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município de DELFIM MOREIRA | inventário de proteção do acervo cultural | 2008
ficha 18: Cangalha
Vista da fachada da casa onde é fabricada a
cangalha (oficina aos fundos)
FOTO: Luciana Souza, fev. 08
Vista de uma carga apoiada no lombo de um
cavalo através da estrutura da cangalha
FOTO: Luciana Souza, fev. 08
Vista da cangalha
FOTO: Luciana Souza, fev. 08
Vista da cangalha
FOTO: Luciana Souza, fev. 08
1. Município:
2. Distrito:
Delfim Moreira
Sede
3. Designação:
4. Categoria:
Cangalha
Patrimônio Imaterial
5. Subcategoria:
Expressões
6. Informações históricas:
A técnica de fabricação artesanal da cangalha chegou à região de Delfim Moreira entre os
séculos XVIII e XIX, quando tropeiros percorriam a localidade transportando mercadorias em
lombos de mulas. Para o exercício de suas atividades, tais viajantes elaboravam
equipamentos de apoio e segurança encaixados no dorso dos animais, os quais eram
confeccionados nas diferentes localidades em que aqueles trabalhadores se estabeleciam
provisoriamente. A metodologia de produção da peça acabou sendo transmitida aos
Prefeitura Municipal de Delfim Moreira | Serviço Municipal de Turismo
Rua Paulino Faria, s/nº, Centro, cep 37.514.000 | Fone: (35) 3624.1640
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moradores dos inúmeros povoados pelos quais passavam as tropas, tornando-se uma técnica
conhecida e repassada entre diversas gerações.
Não se sabe ao certo a data em que se iniciou a fabricação de cangalhas em terras
delfinenses; entretanto, seu atual praticante, Eduardo José de Faria, indica o bisavô, Joaquim
da Silva, como primeiro produtor familiar desses artefatos. O filho desse precursor, Joaquim
da Silva Neto, tornou-se herdeiro da técnica, vivenciando o auge da comercialização do item
durante o ápice da produção local de marmelo na primeira metade do século XX. Naquela
ocasião, tal artesão fabricava cerca de 30 peças por mês - algumas exportadas para a
Argentina -, recebendo ajuda de seu neto, quando este ainda possuía apenas 12 anos de
idade. O então aprendiz Eduardo José de Faria conseguiu vender sua primeira cangalha na
adolescência, consolidando a tradição familiar na prática do trabalho.
Apesar do desenvolvimento tecnológico (caracterizado pelo uso de carros e tratores em
substituição aos lombos de cavalos e mulas) ter afetado o mercado consumidor do produto ao
longo do tempo, o herdeiro de Joaquim da Silva Neto permaneceu no ofício junto ao seu tio
Cláudio Tribist da Costa, fabricando, mensalmente, cerca de dez artefatos, que são
comercializados, atualmente, em inúmeras cidades de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e MatoGrosso.
7. Lugar da atividade:
A cangalha delfinense é produzida em uma oficina estabelecida aos fundos de uma residência
que se localiza à rua Benedito Valadares, nº 70, Centro.
8. Responsável:
A técnica artesanal da cangalha é desenvolvida em Delfim Moreira por Eduardo José de Faria
e seu tio Cláudio Tribist da Costa.
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
11. Caracterizações:
A cangalha caracteriza-se como uma estrutura confeccionada para equilibrar cargas em
lombos de cavalos ou mulas. Sua produção apresenta características distintas por todo o
Brasil, com destaque para a região norte de Minas Gerais - cuja confecção se revela em
caráter industrial – e para as fabricações nordestinas – que exibem armações de tamanhos
menores, devido às pequenas proporções dos animais locais. Em Delfim Moreira tal produto é
trabalhado de forma artesanal e sua qualidade conquistou uma significativa parcela do
mercado paulista, mineiro, goiano e mato-grossense. Atualmente, os delfinenses Eduardo
José de Faria e Cláudio Tribist da Costa fabricam cerca de dez cangalhas por mês, as quais
são comumente utilizadas para cargas de lenha, capim, leite, frutas e esterco.
12. Informações descritivas:
A técnica de produção da cangalha delfinense compreende um processo de trabalho com três
dias de duração, no qual os artesãos manuseiam o couro do boi, madeira de lei ou pinho,
algodão, barbante, sacos de pano, bambu, prego e tiras de couro industrializado. Ao inicializar
a fabricação, o comprador leva seu animal para ter o lombo medido; a partir da medição, a
estrutura é preparada de acordo com as proporções calculadas: com os sacos de pano,
barbantes, pregos e chapa de ferro, Eduardo José de Faria e Cláudio Tribist da Costa
confeccionam uma armação capaz de proteger o dorso do cavalo ou da mula, a qual se revela
costurada a tiras de couro industrializado responsáveis pelo encaixe da peça ao animal. Com
uma grande faixa de couro adquirida em açougues da região (colocada ao sol por alguns
dias), os artesãos preparam a estrutura que apoiará a carga. Esta se revela esticada e
amarrada a pedaços de bambu (obtidos em brejos), encontrando-se apoiada a duas armações
de madeira de lei (ou pinho) embrulhadas em couro. Atualmente, cada cangalha produzida
em Delfim Moreira é vendida pelo preço de R$250,00.
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Vista do instrumento utilizado para medir o
lombo do animal
FOTO: Luciana Souza, fev. 08
Vista da estrutura de proteção do lombo do
animal
FOTO: Luciana Souza, fev. 08
Vista das tiras de couro utilizadas para
encaixe da estrutura de proteção
FOTO: Luciana Souza, fev. 08
Vista da estrutura montada para apoio das
cargas. Destaque para o tamanho da faixa de
couro.
FOTO: Luciana Souza, fev. 08
Vista posterior da estrutura montada para
apoio das cargas. Destaque para as tiras de
bambu.
FOTO: Luciana Souza, fev. 08
13. Bens relacionados:
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14. Intervenções:
Ao longo do tempo, as técnicas utilizadas para a fabricação da cangalha foram sofrendo
alterações de acordo com o desenvolvimento tecnológico e com o processo de industrialização
no Brasil. Nesse sentido, algumas das matérias-primas utilizadas adquiriram características
modernas e tornaram-se acessíveis através de fornecedores especializados. Atualmente,
Eduardo José de Faria adquire parte do seu material com empresas diversas, com destaque
para o algodão (comprado em fábricas de tecelagem), os sacos de pano, barbantes e pregos
(obtidos em lojas locais) e, por fim, o couro industrializado (cuja aquisição ocorre por
estabelecimentos comerciais específicos em Itajubá e Dores do Campo).
15. Referências documentais:
FARIA, Eduardo José de. Delfim Moreira, 12 de fevereiro de 2008. Entrevista concedida a
Luciana Christina Cruz e Souza.
FARIA, Maria Aparecida Silva. Delfim Moreira, 12 de fevereiro de 2008. Entrevista concedida a
Luciana Christina Cruz e Souza.
FARIA, Sérgio Ricardo de. Delfim Moreira, 12 de fevereiro de 2008. Entrevista concedida a
Luciana Christina Cruz e Souza.
Pesquisa eletrônica:
www.cliohistoria.hpg.ig.com.br/bco_imagens/caminouro/caminho6.htm - acesso em 17 de
março de 2008
www.klepsidra.net/klepsidra4/tropeiros.html - acesso em 17 de março de 2008
16. Mídias:
Não há mídias produzidas sobre a fabricação e utilização da cangalha na região de Delfim
Moreira.
17. Ficha técnica:
Levantamento: Luciana Souza (historiadora), Sofia Cunha (arquiteta) e Luiz Antônio
Magalhães Silva (Prefeitura) – fevereiro de 2008.
Elaboração: Luciana Souza (historiadora) – fevereiro de 2008.
Revisão: Sofia Cunha (arquiteta) – março de 2008.
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