O FIGUEIRENSE sexta feira, 14 de setembro de 2012 FIGUEIRA DA FOZ ENSINO 9 DIZ MANUEL CASTELO-BRANCO, PRESIDENTE DO INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DE COIMBRA CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO TECNOLÓGICA (CET) NA FIGUEIRA DA FOZ SÃO “UM REMENDO” Manuel Castelo-Branco, presidente do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC), é um dos grandes defensores do ensino superior na Figueira da Foz, nomeadamente através de cursos de licenciatura do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), que o ISCAC integra. Mas os cursos de especialização tecnológica (CET) que o IPC se prepara para ministrar na Figueira da Foz, através de um protocolo com a autarquia figueirense são, para Manuel Castelo-Branco, “um remendo”. O que pensa do protocolo assinado entre o IPC e a Câmara Municiigueira da F oz, para ministrar cursos CET? Figueira Foz, pal da F É uma proposta minimal, o IPC deveria ter uma perspetiva de mais largo alcance, ou seja, instalar não apenas CET, embora seja um princípio, mas cursos de licenciaturas adequados à Figueira da Foz. É essa a proposta, desde sempre, do ISCAC. Devia haver mais ousadia, até porque há tradição de ensino superior na Figueira, com a Internacional, onde dei aulas e que conheci bem, e com a Católica. Há espaço para licenciaturas adequadas à realidade específica da Figueira, em áreas como o Turismo ou a Logística. Convém lembrar que nem sempre isso deixou de ser feito por responsabilidade das universidades. A Internacional, por exemplo, viu sistematicamente rejeitada pelo Ministério uma licenciatura de arqueologia marítima. O que são exatamente os CET? Os CET são uma espécie de «Novas Oportunidades» e são um instrumento para as escolas angariarem «clientela» para as suas licenciaturas, porque dão algumas equivalências. São cursos que foram dinamizados pelo Governo, por este e pelo anterior, de Sócrates. Faziam parte do famoso «contrato de confiança» que foi quebrado pelo Governo, que nunca chegou a financiá-los. Nós em Coimbra entendemos que, mesmo assim, compensava, para fixar a procura nas licenciaturas, investir nestes cursos. Na Figueira, como ponto de partida, não me parece mal, mas sabe a pouco. De que cursos CET estamos a falar? Do ISCAC, de informática de gestão e, estamos a ponderar, um de serviços jurídicos. Teremos ainda de analisar o potencial da Figueira. Estes cursos podem ser um balão de ensaio para trazer para a Figueira outros, nomeadamente licenciaturas? Ver um curso aprovado, hoje, demora pelo menos dois anos, é dificílimo. Há uma dupla barreira burocrática, com a Agência de Acreditação, mas é possível. Politicamente, aliás, tudo é possível. Se a ESTGOH (em Oliveira do Hospital) se mantém como escola, isso deve-se unicamente à sensibilidade política dos diversos partidos, da esquerda à direita, que perceberam que era importante aquela região ter ensino superior. Mas nós, ISCAC, defendemos sempre que a Figueira é muitíssimo mais importante, porque deixou de ter ensino superior e isso foi uma perda enormíssima para a cidade. Politicamente é fácil voltar a ter ensino superior, desde que não se deixe essa decisão na mão de burocratas e de quem não sabe rigorosamente nada da Figueira. Se até há dois anos era mais fácil ver aprovados cursos, nomeadaigueira da F oz, porque é que isso não aconteceu? Figueira Foz, mente para a F O IPC perdeu dois anos, devia ter instalado diretamente cursos de licenciatura na Figueira da Foz. Defendo isso há muito tempo. Perdeu o IPC, que tem concorrência da Universidade de Coimbra, de Aveiro e de Leiria, e perdeu a Figueira da Foz seguramente. Isto é um remendo. Mas, em abono da verdade, a Câmara Municipal da Figueira da Foz (CMFF) desde o início (deste mandato) que tenta trazer o politécnico para a Figueira, com cursos de licenciatura. Eu estive numa reunião há dois anos em que a CMFF propôs ao politécnico a instalação de licenciaturas, ou existentes ou a construir à medida da Figueira, oferecendo todas as condições e o espaço. O Politécnico é que esteve perfeitamente inerte durante dois anos. “Foi o IPC que perdeu dois anos, não se pode dizer que tenha sido a CMFF, porque esta fez o seu papel e ofereceu instalações”. Por que é que defende tanto o ensino superior na Figueira? Vejamos o caso da Universidade Internacional: o fracasso deve-se a Lisboa e não ao pólo da Figueira da Foz, que em 2000 – ano em que saí – era o que sustentava toda a Universidade Internacional. Entre 1990 e 2000 a Internacional foi um caso de sucesso em toda a faixa litoral. A Figueira da Foz tem qualidade que as outras cidades não têm: tem porto, tem turismo, tem comunicações magníficas, tanto rodoviárias como ferroviárias. E é apetecível para os estudantes. Se Oliveira do Hospital tem potencial… a Figueira também tem. Insistimos: com tanto potencial por que é que ainda não foi feito? A Universidade de Coimbra é muito imobilista, já deveria ter avançado, até porque Leiria e Aveiro têm uma enorme vontade de avançar para a Figueira. Ao IPC a questão só foi colocada há dois anos. O problema, como já disse, é que hoje é muito mais difícil abrir cursos do que era há dois anos, até porque o clima económico não é favorável. Foi o IPC que perdeu dois anos, não se pode dizer que tenha sido a CMFF, porque esta fez o seu papel. O ISCAC defendeu a opção pela Figueira da Foz desde o início, mas há quem seja mais reticente. Não acreditam que a Figueira tenha público. Eu acredito. Se há ensino superior em cidades muito mais pequenas, e isoladas, do que a Figueira da Foz… Defendo o ensino superior para a Figueira sem a duplicação do que existe em Coimbra, antes com cursos adequados, como gestão portuária, por exemplo. Há um leque de cursos que podem aqui ser colocados, sem sequer haver necessidade de acréscimo de custos, porque as instituições já têm, nos seus corpos docentes, massa crítica suficiente. Carlos Monteiro, vereador da Educação e vice-presidente da autarquia figueirense, explica a aposta nos CET. “São cursos pós 12.º ano, acessíveis também a quem ainda não completou este último ano de escolaridade, e que conferem, como o próprio nome indica, uma especialização superior, de nível 4, em áreas diigueirense versificadas”, disse a O F Figueirense igueirense. Com uma carga entre as 1200 e as 1500 horas, estes cursos “têm uma componente prática muito forte” e, no caso dos alunos pretenderem ingressar depois no politécnico “o SOBRE O IPC O Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) foi criado em 1979, no contexto da implementação do ensino politécnico em Portugal. Atualmente, o Instituto Politécnico de Coimbra é constituído por seis unidades de ensino: Escola Superior Agrária de Coimbra; Escola Superior de Educação de Coimbra; Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital; Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra; Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra e Instituto Superior de Engenharia de Coimbra. acesso fica agilizado, ou seja, não limita o prosseguimento dos estudos”, clarifica, salvaguardando, no entanto, que “não é uma linha direta para o ensino superior”. Datas para a abertura destes cursos ainda não há, mas como não têm de respeitar o chamado calendário escolar, poderão avançar após a definição e aprovação dos CET destinados à Figueira. “Em princípio decorrerão na Escola Dr. Bernardino Machado (do Agrupamento Figueira Mar), reforçando a sua valência profissional”, conclui o vereador.