Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Determinantes Políticos da Racionalização da Relação Intergovernamental e seus Impactos na Implementação de Políticas Públicas: os casos brasileiro e argentino Ximena Simpson Escuela de Política y Gobierno – UnSam Doutoranda do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro – IUPERJ [email protected] Cristiane Batista Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca – Fiocruz/RJ Doutora em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro [email protected] Versão preliminar. Não citar sem autorização das autoras Paper apresentado no XXI IPSA Congresso Mundial de Ciência Política, em Santiago, Chile, de 12 a 16 de julho de 2009. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 2 Introdução Os processos de Reforma do Estado vividos na década de 80 e 90 pela maioria dos países federais na América Latina apontavam para a necessidade de aumentar os graus de descentralização, visando uma participação mais ativa e direta das instâncias estaduais e municipais no processo decisório e na gestão e supervisão de políticas públicas, até então exclusivas do poder central. Em outras palavras, o processo de redemocratização, iniciado na década de 80 na maioria desses países, impulsionou o processo de descentralização política, fiscal e administrativa e o aprofundamento dos regimes federativos. Além disso, vários países da região experimentaram, nessa época, um desequilíbrio fiscal que culminou em um aumento considerável da dívida pública na década de 90. Como conseqüência, os distintos governos encontraram dificuldades para implementar políticas de contração fiscal. Apesar da crise econômica descrita acima ser generalizada na região e ter raízes comuns, as experiências latino-americanas são consideravelmente diversas, em especial no que se refere à forma como os diferentes sistemas políticos democráticos responderam aos problemas econômicos desse período. Em particular, observa-se uma grande variabilidade de políticas fiscais direcionadas a atenuar os efeitos da crise na América Latina. Tal constatação deixa claro a necessidade de se realizar uma análise comparada das características políticas dos governos democráticos e sua influência no desenho e implementação da política econômica, em geral, e da política fiscal, em particular. Entretanto, mesmo que a literatura existente seja um importante começo em direção a uma maior compreensão da influência dos sistemas políticos no desempenho econômico, ainda deixa espaços vazios quanto às conseqüências econômicas resultantes das singulares e diversas estruturas institucionais e padrões de governança existentes na região (AMORIM NETO & BORSANI, 2004). Neste sentido, o objetivo do trabalho é mostrar, por um lado, de que maneira os distintos arranjos político-institucionais afetam a capacidade dos governos centrais de promoverem um contexto de responsabilidade fiscal. Por outro, investigaremos se a presença ou ausência de políticas de estabilização fiscal afeta a elaboração e condução de políticas sociais, em especial, a política de saúde. A motivação do trabalho reside na importância de se discutir a concepção segundo a qual políticas de estabilização fiscal são incompatíveis com políticas de desenvolvimento social. Ou seja, de acordo com Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 3 essa visão, seria problemático promover o equilíbrio fiscal e, ao mesmo tempo, desenvolver políticas de bem-estar social. No caso deste estudo, as políticas sociais referem-se às políticas de saúde, as quais dependem de investimentos públicos diretos. Em outras palavras, buscamos refletir em como, na atual conjuntura, uma política de estabilização fiscal pode impactar a política social. Para tal, analisaremos os casos do Brasil e da Argentina no período que vai desde a sua redemocratização (1983 no caso Argentino e 1985 para o caso brasileiro) até o primeiro governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva (2006) e o governo de Nestor Kirchner (2008). Os casos do Brasil e da Argentina são paradigmáticos. Observa-se que enquanto no Brasil encontramos um sistema de múltiplos partidos (8,5 partidos em 2002 na Câmara de Deputados) com altos índices de fragmentação partidária, a Argentina possui uma tradição bipartidária seguida de uma ampliação do número efetivo de partidos legislativos, mas mantendo uma média dispersão de poder (ao redor de quatro partidos efetivos no Legislativo no ano de 2003). Em relação ao sistema eleitoral, a Argentina adota o sistema de representação proporcional (RP) de lista fechada e o Brasil a RP de lista aberta. Entretanto, os processos políticos direcionados à redução dos desequilíbrios fiscais das últimas duas décadas alcançaram resultados inversos ao esperado pelas premissas correntes. Quer dizer, as instituições brasileiras, amplamente assinaladas como fragmentárias, alcançaram índices superiores de cooperação entre as instâncias governativas quando comparadas às do país vizinho. No que tange os processos de implementação de políticas públicas nesses dois países, os resultados reforçam ainda mais a perspectiva comparativa no presente estudo. Enquanto o Brasil logrou consolidar ao longo da última década políticas de estabilização fiscal com a implementação da Lei de Responsabilidade Fiscal (no ano 2000) e, no âmbito da política social, o processo de descentralização da política de saúde se consolidou com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) 1, na Argentina o panorama não é o mesmo. Neste país, as relações intergovernamentais representam uma fonte de conflitos tão acirrada que impedem a implementação não só de uma reforma fiscal mais ampla, como de políticas fiscais de estabilização de longo prazo. No âmbito social, durante a década de 90, a responsabilidade na provisão e administração da saúde e educação públicas foi transferida para as subunidades da federação pela Lei 24.049. 1 A descentralização da política de saúde no Brasil foi sendo desenhada desde 1983 até ganhar feição definitiva na Constituição de 1988, com a criação do SUS, e completada pela Lei Orgânica de Saúde em 1990, quando ocorreram transferências dos serviços de saúde para estados e municípios (Gerschman, 2004). Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 4 Contudo, como conseqüência da precária situação fiscal da maioria das províncias, os governos subnacionais passaram a depender fortemente das transferências federais para equilibrar o orçamento. Vale ressaltar que o presente artigo é um estudo exploratório que propõe uma agenda de pesquisa. Seu objetivo principal, após uma breve análise das relações intergovernamentais no Brasil e na Argentina e de suas políticas sociais, é indagar acerca da melhor forma de entender as diferenças encontradas nas duas das mais importantes federações da América Latina. Assim, buscando determinantes políticos e institucionais de políticas de racionalização investigar os 2 das relações intergovernamentais e seus impactos nos resultados de políticas sociais, especificamente nas políticas de saúde, o texto está estruturado da seguinte maneira. A primeira parte corresponde a uma abordagem da história fiscal recente dos países em questão. A segunda seção apresenta uma breve resenha sobre o processo de descentralização da política de saúde no Brasil e na Argentina. Por conta da escassez de tempo, não foi possível desenvolver melhor a parte relativa à Argentina. Pelo fato do presente estudo encontrar-se ainda em fase de desenvolvimento, ficamos devendo também as últimas seções, que ofereceriam a metodologia e as conclusões preliminares. 1) Economia Política das Políticas Fiscais nas décadas de 1980 e 1990 A ampliação da descentralização, ocorrida principalmente durante a década de 80 na maioria das federações da região, se caracterizou pela significativa devolução de poder político às subunidades. Quer dizer, a capacidade do Executivo Nacional em implementar sua agenda passou a estar mais condicionada – principalmente no que concerne à implementação de políticas relacionadas aos processos distributivos – a sua habilidade em resolver problemas de ação coletiva. Quer dizer, a implementação das políticas de reforma foi fortemente condicionada pelos resultados oriundos dos complexos processos de barganha intergovernamental. No caso do Brasil e da Argentina, a situação de desequilíbrio fiscal vivida por ambos os países nas décadas de 80 e 90 levou os governos a buscar soluções mediante a tentativa de reforma das instituições responsáveis pela redistribuição da receita pública e a reformular a relação entre a União e as subunidades. Entretanto, estes processos políticos alcançaram resultados significativamente diversos. 2 O conceito de “racionalização” é aqui entendido como a capacidade dos governos de manter uma economia estabilizada e, ao mesmo tempo, atende a demandas sociais. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 5 Em termos da implementação de políticas de contração fiscal, a Argentina se caracterizou pelo fracasso na tentativa de construir um regime sólido de redistribuição dos recursos tributários, culminando com a implementação de um novo mecanismo de distribuição que, desde o início, foi definido como provisório. No final do ano de 1987, a Lei de Coparticipação Federal de Impostos (LCF), Lei nº. 23.548, estabeleceu um regime transitório de distribuição de recursos tributários entre a União e as províncias, o qual está vigente até os dias de hoje (CENTRÁNGOLO & JIMÉNEZ, 2004). Por sua vez, observa-se a partir do ano de 2001 uma contundente elevação da dívida pública total argentina (como % do PBI), a qual passou de 36% em 1996, para 57% em 2001 (INFORMES DEL MINISTERIO DE ECONOMIA, 2004). Já no Brasil, a partir de 1998 verificou-se maior responsabilidade dos estados em relação aos seus gastos públicos, o que gerou melhora fiscal primária de 0.6% do PIB entre 1998 e 1999. Por sua vez, no ano 2000 o governo federal conseguiu aprovar e sancionar a Lei de Responsabilidade Fiscal, cujo objetivo foi normatização das finanças públicas nos três níveis de governo e evitar a emergência de novos desequilíbrios fiscalfinanceiros nas esferas subnacionais. É relevante ressaltar que esta tendência a uma maior institucionalização das relações federativas não representa, no entanto, “assepsia” das relações intergovernamentais, mas diz respeito à existência de regras claras que sirvam de parâmetros para o jogo político (SILVA, 2002). 1.1) Política Fiscal na Argentino No contexto político, a estrutura interna da política argentina, de acordo com MUSTAPIC (2000), caracteriza-se por uma organização que reproduz a estrutura federal: os maiores partidos (Partido Justicialista – PJ e Unión Cívica Radical – UCR) contam com uma autoridade nacional, uma provincial e uma local. Essa configuração faz com que os líderes nacionais não tenham condições de controlar plenamente o comportamento dos seus membros, pois se baseia em um sistema de múltiplas lealdades, onde o líder nacional se apóia em uma coalizão de líderes provinciais que, por sua vez, se apóiam em uma coalizão de líderes locais. Este tipo de arranjo eleitoral leva os atores em questão a enfrentar um considerável conflito interno, visto que os legisladores do partido governante necessitam apoiar as políticas das províncias, ao mesmo tempo em que são pressionados a seguir a linha partidária nacional, articulada ao Presidente da República. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 6 MUSTAPIC (2000) aprofunda a análise e chama a atenção para o fato da organização descentralizada dos partidos políticos e as regras de competição interna dos mesmos (eleições diretas) e do PJ e da UCR, em particular, conspirarem contra a capacidade dos líderes nacionais de descansar na disciplina dos legisladores. Contudo, apesar dos “interesses híbridos” dos parlamentares, os legisladores demandam com sucesso mudanças importantes nas propostas de políticas fiscais em resposta às suas preocupações provinciais (EATON, 2002). Quer dizer, a legislatura argentina tem um caráter muito mais reativo do que o sugerido. Este aspecto pode encontrar resposta nos trabalhos de REMMER & WIBBELS (2000), JONES, SANGUINETTI e TOMMASI (1999) entre outros, os quais demonstram que a estrutura de distribuição de recursos federais condiciona fortemente as escolhas dos atores envolvidos no processo decisório. Observa-se, assim, que o Partido Justicialista durante o governo de Carlos Menem conseguiu manter uma base sólida e heterogênea de sustentação no Congresso Nacional, ao mesmo tempo em que conseguiu eleger seu candidato a governador em 17 das 22 províncias entre 1989 e 1991; e em 14 das 23 entre 1991 e 1995. Ademais se somam as cinco províncias governadas por partidos locais coligados, ao nível nacional, ao partido oficialista. Por sua vez, observa-se que as administrações subnacionais, no segundo período mencionado, recuperaram os recursos perdidos entre os anos de 1988 e 1990, no que se refere à porcentagem de coparticipação: entre 1990 e 1995, as transferências nacionais passaram de 7.300 milhões de dólares anuais para 15.100 milhões. A maioria desses recursos foi utilizada para ampliar a folha de funcionários, adequando-a ao processo de descentralização dos serviços de saúde e educação. Assim, enquanto o número de funcionários da administração nacional caiu de 870.000 para 200.000 entre 1989 e 1994, nas províncias a folha do funcionalismo passou de 1.000.000 de contratações para quase 1.500.000 (NOVARO, 2001). O aumento do funcionalismo público provincial na década de 90 também pode estar relacionado com a constatação de que há um melhor aproveitamento dos recursos públicos destinados ao funcionalismo provincial como ferramenta de redistribuição clientelar nas províncias governadas pelo PJ. Isto decorre pelo fato de o Partido Justicialista estar mais concentrado nas regiões mais pobres e mais sobrerepresentadas do país (CALVO & MURILLO, 2004). No que diz respeito à distribuição de recursos, observou-se que na primeira metade da década de 90 houve uma simplificação da estrutura dos recursos a serem distribuídos, porém essa tendência se reverteu na segunda metade da mesma década Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 7 como conseqüência da introdução de novos impostos. Estes impostos funcionavam como válvulas de emergência para o enfrentamento da explosão da crise fiscal. Por sua vez, no mesmo período, sucessivas decisões políticas simplificaram o acesso das províncias às fontes de financiamento internas e externas, o que levou a um considerável aumento das dívidas provinciais, chegando ao seu limite no final de 2001. No campo político, a partir de 1998, a corrente interna de oposição ao menemismo no PJ ganha maior nitidez e intensifica a competição interpartidária, oferecendo aos peronistas uma alternativa de mudança. Nessa conjuntura, pode-se argumentar que as lutas internas do PJ deixam de ser caracteristicamente “movimentistas” para assumirem um papel mais “partidário”. Assim, observa-se que o equilíbrio antes baseado nos partidos tradicionalmente majoritários se vê ameaçado. No mesmo sentido, a ampla e heterogênea base de sustentação política alcançada pelo Presidente Menem na primeira metade da década de 90, ao mesmo tempo em que lhe permitiu chegar à presidência de seu partido, também o distanciou das tradicionais bases peronistas. Em um contexto de crise econômica e processo de deslegitimização da política neoliberal adotada até então, as forças oposicionistas encontram campo fértil para seu crescimento. Tanto os dispersos grupos de esquerda como os dissidentes dos partidos majoritários (Partido Justicialista e a Unión Cívica Radical) se fortaleceram e convergiram formando o “Frente Grande” em 1993 e, finalmente, o “FREPASO – Frente País Solidário” em 1994. É relevante mencionar que este processo foi acompanhado pela elevação da dívida pública total argentina (como % do PIB), a qual passou de 36% em 1996, para 57% em 2001 (INFORMES DEL MINISTERIO DE ECONOMÍA, 2004). Este quadro se insere em um contexto onde, mesmo existindo uma série de medidas com o objetivo de regular o endividamento provincial, a reforma da Carta Orgânica do Banco Central passou a proibir a obtenção de créditos, por parte das províncias, sem a autorização do Ministério da Fazenda. A aprovação dos empréstimos dava-se, contudo, mediante decisões ad hoc junto ao sistema financeiro. O problema do endividamento agravou-se, em grande parte, com a aprovação do Programa de Financiamento Ordenado (PFO) em fevereiro de 2002, pelo qual a União passava a financiar mensalmente os déficits provinciais e os serviços de amortização da dívida pública do ano corrente. Assim, as províncias passam a adquirir empréstimos, dando como garantia os recursos recebidos pelas transferências federais. Na maioria dos casos, a possibilidade de ter a mão uma garantia confiável, incentivou o endividamento Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 8 excessivo. Posteriormente ao acordo de 2002, foi incorporada uma cláusula que impunha o limite de 15% ao uso de recursos das transferências para pagamento de dívidas renegociadas. O restante, porém, ficaria a cargo da União. Desta forma, a dinâmica de endividamento utilizada pelas províncias desde o começo da década de 90, a qual fazia uso das transferências de recursos da coparticipação como garantia, acabou gerando dois resultados: incentivou o endividamento provincial; e restringiu a provisão de bens e serviços sociais, aumentando a desigualdade entre as subunidades. JONES, SANGUINETTI & TOMMASI (2000) ressaltam, assim, a dificuldade em alcançar uma política fiscal coordenada entre os dois níveis de governo. Em seu artigo enfatizam o papel das instituições políticas no comportamento fiscal das províncias argentinas e chamam a atenção para o fato de a maioria do gasto provincial ser financiado por impostos coletados pelo governo nacional, gerando um desequilíbrio vertical. O alto grau de desequilíbrio vertical somado à grande fração de serviços sociais oferecidos pelas províncias como é o caso da saúde e educação , contribui para a emergência do chamado common pool problem, induzindo a um comportamento irresponsável por parte dos governos subnacionais. Este fato é agravado pela complexidade do sistema, o qual leva a que seja impossível para os eleitores identificar qual é o governo que gasta ou cobra e para quais propósitos. Isto, além de diminuir a accountability, rompe o mecanismo que aumenta a eficiência na provisão de bens públicos e, ao mesmo tempo, magnifica o problema do common pool. Quer dizer, o desequilíbrio resultante do tipo de redistribuição implementado, que incentiva políticas de pork-barrel, é aprofundado pela percepção de que a capacidade de arrecadação nacional é um bem coletivo. Sendo assim, a ausência de mecanismos efetivos que regulem o gasto dos governos provinciais corrobora para que as subunidades com déficits elevados recebam “ajuda” federal, mesmo só tendo participado de uma pequena fração dos custos políticos relacionados à arrecadação e mesmo tendo um comportamento irresponsável frente os recursos coparticipados. É interessante mencionar que os autores acima mencionados constataram que o gasto público é maior nas províncias mais favorecidas pela Lei de Coparticipação Federal. De acordo com CETRÁNGOLO & JIMÉNEZ (2004), o sistema de distribuição da arrecadação tributária se tornou um dos mais complexos e frágeis da história argentina. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 9 Estas características decorrem do fato da alta concentração da arrecadação dos tributos a serem distribuídos ter desencadeado relevantes conflitos pelo destino desses fundos e ter alentado a busca de mecanismos que elidam a legislação. O conflito entre os diferentes setores, nacional e provincial, por recursos foi tão acirrado que, hoje em dia, é difícil encontrar um imposto que não esteja atrelado a uma determinada área. No mesmo sentido, assistimos nos dias de hoje, a uma progressiva territorialização do sistema de partidos argentino, um processo mediante o qual, o comportamento das forças políticas dos seus líderes e de seus eleitores se torna cada vez mais locais (CALVO & ESCOLAR, 2005). 1.2) Política Fiscal no Brasil O contexto brasileiro da década de 1980 se caracterizou pelo início de profundas transformações para a federação, oriundas tanto do compromisso assumido com a redemocratização como pelo novo paradigma econômico. Neste período, estados e municípios adquirem poder de participar mais ativa e diretamente do processo decisório nacional, em conseqüência do processo de descentralização ocorrido principalmente a partir do II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND/1975-1979). Esse aumento da autonomia representou tanto um aumento na demanda por maior quantidade de recursos públicos disponíveis, como um aumento do peso político estadual no processo decisório. A eleição direta para governadores em 1982 permitiu que, com o respaldo das urnas, os estados passassem a requerer maior descentralização fiscal. Os estados mais desenvolvidos exigiam a descentralização do poder de tributar, o que lhes permitiria explorar mais intensamente suas bases de tributação. Porém, lançando mão de sua maioria parlamentar sedimentada no período militar, os estados menos desenvolvidos conseguiram aprovar uma descentralização baseada na ampliação das transferências fiscais já existentes. Neste sentido, é importante ressaltar que o presente aumento de autonomia pela via da descentralização não foi paralelo à transferência de responsabilidade aos estados. Com o aparente fortalecimento do Congresso Nacional frente o Executivo Federal, os estados aumentaram seu poder diante da União: os governos estaduais conseguiram se articular para formar coalizões de veto às mudanças que modificassem a estrutura de distribuição de recursos e encargos dentro da Federação, criando dificuldades ao prosseguimento da reforma de Estado em várias áreas. Ao conquistar Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 10 mais poder, os estados puderam adotar uma postura mais independente frente o governo federal. Porém, em lugar de apenas fazerem valer a soberania recém conquistada, as unidades estaduais passaram a assumir uma prática predatória no que se refere à União. De acordo com SILVA (2002), o aumento contínuo da dívida dos estados durante o período de 1991 a 1996 esteve diretamente relacionado ao próprio arcabouço institucional brasileiro, mas não necessariamente a problemas na legislação pertinente. Segundo a Constituição de 1988, é de competência do Senado Federal estabelecer os limites do endividamento dos estados e municípios, o que, de acordo com a mesma autora, dá um caráter político às discussões acerca do patamar dos gastos estaduais. Essa conjuntura culminou com o colapso das finanças públicas estaduais no começo da década de 90. Basicamente cinco fatores contribuíram para isso. Um, com validade para todos os estados, foi a recessão iniciada no governo Collor (1990-1992). Outro se refere ao engessamento do orçamento público estadual, resultado, sobretudo, do crescimento exorbitante da folha salarial do funcionalismo, o que impede a realização de investimentos de maior impacto por parte dos governos estaduais. Um terceiro fator diz respeito à paralisação dos investimentos federais nos estados a partir da segunda metade da década de 80. Para piorar a situação, secaram as fontes de financiamento internacionais ou nacionais, caracterizando um quarto fator propulsor da crise das finanças estaduais. E por fim, um fator que obrigou os governos estaduais a rever suas estratégias de atuação no campo econômico. Trata-se da saída de empresas de seus estados de origem, motivada por incentivos fiscais de outros estados. Tal quadro somente pôde ser estabelecido porque os investimentos públicos federais do II PND – em especial, na área de infra-estrutura – tinham beneficiado, em termos da distribuição de riqueza, um conjunto considerável de estados periféricos, os quais anteriormente não poderiam competir em igualdade de condições com as unidades estaduais mais ricas. A partir da implementação de condições mínimas, esses estados periféricos passaram a poder competir pela atração de novos recursos do setor privado (ABRÚCIO & FERREIRA da COSTA, 1998). Começava aí a chamada guerra fiscal entre os estados. Esta competição ocorre mediante manipulação dos respectivos ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e mediante concessão de benefícios disfarçados na forma de empréstimos subsidiados e até participações acionárias. O principal efeito desta “guerra” tem sido a redução da receita estadual efetivamente disponível, como um todo, e o aumento das Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 11 pressões fiscais dessas esferas de governo sobre a União (CAVALCANTI & PRADO, 2000). Outro ponto a ser destacado é o da política de rolagem das dívidas pelos estados desde os anos 80. Tal política consistiu na transferência do ônus da crise fiscal, por parte das esferas subnacionais, para o governo federal, ônus decorrente também da relação dos estados com seus bancos estaduais. Este processo funcionava da seguinte forma: como resultado da reforma tributária de 1966, os estados foram autorizados a contrair empréstimos junto a seus bancos comerciais, dos quais eram sócios majoritários. A partir de então, os estados usaram seus bancos como uma das principais fontes de recursos, em geral, tomando empréstimos, que não eram pagos, e, mais do que isso, recorrendo a subsídios que os próprios bancos não disponibilizavam, o que obrigava o Banco Central a cobrir o déficit, lançando mais moeda no mercado e gerando mais inflação e aumento exponencial das dívidas estaduais. Tal situação fez com que os estados passassem a dever a seus bancos estaduais US$ 22,8 bilhões, dos quais US$ 18 bilhões pertenciam ao estado de São Paulo. Desse contexto de insolvência resultou que o governo federal passou a sofrer constantes pressões direcionadas à suspensão do pagamento das dívidas estaduais por parte dos governos, forçando-o a aprovar um programa de ajuste em agosto de 1996. Este previa, dentre outras medidas, a privatização dos bancos estaduais com financiamento de 100% ou de 50% do custo do saneamento financeiro do banco, caso o estado decidisse permanecer com o controle acionário. A utilização dos recursos obtidos com a privatização para pagar empréstimos feitos junto ao governo federal foi tomada como garantia do pagamento das receitas do estado e sua quota no Fundo de Participação dos Estados – FPE. Quer dizer, a Constituição de 1988 previa um sistema de transferências intergovernamentais fundamentado por critérios compensatórios ou em acordo com a lógica de repartição. As disparidades regionais no Brasil exigiam um mecanismo para contrabalançar, em alguma medida, as limitações impostas pela base de tributação aos governos estaduais. Como contrapartida ao ICMS, então, o FPE é alocado, obedecendo a determinados critérios como o inverso do PBI per capita. O Fundo de Participação é formado por 44% da receita do Imposto de Renda e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e distribuído entre estados (21,5%) e municípios (22,5%). Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 12 Segundo ABRÚCIO & FERREIRA COSTA (1998), a grave crise fiscal que atingiu os estados proporcionou incentivos para que os governos subnacionais aceitassem mudanças nos mecanismos que regulam as relações intergovernamentais. Assim, os acordos de refinanciamento patrocinados pelas leis 7.977/89; 8.727/93 e 9.496/97 podem ser entendidos como parte de um processo de consolidação das dívidas estaduais e institucionalização das relações federativas. Faz-se relevante repetir o fato da institucionalização das relações federativas não representar “assepsia” das relações intergovernamentais, mas a implementação de regras claras que sirvam de parâmetros para o jogo político (SILVA, 2002). Mesmo que nem todos os estados tenham aderido ao sistema de refinanciamento de suas dívidas, as negociações individuais continuaram. Desta forma, houve um arcabouço geral estruturado em quatro pontos: ü quitação de dívidas via privatizações das estatais; ü cumprimento de cláusulas mais rígidas de desempenho fiscal; ü penalidades bem definidas àqueles que não cumprirem regularmente com os pagamentos; ü assunção pela União, através de títulos públicos federais, de dívida que dificilmente seria refinanciada e pagaria preços muito altos no mercado. Como resultado, a partir de 1998 verificou-se maior responsabilidade dos estados em relação aos seus gastos públicos, o que gerou melhora fiscal primária de 0.6% do PIB entre 1998 e 1999. Posteriormente, foi sancionada a Lei de Responsabilidade Fiscal (2000) tendo como objetivo a normatização das finanças públicas nos três níveis de governo e evitar a emergência de novos desequilíbrios fiscalfinanceiros nas esferas subnacionais. Para tanto, entre outras medidas, proíbe o refinanciamento pela União de dívidas subnacionais como estratégia de controle ao endividamento e, mediante a Lei Complementar 101, retirou do Senado a prerrogativa sobre as decisões de gasto estadual, o que visava eliminar o componente político do processo decisório em torno ao endividamento. Vale lembrar também, a propósito, que a Lei de Responsabilidade Fiscal tem sua origem na Lei Camata (Lei Complementar nº. 82), a qual propôs normas rígidas e mecanismos de controle dos gastos permanentes. Gastos permanentes são aqueles que passam de um exercício fiscal para o outro, principalmente os relacionados com a contratação de pessoal. A Lei de Responsabilidade Fiscal não altera o limite imposto pela Lei Camata, que é de 60% da receita corrente líquida. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 13 Assim, a Lei de Responsabilidade Fiscal ao contribuir para a institucionalização das relações federais, fortaleceu a autonomia dos governos subnacionais. Entretanto, esta maior autonomia foi, paradoxalmente, reforçada por um processo de centralização. No mesmo sentido, é interessante notar que o sistema partidário brasileiro vai adquirindo uma maior previsibilidade. Apesar da alta dispersão de poder, o Congresso passa a organizar-se ao redor de mais ou menos oito partidos, mostrando ao longo do tempo, que os mecanismos de competição exerciam um efeito regulador sobre o sistema de partidos e das coalizões formadoras de governo. Este fato foi acompanhado do aumento significativo da disciplina partidária no Brasil, observado durante o período de 1989-1994, quando os principais partidos (PT, PDT, PFL, PDS, PMDB, PSDB e PTB), mostraram um índice de Rice entre 85,4 e 98 (FIGUEIREDO & LIMONGI, 1995). Nesse contexto, o trabalho de FIGUEIREDO (2005) mostra que o atual sistema partidário brasileiro tem uma estrutura de votação consistente entre os três níveis de representação. Quer dizer, o sistema partidário está se consolidando com bases políticoeleitorais nítidas e se estruturando com base em votações para o Legislativo com nexo partidário entre os três níveis de representação. 2) Descentralização das Políticas de Saúde no Brasil e na Argentina Durante a década de 80, a América Latina vivenciou um aumento em número e intensidade na demanda por serviços sociais, dando destaque às políticas destas áreas nos orçamentos públicos. Esse aumento não foi conseqüência apenas do advento da democracia e do processo de inclusão política, mas também do efeito de freqüentes crises econômicas. Mas, se por um lado, a crise pressionou os governos a aumentar os gastos públicos, por outro, o desequilíbrio fiscal por ela gerado os obrigava a conter os gastos sociais, situando-os em um contexto de compressão de despesas. O paradoxo encontra-se no fato de que, nos momentos de maior necessidade, houve um aumento nas restrições dos gastos públicos. No primeiro qüinqüênio dos anos 90, aqueles países latino-americanos que se dispuseram a realizar políticas de redução da pobreza o fizeram preocupados em conciliar crescimento econômico com redução da inflação e do desemprego. Entretanto, esses países enfrentaram dificuldades em manter o avanço simultâneo das três frentes (crescimento econômico, emprego e estabilidade fiscal) 3. Neste período, o Brasil, por 3 As observações referentes à década de 90 foram baseadas na publicação anual da Cepal, “Panorama Social da América Latina” (2000-2001). Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 14 exemplo, oscilava entre fases de crescimento e recessão sem conseguir êxito nas suas contas macroeconômicas, de um modo geral, nem no controle da inflação, em particular. A Argentina, já com a inflação controlada pelo Plano de Convertibilidade, alcançou índices de crescimento econômico acompanhados, porém, pelo aumento do desemprego. As dificuldades enfrentadas pelos países da região que buscavam ao mesmo tempo promover avanços nas políticas sociais e equilibrar as contas fiscais em uma nova conjuntura política e econômica, suscitaram grandes debates relacionados ao tema da reorganização do Estado e à redefinição de suas funções. Na década de 90, os processos de reforma dos sistemas de saúde, por exemplo, foram intensificados na região. O objetivo, em geral, era atingir a universalização da cobertura, mais eqüidade e melhor qualidade dos sistemas e serviços, impulsionar a descentralização, modificar a relação entre financiamento e prestação de serviços, implementar novas formas de remuneração no setor, assim como políticas inovadoras de inversão setorial. Para alcançar a meta de elevar o nível da saúde de toda a população, recorreu-se à focalização do gasto público nos setores mais desprotegidos. A redemocratização, iniciada na década de 80 na América Latina, impulsionou o processo de descentralização política, fiscal e administrativa e da “restauração” do federalismo, juntamente com o compromisso de melhorar os serviços públicos e de promover a distribuição de renda. Vejamos como se deu tal processo nos países em estudo. O Caso Brasileiro No Brasil, a Federação como instituição e, no terreno próprio das políticas sociais, o gasto social como política pública, passaram por profundas transformações trazidas tanto pelo compromisso assumido com a redemocratização como pelo novo paradigma econômico. A proposta descentralizadora brotou da crítica ao padrão de proteção social construído pelos governos autoritários: hipercentralizado, institucionalmente fragmentado e iníquo do ponto de vista dos serviços e benefícios distribuídos. O objetivo era a correção das distorções do sistema de proteção social, de forma a torná-lo um instrumento de redução das desigualdades sociais. A descentralização foi vista como instrumento de universalização do acesso e do aumento do controle dos beneficiários sobre os serviços sociais. À exceção da área de Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 15 previdência, nas demais áreas da política social brasileira, como educação fundamental, assistência social, saúde, saneamento e habitação popular, foram implantados programas que objetivavam transferir paulatinamente um conjunto significativo de atribuições de gestão federal aos níveis estadual e municipal de governo. Trabalhos evidenciam que, embora devagar e de forma inconstante, as esferas subnacionais substituíram o governo federal em certas áreas no decorrer das décadas de 1980 e 1990. 4 O aumento do papel dos governos subnacionais na provisão de serviços sociais pode ser visto na Tabela 1. Tabela I – Despesa social por nível de governo Gasto Social Federal Estadual Municipal 1980 1985 1992 1994 1995 1996 100 66 24 11 100 62 25 13 100 57 26 16 100 60 23 16 100 59 24 17 100 57 23 19 Média 94/96 100 59 24 18 Fonte: Oliveira (1999). 5 Apesar de o governo federal permanecer como o principal investidor, 65% dos seus recursos para a área social são gastos com o sistema previdenciário, 17% com saúde e 8,5% com educação. Os estados investem a metade dos recursos da área social em educação e os municípios em habitação e urbanismo, seguido de transporte e saneamento. 6 Dados das contas subnacionais entre 1986 e 1995 mostram que, antes mesmo da Constituição de 1988, as capitais estaduais vêm priorizando gastos na área social. No entanto, o papel do governo municipal tem aumentado, não só devido ao maior volume de recursos investidos, mas também devido à redução relativa dos gastos federais. Esses dados também mostram que as capitais estaduais estão desenvolvendo maiores esforços do que os estados para manter seus investimentos na área social e que existe uma grande tensão entre despesas com serviços sociais e pagamento de juros da dívida. 7 Vejamos agora a dinâmica da carga fiscal das três esferas de governo antes da descentralização: 4 Afonso, 1994; Rezende, 1997; Almeida, 1996. Ver tabela em Souza, 2001: 21. 6 Draibe, 1999. 7 Ministério da Fazenda, 1997. 5 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 16 Tabela II – Distribuição percentual da carga fiscal total entre as três esferas de governo: 1967-1985 Anos 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 União 36,9 40,6 45,8 45,7 47,7 49,7 49,1 50,2 50,3 51,4 50,2 47,3 47,5 49,3 49,2 48,0 48,4 46,8 44,9 Estados 45,2 42,6 39,8 39,6 38,3 36,5 37,1 36,2 36,0 34,4 34,8 36,7 36,3 35,5 34,9 35,7 35,2 36,5 37,5 Municípios 17,9 16,9 14,4 14,7 13,9 13,8 13,7 13,6 13,7 14,3 15,0 16,0 16,2 15,2 15,9 16,3 16,4 16,7 17,6 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: PAULA, T. B. de, “Estrutura e Evolução das Contas Fiscais”, Ed. FUNDAP, SP, junho de 1988, p. 137. Podemos observar que a União chegou a concentrar mais da metade da carga fiscal brasileira no período 1974-1977, enquanto que em 1967 detinha participação inferior a 37%. No entanto, a partir de 1978, tal participação começa a ceder espaço para um crescimento do percentual da carga fiscal sob responsabilidade dos municípios. Com a Nova Constituição, os estados e municípios passam a receber efetivamente mais recursos, embora tal movimento não tenha sido correspondido por uma efetiva transferência de encargos. Estima-se que a partir de 1988 os estados tenham se apropriado de 0,5% do PIB, em termos de recursos adicionais, e os municípios tenham recebido 1,0% do PIB de novos recursos. 8 A tabela abaixo mostra a evolução dos gastos federais ao longo do período 19801993. O final do modelo centralizado corresponde ao início da crise econômica dos anos 80. Naquele momento, observa-se que o gasto absoluto com saúde apresenta uma ligeira queda, embora permaneça constante enquanto proporção do PIB. 8 Médici, 1996. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 17 Tabela III – Evolução dos Gastos Federais com Saúde: 1980-1993 (Em US$ milhões de 1992) Anos 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 Gasto Federal 7 356,3 6 846,3 7 148,3 5 715,6 5 956,6 6 857,3 7 340,9 10 624,4 10 030,2 11 320,3 9 451,6 7 847,0 6 571,2 8 307,6 Índice 1980 = 100 100,0 93,1 97,2 77,7 81,0 93,2 99,8 144,4 136,3 153,9 128,5 106,7 89,3 112,9 % do PIB 2,01 1,96 2,03 1,68 1,66 1,77 1,76 2,45 2,33 2,55 2,09 1,82 1,54 1,85 Fonte: Balanços Gerais da União. A fase que corresponde ao modelo de transição reflete, no âmbito da economia brasileira, o momento mais drástico da crise econômica do início dos anos 80, seguido das estratégias heterodoxas de ajuste. Nesse período, observa-se uma queda no gasto federal absoluto com saúde, seguido de uma recuperação, a qual nada mais é do que o reflexo do retorno ao crescimento da economia e da arrecadação governamental em 1985 e 1986. No entanto, verifica-se que o gasto em saúde como proporção do PIB atinge os valores mais baixos da década. Com a implantação do modelo descentralizado, os gastos federais com saúde atingem seus níveis mais elevados, tanto em termos absolutos como em termos de proporção do PIB; o dispêndio ultrapassa a casa dos 2,5% da renda nacional. O advento do governo Collor marcou a passagem para o modelo de descentralização tutelada, caracterizando uma acentuada queda nos níveis de gasto federal com saúde, tanto ao nível absoluto como em termos de percentual do PIB, atingindo esses níveis inferiores aos obtidos no início da década de 80. 9 Concomitantemente à descentralização da receita dos estados e municípios, cresceu também a parcela das despesas realizadas pelas entidades federativas. Porém, o governo central continuava a desempenhar um papel importante nos gastos locais. Basicamente, a União prevaleceu nas áreas de administração, planejamento e segurança pública, enquanto os estados atuavam com maior intensidade na área de educação, e os municípios, nas áreas de saúde, habitação, urbanismo e também de ensino. Na prática, porém, o governo central 9 Idem. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 18 ainda despendia com programas que cabiam, via de regra, aos governos locais, como programas de educação e saúde. Veja a composição da despesa funcional nas áreas de educação e saúde por nível de governo nos gráficos abaixo. Gráfico I – Composição da Despesa Funcional em Saúde e Saneamento por Nível de Governo (1995) SAÚDE E SANEAMENTO (IBGE) Municípios 30% União 45% Estados 25% A partir do gráfico I, observamos o desempenho significativo da União nos gastos sociais, sobretudo na área de saúde, na qual sua participação chega, em 1995, a quase metade do total da despesa. Na educação sua participação é menor, mas chega a atingir ¼ do total. Proporção inversa é verificada na participação dos estados na despesa em cada área: ¼ em educação e quase 50%, em saúde. No Brasil, o processo de descentralização deve ser entendido em dois momentos. O primeiro, de 1967 a 1976, foi marcado pela estratégia de gestão centralizada dos serviços de assistência médica da Previdência Social, em concomitância com o esvaziamento técnico, administrativo e financeiro dos serviços locais de saúde. O segundo momento, que teve início em 1976 e segue até os dias atuais, tem sido marcado pela discussão sobre a necessidade de políticas de descentralização dos serviços de saúde incorporadas às práticas governamentais. Os primeiros diagnósticos feitos sobre o assunto, ainda em finais dos anos setenta, mostram grandes desigualdades regionais de cobertura dos sistemas de saúde, especialmente entre o Nordeste e o Sul/Sudeste. 10 Embora houvesse uma inclinação generalizada pela descentralização, não existiu, porém, uma verdadeira política nesse sentido que orientasse a reforma das diferentes políticas sociais. Ao contrário, lógicas particulares presidiram a redistribuição de competências e atribuições – ou a ausência delas – nas diferentes áreas. Das quatro 10 Idem. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 19 áreas, educação, saúde, assistência social e habitação, a da saúde foi a única cuja reforma resultou de uma política deliberada e radical de descentralização, definida no âmbito federal, envolvendo Executivo e Legislativo. A descentralização da política de saúde foi sendo desenhada desde 1983 até ganhar feição definitiva em 1988, com a criação do Sistema Único de Saúde – SUS –, completada pela Lei Orgânica de Saúde em 1990. A criação do SUS é geralmente entendida como a mais bem-sucedida reforma da área social empreendida sob o novo regime democrático. Ainda que a implantação do novo sistema esteja longe de se completar, e muitos sejam seus impasses, no estágio atual já significa uma transformação profunda do sistema público de saúde. O Caso Argentino Na Argentina, a reforma do setor de saúde parte de um sistema fragmentado, organizado por setor de atividade, e, consequentemente, o acesso a um determinado subsistema de saúde ocorre a partir da permanência em relação ao mercado formal de trabalho, segundo o setor de atividade (e ao seu respectivo sindicato). 11 Nos anos 90, surgiram várias propostas de reestruturação do sistema de saúde na Argentina, apresentadas por diferentes setores da sociedade (sindicatos de trabalhadores e empresarial) e pelo Banco Mundial. Todas convergiam nos seguintes temas: a) a promoção de fusões entre Obras Sociales, de forma a promover grupos maiores de segurados, nos quais fosse possível um maior compartilhamento de risco, que lhes dessem maior viabilidade econômica; b) a criação do Programa Médico Obrigatório; c) a regulação e o fortalecimento institucional, através da constituição de um marco regulatório que atuasse sobre as Obras Sociales. A reforma do setor de saúde no país foi institucionalizada em 1992, com a criação da Organización Solidaria de Atención Médica (OSAM), que introduziu um subsídio à demanda pelas Obras Sociales, acoplado à instituição da livre-escolha. Em 1993 foi instituída a livre-escolha por parte dos beneficiários de Obras Sociales, quando foi adotado o Programa Médico Obrigatório. 12 De acordo com Santos e Ugá (2007), a livre-escolha tende a levar os assalariados de maior renda a migrarem para os planos que tenham maiores ofertas de serviços, o que tende à segmentação dos subsistemas de saúde segundo o nível de renda. Para contrabalançar essa tendência, foi criado o Programa Médico Obrigatório, no qual, 11 12 Santos e Ugá, 2007. Idem. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 20 como já referido anteriormente, o Estado subsidia o acesso no caso de a cotização mensal de cada trabalhador ser inferior ao equivalente a US$ 40,00. De todo modo, subsistem ainda importantes diferenças no acesso aos serviços de saúde, no campo do seguro social e no atualmente robusto setor privado (de seguro e de serviços de saúde). INSERIR TABELA 1 COM OS DADOS No que tange à descentralização da reforma sanitária, pode-se dizer que, ainda que o Ministério da Saúde seja a autoridade máxima, as províncias argentinas possuem autonomia para formular e implementar políticas de saúde pública, bem como são as responsáveis pela provisão de serviços. Nesse sistema, cabe aos municípios a execução de programas e serviços de sua competência, mas se deve recordar que a autonomia e a responsabilidade municipal são definidas por cada província. Nessas condições, a reforma dos anos 90 incidiu fundamentalmente sobre o sistema de seguridade social e saúde e não alterou muito o sistema federativo no que diz respeito às relações intergovernamentais. Cetrángolo e Devoto (1998) chamam a atenção para o fato da peculiar organização adotada pela seguridade social argentina no que tange às políticas de saúde. De acordo com os autores, é difícil entender os problemas relativos ao setor saúde sem levar em contas as organizações sindicais. Grande parte dos problemas da saúde pública argentina das últimas três décadas (desde 1970, quando se concedeu aos sindicatos a afiliação obrigatória de seus afiliados à obra social – plano de saúde – administrado por cada setor) está relacionada com problemas de corrupção e restrições institucionais provenientes da organização sindical. Um exemplo disso são os subsídios outorgados pelo Fundo de Redistribuição, que não se dirigiram, necessariamente, a obras sociais dos mais pobres, mas sim aos “mais poderosos”. O resultado da política de afiliação obrigatória ao sindicado da atividade correspondente e a tradição do sindicato único aumentou o poder político e econômico dos sindicatos, através da contribuição de uma “população cativa”. Ao longo de seu desenvolvimento, a seguridade social conseguiu praticamente substituir o setor privado, alcançando uma ampla cobertura. Entretanto, a ausência de mecanismos de controle e a deficiência própria de seu desenho, geraram não só, sérias desigualdades entre seus usuários como uma deficiente aplicação de recursos, o que impossibilitou uma articulação entre os diversos prestadores e demais integrantes do sistema de seguridade Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 21 social, públicos e privados. Por sua vez, as dificuldades da situação macro-econômica e do mercado de trabalho da época geraram problemas adicionais de financiamento. As falências observadas, hoje em dia, na saúde pública da Argentina se devem ao defeituoso processo de transferência de serviços às subunidades. De acordo com Cetrángolo e Devoto (1998), a descentralização do gasto social naquele país foi o resultado da forte pressão exercida pelo governo central para modificar, em seu favor, a relação fiscal com as subunidades. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 22 Referências Bibliográficas ABRÚCIO, Fernando Luiz & COSTA, V. “Reforma do Estado e o Contexto Federativo Brasileiro”. Pesquisas – Fundação Konrad Adenauer Stiftung, nº 12, 1988. ABRÚCIO, Ferna0ndo Luiz. (1998), Os Barões da Federação. Os governadores e a redemocratização brasileira. São Paulo, Ed. Hucitec. AFONSO, José R. (1994). Descentralização Fiscal na América Latina. Estudo de caso do Brasil. Santiago. Naciones Unidas/Comision Econômica para América Latina y el Caribe. ALMEIDA, M. Hermínia Tavares de (1996). “Federalismo e Políticas Sociais”, in R. B. Affonso e P. L. B. Silva (orgs). Descentralização e Políticas Sociais. São Paulo, FUNDAP and UNESP: 13-40. AMORIM NETO, O. e BORSANI, H. (2004), “Presidents and Cabinets: The Political Determinants of Fiscal Behavior in Latin America”. Studies in Comparative International Development, nº 39: 3-27. ________________ & Santos, Fabiano. “O segredo Ineficiente revisto: o que propõem e o que aprovam os deputados brasileiros.” DADOS, Rio de Janeiro, Vol. 46, nº. 4, 2003, pp. 661 a 698. ARRETCHE, Marta & RODDEN, Jonathan. “Política Distributiva na Federação: estratégias eleitorais, barganhas legislativas e coalizões de governo”. DADOS, Rio de Janeiro, Vol. 47, nº 3, 2004, p. 549 a 576. BORSANI, H. (2003) Eleições e Economia. Instituições Políticas e Resultados Macroeconômicos na América Latina (1979-1998). 1. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG. CALVO, Ernesto & Marcelo ESCOLAR. (2005). La nueva política de partidos en la Argentina: crisis política, realineamientos partidarios y reforma electoral. Buenos Aires: Prometeo. CALVO, Ernesto & MURILLO, M.V. (2005). “The New Iron Law of Argentine Politics? Partisanship, Clientelism, and Governability in Contemporary Argentina. In: The Politics of Institutional Weakness Argentine Democracy. Pennsylvania State University Press. ________ (2004). “Who Delivers? Partisan Clients in the Argentine Electoral Market”, American Journal of Political Science (AJPS), 48(4): 742-757. CAREY, John & SHUGART Matthew S. (1998), Executive Decree Authority. Cambridge University Press. CAVAROZZI, Marcelo (1996). “Más allá de las transiciones a la democracia en América Latina.” In: M. Cavarozzi, El capitalismo político tardío y su crisis en América Latina. Rosario: Homo Sapiens. CETRÁNGOLO, Oscar & DEVOTO, Florencia (1998) Reformas de la política de salud en Argentina durante los años noventa, con especial referencia a la equidad, CECE, Serie de Estudios N° 27, Buenos Aires. CETRANGOLO e JIMENEZ. “Las relaciones entre niveles de gobierno en Argentina. Raíces históricas, instituciones y conflictos persistentes”. CEPAL – Serie Gestión Pública, octubre, 2004. EATON, Kent. (2005). “Menem and the Governors: Intergovernamental Relations in the 1990s”. In: Levinsky, S. & Murillo María Victoria. The Politics of Institutional Weakness Argentine Democracy. Pennsylvania State University Press, 2005. _______ (2002) Fiscal Policy Making in the Argentine Legislature. In: Legislative Politics in Latin America, edited by MORGENSTERN, S. and NACIF, B. Cambridge, UK, New York, NY: Cambridge University Press, 287-314. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 23 FIGUEIREDO, Argelina & LIMONGI, Fernando. “Constitucional Change, Legislative Performance and Institucional Consolidation”. Brazilian Review of Social Sciences, special issue, nº 1. Octobrer, 2000. FIGUEIREDO, A., e LIMONGI, F. (1999). Executivo e Legislativo na nova ordem constitucional. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas. ________ (1995). “Os Partidos Políticos Na Câmara dos Deputados”. DADOS, v. 38, n. 3, p. 497-526. FIGUEIREDO, Argelina Cheibub, LIMONGI, Fernando & VALENTE, Ana Luzia. Governabilidade e concentração de poder institucional: o Governo FHC. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 11(2): 49-62, out. 1999 (editado em fev. 2000). FIGUEIREDO, M.. “O eleitor a Preferência e o voto”. Revista Insight Inteligência, julho-agosto-setembro, 2005. GARMAN, C., Stephan HAGGARD, and Eliza, WILLIS. (2001). “Fiscal Decentralization: A Political Theory with Latin American Cases”. World Politics 53, Nº 2: 205-35. GERSCHMAN, Silvia (2004), A Democracia Inconclusa. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz. GIAMBIAGI, Fabio & RIGOLON, Francisco. (1999), “A Renegociação das Dívidas e o Regime Fiscal dos Estados”. In: Giambiagi & Moreira (Orgs.). A Economia Brasileira nos Anos 90. Rio de Janeiro: BNDES. GIBSON, Edward (ed.). 2004. Federalism and Democracy in Latin America. Baltimore: Johns Hopkins University Press. _______ & CALVO, Ernest. “Federalism and low-maintenance constituencies: Territorial dimensions of economic reform in Argentina”. Studies in Comparative International Development 35 (3):32-55.2000. ______., CALVO, Ernesto F. and FALLETI, Tulia G. “Federalismo realocativo: sobrerepresentação legislativa e gastos públicos no hemisferio ocidental”. Opinión Pública, Mayo: 9 (1), 2003. INFORMES DEL MINISTERIO DE ECONOMÍA. www.mecon.gov.ar JONES, SANGUINETTI e TOMMASI. (1999), “Politics, Institutions, and Fiscal Performance in a Federal System: an analysis of the Argentine provinces.” Journal of Development Economics, Vol. 61: 305-333 _______et al. “Amateur Legislators-Professional Politicians: The Consequences of Party-Centered Electoral Rules in a Federal System”. American Journal of Political Science 46 (3):656-669, 2002. MEDICI, André Cezar, e MACIEL, Marco Cícero M. P. (1996), “Descentralização e Políticas Sociais”. In: Affonso e Silva (Orgs). São Paulo: FUNDAP. MELO, Marcus André. “O Leviatã brasileiro e a Esfinge argentina: os determinantes institucionais da política tributária.” RBCS, Vol., 20, nº. 58 junho/2005. MONTERO, P & SAMUELS, David. (Eds.) (2004) Decentralization and Democracy in Latin America. NotreDame, University of Notre Dame Press. MUSTAPIC, Ana María. “Oficialistas y Diputados”: las relaciones EjecutivoLegislativo en la Argentina”. Desarrollo Económico, vol. 39, n. 156, enero-marzo 2000. NORTH, D. C. (1990) Institutions, Institutional Change, and Economic Performance. New York: Cambridge University Press, 1990. NOVARO, Marcos (2001), “Presidentes, equilibrios institucionales y coaliciones de gobierno en Argentina (1989 – 2000). In: Lozano, Jorge (Comp.) Tipos de Presidencialismo y Coaliciones Políticas en América Latina. Buenos Aires: Grupos de Trabajo, CLACSO. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 24 REMMER, F. e WIBBELS, E. (2000), "The Subnational Politics of Economic Adjustment: Provincial Politcs and Fiscal Performance in Argentina". Comparative Political Studies 33:419-451. REZENDE, Flávio C. (1997). “Descentralização, Gastos Públicos e Preferências Alocativas dos Governos Locais no Brasil (1980-1994)”. Dados, vol. 40 (3):264279. REZENDE, F. 1995. O financiamento das políticas públicas : problemas atuais. In : SILVA, P. L. B. & AFFONSO, R. B. (orgs.). A federação em perspectiva : ensaios selecionados. São Paulo : FUNDAP. RIKER. (1962), The Theory of Political Coalitions. SAIEGH, Sebastián & TOMMASI, Mariano. (1999). “Why is Argentina’s Fiscal Federalism so Inefficient? Entering the labyrinth”. Journal of Applied Economics, Vol. II, n. 1: 169-209. May. SAMUELS & MAINWARING, Scott. (2004), ''Strong Federalism, Constraints on the Central Government,and Economic Reform in Brazil'', in E. Gibson (ed.), Representing Regions: Federalism and Territorial Politicsin Latin America. Baltimore, The Johns Hopkins University Press. SANTOS, F., (2002), “Parties and Committees in the Coalition Presidential System”. Dados, vol.45, no. 2, p.237-264. SILVA, Mônica Silva Y Araújo de Couto e (2000). “A lei de responsabilidade fiscal e relações financeiras intergovernamentais no contexto federativo brasileiro”. Brasília : Editora da UnB. Monografia agraciada com menção honrosa no V Prêmio Tesouro Nacional. Tópicos Especiais de Finanças Públicas. Rio de Janeiro. SOUZA, Celina (2001), “Federalismo e Gasto Social no Brasil: tensões e tendências”. Lua Nova, nº 52: 5-28. SOUZA, Celina. “Intermediação de Interesses Regionais no Brasil. O impacto do federalismo e da descentralização”. Dados, v. 41, nº3, 1998. SPILLER, P. & TOMMASI, M. (2007). The Institutional Foundations of Public Policy in Argentina: A Transactions Cost Approach. (Political Economy of Institutions and Decisions). Cambridge University Press. __________________________“The Institutional Foundation of Public Policy: A Transaction Cost Approach and Its Application to Argentina”. In: Levinsky, S. & Murillo María Victoria. The Politics of Institutional Weakness Argentine Democracy. Pennsylvania State University Press, 2005. ________________________ (2000). “Los Determinantes Institucionales del Desarrollo Argentino: Una aproximación desde la nueva economía institucional”. CEDI Documento de Trabajo nº 33. TOMMASI, M., Sebastian, SAIEGH and Pablo SANGUINETTI (2001): “Fiscal Federalism in Argentina: Policies, Politics, and Institutional Reform,” in Economia, spring, pp.147-201. WIBBELS; E. (2005) Federalism and the Market: Intergovernmental Conflict and Economic Reform in the Developing World. Cambridge University Press.