Universidade Castelo Branco
NOVO MÉTODO PARA A CONFECÇÃO DE DARDOS DE 3,0 ML - USO NA
ADMINISTRAÇÃO DE DROGAS EM ANIMAIS SELVAGENS
Juliana Maria Serra Guilherme
Campinas, 22 de junho, 2010.
Juliana Maria Serra Guilherme
Aluna do curso de Clinica Médica e Cirúrgica de Animais Selvagens e Exóticos
do Instituto Qualittas de Pós Graduação
NOVO MÉTODO PARA A CONFECÇÃO DE DARDOS DE 3,0 ML - USO NA
ADMINISTRAÇÃO DE DROGAS EM ANIMAIS SELVAGENS
Trabalho de conclusão de curso de Clinica Médica
e Cirúrgica de Animais Selvagens e Exóticos
apresentado ao Instituto Qualittas como requisito
parcial para a obtenção do titulo de Especialista
em Clínica Médica e Cirúrgica de Animais
Selvagens e Exóticos sob a orientação do M.V.
D.r. José Ricardo Pachaly.
Campinas, 22 de junho, 2010.
NOVO MÉTODO PARA A CONFECÇÃO DE DARDOS DE 3,0 ML - USO NA
ADMINISTRAÇÃO DE DROGAS EM ANIMAIS SELVAGENS
Juliana Maria Serra Guilherme
Aluna do curso de Clínica Médica e Cirúrgica de Animais Selvagens e Exóticos
do Instituto Qualittas de Pós Graduação
Foi analisado e aprovado com grau 10,0 (DEZ)
Campinas, 22 de junho de 2010.
M.V. D.r. Prof. José Ricardo Pachaly
Orientador
Campinas, 22 de junho, 2010.
ii
Resumo
A manutenção da fauna selvagem cativa é um grande desafio para o
Médico Veterinário Especialista em Clínica Médica de Animais Selvagens e tem
a contenção química como procedimento fundamental para o trabalho de
campo deste profissional.
O objetivo deste trabalho é apresentar uma nova confecção artesanal
de dardo de 3,0ml com produtos descartáveis de baixo custo e com
possibilidade de reciclagem de parte do dardo.
O material utilizado para a inovada confecção de dardo é o seguinte:
duas seringas de 3,0 ml (BD), um tubete de anestésico, comumente usado em
Odontologia, fita isolante e cola “Super Bonder”. Esta nova montagem de dardo
de 3,0ml apresentou capacidade para receber um volume maior de líquido na
câmara anterior do dardo, principalmente quando se compara com as
confecções conhecidas já publicadas, além de ganho de tempo durante a
montagem do equipamento, em especial quando se utiliza o material reciclado.
Palavras chaves: contenção, animais selvagens, seringa, dardo,
zarabatana.
iii
Abstract
The wild fauna constitutes great challenge for the classroom veterinary
medicine, being the chemical containment part of the basic one to uncurl it of
the procedures of research and the clinical veterinary medicine, amongst
others. The Veterinarian Medical needs to have the animal by hand, but, for in
such a way, he needs to have knowledge of certain etiologic concepts, mainly
those related with the interaction with the animal. In the distance critical it is of
extreme importance to effect the containment, therefore she is that one that the
animal keeps with its enemy before presenting behavior. If it will be exceeded
the animal attacks or runs away.
The objective of this work is to demonstrate a new assembly of artisan
dart of 3,0ml, with material of low cost, easy confection and with possibility of
recycling made with dismissible syringe and tubete of anesthetic, aiming at to
the use in zarabatanas and some types of weapons used for the containment.
The material used for the evaluation of the dart was a zarabatana of aluminum,
for the assembly two 3,0 had been used syringes of ml and one tubete of
anesthetic with piston. This new assembly, beyond bigger resistance and
stability, showed a bigger internal adjustment of the dart in the zarabatana, as
well as bigger capacity of reach of the dart, as much in zarabatanas as in rifles.
Key words: chemical containment, wild animals, Dart, pneumatic rifle,
siringe, zarabatana.
iv
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 6
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 6
2.1.
Histórico ...................................................................................................................... 6
2.2.
Utilização .................................................................................................................... 7
2.3.
Estrutura e Funcionamento dos Dardos ........................................................... 8
2.4.
Métodos de Disparo ................................................................................................ 8
2.5.
Dardos Artesanais ................................................................................................... 9
3. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................... 10
3.1.
Agulha ....................................................................................................................... 10
3.2.
Estabilizador ............................................................................................................ 12
3.3.
Corpo do Dardo ...................................................................................................... 18
3.4.
Montagem e Teste do Dardo ............................................................................. 25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 28
5. CONCLUSÃO ............................................................................................ 30
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 31
v
Lista de Ilustrações
Figura 1. Material necessário para confecção do dardo de 3,0 ml. .................. 10
Figura 2. Obliteração da extremidade da agulha 40x12 com solda de estanho.
......................................................................................................................... 11
Figura 3. Desgaste da parede da agulha com a lima trifacetada. .................... 11
Figura 4. Confecção do novo orifício lateral na agulha com lima trifacetada. .. 12
Figura 5. Agulha do dardo terminada. .............................................................. 12
Figura 6. Medida correta de fio de lã que será usado para fazer o estabilizador.
......................................................................................................................... 13
Figura 7. Conjunto de fios de lã amarrados pelo fio separado. ........................ 13
Figura 8. Corte da extremidade da agulha que será usada como base para o
estabilizador. .................................................................................................... 14
Figura 9. Agulha já cortada. A parte posterior será usada como base para o
estabilizador. .................................................................................................... 14
Figura 10. Inserção do fio de lã na luz do canhão da agulha. .......................... 15
Figura 11. Reforço após a inserção do fio no canhão da agulha. .................... 15
Figura 12. Corte do excesso de lã do interior do canhão da agulha. ............... 15
Figura 13. Aplicação da cola de cianoacrilato na base do estabilizador. ......... 16
Figura 14. Retirada do excesso de cola da base do estabilizador. .................. 16
Figura 15. Tubo de papel utilizado para aparar os fios do estabilizador. ......... 17
Figura 16. Retirada do excesso de fios de lã do estabilizador. ........................ 17
Figura 17. Corte dos fios de lã do estabilizador que permaneceram unidos. ... 18
Figura 18. Estabilizador terminado. .................................................................. 18
Figura 19. Micro-retífica utilizada para cortar e lixar as extremidades do dardo
de 3,0 ml........................................................................................................... 19
Figura 20. Corte do corpo e do êmbolo da seringa. ......................................... 19
Figura 21. Corte da extremidade posterior do corpo da seringa. ..................... 20
Figura 22. Corte do êmbolo da seringa. ........................................................... 20
Figura 23. Corte do êmbolo da seringa na altura do segundo anel. ................. 20
Figura 24. Corte da extremidade anterior do corpo da seringa na marcação de
½ ml. ................................................................................................................ 21
Figura 25. Corte do tubete de anestésico odontológico. .................................. 21
Figura 26. Encaixe o tubete cortado na seringa. .............................................. 22
vi
Figura 27. Colagem da fita adesiva plástica na base da câmara posterior. ..... 22
Figura 28. Retirada do excesso de fita adesiva................................................ 23
Figura 29. Aplicação de cola de cianoacrilato para fixação das câmaras anterior
e posterior. ....................................................................................................... 23
Figura 30. Forma de encaixe das câmaras anterior e posterior. ...................... 24
Figura 31. Fixação das duas câmaras do dardo. ............................................. 24
Figura 32. Colagem de um pedaço de fita adesiva plástica na emenda das duas
câmaras............................................................................................................ 24
Figura 33. Corpo do dardo terminado. ............................................................. 25
Figura 34. Dardo montado e pronto para ser usado......................................... 25
Figura 35. Agulha inserida na câmara posterior para liberação da pressão. ... 26
Figura 36. Regulação do volume desejado no dardo. ...................................... 26
Figura 37. Introdução de líquido no dardo. ....................................................... 27
Figura 38. Teste do dardo para verificação de possíveis vazamentos. ............ 27
vii
1. INTRODUÇÃO
A imobilização química de animais silvestres é realizada quando há
necessidade de marcação, realização de exame físico ou obtenção de dados
biométricos. Objetivando minimizar os riscos do manuseio tanto para animais,
quanto
para
os
técnicos,
a
administração
pode
ser realizada
com
equipamentos apropriados e confeccionados de maneira a liberar seringas em
forma de dardos contendo a substância ativa.
Essa técnica já era utilizada há muitos anos por tribos indígenas da
América do Sul, Ásia e África que empregavam suas flechas com veneno para
caça. Atualmente, médicos veterinários usam esse mesmo princípio, as
zarabatanas e os dardos, para a contenção farmacológica de animais
selvagens ou domésticos que não possibilitam a contenção física.
Na Medicina Veterinária são utilizados dois métodos de administração
de drogas à distância em animais via dardos: armas de ar comprimido e de
fogo com câmaras de expansão de gases, ou por meio das zarabatanas. E os
dardos utilizados podem ser industrializados ou artesanais.
No Brasil, em função das dificuldades de obtenção de equipamentos
industrializados, é muito comum o emprego de zarabatanas e dardos de
fabricação artesanal.
Tendo em vista a realidade econômica das instituições brasileiras de
pesquisa veterinária e zoológica, foram desenvolvidos dardos artesanais de
3,0ml, com materiais de baixo custo, fácil confecção e com possibilidade de
reciclagem, que podem ser utilizados tanto em zarabatanas, quanto em alguns
modelos de armas utilizadas para contenção.
Estes dardos apresentam resultados satisfatórios em termos de
distância alcançada, capacidade e quantidade de droga administrada,
permitindo ser recarregado de modo simples e garantindo um bom grau de
penetração no tegumento do animal independentemente de sua resistência,
porém sem maiores riscos de perfuração de partes vitais ou fratura de ossos,
desde que o usuário do equipamento tenha destreza a partir de treinamento
periódico.
6
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Histórico
A imobilização química de animais já era utilizada há muitos anos por
tribos indígenas da América do Sul, Ásia e África que empregavam suas
flechas com veneno para caça (DINIZ, 2002; WENKER, 1998).
Na America do Sul, a principal substancia utilizada era o curare, que é
originária de drogas obtidas de diversas espécies de plantas, utilizadas pelos
índios para produzir flechas envenenadas para caça e pesca (DEWICK, 1997
apud VIEGAS JR, BOLZANI e BARREIRO, 2006).
As zarabatanas eram utilizadas por essas comunidades como
instrumento de propulsão, o qual disparava o dardo a certa distancia no animal
escolhido (HOSSEPIAN, 2000a). Essas zarabatanas eram feitas, geralmente,
de cana ou palmeira, mediam até 3 metros de comprimento e podiam alcançar
até 40 metros de distância nas mãos de um caçador experiente (WENKER,
1998).
Médicos veterinários usam esse mesmo princípio, as zarabatanas e os
dardos, para a contenção farmacológica de animais selvagens ou domésticos
que não possibilitam a contenção física, de modo a injetar drogas por via
intramuscular sem causar o estresse que a contenção física provoca em
animais não habituados à presença humana (MATTOS et al., 2006).
2.2. Utilização
Atualmente, a captura de animais silvestres é justificada quando há
necessidade
de
obtenção
de
dados
biométricos
como
as amostras
parasitológicas, sangue, tecidos, pêlos, ou pretende-se marcar ou fixar
equipamentos para o monitoramento dos indivíduos (MANGINI e NICOLA,
2003). Objetivando minimizar os riscos do manuseio tanto para animais, quanto
para os técnicos, a administração pode ser realizada com equipamentos
apropriados e confeccionados de maneira a liberar seringas em forma de
dardos contendo a substância ativa (DINIZ, 2002). O dardo tem a função de
disponibilizar a medicação ao animal, tanto para a anestesia como para
tratamento deste (HOSSEPIAN, 2000a).
7
O tiro com dardos deve ser direcionado para regiões de ampla
musculatura, principalmente nos músculos das regiões glúteas (músculos
glúteo superficial e porção caudal do músculo bíceps femoral) e escapular
(região torácica do músculo grande dorsal, região caudal do músculo trapézio e
músculo deltóide). Deve-se evitar acertar os ossos e as regiões das cavidades
torácica e abdominal, pois além de ser muito doloroso, podem ocorrer traumas
sérios e até fraturas, e a droga não terá o efeito desejado (MATTOS et al.,
2006; WENKER, 1998). Para isso, recomenda-se um treino intensivo para
evitar erros, pois as injeções fora do sítio adequado podem causar lesões ou
interferir na ação do medicamento (HOSSEPIAN 2000b).
2.3. Estrutura e Funcionamento dos Dardos
Dardos são fabricados com seringas descartáveis dotadas de dois
êmbolos: um mediano móvel e um fixado posteriormente (SICURO, 2007).
A droga é colocada na câmara anterior (CUBAS, CATÃO-DIAS e SILVA,
2007), região do dardo localizada entre o êmbolo e a abertura frontal da
seringa (SICURO, 2007).
A câmara posterior é o local onde é colocado o agente propelente.
Lembrando que o agente propelente pode ser o ar comprimido ou o gás
butano, importante para injetar a droga no alvo (CUBAS, CATÃO-DIAS e
SILVA, 2007). A agulha possui uma abertura lateral ocluída por uma peça de
borracha proveniente do êmbolo de um tubete de anestésico odontológico do
sistema carpoule.
Ao atingir o alvo, a peça de borracha que oclui a abertura da agulha é
deslocada e o medicamento é injetado, com a força do agente propelente
(SICURO, 2007).
2.4. Métodos de Disparo
Na Medicina Veterinária são utilizados dois métodos de administração
de drogas à distância em animais via dardos: armas de ar comprimido e de
fogo com câmaras de expansão de gases, ou por meio das zarabatanas
(SICURO, 2007).
A zarabatana oferece muitas vantagens, como ausência de estampido,
ou seja, menor trauma ao impacto do dardo com o animal, e boa precisão a
8
distâncias de até 10 a 15 metros (PACHALY et al., 1993). Esse é um dos
sistemas de administração de drogas mais antigo que se conhece, e pode ser
utilizado no trabalho diário de zoológicos (WENKER, 1998).
Porém, quando se deseja precisão a maiores distâncias, ou quando se
trabalha com animais de maior porte, o mais indicado é a utilização de armas
(PACHALY et al., 1993).
As armas especiais mais utilizadas no Brasil são importadas e
pertencentes às marcas Dan-Inject®, Telinject®, Cap-Chur® e Dist-Inject®.
Estes são equipamentos que utilizam CO2, ar comprimido ou pólvora para o
lançamento de dardos plásticos e/ou metálicos. Dessa forma, é possível atingir
maiores distâncias e injetar maiores volumes (MANGINI, 1998).
2.5. Dardos Artesanais
No Brasil, em função das dificuldades de obtenção de equipamentos
industrializados, é muito comum o emprego de zarabatanas e dardos de
fabricação artesanal, cuja eficiência já foi exaustivamente comprovada
(PACHALY et al., 1993).
Os centros de pesquisa zoológica e veterinária no Brasil dispõem de
recursos
limitados.
Os
equipamentos
comerciais
utilizados
para
a
administração de drogas injetáveis à distância são, neste sentido, pouco
acessíveis, devido ao alto custo e de serem fabricados em outros países, por
exemplo, (SICURO, 2007).
9
3. MATERIAL E MÉTODOS
Neste trabalho, foi desenvolvida uma metodologia para construção de
dardos artesanais de 3,0 ml.
O funcionamento dos modelos desenvolvidos é semelhante ao descrito
para dardos convencionais, no entanto, sua construção envolve maior
complexidade.
A confecção do dardo é realizada em etapas, a fim de obter três
componentes principais: agulha; estabilizador; corpo do dardo. Para isso,
utilizam-se materiais de fácil aquisição (Figura 1).
Figura 1. Material necessário para confecção do dardo de 3,0 ml.
3.1. Agulha
Para a construção da agulha, são utilizados os seguintes materiais:
•
Uma agulha 40x12
•
Lima trifacetada com extremidade afiada
•
Ferro de solda
•
Estanho do diâmetro da agulha
•
Êmbolo de tubete de anestésico odontológico
Inicialmente, é necessário fechar a extremidade da agulha, para que não
haja vazamentos por essa via. Isso é feito com a solda de estanho (Figura 2).
10
Figura 2. Obliteração da extremidade da agulha 40x12 com solda de estanho.
O próximo passo é a confecção de um novo orifício, por onde o líquido
será injetado no animal. Para isso, utiliza-se a lima trifacetada, promovendo um
desgaste da parede da agulha, o que possibilita que a abertura seja feita com a
extremidade afilada da mesma. O orifício deve ser feito o mais próximo
possível do bizel da agulha, principalmente se for utilizada em animais de pele
espessa (Figuras 3 e 4).
Como o sistema todo estará sob pressão, é necessário obstruir um novo
orifício, e para isso, utiliza-se uma peça de borracha proveniente do êmbolo de
um tubete de anestésico odontológico do sistema Carpule (Figura 5). Após
isso, a agulha do dardo já está pronta para ser usada.
Figura 3. Desgaste da parede da agulha com a lima trifacetada.
11
Figura 4. Confecção do novo orifício lateral na agulha com lima trifacetada.
Figura 5. Agulha do dardo terminada.
3.2. Estabilizador
Para o segundo componente do dardo, utilizam-se os materiais:
•
Pedaço de lã de colorida
•
Tesoura
•
Tubo de papel com cerca de um centímetro de diâmetro
•
Agulha 40x12 ou 40x16
•
Alicate
Inicialmente é necessário dar quatro voltas com o fio de lã em torno dos
dedos da mão. Cortando o fio do novelo, além de outro pequeno pedaço de fio
de lã que irá amarrar no meio do conjunto de fios (Figuras 6 e 7).
12
Figura 6. Medida correta de fio de lã que será usado para fazer o estabilizador.
Figura 7. Conjunto de fios de lã amarrados pelo fio separado.
Com o alicate, deve-se cortar a extremidade da agulha 40x12, no
canhão próximo à base, para utilizar como base para o estabilizador (Figuras 8
e 9).
13
Figura 8. Corte da extremidade da agulha que será usada como base para o estabilizador.
Figura 9. Agulha já cortada. A parte posterior será usada como base para o estabilizador.
O fio utilizado para amarrar o estabilizador deve ser colocado na luz do
canhão cortado da agulha e puxado até o fim, sendo fixado com algumas gotas
de cola de cianoacrilato. O excesso de cola deve ser retirado, utilizando um
pedaço do fio de lã (Figuras 10, 11, 12, 13 e 14).
14
Figura 10. Inserção do fio de lã na luz do canhão da agulha.
Figura 11. Reforço após a inserção do fio no canhão da agulha.
Figura 12. Corte do excesso de lã do interior do canhão da agulha.
15
Figura 13. Aplicação da cola de cianoacrilato na base do estabilizador.
Figura 14. Retirada do excesso de cola da base do estabilizador.
Para aparar o estabilizador e deixá-lo simétrico, utiliza-se o tubo de
papel, que irá mostrar o excesso dos fios de lã. Com a tesoura cortam-se todas
as pontas de fios do penacho, deixando-as no mesmo nível. A seguir, ainda
com a tesoura em mãos cortam-se os fios de lã que estão unidos. (Figuras 15,
16, 17 e 18). Utiliza-se o mesmo tubo de papel para o armazenamento do
estabilizador, o que conservará sua forma.
16
Figura 15. Tubo de papel utilizado para aparar os fios do estabilizador.
Figura 16. Retirada do excesso de fios de lã do estabilizador.
17
Figura 17. Corte dos fios de lã do estabilizador que permaneceram unidos.
Figura 18. Estabilizador terminado.
3.3. Corpo do Dardo
Para o corpo do dardo de 3,0ml, são utilizados os materiais a seguir:
•
Duas seringas BD de 3,0 ml
•
Tubete de anestésico odontológico do sistema carpule
(com êmbolo)
•
Micro-retífica com disco de corte de carborundum, com
velocidade de 10.000 rpm (Figura 19)
•
Cola de cianoacrilato
18
•
Fita adesiva plástica
•
Pedaços pequenos de bandagem elástica aderente
Figura 19. Micro-retífica utilizada para cortar e lixar as extremidades do dardo de 3,0 ml.
O primeiro passo é a construção da câmara anterior do dardo. Para isso,
será utilizada uma das seringas. Primeiro, corta-se a extremidade posterior do
corpo da seringa. Deve-se também cortar o êmbolo, bem rente ao segundo
anel (Figura 20, 21, 22 e 23). Ambos são cortados e lixados com a microretífica, mas pode-se utilizar também um pequeno alicate de corte para evitar
resíduos. Após o corte, encaixa-se o êmbolo novamente no interior da seringa.
Figura 20. Corte do corpo e do êmbolo da seringa.
19
Figura 21. Corte da extremidade posterior do corpo da seringa.
Figura 22. Corte do êmbolo da seringa.
Figura 23. Corte do êmbolo da seringa na altura do segundo anel.
Para a câmara posterior, primeiramente corta-se a outra seringa
20
na marcação de 1/2 ml (Figura 24). Corta-se também o tubete de anestésico
odontológico na altura em que termina o êmbolo (Figura 25). O tubete de
anestésico é utilizado na câmara posterior para aumentar a resistência do
dardo.
Figura 24. Corte da extremidade anterior do corpo da seringa na marcação de ½ ml.
Figura 25. Corte do tubete de anestésico odontológico.
Deve-se então, encaixar o tubete de anestésico odontológico cortado na
seringa cortada. Antes de encaixá-lo na seringa, é necessário pingar uma gota
da cola de cianoacrilato sobre o êmbolo, para que este não se mova quando for
feito o carregamento do dardo. Após isso, pode-se fazer o encaixe do tubete
dentro da seringa (Figura 26). Cola-se um pedaço de fita adesiva plástica na
base da peça e depois com a tesoura tirar o excesso de fita adesiva (Figuras
27 e 28).
21
Figura 26. Encaixe o tubete cortado na seringa.
Figura 27. Colagem da fita adesiva plástica na base da câmara posterior.
22
Figura 28. Retirada do excesso de fita adesiva.
Para unir as câmaras anterior e posterior, deve-se pingar cola de
cianoacrilato no tubete de anestésico odontológico e fazer o encaixe (Figuras
29, 30 e 31). Após isso, coloca-se um pedaço de fita adesiva plástica na região
da emenda, para aumentar a aderência entre as duas câmaras (Figura 32).
Figura 29. Aplicação de cola de cianoacrilato para fixação das câmaras anterior e posterior.
23
Figura 30. Forma de encaixe das câmaras anterior e posterior.
Figura 31. Fixação das duas câmaras do dardo.
Figura 32. Colagem de um pedaço de fita adesiva plástica na emenda das duas câmaras.
Para o acabamento, adiciona-se uma pequena tira de bandagem
24
elástica aderente (Vetrap®) externamente na porção anterior do corpo do dardo
(Figura 33).
Figura 33. Corpo do dardo terminado.
3.4. Montagem e Teste do Dardo
O dardo é montado encaixando-se todas as partes: a agulha, o corpo do
dardo e o estabilizador (Figura 34).
Figura 34. Dardo montado e pronto para ser usado.
Já pronto, parte-se para a introdução do conteúdo líquido, regulando-se
o volume a ser injetado na câmara anterior. Para isso, é necessário que haja
uma fuga de ar na câmara posterior, que pode ser conseguida com uma agulha
(Figura 35). O êmbolo móvel que separa as duas câmaras deverá ser movido
25
para regular o volume desejado, e para isso, utiliza-se uma seringa de 10 ml e
uma torneira de três vias (Figura 36).
Figura 35. Agulha inserida na câmara posterior para liberação da pressão.
Figura 36. Regulação do volume desejado no dardo.
A introdução do líquido no dardo pode ser feita com outra seringa,
simplesmente introduzindo a agulha no orifício da câmara anterior (Figura 37).
26
Figura 37. Introdução de líquido no dardo.
Antes da utilização do dardo, é necessário testá-lo, para verificar se não
há vazamentos nas câmaras ou na agulha. Para isso, deve-se colocar um
líquido qualquer na câmara anterior e encaixar a agulha. Então, com uma
seringa cheia de ar, faz-se pressão na câmara posterior verificando se nenhum
líquido vaza (Figura 38).
Figura 38. Teste do dardo para verificação de possíveis vazamentos.
27
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os testes realizados com os dardos confeccionados mostraram alto
desempenho e, sobretudo, segurança quanto à droga armazenada e
aerodinâmica no disparo. Nos testes de liberação manual da borracha de
vedação da agulha o dispositivo armado esvaziou o conteúdo da câmara de
injeção de forma rápida e contínua na maioria das vezes.
Testes contra alvos artificiais e também in vivo, mostraram que com uma
carga máxima na câmara de injeção dos dardos de 3,0 ml, foram obtidos
disparos retos e com efeito balístico de ótimo desempenho (cerda de 5 a 10
metros de distância).
A redução do volume a ser injetado possibilitou um alcance com
precisão e em todos os disparos a câmara de injeção foi esvaziada
completamente e os animais receberam satisfatoriamente a dosagem da droga.
Os dardos mostraram bons resultados tanto em zarabatana quanto em
armas pneumáticas.
A utilização do tubete de anestésico odontológico, evita um maior gasto
de tempo na confecção da válvula de pressurização da câmara posterior, além
de aumentar a segurança para a manutenção da pressão interna. E a utilização
da bandagem elástica na parte externa do dardo, garante um melhor
aproveitamento da pressão exercida no momento do disparo, seja em
zarabatana, ou em arma pneumática, isso porque a tira de bandagem elástica
preenche a alma do equipamento e assim aproveitam totalmente a pressão e
acabam com as possíveis variações de alcance utilizando a mesma pressão.
Em um trabalho realizado por Mattos et al. (2006) a confecção de dardos
artesanais de 3,0 ml foi diferente, porém também obteve resultados
satisfatórios. Neste trabalho realizaram-se testes em armas pneumáticas,
alterando-se a pressão aplicada para verificar a distância alcançada. Observouse uma melhoria na estabilidade e no alcance do tiro trocando as agulhas
descartáveis por agulhas de aço inox industrializadas.
Sicuro (2007) realizou a confecção de dardos artesanais de alumínio,
com capacidade de 20,0 ml, especificamente para utilização em besta, o que
obteve resultados satisfatórios. Neste trabalho, os testes de liberação manual
da borracha de vedação da agulha foram eficientes em 100% das vezes. Em
testes contra alvos artificiais, com uma carga máxima na câmara anterior,
28
foram obtidos disparos eficientes de até 9 metros. A redução do volume a ser
injetado possibilitou um alcance com precisão até 15 metros.
Existem outras formas de confecção de dardos artesanais, porém a
maioria delas é conhecida pelos profissionais da área, mas os dados não estão
publicados.
29
5. CONCLUSÃO
Os centros de pesquisa veterinária e os zoológicos no Brasil, geralmente
dispõem de recursos limitados, o que torna os equipamentos comerciais
utilizados para a administração de drogas injetáveis à distância pouco
acessíveis.
O dardo de 3,0 ml aqui descrito, devido à sua simplicidade de confecção
e eficiência na administração de drogas injetáveis a curtas e médias distâncias,
é proposto como uma alternativa viável, já que pode ser confeccionado com
materiais facilmente acessíveis.
30
REFERÊNCIAS
CUBAS, Z. S.; CATÃO-DIAS, J.L. e SILVA, J.C.R. Tratado de Animais
Selvagens - Medicina Veterinária. São Paulo: Roca, 2007, p.1015.
DEWICK, P. M. Medicinal Natural Products: a Biosynthetic Approach, Nova
York: John Wiley & Sons, 1997 apud VIEGAS Jr, C.; BOLZANI, V. S. e
BARREIRO, E. J. Os Produtos Naturais e a Química Medicinal Moderna.
Química Nova, v. 29, n. 2, p. 326-337, 2006.
DINIZ, L. S. M. Imobilização Química em Animais Silvestres. In: SPINOSA, H.
S.; GORNIAK, S. L. e BERNARDI, M. M. (Eds). Farmacologia Aplicada à
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