INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRÁS ROSANI APARECIDA TELLES DIFERENTES MÉTODOS UTILIZADOS NA RETRAÇÃO DOS DENTES ANTERIORES EM CASOS DE EXTRAÇÃO Santo André 2010 ROSANI APARECIDA TELLES DIFERENTES MÉTODOS UTILIZADOS NA RETRAÇÃO DOS DENTES ANTERIORES EM CASOS DE EXTRAÇÃO Monografia apresentada ao Instituto de Ciências da Saúde FUNORTE / SOEBRÁS – Núcleo Santo André como parte dos requisitos para obtenção do título de ESPECIALISTA pelo Programa de PósGraduação em ODONTOLOGIA – Área de Concentração: Ortodontia. Orientadora: Profa. Mariângela S. Braga Santo André 2010 Rosani Aparecida Telles DIFERENTES MÉTODOS UTILIZADOS NA RETRAÇÃO DOS DENTES ANTERIORES EM CASOS DE EXTRAÇÃO Monografia apresentada ao Instituto de Ciências da Saúde FUNORTE / SOEBRÁS – Núcleo Santo André como parte dos requisitos para obtenção do título de ESPECIALISTA pelo Programa de Pós-Graduação em ODONTOLOGIA – Área de Concentração: Ortodontia. Data ___/___/___ Prof(a) Dr(a) ________________________________ _____________________ Assinatura Prof(a) Dr(a) ________________________________ _____________________ Assinatura Prof(a) Dr(a) ________________________________ _____________________ Assinatura Dedico este trabalho, em especial a Deus, pela benção da vida e saúde. Aos meus pais, Maria Aparecida e Oswaldo (in memorian), por minha formação moral e pelas lições de coragem, força e dignidade. Ao meu companheiro Marcelo pelo incentivo, ajuda, carinho e compreensão. E, por fim, e não menos importante, aos meus amados filhos, Vitor, Jonas e Julia, pela graça de tê-los. AGRADECIMENTOS Ao Prof° Ms. José Eduardo dos Santos, à Profª. Mariângela S. Braga, à Profª. Rita Cátia Bariani e à Profª. Sandra Botão Pifer pelos preciosos ensinamentos durante os anos da minha formação ortodôntica. À minha irmã Rose, pela informação da realização deste curso, pois sem ela não teria conhecimento. Aos colegas de curso, Cláudia, Cristiane, Dário, Marta, Miriam, Roberto, Rômulo, Rosana, Rose e Ximena pelo agradável convívio. À secretária Tânia pela constante colaboração e paciência. À Silvana Laffi pela ajuda nas traduções. À Vanessa Ronquini pela colaboração em revisar as normas e referências deste trabalho. Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho, meus sinceros agradecimentos. LISTA DE ILUSTRAÇÕES 1. CONTRAÇÃO SIMPLES.................................................................................17 2. CONTRAÇÃO DUPLA.....................................................................................17 3. RETRAÇÃO DE CANINOS E INCISIVOS SIMULTANEAMENTE..................18 4. APARELHO UNIVERSAL – RETRAÇÃO DE CANINOS.................................19 5. AMARRILHO TIPO 1.......................................................................................23 6. AMARRILHO TIPO 2.......................................................................................24 7. AMARRILHO TIPO 13.....................................................................................24 8. RETRAÇÃO DE CANINOS SUPERIORES E INFERIORES...........................32 9. RETRAÇÃO DE DENTES ANTERIORES E FECHAMENTO DE ESPAÇOS RESIDUAIS.....................................................................................................32 10. RETRAÇÃO PARCIAL DE CANINOS.............................................................39 11. RETRAÇÃO DOS DENTES ANTERIORES SUPERIORES E INFERIORES...................................................................................................40 12. MOLA ¨T¨ - TMA ( BETA-TITÂNIO).................................................................43 13. MOLA ¨T¨- INSTALADA...................................................................................44 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Cl – Classe div – divisão g – gramas cm – centímetro mm – milímetro ¨ – polegada et al. – e colaboradores ° – graus % – por cento M/F – momento / força C/D – carga / deflexão TMA – liga beta-titânio NiTi – liga níquel-titânio CR – centro de resistência DKL – arco dupla-chave RESUMO RESUMO Na Ortodontia existem vários dispositivos utilizados para o fechamento de espaços intra-arco. Neste trabalho, estudaram-se os mecanismos de fechamento de espaços após exodontias de pré-molares. Avaliou-se a eficiência dos mecanismos de fechamento destes espaços, com e sem fricção e constatou-se que o segundo método é superior ao primeiro e que, por sua vez, as características das molas de retração podem ser modificadas, conforme as variações na sua configuração, como: a quantidade de fio ortodôntico utilizado na sua construção, a secção transversal, o tipo de liga do fio ortodôntico, a quantidade de ativações, posicionamento da mola de retração no sentido ântero-posterior, tratamento térmico e pré-ativações. Podemos concluir, após a verificação em diversos trabalhos, que a eficiência do tratamento ortodôntico e a eficácia do movimento dentário estão diretamente relacionadas com a quantidade de força utilizada, e a força considerada ótima devem ser leves e contínuas. Palavras-chave: Retração, Movimento, Extração ABSTRACT In Orthodontics there are different devices to be used in intra-arch space closure. This study was based on dental literature reviewed in mechanical systems of space closure after premolars extraction. It had been evaluated the mechanical systems of space closure with or without friction, it was note that the second method is better than the first and, consequently, the characteristics of retraction springs can be modified, according to variations in your configuration, as following: amount of orthodontic wire used, by altering wire cross-section, the orthodontic wire used, the amount of activation of the spring, dental relationship antero-posterior, heat treatment and previous activation. It had been concluded that the orthodontic treatment efficiency and dental movement efficacy are directly related to the amount of force applied, and the optimal amount of force used. These should be considered at optimal level it is soft and continued. Key-words: Retraction, Movement, Extraction SUMÁRIO RESUMO..................................................................................................................... 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES ......................................................................................... 5 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..................................................................... 6 1- INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12 2. PROPOSIÇÃO ...................................................................................................... 14 3. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 16 3.1 DESLIZAMENTO ............................................................................................. 16 3.2 ALÇAS DE RETRAÇÃO ................................................................................. 26 3.3 ALÇA DE BULL............................................................................................... 39 3. 4 ALÇA ¨T¨......................................................................................................... 41 3.5 ARCO DUPLA-CHAVE (DKL) ......................................................................... 50 4. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 56 5- CONCLUSÃO ....................................................................................................... 63 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 65 INTRODUÇÃO 12 1- INTRODUÇÃO As extrações dentárias com finalidades ortodônticas foram um tema bastante controverso no passado, no entanto, nos dias atuais há um consenso geral de que as extrações dos quatro pré-molares podem ser benéficas em alguns casos. O espaço proporcionado em cada quadrante pode ser utilizado para: • Alívio do apinhamento dental. • Correção do trespasse horizontal em casos de Cl. II - div. 1. • Protrusão bimaxilar. • Movimento mesial dos molares. Uma prática ortodôntica eficiente requer um método confiável para o fechamento de espaços, possibilitando assim um controle mais eficaz do equilíbrio de ancoragem. A ancoragem é um item importante que deve ser controlado pelo ortodontista, visando evitar movimentos indesejáveis, já que os mecanismos para o fechamento de espaço geram no segmento oposto uma força com mesma intensidade, mas no sentido contrário. O controle da ancoragem é um dos mais difíceis procedimentos em pacientes com extração, principalmente em pacientes com padrão desfavorável. O fechamento dos espaços depende do planejamento ortodôntico. Os dentes poderão ser retraídos parcialmente ou em massa por meio de um sistema de forças específicas. O objetivo das retrações é a união dos segmentos dentários anteriores aos posteriores, sem que haja espaços remanescentes. Para que se obtenha êxito nesta etapa, é necessário que problemas transversais e verticais já estejam solucionados, sob pena de dificultar as mecânicas horizontais. A finalidade deste trabalho é descrever diferentes métodos que podem ser utilizados na retração anterior. 13 PROPOSIÇÃO 14 2. PROPOSIÇÃO Por meio de uma revisão de literatura, o presente trabalho, teve como objetivos: 1- Discutir diferentes métodos utilizados para o fechamento de espaços após as exodontias de primeiro pré-molares. 2- Verificar a eficácia destes métodos. 15 REVISÃO DE LITERATURA 16 3. REVISÃO DE LITERATURA Em 1932, SCHWARZ preconizava que a força ótima para a movimentação ortodôntica de um dente não devia ser maior que a pressão capilar, ou seja, 20 a 26g/cm². Desde que TWEED, em 1945, preconizou o uso de exodontias no tratamento ortodôntico, houve uma preocupação com o desenvolvimento de diferentes métodos para o fechamento daqueles espaços. Vários dispositivos foram propostos com as mais variadas configurações, variadas secções transversais dos fios ortodônticos, várias ligas metálicas, com a finalidade de alcançar um mecanismo que tivesse uma eficiente movimentação dentária e uma força tal que provocasse um mínimo de danos aos tecidos de suporte quando fosse realizado o fechamento de espaços. 3.1 DESLIZAMENTO Em 1947, NAGAMOTO preconizava o emprego de molas espirais para a retração do canino e para o fechamento de espaços, sendo tais molas basicamente de dois tipos: mola de contração simples e mola de contração dupla, que eram classificadas em três comprimentos: curta, média e longa, e eram escolhidas de acordo com a quantidade de espaço deixado pela exodontia. Estas molas eram confeccionadas com fio 0.006¨ ou 0.008¨ com vinte e trinta espirais aproximadamente para as molas curtas e longas, respectivamente. As molas de contração dupla eram utilizadas, por exemplo, em casos de exodontia dos primeiros pré-molares, com os dentes anteriores movidos distalmente. O autor recomendava a mola de contração simples, para os casos de retração de caninos, correção de rotações e de diastemas. 17 1. CONTRAÇÃO SIMPLES. Fonte: NAGAMOTO, American Journal of Orthodontics, v. 33, 1947. 2. CONTRAÇÃO DUPLA. Fonte: NAGAMOTO, American Journal of Orthodontics, v. 33, 1947. BEGG, em 1956, preconizava a retração dos caninos e incisivos simultaneamente durante a fase de fechamento de espaços. O autor recomendava construir arcos com fios de aço inoxidável apresentando secções transversais 0.016¨ ou 0.018¨, que seriam ativados por amarrilhos elásticos fixados nas extremidades do arco aos esporões construídos naquele mesmo arco por mesial dos caninos. Para o autor, os primeiros molares seriam suficientes para ancoragem durante a mecânica de retração, desde que fossem utilizadas forças leves, e afirmava que a perda de ancoragem estava relacionada diretamente ao uso de forças excessivas. 18 3. RETRAÇÃO DE CANINOS E INCISIVOS SIMULTANEAMENTE. Fonte: BEGG, P.R., American Journal of Orthodontics., v. 42, n. 7, july, 1956. Em 1956, DEWEL propunha a retração inicial do canino com o uso de uma mola espiral aberta colocada na região anterior do arco, entre os caninos, ou por meio de uma mola espiral fechada, amarrada sob tensão no tubo molar e, em outra extremidade, um gancho mésio-gengival colocado na banda do canino. Para a retração em bloco do segmento anterior, deveria ser usado um arco com uma mola vertical construída no lugar da exodontia. Em 1959, PLETCHER recomendava a utilização de uma mola espiral fechada construída com fio redondo 0.009¨ ou 0.011¨ e com 0.030¨ de luz central. A mola espiral poderia ser utilizada tanto para retração anterior superior e inferior, quanto para a distalização dos caninos ou pré-molares. Para sua ativação, a extremidade distal da mola seria presa no final do arco e acionada por um esporão soldado no arco à mesial dos caninos ou amarrado diretamente no braquete deste dente. FASTLICHT, em 1973, apresentava um método de retração de canino por meio de um aparelho universal, sendo que o braquete fornecia controle nos três planos do espaço, retraindo o canino com o mínimo de força necessária com um máximo de controle. Os principais elementos do aparelho universal são os braquetes (dispositivo com duas ranhuras, uma incisal e outra cervical), o tubo bucal e as molas de contração, que podiam ser usadas com fios redondos, retangulares ou uma combinação dos dois. O arco lingual servia para estabilizar os molares, evitando rotações ou deslocamentos. O braquete permitia o encaixe de dois fios simultaneamente, um gengival que evitava inclinação e outro fio incisal que era guia 19 para os dentes durante o movimento. Os caninos podiam ser retraídos com arcos contínuos ou seccionados, redondos ou retangulares e o dispositivo de retração podia ser um elástico, uma mola fechada, mola de contração ou uma mola vertical. 4. APARELHO UNIVERSAL – RETRAÇÃO DE CANINOS. Fonte: FASTLICHT, J. Am. J. Orthod. v. 64, n.3, setembro, 1973. OLIVEIRA JUNIOR et al., em 1988, apresentaram um sistema para fechamento de espaços decorrentes de exodontias, dividindo-o em duas fases; retração inicial dos caninos para fornecer espaço necessário para o alinhamento dos dentes anteriores, corrigindo a discrepância entre os dentes anteriores e sua base óssea; e da retração anterior que completaria o fechamento de espaços, corrigindo a discrepância cefalométrica. Esse sistema de fechamento de espaços, denominado Técnica de Martins, consistia de um segmento de arco de secção transversal 0.016¨ com uma dobra em forma de ômega, amarrado ao tubo molar. Este segmento de arco, segundo os autores, teria por finalidade o controle de vestíbulo-lingual durante a distalização do canino, que era realizada com o auxílio de um elástico em cadeia, colocado sob tensão desde o tubo do molar até o canino. Para a retração anterior em bloco dos seis dentes anteriores era utilizado um arco construído com fio de aço inoxidável 0.021¨ x 0.025¨ em braquete com canaleta 0.022¨ x 0.028¨. Recomendava-se soldar no arco um gancho de fio de latão de 0.7mm, disposto cervicalmente, para prender o elástico em cadeia do gancho molar, gerando uma tensão responsável pelo fechamento de espaços. O arco deveria ser anodizado em seu segmento posterior para minimizar o atrito. BENNET & MCLAUGHLIN, em 1990, descreveram um mecanismo de fechamento de espaços com um sistema de aparelho pré-ajustado, seguindo o conceito original do aparelho Straight-Wire de Andrews. Os arcos de retração eram 20 construídos em fio de aço inoxidável 0.019¨ x 0.025¨ para ranhura 0.022¨. Ganchos de aço inoxidável 0.024¨ ou de latão 0.028¨ eram soldados nestes arcos para receberem elásticos que provocariam o fechamento de espaços. Os elásticos estirados 2 a 3mm (2 vezes o seu comprimento normal) produziam 0,5 a 1,5mm de fechamento de espaços. SONNIS, em 1994, fez estudos comprovando que as molas fechadas, tipo bobina de níquel-titânio, produzem aproximadamente duas vezes mais rápido um índice de movimento em relação ao elástico convencional, ao longo de um arco de fio de aço inoxidável. As molas são bem fáceis de colocar e não requerem cooperação do paciente. Em 1997, NANDA & GHOSH, afirmaram que a fricção na interface braquete/fio dissipava parte da força aplicada, e somente o remanescente era transferido para as estruturas de suporte para produzir o movimento dentário. Enfatizaram que o ponto de aplicação de força era um fator importante a ser considerado na mecânica de deslizamento. Esta força, quando exercida fora do centro de resistência, provocaria um momento, resultando a inclinação do dente e, consequentemente, o atrito. Assim, recomendaram aumentar a força inicial além da magnitude ideal para compensar a diminuição rápida da força liberada pelos elásticos em cadeia, durante a mecânica de deslizamento. FERRAZ et al., em 1998, afirmaram que as principais causas inibidoras da mecânica de deslize são: - nivelamento inadequado resultando no travamento do arco. - torque posterior. - bloqueio na distal do arco (exemplo: fio de ligadura ou existência de molares). - braquetes danificados. - Resistência do tecido mole. - Resistência da cortical óssea (dentes com anquilose, escleose óssea, etc.). - Força excessiva causando inclinação e travamento. - Interferência dos dentes antagônicos. 21 - Forças insuficientes. Concluíram que a mecânica de deslizamento é a melhor maneira de fechar espaços desde que o movimento seja aproximadamente 1mm por mês com forças suaves de no máximo 100g, também afirmam que o braquete totalmente programado não levará a uma correção total dos dentes sem a necessidade de algumas dobras finais nos fios. Deve-se ser feita em duas etapas, primeiro distaliza-se o canino e depois a retração dos incisivos. Além disso, iniciar a retração anterior por deslizamento um mês após a inserção dos arcos com fios de aço retangulares, exceto os caninos que se pode iniciar após a inserção do fio redondo de aço 0.018¨, e estas devem ser efetuadas com molas níquel-titânio presas aos “braços de força” molares (1° e 2° alternadamente) e dos caninos. As retrações dos incisivos devem ser feitas também com molas níquel-titânio, estendidas dos ganchos molares (1° e 2° alternadamente) aos ganchos soldados nos fios dos arcos. Deve-se também ficar atento durante todo o processo de retração por deslizamento para se evitar qualquer impedimento mecânico ao livre deslize do fio do arco ou dos dentes. NOGUEIRA et al., em 2002, relataram que as dobras em V ou V-bend, são muito sensíveis ao posicionamento mésiodistal. Se o vértice do V for colocado equidistante dos pontos de apoio, serão produzidas duas forças iguais e opostas. Se modificarmos a localização do vértice, combinações de momentos e forças serão criadas, sendo classificadas em dobras em V simétricas e assimétricas. O princípio básico da mecânica de deslizamento com dobras em V em retração de caninos e protração de pré-molares são que os momentos são aplicados nos arcos contínuos pelas dobras e a força é aplicada separadamente por meios auxiliares como cadeia de elastômeros ou molas fechadas. Nas dobras em V simétricas os ângulos de entrada são iguais e opostos, criando momentos de binário de mesma intensidade e em direções opostas, as forças de equilíbrio são iguais e opostas sendo nula a somatória. Assimétricas, a sua ação depende da excentricidade da dobra em V, possuindo ângulos de entrada diferentes e opostos, criando binários, cujos 22 momentos são em direções opostas e de intensidade diferentes, sendo que o maior ângulo de entrada (o V mais próximo do braquete) cria o maior momento que por sua vez dita as forças de equilíbrio. ZANELATO et al., em 2002, relataram que a técnica de fechamento de espaços nos aparelhos pré-ajustados MBT, utilizando a mecânica de deslizamento, com baixo nível de força, é de grande importância na condução de um tratamento com extrações de pré-molares, assim como o sistema de ancoragem também. No sistema de ancoragem, utiliza-se a análise de unidade de espaço, em que as discrepâncias do arco inferior são medidas em mm. A somatória da discrepância do arco inferior, que é o total 3/3 resultará no movimento dos caninos inferiores; se a discrepância for negativa o movimento do canino é no sentido distal, se for positiva é no sentido mesial. Quanto maior for a discrepância negativa, maior será a preservação da ancoragem. Durante um tratamento ortodôntico pode-se necessitar de três sistemas de ancoragem: recíproca, moderada e máxima. Recíproca – os espaços resultantes das extrações dentárias são ocupados 50% pelo movimento mesial dos dentes posteriores e 50% pelo movimento distal dos dentes anteriores e este movimento pode contribuir para a irrupção dos 3° molares. Moderada – quando a discrepância do arco inferior for maior que 7mm e menor que 10mm, os espaços resultantes das extrações de pré-molares serão ocupados 25% pelo movimento mesial dos dentes posteriores e 75% pelo movimento distal dos dentes anteriores. Deve-se usar barra palatina para superior e arco lingual inferior e deve permanecer até o fim da fase de nivelamento. Máxima – quando a discrepância do arco inferior está entre 10mm e 14mm. Nestes casos, há grandes apinhamentos dentários e/ou biprotusão dentária; em que os espaços das extrações dentárias são ocupados 100% pelo movimento mesial dos dentes anteriores. Devem-se colocar os aparelhos de preservação de ancoragem antes das extrações dentárias e permanecer do início ao fim do tratamento. Nos tratamentos com extrações de pré-molares com apinhamento anterior é preconizado na técnica MBT realizar a retração anterior em duas etapas. A primeira etapa é a retração parcial de caninos com retroligaduras (laceback), até conseguir 23 espaços para alinhar os dentes, a segunda etapa é denominada retração anterior e é realizada em arco retangular 0.019¨ x 0.025¨, numa canaleta 0.022¨ x 0.028¨, para diminuir deflexão do arco e ter certa liberdade dentro das canaletas, evitando sobremordida e tendo maior controle de torque. É nesta etapa que será fechado todos os espaços remanescentes das extrações dentárias, através da mecânica de deslizamento. O sistema de retração com mecânica de forças leves consiste em utilizar fios metálicos de aço 0.008¨ ou 0.010¨, associados a módulos elásticos colocados em ganchos soldados no arco retangular 0.019¨ x 0.025¨ na distal dos incisivos laterais superiores e inferiores e distantes dos caninos, pois quando tocar no braquete do canino, o fechamento é interrompido. As ativações deverão ser feitas a cada 21 dias e, antes de iniciar a retração, deve-se manter o arco retangular com amarrilhos passivos durante 30 dias que são confeccionados com fio 0.008¨, que deve ser trançado em forma de oito, do último molar bandado até o gancho soldado no arco, para promover o assentamento dos torques individuais. Na técnica MBT, existem três tipos de amarrilhos ativos que podem ser utilizados para a mecânica de fechamento de espaço: Amarrilho tipo 1 – utiliza-se um módulo de elastique associado a um fio de amarrilho 0.008¨, no qual o elástico deve ser colocado no gancho da banda dos 1° molares. Na ativação o elástico deve distorcer o dobro de sua dimensão original, em que os níveis de força fiquem em torno de 100g a 150g. 5. AMARRILHO TIPO 1. Fonte: ZANELATO, R.C; et al. R Clin Ortodon Dental Press, Maringá, v.1, n.5, out/nov.2002. 24 Amarrilho tipo 2 – muda-se somente a posição do elástico, que será colocado no gancho do arco na distal dos incisivos laterais. A grande diferença entre o sistema 1, é que o amarrilho está posicionado no mesmo sentido das canaletas dos dentes posteriores, muito próximo do sistema de locomoção dos dentes, sendo um sistema mais eficiente. 6. AMARRILHO TIPO 2. Fonte: ZANELATO, R.C; et al. R Clin Ortodon Dental Press, Maringá, v.1, n.5, out/nov.2002. Amarrilho tipo 3 – uma variação do tipo 2, a diferença é que temos de conjugar os braquetes dos 2° pré-molares com o próprio amarrilho da retração, deixando-o sem o elastique. A vantagem de deixar o 2° pré-molar sem o elastique é que diminui o atrito durante o deslizamento, outro ponto favorável é que os pontos de aplicação de forças estão mais próximos, diminuindo o grau de deflexão do arco retangular e proporcionando um melhor deslizamento. 7. AMARRILHO TIPO 3. Fonte: ZANELATO, R.C; et al. R Clin Ortodon Dental Press, Maringá, v.1, n.5, out/nov.2002. 25 MORESCA & VIGORITO, em 2005, tiveram como objetivo estudar os níveis de forças produzidos por módulos elásticos de quatro marcas comerciais (3M, Unitek, Ormco, TP, Morelli), quando submetidos a uma extensão de 3mm e 2mm, para verificar a degradação da força e determinar o melhor momento para a reativação dos módulos elásticos. Analisando os dados obtidos, observaram que os módulos elásticos constituem-se em métodos efetivos no fechamento de espaços, gerando forças capazes de ativar os movimentos dentários necessários neste processo. São dispositivos de custo acessível, de fácil instalação e confortáveis para o paciente. Os módulos elásticos da marca 3M Unitek desenvolveram os níveis de forças mais adequados, seguidos pelas marcas TP, Morelli e Ormco. O melhor momento para a reativação dos módulos elásticos é entre 21 e 28 dias. CÉSAR & RUELLAS, em 2006, relataram que para o fechamento de espaços decorrentes das extrações com finalidade ortodôntica existem basicamente dois tipos de mecânica: mecânica ¨sem atrito¨, na qual são utilizadas alças que podem ser confeccionadas de diferentes formas: em forma de gota, em ¨T¨,¨L¨ ou helicoide. A outra mecânica é a de deslizamento, na qual o braquete desliza pelo fio, tendo o inconveniente do atrito. Atrito é a resistência ao movimento quando um objeto se move tangenciando outro objeto e cada objeto tem seu coeficiente de atrito, dependendo da aspereza da superfície em contato. O atrito retarda a movimentação dentária, principalmente quando há necessidade de movimentação extensa como na retração de caninos. Isso ocorre porque quando um braquete desliza ao longo do fio ortodôntico, surge uma força de atrito agindo perpendicularmente aos pontos de contato entre o braquete e o fio. Esta força de atrito pode ser aumentada pela falta de alinhamento dos braquetes, pela pressão exercida por uma forte amarração, levando o fio de encontro à base do encaixe; pela presença de torque ativo no arco retangular e pelo movimento de corpo do dente. Assim, para que um objeto possa deslizar sobre o outro, é necessário que a força aplicada seja maior do que a força de atrito. 26 A escolha do tipo de braquete, do fio ortodôntico e do tipo de amarrilho influencia fortemente na força de atrito. Braquetes: de aço inoxidável deslizam-se bem em fios de mesmo material. Os braquetes cerâmicos possuem mais atrito. Se quiser usar braquetes estéticos, usar com slots mais largos ou usar com encaixes metálicos. Amarração: fazer uma amarração metálica com folga apenas na haleta mais próxima ao espaço a ser fechado, isso visa diminuir o atrito e evita o giro indesejável do dente que está sendo movimentado. Fios: os que ocasionam mais atrito são os de beta-titânio comparados com os de níquel-titânio e os que apresentam menos atrito são os de aço inoxidável. 3.2 ALÇAS DE RETRAÇÃO STOREY & SMITH, em 1952, propuseram o conceito de ¨força ótima¨ para o processo, segundo o qual, utilizando-se de alças para a retração de caninos, foi possível liberar forças leves (175 a 300 gramas) de um lado da boca e forças pesadas (400 a 600 gramas) do outro lado. Verificaram que havia uma faixa de pressão ótima na interface dente-osso alveolar, que proporcionava o máximo de movimentação dentária e observaram também, que havendo valores acima ou abaixo dessa faixa, o movimento diminuía. A força ótima para o movimento dos caninos foi de 150 a 200 gramas e para os dentes de ancoragem foi de 300 a 500 gramas, acima destes valores, provocava movimento por reabsorção solapante. Em 1953, HALDERSON et al. estudaram a magnitude das forças capazes de provocar a movimentação dental e verificaram que uma alça vertical, construída com fio de aço inoxidável 0.0215¨ x 0.0275¨, com nove milímetros de altura e ativada um milímetro, liberava 800 gramas de força de cada lado, portanto, 1600 gramas distribuídos para os seis dentes anteriores. Concluíam que essa quantidade de força era excessiva, preconizando, então, usar fios de menor secção transversal ou a utilização de ligas que proporcionassem forças mais leves. 27 REITAN, em 1957, enfatizou os princípios mecânicos durante os movimentos de inclinação e translação dos caninos. Afirmou que durante o movimento de translação, a pressão atuava em uma face inteira da raiz. Já no movimento de inclinação, o dente se comportava como uma alavanca e uma magnitude maior de força era concentrada em uma pequena área, próxima à crista marginal. Segundo REITAN, vários aparelhos poderiam ser utilizados para o fechamento de espaços, observando, no entanto, que alguns são mais adequados à quantidade de força. A magnitude da força, necessária para o estágio final do movimento de translação dos caninos superiores, variava de 100 a 250 gramas; para os caninos inferiores de 100 a 200 gramas e um pouco menos para os pré-molares. Assim, considerava-se que um arco seccionado com uma alça vertical do tipo Bull, quando ativada em um milímetro, gerava quinhentos gamas de força, propiciando a mesialização dos dentes posteriores, enquanto que os caninos não se movimentavam devido à formação das áreas hialinizadas. Entretanto, constatou-se também, que em um arco contínuo, estas molas proporcionariam uma reação mais favorável, uma vez que envolveria um maior número de dentes. GRABER, em 1960, utilizou para a mecânica do arco de canto a retração dos dentes anteriores após a distalização dos caninos, utilizando-se de um arco construído com fio 0.020¨ ou 0.021¨ x 0.028¨, associado com alça vertical fechada. Para o autor, estas alças eram eficientes para o fechamento dos espaços e quando eram inseridas dobras anti-inclinação no arco, impediam que os dentes migrassem para os espaços das exodontias. Assegurou-se também que os elásticos ou amarrilhos, atados em forma de oito nos fios, poderiam ser utilizados para fechar espaços remanescentes. BURSTONE et al., em 1961, estudaram os sistemas de forças das molas verticais, para verificar a relação entre o sistema de forças das molas de retração e o movimento dentário. Verificaram a possibilidade de usar forças contínuas em ortodontia, mostrando como a configuração da mola pode influenciar na quantidade da força gerada e na proporção Carga/Deflexão. Eles concluíram que a redução na secção transversal do fio, o aumento da altura da mola e a colocação estratégica de helicoides proporcionavam a liberação de forças ótimas e relativamente constantes. 28 Em 1962, BURSTONE verificou que a magnitude das forças modificava o grau de movimentação dentária. Neste sentido, afirmou que forças leves seriam adequadas para a movimentação dentária e a utilização de forças pesadas resultaria em um aumento do período de hialinização, determinando uma reabsorção à distância, denominada reabsorção solapante, e, consequentemente, provocando um rápido deslocamento do dente para o espaço criado por aquele processo. Para tanto, idealizou a técnica do arco segmentado, segundo a qual a estabilização dos segmentos posteriores de ambos os lados seria realizada com uma barra, interligando-os. A retração dos incisivos foi feita com uma alça vertical, construída com fio de aço inoxidável 0.008¨ x 0.020¨ e contendo três helicoides. Para o canino, utilizou uma alça de retração contendo duas alças verticais unidas por quatro helicoides e construídas com fio de aço inoxidável 0.008¨x 0.028¨. Em 1966, BURSTONE propunha uma filosofia de tratamento ortodôntico na qual se falava sobre o controle do sistema de forças. Destacou três variáveis que poderiam determinar o sucesso ou não do tratamento ortodôntico: a proporção Momento/Força; a magnitude do Momento ou da Força e, finalmente, a constância da Força ou do Momento. Afirmava que a manutenção da constância da força de uma alça ortodôntica dependeria da proporção Carga/Deflexão, e que, quando esta se aproximasse de zero, a força tornar-se-ia mais constante. A partir desses princípios, apresentava também uma nova configuração de alça para a retração de incisivos e caninos. Tratava-se de uma alça construída com fio de aço inoxidável 18/8. Para a retração do canino, a alça seria fabricada com fio 0.010¨ x 0.020¨, de configuração quadrangular, com quatro helicoides, podendo se apresentar com quatro ou seis milímetros de altura. Para uma alça com seis milímetros de altura, uma ativação de sete milímetros resultaria em uma força de aproximadamente 200 gramas, que na média se dissiparia em 25 gramas para cada milímetro de movimentação dentária. Após três milímetros de desativação, a alça deveria ser reativada para manter um nível de força mais constante. Um segmento de arco base 0.021¨ x 0.025¨ conectava a alça e o tubo auxiliar ao braquete do primeiro molar permanente. Quatro ativações principais deveriam ser realizadas para a retração dos caninos: a ativação distal, ativação anti-inclinação, ativação antirrotação e ativação 29 intrusiva. Tendo em vista que a força distal aplicada ao braquete não coincidia com o seu centro de resistência, era necessário incorporar um momento antirrotacional na alça, de aproximadamente 160° a 180°. Partindo deste mesmo princípio, um momento anti-inclinação também deveria estar presente durante a retração, uma vez que o centro de resistência do dente não coincide necessariamente com a posição do braquete. E uma dobra intrusiva deveria ser incorporada ao arco base para evitar que o segmento posterior se inclinasse para o espaço deixado pela exodontia, ao mesmo tempo em que se obtivesse um movimento de intrusão do canino, amenizando a resultante extrusiva decorrente da extração. Para a retração dos dentes anteriores, este segmento deveria ser estabilizado com fio 0.0215¨ x 0.028¨. Para a construção da alça, deveria ser de fio de aço inoxidável 18/8, de secção transversal 0.010¨ x 0.020¨, de seis a oito milímetros de altura. Uma alça com oito milímetros de altura deveria ser construída com a finalidade de liberar uma força de 200 gramas para a retração dos incisivos centrais e laterais superiores, com uma ativação de 12mm. Para os incisivos centrais e laterais inferiores, recomendava-se a metade dessa quantidade de força. WEINSTEIN, em 1967, preconizou alguns fatores na configuração da alça que poderiam influenciar na proporção Carga/Deflexão, dentre eles o diâmetro menor do fio e o aumento no comprimento e no número da alças helicoidais. Avaliando os mecanismos de retração dos caninos propostos por BULL (1951) e BURSTONE (1962), verificou-se que o primeiro possuía alta rigidez, proporcionando forças altas com pouca deformação, enquanto que o segundo possuía baixa rigidez, liberando forças leves e apresentando grande deformação. Como o movimento dentário era determinado pela intensidade da força exercida sobre ele, tornou-se muito importante a seleção clínica de um determinado mecanismo, especialmente quando se considerava a força sobre os dentes de ancoragem. PERLOW, EM 1968, relatou que as técnicas ortodônticas que utilizavam aparelhos fixos com fios de secção quadrada ou retangular associados a molas para retração de incisivos e caninos demonstraram ser muito mais eficientes. 30 Em 1973, VENEZIA, comparava a técnica de Begg com a de Edgewise (arco de canto) e concluía que: cada técnica tinha suas vantagens e desvantagens mecânicas e quando aplicadas por um mesmo ortodontista, desde que utilizasse uma amostra com alto grau de correlação e planos de tratamentos similares, poderiam obter resultados semelhantes. A técnica de Begg tenderia movimentar os molares mesialmente mais do que o aparelho de arco de canto e retrair menos incisivos. YANG & BALDWIN, 1974, estudaram o sistema de forças de duas molas utilizadas em Ortodontia para fechamento de espaços: uma mola vertical construída com fio de aço inoxidável 0.017¨ x 0.022¨, apresentando 10mm de altura e 1mm de diâmetro (mola A), e outra uma altura de 12mm, sendo 7mm para cervical e 5mm para oclusal, construídas com quatro helicoides, sendo dois cervicais com 2mm de diâmetro e dois oclusais com 3mm de diâmetro (mola B). Os resultados mostravam que, para a mola A, o momento mudava consideravelmente para cada milímetro de ativação e que a proporção Momento/Força se mantinha constante. Já para a mola B, a variação do momento era muito pequena para cada milímetro de ativação. Partindo do princípio que se perdia menos ancoragem retraindo-se os dentes inicialmente por inclinação controlada, seguida pela correção radicular, a mola B era mais apropriada, uma vez que oferecia a possibilidade de obter ambos os movimentos com uma única ativação. Foi concluído que: - Somente 7mm da mola B estendia-se para o vestíbulo, ao contrário dos 10mm da mola A. As molas com 8mm de comprimento deveriam ser mais utilizadas, porém, com esta dimensão elas se tornariam quase duas vezes mais rígidas. metade A proporção Carga/Deflexão da mola B foi um pouco mais do que a da mola A. Significa que uma determinada força causaria, aproximadamente, duas vezes mais deflexão na mola B. - A força aplicada pela mola B poderia ser medida pela distância entre suas secções, indiferentemente da rotação/inclinação de suas extremidades. A rotação/inclinação das extremidades da mola A causaria marcantes alterações na quantidade da força aplicada. 31 Em 1975, GOLDBERG sugeriu a retração do canino de forma modificada, em relação à terapia de Begg, para aqueles casos em que o canino se encontrava em mésioversão e infraoclusão. Nesta técnica usava alças em forma de ¨L¨, construída com fio redondo, que inclinariam distalmente e moveriam incisalmente os caninos por meio de uma força contínua ótima, exercida sobre um período contínuo de tempo. O dispositivo proposto provocaria o mínimo de danos aos tecidos de suporte. Com a adição de um helicoide no plano horizontal da alça, reduziria a força e aumentaria a duração da ação da alça. Segundo o autor, enquanto a alça vertical forneceria um eficiente movimento distal do canino, se aplicasse simultaneamente com um segmento no plano horizontal, proporcionaria um eficiente movimento na direção incisal. Em 1976, RICKETTS preconizava a Terapia Bioprogressiva e passaram a ser utilizadas com muita intensidade molas para retração de caninos e incisivos, especialmente com novas configurações. Ricketts recomendava para a retração de caninos superiores um arco seccionado, contendo duas alças com dois helicoides, dispostas cervicalmente e, com dois helicoides, dispostas oclusalmente. Para a retração dos caninos inferiores, utilizava-se arco seccionado contendo duas alças com dois helicoides, posicionadas cervicalmente. Ambas as alças deveriam ser confeccionadas com fio Elgiloy azul 0.016¨ x 0.016¨. Simultaneamente com estes arcos eram utilizados os arcos utilidades, que interligavam os incisivos aos molares, com o objetivo de manter a ancoragem. Para a construção destas alças era utilizada uma grande quantidade de fio e, segundo o autor, o fio apresentava grande flexibilidade, conforme demonstrava em seu trabalho. Para a retração dos dentes anteriores e o fechamento de espaços residuais, Ricketts preconizava arcos contínuos, contendo uma alça com configuração de duplo delta ou uma alça vertical fechada com helicoides. Não apresentava maiores informações quanto a sua metodologia de construção, dimensões e dobras de préativação. Porém, deixou claro que toda a sua técnica, inclusive a construção das alças em questão, deveria ser executada para a obtenção de forças leves. Para a retração dos caninos, as forças não deveriam exceder 150 gramas; para a retração de incisivo central, 90 gramas de força; e para o incisivo lateral, 70 gramas seriam suficientes. 32 8. RETRAÇÃO DE CANINOS SUPERIORES E INFERIORES Fonte: RICKETTS. American Journal of Orthodontics, v. 70, n. 4, October, 1976 9. RETRAÇÃO DE DENTES ANTERIORES E FECHAMENTO DE ESPAÇOS RESIDUAIS Fonte: RICKETTS. American Journal of Orthodontics, v. 70, n. 4, October, 1976 NANDA & DIAZ, em 1981, relataram a importância de se conhecer o sistema de forças da alça para fechamento de espaço. Verificaram três tipos básicos de movimento: inclinação controlada, inclinação descontrolada e movimento de translação. Para o fechamento dos espaços entre dois ou vários dentes, uma cuidadosa análise deveria ser feita sobre cada dente, bem como sobre o tipo de movimento necessário. Recomendaram que o sistema de forças, preferencialmente, deveria ter uma baixa proporção Carga/Deflexão e um amplo limite de ativação. A ancoragem poderia ser controlada aumentando o número de dentes na unidade de 33 ancoragem, reforçando-a com aparelho extrabucal e utilizando magnitude de força em torno de cem a duzentos gramas. O fechamento dos espaços poderia ser realizado em uma ou duas etapas. Quando o procedimento escolhido era o de uma etapa, a força deveria incidir no centro de resistência do dente para que se obtivesse o movimento de translação. Na de duas etapas, inicialmente, as coroas deveriam ser movimentadas para distal, por meio do movimento de inclinação controlada e, depois com a ajuda de uma mola verticalizadora, as raízes deveriam ser distalizadas. A escolha de um ou de outro procedimento dependeria da severidade da maloclusão, do número de dentes envolvidos e do tipo de ancoragem. Para o fechamento de espaços, as forças poderiam ser geradas de várias maneiras, como: elásticos em cadeia, molas espirais, alças. Os elásticos em cadeia, estirados entre os dentes a serem movimentados, geravam forças simples e perdiam sua elasticidade após alguns dias de uso na cavidade bucal. As molas espirais poderiam ser usadas para gerar forças simples, mas estas molas possuíam uma proporção Carga/Deflexão muito alta e um pequeno espaço de ativação. As alças eram os melhores dispositivos para o fechamento de espaços e eram incorporadas no arco de diferentes configurações. O dispositivo mais simples era a alça vertical, cujas forças eram geradas pela ativação das secções horizontais. Aumentando a quantidade de fio na forma de helicoides e/ou por diferentes configurações das alças (¨L¨ e ¨T¨), aumentava-se a eficácia das alças. Quando se variava as dimensões da secção transversal do fio ortodôntico modificavam-se as características mecânicas da alça. Quanto ao momento, este poderia ser conseguido criando-se dobras angulares na alça e/ou no arco. Estas dobras eram chamadas de ¨efeito gable¨. A utilização de aparelhos removíveis, segundo os autores, tornara-se comum no fechamento de espaço após exodontias, pela facilidade de sua construção e pela redução do tempo de consulta. A desvantagem estava na dificuldade de controle do tipo de movimento dentário. Em 1984, SMITH & BURSTONE estudaram os mecanismos do movimento dentário e afirmaram que as forças fossem aplicadas ao dente como vetores. Quanto mais de uma força fosse aplicada ao dente, ela poderia ser combinada para 34 determinar uma resultante final e ser dividida em componentes diferentes a fim de determinar efeitos paralelos e perpendiculares ao plano oclusal, ao plano de Frankfurt ou ao longo eixo dos dentes. As forças incidentes nos dentes produziriam movimentos de rotação, translação ou uma combinação das duas, dependendo da relação entre a linha da ação da força e o seu centro de resistência. A tendência rotacional ocorreria devido ao momento da força, que era a magnitude da força multiplicada pela distância perpendicular da linha de ação ao centro da resistência. O movimento dentário ocorreria determinado pelo seu centro de rotação. A proporção entre o momento e a força aplicada ao dente (proporção Momento/Força), com relação ao centro de resistência, determinaria o centro de rotação. Uma vez que, a maioria das forças era aplicada aos braquetes, seria necessário estabelecer o sistema de forças ao centro de resistência no sentido de predizer o movimento dentário. Quando somente uma força era aplicada ao braquete, com uma proporção Momento/Força igual a zero, o centro de rotação estaria levemente apical ao centro de resistência e o movimento resultante seria a inclinação descontrolada. Com uma proporção Momento/Força de 8/1, o centro de rotação estaria no ápice e o movimento era de inclinação controlada. Já para uma proporção Momento/Força de 10/1, o movimento seria de translação e para uma proporção Momento/Força de 12/1, o centro de rotação estaria na borda incisal, determinando um movimento radicular. MENDES et al., em 1992, realizaram um trabalho no qual avaliavam algumas variáveis que deviam ser consideradas na execução do fechamento de espaço durante o tratamento ortodôntico como: a configuração da mola, a secção transversal, as propriedades do fio utilizado, tipo de movimento desejado e a quantidade de força necessária. Dessa forma, concluíram que: 1- Parece existir discrepância entre a magnitude da força produzida por certas molas de retração e os valores da força ótima preconizadas pelos autores. 2- Os valores de força ótima recomendados para a retração dos dentes anteriores variavam de 196g a 338g para os incisivos superiores; 170g a 296g para os incisivos inferiores; 326g a 595g para os incisivos e caninos superiores e 294g a 512g para os incisivos e caninos inferiores. 35 3- As molas de retração deviam apresentar uma proporção Momento/Força alta e uma proporção Carga/Deflexão baixa, para que os níveis de força fossem relativamente constantes durante a sua ativação/desativação, facilitando assim a obtenção do movimento de translação. 4- As propriedades da mola de retração podiam ser alteradas pela secção transversal, módulo de elasticidade do fio, configuração, quantidade de fio utilizado na sua construção, incorporação de efeito gable, tratamento térmico e quantidade de ativação. 5- Durante a mecânica de retração devia-se evitar a utilização de forças excessivas que retardaria a movimentação dos dentes anteriores e favoreceria a mesialização dos dentes posteriores. 6- A utilização de aparelho extrabucal podia alterar a quantidade de força dissipada pelas molas de retração nos dentes anteriores, interferindo na velocidade e tipo de movimento obtido. SHIMIZU, em 1995, verificou que vários trabalhos por ele consultado, que as preocupações eram a quantidade de força e qual seria a ideal, e concluiu que: a quantidade de força ótima necessária para a retração dos caninos superiores seria aproximadamente 150g e inferiores 120g; para os incisivos superiores de 300g e para os inferiores de 240g; aproximadamente 600g para incisivos e caninos superiores; e 480g para incisivos e caninos inferiores. Avaliou a eficiência dos mecanismos de fechamento de espaço com ou sem fricção e constatou a superioridade do sem-fricção, pois podem ter as características da mola de retração modificada variando a configuração como a quantidade de fio ortodôntico utilizado na construção, secção transversal, tipo de liga do fio ortodôntico, quantidade de ativação, posicionamento da mola de retração no sentido anteroposterior, tratamento térmico e pré- ativações. Ainda se constatou que a grande maioria das molas de retração apresentava uma proporção Carga/Deflexão mais alta que a necessária e uma proporção Momento/Força não suficientemente alta para o movimento de translação. Constatou que os dispositivos preconizados por BURSTONE são os que apresentam melhores características biomecânicas, principalmente no que se refere às proporções Momento/Força e Carga/Deflexão. 36 Em 1996, BEVENGA, apresentou um caso clínico de uma paciente com 13 anos e 5 meses de idade, face simétrica, classe l de Angle, acentuada biprotrusão dentária, tendência à mordida aberta anterior, apinhamento anterior moderado superior e inferior. Devido às discrepâncias dos arcos e a biprotrusão, o planejamento foi feito com 4 extrações de 1° pré-molares e usado o tratamento bioprogressivo. Foi feita a preparação da ancoragem com os arcos utilidades de 0.016¨ x 0. 016¨. A retração foi feita em duas etapas. Inicialmente a retração de caninos superior e inferior, empregando-se arcos seccionados com multialças e após a retração incisal superior e inferior, por intermédio do arco de retração incisal, preferencialmente com controle de torque e também usado elástico de classe II para conseguir sobrecorreção em classe I. Foi feito arco seccionado com alças helicoidais e em L para a verticalização dos caninos. Como o caso apresenta inicialmente uma tendência à mordida aberta, foi usado um arco utilidade delta duplo para a retração dos incisivos superiores e inferiores. No qual foi, finalizado com arcos ideais superior e inferior com coordenação entre os arcos. DINÇER et al., em 2000, avaliaram o efeito nas estruturas dentoalvolares da aplicação de alça segmentada ¨PG¨ para retração dos incisivos superiores comparando com efeitos da mola de retração fechada. Foram avaliados 36 casos de classe I e classe II de ¨Angle¨. Cada caso, com extração superior dos primeiros prémolares e apresentação de espaços simétricos de 3mm na distal dos laterais, após retração de caninos. O estudo foi dividido em dois grupos, um grupo da alça fechada e um grupo da alça segmentada ¨PG¨, com idade cronológica de 18 anos. Nos dois grupos as alças foram ativadas para produzir força inicial de 150g por lado. Vinte parâmetros foram usados e avaliados estaticamente com ¨Wilconson and Man-Whitney U test¨, para examinar o movimento anterior e posterior dos dentes e o tempo de fechamento dos espaços. 37 Nos dois grupos a retração incisal foi acompanhada pelo movimento mesial dos dentes posteriores, como também o movimento distal radicular, porém foi mais acentuado no grupo ¨PG¨. Uma significante intrusão anterior resultou numa diminuição do ¨overbite¨ no grupo ¨PG¨, com um aumento significante da mordida profunda no grupo da alça fechada. A alça ¨PG¨ produziu um controle tridimensional no movimento dos incisivos superiores, muito satisfatório, e não foram necessárias mecânicas intrusivas adicionais após a retração completa. Em 2003, URIBE & NANDA, abordando considerações biomecânicas para os tratamentos de maloclusões de classe II divisão 2 com extrações de 1° pré-molares superiores, descreveram o uso de arcos de CNA com alças de retração em forma de cogumelo (CNA™ beta III Mushroom loop™ Archwire). Destacaram que esses arcos produzem uma relação ideal Momento/Força, além de apresentarem alças que devido sua configuração arredondada não interferem com os tecidos gengivais. Recomendaram o uso de um arco de espessura 0.017¨ x 0.025¨, cujas alças recebiam uma pré-ativação de 3mm. Após eram acentuados os ângulos de bases mesiais e distais das alças (efeito gable) com o intuito de aumentar o torque anterior e incrementar a ancoragem. Com o arco instalado, era ativado mais 1mm, completando 4mm de ativação. Para manter constante a relação Momento/Força, as alças só deveriam ser ativadas após o espaço ter sido reduzido no mínimo de 3mm. Com o fechamento completo dos espaços, os arcos deveriam ser mantidos por mais duas consultas para corrigir inclinações axiais dos dentes anteriores e posteriores, diminuindo significativamente o tempo de tratamento. De acordo com FERREIRA & BORGES, em 2006, para se ter eficácia no tratamento, as alças devem apresentar características como: produzir uma relação Momento/Força aproximadamente constante para controle das posições radiculares, produzir níveis de força biomecanicamente aceitáveis, apresentar geometria previamente estudada para evitar lesões na mucosa bucal, movimento predictível do centro de rotação (ponto sob o qual todos os demais pontos do dente giram) da unidade ativa (grupo de dentes a ser deslocado) e unidade de ancoragem (grupo de dentes a ser ancorado) sob controle. 38 Para se conseguir uma relação M/F relativamente constante é necessário um sistema de forças com baixa resistência à deflexão e esta depende da característica como a secção transversal da liga metálica, o tipo de liga, o comprimento de fio utilizado para a confecção de uma alça e a inclusão de helicoides (muitas vezes dispensáveis quando utilizadas ligas de titânio-molibdênio ou níquel-titânio). A relação existente entre a região anterior da alça (momento alfa) e a região posterior da alça (momento beta) e a força horizontal aplicados ao dente, resultantes da ativação da alça, determinam o sistema de força gerado, bem como o tipo de movimento (movimento coronal, radicular ou translação). A tensão de escoamento é uma força ou movimento aplicado à alça com tensão superior à tensão de escoamento, ultrapassando este limite e ocorrendo uma deformação permanente na alça. FERREIRA et al., em 2008, relatam que as alças de retração ortodôntica são comumente empregadas em sistema Edgewise, por meio de uma abordagem seccional (retração de caninos) ou por meio de uma abordagem segmentada (retração de dentes anteriores em conjunto). Uma vez ativada, as alças exercem carregamento sobre um ou mais dentes e esses o transmitem para o ligamento periodontal, produzindo movimentação dentária. Podemos citar várias alças de retração ortodôntica com finalidade de fechar espaços de maneira sistemática e controlada como: alças retangulares verticais, com loop fechado, desenvolvida por Bull; as alças verticais helicoidais de Fryar e depois modificadas por Burstone, Baldwin e Lawless; as alças em T-loop, arcos contínuos com alças Opus loop confeccionadas com liga de titânio-molibdênio (TMA), Duplo-delta de Ricketts. Essas alças desempenham um papel relevante para a movimentação dentária, seja utilizando-as em um contexto seccional, atuando em um ou mais quadrantes do arco dentário de maneira isolada, seja fazendo parte de um arco segmentado. O conhecimento da biomecânica é de fundamental importância para o entendimento do sistema de força envolvido e, consequentemente, para a escolha adequada da alça e das magnitudes de ativações e pré-ativações. A construção de templates para a conformação dessas alças, baseadas nas forças e momentos desejados permite ao clínico seu uso racional, promovendo movimentação dentária 39 adequada, dentro de níveis biológicos compatíveis e de forma sistematizada, controlando de forma mais acurada o tipo de movimento desejado. O fechamento de espaço pode ser realizado distalizando-se inicialmente o canino ou em massa (caninos e incisivos). Quando a ancoragem é crítica indica-se primeiramente a retração dos dentes caninos, seguido pela retração dos incisivos, visto que dessa forma necessita-se menos magnitude de força do que aquela necessária para o movimento em massa. 3.3 ALÇA DE BULL Em 1951, BULL, preconizava, para tratamento das maloclusões de classe II divisão 1 de Angle, a retração parcial dos caninos com arco de retração seccionado, construído com fio de aço inoxidável 0.0215¨ x 0.025¨, na quantidade suficiente para permitir a verticalização e o alinhamento dos incisivos. Nesse arco de retração seccionado, Bull recomendava construir uma mola vertical fechada no espaço da exodontia e uma dobra em forma de ômega na mesial do molar, porém, afastada para ativação. Essa ativação não deveria ultrapassar 1.0mm e deveria ser reatiavada a cada 3 semanas. Essa mola ficou conhecida como BULL LOOP. No arco de retração seccionado superior havia uma pequena alça atrás da mola de retração vertical para associar o elástico de classe II, provocando a mesialização do segmento pôsteroinferior, além de auxiliar na retração do segmento anterossuperior. Para a retração dos dentes anteriores, superiores e inferiores, recomendava-se a utilização de arcos contínuos contendo molas verticais, também construídos com fio de aço inoxidável 0.0215¨ x 0.025¨ que poderiam ser ativados até 1,5mm. Nos elásticos de classe II, foram preconizados com os mesmos objetivos quando utilizados no arco seccionado superior. 10. RETRAÇÃO PARCIAL DE CANINOS. Fonte: BULL, H.J. Angle Orthod, v. XXI, n.3, july, 1951. 40 11. RETRAÇÃO DOS DENTES ANTERIORES SUPERIORES E INFERIORES. Fonte: BULL, H.J. Angle Orthod, v. XXI, n.3, july, 1951 Em 2002, SHIMIZU et al. submeteram aos ensaios mecânicos 80 alças de Bull modificadas para fechamento de espaços, construídas com fios de aço inoxidável da marca Unitek, utilizando quatro diferentes secções transversais: 0.017¨ x 0.025¨; 0.018¨ x 0.025¨; 0.019¨ x 0.025¨ e 0.021¨ x 0.025¨ e quatro diferentes intensidades de pré-ativações: 0°; 20°; 30° e 40°. Concluiu-se que as alças de Bull modificadas geraram altas proporções Carga/Deflexão, consequentemente proporcionando elevadas magnitudes de força durante sua desativação; estas alças geraram baixas proporções Momento/Força, propiciando apenas movimento por inclinação descontrolada. A inserção das dobras de pré-ativações aumentou significativamente as magnitudes de forças geradas. Entretanto, quando bem indicada, demonstra ser eficiente. SHIMIZU et al., em 2002, objetivaram com este trabalho estabelecer e comparar os sistemas de forças das alças ¨T¨ e Bull, ambas construídas com fio de aço inoxidável de diferentes secções transversais e com diferentes intensidades de pré-ativações. A eficácia do movimento dentário está diretamente relacionada à quantidade de força utilizada. Recomenda-se o uso de forças leves e, quando possível, contínuas. Com base nos resultados obtidos, conclui-se que a inserção das dobras de pré-ativações aumentou significativamente as magnitudes de forças geradas pelas alças Bull, o mesmo não ocorrendo para as alças ¨T¨, que geraram proporções 41 Carga/Deflexão mais baixas que as alças Bull, consequentemente proporcionando magnitudes de forças mais constantes durante sua desativação. As alças ¨T¨ geraram altas proporções Momento/Força, dessa forma proporcionando movimentos por inclinação descontrolada, por inclinação controlada, translação e movimento radicular, enquanto as alças Bull proporcionaram apenas movimento por inclinação descontrolada. Avaliando os sistemas de forças geradas por ambas as alças, as alças ¨T¨ apresentaram resultados mais satisfatórios. 3. 4 ALÇA ¨T¨ TAYER, em 1981, recomendava a utilização da alça ¨T¨ modificada, devido a necessidade de intrusão e torque lingual de raiz dos dentes ânterossuperiores, para não haver interferência no segmento ânteroinferior. A alça com aproximadamente sete milímetros de comprimento e um helicoide construído mesialmente na base da alça. No helicoide era introduzido uma dobra de aproximadamente 30°, que produzia um torque lingual de raiz. Era construído com fio ¨Elgiloy¨ azul, 0.016¨ x 0.022¨ para braquete com canaleta 0.018¨ e 0.019¨ x 0.025¨, com canaleta 0.022¨. No arco inferior, era usado um arco ideal para estabilização. A ativação proposta era de aproximadamente de dois milímetros. Para aumentar o efeito de intrusão e torque dos incisivos, recomendava-se o uso de elásticos de classe II, apoiados internamente, na distal da secção horizontal da alça. Sugeria-se a associação de um dispositivo extrabucal, com tração alta entre os incisivos centrais e laterais para potencializar esses efeitos. Preconizava ainda substituir os elásticos de classe II pelo extrabucal com tração alta para casos clínicos em que os elásticos eram contraindicados devido à posição dos dentes inferiores. Em 1982, BURSTONE, propôs a modificação da filosofia do Arco Segmentado, agora, denominado de Fechamento de Espaço Diferencial. Esta filosofia consistia na variação do sistema de forças entre os segmentos posteriores e anteriores, obtido pelo uso da mola T de atração. As mais importantes considerações no uso clínico destas molas foram a quantidade de ativação distal, a 42 angulação diferencial entre os dentes anteriores e posteriores e a centralização ou não da mola. Para o uso clínico dos mecanismos de fechamento de espaço diferencial, ainda deveria se considerar as seguintes características: magnitude e direção da força, constância da força (baixa proporção Carga/Deflexão) e precisa proporção Momento/Força, produzindo centro de rotação desejável. Após as exodontias, os arcos podiam ser classificados de Grupo A, B, ou C, de acordo com a maneira de fechamento dos espaços entre os segmentos, posterior e anterior. Os segmentos posteriores deviam ser unidos por uma barra palatina na arcada superior e por um arco lingual na arcada inferior, estabelecendo assim o princípio de dois dentes. O arco do grupo A era aquele cujos dentes dos segmentos posteriores deviam permanecer em suas posições originais e todo espaço deixado pelas exodontias devia ser utilizado para a retração dos dentes anteriores. O arco do grupo B necessitava que, aproximadamente, a metade do espaço da exodontia fosse usada para a retração anterior. Já o grupo C requeria que, aproximadamente, todo espaço fosse fechado pela mesialização dos dentes posteriores. BURSTONE, em 1982, introduziu modificações na filosofia do arco segmentado, trazendo inúmeros aperfeiçoamentos e, dentre estes, destaca-se o emprego da mola T de tração construída com fio Beta-Titânio (TMA). Para o grupo A, a mola T composta foi construída e ativada obedecendo às seguintes características: construída com fio beta-titânio (TMA) 0.018¨ - 0.017¨ x 0.025¨. A ativação devia ser de 6mm para liberar aproximadamente 201g de força no sentido distal. Após 1mm de distalização do canino, a força reduzia 33g, determinando uma proporção Carga/Deflexão de 33g/mm. O momento na extremidade beta (segmento posterior) era de aproximadamente 2.571g/mm e, na extremidade alfa (segmento anterior), de aproximadamente 1.126g/mm, resultando em uma proporção Momento/Força do canino de 5,6. Após 1mm de retração do canino, a proporção Momento/Força era quase a mesma (6), portanto, relativamente constante. Para o fechamento de espaços nos arcos do grupo B e C, o autor utilizava a mola T construída com fio de TMA 0.017¨ x 0.025¨. A diferença entre estes dois 43 grupos é basicamente a quantidade de momento inserida nas extremidades alfa e beta e o posicionamento no sentido anteroposterior da mola T em relação ao tubo molar e o tubo vertical do canino. Para o arco do grupo B, com 6mm de ativação a força horizontal seria de 281g, a força vertical de 12g e ambos os Momentos nas extremidades alfa e beta de aproximadamente 2.250g/mm, determinando uma proporção Momento/Força em alfa e beta de 8. Com 3mm de desativação, a força horizontal seria de 140g, a força vertical de 8g, os Momentos alfa e beta seriam aproximadamente 1.880g/mm e as proporções Momento/Força alfa e beta próximas de 13. Abaixo desta quantidade de ativação, a força horizontal diminuía muito e a proporção Momento/Força aumentava exageradamente. Dessa forma, acredita-se que após 3mm de desativação da mola, esta realmente deveria ser reativada, uma vez que o sistema de forças ficaria muito aquém do desejado. E para o grupo C, a força horizontal com 6mm de ativação seria de 466g, a força vertical de 6,7g; o Momento alfa de 2.448g/mm e a proporção Momento/Força alfa de 5,2mm, o Momento beta de 1.832g/mm e a proporção Momento/Força beta de 3,9. Com 3mm de movimento dentário, a força horizontal diminuía para 230g, a força vertical mudava para 60g, o Momento alfa para 2.518g/mm e o momento beta para 1.080g/mm, gerando uma proporção Momento/Força alfa de 10,9 e beta de 4,7. Novamente, com ativações abaixo de 3mm, o Momento beta diminuía consideravelmente, a força vertical aumentava gradativamente e a proporção Momento/Força alfa aumentava exageradamente, o suficiente para proporcionar um movimento de translação. 12. MOLA ¨T¨ - TMA (BETA-TITÂNIO). Fonte: BURSTONE, C.J. American Journal of Orthodontics, v.82, n.5, november, 1982. 44 13. MOLA ¨T¨- INSTALADA. Fonte: BURSTONE, C.J. American Journal of Orthodontics, v.82, n.5, november, 1982. MANHARTSBERGER et al., em 1988, descreveram vários formatos dos mecanismos para o fechamento de espaço em adultos com perda óssea, em função da variação do centro de resistência (CR) do dente, para uma posição mais apical. Assim, para manter constantes forças de magnitude e distribuí-las sobre certas condições com periodontos reduzidos, a magnitude de força foi reduzida e o Momento/Força aumentado. As alças em ¨T¨ de TMA (titânio-molibidênio) de duas secções: 0.016¨ x 0.022¨ e 0.017¨ x 0.025¨ e dois métodos de incorporar angulações: usando dobras concêntricas suaves e graduais, foram investigadas, com um medidor automático de forças e dos momentos das alças. A magnitude de força pode ser diminuída reduzindo-se a espessura do fio e a quantidade de ativação da alça. O Momento/Força pode ser aumentado, aumentando a angulação da alça em ¨T¨. A alça em ¨T¨ de TMA de 0.016¨ x 0.022¨ ativada 5mm com curva e dobra gradual em comparação com a alça 0.017¨ x 0.025¨ ativada 7mm, produziu 47% menor força horizontal e 23% maior Momento/Força. Como neste estudo o desenho da alça produziu menor magnitude de força e Momento/Força maior, demonstra-se que as alças atuais devem ser individualizadas para cada paciente, alterando-se a espessura e secção do fio, sua angulação e sua ativação, principalmente em pacientes adultos com periodonto em diferentes alterações ósseas. Em 1990, MELSEN et al. avaliaram muitos pacientes classe II de Angle tratados com extrações, com a finalidade de reduzir o overjet maxilar, mantendo uma 45 relação de classe II de Angle nos molares e era possível usando as alças em ¨T¨. Assim a sua composição foi indicada para retração anterior sem perda de ancoragem. Em função de esse movimento requerer muitas variações individuais, seria importante individualizar a alça para cada paciente, como manter o monitoramento da força liberada pelo sistema, para poder minimizar a rotação radicular e os efeitos colaterais. Foram estudados 25 pacientes utilizando as alças ¨T¨ preconizadas para fechamento de espaços e intrusão de incisivos. Concluíram que se os mesmos mecanismos fossem usados para controlar a ancoragem em diferentes pacientes, as ativações deveriam ser individualizadas dependendo das manobras ortodônticas quanto do suporte periodontal. Em 1997, KUHLBERG & BURSTONE, realizaram um estudo utilizando alças ¨T¨, construídas com fio TMA 0.017¨ x 0.025¨. Estas alças foram ensaiadas em sete posições: centralizadas; deslocadas um, dois e três milímetros para distal. As alças foram ativadas até 6 milímetros e foram mensuradas as forças, horizontal e vertical, assim como os momentos alfa e beta. Os resultados mostraram que a proporção do momento entre alfa e beta dependeu apenas da posição das alças, sendo independente da ativação da mesma. Quando centralizadas, as alças produziram momentos iguais e opostos com forças verticais insignificantes. Ao se descentralizar as alças, momentos diferentes foram gerados e também forças verticais, portanto, alertaram-se para os cuidados que se deve ter ao se posicionar alças descentralizadas, evitando, inclinações excessivas dos segmentos e forças verticais indesejáveis. Quanto maior o deslocamento para determinada extremidade (alfa ou beta), maior o momento gerado. Ao ser deslocado para distal do centro da distância interbraquetes, o sistema de forças foi semelhante ao da alça ¨T¨ composta, indicada para retração quando se deseja o máximo de ancoragem . NANDA & KUHLBERG, em 1997, dividiram a ancoragem em três tipos: 1grupo A, no qual 75% ou mais do espaço da exodontia era fechado pela retração anterior; 2- grupo B, no fechamento de espaço, metade era para a mesialização do segmento posterior e a outra metade para a retração do segmento anterior, 3- grupo C, 75% ou mais era realizado pela mesialização dos dentes posteriores. Para 46 sedimentar o mecanismo de fechamento de espaços, utilizando a alça ¨T¨ (TMA 0.017¨ x 0.025¨) proposta por Burstone, salientaram que este mecanismo apresentava um sistema de ancoragem diferencial com momentos na extremidade alfa e beta, e que utilizava o princípio das dobras em ¨V¨, ou seja, quanto mais deslocada a dobra em ¨V¨ para a extremidade beta, maior o momento para os dentes posteriores e vice-versa. Para o fechamento de espaços no grupo A, a proporção M/F beta era aumentada, e as alças ativadas quatro milímetros para produzirem um sistema de forças que proporcionaria um movimento de intrusão e inclinação do segmento anterior. Após dois milímetros de desativação das alças, deveriam ser reativadas para se manter o sistema de forças favorável. No fechamento do grupo B, a alça centralizada foi ativada seis milímetros, o que produz uma proporção M/F de 6/1 e uma força horizontal de 320g a 340g. No grupo C, o aumento na proporção M/F foi para a extremidade alfa, aumentando a extrusão e o momento do segmento anterior. A ativação foi semelhante à do grupo A, ou seja, ativaram-se as alças quatro milímetros, reativando-as após dois milímetros de desativação. SHIMIZU et al., em 2002, avaliaram o desempenho mecânico da alça ¨T¨, centralizada no espaço interbraquete em distintas situações de espessuras do fio ortodôntico, intensidades de ativações e pré-ativações. As alças ¨T¨, construídas com fio fios de aço inoxidável da marca comercial UNITEK foram testadas utilizandose quatro diferentes secções transversais e quatro diferentes intensidades de préativações. O ensaio mecânico foi realizado utilizando-se um transdutor de momento acoplado ao indicador digital para extensiometria e adaptação à máquina universal de ensaio Instron. De acordo com os resultados obtidos, foi possível concluir que a inserção das dobras de pré-ativações não aumentou significativamente as magnitudes de forças geradas. Essas alças geraram proporções Carga/Deflexão relativamente baixas, proporcionando, consequentemente, magnitudes de força mais constantes durante sua desativação. Além disso, geraram altas proporções Momento/Força, proporcionando movimentos por inclinação descontrolada, por inclinação controlada, translação e movimento radicular. As alças ¨T¨ construídas com fios de aço inoxidável se demonstraram muito versáteis para retração de incisivos e/ou caninos. 47 Em 2003, IANNI et al. discutiram um importante assunto na Ortodontia que é o tratamento de situações de ancoragem crítica. A estratégica básica da Técnica do Arco Segmentado é trabalhar a movimentação dentária de modo diferente quando comparada às técnicas que utilizam o arco contínuo. Para o fechamento de espaços das extrações dentárias, a maior parte das técnicas concentra seus esforços na movimentação de corpos dos dentes, ou seja, translação. Este objetivo na técnica do arco segmentado só é idealizado em casos de ancoragem tipo B, quando os espaços das extrações são fechados em uma combinação de retração do segmento anterior e protração do segmento posterior, sendo metade do espaço ocupado para cada segmento. Nas técnicas de Straight-Wire, Edgewise, Ricketts, quando se ativam as molas, alças e elásticos, aplicam-se ao sistema a mesma quantidade de força horizontal de momentos e assim são geradas proporções de Momento/Força praticamente idênticas nos segmentos anteriores e posteriores. Dessa forma, quando se precisa somente perder ancoragem ou ao contrário, impedir sua perda, fica-se limitado. Na técnica do arco segmentado, utilizam-se princípios biomecânicos que produzem um padrão de movimentação dentária específica para casos de ancoragem crítica, isto é, o fechamento de espaços das extrações sem o movimento de translação, trabalhando de modo diferente nos segmentos anteriores e posteriores para controlar ou potencializar a perda de ancoragem, utilizando-se do movimento de inclinação controlada seguido do movimento radicular, em vez do movimento de corpo. É possível desenvolver baixos níveis de força com grandes ativações, diminuindo a proporção Carga/Deflexão, assim como a alça ¨T¨ em TMA quando pré-ativada adequadamente libera diferentes quantidades de momentos no segmento anterior e posterior. As alças em ¨T¨ confeccionadas em TMA devem ser pré-ativadas seguindo como referência um template previamente calibrado e testado. Durante o fechamento de espaços das extrações, as forças verticais devem ser consideradas. Nos casos em que não podemos perder ancoragem (Tipo A) a alça ¨T¨ recebe uma dobra de 45° no segmento posterior criando uma geometria em V, assimétrica com componente intrusiva anterior e extrusiva posterior, o que não é favorável em casos de mordida aberta anterior. Nos casos que necessitam somente 48 a perda de ancoragem (Tipo C) a dobra de 45° é no segmento anterior e nesse caso, a geometria de V assimétrico desenvolve uma componente extrusiva anterior e intrusiva posterior o que não é favorável em casos de mordida profunda. Em 2003, SOUZA et al. relataram que o fechamento de espaço é uma rotina na clínica ortodôntica e existem vários recursos para se realizar estas manobras, mas na maioria destes não se conhece o sistema de força liberado. Neste trabalho, os autores procuraram descrever o sistema de forças liberadas pela alça ¨T¨ com pré-ativações utilizadas pela Disciplina de Ortodontia de Araraquara-UNESP. Foram feitos testes de tração utilizando máquina universal de ensaio e um transdutor de momentos, acoplado a um indicador digital para extensometria. A alça foi posicionada centralizada no espaço entre os acessórios e foi feita uma ativação inicial de 5mm. A alça foi desativada a cada 0,5mm, sendo obtida a leitura da força horizontal e do momento gerado. Os resultados mostraram uma força horizontal inicial de 253,6g e uma proporção Momento/Força de 7,6; sendo que o movimento de translação ocorreu a partir de 1,5mm de desativação. Frente aos resultados obtidos, indica-se a utilização desta alça para retração de caninos, incisivos e retração total, devendo ser reativada a cada 2,5mm de desativação. SHIMIZU et al., em 2004, relataram que as características mais importantes das alças de fechamento de espaço são as magnitudes de força e de momentos gerados durante sua ativação. Para uma condição biológica mais favorável, as forças devem ser leves e constantes e esta força deve ser aquela capaz de evitar a perda de ancoragem, a reabsorção radicular e a sintomatologia dolorosa. Assim, avaliando o sistema de força da alça ¨T¨ construída em aço inoxidável, afirmaram que conforme a secção transversal do fio, a intensidade de ativação e pré-ativações inseridas, essa alça gera magnitudes de força e de momento apropriadas para a retração do canino. Quando se utiliza a alça ¨T¨ construída com fio de aço inoxidável 0.017¨ x 0.025¨ deve-se ativar 1.0mm a 1.5mm, pré-ativar 30° ou 40° e reativar quando a alça estiver com 0.5mm ou 0mm de ativação. Dessa forma, inicialmente o dente se movimentará por inclinação controlada, seguida pelo movimento de translação e finalmente por movimento de correção radicular. 49 Neste sistema de forças, além da precisa magnitude da força utilizada para a movimentação de um determinado dente, duas outras propriedades devem ser enfatizadas: as proporções C/D (Carga/Deflexão) e M/F (Momento/Força). A proporção C/D é a quantidade de força necessária para produzir uma determinada ativação em um dispositivo ortodôntico e quanto mais baixa essa proporção, mais leves e constantes serão as forças dissipadas durante sua desativação. A proporção M/F, talvez a mais importante característica de uma alça, pois é quem determina o centro de rotação do dente e, por consequência, o tipo de movimento. Sendo que as proporções M/F de 0/1, 8/1, 10/1, 12/1 proporcionam movimento por inclinação descontrolada, inclinação controlada, translação, e movimento radicular respectivamente, esta proporção é definida como a distância linear do braquete ao centro de rotação. Em 2005, THIESEN et al., determinaram as características mecânicas das alças em ¨T¨ com e sem hélices, com 0° e 180° de fio de aço inoxidável de 0.017¨ x 0.025¨ e 0.019¨ x 0.025¨. Foram posicionadas centralmente em uma máquina para teste universal 40 alças em ¨T¨ de beta-titânio. As taxas de força horizontal e Momento/Força foram registradas durante a ativação em intervalos de 1mm até no máximo de 7mm. Os dados foram verificados com análise de variância, complementado pelo teste de Tukey para comparações múltiplas. Os resultados demonstraram que a secção transversa do fio metálico teve grande efeito na força horizontal produzida pelas alças. As alças com ¨efeito gable¨ produziram as maiores taxas de Momento/Força, enquanto as sem este efeito, produziram menores taxas de Momento/Força. No geral, as alças em ¨T¨ com hélices comparadas às alças planas produziram magnitudes inferiores de taxas de força horizontal e Momento/Força. Concluíram que as forças horizontais e as taxas geradas pelas alças em ¨T¨ planas com 180° de ¨efeito gable¨ produziram sistemas de força mais adequados e a incorporação de hélices nas alças ¨T¨ pareceu ser desnecessário. VIECILLI, em 2006, determinou durante a inclinação controlada de 6 dentes anteriores, a qual não havia movimento dos dentes posteriores, portanto configurando um tipo de situação de ancoragem. Um modelo de alça em ¨T¨com liga de beta-titânio 0.017¨ x 0.025¨ foi utilizado em uma simulação executada com um 50 software de alça para permitir compensação para afetar a posição da unidade anterior sobre o sistema de força final. Os sistemas de força produzidos pela mola em ¨T¨ com ou sem correção geométrica dos braquetes tiveram diferenças significantes que deveriam ser consideradas na conduta do arco segmentado para o fechamento de espaço. Os efeitos das etapas, ângulos e forças verticais foram combinados para produzir um modelo ideal de alça ¨T¨ que poderia produzir um sistema de força mais determinado. Os efeitos e sistemas de força seriam estimados com base em localizações simplificadas do centro de resistência, assumindo um comportamento relativamente constante dos centros de rotação. Estas simplificações poderiam diferir levemente do que acontece in vivo. 3.5 ARCO DUPLA-CHAVE (DKL) Em 2001, SHUZUKI & LIMA discorreram que o arco é construído com duas alças laterais definidos como arco dupla chave (DKL- Doublé Key Hole) introduzido por Roth, é utilizado para fechamento de espaços remanescentes das extrações, uma das fases mais importantes em qualquer tipo de mecânica ortodôntica. A obtenção de uma ancoragem eficiente, a preservação da ancoragem, o controle vertical e o torque são fundamentais durante a fase de retração, além disso, o arco de retração dupla chave tem se mostrado altamente competente. O arco dupla chave é construído de aço inoxidável, com medidas de 0.019¨ x 0.025¨ e 0.021¨ x 0.025¨, com duas alças de cada lado em forma de fechadura com 4mm de altura e 5mm de largura, que, uma vez instalada, ficam posicionadas na mesial e distal dos caninos. SHUZUKI propõe que a ativação seja feita através de um fio de amarrilho 0.025¨ amarrado no gancho do 1° molar até a segunda alça do arco. A sequência correta consiste em fechar os espaços do arco inferior e depois iniciar a retração do arco superior. Este arco permite: Fechar completamente os espaços remanescentes com apenas um arco. 1- O controle das inclinações axiais durante a retração. 51 2- O fechamento dos diastemas de mesial para distal ou distal para mesial, ou seja, com perda ou não de ancoragem. 3- Controlar a inclinação e a rotação de caninos. 4- Um maior número de ativações. 5- Usar alças como suporte para o uso de eventuais elásticos de Cl. II. 6- Adaptação do arco de Asher na região anterior para controle da sobremordida. A espessura do arco a ser usado depende das necessidades de ancoragem; se o caso necessita de ancoragem máxima a espessura do fio deve ser de 0.021¨ x 0.025¨, devendo ter o segmento anterior arredondado para proporcionar a inclinação dos incisivos para lingual ou palatino Normalmente, necessita-se de ancoragem máxima em casos de Bi-Protusão dentária. Quando se associa à retração, o arco de Ascher para controle da sobremordida ou como elemento ativador das alças na ancoragem máxima, o fio deve ser arredondado no segmento posterior e não no anterior para que o deslizamento aconteça com maior facilidade. Na ancoragem média, a espessura do fio deve ser 0.019¨ x 0.025¨. A perda da ancoragem corresponderá à metade do espaço conseguido pelas extrações; a razão é a diferença existente entre a espessura do fio e a largura do encaixe do braquete (0.022¨ x 0.025¨), esta diferença proporcionará um deslizamento recíproco dos segmentos posterior e anterior. Na ancoragem mínima, a espessura do fio deve ser de 0.021¨ x 0.025¨ e os segmentos posteriores arredondados para provocar o deslizamento para mesial e, consequentemente, perda de ancoragem. Deve-se mesializar o 1° molar completamente para depois proceder a movimentação do 2° molar. Considerações Complementares: - Para afastar o fio de amarrilho dos tecidos moles durante as ativações, inclina-se a 2° alça para vestibular. - Para tornar o arco mais flexível, construir um helicoide na base da 2° alça, nos casos de classe II divisão 2. 52 - Paciente com sobremordida profunda, amarrar as duas alças entre si com fio de amarrilho, com o intuito de minimizar o efeito de extrusão que acontece no segmento anterior, provocando um efeito Gable nesta região. RODRIGUES & ALMEIDA, em 2002, descreveram que as ranhuras dos braquetes anteriores da prescrição ¨Straight-Wire¨, apresentavam angulações que endereçam as raízes no sentido do deslocamento que se pretende, em posição de finca-pé, portanto, foi adotado o braquete Tip-Edge nos caninos. Desta maneira, as solicitações de ancoragem aos molares por parte dos caninos em retração ficam minimizadas. O uso do arco dupla-chave com a prescrição da técnica ¨Straight-Wire¨ Simplificada otimiza os procedimentos de retração anterior, com a vantagem de exercer um controle simultâneo sobre a angulação da bateria anterior e direção de intrusão dos dentes anteriores. Os braquetes Tip-Edge permitem eliminar por completo os inconvenientes de mordida profunda que tendem a acompanhar as retrações de caninos. Estes braquetes, em conjunto com o arco dupla chave, fazem com que o deslocamento dos caninos para distal seja independente dos dentes anteriores, em qual for a situação. Desta maneira, fica possível a retração anterior com controle da quantidade de ancoragem preservada, bem como dar atenção especial aos dentes anteriores. Em qualquer caso, seja mordida aberta ou profunda, grande sobressaliência ou mordida justa, a retração dos caninos e dos dentes anteriores, fazem-se de maneira controlável. Os arcos dupla chave possuem quatro alças verticais, em forma de ¨T¨, duas em cada hemiarco e situadas nas proximais de caninos. São comercializadas em conjuntos de diferentes tamanhos, que se referem à distância entre os pares de alças. São oferecidos nas espessuras de 0.019¨ x 0.025¨ ou 0.021¨ x 0.025¨. É aconselhado ao ortodontista sempre conferir a coordenação interarcos. Recomendava-se fazer as ativações, dobrando-se o arco na distal nos últimos dentes até que a alça se abrisse, mas há alguns inconvenientes como porções posteriores (dentes molares) e porções anteriores (dentes incisivos) que tendem a exibir um movimento vertical indesejável no sentido oclusal no meio do arco e na região de pré-molares exibindo um movimento de intrusão. Para se evitar tais 53 problemas, SHUZUKI & LIMA, (2001), propõe que a ativação seja feita com fio de amarrilho passando pelo gancho do molar e parte superior da segunda alça do arco. A ativação das alças deve ser muito suave, já as ativações da mandíbula e da maxila devem ser feitas em momentos diferentes. A primeira ativação deve ser feita na mandíbula e somente 4 semanas depois se faz a ativação da maxila, proporcionando um intervalo de oito semanas na mesma arcada. A ancoragem superior com barra transpalatina e na inferior nenhum recurso extra além dos ângulos caudais nos fios, além do cuidado para não travar o arco na distal dos molares, compelindo-os para mesial. Em casos de mordida profunda, a quantidade de efeito Gable para os dentes anteriores fica estabelecida quando o arco inserido nos braquetes de todos os dentes, menos os anteriores, relaciona-se com estes atingindo o nível cervical dos incisivos centrais. Para se conseguir este efeito devem-se unir as duas alças com amarrilho metálico. Em casos severos de Classe II, os caninos podem ser ativados com cadeia elástica juntamente com a ativação dos arcos dupla chave. A retração dos caninos facilita o deslizamento dos incisivos, usando uma quantidade mínima de força. Assim que o canino chega à relação de Classe I, deverá ser inserida na ranhura vertical do braquete Tip-Edge, uma mola verticalizadora de raiz (mola Side Winder TP Ortodontics) para a raiz do canino seja movimentada no sentido distal até que alcance a angulação ideal desejada para o final do tratamento. DOBRANSZKI et al., 2009, montaram nove modelos fotoelásticos, que é um protótipo experimental, usando dentes em resina com braquetes In-Ovation em um arco dentário inferior sem primeiro pré-molar. Instalou o arco DKL e foi posicionado em um recipiente acrílico vazando gelatina líquida. Fizeram a ativação desse arco utilizando ativação na alça distal, ativação entre as alças e ativação com gurin. Na região de incisivos, caninos e dentes posteriores foi fotografada com interposição de filtros polarizadores de luz. Após a análise do modelo fotoelástico, conclui-se que a ativação na alça distal pode produzir movimento de retração anterior sem componente extrusivo; na ativação entre alças e na alça distal pode produzir movimento de retração anterior 54 com componente intrusivo e a ativação com gurin pode produzir movimento de retração anterior com componente extrusivo. 55 DISCUSSÃO 56 4. DISCUSSÃO O fechamento de espaços deixados pelas exodontias tem sido um desafio constante na prática ortodôntica. As dificuldades que o ortodontista clínico encontra na sua rotina de trabalho é em relação a uma eficiente mecânica ortodôntica para o fechamento destes espaços com um menor desconforto para o paciente. Além disso, uma máxima movimentação dentária com um menor número possível de ativações, tendo controle das forças intrusivas, extrusivas e rotacionais, assim como a manutenção da ancoragem e conservação da integridade dos tecidos envolvidos. A eficiência do tratamento ortodôntico e a eficácia do movimento dentário estão diretamente relacionadas com a quantidade de força utilizada, como citou RICKETTS, em 1976. Além disso, a preocupação da Ciência Ortodôntica em encontrar uma força considerada como ótima, para a movimentação de um ou mais dentes, tem sido estudadas por vários pesquisadores, como STOREY & SMITH, em 1952; BEGG, em 1956; REITAN, em 1957, no qual sugeriram que a força ideal deveriam ser leves e contínuas. Por outro lado, SCHWARZ, em 1932, e HALDENSON et al., em 1953, afirmaram que as forças ótimas estão necessariamente relacionadas com a integridade do periodonto. BURSTONE, em 1962, verificou que a magnitude das forças alteraria o grau de movimento dos dentes, e afirmou que forças leves eram adequadas para a movimentação dentária, e as força pesadas provocariam um período de hialinização. SCHWARZ, em 1932, preconizou que a força ótima para a movimentação ortodôntica de um dente não deveria ser maior que a pressão capilar, de 20 a 26 g/cm². REITAN, em 1957, recomendava que a magnitude da força inicial fosse de 25 g/cm² em pacientes adultos e de 40 g/cm² em pacientes jovens, e essa força deveria ser aumentada, após o estágio inicial, para superar a resistência da movimentação. Para RICKETTS, 1976, seriam necessárias 90g de força para a retração de cada incisivo central e de 70g, para cada incisivo lateral; a retração do canino, não deveria exceder 150g de força. REITAN, em 1957, afirmou que a magnitude da força diminuía após o dente ter apresentado alguma movimentação, mesmo que se utilizasse a melhor configuração da alça. Exemplificou que se uma força leve e contínua fosse aplicada em um dente, este se movimentaria por reabsorção óssea direta. Porém, se a força 57 fosse pesada e contínua, o movimento dentário seria lento até que a reabsorção solapante ocorresse, provocando uma alteração rápida de posição. Por ser contínua, deverá pressionar novamente os tecidos, não permitindo a reparação do ligamento periodontal. Nova reabsorção solapante deverá ocorrer e assim sucessivamente. Portanto, uma força considerada pesada e contínua poderá ser destrutiva, tanto para as estruturas periodontais como para o próprio dente, conforme afirmou BURSTONE, em 1962. Todos os autores citados acima concordaram que a força necessária para o movimento dentário deveria ser leve e contínua. Durante a fase de fechamento dos espaços em Ortodontia, o controle de ancoragem é muito importante e tem sido considerado em diversos trabalhos; para BEGG, em 1956, os primeiros molares seriam suficientes para ancoragem durante a fase de retração, desde que fossem usadas forças leves e afirmava que a perda de ancoragem estava diretamente relacionada ao uso de forças pesadas. NANDA & KUHLBERG, em 1997, dividiram a ancoragem em três tipos: 1- grupo A, no qual 75% ou mais do espaço da exodontia era fechado pela retração anterior; 2- grupo B, no fechamento de espaço, metade era para a mesialização do segmento posterior e a outra metade para a retração do segmento anterior, 3- grupo C, 75% ou mais era realizado pela mesialização dos dentes posteriores. Em 2001, SHUZUKI & LIMA afirmaram que a obtenção de uma ancoragem eficiente e sua preservação são fundamentais durante a fase de retração e o Arco Dupla-Chave tem se mostrado bastante eficiente. A espessura do fio a ser usado depende das necessidades de ancoragem. Necessitando de ancoragem máxima, a espessura do fio deve ser de 0.021¨ x 0.025¨ e precisa do arredondamento do fio no segmento anterior para proporcionar a inclinação dos incisivos paralingual ou palatina. Na ancoragem média, a espessura do fio deve ser 0.019¨ x 0.025¨. A diferença da espessura do fio e a largura do encaixe, que é de 0.022¨x 0.025¨, que proporciona um deslizamento recíproco dos segmentos posterior e anterior na ancoragem mínima, a espessura do fio deve ser de 0.021¨ x 0.025¨ e os segmentos posteriores arredondados, para provocar o deslizamento para mesial e consequentemente perda de ancoragem. RODRIGUES & ALMEIDA, em 2002, usando também o Arco Dupla-Chave, faz a ancoragem superior com barra transpalatina e no arco inferior nenhum recurso extra, a não ser os ângulos caudais nos fios e o cuidado para não travar o arco na distal 58 dos molares, compelindo-os para mesial. ZANELATO et al., em 2002, cita três sistemas de ancoragem: recíproca, moderada e máxima. Recíproca - os espaços resultantes das extrações dentárias são ocupados 50% pelo movimento mesial dos dentes posteriores e 50% pelo movimento distal dos dentes anteriores e este movimento pode contribuir para a irrupção dos 3°s molares. Moderada - quando a discrepância do arco inferior for maior que 7mm e menor que 10mm, nestas situações os espaços resultantes das extrações de prémolares serão ocupados 25% pelo movimento mesial dos dentes posteriores e 75% pelo movimento distal dos dentes anteriores. Deve-se usar barra palatina para superior e arco lingual inferior, além disso, deve permanecer até o final da fase de nivelamento. Máxima - quando a discrepância do arco inferior está entre 10mm e 14mm. Nestes casos tem grandes apinhamentos dentários e/ou biprotusão dentária; na qual os espaços das extrações dentárias são ocupados 100% pelo movimento mesial dos dentes anteriores. Colocar os aparelhos de preservação de ancoragem antes das extrações dentárias e permanecer do início ao fim do tratamento. Todos os autores citados acima afirmaram que o controle da ancoragem durante a fase de fechamento de espaço é imprescindível para o sucesso do tratamento. Existem vários dispositivos ortodônticos capazes de produzir um sistema de forças ótimas para a retração dos incisivos e caninos após exodontia dos prémolares. NAGAMOTO (1947), DEWEL (1956) e PLETCHER (1959) preconizaram o uso de molas espirais, tanto para o uso de retração anterior superior e inferior, quanto para a distalização de caninos e pré-molares; enquanto BEGG (1956) preconizou o uso de amarrilhos elásticos para a retração de caninos e incisivos simultaneamente. OLIVEIRA JR et al. (1988), FERRAZ et al. (1988), ZANELATO et al. (2002), utilizavam a mecânica de deslizamento, dividindo-as em duas fases; a retração inicial dos caninos para fornecer espaço necessário para o alinhamento dos dentes anteriores e a retração anterior para corrigir a discrepância cefalométrica. OLIVEIRA JR et al. (1988) utilizava fio 0.016¨ com dobra em forma de ômega amarrado ao tubo 59 molar e a distalização do canino se dava com o auxílio de elásticos em cadeia, colocados sob tensão desde o tubo molar até o canino. Para a distalização dos dentes anteriores utilizava-se arco contínuo 0.021¨ x 0.025¨ em braquetes com canaleta 0.022¨ x 0.028¨ e soldava-se um gancho em latão, entre canino e lateral, para prender o elástico em cadeia até o gancho molar, enquanto FERRAZ et al. (1998) utilizavam molas NITI presas aos braços molares (1° e 2° molares alternadamente) e ZANELATO et al. (2002), por sua vez, realizavam a retração parcial de caninos com retroligaduras (laceback), até conseguir espaços para alinhar os dentes anteriores e numa segunda etapa, a retração anterior em arco retangular 0.019¨ x 0.025¨, em canaleta 0.022¨ x 0.028¨, utilizando fios metálicos de aço 0.008¨ ou 0.010¨, associados a módulos elásticos colocados em ganchos soldados no arco retangular, na distal dos incisivos laterais. SONNI (1994) fez estudos que comprovou que as molas de NITI produziam duas vezes mais rápido o movimento dentário em relação aos elásticos, enquanto MORESCA & VIGORITO (2005) estudaram os níveis de forças dos módulos elásticos e comprovaram que estes constituem métodos efetivos no fechamento de espaços, gerando forças capazes de ativar os movimentos dentários. SONNI (1994) afirmou que as molas NITI são dispositivos de custo acessível, fácil instalação e confortáveis aos pacientes e o mesmo foi afirmado dos elásticos por MORESCA & VIGORITO (2005). BULL (1951) idealizou o primeiro dispositivo ou mola de retração construído no próprio arco, para uso específico de fechamento de espaço e ficou conhecida como BULL Loops e aqui iniciou uma fase de mecanismos de fechamento de espaço sem fricção (não deslizantes), eliminando o fator fricção entre o braquete e o arco. Preconizava o tratamento de maloclusões de CL II div. 1 de Angle em 2 fases; retração parcial dos caninos com arco seccionado e alça vertical fechada, suficiente para permitir a verticalização e alinhamento dos incisivos e depois com arco contínuo contendo as molas verticais nos espaços remanescentes. GRABER (1960) realizava o mesmo procedimento e também com alças verticais fechadas, mas inseridas dobras anti-inclinação no arco. BURSTONE et al. (1961), BURSTONE (1962) e (1966), WEINSTEIN (1967), YANG & BALDWIN (1974), estudaram os sistemas de forças das molas verticais, para verificar a relação entre o sistema de forças das molas de retração e o 60 movimento dentário e concluíram que a magnitude das forças modificava o grau de movimentação dentária. Nesse sentido, afirmaram que as forças leves seriam adequadas para a movimentação dentária e que a configuração da mola pode influenciar na quantidade da força gerada e na proporção Carga/Deflexão, e concluíram que a redução na secção transversal do fio, o aumento da altura da mola e a colocação estratégica de helicoides proporcionavam a liberação de forças ótimas e relativamente constantes. NANDA & DIAS (1981) e SMITH & BURSTONE (1984) relataram a importância de se conhecer o sistema de força da alça. Quanto mais de uma força fosse aplicada ao dente, mais podiam ser combinadas para determinar uma resultante final, e estas forças incidentes produziriam movimentos de rotação, translação, ou uma combinação entre elas, afirmou SMITH & BURSTONE. Enquanto NANDA & DIAS verificou movimentos de inclinação controlada, inclinação descontrolada e movimento de translação. GOLDBERG (1975) sugeriu a retração de caninos em forma modificada, usando alças em forma de ¨L¨. A Terapia Bioprogressiva foi preconizada por RICKETTS (1976) que passou a utilizar molas para retração de caninos e incisivos com novas configurações. Na retração de caninos usava arco seccionado, no superior com duas alças com dois helicoides cervicais e dois helicoides oclusais; no inferior com duas alças com dois helicoides cervicais. Para a retração anterior utilizava arcos contínuos com uma alça com duplo delta ou uma alça vertical fechada com helicoides. Tanto RICKETS (1976) como TAYER (1981) utilizava fio Elgiloy Azul, mas TAYER recomendava a utilização da alça ¨T¨ modificada. BURSTONE (1982) introduziu modificações na filosofia do arco modificado, trazendo inúmeros aperfeiçoamentos e entre eles destaca-se o emprego da mola ¨T¨ de tração construída com fio Beta-Titânio (TMA), que é um arco com a flexibilidade do NITI mas aceita dobras. MANHARTSBERGER et al. (1988) também utilizava alças em ¨T¨ de TMA (titânio-molibdênio), incorporando angulações. Já NANDA & KUHLBERG (1997) utilizavam a alça ¨T¨ (TMA), preconizada por BURSTONE (1982), mas utilizavam o princípio da dobra em ¨V¨, ou seja, quanto mais deslocada a dobra em ¨V¨ para a extremidade posterior, maior o movimento dos dentes para posterior. 61 SHUZUKI & LIMA (2001), discorreram o uso do arco DKL, definido como arco dupla-chave, que contém duas alças laterais em cada hemiarco, situadas nas proximais dos caninos. RODRIGUES & ALMEIDA (2002) utilizavam o arco DKL e adotaram o braquete Tip-Edge, nos caninos. URIBE & NANDA (2003) descreveram o uso de arcos de CNA™ beta III Mushroom loop™ Archwire, com alças em formas de cogumelo. FERREIRA et al. (2008), relatam que alças de retração ortodôntica são comumente usadas em uma abordagem seccional (caninos) ou por retração de dentes anteriores em conjunto, podendo citar várias alças de retração ortodôntica como: alças Bull Loop, alças modificadas por Burstone, alças em forma de cogumelo, alças ¨T¨ em aço inoxidável, alças em ¨T¨ com liga de Titânio-Molibdênio (TMA), Duplo delta de Ricketts, DKL, etc. Tendo todas a mesma finalidade, o fechamento de espaços, afirmaram que todas fazem o seu papel. Por isso, o ortodontista tem que fazer o uso racional de qualquer alça, para se promover a movimentação dentária de maneira sistemática e controlada, dentro de níveis biológicos compatíveis. 62 CONCLUSÃO 63 5- CONCLUSÃO Após ter consultado a literatura, pode-se concluir que: 1- Tanto a mecânica de deslizamento quanto a mecânica sem fricção são eficazes. A eficácia do movimento dentário está diretamente relacionada à quantidade de força utilizada, portanto, recomendam-se forças leves e contínuas. 2- Na mecânica de deslizamento possui o inconveniente do atrito, assim sendo, a escolha do tipo de braquete, do fio de amarrilho e do fio ortodôntico, são de grande importância, pois influenciam fortemente na força de atrito. 3- Os mecanismos de fechamento de espaço sem fricção com molas de retração são mais eficientes do que os mecanismos de fechamento de espaço com fricção – mecanismos deslizantes. 4- As características das molas de retração podem ser modificadas variando à sua configuração, como quantidade de fio ortodôntico utilizado na sua construção, tipo de liga do fio ortodôntico, secção transversal do fio ortodôntico, quantidade de ativação, posicionamento da mola de retração no sentido anteroposterior, tratamento térmico e pré-ativações. 64 REFERÊNCIAS 65 REFERÊNCIAS BEGG, P.R. Differential force in orthodontic treatment. 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