Comportamento
nunca mais
Medo de barulho
52 • Melhor Amigo
Com a Copa do Mundo e as festas juninas,
vai começar a temporada dos fogos de artifício.
Veja como proteger seu pet para que ele não sofra
Texto Bárbara Freire
C
omemorar um gol com fogos de
artifício é uma atitude bem comum
para os amantes do futebol. Em junho,
com a Copa do Mundo no Brasil,
muitos torcedores já reforçaram seus
estoques de fogos para festejar. Esse também é
o mês das festas juninas e que, atualmente, se
estendem até julho. Uma das maiores tradições
dessa época é o rojão, um tipo de fogo de artifício
que causa muito barulho.
Em ocasiões como essas, cães e gatos medrosos
sofrem bastante com o barulho – de fogos de artifício,
rojões e até raios e trovões. Tremores musculares,
excesso de salivação, respiração ofegante, aumento
dos batimentos cardíacos, atitudes destrutivas e até
agressivas são sinais do medo.
Para especialistas em comportamento canino e
felino, o motivo é que, para os animais, o barulho
muito alto significa perigo próximo. Ter medo faz
parte do seu instinto de sobrevivência. “É uma
resposta natural dos animais, que entendem que
devem enfrentar ou fugir do perigo para sobreviver”,
explica Ricardo Fontão de Pauli, médico-veterinário
especialista em comportamento animal da
Comporvet, de Florianópolis (SC).
Segundo Adriano Antunes, adestrador e
comportamentalista da Caoportado, de Jundiaí
(SP), embora cães e gatos sejam animais domésticos,
eles ainda possuem fortes raízes selvagens. “Quando
ouvem um barulho muito alto ou forte, é sinal de
que alguém maior que eles está se aproximando e
colocando sua existência em risco”, explica.
A intensidade do medo pode aumentar,
dependendo da quantidade de estímulos (barulhos)
e gerar as chamadas “fobias” – quando o pet acaba
sendo traumatizado e qualquer ruído mais alto é
motivo de estresse. “Em geral, os fogos de artifício
acontecem para os pets sem aviso prévio. Assim,
muitos animais entram em conflito, pois não sabem se
um novo estouro irá acontecer”, explica Ricardo. “O
pet pode se habituar com o som ou ser sensibilizado,
isto é, temer cada vez que ouvir um barulho.”
Lutar ou fugir
Em situações de medo, os animais, por instinto,
respondem de duas formas para se livrar do estímulo
ameaçador: lutam ou fogem. De acordo com Ricardo
de Pauli, como consequência de quando “enfrentam”
o medo, os pets se tornam agressivos, podendo
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Comportamento
Dicas de ouro
Saber como agir quando o seu pet
está em pânico é muito importante
para evitar perigos. Veja as dicas
de especialistas e resolva de vez o
problema do seu peludo:
2. Proteja os ouvidos do pet. Coloque
tampões de algodão nos ouvidos
para diminuir a intensidade do som
e, consequentemente, a resposta de
medo aos ruídos.
3. Ofereça petiscos ou brinquedos
enquanto durarem os barulhos. Assim,
você poderá tirar o foco dos ruídos e
evitar que o pet fique amedrontado.
4. Propicie um ambiente calmo e
agradável ao animal, lembrando
sempre de oferecer possibilidade de
fuga para uma região que ele se sinta
mais seguro e confortável e longe de
fogos de artifício. Se possível, crie uma
casinha com uma proteção extra para
abafar um pouco do som.
5. Garanta a sua segurança. Enquanto
durarem os barulhos, mantenha o
pet em um ambiente sem objetos ou
móveis que possam causar lesões
em casos de fugas.
6. Se ainda for um filhote, apresente os
ruídos de forma gradativa durante o
período de socialização, associando
sempre o barulho a algo positivo,
como petiscos e brinquedos.
Dessa forma, o animal irá ter uma
expectativa boa sempre que ouvir
os fogos.
7. Caso nenhuma das dicas anteriores
ajude o cão a ficar mais calmo com
os fogos, é aconselhável conversar
com um médico-veterinário sobre qual
seria a medicação mais indicada
para deixar o cão mais tranquilo
nesses dias.
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até morder quem estiver por
perto. Já a fuga será marcada
pelo isolamento do pet, que
procurará um local no qual se
sentirá seguro para “evitar a
ameaça”. O pânico também
poderá gerar o “congelamento”
do animal, que ocorre quando
ele fica paralisado de forma
involuntária diante da ameaça.
É comum, nesses casos, que
os pets causem danos à própria
saúde e até danos ao ambiente.
“Caso não encontrem onde se
abrigar nessa hora, os animais
podem se machucar ao ter
reações como pular uma janela,
quebrar vidros e pular de alturas
perigosas”, afirma Fábio Batista
Antonio, adestrador da Cão
Cidadão, de São Paulo.
“O maior problema é
que quando os pets chegam
a esse ponto: no intuito de
procurarem um lugar seguro,
não medem esforços. Também
podem destruir móveis e quebrar
objetos da casa tentando fugir,
sair correndo pela rua sem rumo
e até ficar agressivos caso alguém
tente impedir sua fuga”, reforça
Adriano Antunes.
Atitudes prejudiciais
Algumas ações ajudam a
diminuir o medo do cão ou gato.
Porém, atitudes equivocadas
podem até incentivar o medo
do pet. “Muitos donos acabam
aumentando o medo quando
pegam o cão no colo ou fazem
carinho tentando consolá-lo”,
explica Fábio Antonio. “Essas
atitudes causam insegurança ao
pet, pois eles entendem que os
donos também estão com medo
da situação.”
Ainda segundo Fábio, os
donos não devem deixar os
animais sozinhos ou prendê-los
em guias e correntes. “Muitos
pets podem tentar roer ou até
se enforcar nas coleiras ao tentar
fugir”, explica.
shutterstock
1. Acostume seu pet aos barulhos. Grave
sons de fogos de artifício e associe
os ruídos a situações agradáveis,
colocando o barulho no momento
de brincadeiras ou da alimentação.
Comece no volume mínimo e,
gradativamente, aumente. Se houver
algum tipo de resposta de medo, o
som provavelmente está alto demais
e você deverá colocá-lo mais baixo e
aumentar mais lentamente.
Para Adriano Antunes, uma
atitude incorreta é tentar impedir
o cão de chegar ao lugar onde ele
se sinta mais seguro. “Seja em sua
casinha, debaixo da cama do dono,
ou em qualquer outro lugar, é
importante que o pet tenha liberdade
para se acomodar em um lugar que
irá confortá-lo.”
“Nessas situações os donos não
devem usar de punições verbais ou
físicas em hipótese nenhuma”, é o
que recomenda o especialista Ricardo
de Pauli. “Isso poderá aumentar
ainda mais a intensidade da resposta
de medo. Devemos sempre garantir o
bem-estar do animal em situações de
pânico”, avalia.
Acostume seu pet
desde novo
O medo e a fobia de ruídos
pode ou não estar relacionado a um
trauma na infância. Os cães, por
exemplo, passam por uma etapa do
desenvolvimento comportamental
chamada de fase de socialização,
que tem início até 20 dias após o
nascimento e vai até a 12a semana
de vida. Nessa fase, os filhotes estão
desenvolvendo os laços sociais e
explorando o mundo de uma forma
diferente, saindo de perto da mãe
e interagindo mais com os irmãos
de ninhada.
“Cães que têm convívio
com diversas pessoas ou animais
nesse período tendem a não ser
tão agressivos ou medrosos com
humanos ou outros animais na vida
adulta”, explica Ricardo de Pauli. Isso
também ocorre com os ruídos. “Cães
que são expostos a barulhos nessa
fase muito provavelmente não terão
uma resposta de medo ou fobia na
vida adulta.”
É importante saber que, nessa
idade, os animais estão muito
suscetíveis a traumas psicológicos,
ou seja, situações de estresse podem
ser associadas ao contexto que elas
ocorrem, gerando a resposta de medo
sempre que o animal for exposto a
tal situação. “É preciso apresentar
diferentes estímulos aos cães, mas
isso deve ser feito com muita cautela
para que não seja estressante e cause
traumas ao animal”,
explica Ricardo.
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1 Os cães, normalmente,
associam o barulho alto a uma
ameaça de perigo, por isso
ficam assustados
2 É importante deixar o animal
livre para ele se refugiar em
algum lugar no qual se sinta
mais seguro e confortável
3 Alguns cachorros podem
reagir de formaw agressiva ao
barulho, como uma forma de
defesa nessa situação
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