XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" OS INSTRUMENTOS DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO DE UMA EMPRESA DE COMERCIALIZAÇÃO DE INSUMOS AGRÍCOLAS: O CASO SAINODA MARIA DO SOCORRO ANSELMO SILVA; CLÉLIA ELEYDE RAMOS PIRES; RICARDO LUCIANO DE OLIVEIRA; TALES WANDERLEY VITAL. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO, RECIFE, PE, BRASIL. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL ADMINISTRAÇÃO RURAL E GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Os Instrumentos de Controle na Administração de uma Empresa de Comercialização de Insumos Agrícolas: O Caso Sainoda Grupo de Pesquisa: Administração Rural e Gestão do Agronegócio Resumo Trata-se de um estudo sobre os aspectos relevantes que interferem no controle administrativo da Sainoda, uma empresa de comercialização de insumos agrícolas, localizada na Cidade do Recife. Esse estudo verifica em que nível e com que grau de organização a Sainoda realiza o controle de suas atividades, visando à consecução de objetivos e metas instituídos. Inicialmente, partiu-se de uma revisão da literatura sobre os aspectos conceituais da função controle e sua importância no âmbito das empresas. A intenção é estabelecer um comparativo entre teoria e prática e analisar, na Sainoda, o funcionamento dos instrumentos de controle. A partir de pesquisa de campo realizada verifica-se que a Sainoda tem se revelado administrativamente, como uma empresa que possui métodos definidos de trabalho e detém controle eficiente, eficaz e efetivo, das ações, acompanhando sistematicamente as metas estabelecidas. Verificou-se ainda, que a Sainoda possui instrumentos de controle e que estes seguem a linha do que foi proposto pelo planejamento, ou seja, possui uma cumplicidade, em relação ao que foi proposto no planejamento. Palavras-chaves: Funções Administrativas, Controle e Empresa Rural. Abstract 1 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" The research treat about the importance aspects that interfere in the control administration of the rural company Sainoda that locates in Recife city. This study had the objective of verificate the level and the degree or organization that the rural company Sainoda does its activity of control aiming consecution of objectives and established finishing line. The start idea did a literature revision about the concentual control aspects and its importance company scope. The intentions is establish a comparative between theory and practise and analyse in loco, operation of the control instruments. The consequence of research of field made us check that Sainoda has showed administractivity with a company that has difined methods of work and has eficient control, effective and permanent, complain established objectives. We also verified, that Sainoda has control instruments and this goes the line did propose in plan, or has a cumplicity in relation that did propose in plan. Key Words: Administractive Functions, Control and Rural Company. 1. INTRODUÇÃO As organizações estão inseridas em ambientes complexos e turbulentos, enfrentando constantes desafios e problemas, para os quais precisam encontrar soluções. Como não operam na base da improvisação e nem do acaso, as várias operações e atividades desenvolvidas pelas organizações requerem considerável esforço de controle. A tarefa da administração de um empreendimento consiste em interpretar os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ações organizacionais que visem a concretização dos objetivos e metas estabelecidas. A realização dessa tarefa somente será possível através da gestão das funções administrativas básicas da empresa, em todas as atividades realizadas, em todas as áreas e em todos os níveis da organização. De um modo geral quatro funções administrativas são identificadas: Planejamento, Organização, Direção e Controle. A finalidade do controle é assegurar que os resultados daquilo que foi planejado, organizado e dirigido se ajuste, tanto quanto possível, às metas previamente estabelecidas. A essência do controle, portanto, reside na verificação se a atividade realizada pela empresa está ou não alcançando os resultados desejados. Neste sentido, controlar significa garantir que o planejamento seja bem executado e que as metas estabelecidas sejam alcançadas adequadamente. A análise é efetuada para a Empresa Sainoda, concessionária da John Deere, desde 1999, que comercializa insumos agrícolas. A hipótese a ser averiguada está centrada em dois pontos principais. Em primeiro lugar tem havido um aumento sistemático dos instrumentos de controle por parte das empresas, no sentido de garantir que suas metas sejam cumpridas, face às crescentes exigências do mercado. Em segundo lugar, o planejamento e o controle são duas fases nas empresas que estão intimamente relacionadas e são sempre efetuadas, mesmo sem o rigor com que a teoria as apresenta. Além da introdução e considerações finais, este trabalho está constituído em três outras partes. Inicialmente faz uma abordagem do Controle enquanto função administrativa, sua definição e os elementos que necessitam ser considerados dentro do 2 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" que se convencionou chamar de Função Controle. Apresenta ainda, a importância do Controle dentro da organização, e a estreita ligação com o Planejamento e os objetivos que a organização espera alcançar ao estabelecer o sistema de Controle. As fases do controle se apresentam de forma cíclica e são fundamentais na perspectiva de que as organizações alcancem os objetivos estabelecidos na elaboração e implementação de seus planejamentos. A segunda parte trata da metodologia utilizada e que orientou a coleta dos dados. A terceira apresenta os resultados obtidos com a análise da Empresa Sainoda sobre a adoção de mecanismos de controle em sintonia com os objetivos e com o planejamento elaborado; e, por último apresenta-se os comentários finais. A expectativa é no sentido de que este trabalho possa contribuir com o debate acerca das questões que envolvem a gestão estratégica das empresas agrícolas. 2. REFERENCIAL TÉORICO 2.1 Aspectos Teóricos da Função Controle na Administração Na língua portuguesa, a palavra controle tem um sentido de dominação e, talvez por essa causa, é muitas vezes visto como um procedimento inconveniente e inoportuno. Todavia ele é universal. Quaisquer que sejam as atividades humanas, elas sempre fazem uso do controle, consciente ou inconscientemente. Quando uma pessoa dirige o automóvel, dança ou escreve uma carta, ela compara continuamente a direção, o ritmo ou o significado; e se a atividade de dirigir o carro, dançar ou escrever a carta não estiver de acordo com seus planos, ela efetua as devidas correções. Em Administração a palavra controle pode assumir vários significados: o primeiro deles como função restritiva e coercitiva, utilizado no sentido de coibir ou limitar certos tipos de desvios indesejáveis ou de comportamentos não-aceitos. Neste sentido, o controle apresenta um caráter negativo e limitativo, sendo muitas vezes interpretado como coerção, delimitação, inibição e manipulação. É o chamado controle social aplicado nas organizações e na sociedade para inibir o individualismo e a liberdade das pessoas. O segundo significado apresenta o controle como um sistema automático de regulação. Como tal é utilizado no sentido de manter automaticamente um grau constante de fluxo ou funcionamento de um sistema. O controle detecta desvios e proporciona automaticamente uma ação corretiva para a volta à situação de normalidade. Quando algo está sob controle significa que está dentro do normal. O terceiro e último significado coloca o controle como função administrativa, como parte do processo administrativo, a exemplo do planejamento, da organização e da direção. Conforme já mencionado, o controle é uma das funções administrativas previsto no paradigma da administração científica que fundamenta a Escola Clássica iniciada por Fayol e Taylor. Ao longo dos últimos anos, mesmo com todas as transformações da Teoria da Administração, e o surgimento da Teoria das Organizações num sentido mais amplo, o tema controle tem sido cada vez mais enfatizado como uma necessidade para o atingimento de resultados. Tratar-se-á, neste trabalho, do controle como a função do processo administrativo cuja finalidade é assegurar que os resultados do que foi planejado, organizado e dirigido se ajustem tanto quanto possível aos objetivos previamente definidos. Sua essência reside, portanto, em verificar se a atividade controlada está ou não alcançando os objetivos e metas estabelecidos, por ocasião do planejamento. Neste sentido, ele consiste fundamentalmente, em um processo que guia a atividade exercida para um fim previamente determinado. 3 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Como função administrativa o planejamento determina antecipadamente os objetivos e como alcançá-los. Já o controle busca assegurar se o que foi planejado, organizado e dirigido vai de encontro aos objetivos pretendidos. A finalidade do Controle é, portanto, garantir que o trabalho executado corresponda ao planejado. No dizer de Chiavenato (2000: 345), “como função administrativa o planejamento, a organização, a direção e o controle são interdependentes e interagentes (...). Muitas vezes se torna necessário modificar o planejamento, a organização ou a direção para que os sistemas de controle possam ser mais eficazes”. A Figura 1 apresenta a síntese da Função Controle e as atividades intrínsecas a ela, no processo administrativo. Enquanto o planejamento abre o processo administrativo, o controle serve de fechamento. Figura 1 - Síntese da Função Controle no Processo Administrativo Fonte: Chiavenato, Idalberto. 2000. Segundo Tavares (2005: 337), “controle é um instrumento para verificar o que está previsto e o que está efetivamente ocorrendo”. Isto se constitui em um conjunto de indicadores e métricas que permite constatar se existe discrepância ou não entre essas duas situações. À semelhança das demais funções administrativas, a exemplo do planejamento, a abrangência do controle também pode ser feita em nível global, em nível departamental e em nível operacional, respectivamente nos níveis estratégico, tático e operacional. Em nível estratégico aborda a empresa como uma totalidade; em nível tático aborda cada unidade da empresa separadamente, e em nível operacional tem uma orientação micro, abordando apenas cada tarefa ou operação. Ressalta-se ainda, que controle operacional é definido como a garantia de que as atividades operacionais estão sendo levadas adiante, conforme planejado. (Certo, 2003: 451). 2.2 Objetivos e Fases do Controle Partindo-se do proposto por Edelman e Aparício (1992) apud Silva (2002), pode-se vislumbrar cinco objetivos principais dos sistemas de controle nas organizações em geral. O primeiro deles, proteger os ativos da organização dos erros intencionais ou não e das irregularidades que se possam produzir. O segundo a obtenção de informações corretas 4 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" e seguras que permitam a tomada de decisões acertadas, tanto no âmbito interno como no âmbito externo da organização. O terceiro objetivo é o de conseguir adesão às políticas gerais da organização. O quarto visa a atingir as metas e programas da organização. Finalmente, o quinto objetivo é promover a eficiência e eficácia nas operações da organização por meio de uma utilização racional dos recursos disponíveis. Esse objetivo está vinculado a todos os anteriores. A proteção dos ativos de uma organização aliada a um conjunto de informações corretas e seguras, à adesão às políticas gerais e ao cumprimento de metas e programas, levam a uma utilização mais racional e, portanto, mais eficiente dos recursos. Neste sentido, o controle consiste basicamente em um processo que guia a atividade exercida para um fim previamente determinado, cuja essência reside em verificar se a atividade controlada está ou não alcançando os resultados desejados. Quando se fala em resultado, pressupõe-se que eles sejam conhecidos e previstos. Isso significa dizer que o controle está estritamente vinculado ao planejamento, aliás, os controles requerem planos. Na verdade, o controle é o outro lado da moeda do planejamento. Ele verifica se a execução está de acordo com o que foi planejado. Quanto mais complexo o planejamento e quanto maior o seu horizonte de tempo, tanto mais complexo será o controle, razão pela qual quase todos os sistemas de planejamento trazem em seu bojo o seu próprio sistema de controle. É um processo cíclico e constituído por quatro fases: estabelecimento de padrões, observação do desempenho, comparação do desempenho com o padrão estabelecido e ação corretiva para eliminar os desvios. A Figura 2 facilita a visualização deste modelo. Figura 2 As Quatro Fases da Função Controle Fonte: Chiavenato, Idalberto. 2000. A pergunta que geralmente se faz dentro de uma organização é: como estamos indo? Em que ponto estamos agora? Esta pergunta é válida, pois os resultados nem sempre ocorrem de acordo com o que foi planejado, organizado e dirigido. Torna-se necessário um sistema para monitorar, acompanhar, avaliar, medir e assegurar que a organização esteja no rumo certo, produzindo os resultados esperados e alcançando os objetivos propostos. 5 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Neste sentido as comparações dentro de uma organização só podem ocorrer a partir da existência ou pressupõem o estabelecimento de padrões ou critérios, a primeira faz do controle. Os padrões representam o desempenho desejado. Os critérios representam as normas que guiam as decisões. São balizamentos que proporcionam meios para se estabelecer o que se deverá fazer e qual o desempenho ou resultado a ser aceito ou desejável. A segunda fase é a observação do desempenho, cuja finalidade é ajustar as operações aos padrões previamente estabelecidos e funciona de acordo com a informação que recebe. Para se controlar um desempenho deve-se pelo menos conhecer algo a respeito dele. A observação ou verificação do desempenho ou do resultado busca obter informações precisas a respeito daquilo que está sendo controlado. A terceira fase é a comparação do desempenho a partir do padrão estabelecido, a fim de se verificar algum tipo de variação, erro ou desvio. Todavia, nem toda variação exige correções, uma vez que estão dentro dos limites da normalidade. Apenas as que ultrapassam estes limites são passíveis de correção. Essa fase exige um sistema de informações bem estruturado A comparação do desempenho com o padrão estabelecido pode ser feita por meio de gráficos, relatórios, índices, porcentagens, medidas estatísticas etc. Esses meios de apresentação supõem técnicas à disposição do controle para que este tenha maior informação sobre aquilo a ser controlado. A importância desta fase do controle reside na predição de resultados futuros e localização, por parte da organização de dificuldades na criação de condições para que as operações futuras possam alcançar melhores resultados. A quarta e última fase do controle está vinculada à ação corretiva. O objetivo é manter as operações dentro dos padrões definidos para que os objetivos sejam alcançados da melhor maneira. Assim, as variações, erros ou desvios devem ser corrigidos para que as operações sejam normalizadas. A ação corretiva visa fazer com que aquilo que é feito seja feito extremamente de acordo com o que se pretendia. 3. METODOLOGIA Para a pesquisa de campo usou-se a investigação empírica, realizada na empresa, local onde ocorreu o fenômeno e incluiu entrevistas e observações do participante. A principal alternativa à pesquisa de campo foi o estudo de caso, pois apresenta um alto grau de profundidade para analisar de forma intensa uma ou poucas unidades. 3.1 Parâmetros da Pesquisa O trabalho parte de uma análise teórica da função controle, verificando em que nível e com que grau de organização as empresas voltadas para o setor agrícola realizam efetivamente o controle de suas atividades, visando à consecução dos objetivos e metas instituídos. Trata-se de um estudo de caso, no qual, busca-se caracterizar a função controle através de aspectos importantes que interferem no processo administrativo da Sainoda, uma empresa de comercialização de insumos agrícolas, localizada em Recife-Pernambuco. O trabalho apresenta uma abordagem qualitativa pelo fato de estar associado a obtenção de dados descritivos sobre processos interativos, através do contato direto do 6 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos. Quanto aos fins, e levando-se em conta o caráter da investigação, trata-se de uma pesquisa analítica e descritiva. Analítica porque, a partir de uma revisão teórica busca analisar o comportamento de uma empresa rural no que se refere à Função Controle no processo administrativo. Descritiva porque visa descrever os instrumentos utilizados pela empresa, cuja atividade está ligada ao setor agrícola, para garantir o controle das atividades realizadas, visando à consecução dos objetivos e metas instituídos. Quanto aos meios, a pesquisa foi bibliográfica e de campo, voltada para um estudo de caso. Bibliográfica, porque para a fundamentação teórico-metodológica do trabalho foi realizada investigação sobre o processo administrativo, com ênfase na função controle. A pesquisa bibliográfica se deu em livros, e material colhido na internet, que versem sobre o objeto de estudo. Estudo de caso porque está circunscrito a uma unidade, no caso a Empresa Sainoda. Segundo (Vergara, 2005) estudo de caso tem caráter de profundidade e detalhamento. 3.2 Coleta de Dados A pesquisa de campo, para obtenção dos dados sobre a empresa e sua gestão, deuse através de processos interativos. Consistiu numa visita à empresa Sainoda, com aplicação de entrevista semi-estruturada, efetuada com o setor de Marketing, com o objetivo de verificar na prática os pressupostos da teoria a respeito da Função Controle, ou seja, quais os aspectos inerentes à Função Controle que são encontrados na referida Empresa. A análise se deu sobre os instrumentos de controle utilizados pela empresa, comparando-se, com aqueles apresentados quando da análise teórica. A partir da identificação dos instrumentos de controle utilizados na empresa Sainoda, verificou-se a finalidade de cada um deles e o nível hierárquico responsável pelo instrumento, elaboração e acompanhamento. 4. ANÁLISE DE RESULTADOS 4.1 Características da Empresa Sainoda A Sainoda é uma concessionária da John Deere, desde 1999. Como qualquer concessionária a Sainoda obedece a padrões, que fazem parte do pacote tecnológico que os fabricantes oferecem à sua rede, no sentido de garantir uma identidade própria e padronizada. As atividades desenvolvidas pela Sainoda-Recife estão ligadas à venda de tratores, sementes, fertilizantes, defensivos, e outros itens, a exemplo de venda de soluções tecnológicas. Um aspecto que está vinculado à missão da empresa é, “atender as expectativas dos clientes do Setor Agrícola e áreas afins”, satisfazendo a sociedade, colaboradores, sócios, respeitando o meio ambiente. A preocupação da Sainoda não é simplesmente oferecer o produto ou serviço, mas buscar a solução para o cliente. Isso implica na necessidade de se fazer diagnósticos que apontem as necessidades reais dos clientes. A visão da empresa é a de que a partir do momento que o cliente se sentir satisfeito, este retornará á loja com mais freqüência para adquirir os produtos. 7 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Além do Setor Agrícola, propriamente dito, a Sainoda oferece produtos para outras áreas, a exemplo de clientes que possuem chácaras, sítios, etc. Alguns órgãos como a Prefeitura, através da Empresa Metropolitana de Limpeza Urbana (EMLURB) que utiliza materiais para manutenção da cidade do Recife, etc. A Sainoda tem a sua matriz em Pernambuco, com filial em Alagoas e na Paraíba. Tanto a matriz como as filiais possuem posição estratégica no mercado de vendas de máquinas para o setor canavieiro. As filiais funcionam como postos avançados, com gerências próprias e autonomia para resolução de problemas. Os defensivos agrícolas também possuem publico sólido no setor canavieiro, face à posição da cana-de-açúcar no Nordeste, com produção expressiva especialmente em Pernambuco, Alagoas e Paraíba. A venda de defensivos é feita por atacado, onde existe uma integração com o varejo. Alguns itens são diretamente comercializados do varejo com as usinas, como por exemplo, ferramentas para colóquios, eventos culturais e os próprios tratores que são localizados nos setores específicos de vendas de tratores. A venda de tratores é integrada com os serviços de pós-vendas. A Sainoda, enquanto razão social, atua em outras empresas na condição de coligada. Isso ocorre em Pernambuco, especificamente na Plantebem que se localiza no município de Petrolina; no Piauí, no Ceará e no Rio Grande do Norte. Esta última também é outra concessionária da Sainoda que atua no município de Mossoró. Além das concessionárias e empresas coligadas, ela possui escritório de representação em São Paulo, funcionando como entreposto e facilitador de vendas, tendo em vista um mercado com potencial de vendas no setor. 4.2 O Controle da Ação Empresarial na Empresa Sainoda-Recife Por se tratar de uma concessionária, alguns sistemas são utilizados pela Sainoda e por toda a rede. É o caso do Sistema Único de Informação, com programas operacionais, implantado em todas as concessionárias e que fornecem ferramentas para o controle. Todavia, existe uma flexibilidade na rede, de modo que é permitido às concessionárias fazerem seus controles paralelos, tendo em vista que elas possuem perfis diferentes e muitas vezes os programas não são totalmente customizados para as necessidades individuais. As concessionárias da Região Sul, por exemplo, são ligadas a outras marcas de veículos. A Sainoda trabalha com regras e procedimentos. Existe na empresa um manual com as instruções das atividades que são repassadas no momento da entrada ou transição dos funcionários. O controle é feito em cima de padrões, ou seja, de acordo com as atividades. As atividades são controladas com base em relatórios emitidos diariamente, semanalmente, mensalmente e trimestralmente. O controle estratégico das operações é realizado através de uma série de instrumentos. Os mais significativos são: a) painéis de controle; e b) indicadores de desempenho. Os primeiros são utilizados na Sainoda para se ter uma visão de longo prazo, no que diz respeito ao planejamento, controle e como forma também de garantir posição estratégica da empresa no mercado. Ele apresenta uma visão de no mínimo 5 anos, de modo a permitir que a empresa possa posicionar-se em relação ao seu foco, métodos, estratégias e numa fase posterior mensurar os resultados e traçar possíveis ações corretivas. As metas estabelecidas, por ocasião do planejamento, estão voltadas principalmente para as vendas, que é o serviço final da empresa, mas também são planejadas e estabelecidas metas voltadas 8 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" para a gestão, no caso, há administração dos custos e a necessidade de crédito por parte da empresa. Os Indicadores de Desempenho são estabelecidos por tipo de atividade, segundo suas especificidades: vendas, custos e compras. Eles são padronizados e fornecidos pelo próprio sistema ou ferramenta tecnológica utilizada pela empresa e também por toda a rede de concessionárias. Entretanto, face às especificidades das concessionárias, algumas lidam apenas com vendas de veículos, outras com vendas de máquinas como é o caso da Sainoda Recife, onde existe uma certa hibridez nas atividades, são desenvolvidos controles paralelos. Em nível tático, são utilizados na Sainoda: a) o controle orçamentário, b) o sumário do faturamento; e, c) o relatório de escoamento do produto. A empresa adota o controle orçamentário, na medida em que envolve ações administrativas que produzem resultados observáveis dentro de um dado período contábil. Através do controle orçamentário a administração da empresa pode fazer a sua projeção e planos futuros atribuindo-lhes valores financeiros. O controle é realizado por departamento, face ao fato de que o orçamento implementado é setorizado. Cada departamento sabe quanto lhe cabe do orçamento geral da empresa e quanto poderá gastar ao longo do ano. Este procedimento visa uma estrutura enxuta da empresa, para que sejam evitadas as perdas. Ainda no âmbito do nível tático foi identificado o sumário do faturamento, feito tanto por loja (em cada ramo do negocio há departamentos, a exemplo de: peças e serviços, pós-venda, varejo, atacado), como pelo departamento de vendas propriamente ditas. O sumário do faturamento é uma ferramenta de análise simples e sucinta. Este apresenta o resultado de um determinado período e do período acumulado em relação ao mês e em relação ao ano. É no sumário que se verifica a inadimplência por loja, departamento, por vendedor, já que este (vendedor) é o responsável pelas vendas, logo, é o co-responsável pela cobrança e pagamento do produto. O relatório de escoamento do produto é feito a partir de uma análise quantitativa. Difere do sumário, pois aquele trata de uma análise financeira, movimentação de numerário, enquanto este é mais voltado para análise de quantidade. Ele é gerado para dar suporte às análises de verificação do volume de vendas. Visa, portanto, avaliar desempenho e resultados, que não são lineares, porque existem particularidades e sazonalidades. A base para análise é o ano anterior. Um determinado desempenho de vendas, no ano anterior, para um determinado cliente, é um resultado que irá respaldar o planejamento do ano seguinte. Se por algum motivo o cliente não correspondeu à expectativa, a empresa faz um replanejamento (medida corretiva) para o próximo período. Outra possibilidade é direcionar o produto para outro cliente ou outro mercado. Isso pressupõe trabalho com uma equipe integrada. O controle operacional, por sua vez, é coordenado pelos próprios responsáveis pelas tarefas. Um dos controles do tipo operacional que a empresa adota se aproxima das características do controle de qualidade, cuja função é assegurar que a qualidade do produto atenda aos padrões pré-estabelecidos. Esse controle é feito através de analises comparandose os itens com o padrão estabelecido para verificar se houve desvio ou variação. Outros controles operacionais são os chamados controles diários. Diariamente são gerados relatórios de análise de contas a receber, lista de entrada de materiais e lista de itens alterados. O relatório de contas a receber, tem por objetivo verificar o volume de vendas e verificar os prazos concedidos; a listagem de entrada serve para verificar tanto a entrada de mercadorias como o volume de compras (saídas), além da análise do estoque. A empresa tenta trabalhar com estoque mínimo, face à tendência atual de estoque zero, uma vez que 9 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" financeiramente é mais saudável para a empresa, na medida em que se minimiza perdas e custos, espaço de armazenamento de estoque, capital de giro e manutenção em relação à armazenagem e estocagem, entre outros. Finalmente, o relatório de itens alterados, que verifica alterações de itens, alterações automáticas de preço, etc., para evitar disparidade entre o preço de venda do produto que gerará a margem esperada de lucro. O Quadro 1 ilustra esses instrumentos. Quadro 1 - Níveis Hierárquicos e Instrumentos Principais de Controle na Empresa Rural Sainoda-Recife Níveis de Controle 1. Estratégico 2. Gerencial Tipos de Relatórios Painéis de Controle Indicadores de Desempenho Controle Orçamentário Função do Relatório Utilizados na empresa para que tenha visão de longo prazo, no que diz respeito ao planejamento, controle, e garantir uma posição estratégica da empresa no mercado. São estabelecidos por tipo de atividade, a exemplo de: vendas, custos e compras, etc. Os indicadores são padronizados e fornecidos pelo próprio sistema ou ferramenta tecnológica que é utilizada na empresa. Produzem resultados observáveis dentro de um dado período contábil. Através do controle orçamentário a administração da empresa pode fazer a sua projeção e planos futuros atribuindo-lhes valores financeiros. O controle é realizado por departamento, face ao fato de que o orçamento implementado é setorizado. 10 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Sumário do Faturamento É uma ferramenta de análise simples e sucinta. Ele apresenta o resultado de um determinado período e do período acumulado em relação ao mês e em relação ao ano. É no sumário que se verifica a inadimplência por loja, departamento, por vendedor, etc. Relatório de Escoamento do Produto É feito a partir de uma análise quantitativa. Difere do sumário, pois aquele trata de uma análise financeira, movimentação de numerário, enquanto este é mais voltado para análise de quantidade. Visa avaliar desempenho e resultados. Controle de Qualidade Sua função é assegurar que a qualidade do produto atenda aos padrões pré-estabelecidos. Esse controle é feito através de analises comparando-se os itens com o padrão estabelecido para verificar se houve desvio ou variação. Controles Diários. Diariamente são gerados relatórios de análise de contas a receber, lista de entrada de materiais e lista de itens alterados. 3. Operacional Fonte: Elaboração dos Autores. 2007. Ainda considerando a amplitude do controle desenvolvido pela Sainoda identificamos uma variável temporal para efeito de análise e ação corretiva. Neste sentido os relatórios produzidos pala empresa são objeto de análise trimestrais, mensais e semanais. Na análise mensal, por exemplo, compara-se o andamento dos resultados do mês com o mesmo mês do ano anterior. Essa análise é feita através de gráficos para que possa ser verificado se a ação realizada, em comparação com o planejamento, está de acordo com o estabelecido. Isso possibilita uma rápida visualização do sucesso ou a necessidade de alguma ação corretiva, de modo que se possa passar para a fase de recuperação (correção) e garantir o cumprimento da meta. As ações corretivas são definidas em fóruns, a partir de reuniões de planejamento e avaliação efetuadas entre a direção e os gerentes. Também de forma indireta há participação dos funcionários que estão nos níveis hierárquicos inferiores. Quando das reuniões de avaliação os gerentes levam, dos seus subordinados (servidores de nível intermediário e inferior), as sugestões e reclamações discutidas em reuniões semanais e que são registradas formalmente. 5. CONCLUSÕES Pode-se afirmar que a função controle está relacionada com a maneira pela qual os objetivos e metas devem ser alcançados dentro da organização. O planejamento serve para definir os objetivos, traçar as estratégias e estabelecer os planos de ação. A essência do controle reside em verificar se a atividade realizada está ou não alcançando os resultados desejados. Enquanto o planejamento abre o processo administrativo, o controle serve de fechamento. 11 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Neste sentido, o planejamento e o controle não podem nem devem ser analisados como fases independentes nas organizações. Diversas empresas podem não ter um planejamento oficial formulado, entretanto, realizam o controle sem que este seja denominado de controle. Portanto, essas duas fases estão intimamente relacionadas e são efetuadas mesmo “sem o rigor com que a teoria as apresenta”.O caso Sainoda, por exemplo, repercute a execução da relação existente do planejamento (como primeira função administrativa da administração) com o controle (como a última função administrativa). A Sainoda como uma empresa rural utiliza os seus recursos da melhor maneira possível, na medida em que o controle (estratégico, gerencial e operacional), de modo geral, segue padrões estabelecidos pela teoria. Ela trabalha com regras e procedimentos.O controle é feito em cima de padrões, ou seja, de acordo com as atividades. As atividades são controladas com base em relatórios emitidos diariamente, semanalmente, mensalmente e trimestralmente. Em nível estratégico os instrumentos mais importantes são os Painéis de Controle, utilizados na empresa para que se tenha uma visão de longo prazo, no que diz respeito ao planejamento, controle, e garantia de posição estratégica no mercado; e os Indicadores de Desempenho estabelecidos por tipo de atividade, a exemplo de: vendas, custos e compras, etc. Em nível gerencial destaca-se o Controle Orçamentário que permite à empresa fazer projeções e planos futuros, através do controle financeiro de suas atividades. Por último, em nível operacional destaca-se o Sumário do Faturamento que permite verificar a inadimplência da empresa de forma setorizada, por loja, departamento, por vendedor, etc.; o Relatório de Escoamento do Produto que visa avaliar desempenho e resultados. Diferentemente do sumário do faturamento que permite uma análise financeira da empresa este último permite uma análise quantitativa; o Controle de Qualidade cuja função é assegurar que a qualidade do produto atenda aos padrões pré-estabelecidos; e os Controles Diários, onde são gerados relatórios de análise de contas a receber, lista de entrada de materiais e lista de itens alterados. Destaca-se, na análise dos instrumentos de controle por parte da empresa Sainoda, a utilização de ações corretivas no sentido de garantir o cumprimento dos objetivos e metas estabelecidas. Este é um ponto de extrema importância face às crescentes exigências do mercado cruciais para o desempenho e avaliação das empresas. BIBLIOGRAFIA ANSOFF, H. 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