XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. ANÁLISE DA CAPACIDADE DE ESTOCAGEM E GIRO DE PÁTIO DO TERMINAL ILHA GUAÍBA - VALE Philipe Gomes Paschoalino (Vale) [email protected] Leo Tadeu Robles (UFMA) [email protected] Sergio Sampaio Cutrim (UFMA) [email protected] Osvaldo Borralho Rosendo Junior (UFMA) [email protected] Esse trabalho tratou do problema de capacidade estática e giro de pátio do Terminal Ilha Guaíba. A metodologia aplicada permitiu avaliar a capacidade máxima de empilhamento para cada área do pátio de estocagem, considerando as característiccas físicas de cada produto, além de respeitar os limites físicos das empilhadeirasrecuperadoras e as distâncias entre pilhas e taludes, segundo procedimentos internos da Vale. Já o cálculo do giro de pátio do Terminal Ilha Guaíba levou em consideração a quantidade de minério embarcado anualmente que efetivamente foi recuperada do pátio. O estudo obteve um valor de capacidade estática para cada área do pátio, servindo como base para tomada de decisão das equipes envolvidas na gestão do pátio. Com isso foi possível reduzir a frequência de empilhamento de material acima da capacidade, que gera rechego ou desmoronamento da pilha. Através do cálculo e comparação do giro de pátio do Terminal Ilha Guaíba com os principais portos exportadores de minério, notou-se que o desempenho do terminal está próximo da média, porém ainda distante do seu benchmark. Também concluiu que distribuir os produtos de maior giro de forma homogênea pelos equipamentos trará mais flexibilidade operacional e dispô-los mais próximos do píer reduzirá o tempo total de transporte até o navio, contribuindo para que o terminal atinja elevados patamares de volume embarcado anualmente. Palavras-chaves: Capacidade estática; Pátio de estocagem; Empilhadeiras-Recuperadoras; Giro de Pátio XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho se desenvolveu no terminal de minério de ferro operado pela Vale, conhecido como TIG (Terminal de Ilha Guaíba). A estrutura do terminal é composta basicamente por 4 sistemas: descarga, embarque, movimentação/estocagem e peneiramento. O sistema de movimentação e estocagem é composto por 6 pátios, onde o transporte do minério é realizado por 3 equipamentos ER´s (empilhadeiras-recuperadoras) com taxa nominal de 8.000 toneladas por hora para empilhamento e 8.400 toneladas por hora para recuperação. Os pátios são dispostos paralelamente uns aos outros, intercalados por trilhos para as ER´s da forma que cada um dos equipamentos opera em dois pátios. O estudo teve como foco dimensionar a área estocástica do terminal, calculando a sua capacidade estática. Foi obtido o giro do pátio para os tipos de produtos movimentados no TIG e, depois comparou-se com o desempenho de outros portos. Dentre os benefícios que esse estudo pode gerar, destaca-se a criação de uma referência em relação à capacidade máxima de estoque que cada pilha comporta facilitando a atividade de programação e reduzindo o risco de empilhamento de material acima desse limite, que podem ocasionar desmoronamento de pilha e rechego O objetivo geral deste trabalho è realizar um estudo de caso do Terminal Ilha Guaíba, para dimensionar a sua capacidade estática e calcular o giro de pátio, analisando o desempenho desse terminal em relação a seu benchmark. Os objetivos específicos são: a) Dimensionar a área total e útil dos pátios de estocagem de minério do TIG, b) Definir o volume de material que cada pilha comporta, minimizando o risco de desmoronamento de material, c) Estudar o mapa de pilhas, d) Analisar a concentração de cada tipo de produto por equipamento, 2. METODOLOGIA Inicialmente, foi realizado um levantamento bibliográfico acerca do tema, com o intuito de mapear trabalhos e estudos sobre o assunto. Não se achando bibliografias especificas, decidiu-serealizar adaptações para a realidade do terminal portuário estudado. A metodologia utilizada foi a de estudo de caso com uso de evidências qualitativas e quantitativas na investigação de fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto real, no qual os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente percebidos e com o uso de fontes múltiplas de evidência: entrevistas, arquivos, documentos, observações, etc., conforme apresentado por Yin (2001). O estudo de caso seguiu os seguintes passos: Na primeira parteforam definidas a área total e as dimensões dos 6 pátios do TIG, com o auxílio dos programas Google Earth e GEPath, em seguida, foram identificadas as áreas com restrição para o empilhamento de acordo com os procedimentos internos da Vale, bem como os limites de alcance das ER’s (Empilhadeiras-Recuperadoras). Dessa forma, foi possível obter o layout operacional dos pátios. Somando essas informações com conceitos pesquisados na revisão da literatura, tais como ângulo de repouso e fator de estiva, foi calculado o volume máximo de armazenamento das áreas pré-definidas nos mapa do pátio. E assim, obteve-se o valor da capacidade estática do TIG. 2 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Em outro momento efetuou-se o cálculo do giro de pátio do TIG e na comparação do seu valor com um porto referência nesse indicador (Porto de Tubarão). Além disso, foi realizada a análise da concentração dos produtos por equipamento, permitindo avaliar a necessidade de modificação no mapa de pilhas utilizado, para tornar a operação mais produtiva. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nesta seção serão apresentados os conceitos fundamentais que envolvem a operação e logística portuária. De acordo com a Lei 8.630/93 – Modernização dos Portos, uma operação portuária é considerada aquela responsável pela: movimentação de passageiros ou a movimentação ou armazenagem de mercadorias, destinados ou provenientes de transporte aquaviário, realizada no porto organizado por operadores portuários. A indústria siderúrgica utiliza o minério de ferro e seus subprodutos como suas principais matérias-primas, e apesar de outras aplicações, a produção mundial de minério de ferro é direcionada para produção de aço quase na sua totalidade. De acordo com Moraes (2005), existem basicamente 3 tipos de minério de ferro classificados com relação a sua granulometria, sendo estes: Granulado, Fino, Ultrafino ou pellet-feed. Existem diversos métodos de empilhamento de minério, cada qual com uma função específica. De acordo com Schofield (1980), os métodos mais usados industrialmente são: Chevron, Windrowe, Cone,Shell. Essas formas serão discutidas a seguir. Chevron consiste no empilhamento de várias camadas ao longo do mesmo eixo, iniciando com um cordão no centro do pátio e fazendo várias passadas com a empilhadeira sobre esse cordão central até atingir o limite de formação da pilha. De acordo com Juliá (2010), o Chevron é o mais comum por possuir as seguintes vantagens: a)A empilhadeira pode ter torre fixa, e sua lança, menor comprimento, resultando numa máquina de peso relativamente menor, e com um custo de instalação mais baixo; b)Automatizar seus movimentos é mais simples que nos outros métodos; c)Permite a adição de materiais corretivos a qualquer momento, de forma a manter a qualidade exigida pelo cliente; d)Retomar os cones extremos é menos complicado que os demais métodos Já como desvantagens, o autor cita: Windrow. De acordo com Moura (2010), esse método chamado também de “Empilhamento em Cordões” ou “Prismas Paralelos”, ao contrário do Chevron, é indicado para formação de pilhas de lotes de minérios com propriedades diferentes em períodos secos. Cone Shell. Segundo Moura (2010), consiste basicamente no empilhamento de cones completos com pequenos deslocamentos na translação da empilhadeira. A grande vantagem desse método é que a empilhadeira fica parada a maior parte do tempo. 3 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Em relação à operação portuária de retomada do minério ela é executada através de equipamentos conhecidos como recuperadoras. Existem basicamente dois tipos: recuperadoras montadas sobre trilhos e aquela montadas sobre esteiras. O primeiro tipo é o mais adotado, pois apesar de seu custo de aquisição ser mais alto, possuem maior facilidade de operação e de automação. Segundo a ANTAQ (2001) através do manual do trabalho portuário, define-se rechego como: Operação destinada a facilitar a carga e descarga de mercadorias transportadas a granel. Consiste em ajuntar, arrumar, espalhar, distribuir e aplanar a carga, abrir furos, canaletas ou clareiras, derrubar paredes, etc. (ANTAQ, 2011, p.19). Para a re3alziação desta operação é necessário calculcar o ângulo de repouso e o volume das pilhas. O ângulo de repouso é o maior ângulo que o talude do monte de um determinado material solto faz com o plano horizontal sem ocorrer deslizamento à medida que mais material é adicionado ao monte. Em (Góes Filho, 2008) é citado o ângulo de repouso para o minério de ferro variando de 30° a 50°. Para o minério de ferro do Terminal de Ilha Guaíba esse ângulo varia de 22° a 45°. Sobre o cálculo do volume das pilhas, de acordo com Ladeia (2009), o volume de uma pilha "inteira" construída pelo método Chevron, pode ser calculada como sendo o volume de um cone somado ao volume de um prisma triangular. Para o cálculo do volume de uma pilha com a parte superior plana, podemos considerar o seu volume como sendo o volume de um tronco de um cone, somado ao volume de um prisma trapezoidal. Outros processos e análises compõe a operação portuária como o gerenciamento da armazenagem, a capacidade estática e dinâmica e do índice de giro dos estoques. Itens estes que são explicados a seguir. De acordo com Rodrigues (2003, p. 74), para um bom gerenciamento da armazenagem é de extrema importância conhecer os principais fatores que a caracterizam, dentre os quais pode-se citar: Dimensões,Layout operacional. Condições e resistência estrutural do piso. Segundo Rodrigues (2003, p.77), a capacidade estática (CE) é a quantidade máxima de material que pode ser estocada de uma só vez em uma unidade armazenadora, normalmente medida em toneladas. Seu valor é dado por: CE = (ÁREA ÚTIL X ALTURA MÁX. DE EMPILHAMENTO)/FATOR ESTIVA MÉDIO). Além disso, Rodrigues (2003, p.77) descreve que a capacidade de estocagem também pode ser medida ao longo do tempo. É a chamada capacidade dinâmica (CD). Por exemplo, para o período de um ano é dada pela seguinte equação: CD = CAP. ARMAZENAGEM X 365 DIAS / TEMPO DE PERMANECIA O Índice de Giro de Estoque está associado às mensurações de desempenho financeiro de estoques. Arnold (1999, p.281) destaca que "[...] uma medida conveniente para saber se os estoques estão sendo usados com eficiência é a taxa de giro do estoque", em unidades valoradas, que é determinado pela equação a seguir: Índice de giro do estoque=Custo anual das mercadorias consumidas($)/Estoque médio em valores monetários ($) 4 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Esse indicador é muito utilizado na avaliação de desempenho de terminais portuários. Em 2008, a área de Projetos e Gestão Portuária da Vale elaborou uma pesquisa cujo objetivo principal era identificar os principais portos mundiais que exportam minério de ferro e carvão sendo constatado que o Portode Tubarão é benchmark mundial em giro do estoque entre os portos mundiais que exportam carvão e minério de ferro, renovando seus estoques trinta e uma vezes no ano de 2007, conforme o mostrado no gráfico 1. Gráfico 1 - Giro do Estoque dos Portos de Minério de Ferro Carvão. Fonte: Prates (2010) 4. ESTUDO DE CASO Esta seção foi estruturada da seguinte forma. Primeiro, foi utilizado um software que calcula a área da Terra através de coordenadas geográficas (GEPath), para obter a área total do piso de cada pátio. Em seguida foi obtido o layout operacional dos pátios de minério, que considera os limites físicos impostos pelos equipamentos, os procedimentos de empilhamento, respeitando a qualidade e segurança dos envolvidos, e as barreiras naturais existentes. Depois, tendo como base o mapa de pilhas usado como referência no dia-a-dia da operação e através de cálculo geométrico, foi possível obter o volume das pilhas para cada tipo de material, e, por conseguinte, a capacidade estática atual. No passo seguinte, foi obtido o giro de pátio, comparando-se o valor com o de outras operações que são referência nesse quesito. Ao final da pesquisa foram discutidos os resultados da aplicação do método e identificados oportunidades de melhorias que podem gerar ganhos de tempo e, consequentemente, produtividade para a operação. 5 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 5.1 Área total e dimensões dos pátios Como não achou-se estudos atualizados sobre a área total do piso de cada pátio do Terminal de Ilha Guaíba e um levantamento dessa natureza exigiria um projeto mais demorado, optou-se por utilizar uma ferramenta de fácil aplicação, gratuita e que obtivesse resultados satisfatórios. Então, após algumas pesquisas, decidiu-se por aplicar o GE Path, versão 1.4.4, atualizada em 2009. Ela é capaz de fornecer como output o perímetro e a área de uma superfície (polígono) que foi desenhado no Google Earth. O primeiro passo foi traçar os polígonos no Google Earth, em formato de retângulo para delimitar a área total de cada pátio, tentando ser o mais próximo possível da realidade. O segundo passo foi salvar esses polígonos desenhados no formato.KML que é compatível com o programa GEPath, contendo a informação de latitude e longitude de cada vértice dos polígonos, permitindo que o mesmo obtenha a área (m²) e o perímetro (m) nas unidades desejadas. É importante ressaltar que possíveis desníveis do pavimento dos pátios não foram considerados no cálculo, pois seu efeito no resultado é mínimo. Além disso, o objetivo naquele primeiro momento foi ter um valor aproximado da área total do pátio. PÁTIOS A B C D E F E1 F1 PONTOS A1 B1 C1 D1 LATITUDE 23°00´11 23°00´78.78 23°00´78.93 23°00´85.33 23°00´39.48 23°00´44.65 .21” ” ” ” ” LONGITU DE 44°03´03 44°03´66.76 44°03´66.75 44°03´64.78 44°03´04.85 44°03´02.18 .67” ” ” ” ” A2 B2 C2 D2 E2 F2 LATITUDE 23°00'08 .62" 23°00'15.75 " 23°00'81.40 " 23°00'87.59 " 23°00'37.08 " 23°00'42.58 " LONGITU DE 44°03'06 .63" 44°02'99.70 " 44°03'63.97 " 44°03'62.13 " 44°03'07.37 " 44°03'04.52 " A3 B3 C3 D3 E3 F3 LATITUDE 23°00'71 .26" 23°00'13.53 " 23°00'23.67 " 23°00'29.84 " 23°00'88.43 " 23°00'93.53 " LONGITU DE 44°03'74 .05" 44°03'02.31 " 44°03'02.94 " 44°03'00.60 " 44°03'61.39 " 44°03'58.85 " A4 B4 C4 D4 E4 F4 6 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. LATITUDE 23°00'73 .94" 23°00'76.60 " 23°00'21.38 " 23°00'27.45 " 23°00'90.92 " 23°00'95.71 " LONGITU DE 44°03'71 .33" 44°03'69.36 " 44°03'05.63 " 44°03'03.31 " 44°03'58.80 " 44°03'56.46 " PERIMETR O(m) 2.048,7 2.037,2 1.880,4 1.877,3 1.667,4 1.658,0 ÁREA(m²) 40.394,9 35.376,3 34.381,9 33.806,2 29.877,2 26.781,4 Fonte: GEPath TABELA 1 – Perímetros e áreas de cada pátio e suas posições geográficas. Pelos resultados pode-se observar que o pátio que possui maior área total (piso) é o pátio A, com cerca de 40.000 m², enquanto o menor foi o pátio F comaproximadamente 27.000 m². Somando-se os valores de todos os pátios, pode-se obter a área total de pátio do TIG de aproximadamente 200.600 m². Com as informações da área e perímetro de cada pátio, partiu-se para definir matematicamente os valores de comprimento e largura. Considerando o polígono traçado como sendo um retângulo de geometria facilmente calculada, pose-se obter os valores desejados através das seguintes equações: COMPRIMENTO PÁTIO (m) x LARGURA PÁTIO (m) = ÁREA PÁTIO (m²) 2 x (COMPRIMETO (m) + LARGURA PÁTIO (m) ) = PERÍMETRO (m²) Resolvendo as equações acima, foi possível obter a largura e comprimento total de cada pátio, mostrado na tabela 3: PATIOS A B C D E F COMPRIMENTO 983,24 982,60 902,08 901,115 790,24 795,32 LARGURA 41,08 36,00 38,11 37,53 37,81 33,67 Fonte: Elaboração Própria Tabela 2 – Largura total e comprimento total de cada pátio. 5.2 Layoutoperacional (área útil de empilhamento) 7 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Após os cálculos realizados na seção anterior, foi necessário estabelecer o layout operacional dos pátios. Essa área é normalmente inferior à área total do piso, que foi calculada na seção anterior. Essa etapa é de fundamental importância para o dimensionamento da capacidade estática, pois dará subsídios para o cálculo da capacidade volumétrica máxima de cada área. Para a definição do layout operacional, foram levantados todos os aspectos que restringem a área total dos pátios. Esses levantamentos foram separados em dois tipos: limites de comprimento e limites de largura para facilitar a análise. 5.2.1 Limites de Comprimento Refere-se à distância que se utiliza entre uma pilha e outra. No TIG essa distância é de 10 metros, ou 1 baliza, entre os pés das pilhas vizinhas. 5.2.2 Limites de Largura Os principais limites de largura são de 2 tipos: Distância Pilha x Pé de Talude O primeiro está relacionado à distância usada no TIG entre a pilha e o pé do talude de proteção das vias de acesso, possibilitando a passagem de máquinas, como escavadeiras hidráulicas e tratores de esteira, responsáveis por realizar o rechego de material das pilhas. No TIG, de acordo com o Regulamento de Operações Portuárias dos Portos Sul (ROP), é obrigatório que o operador ao realizar o empilhamento de material deixe aproximadamente 3 metros entre a pilha e o pé de talude. Largura Máxima da Pilha para Recuperação sem Rechego A segunda restrição está associada ao limite físico da empilhadeira-recuperadora que consiste no alcance máximo da sua roda de caçambas que esta possui quando opera na modalidade de recuperação, ou retomada de minério, para que se evite a ocorrência do rechego. E assim acaba ocorrendo o empilhamento do material fora desse limite. Nesse caso, foi preciso estabelecer a largura máxima da pilha com base no alcance da lança da empilhadeira-recuperadora. Para isso foi necessário levantar informações do desenho técnico (figura 19) e calcular as medidas com base em trigonometria. Sabe-se que o ângulo de giro da máquina pode ser de até 120° para a esquerda e para a direita. Sabe-se também que o limite máximo de recuperação da máquina ocorre na seguinte condição: Ângulo de giro = 90 ° Nota-se pelo desenho que a figura formada é um triângulo retângulo e que a distância D (alcance máximo horizontal) é o cateto adjacente. Sendo assim, através da relação matemática,tem –se: No problema: 8 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. COS 14° =ALCANCE HORIZONTAL (D) / 46 Sabendo que COS 14° = 0,97030, então: ALCANCE HORIZONTAL (D) = 0,97030 X 46 = 44,63 m 5.3 Mapa de Pilhas O mapa de pilhas é uma ferramenta usada no terminal com o objetivo de mostrar as áreas de empilhamento pré-definidas para o empilhamento. Ela apresenta os pátios divididos em balizamentos. Sendo estes sinalizado aos operadores através de placas fixadas nas estruturas das correias transportadoras, com a numeração correspondente. 5.4 Volume das Pilhas por Pátio e Balizamento Considerando a informação do mapa de pilhas, na qual define a baliza inicial e final para cada tipo de produto, calculou-se o volume das pilhas através da geometria espacial. Para isso foram adotadas as seguintes premissas: Capacidade Estática do TIG Com base nos dados levantados na etapa anterior, partiu-se para calcular a capacidade estática de cada pátio. Esse estudo foi feito considerando a quantidade de balizas para cada área de empilhamento, bem como a altura e largura da base da pilha para cada tipo de produto. Sabe-se que a capacidade estática de um armazém qualquer é dado pela seguinte equação: CAPACIDADE ESTÁTICA PILHA = VOLUME / FATOR DE ESTIVA Onde, o valor de fator de estiva (t/m³) é igual ao inverso da densidade dos tipos de produtos armazenados. Para permitir maior compreensão da capacidade máxima de armazenamento de cada área, foi realizado o cálculo também em trens ou lotes, pois essa é uma medida mais utilizada no cotidiano das áreas envolvidas no processo. No TIG são descarregados trens do tipo GDT, onde cada composição possui 134 vagões e cada vagão pode carregar 98,5 toneladas. Logo, 1 composição tem capacidade total de 13.199 toneladas. Portanto, a capacidade estática encontrada para o TIG foi de 1.371.387 toneladas ou 103,90 trens (lotes). Esse resultado pode ser entendido como o volume máximo que pode ser armazenado simultaneamente nas áreas de estocagem, considerando os limites dos equipamentos, as regras de empilhamento e as características dos tipos de produtos. Distribuição de produtos por equipamento e pátio Nota-se que 46,6% da capacidade estática do Sinter-Feedestá concentrada na ER1 (pátio A e B) e que no caso do Lump Ore tem-se 43,2% do total concentrado na ER2 (pátio C e D). 9 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Já no caso do produto Pellet-Feed, percebe-se uma distribuição mais homogênea entre os equipamentos do pátio. O gráfico 3 apresenta a distribuição do Pellet-Feed. Giro do Pátio Com o objetivo de analisar como se comporta a movimentação de cada produto, foi calculado o indicador de giro de pátio. Para que um pátio seja considerado eficiente com relação a esse indicador, deve atender a duas condições. Primeira, realizar muitas operações de entradas e saídas de carga, e segundo, estar dimensionado corretamente para atender a demanda do embarque. No caso de um porto atender as duas condições comentadas, diz-se que o mesmo é eficiente em relação ao uso de sua capacidade estática disponível. O indicador giro de pátio foi obtido através do seguinte racional: VOL. EMBARCADO = VOL. EMB. DIRETO + VOL. REC. PÁTIO GIRO DO PÁTIO = VOL. REC. PÁTIO / CAP. ESTÁTICA. 6. RESULTADOS E CONCLUSÃO Ao comparar giro de pátio do TIG (15,5 vezes/ano) com os valores do estudo realizado em 2008 pela Vale, nota-se que o mesmo praticamente manteve-se. Isso demonstra que o indicador do terminal está dentro da média dos portos mundiais (15 vezes/ano), porém ainda distante do Porto de Tubarão (31,08 vezes/ano). Como o giro é dado pela relação entre o volume movimentado no pátio (entradas e saídas) e sua capacidade estática (absoluta), um fato que justifica o baixo desempenho do TIG em relação à Tubarão é o alto % de trens que são descarregados diretamente para o embarque. Hoje, essa meta é de 30%, porém cerca de 40% dos lotes nem passam pelo pátio. Já em Tubarão praticamente não ocorre embarque direto, apenas em última instância. Ao verificar o resultado do TIG por tipo de produto, nota-se uma ligeira diferença entre o Sinter-Feede os demais produtos, bem como na sua capacidade estática e no volume embarcado. Isso indica que esse produto é o de maior movimentação no terminal, necessitando de uma atenção da logística da operação interna. Nesse sentido, deveria se tentar sempre encurtar as distâncias das rotas percorridas por esse material até o carregador de navios, reduzindo o tempo efetivo de embarque. Com relação à concentração de produtos por equipamento mostrada anteriormente, nota-se que existe uma grande concentração do Sinter-Feedna ER1 (46,6%). Como esse produto é o que possui o maior giro de pátio (24,9 vezes/ano), deveria armazená-lo de forma homogênea ao longo dos equipamentos, para que se tenha mais flexibilidade na operação. Naconfiguração atual, caso ocorra alguma falha na ER1, de súbito, a operação já teria quase 50% do Sinter-Feedpreso na ER1, sem poder movimentá-lo. No caso do LO, essa concentração é justificável, pois o LOBG é um tipo de granulado que passa pelo processo de peneiramento, sendo estocado em grande parte no pátio D. Assim ao se somar com as pilhas de LONS (não-peneirado), que se encontra em grande volume no pátio C, 10 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. por conseguinte, elevam a quantidade de material movimentada pela ER2 para esse produto Por fim, ressalta-se que a pesquisa levantou em relação à distribuição de produtos ao longo do pátio, um ponto importante para uma gestão do pátio mais efetiva. Nesse sentido, demonstrou a necessidade de modificar o mapa de pilhas para buscar posicionar o produto de maior giro (Sinter-Feed) de forma mais homogênea entre as ER, trazendo mais flexibilidade operacional, reduzindo o risco de um navio ter o seu carregamento interrompido. Como proposta de novas pesquisas sobre o assunto, seria interessante ser realizado um estudo de engenharia para definir quais os limites ideais entre pilhas para que não ocorra colisão do equipamento com as mesmas no momento de recuperação do minério e nem contaminação por desmoronamento. Também é importante definir a largura a ser mantida entre o pé da pilha e o talude, como forma de prevenir quedas sobres as vias de acesso em caso de desmoronamento do material. Todas essas medidas influenciam na capacidade estática do terminal. Outra análise que daria continuidade no presente estudo, seria simular as opções de distribuição de pilhas ao longo do pátio, considerando as características de cada material (SF, PF e LO), de forma a maximizar o giro do pátio e diminuir o tempo percorrido pelos produtos até a linha de embarque. Isso seria baseado em pesquisa operacional e utilizaria técnicas de simulação computacional, como meio de encontrar a melhor solução viável. 11 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO (ANTAQ). Manual do Trabalho Portuário. 2003. ARNOLD, J. R. Tony. Administração de Materiais. São Paulo: Atlas, 1999, p. 244 e 281. BOTTER, R.C. Planejamento Portuário: Análise da Capacidade do Sistema Porto Associado a Níveis de Serviço. São Paulo: USP, 1985. DA SILVA, F.D. Redução do delta de resistência à compressão entre pelotas produzidas e embarcadas nas usinas de pelotização da Vale – uma análise de causas. Ouro Preto, MG: UFOP, 2010. DIAS, M. Administração de Materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 1993. GÓES FILHO, H.A. Planejamento Portuário. Vitória: [s.n], 2008. 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