricas antes que o material passe ao mercado consumidor) e as aparas pós-consumo (geralmente recolhidas por catadores de ruas). De um modo geral, o papel reciclado utiliza os dois tipos na sua composição, e tem a cor creme.A aceitação do papel reciclado é crescente, especialmente no mercado corporativo. O papel reciclado tem um apelo ecológico, o que faz com que alcance um preço até maior que o material virgem. No Brasil, os papéis reciclados chegavam a custar 40% a mais que o papel virgem em 2001. Em 2004, os preços estavam quase equivalentes, e o material reciclado custava de 3% a 5% a mais. A redução dos preços foi possibilitada por ganhos de escala, e pela diminuição da margem média de lucro. Na Europa, o papel reciclado em escala industrial chega a custar mais barato que o virgem, graças à eficiência na coleta seletiva e ao acesso mais difícil à celulose, comparado ao do Brasil. Outros 19,67 Sanitários 16,86 Consumo Mundial de Papel (2005) Milhões de Toneladas (x 106 ton) Embalagem 84,3 Categorias Embalagem Imprensa 36,5 Imprimir e escrever Cartão Imprensa Sanitários Outros Cartão 42,15 Imprimir e escrever 81,4 1 - CENÁRIO INTERNACIONAL Produção e Consumo Mundiais de Papel A produção e o consumo mundiais de papel vêm crescendo há mais de quinze anos. A taxa média verificada na década de 80, para o crescimento da demanda mundial, foi de 3,6% a.a. e de 3,3% a.a. para o período 1990/95. As perspectivas para o horizonte 1995/2005 são de taxas anuais médias ao redor de 3,3%. CONSUMO MUNDIAL DE PAPEL milhões t PERÍODO 1980 1990 VARIAÇÃO % a.a. 90/80 1995 VARIAÇÃO % a.a. 95/90 2005 VARIAÇÃO % a.a. 2005/1995 CONSUMO MUNDIAL 168 239 3,6 281 3,3 390 3,3 Fonte: PPI e RISI Entre todas as categorias de papel, o tipo imprimir e escrever é o que vem apresentando as maiores taxas de crescimento devido ao uso cada vez mais intensivo de propaganda (mala direta), além das tecnologias desenvolvidas para escritórios (fax, copiadoras, impressoras, computadores pessoais, etc.) e o barateamento da impressão, permitindo uma maior diversidade de títulos de revistas e periódicos. Entre todas as categorias de papel, o tipo imprimir e escrever é o que vem apresentando as maiores taxas de crescimento devido ao uso cada vez mais intensivo de propaganda (mala direta), além das tecnologias desenvolvidas para escritórios (fax, copiadoras,impressoras, computadores pessoais, etc.) e o barateamento da impressão, permitindo uma maior diversidade de títulos de revistas e periódicos. Os maiores produtores e também consumidores de papel são os países desenvolvidos: EUA, Japão e Canadá respondem por cerca de 47% da produção mundial e EUA, Japão e Alemanha consomem 50% de todo o papel produzido. O Brasil ocupa o 11o lugar entre os países produtores e o 12o entre os consumidores depapel. O consumo per capta brasileiro é de 34 kg/habitante, é muito baixo quando comparado aos trinta maiores cujos números variam entre os limites de 332 kg (EUA) e 97 kg (Grécia). Entre os componentes do Mercosul, o Brasil fica em desvantagem em relação à Argentina, cujo consumo per capita em 1994 foi de 45kg. Destaque também deve ser dado para a China, que já se apresenta como o terceiro maior produtor e consumidor de papel, atrás apenas de Estados Unidos e Japão. O consumo per capita de papel na China alcançou, em 1994, o nível de 20 kg, patamar bastante inferior aos dos Estados Unidos e Japão (230 kg). Consumo per capta de Papel 2007 350 kg/hab.ano 280 Consumo per capta de Papel 210 140 70 0 País O comércio de papel, em 1995, movimentou cerca de 72 milhões de toneladas, correspondendo a US$ 80 bilhões e a 26% da produção mundial. O fluxo mais intenso de comércio é apresentado pelos segmentos embalagem, imprimir e escrever e papel de imprensa. A importação de papel é concentrada (cerca de 50%) em seis países: EUA, Alemanha, Inglaterra, França, China e Itália. Os Estados Unidos apresentam um fluxo intenso com o Canadá no comércio de papel de imprensa. Os países europeus são grandes importadores de papéis para imprimir e escrever e embalagens. Os principais países exportadores de papel são Canadá, Finlândia, Suécia e EUA, atuando o primeiro fortemente em papel de imprensa, a Finlândia no tipo imprimir e escrever e os EUA concentrados em papéis para embalagem. A exportação da Suécia é amais equilibrada entre os principais tipos de papel. Comércio Internacional de Papel (1990-1995) 80 100 (x 106 toneladas) 60 60 40 40 20 0 1989 20 1990 1991 1992 1993 ANO Quantidade ANO 1994 1995 0 1996 (x 106 US $) 80 As exportações brasileiras de papel alcançaram 1.229 mil t em 1995 (1,7% das exportações mundiais) e concentram-se nos tipos imprimir/escrever não revestidos e embalagem (kraftliner). Até meados da década de 80, o mercado externo era usado pelos produtores de papel para colocação do volume não absorvido no País. A partir do agravamento da recessão interna e da boa receptividade do papel brasileiro no exterior, a postura dos produtores nacionais foi se modificando e, atualmente, as exportações de papel assumem vital importância na ocupação da capacidade produtiva. O Brasil já se situa como um dos três maiores fornecedores mundiais de papel para imprimir e escrever não revestido, à base de celulose, tendo exportado, em 1995, 720 mil toneladas, o que significou 40% da produção nacional deste tipo de papel. A Europa, até 1991, era o principal mercado para os produtores de papel brasileiros. Hoje, pode-se considerar as exportações distribuídas igualmente por três blocos:América Latina, Europa e Ásia/África/EUA. O crescimento das exportações para o Mercosul tem sido expressivo, assim como paraos EUA que, no período out/88-jul/90, estava fechado para o Brasil como retaliação comercial devido ao impasse ocorrido na questão do reconhecimento de patentes. Papel Destino das Exportações Brasileiras 2007 América do Norte 12% Europa 17% Asia e Oceania 8% África 6% América Latina 57% Total = US$ 1,7 bilhão Celulose Destino das Exportações Brasileiras 2007 América do Norte 20% Europa 54% Asia e Oceania 25% África 0% América Latina 1% Total = US $ 3,0 bilhões A produção de celulose de mercado alcançou cerca de 30 milhões de toneladas em 1995, sendo de 55% e 45%, respectivamente, a distribuição entre as fibras longas e curtas. Durante a década de 80, a celulose de fibra longa mostrou-se preponderante sendo até hoje a referência para o estabelecimento dos preços dos demais tipos (em 1980 a produção de fibra longa correspondia a 63% do total produzido). O expressivo aumento da participação da celulose de fibra curta de eucalipto,introduzida no mercado a partir do final da década de 70 pelos países então chamados de não tradicionais produtores (Brasil, Portugal e Espanha), reverteu esse quadro, deslocando a fibra longa em sua trajetória de crescimento. Recentemente, o ingresso de países asiáticos neste mercado, em particular da Indonésia, tem contribuído para elevarainda mais a oferta de fibra curta. Celulose Sulfato Branqueada Milhões de Toneladas 9,0 F Longa F Curta 6,0 3,0 0,0 na Ca dá EU A ia v iná nd a c Es ile Ch é . Ib en P Países a ric Br il as é on Ind ia sia a eM lás Produção de Celulose (Fibra Curta) – Eucalipto Milhões de Toneladas 12000 Brasil Chile Espanha Portugal China 8000 4000 0 1990 1995 2000 ANOS 2005 2010 O consumo mundial de celulose sulfato branqueada de mercado apresentou taxas de crescimento de 2,6% a.a. no período 1980/90 e de 6,0% a.a. entre 1990 e 1995. Contudo, essa elevada taxa dos últimos anos foi devida a um consumo atipicamente baixo em1990; se o horizonte for ampliado para 1988/95, a taxa encontrada é de 3,5% a.a. Para o período 1995/99, estima-se que a taxa média anual de crescimento fique ao redor de 2,6%; para a fibra de eucalipto espera-se crescimento superior, com taxa de 4,8% a.a. Os principais países consumidores são EUA, Alemanha, Japão, França e Itália que, juntos, respondem por mais de 50% da demanda de celulose sulfato branqueada. Deve-se destacar o bom crescimento da fibra de eucalipto nesses mercados. Competição na Indústria de Celulose A competição nesta indústria se dá por preço e qualidade. As escalas de produção das novas plantas são cada vez maiores proporcionando menores custos unitários mas exigindo vultosos investimentos que, associados à disponibilidade de matériaprima florestal. A diferenciação de produto torna-se cada vez mais relevante, revertendo o tradicional tratamento de commod 0A pressão ambientalista tem levado as empresas a investir no desenvolvimento e implantação de novas tecnologias de processo, com destaque para a área de branqueamento, além de pesados gastos com controle ambiental. A tendência que s verifica atualmente é no sentido do “efluente zero”, ou seja, sistema fechado de produção. O custo da madeira tem-se elevad ultimamente, movido por dois fatores: pressões ambientalistas para não se cortar florestas e escassez de recursos florestais boa qualidade. A indústria também vem sentindo a pressão de se substituir fibras virgens por material reciclado. A legislação países desenvolvidos, principalmente da União Européia, tem obrigado ao uso de percentagens crescentes de reciclados na composição dos papéis. Por trás dessas pressões, há o interesse em diminuir a quantidade de lixo produzida pelas grandes cidades. O percentual de reciclagem tem-se elevado nos últimos anos. No Brasil, estima-se que 40% do papel seja reciclado Entretanto, este percentual, na realidade, deve ser significativamente maior, mas a falta de estatísticas impede seu correto dimensionamento.As empresas brasileiras de celulose de mercado têm respondido rapidamente às exigências de seus consumidores, adaptando seus processos produtivos às novas normas e credenciando-se à obtenção do certificado ISO-900 (todas as produtoras têm o certificado). Tem-se verificado, também, a implantação de rígidos programas de redução de custo modernização administrativa objetivando estruturas mais leves e capazes de responder às demandas de uma competição globalizada. Produção, Consumo e Principais Produtores Nacionais A indústria brasileira de papel e celulose apresentou um significativo desempenho no período 1980/95, fundamentado basicamente no comércio internacional, uma vez que o consumo aparente do país foi incapaz de absorver todo o crescimento verificado na produção, que elevou-se de 3,36 milhões de toneladas de papel e 2,87 milhões t de celulose, em 1980, para, respectivamente, 5,85 milhões e 5,44 milhões de toneladas, em 1995. A produção brasileira de celulose fibra curta é a que apresentou maior crescimento, sendo o tipo preponderantemente exportado pelo Brasil. O destino da fibra longa é o uso cativo na fabricação de papéis para embalagem, principalmente. Em 31.12.95, o setor possuía 1,5 milhão de hectares de reflorestamentos próprios, sendo 61% de eucalipto e 37% de Pinus. Durante o ano de 1995 foram implantados e/ou reformados 98 mil ha de reflorestamentos. O número total de empresas de papel e celulose no Brasil, no final de 1995, era de 235, com a produção de papel concentrada (65%) em grupo reduzido (26 empresas). Apenas cinco grandes empresas respondem por toda a produção brasileira de celulose de mercado. 19 80 19 81 19 82 19 83 19 84 19 85 19 86 19 87 19 88 19 89 19 90 19 91 19 92 19 93 19 94 19 95 20 06 20 07 Milhões de Toneladas Brasil: produção e consumo de papel 10,0 8,0 Produção Consumo 6,0 4,0 2,0 0,0 ANO Comércio Exterior de Papel e Celulose - 2007 Brasil 6,0 Exportação US$ Bilhões 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 ANO Importação Todas as maiores empresas são verticalizadas desde a base florestal, apresentandose com bom grau de modernidade industrial, sendo os grupos produtores nacionais altamente especializados em determinada fibra, com exceção apenas do Grupo Klabin, que atua em todos os principais segmentos de papel e em celulose de mercado, a exemplo do que ocorre com os grandes grupos mundiais. Papel Klabin 17% Outros 32% Suzano 11% Inpacel 3% Pisa 3% Trombini 4% Rigesa 4% Outros 17% Igaras 6% Votorantim 9% Ripasa 5% Champion 6% Klabin Suzano Votorantim Ripasa Champion Igaras Rigesa Trombini Pisa Inpacel Outros Celulose Aracruz 39% Riocell 9% Aracruz Cenibra Bahia Sul Jari Jari 10% Riocell Outros Bahia Sul 11% Cenibra 14% Comércio Externo Brasileiro A balança comercial do setor vem registrando saldos positivos crescentes, tendo contribuído, em 1995, com cerca de 6% das exportações totais do Brasil: entre papel e celulose, o valor exportado somou US$ 2,7 bilhões, com importações de US$ 1,1 bilhão. As importações brasileiras de papel são, basicamente, dos tipos imprensa (principalmente do Canadá) e imprimir/escrever revestidos (Finlândia). Em 1995, situaram-se na ordem de 805 mil toneladas, sendo 68% superior às importações de 1994. Papel no Brasil: Comércio Exterior x 103 toneladas 2000 1600 1200 800 400 0 1990 1991 1992 1993 1994 ANO Exportação de Papel Importação de papel 1995 Em termos de fibras, a tendência de aproveitar-se cada vez mais o papel usado, provocará taxas de crescimento bastante diferenciadas entre as fibras virgem e recicladas: 2,7 contra 4,7% a.a. no período 1995/2005. Também aqui espera-se a ocorrência de déficits de oferta. Florestas Plantadas no Brasil - 2007 500 Estados 300 200 100 Estados A M RJ AP PA SC S M RS G Es ta do s M PR BA 0 SP x 1000 ha 400 A principal vantagem competitiva do Brasil é a sua tecnologia florestal, onde, após 25 anos, o desenvolvimento genético alcançado para o eucalipto permite o corte para industrialização em 7 anos, com alta produtividade. As florestas boreais tem um ciclo de 30 anos, sendo que usualmente corta-se mata nativa. Essa vantagem, entretanto, num médio prazo, é ameaçada por outros países de climas tropical e subtropical, especialmente os asiáticos. Reciclagem do Papel Significa fazer papel empregando como matéria-prima papéis, cartões, cartolinas e papelões, provenientes de: Rebarbas geradas durante os processos de fabricação destes materiais, ou de sua conversão em artefatos, ou ainda geradas em gráficas; Artefatos destes materiais pré ou pós-consumo Atualmente, a matéria-prima vegetal mais utilizada na fabricação do papel é a madeira, embora outras também possam ser empregadas. Estas matérias-primas são hoje processadas química ou mecanicamente, ou por uma combinação dos dois modos, gerando como produto o que se denomina de pasta celulósica, que pode ainda ser branqueada, caso se deseje uma pasta de cor branca. A pasta celulósica, branqueada ou não, nada mais é do que as fibras celulósicas liberadas, prontas para serem empregadas na fabricação do papel. A pasta celulósica também pode prover do processamento do papel, ou seja, da reciclagem do papel. Neste caso, os papéis coletados para esse fim recebem o nome de aparas. O termo apara surgiu para designar as rebarbas do processamento do papel em fábricas e em gráficas e passou a ter uma abrangência maior, designando, como já foi dito, todos os papéis coletados para serem reciclados. As aparas provém de atividades comerciais, e em menor quantidade de residências e de outras fontes, como instituições e escolas. As aparas de papel podem ser recolhidas por um sistema de coleta seletiva, ou por um sistema comercial, utilizado há anos, que envolve o catador de papel e o aparista. Hoje, a força que propulsiona a reciclagem de papel ainda é econômica, mas o fator ambiental tem servido também como alavanca. A preocupação com o meio ambiente criou uma demanda por "produtos e processos amigos do meio ambiente" e reciclar papel é uma forma de responder a esta demanda. Assim, os principais fatores de incentivo à reciclagem de papel, além dos econômicos, são: a preservação de recursos naturais (matéria-prima, energia e água), a minimização da poluição e a diminuição da quantidade de lixo que vai para os aterros. Dentre estes, certamente o último é o que tem tido maior peso nos países que adotam medidas legislativas em prol da reciclagem. Etapas da Reciclagem do Papel Etapa 1: Entrega das aparas (fardo) na fábrica recicladora de papel passa pelo controle de qualidade e é classificado. Vai para o estoque de aparas . O lote do estoque mais antigo vai para as esteiras transportadoras. O hidrapulper desagrega o papel, juntamente com água industrial. Depois de desagregado, a bomba puxa a massa de papel para outras etapas Etapa 2 - turbo tiraplástico (retirada de plástico) Etapa 3 - centrifugação para retirada de impurezas (areia, prego, etc) Etapa 4 - refino da massa onde aditivos são adicionados à massa: sulfato de alumínio, amido de mandioca, etc Etapa 5 - Caixa de entrada da máquina de papel Etapa 6 - Mesa formadora (vácuo retira umidade excedente) Etapa 7 - Prensa acerta gramatura do papel Etapa 8 - Rolos secadores Etapa 9 - Enroladeira para gerar as bobinas de papel Etapa 10 - A bobina de papel acabada vai para o controle de qualidade Etapa 11 – Estoque ou cartonagem, transformando-se em chapa de papelão, a fim de ser industrializada como caixas de papelão. em an ha Países Consumo Recuperação o a nl ân di l lia Br as i Itá Ín di a al ás i a Ar g en Es tin ta do a s Un id os Fi M éx ic na Ja pã o M Ch i Es pa nh a Fr an ça Al Percentual de Reciclados Reciclagem de Papel no Mundo - 2007 100 80 60 40 20 0 Reciclagem de Pneus Os pneus usados podem ser reutilizados após sua recauchutagem. Esta consiste na remoção por raspagem da banda de rodagem desgastada da carcaça e na colocação de uma nova banda. Após a vulcanização, o pneu "recauchutado" deverá ter a mesma durabilidade que o novo. A economia do processo favorece os pneus mais caros, como os de transporte (caminhão, ônibus, avião), pois neste segmentos os custos são melhor monitorados. Há limites no número de recauchutagem que um pneu suporta sem afetar seu desempenho. Assim sendo, mais cedo ou mais tarde, os pneus são considerados inservíveis e descartados.Os pneus descartados podem ser reciclados ou reutilizados para diversos fins. Neste caso, são apresentadas, a seguir, várias opções: Na engenharia civil: O uso de carcaças de pneus na engenharia civil envolve diversas soluções criativas, em aplicações bastante diversificadas, tais como, barreira em acostamentos de estradas, elemento de construção em parques e playgrounds, quebra-mar, obstáculos para trânsito e, até mesmo, recifes artificiais para criação de peixes. Na regeneração da borracha: O processo de regeneração de borracha envolve a separação da borracha vulcanizada dos demais componentes e sua digestão com vapor e produtos químicos, tais como, álcalis, mercaptanas e óleos minerais. O produto desta digestão é refinado em moinhos até a obtenção de uma manta uniforme, ou extrudado para obtenção de material granulado.A moagem do pneu em partículas finas permite o uso direto do resíduo de borracha em aplicações similares às da borracha regenerada. Na geração de energia O poder calorífico de raspas de pneu eqüivale ao do óleo combustível, ficando em torno de 40 Mej/kg. O poder calorífico da madeira é por volta de 14 Mej/kg. Os pneus podem ser queimados em fornos já projetados para otimiza a queima. Em fábricas de cimento, sua queima já é uma realidade em outros países. A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) informa que cerca de 100 milhões de carcaças de pneus são queimadas anualmente nos Estados Unidos com esta finalidade, e que o Brasil já está experimentando a mesma solução. No asfalto modificado com borracha O processo envolve a incorporação da borracha em pedaços ou em pó. Apesar do maior custo, a adição de pneus no pavimento pode até dobrar a vida útil da estrada, porque a borracha confere ao pavimento maiores propriedades de elasticidade ante mudanças de temperatura. O uso da borracha também reduz o ruído causado pelo contato dos veículos com a estrada. Por causa destes benefícios, e também para reduzir o armazenamento de pneus velhos, o governo americano requer que 5% do material usado para pavimentar estradas federais seja de borracha moída.