- Segunda-feira, Terça-feira e Quarta-feira das 10h as 15h - Quinta-feira das 10 ao 12h 30 para a visualização e organização da documentação Um coração de pessoas que se dedicam à investigação artística, garantem o encontro sem fuga durante 3 meses. Este encontro acontecerá de "porta aberta", permeável a quem se interessar por perguntar sem saber formular a pergunta. Não aceitamos visitas, só mergulhos... É evidente que os humanos estão cansados de negociar estratégias para viver juntos, sempre manipulando territórios, julgando conquistas ou submissões, sempre cultivando a infelicidade, a tristeza e o vazio... Nós não temos nada de novo a dizer, temos antes esta vontade de estar juntos sem campos, ou categorias ou jogos de poder. Por certo vamos encalhar a cada segundo nas mesmas armadilhas mas estaremos atentos a elas e com energia para atravessar o s impossíveis, para acolher o tédio, o estar perdido, o estado de conflito e seguir sem agarrar fazeres conhecidos, abrindo o corpo no desconhecido que não se fará mais simples enquanto caminhamos. Temos dedicado a nossa atenção a criar e possibilitar formas de organização que nos permitam criar outras possibilidades do real. O pátio surge em 2012 como a urgência do exercício de estar-juntomais-que-um num espaço interior. Propomo-nos dedicar 3 meses de trabalho em recolhimento e comunicar o que surgir numa temporada única em teatros ou outros espaços de representação convencionais (em dezembro de 2012 será no Teatro do Bairro). Os investigadores do c.e.m. dedicam todos o anos 6 meses a experienciar a cidade, a estar no espaço público deixando que decorra desse estar a criação do que for. Durante esse tempo insistimos sempre no recolhimento cadenciado em estúdio tanto no sentido da organização da documentação emergente como no apuramento da corporeidade surgida no encontro com a cidade. O pátio propõe o trabalho a partir da com-vivência artística num espaço reduzido interior(no estúdio branco do cem). Como que uma outra forma de sentir interior-exterior, espaço público-espaço íntimo. PÁTIO 2012: No treinamento da afinação destes corpos compreendemos aquilo que interpretamos da expressão “Inclinação Natural” de Wittgenstein que nos trouxe Maria Filomena Molder: “Depois de diversas tentativas para soldar os meus resultados num tal modo, compreendi que nunca conseguiria fazê-lo. Que o melhor que eu podia escrever ficaria sempre como sendo observações filosóficas; que os meus pensamentos paralisavam, logo que eu tentava forçá-los, contra a sua inclinação natural, numa direção.” Como ele, nos apercebemos que antes de uma tentativa de dar sentido ao que é tratado no compromisso de caminhar para uma configuração visível e comunicável desses assuntos na evidência de que só assim se pode estabelecer uma conversa, há um terreno a ser trabalhado capaz de enraizar essas sementes tornando menos necessário o forçar de determinadas ligações para garantir uma forma compreensível. Tal como Wittgenstein, talvez o melhor que possamos fazer serão observações artísticas, a comunicar de forma não delineada mas nem por isso inexistentes ou invisíveis. “O autor cria um mundo, mas não existe um mundo à nossa espera para ser criado. Nem identificação nem distância, nem proximidade nem afastamento, porque, em todos os casos, é-se levado a falar por, ou no lugar de… Ora pelo contrário, é necessário falar com, escrever com. Com o mundo, com uma porção do mundo, com pessoas. Não de todo uma conversa, mas uma conspiração, um choque de amor ou de ódio.” .G Deleuze e C. Parnet “Diálogos”.