I Oficina Brasileira de Saúde Urbana para a construção de Políticas Públicas Integradas de Saúde, Ambiente e Urbanismo A Promoção da Saúde e o uso do Espaço Urbano: aspectos relevantes para a construção da cidade saudável Profª. Dra. Ana Maria Girotti Sperandio Professora e Pesquisadora do LABINUR/FEC/UNICAMP Coordenadora da Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis Prof. Dr. Lauro Luiz Filho Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo FEC/UNICAMP Coordenador do LABINUR História e os documentos da Promoção da Saúde e da Saúde Urbana • Saúde, ambiente e cidade é antiga a relação. Guimarães,2001 • Sanitarismo – período que Rosen (1994) definiu entre 1830 a 1875, a saúde pública e o planejamento urbano foram considerados uma mesma entidade. O saneamento urbano era o único “remédio” para o controle dos processos de transmissão das doenças infecto-contagiosas, resultando no processo de embelezamento e de melhorias das condições de vida nas cidades; • França, as idéias higienistas foram rapidamente incorporadas às políticas urbanas (Hausmann) em Paris, que acabou adotado como modelo urbanístico por outras cidades do mundo (Gandy, 1999); • Os médicos tomaram para si a experiência da intervenção urbanística como uma resposta técnica para as mazelas sociais e uma espécie de missão civilizatória. Projetos de saneamento foram formulados e executados objetivando a intervenção no ambiente degradado do espaço urbano; História e os documentos da Promoção da Saúde e da Saúde Urbana • Os médicos passaram a controlar o espaço social por meio das estatísticas de saúde e dos inventários de distribuição das habitações, pessoas e doenças pelo território. As topografias médicas transformaram-se em instrumento de poder político dos médicos na realização desta tarefa; • A sistematização da observação, o registro dos fatos, a análise estatística e os modelos explicativos dos determinantes biológicos das doenças – uma espécie de estudo monográfico das cidades com enfoque no estado de saúde da população. • A partir desses médicos-higienistas constituiu-se o primeiro passo para a formação desse novo campo de saberes e práticas, com vistas a enfrentar os “problemas urbanos” produzidos pelo sistema fabril; • As doenças passaram a ser vistas como um mal associado à imundície do ambiente e que poderiam ser eliminadas educando a população pobre expandindo a rede de água e de esgoto e derrubando as edificações insalubres; Referência: Guimarães RB. Saúde urbana: velho tema, novas questões, Terra Livre, São Paulo n. 17 p. 155-170, 2001. Urbanismo • Carta dos Atenas – “1933, ocorre o 4° Congresso em Atenas, onde é elaborada a “Carta do Urbanismo”, conhecida como “Carta de Atenas” define o que é o urbanismo moderno e traça as diretrizes que teriam caráter internacional, pois se baseavam em parâmetros comuns a qualquer cidade, independentemente de sua nacionalidade. A cidade era considerada um sistema organizacional ... deveria ser planejada observando seus aspectos funcionais e de forma centralizada. ... a cidade deveria ser orientada para satisfazer as necessidades do “homem urbano” (LUIZ FILHO in SPERANDIO, 2010). • Carta da Andes – “1958, realiza-se em Bogotá - Colômbia, o “Seminário de Técnicos e Funcionários em Planejamento Urbano”, promovido pelo Centro Interamericano de Vivenda e Planejamento - CINVA, quando foi elaborada a “Carta dos Andes”, que constitui um documento sobre o Planejamento Territorial Contemporâneo. Conceitua: “o zoneamento é o instrumento legal de que dispõe o Poder Público para controlar o uso da terra, as densidades de população, a localização, a dimensão, o volume dos edifícios e seus usos específicos, em prol do bem-estar social”. História e os documentos da Promoção da Saúde e da Saúde Urbana Constituição Brasileira - 1988 Capítulo II Da Política Urbana • Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. • § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. • § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. Convergências nos Documentos Oficiais Política Urbana Da saúde Declaração de Alma-Ata Carta de Ottawa Constituição de 1988 Constituição de 1988 Cazaquistão 1978 Ottawa 1986 Poder Público Municipal Poder Público Municipal Elevar o patamar do que é saúde Ordenar o desenvolvimento e as funções Direito do cidadão e dever do Estado Redução das desigualdades internas e Coloca como obrigatório para o sócias da cidade através de políticas sociais e econômicas externas desenvolvimento as saúde a participação que visem a redução do risco à doença, Ordenação da economia mundial de todos os demais setores da acesso universal e igualitário às ações e Cita a criação do sistema único de saúde administração pública serviços para a sua promoção, proteção e Coloca a saúde básica ao alcance de todos recuperação. em todos os lugares Relevância pública → Poder Público → Formulação das políticas por parte dos Regulamentação, fiscalização e controle. governos Plano Diretor Obrigatório para municípios Regionalizada e hierarquizada → SUS Envolvimento de todos os setores com mais de 20.000 Hab Descentralizada, atendimento integral e correlatos ao desenvolvimento nacional e Participação da comuidade comunitário Política de desenvolvimento e expansão Recursos Garantido pela CF.: Art.: 157 a Colaboração mútua entre todos os países Participação comunitária urbana de estar prevista em Plano Diretor 159 Propriedade urbana possui uma função É livre a participação da iniciativa privada Participação de toda a sociedade Desenvolvimento de competências Ao SUS compete: Controlar e fiscalizar Crítica a corrida armamentista Reorientação dos serviços de saúde aproveitamento → parcelamento/edificação procedimentos, produtos e substâncias, Estabelece o ano de 2000, para atingir as Capacitação dos profissionais compulsórios, Imposto progressivo, participar da produção de medicamentos, metas estabelecidas Apelo à participação de todas as nações desapropriação. equipamentos, imunobiológicos, Reconhecimento de que a saúde como hemoderivados e outros insumos. Ações fundamental ao desenvolvimento de todos de vigilância sanitária e epidemiológica. os povos Garantir o bem estar de seus Habitantes social Plano diretor deve prever: O adequado Construção de políticas públicas saudáveis Criação de ambientes favoráveis pessoais Ordenar a formação de recursos humanos, participar da formulação da política e da execução das ações para o saneamento básico, fiscalizar e inspecionar alimentos, colaborar na proteção ao meio ambiente. Imóveis públicos não serão objeto de Relaciona a melhoria das saúde ao usucapião desenvolvimento da ciência. Diferenças na Cidade O que é o espaço urbano “O espaço de uma grande cidade capitalista constitui-se, em um primeiro momento de sua apreensão, no conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si. Tais usos definem áreas, como o centro da cidade, local de concentração de atividades comerciais, de serviços e de gestão, áreas industriais, áreas residenciais distintas em termos de forma e conteúdo social, de lazer e, entre outras, aquelas de reserva para futura expansão. Este complexo conjunto de usos da terra é, em realidade, a organização espacial da cidade - ou, simplesmente, o espaço urbano, que aparece assim como espaço fragmentado.” “Mas o espaço urbano é simultaneamente fragmentado e articulado: cada uma de suas partes mantém relações espaciais com as demais, ainda que de intensidade muito variável Estas relações manifestam-se empiricamente através de fluxos de veículos e de pessoas associados às operações de carga e descarga de mercadorias, aos deslocamentos quotidianos entre as áreas residenciais e os diversos locais de trabalho, aos deslocamentos menos freqüentes para compras no centro da cidade ou nas lojas do bairro, às visitas aos parentes e amigos, e às idas ao cinema, culto religioso, praia e parques” Corrêa, Roberto Lobato . O Espaço Urbano. Ed. Ática, 1987 MORADIAS INDUSTRIA CENTRO COMERCIAL E DE NEGÓCIOS LAZER, MORADIAS INSTITUCIONAL THE CITY IS NOT A TREE Fonte: google fotos A Cidade não é uma árvore (1965) Christopher Alexander Superblocks Greenbelt, Maryland (USA) Fonte: google Earth Fonte: www.arq.ufmg.br Milton Santos estudou o território como matriz O que se estuda aqui… é a relação entre o território e a globalização e os efeitos na vida… o território como uma Matriz da Vida social, econômica e política… Milton Santos - Globalização 2/9 – YouTube http://www.youtube.com/watch?v=5dvYz8avOOE &feature=related Estratégias para o desenvolvimento do Urbano Saudável na perspectiva da Promoção da Saúde LABINUR/UNICAMP Planejamento urbano adequado: • Planos Diretores sincronizados com a realidade local; • Adequação de políticas urbanas segundo características diferenciadas de cada território. Estratégias para o desenvolvimento do Urbano Saudável na perspectiva da Promoção da Saúde LABINUR/UNICAMP A importância do controle por meio da fiscalização eficiente: • Fiscalização das ações urbanas na cidade por parte do governo; • Comprometimento dos gestores com o planejamento das cidades a longo prazo; • O planejamento com enfoque no urbano saudável deve ser pautas dos governos. Estratégias para o desenvolvimento do Urbano Saudável na perspectiva da Promoção da Saúde LABINUR/UNICAMP Intersetorialidade envolvendo principalmente as áreas da saúde, planejamento e urbano: • O agir intersetorialmente deve ser um exercício constante e coletivo transversalizando outros setores (economia, social, educação, cultural) dos governos locais para a gestão de um espaço urbano saudável. Estratégias para o desenvolvimento do Urbano Saudável na perspectiva da Promoção da Saúde Envolvimento e participação da sociedade civil na gestão da cidade: • Na elaboração dos projetos que desejam e que sejam possíveis para a gestão; • No acompanhamento e avaliação dos projetos elegidos; • Na construção das políticas públicas saudáveis. Desenvolvimento da Governança no espaço onde vivem e se inter-relacionam Estratégias para o desenvolvimento do Urbano Saudável na perspectiva da Promoção da Saúde LABINUR/UNICAMP Desenvolvimento das políticas públicas saudáveis relacionadas à estrutura urbana: • Uso da cidade como espaço de inclusão; • Promoção da equidade a bens, valores, uso do solo e equipamentos urbanos; • Transparência no uso dos recursos públicos pelo gestor urbano; • Adoção de uma atitude ética pelo cidadão (gestor ou não) em relação ao próximo e ao ambiente. Estratégias para o desenvolvimento do Urbano Saudável na perspectiva da Promoção da Saúde LABINUR/UNICAMP Desenvolvimento de ações e projetos que amplie a autonomia e estimule a governança: • Desenvolvimento de projetos de geração de formação técnica para o trabalho e a geração de rende; • Fortalecer o entendimento e a valorização do espaço urbano em redes. Estratégias para o desenvolvimento do Urbano Saudável na perspectiva da Promoção da Saúde LABINUR/UNICAMP Desenvolvimento de ações e projetos redes para um urbano saudável: em • O Relatório dos DSS descreve a importância de se trabalhar e atuar em rede para agir sobre os determinantes sociais • Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis: um movimento em desenvolvimento REDE DE MUNICÍPIO POTENCIALMENTE SAUDÁVEIS Exercício: “é de colaborar na construção das políticas públicas saudáveis integradas de forma participativa e articulada considerando diferentes áreas e pessoas envolvidas na gestão publica de um determinado município, possibilitando reflexões do tema através da criação de espaços coletivos” (SPERANDIO 2009). PROCESSO METODOLÓGICO: os passos para a gestão saudável 1. Mapeamento dos desejos da administração pública e da população; 2. Mapeamento dos projetos em desenvolvimento no Município; 3. Matriz de Sistematização: O que queremos? O que nós temos? O que queremos fazer? O que queremos mudar? 1-Qualidade da Agua e Residuos Sólidos 5- Geração de trabalho e Renda TECER 2- Segurança SAÚDE 4- Saúde 3- Participação Social Fazendo interface com o Plano Diretor da Cidade INTERAÇÃO ENTRE GOVERNO LOCAL, UNIVERSIDADE E COMUNIDADE GOVERNO UNIVERSIDADE SOCIEDADE Colaborando para o desenvolvimento das Políticas Públicas Saudáveis na Cidade O movimento em Rede Depende segundo o relatório DSS: • Confiança • Reciprocidade • Responsabilidade Para o desenvolvimento da boa governança e o capital social Políticas Públicas Saudáveis Urbano Saudável Obrigado! Phone: 55 (19) 35212397 www.redemunicipiosps.org.br [email protected] [email protected]