UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA
A CANOAGEM COMO MANIFESTAÇÃO ESPORTIVA
DE IDENTIDADE CULTURAL DO ESTADO DO PARÁ
EVALDO JOSÉ FERREIRA RIBEIRO MALATO
RIO DE JANEIRO
DEZEMBRO - 2009
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA
A CANOAGEM COMO MANIFESTAÇÃO ESPORTIVA
DE IDENTIDADE CULTURAL DO ESTADO DO PARÁ
Por
EVALDO JOSÉ FERREIRA RIBEIRO MALATO
Dissertação apresentada como requisito
parcial para obtenção do Grau de Mestre em
Ciência da Motricidade Humana.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Vera Lúcia Menezes Costa.
Orientador: (in memoriam): Prof. Dr. Manoel José Gomes Tubino.
RIO DE JANEIRO
DEZEMBRO - 2009
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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA
A CANOAGEM COMO MANIFESTAÇÃO ESPORTIVA
DE IDENTIDADE CULTURAL DO ESTADO DO PARÁ
EVALDO JOSÉ FERREIRA RIBEIRO MALATO
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do Grau de
Mestre em Ciência da Motricidade Humana.
Banca Examinadora
Rio de Janeiro,
_________________________________________
Prof.ª Dr.ª Vera Lúcia Menezes Costa
Orientadora
Orientador: (in memoriam):
Prof. Dr. Manoel José Gomes Tubino.
_________________________________________
Prof. Dr. Olavo Feijó
_________________________________________
Prof. Dr. Jorge França
3
RIO DE JANEIRO
DEZEMBRO - 2009
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela oportunidade de estudo e aperfeiçoamento concedida.
A minha mãe, pela paciência, boa vontade e fé em todos os momentos
importantes da minha formação educacional.
Aos meus filhos, Evaldo Jr, Rafael, Thomaz e Tainá, razões maiores de minha
luta.
A minha irmã Eliana Ribeiro, pela orientação paciente nesta elaboração do
saber.
A Dra. Nazaré Dias, pelo apoio empreendido os diversos momentos desta
construção.
Ao Dr. André Mesquita, que ultrapassando os limites da amizade transformouse em co-orientador incansável nesta pesquisa.
Aos avaliadores do questionário aplicado nesta pesquisa, Profº Dr. Pedro Paulo
Maneschi, Profª Msc. Mirleide Chaar Baia, Profº Msc. Denis terezani e Profª
Msc..Vera Fernandez.
Aos Examinadores de minha banca examinadora de defesa de mestrado, Dra.
Vera Costa, Dr. Olavo Feijó e Dr. Jorge França, pelas suas significativas
correções e sugestões.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho,
A meu pai, Eládio Malato (in memoriam), caboclo ribeirinho, remador do
município de Ponta de Pedras, que tanto navegou pelas “ruas de rio” do Pará.
Ao grande mestre Manoel José Gomes Tubino (in memoriam), que comungou
com minha ideologia e se abraçou comigo no compromisso de alavancar o
desenvolvimento desta nova modalidade no mundo do esporte.
5
RESUMO
A CANOAGEM COMO MANIFESTAÇÃO ESPORTIVA
DE IDENTIDADE CULTURAL DO ESTADO DO PARÁ
Por
EVALDO JOSÉ FERREIRA RIBEIRO MALATO
Universidade Castelo Branco
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana
Orientador: Prof. Drª Vera Lúcia Menezes Costa
Número de palavras: 206
Esta pesquisa tem como objetivo compreender a Canoagem Tradicional como
uma manifestação do lazer na cultura esportiva do Pará, descrevendo o
fenômeno enquanto prática cultural no Pará. Da mesma forma
investigar a
prática cotidiana dos ribeirinhos no uso de suas canoas, relacionados aos
aprofundamentos dos estudos realizados com as
manifestações Esporte-
Educação e Esporte-Lazer utilizando-se como meio a canoagem. Trata-se de
um estudo exploratório descritivo que procurou responder algumas questões
importantes à solução de sua problematização, em um universo de 30
entrevistados, sendo estes ribeirinhos. Registra em planilhas os dados
coletados de forma individual, tratados por meio de procedimentos descritivos,
verificando a distribuição percentual entre os avaliados para perceber como é a
utilização das canoas nas diversas comunidades ribeirinhas, inclusive em
aspectos relativos à construção das canoas e técnicas de remadas utilizadas e
como se constituiu a identidade cultural da Canoagem Tradicional do Pará a
partir da percepção de seus praticantes quanto à construção discursiva,
sentimento de pertencimento, comunidades imaginadas e tradição inventada.
Investigou também como a Canoagem chegou ao Brasil e nas regiões
ribeirinhas da região do Pará e como esta se relaciona com o fenômeno sóciocultural do esporte nas suas manifestações de exercício do direito às práticas
esportivas (Esporte-Educação, Esporte-Lazer e Esporte de Desempenho).
Palavras-chave: Esporte. Lazer. Prática esportiva. Canoagem. Cultura.
6
ABSTRACT
CANOEING EXPRESSION AS A SPORT
CULTURAL IDENTITY OF THE STATE OF PARA
Por
EVALDO JOSÉ FERREIRA RIBEIRO MALATO
Universidade Castelo Branco
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana
Adviser: Prof. Drª Vera Lúcia Menezes Costa
Number of words: 217
This research has the purpose to understand traditional canoeing as a
manifestation of leisure in cultural sports of Pará State, describing the
phenomenon of riparian canoeing as cultural practice in this State. It intends to
investigate the everyday practice of the riparian people of Pará State and the
usage of their canoes relating the depth of the study to the Sport-Educational
manifestations and the Sport-Leisure manifestations having the canoeing as its
way. It’s about an exploratory and descriptive study that intends to answer a few
important questions regarding the theme, amongst 30 riparian people
interviewed. All collected data is registered in sheets individually and treated
with descriptive procedures, verifying the percentage distribution among the
evaluated to have the idea of how the canoes are used around many riparian
communities, including the building aspects and the rowing techniques used
and how the cultural identity of the traditional canoeing of Pará State was
established from the perception of the people regarding to the discursive
construction, sense of belonging, imaginary communities and invented tradition.
It also investigates how canoeing was introduced to Brazil and to the riparian
regions of Pará State as well, and how it relates with the socio-cultural
phenomenon of sport on its manifestations of exercise of the right to the
sportive practices. (Education-Sport, Sport-Leisure and Performance Sport.
Key-Words: Sport. Leisure. Sportive practicing. Canoeing. Culture.
7
SUMÁRIO
Resumo.......................................................................................................
06
Abstract.......................................................................................................
07
CAPÍTULO I – O PROBLEMA DO ESTUDO
10
Introdução..................................................................................................
10
Inserindo na Ciência da Motricidade Humana............................................
13
Objetivos do estudo ...................................................................................
14
Objetivo Específico ....................................................................................
15
Questões norteadoras ...............................................................................
15
Delimitação de estudo ................................................................................
15
Conceitos Básicos ......................................................................................
15
CAPÍTULO II – OS CAMINHOS METODOLÓGICOS
18
Modelo de Estudo ......................................................................................
18
Amostra ......................................................................................................
19
Instrumentos do Estudo .............................................................................
19
Validação do Questionário .........................................................................
21
Coleta de Dados ........................................................................................
22
Tratamento estatístico ......................................................................
22
Comitê de Ética
22
............................................................................
Esquema de Desenvolvimento E Organização do Estudo ........................
23
CAPÍTULO III – REFERENCIAL DE APOIO DO ESTUDO
24
A Questão do meio ambiente......................................................................
24
8
A Canoagem: Origem, Início e Desenvolvimento.......................................
27
A Canoagem no Pará .................................................................................
29
O esporte-lazer e a canoagem no Pará......................................................
32
Canoagem tradicional - com quantos paus se faz uma canoa...................
33
CAPÍTULO IV - IDENTIFICAÇÃO DAS CATEGORIAS REFERENCIAIS
PARA A IDENTIDADE CULTURAL
Referências para uma identificação cultural ………………………………
46
46
CAPÍTULO V - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS…………………...
49
CAPÍTULO VI - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...........................
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................
57
ANEXOS.....................................................................................................
60
ANEXO I......................................................................................................
61
ANEXO II.....................................................................................................
63
ANEXO III....................................................................................................
66
ANEXO IV...................................................................................................
70
9
CAPÍTULO I
O PROBLEMA DO ESTUDO
Introdução
A Amazônia, denominada por muitos como o “pulmão do Mundo” por
sua extensa riqueza de grandes vegetações, é irrigada por inúmeros e grandes
rios, e as margens destes encontram-se nossa população ribeirinha que vive
sobrevivendo do extrativismo local, como da pesca, da fauna e da flora.
Segundo diversas estatísticas, a Amazônia hoje representa o maior
reservatório de água doce do mundo, a quantidade de rios e afluentes é tão
grande que difícil se torna a tarefa de os enumerarmos e, por isso, o meio de
transporte usual da região são as embarcações.
Existem diversos tipos de embarcações que vão das simples canoas a
grandes navios, isto tudo criado pelo motivo da população se locomover e
transportar seus produtos.
Sabe-se que desde o inicio da humanidade os homens necessitaram
criar formas de adaptação ao meio natural inventando instrumentos que
possibilitassem a sua sobrevivência, e assim, tiveram que criar o meio de se
transportar sobre as águas. Surgiram então as canoas, já que a grande riqueza
de nossas florestas, com seus troncos de arvore. Até hoje essas canoas são
utilizadas, sendo denominadas de canoa tradicional, por ser uma tradição
centenária, necessária e bastante comum à nossa comunidade ribeirinha. Tal
artefato também se transforma entre os ribeirinhos em poderoso mecanismo de
prática esportiva, seja como lazer ou competição.
Considerado como um fenômeno sociocultural muito importante no
panorama de final de século, o esporte envolve a prática de atividades
predominantemente físicas, que são permeadas por competições com
finalidade recreativa ou profissional, ou ainda atividades físicas não
competitivas, objetivando apenas o lazer. Trata-se de um fenômeno que traz
grandes
contribuições
aprimoramento
físico,
para
a
intelectual
formação,
e
psíquico
o
desenvolvimento
de
seus
e/ou
praticantes
e
espectadores, além de permitir a criação de uma identidade esportiva para a
inclusão social.
10
Sendo uma ação social institucionalizada, que identifica regras para sua
aplicabilidade, traz indiscutível relevância nas relações interpessoais e
internacionais, garantindo renovadas dimensões sociais que vêm a provocar
uma revisão conceitual em todos os campos do conhecimento inerentes à sua
interdisciplinaridade (TUBINO, 1992).
Entre as modalidades esportivas existentes, os esportes da natureza
representam uma ação que pode aliar a simples prática do esporte às questões
ecológicas, já que se faz necessário trazer para a vivência do indivíduo a
formação de uma consciência ambiental, trabalho este que pode ser
desenvolvido pela educação, através de propostas nas quais o esporte seja
apresentado de forma lúdica, educativa e contributiva para o processo de
amadurecimento humano.
É neste contexto que se pode definir o esporte como uma ação coletiva,
à qual os indivíduos ao participarem buscarão o ambiente como razão de ser
de múltiplas atividades de lazer, afetivas, possibilitando o surgimento e o
fortalecimento de culturas esportivas, com a promoção, a recuperação e até a
manutenção da saúde.
Há ainda a perspectiva do esporte como dimensão constitutiva do lazer
para o homem. Ao definir-se como um conjunto de ocupações as quais o
indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para divertir-se ou recrear-se,
ou ainda para desenvolver sua formação e sua livre capacidade criadora, que
não busca outra recompensa além da satisfação provocada pela própria
atividade de lazer. Nesta dimensão de lazer, o esporte traz em seu bojo
relações éticas diferenciada daquelas contidas no trabalho sendo um espaço
privilegiado de trocas culturais.
Entre estas modalidades de esporte, existem aquelas que possibilitam a
interação do homem com o meio ambiente, levando-os à reflexão dos impactos
da presença humana na natureza, constituindo a garantia de uma atitude
pessoal com relação ao meio ambiente.
Neste sentido, o esporte tem oportunidade de contribuir no resgate dos
verdadeiros valores humanos, proporcionando sensibilidades já não mais tão
vividas e apreciadas no cotidiano formando o elo entre o homem e si mesmo,
favorecendo assim a união das partes de um homem fragmentado ao longo
dos anos por suas próprias mãos.
11
Entre as modalidades de esporte da natureza, a canoagem representa
ao longo de toda a história a humanidade, a aspiração humana de dominação
de rios e mares, na qual se empreendeu esforços para o desenvolvimento de
técnicas de navegação empreendendo grandes esforços e sacrifícios.
Com o surgimento de materiais modernos a canoagem teve um enorme
crescimento e especialização, sendo desenvolvido um enorme número de tipos
de embarcações procurando atender às necessidades de cada uso. É uma
modalidade esportiva regida internacionalmente pela I. C. F. (International
Canoe Federation) e nacionalmente pela C. B. Ca (Confederação Brasileira de
Canoagem) atualmente constituída de 10 modalidades, diferenciadas pelo meio
que são praticadas, podendo ser em mares, rios, lagos e piscinas, e pelos
regulamentos que regem cada uma. Dentre essas modalidades não está
incluída a canoagem tradicional praticada pela população ribeirinha dos rios
que cruzam este país. Este fato evidencia a pouca ênfase na identidade
cultural esportiva do país, na maioria das vezes instalada regionalmente. Uma
possível explicação para esta constatação pode estar na reduzida força de uma
prática cultural esportiva vivenciada entre a população ribeirinha.
Assim sendo, a presente pesquisa tem propósito de investigar a
identidade cultural do esporte canoagem tradicional ribeirinha bem como
evidenciar
caminhos possíveis para a valorização desse esporte junto à
administração Central de Canoagem, promovendo-o nas manifestações de
Esporte-Educação, Esporte-Lazer, Esporte de Desempenho ou Rendimento.
A investigação em questão justifica-se por partir de uma realidade
regional da região do Pará, praticada culturalmente e que, após o estudo
receberá novos conhecimentos que certamente poderão influenciar esta
significativa prática esportiva, criando condições para um aumento quantitativo
e qualitativo deste esporte.
No ano de 1997, por meio de um curso de capacitação de monitores
realizado em nossa cidade, pela Confederação Brasileira de Canoagem foi
iniciada em nossa cidade o trabalho com essa nova modalidade esportiva já
existente em nossa região, fundando o primeiro núcleo na Universidade
Federal do Pará às margens do rio Guamá e lá foi implantado o primeiro pólo
de canoagem no Pará. O autor dessa iniciativa é o professor Eduardo Malato,
autor dessa pesquisa.
12
Com o sucesso das atividades foram criados novos núcleos de origens
ribeirinhas nas ilhas de Outeiro, Combu, Mosqueiro e nos municípios de Jubim
e Quianduba.
A modalidade da canoagem implantada foi a canoagem de velocidade
na qual foram utilizados caiaques de fibras e remos de pá dupla, modalidade
esta que apesar de sempre ser bem aceita pelos praticantes, provocou-me as
seguinte inquietações: (a) por quê exportar essa cultura que se origina dos
povos esquimós do Canadá em detrimento e desvalorização a nossa? (b) Por
quê utilizar nossas canoas tradicionais, originárias da cultura da região e tão
familiarizadas por nossos ribeirinhos? Mas apesar de tal organização à
referência do modelo estrangeiro os ribeirinhos inventaram suas tradições,
formaram seus pertencimentos, pois com a necessidade de criar e de instituir
suas criações esportivas, vão imaginando e construindo outros mundos para
além daquele que lhes é familiar, o do simples transporte para uma prática
esportiva. É dentro desse contexto da criação humana que os praticantes de
esportes nos rios amazonenses foram construindo suas ações na direção da
vivência de algo novo, isto é, uma modalidade esportiva que ainda necessita de
reconhecimento de sua identidade.
Hoje, na relação das inúmeras modalidades esportivas da Confederação
Brasileira de Canoagem, já existe a Canoagem Tradicional.
Fico a perguntar por que não se usa este valioso processo de
valorização cultural e resgate da identidade esportiva da região?
A grande problemática disso tudo é fazê-los entender que a simples e
cotidiana canoinha de madeira utilizada pelos ribeirinhos somente nas suas
atividades cotidianas é passível de ser transformada em uma modalidade
esportiva de reconhecimento nacional e até mesmo mundial, com suas
técnicas de remadas aprimoradas, calendários de competições devidamente
organizados com planos de mídia e marketing e principalmente visando uma
melhor integração entre as comunidades, além das possibilidades de aplicação
na rede escolar da região.
1.1 - Inserção na Motricidade Humana
A Ciência da Motricidade Humana ao estudar a energia para o
movimento intencional da transcendência, afirma que o ser humano supera e
supera-se, no processo de construção da sua identidade própria.
13
Segundo Maturana (1999) apud Manuel Sérgio (2003), afirma que a
emoção fundamental, que torna possível a história da hominização, é o amor
sem a aceitação do outro na convivência, não há fenômeno social.
É necessário compreender a fenomenologia dos indivíduos praticantes
da canoagem como objeto teórico e formal da CMH (Ciência da Motricidade
Humana), mais especificamente em uma perspectiva sócio-cultural, verificando,
analisando, interpretando e classificando suas condutas motoras intencionais.
O objeto prático do estudo são as condutas motoras e o comportamento motor
relativos à prática da Canoagem. A compreensão fenomenológica do objeto de
estudo pesquisado foi num contexto cultural, não utilizando a compreensão
fenomênica (bio-física). Na opinião de Beresford (2000), a compreensão
fenomenológica acontece quando:
“Compreendemos
fenomenologicamente
um
fenômeno quando indagamos sobre suas causas
e variações de sentido essencial em uma
determinada
circunstância,
facticidade
e
corporeidade, ou seja, quando buscamos os
nexos
mediatos
de
antecedência,
de
conseqüência e de interdependência, capazes de
nos esclarecer sobre o contexto cultural
(historicidade + natureza) de uma vida existência
humana, ou sobre a estrutura dos aspectos
relacionados com o fenótipo de um fato
(fenômeno ou de um objeto de estudo
investigado)”.
O produto final da cultura do Ser do Homem é o somatório dos aspectos
fenomênicos e fenomenológicos.
O tema do estudo: A Canoagem como uma manifestação esportiva de
identidade cultural do Estado do Pará pode ser inserido na CMH na área do
esporte e da cultura, segundo a linha de pesquisa.
1.2 – Objetivos
A pesquisa será desenvolvida no sentido de atingir um objetivo geral e
seus conseqüentes objetivos específicos.
1.2.1 – Objetivos Gerais
Compreender a Canoagem Tradicional como uma manifestação do
lazer na cultura esportiva do Pará.
14
1.2.2 – Objetivos Específicos
1. Investigar a prática cotidiana dos ribeirinhos no uso de suas canoas.
2. Descrever o fenômeno da canoagem ribeirinha enquanto prática cultural
no Pará.
3. Relacionar
os
aprofundamentos
dos
estudos
realizados
com
as
manifestações Esporte-Educação e Esporte-Lazer utilizando como meio a
canoagem.
1.3 – Questões orientadoras
A pesquisa propôs-se a responder algumas questões importantes à
solução de sua problematização: Como é a utilização das canoas nas diversas
comunidades ribeirinhas, inclusive em aspectos relativos à construção das
canoas e técnicas de remadas utilizadas?
1. Como se constituiu a identidade cultural da Canoagem Tradicional do
Pará a partir da percepção de seus praticantes quanto à construção
discursiva, sentimento de pertencimento, comunidades imaginadas e
tradição inventada?
2. Como a Canoagem chegou ao Brasil e nas regiões ribeirinhas da região
do Pará?
3. Como a Canoagem Tradicional do Pará se relaciona com o fenômeno
sócio-cultural do esporte nas suas manifestações de exercício do direito
às práticas esportivas (Esporte-Educação, Esporte-Lazer e Esporte de
Desempenho)?
1.4 - Delimitação do Estudo
O estudo ficou delimitado às observações e experiências do autor junto
às comunidades ribeirinhas do Pará, uma vez que a escassez de literatura
específica sobre o tema se apresenta escassa.
1.5 – Conceitos Básicos
Canoagem Tradicional do Pará: é o uso de qualquer embarcação movida a
remo, tendo como objetivo a subsistência da comunidade local, o transporte, a
15
caça e a pesca, ou seja um venerado instrumento utilitário, veementemente
vinculado
às nossas raízes etno-históricas, cedendo espaço para a
manifestação da canoagem contemporânea (TEREZANI, 2008).
Canoagem: é o simples fato de conduzir qualquer objeto flutuante auxiliado por
um remo, ou ainda o simples ato de andar de canoa. Em geral tal atividade
ocorre dentro da água ou em qualquer outro líquido similar (MERKLE, 1993).
Esporte de Desempenho (Rendimento): O esporte de rendimento é
disputado
obedecendo
rigidamente
as
regras
e
os
códigos
existentes,específicos de cada modalidade esportiva. Por isso é considerado
um tipo de esporte institucionalizado, do qual fazem parte federações
internacionais e nacionais
que organizam as competições no Mundo todo.
(Tubino, 1993)
Esporte na Natureza: São também chamados Esportes Radicais, onde o risco,
a incerteza e o desafio extremo são elementos presentes a esta corrente
esportiva. Pelas suas características, esta corrente tem grande apelo na mídia.
Os quatro ambientes (terra, água, ar e gelo/neve) propiciam uma série de
esportes (TUBINO, 2007).
Esporte: fenômeno sócio-cultural, que tem no jogo o seu veículo cultural e na
competição o seu elemento essencial e que nas suas diferentes formas,
contribui para a formação e aproximação dos seres humanos ao reforçar o
desenvolvimento de valores como a moral, a ética, a solidariedade, a
fraternidade e a cooperação, o que torna num dos meios mais eficazes para a
convivência humana (TUBINO, 2006).
Esporte-Educação: O esporte na educação é apenas mais um meio de
formação para a cidadania e para o lazer, e não pode se constituir numa
reprodução do esporte de rendimento. Esta manifestação esportiva exige
princípios próprios e estratégias formais e não-formais específicas de disputa
esportiva, devendo acompanhar as próprias evoluções esportivas ocorridas nas
ações educativas (TUBINO, 2007)
Esporte de Identidade Cultural: são aqueles que, pela sua vinculação
cultural,
chegam
a
representar
alguns
países
(Ex.:
Sumo/Japão;
Cricket/Inglaterra; Petanque/França). Os esportes de criação nacional e os
esportes indígenas fazem parte desta corrente ou categoria. Também esportes
de origem de outra nacionalidade se fixam em alguns países, incorporando-se
16
às suas culturas e assim também passam a constituir-se como esportes de
identidade cultural (Ex.: Futebol/Brasil; Baseball/Japão e Venezuela etc)
(TUBINO, 2007).
Esporte-Lazer: é a “dimensão social do esporte referenciado com o princípio
do prazer lúdico, e que tem como finalidade o bem-estar social dos seus
praticantes”. Sua realização se dá através de uma livre “escolha” – onde se
encontra embutida a ação voluntária e a ação opcional – denotada pela
liberdade de realização (TUBINO, 2006).
Inclusão Social: É o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder
incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais
e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papeis na
sociedade. A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no qual as
pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar
problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades
para todos (SASSAKI, 1997).
17
CAPÍTULO II
OS CAMINHOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo serão relatados os procedimentos metodológicos a partir
de uma seqüência lógica, a saber: 1) Modelo de estudo; 2) A amostra; 3)
Esquema de desenvolvimento da pesquisa; 4) Instrumentos do estudo; 5)
Validação do roteiro de entrevistas; 6) Coleta de dados; 7) Tratamento
estatístico.
2.1 – Modeçlo de Estudo
Esta investigação caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, do tipo
de investigação Survey com questionário e com delineamento ex post facto,
onde descrevem situações de eventos coletivos a partir de dados primários;
podendo ser qualitativos ou quantitativos (no caso qualitativo).
Thomas e Nelson (2002) advertem quanto a importância da pesquisa
descritiva ao afirmar que ela é “um estudo de status e é amplamente utilizada
na educação e nas ciências comportamentais”. Os autores consideram que o
valor da pesquisa descritiva se baseia na observação, na análise e na
descrição objetiva e completa dos fatos o que possibilita a resolução dos
problemas e, conseqüentemente, leva à melhoria das situações práticas.
Flegner & Dias (1995) corroboram também com esta idéia ao discorrer
que o método descritivo “é utilizado para a obter informações acerca de
condições existentes, com respeito as variáveis ou condições numa situação”.
O tipo de pesquisa utilizada é a investigação (survey) que é usado “não
só para descrever condições atuais, mas também para fazer as comparações
destas condições com critérios predeterminados ou para avaliação de
eficiência dos problemas” (FLEGNER & DIAS 1995)
Os fenômenos de situações reais do campo de intervenção serão
analisados ligando os fatos ao seu conhecimento, observam-se as disposições
recíprocas das diferentes partes do todo e as suas relações com os problemas
envolvidos com os mesmos.
Segundo Ludke e André (1986) “ao considerar os diferentes pontos de
vista dos participantes, os estudos qualitativos permitem iluminar o dinamismo
interno das situações geralmente inacessível ao observador externo”. Neste
18
caso, as autoras ressaltam que o pesquisador deve ter especial atenção ao
significado que as pessoas dão coisas à vida.
Assim a investigação foi entendida como uma pesquisa descritiva, que
depende de estudos bem estruturados e planejados que exigem um
conhecimento
aprofundamento
do
problema
estudado
por
parte
do
pesquisador, que deve saber o q deseja avaliar e como deverá proceder para
fazê-lo.
2.2 - Amostra
Esta pesquisa terá como amostra a entrevista de 30 (trinta) moradores
ribeirinhos da localidade de CACHOEIRA DO ARARI – MARAJÓ – PARÁ.
A escolha desses grupos de pesquisa é apoiada em Minayo (1994) ao
enfatizar que deve haver adequação prática ao objeto de estudo. Diante dessa
indicação, estabelecer-se-á como critério para escolher nossos parceiros de
pesquisa, aqueles que praticam efetivamente a canoagem.
Essa opção também se justificou, analisando a seguinte recomendação
de Minayo (1994): a seleção dos sujeitos, na abordagem qualitativa, privilegiou
os sujeitos sociais que detém os atributos que o investigador conheceu,
considerando-os em número suficiente, para permitir certa reincidência das
informações, entendendo-o em sua homeogeneidade fundamental relativa dos
atributos, o conjunto das experiências e expressões que se pretendem objetivar
com a pesquisa.
Acrescenta-se que todos os participantes escolhidos para a realização
deste estudo preencherão os critérios iniciais necessários para a seleção do
grupo de pesquisa que no caso serão a vivência indiscutível na canoagem e a
disponibilidade para a entrevista.
2.3 – Instrumento do Estudo
O instrumento utilizado para a coleta dos dados foi a entrevista
estruturada contendo questões direcionadas ao tema de estudo, definida por
Lakatos e Marconi (1996) como sendo aquela em que o entrevistador segue
um roteiro previamente estabelecido e as perguntas ao indivíduo são
predeterminadas. Ela se realiza segundo autores, de acordo com formulário
19
elaborado e é efetuada de preferência com pessoas selecionadas de acordo
com um plano.
Ludke e André (1986) acrescentam que a entrevista estruturada visa à
obtenção de resultados uniformes entre os entrevistados, permitindo assim
uma comparação imediata.
Na visão de Minayo (1994), a entrevista constitui um instrumento de
coleta de informações privilegiado porque a fala pode ser reveladora de
condições estruturais, de sistema de valores, normas e símbolos e, ao mesmo
tempo, ter a magia de transmitir, através de um porta-voz, as representações
de grupos determinados, em condições históricas, socioeconômicas e culturais
específicas.
Para a realização das entrevistas, foi elaborado um questionário roteiro
onde utilizou-se as seguintes questões do tipo fechadas:
a) Perguntas fechadas dicotômicas, segundo Lakatos e Marconi (1996) são
aquelas que o informante escolhe sua resposta entre duas opções: sim
e não. Estes tipos de perguntas serão utilizadas nos itens 1, 3, 4 e 5.
b) Perguntas fechadas de múltipla escolha são perguntas que apresentam
uma série de possíveis respostas, abrangendo várias facetas do mesmo
assunto (LAKATOS, MARCONI, 1996). Este tipo de pergunta foi
utilizada no item 8.
A escolha das perguntas fechadas se justificará pelas vantagens que
apresentam pois segundo Rea e Parker (2000) uma delas é que o conjunto de
alternativas de respostas é uniforme e portanto facilita comparações entre os
entrevistados. Outra vantagem é que a lista fixa de possibilidades de respostas
tende a tornar a pergunta mais clara para o entrevistado. Caso ele tenha
alguma dúvida sobre a pergunta ela pode ser esclarecida pelas categorias de
respostas além disso, essas categorias podem fazer com que ele se lembre de
alternativas que, caso contrário, não seriam consideradas ou seriam
esquecidas.
Rea e Parker (2000) ainda nos apontam a existência e artifícios para que
as desvantagens das perguntas fechadas sejam minimizadas, pois de certa
forma, perguntas fechadas forçam os entrevistados a escolher a representação
mais próxima da sua resposta real, na forma de uma resposta fixa específica.
20
Serão utilizados ainda perguntas de múltipla escolha com mostruário na
confecção dos itens 2, 6, 7, 9, 10 e 11 nas quais, segundo Lakatos e Marconi
(1996) as respostas possíveis estão estruturadas com a pergunta, devendo o
informante assinalar uma ou várias delas.
Finalmente o roteiro de perguntas (anexos 1) foi elaborado com o intuito
de obter informações a respeito das seguintes referências:
1) Construção Discursiva
Nos itens 1 e 2 destinou-se à obtenção de informações a respeito do
entendimento de construção discursiva pelos entrevistados
2) Sentimento de Pertencimento
Do item 3 ao item 6 destinou-se à obtenção de informações a respeito
do entendimento de sentimento de pertencimento pelos entrevistados.
3) Comunidades Imaginadas
O item 7 teve como objetivo obter informações a respeito do
entendimento de comunidades imaginadas pelos entrevistados.
4) Tradição Inventada
Nos itens 8 a 11 a proposta foi obter informações a respeito do
entendimento de tradição inventada pelos entrevistados.
2.3.1 – Validação do Questionário
O roteiro de entrevista e das referências teve seu conteúdo validado
através
de
uma
análise
detalhada
de
quatro
(4)
juízes-validadores,
considerados notórios na Educação Física e no esporte e que tinham
conhecimento da canoagem como atividade pesquisada.
Os valores e a percepção dos juízes-validadores escolhidos, quanto à
coerência, clareza e validade das perguntas, e dos conceitos das referências
formuladas em relação à temática do estudo, serão hierarquizados em dois
formulários, que serão anexados ao questionário a às referências intituladas
“Parecer” (Anexos). Nestes formulários anexados, o juiz-validador manifestou
seu parecer escolhendo entre as opções: manter, retirar ou reformular, para
cada pergunta e conceitos do roteiro de entrevista. Quando a opção reformular
for escolhida três (3) vezes, a pergunta e o conceito ou o item será
reformulado, seguindo as sugestões apresentadas.
21
Dessa forma serão validados o roteiro de entrevista e as referências
como instrumento do estudo, possibilitando o desenvolvimento da pesquisa.
2.4 – Coleta de dados
Após a aplicação do questionário, na amostra, os dados foram coletados
pelo próprio autor, no contato direto com os indivíduos selecionados. À respeito
da aplicação do questionário de uma forma direta, Richardson (1985), enuncia
que desta forma, existe menos possibilidade de os entrevistados não
responderem o questionário ou de deixarem algumas perguntas em branco.
Assim sendo, o mesmo autor, complementa afirmando que no contato
direto, o pesquisador pode explicar e discutir os objetivos da pesquisa e do
questionário, responder as dúvidas que os entrevistados tenham em certas
perguntas.
Para complementar a coleta de dados foi feita entrevistas de caráter
informal com os canoístas , com intuito de reforçar os resultados obtidos. Desta
forma, tentou-se eliminar possíveis tendências para ceder a sugestões no seu
uso. Este processo é sustentado por Gressler (1983), quando enuncia que:
Entre os principais propósitos da entrevista encontramse o de auxiliar na identificação das variáveis e suas
relações, sugerir hipóteses e guiar outras fases da
pesquisa, coleta de dados afim de comprovar hipóteses
e suplementar outras técnicas de coleta de dados.
Em resumo, pode-se afirmar que o questionário evidenciou ter o seu raio
de atuação suficiente para caracterizar os conjuntos de acontecimentos no
início deste capítulo. Entretanto, notou-se que a sua estabilidade interna se
mostrou aceitável, possibilitando chegar as informações necessárias ao estudo.
Assim sendo, as questões formuladas apresentaram um grau de objeção
harmônico com a capacidade interpretativa dos informantes.
2.5 – Tratamento Estatísticos
Foi realizada somente a Estatística Descritiva em função da
convergência ao tipo de pesquisa, o que encontra respaldo em Costa Neto
(2002) e Bunchaft Kellner (1999). Portanto, aplicou-se a análise de freqüência
absoluta e relativa.
2.6 – Comitê de Ética
Comitê de Ética em pesquisa (COMEP) da Universidade Castelo Branco
22
2.7 – Esquema de desenvolvimento e organização do estudo
A pesquisa pode ser expressa por esquema de desenvolvimento e
organização do trabalho que expõe os passos seguidos numa lógica, de acordo
com as necessidades que o próprio estudo requeria durante o seu
desenvolvimento. Para se entender melhor o desenvolvimento do estudo, fazse necessário uma visualização através do esquema a seguir:
CAPÍTULO I - O PROBLEMA
- Introdução
- Objetivos
- Questão de Estudo
- Justificativa e Relevância
- Delimitação de Estudo
- Conceitos Básicos
CAPÍTULO II – CAMINHOS
METODOLÓGICOS
- Modelo de Estudo
- Esquema de desenvolvimento estudo
- Amostra
- Instrumento do estudo
- Validação do Roteiro da Entrevista
- Coleta de Dados
- Tratamento Estatístico
CAPÍTULO IV – IDENTIFICAÇÃO DAS
CATEGORIAS REFERENCIAIS PARA A
IDENTIDADE CULTURAL
- Construção Discursiva – A cultura nacional
como discurso
- Sentimento de Pertencimento – As culturas
nacionais como representação do pertencimento
- Comunidades Imaginadas – As culturas
nacionais como comunidades imaginadas
- Tradição Inventada – A identidade cultural
como tradição inventada
CAPÍTULO III – REFERENCIAL DE
APOIO AO ESTUDO
- A Questão do Meio Ambiente
- A Canoagem: Origem, Início e
Desenvolvimento
- A Canoagem Tradicional do Pará e no
Brasil
- O Esporte-Lazer e a Canoagem
Tradicional do Pará
CAPÍTULO V – RESULTADOS E
ANÁLISES
- Elaboração de um questionário
- Validação do mesmo
- Aplicação do questionário
- Resultados
CAPÍTULO V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
23
CAPÍTULO III – REFERENCIAL DE APOIO AO ESTUDO
A finalidade deste capítulo foi desenvolver uma revisão de literatura de
apoio ao estudo, sobre a Canoagem, onde foi feita uma síntese sobre a origem
a o desenvolvimento da Canoagem no Brasil.
3.1 A questão do Meio ambiente
O
meio líquido sempre exerceu um grande fascínio sobre o ser
humano. Á água, em especial, tem o sinônimo de vida e de desafios. Esses
desafios podem ser
traduzidos na exploração de mares, lagos e rios, em
busca da caça e da pesca, visando a sobrevivência. Já a construção e o uso de
embarcações foram imprescindíveis, como nos relata Kohnen (1989), pois as
canoas sempre fizeram parte da vida e da evolução do ser humano, ou seja, os
primeiros relatos do surgimento de uma canoa modelada, toda em prata, foram
encontrados às margens do Eufrates, datando, aproximadamente, 4000 a. C.
Dessa forma, essa busca pelo risco e pela aventura em meio aos
mares, lagos e
rios,
foram os grandes incentivos para o surgimento das
primeiras embarcações desenvolvidas pelo ser humano.
Não se pode abordar um assunto que envolva os temas esporte, lazer
e meio ambiente sem discutir a função do poder publico no âmbito de suas
atribuições. No âmbito da legislação nacional, especificamente, na Constituição
Federal e nas políticas do meio ambiente, lazer e turismo, a Constituição se
reporta aos direitos e garantias de todos os seus cidadãos em vários artigos e
capítulos, como os elaborados no Capítulo VI, artigo 225, onde diz que: “Todos
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”. O seguro deste direito se dá por um série de deveres do Estado,
destacando-se aqui, de acordo com os assuntos em questão, os incisos VI e
VII, ao definirem, respectivamente: “promover a educação ambiental em todos
os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente” e “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de
espécies ou submetam os animais a crueldade”. De acordo com o exposto
24
anteriormente, que se referem às ações humanas que podem ser lesivas ao
meio ambiente, permitem refletir e aludir às práticas corporais na natureza.
Concomitantemente, o setor do turismo também vem, há alguns anos,
desenvolvendo ações e articulando uma movimentação, no que tange à prática
do ecoturismo e do turismo de aventura.
A construção de uma Política Nacional envolvendo as Atividades de
Aventura não é só de responsabilidade do Ministério do Esporte, Ministério do
Turismo, Ministério do Meio Ambiente. Abrangem demais interessados e
responsáveis, como demais parlamentos do governo. Segmentos comunitários
tradicionais,
entidades
movimentos
sociais
privadas,
organizados,
organizações
entidades
não-governamentais,
esportivas,
cientistas,
pesquisadores e técnicos mobilizados, populações interessadas, entre outros
(LAVOURA, 2008).
A cada dia, na sociedade contemporânea, novas práticas de atividades
esportivas se consolidam e ganham mais adeptos. Segundo Bahia (2008) o
aumento gradativo da busca dessas atividades no contexto contemporâneo
tem mobilizado pesquisadores de diversas áreas (Educação Física, Turismo,
Biologia, Engenharia Florestal) a uma reflexão mais detalhada sobre os
impactos sociais, culturais e ambientais dessas práticas, demonstrando por
meio de pesquisas empíricas, que a crescente utilização de algumas áreas
vem causando tanto descaracterização sócio-culturais, quanto ambientais,
sendo necessárias medidas de manejo e de gestão, capazes de mininizar tais
impactos negativos e planejar futuras atividades nas áreas até antão
degradadas.
Bahia (2005) percebeu que alguns praticantes de vivências diversas na
natureza consideravam esta experiência como “status”, alienação de seus
problemas ou busca de compensações de seu dia-a-dia, vivendo nessas
práticas os mesmos comportamentos adotados nos outros momentos da vida
(stress, competitividade, individualismo exarcebado, falta de educação
ambiental) e não possibilitando a experiência do “fazer por prazer” e da
compreensão de outra forma de viver no mundo, de se relacionar com seus
pares e com a natureza.
Muitas vezes, exatamente em função de fatores intrínsecos à busca
dessas práticas na natureza, para legitimar as ofertas de mercado, mesmo que
25
nem todas estejam comprometidas com nenhum aspecto educativo de
valorização e difusão da diversidade biológica, muito menos de vivência de
novas atitudes, em relação ao meio ambiente e em relação a seus pares.
Ao sistematizar alguns dos principais processos de impactos do lazer
na natureza, Barros e Dines (2000), os agrupam em dois aspectos: “ecológicos,
quando provocam alterações no ambiente, degradando o solo, a vegetação, os
recursos hídricos e a fauna, e sociais, quando causam uma diminuição na
qualidade da experiência dos visitantes” (p. 38).
Ainda os mesmos autores relatam que nas áreas naturais é comum
encontrar sinais evidentes de impactos causados no ambiente por pessoas que
freqüentam os rios e as trilhas, como restos de fogueira, lixo, locais
devastados, rios com margens desgastadas, erosão em trilhas, etc. Além disso,
existem outros impactos graves que nem sempre são tão aparentes como a
contaminação das águas, a mudança de hábito da fauna, a alteração na
dinâmica de ecossistemas, a ausência de certas plantas nativas, o decréscimo
na natalidade de espécies ameaçadas, etc.
Bahia e Sampaio (2005) relatam os possíveis impactos resultantes da
prática de atividades na natureza, onde é possível verificar que, apesar de
algumas modalidades possuírem grau de intensidade grau de intensidade
baixo, todas causam algum tipo de impacto sócio-ambiental, cabendo tentar
minimizá-los o ma´ximo possível, a fim de aproximar tais práticas de um grau
de sustentabilidade aceitável. A Canoagem é classificada com baixo grau de
intensidade e seus possíveis impactos negativos são:
• Poluição: barulho e lixo,
• Distúrbios e alterações da fauna,
• Possíveis quebras de pequenos pedaços de rocha em corredeiras
(contato com a bóias ou caiaques),
• Interferência social e cultural em comunidades próximas envolvidas.
A possibilidade de desenvolvimento de um senso de responsabilidade,
solidariedade, criticidade e criatividade nas práticas de lazer na natureza,
instrumentalizando a sociedade a lidar com problemas ambientais, implica,
além de conhecimentos e técnicas, a aquisição de novas atitudes e padrões de
comportamento em relação ao ambiente. Porém, tais judanças não serão
alcançadas efetivamente até que maior parte dos indivíduos de uma dada
26
sociedade interiorize atitudes e valores mais construtivos que poderão servir de
base para uma relação auto-disciplinada entre ser humano e o ambiente
(BARROS, 2000).
3.2 – A Canoagem: Origem,inicio e desenvolvimento
Desde o inicio da historia da humanidade o homem precisou desloca-se
por cima da água em determinados trechos, e logo então surgiram o que hoje
podemos definir como: canoas, barcos, navios enfim, diversas são suas
nomenclaturas de acordo com os mais variados protótipos e modelos que ate
os dias de hoje foram e são criados para a mesma finalidade, a de transportarse obre as águas.
E pesquisando sobre a historia da canoagem tomamos conhecimento
que os egípcios no séc. XV a.C. e mais tarde os astecas nos séculos III a IX
d.C. usavam embarcações propulsionadas com pás que alguns historiadores
alegam ser a origem das atuais canoas, muito embora, temos conhecimento
que esta necessidade de locomoção sobre as águas tenha surgido desde a
origem do próprio homem. Porém, a grande corrente doutrinária afirma que foi
no século XVI o registro das atuais concepções de canoa e caiaques. Neste
período historiadores registravam a utilização de canoas na América do Norte,
utilizando madeira e peles, embarcações leves e rápidas, próprias para
enfrentar os rios canadenses, repletos de corredeiras. Enquanto que a canoa
era utilizada por indígenas no interior do continente, o caiaque era usado pelos
esquimós para pescar e transportá-los entre dois pontos da costa. Esses
caiaques eram formados por uma estrutura de madeira, revestida com pele de
foca e calafetada com a gordura das articulações daqueles animais.
No começo do Século XIX, inspirados nas embarcações acima descritas,
os ingleses começaram a utilizar para lazer uma embarcação chamada de
“gronelandais”. Este barco deu início aos formatos modernos de caiaques e
canoas. Em pouco tempo esta embarcação propulcionada com remos
contendo duas pás tornou-se febre na Alemanha e outros países da Europa
Central.
Jonh Mac Gregor, advogado escocês, é considerado o primeiro a utilizar
o caiaque em percursos desportivos (rios e lagos europeus). Desenhou seu
próprio barco que batizou de “ROB ROY” e realizou com ele várias expedições
27
cujas memórias resumiu mais narde no livro “Um millier de miles dans lê canoe
Rob Roy”. A primeira regata conhecida ocorreu na Bélgica no ano de 1877.
Hoje os modernos caiaques e canoas são construídos em resina de
poliéster reforçada com fibra de vidro, em sua maioria, ou mesmo em resina
epóxi com kevlar ou fibra de carbono, e ainda plástico injetado ou rotomoldado
– polietileno.
No Brasil, a canoagem surgiu como prática esportiva de forma informal
no ano de 1943, através de um imigrante alemão nascido em 1915, o Sr. José
Wingen. Ele residiu em Porto Alegre e em 1941 mudou-se para a cidade de
Estrela banhada, pelo Rio Taquari, onde decidiu construir uma embarcação de
madeira parecida com as que ele utilizava durante a sua infância quando
competia pelo Kanu Club da Alemanha. Dessa forma surgiu o primeiro caiaque
na região e no país, denominado de "regata", que despertou um enorme
interesse pela atividade na comunidade local. Posteriormente, segundo o
próprio Sr. José Wingen, a canoagem sofreu com a falta de infra-estrutura,
desestimulando os praticantes, mas acabou tendo o seu mais duro golpe com a
construção da represa de Bom Retiro, levando a canoagem nacional a um
momento de estagnação e descontinuidade” (IMBRIACO, 2001).
Somente em meados da década de 70 / 80, a canoagem nacional foi
retomada com a chegada dos primeiros caiaques em fibra de vidro trazidos da
Europa e da Argentina. Tais embarcações serviram como molde para a
construção dos primeiros caiaques nacionais em resina de poliester reforçada
com fibra de vidro (IMBRIACO, 2001; ROBBA, 2001).
A sua organização, no Brasil, é relativamente recente. A CBCa,
Confederação Brasileira de Canoagem, atualmente com sede na cidade de
Curitiba, Estado do Paraná. Foi fundada em 1988 com apenas quatro
associações filiadas. Apesar de sua pouca idade já está conseguindo
resultados expressivos a nível internacional tornando-se conhecida por grande
parte da população. Este grande desenvolvimento deve-se ao árduo trabalho
estruturado e organizado realizado pela CBCa e ao esforço dos atletas
orientados e supervisionados por excelentes treinadores (IMBRIACO, 2001).
A CBCA – Confederação Brasileira de canoagem, em sua primeira
década de existência, já conseguiu organizar-se de maneira bastante
expressiva no cenário internacional e Nacional. Hoje podemos comprovar
28
através de resultados e de sua propia pratica o sucesso da fomentação desta
nova atividade esportiva.
Nova como modalidade esportiva, porem milenar
como meios de suprirmos nossas necessidades cotidianas.
3.3 – A Canoagem no Pará
Nossa História começa no ano de 1997 com a iniciativa do Sr. João
Thomazini Schuwertner, atual Presidente da Confederação Brasileira de
Canoagem, que dedica-se ao compromisso de difundir esta modalidade
esportiva em nosso Estado.
Primeiro investe na cidade de Santarém - Pará, onde inclusive já
conseguiu bons frutos, tendo atletas daquela localidade sagrado-se campeão
brasileiro em provas de maratona. Nossa região por ter uma hidrografia muito
rica e bela desperta em todos muito interesse em promover o desenvolvimento
da canoagem no Estado.
Após a estruturação do pólo de Santarém onde inclusive já existe a
primeira associação de canoagem do Pará denominada ASCAE - Associação
Santarena de Canoagem e Ecologia. presidida por Francisco Miranda.
Francisco, formado em Educação Física pela Universidade Federal de
Santa Catarina - RS, nos conta que tudo começou em um congresso que se
realizava na cidade de Goiânia, onde pela primeira vez praticou canoagem, se
apaixonou pelo esporte, comprou dois caiaques e levou para Santarém, onde
reside, lá varias pessoas se interessaram pelo esporte e também adquiriram
seus caiaques, dai o surgimento da ASCAE, que segundo ele, já existe a cerca
de dez anos.
Foi quando o Sr. João Thomazini em uma visita a Santarém, se encanta,
e resolve investir no desenvolvimento deste esporte, naquela localidade.
Providencia a ida do técnico Cubano Wiliam Flores, técnico da seleção
brasileira e destaque internacional no mundo da canoagem, para ministrar um
curso de aperfeiçoamento e qualificação de técnicos para desenvolver a
canoagem naquela cidade.
Após incentivar o desenvolvimento desta prática em Santarém, investe
agora em nossa capital. Acreditando em nosso potencial, por sermos um povo
ribeirinho, passa a articular-se com a Universidade Federal do Pará, e junto
com o Prof. Christian Pinheiro, atual coordenador naquela Entidade, começa a
29
planejar a estruturação de um polo de desenvolvimento da pratica da
canoagem em nossa capital.
A Universidade Federal do Pará é banhada pelo rio Guamá e possui
uma orla muito linda e bastante propícia a esta modalidade esportiva.
É quando, em sua primeira atuação na região, a CBCA – Confederação
Brasileira de Canoagem, doa à esta universidade 18 caiaques, sendo 09
caiaques escolas , 06 K1 e 03 K2.
Em seguida, repetindo o feito em Santarém, a CBCA destaca novamente
o técnico Willians Flores para ministrar curso de formação de professores, e
acelerar esta prática em nossa cidade.
Como já citamos anteriormente, naquela época coordenava as
atividades da UFPA o Prof. Christian Pinheiro, profissional muito capaz,
dedicado e bastante conceituado dentro daquela universidade que abraça-se
também com este compromisso: o de fomentar este desenvolvimento. Na
época o professor Christian divulga o curso que teria a duração de uma
semana e coordena o mesmo com muita dedicação tendo assim bastante êxito.
O curso aconteceu na própria universidade e dividiu-se em aulas
práticas e teóricas. Foi gratuito e destinado a formação de novos técnicos.
Estiveram inscritos aproximadamente 80 professores o que surpreendeu as
expectativas e premeditou o sucesso dessa fomentação. O professor Wiliam
nos repassou condições suficientes para este desenvolvimento e ele também
se deslumbrou com as nossas condições hidrográficas.
O professor Christian, bastante interessado em proporcionar o
desenvolvimento desta pratica desportiva em nossa região, injeta-nos
estímulos, contando-nos sobre os projetos e viabilização da utilização daquela
orla fluvial com esta nova modalidade esportiva que muito tem a ver com nossa
origem cultural e com a preservação de nosso meio ambiente
Agora o professor Christian luta para viabilizar a implantação destas
aulas praticas na universidade e diante a dificuldade em contratar um professor
específico para desenvolver essas atividades. Sabiamente, articula-se junto a
Prefeitura Municipal de Belém sob a administração do atual Prefeito Edmilson
Rodrigues e estrutura a parceria da implantação de um polo desportivo de
iniciação a canoagem, onde a universidade cederia o espaço físico e o material
30
necessário a esta pratica e a Prefeitura a mão de obra especializada e os
serviços de manutenção necessário ao mesmo.
Pela Prefeitura a administração do mesmo se deu junto ao CEAL Coordenadoria de Esportes Artes e Lazer, coordenado pela diretora Lucilia
Matos e suas assessoras Andreia Nascimento e Fátima Souza e assessorado
pelo professor Ms. Pedro Paulo Maneschy. E é exatamente que neste
momento
histórico
de
nossa
canoagem
que
entra
positivamente
personalidades de fundamental importância para esta fomentação. Esta equipe
do CEAL, junto os professores da universidade Ms. Pedro Paulo Maneschy e
Christian Pinheiro sabiamente direcionaram nossos primeiros passos, cravando
assim seus nomes como os propulsores de nossa historia.
Sem dúvida o sucesso dessa implantação se deve ao interesse e
dedicação que estes coordenadores nutrem até hoje por este desenvolvimento,
colocando-se sempre muito presente e atuante a esta prática.
Para o início deste primeiro pólo, programamos uma semana de
inscrição e mesmo falhando na divulgação fomos surpreendidos pelo
preenchimento das vagas disponíveis já no segundo dia de inscrição. Foram
criados nove turmas com vinte vagas em cada e em dois dias cento e oitenta
alunos se inscreveram, entre eles alunos da comunidade em geral, alunos da
UFPA e da rede Municipal e até mesmo professores que confirmavam com isto
o sucesso da implantação da canoagem em nossa região entre os inscritos
tínhamos crianças, mulheres e idosos.
A canoagem chegou para ser um
esporte bastante popular é o que isto confirma nossas conclusões. O pólo
começa a funcionar. Caiaques para cá, caiaques para lá, e assim todos
remando sem parar.
A todo momento sempre novos alunos chegando e interessando-se por
esta prática, a oferta não estava suprindo a demanda sempre muito bem
orientado por todos meus coordenadores João Thomazini, Christian, Pedro
Paulo e a equipe do CEAL, que sempre estavam nos injetando novos estímulos
e boas idéias.
Vários eventos ecológicos visando a preservação de nosso meio
ambiente eram organizados e executados com muito sucesso,. A mídia logo
nos achou, contribuindo mais ainda para o nosso desenvolvimento. O Pará
deslumbra-se com a nossa canoagem. Estamos atingindo nossos objetivos.
31
3.4 - O Esporte lazer e a Canoagem no Pará
As primeiras embarcações surgiram das dificuldades que o ser humano
encontrava em meio à natureza, utilizando-se das mesmas para superá-las.
Esse
fascínio
envolvente
vinculado
à
necessidade
da
navegação,
independente da sua natureza resultou da prática da modalidade conhecida
atualmente como canoagem.
Dessa forma, a canoagem se torna um instrumento útil para a
sobrevivência das populações ribeirinhas (canoagem utilitária), ou, funcionar
como brinquedo que propicia divertimento, prazer, e turismo aos praticantes de
finais de semana (canoagem lazer), até mesmo chegando ao extremo de
estimular um atleta e uma embarcação a uma competição (canoagem
competição) (TEREZANI, 2004).
No entanto dois aspectos prejudicaram a massificação da canoagem
no Brasil:
1- O primeiro seria a tardia criação do primeiro órgão administrativo de
caráter nacional na canoagem, que surgiu somente em 1985.
Infelizmente, os órgãos de caráter nacional-administrativo vieram a
estruturar somente após um investimento em massa das empresas
especializadas em esportes náuticos, levando o caiaque a ser
apenas um material para comercialização, não desenvolvendo-o
como um brinquedo, o que daria suporte para o início de sua
popularização;
2- O segundo motivo é decorrente do primeiro, em função da não
estruturação da modalidade, passando a não propiciar o lazer como
chamariz para a prática da atividade canoagem, não acarretava,
conseqüentemente, a participação em massa, oq eu passara a
aumentar o número de adeptos, tanto em nível participativo quanto
em comprometimento.
Pode-se perceber que esses dois aspectos expostos acima evidenciam
a complexidade da popularização de uma atividade esportiva, que decorrem da
aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais.
Segundo Marcelino (2000) além do fator econômico, nos deparamos
com outras barreiras que dificultam a propagação do lazer, como: gênero, a
32
faixa etária, os estereótipos, as propostas de horários incoerentes para o
desenvolvimento das atividades, a falta de democratização dos espaços para o
lazer,
formando
um
todo
inibidor,
limitando
o
lazer,
quantitativa
e
qualitativamente.
No entanto, temos também cidades que desfrutam de condições naturais
favoráveis, que é o caso das cidades ribeirinhas do Estado do Pará, para o
desenvolvimento desse esporte, com rios, lagos, mar, etc mas, por
desenvolverem políticas públicas municipais, não conseguem a propagação
desta modalidade.
Terezani (2008) afirma que se considerarmos o esporte e o lazer como
um direito social, ambos geram a necessidade da intervenção de políticas
públicas, tendo em vista todo inibidor para sua prática, estimulando o lazer
(incluindo nele o conteúdo físico esportivo), nas suas vertentes participativa,
educacional e competitiva.
Zingoni (2003) enfatiza o esporte e lazer como setores de menor
importância nos planos de governo, faltando mesmo uma Política Pública
Nacional no setor, marcado, muitas vezes, pela falta de recursos, fruto de uma
falsa hierarquia de necessidades.
Dessa forma, para que a canoagem se propague como esporte e lazer
pela interferência do Poder Público, a mesma deverá ser incluída nos seus
programas esportivos, possibilitando o ingresso de novos interessados e
oferecendo-lhes garantia de oportunidades. Outro aspecto fundamental é que
sejam estabelecidas ações intersecretarias na chamada área cultural do lazer,
atendendo os demais conteúdos do lazer, sendo um deles as atividades de
caráter físico-esportivo nas quais a canoagem se insere, como também
estabelecer parcerias com a iniciativa privada (TEREZANI, 2008).
3.5 – A Canoagem tradicional – com quantos paus se faz uma
canoa
O Estado do Pará, talvez um dos estados mais ricos hidrograficamente
do Brasil. a canoagem desenvolve-se culturalmente de uma maneira bastante
peculiar e especifica, aqui devido a rica vegetação (Floresta amazônica) e a
grande variedade de madeiras de Lei, as canoas são construídas
artesanalmente com técnicas repassadas milenarmente por nosso ancestrais.
33
Diversos tipos e modelos são desenvolvidos de acordo com cada região onde
elas são construídas, mais todas de madeiras e adequadas a suprirem suas
necessidades cotidianas.
No dia 23 de Março de 2007, a nossa equipe de remadores da
AECAVBEL Associação Ecológica de Canoagem e Cela de Belém realizou
uma canoata de Belém (Pará) ao vilarejo de Caracará, localizado no município
de Cachoeira do Arari, na mesorregião da Ilha do Marajó e microregião do
Arari, localizada a 01º 00' 36" de latitude sul e 48º57'36" de longitude a Oeste
de Greenwich (PORTAL AMAZÔNIA, 2009). Nosso principal objetivo era o
compromisso de aliar o esporte – canoagem tradicional - a uma aventura
ecológica e a um gesto de solidariedade social, pois nesta aventura doamos
cerca de um mil e quinhentos livros didáticos para o acervo cultural da mini
biblioteca da escola daquelas comunidades ribeirinha.
Caracará é um grande rio da ilha de Marajó, onde se encontram quatro
comunidades ribeirinhas: São José, Santa Clara, Ribolada e Aracajú, próximas
uma das outras e ligadas somente por vias de rios. Percebe-se que neste local
o principal meio de transporte é a canoa tradicional, construída artesanalmente
de uma maneira bastante peculiar e específica, com madeiras de lei devido à
rica vegetação (floresta amazônica).
Por ocasião da nossa experiência, canoas de diversos tamanhos, tipos e
modelos foram vistas ao longo da via fluvial, como se estivéssemos transitando
em uma grande cidade apreciando a movimentação dos diversos tipos de
veículos. Todos os moradores da localidade, ou grande parte deles, possui sua
própria canoa ou casco, nome dado às canoas pelos ribeirinhos, que são
utilizadas como meio de suprir as necessidades cotidianas. Desta forma, se
dirigem às escolas, às igrejas, à visitação de amigos, aos jogos de futebol, às
mercearias, fazendo uso deste meio de transporte como parte essencial de
suas vidas. Trata-se de embarcações construídas de tronco de árvores e feitas
artesanalmente por eles mesmos através de técnicas repassadas por seus
ancestrais.
Assim, fica clara a observação de que a canoa tradicional é considerada,
para eles, um meio de transporte de maior valia para o seu deslocamento.
É fato que desde o inicio da humanidade os homens da Amazônia
necessitaram criar formas de adaptação ao meio natural inventando
34
instrumentos que possibilitassem a sua sobrevivência, e assim, tiveram que
criar também o meio de se transportar sobre as águas. Surgiram então as
canoas, já que em nossas florestas há uma grande riqueza em troncos de
árvores. Até hoje essas canoas são utilizadas, sendo denominadas de canoas
tradicionais
comuns
às
comunidades
ribeirinhas.
Essas
canoas
transformaram-se também em mecanismo de prática esportiva entre os
ribeirinhos, tornando-se instrumento de lazer ou competição.
Vimos assim, o homem fazendo valer sua capacidade de apropriar-se da
realidade natural para garantir a sobrevivência no meio, e, por conseguinte,
ainda tornar agradável a sua existência. Segundo Anderson (2008), as vidas
humanas estão cheias dessas combinações entre acaso e necessidade.
Desta forma, constituída como uma prática esportiva de identidade
cultural (TUBINO, TUBINO E GARRIDO, 2007) regional do Estado do Pará, a
canoagem tradicional leva em consideração o que os grupos sociais ribeirinhos
desenvolveram em suas atividades lúdicas utilizando os recursos disponíveis, a
madeira e os rios da floresta, organizando a vida cotidiana como resposta às
próprias necessidades. O espaço de lazer e o tempo livre, segundo Costa Neto
(2005) passam a ser organizados e vividos por meio de práticas lúdicas que
refletem as características básicas da ordem cultural daqueles grupos.
Desenvolvê-las enquanto esportes com identidade cultural é cultuá-las pelo
imaginário lúdico da comunidade, deixando fluir suas criatividades e invenções.
Existe aí também um sentido de gratuidade na adesão às formas
esportivas o que faz com que aquela atividade, diz Pinto (1996), neste caso, a
canoagem tradicional, encontre um fim em si mesma, fazendo com que a
finalidade do jogo de remar pelos rios da Amazônia, seja determinada pelos
desejos que movem as ações competitivas ou turísticas, ultrapassando a
condição utilitária de transporte, interpenetrando ludicidade e desempenho.
O esporte, considerado como um fenômeno sociocultural importante no
panorama de final de século XX e neste início do século XXI envolve a prática
de atividades predominantemente físicas, que são permeadas por competições
com finalidade recreativa ou profissional, ou ainda atividades físicas não
competitivas, objetivando apenas o lazer. Trata-se de um fenômeno que traz
grandes
contribuições
aprimoramento
físico,
para
a
intelectual
formação,
e
psíquico
o
desenvolvimento
de
seus
e/ou
praticantes
e
35
espectadores, além de possibilitar a criação de uma identidade esportiva para a
inclusão social. Enquanto uma ação social institucionalizada, pressupõe regras
para sua aplicabilidade, traz indiscutível relevância nas relações interpessoais
e até internacionais, garantindo renovadas dimensões sociais que vêm a
provocar uma revisão conceitual em todos os campos do conhecimento
inerentes à sua interdisciplinaridade (TUBINO, 1992).
Entre as modalidades esportivas existentes, a canoagem tradicional
ribeirinha, um dos esportes da natureza, representa uma ação que pode aliar a
simples prática do esporte às questões de cidadania e às ecológicas, trazendo
a formação de uma consciência ambiental, trabalho este que pode ser
desenvolvido pela educação, através de propostas nas quais o esporte seja
apresentado de forma lúdica, educativa e contributiva para o processo de
amadurecimento humano.
É neste contexto que se pode definir o esporte como uma ação coletiva,
à qual os indivíduos ao participarem buscarão o ambiente como razão de ser
de múltiplas atividades de lazer, afetivas e sociais, possibilitando o surgimento
e o fortalecimento de culturas esportivas, com a promoção, a recuperação ou a
manutenção da saúde.
Nesta perspectiva do esporte como dimensão constitutiva do lazer
podemos compreendê-lo como um conjunto de ocupações as quais o indivíduo
pode entregar-se de livre vontade, seja para divertir-se ou recrear-se, ou ainda
para desenvolver sua formação e sua livre capacidade criadora, que não busca
outra recompensa além da satisfação provocada pela própria atividade de
lazer. Nesta dimensão de lazer, o esporte traz em seu bojo relações éticas
diferenciadas daquelas contidas no trabalho sendo um espaço privilegiado de
trocas culturais.
Entre estas modalidades de esporte, existem aquelas que possibilitam a
interação do homem com o meio ambiente, levando-os à reflexão dos impactos
da presença humana na natureza, constituindo a garantia de uma atitude
pessoal com relação ao meio ambiente.
Neste sentido, a canoagem ribeirinha tem oportunidade de contribuir no
resgate dos valores humanos, proporcionando sensibilidades já não mais tão
vividas e apreciadas no cotidiano formando o elo entre o homem e si mesmo,
36
favorecendo a união das partes de um homem fragmentado ao longo dos anos
por suas próprias mãos.
Para desfrutar desse espaço lúdico esportivo de lazer, os ribeirinhos
produzem os próprios objetos de prazer, no caso, as canoas tradicionais,
consideradas também como um meio de transporte de significativo valor para
os seus deslocamentos. Cada um cuida e zela da sua canoa. As técnicas de
como remá-las nem mesmo eles sabem dizer como aprenderam, pois desde
cedo e pode-se dizer, desde quando nascem já praticam esta atividade e vão,
por tradição, recebendo os conhecimentos da remada de seus antecessores,
isto é, aprendendo uns com os outros.
Incomodados com a feitura de tal objeto e o que representa,
mergulhamos junto à comunidade para melhor compreender o processo de
construção das canoas, esse processo de como o homem se põe a criar, a
transformar com dinamismo a matéria, exercitando o que Bachelard (1990)
formulou: imaginação criadora e vontade. E foi assim que tivemos a
oportunidade de conhecer o Sr. Messias dos Santos, vulgo Miçanga, que
apresentando seu pai, o Sr. Nelson Dias dos Santos (2009), um autêntico
caboclo amazônico, de 55 anos, informou ser este o grande construtor de
canoas da localidade. Personagem reconhecida na comunidade por sua arte,
Seu Nelson nos conta que desde doze anos de idade já trabalhava com seu pai
nas construções de canoas tradicionais, e depois do falecimento de seu genitor
continuou nessa profissão artesanal de onde tira seu sustento principal. Narra
que sua maior dificuldade nos dias atuais está em encontrar as árvores ideais
para as fabricações, pois com a exploração desordenada das matas elas estão
cada vez mais devastadas, dificultando assim o exercício desta profissão.
“Hoje não é mais o caboclo morador da área que tira moderadamente
proveitos da natureza para sua sobrevivência, e sim as grandes empresas que
vem com seus mais variados maquinários devastando em alta escala nossas
florestas em função de lucros e benefícios próprios e nós só ficamos vendo
sem nada podermos fazer”, relata Seu Nelson quando aceita prosear sobre sua
profissão. Sua denúncia sobre o extrativismo predador nos sensibiliza e nos
aumenta o desejo de conhecer suas proezas. Humildemente, e com seu velho
machado nas costas, ele nos leva a percorrer a floresta em busca de uma
árvore para a construção de uma canoa, espécie que já se encontra em
37
adiantado estado de extinção, já denunciado. Neste local decidimos registrar e
catalogar todos os procedimentos técnicos dessa construção artesanal.
Seu Nelson, bastante sentido e magoado, nos conta que a maior
destruição das matas, ocorre por parte de uma grande empresa, que nem sabe
citar o nome, e que há cerca de mais ou menos uma década vem extraindo
todos os diversos tipos de madeiras para a confecção de “dormentes”, peças
denominadas pelos exploradores. Esses madeireiros se aproveitam dos
próprios moradores locais que, ingenuamente, contribuem com a mão de obra
mais barata para os devastadores. “É lamentável, além de estarem nos
fazendo mal, ainda nos usam como verdadeiros escravos deles e os prejuízos
que causam a nossa região são irreversíveis, até a nossa existência”, lamenta
seu Nelson, que apesar de seu pouco estudo tem uma visão de águia e sente
na pele as mudanças provocadas pelo capitalismo selvagem e a exploração
desordenada de seu quintal, a sua Floresta.
Sr. Nelson concorda em nos mostrar todos os procedimentos de como
se constrói uma canoa tradicional da Amazônia, então fomos apanhá-lo em sua
casa nas primeiras horas da manhã e partimos rumo à floresta.
Depois de uma hora de caminharmos pela mata à procura de uma
árvore ideal para a construção de uma canoa, deparamo-nos com uma árvore
abatida no chão ao que o Sr. Nelson informa ao grupo ser uma árvore de
sucupira, linda e frondosa, que, segundo ele, chega a mais ou menos uns
cinqüenta metros de altura, ainda que as fontes teóricas a coloquem em torno
de 16 a 18 metros, o que não descarta a hipótese de, naquela região
exuberante, Sr. Nelson ter razão em sua avaliação. A sucupira fornece,
segundo Lorenzi (2002), uma madeira dura usada na carpintaria e na
construção civil. O poder medicinal dos óleos, bem como das tinturas extraídas
de suas cascas, é utilizado pela farmacopéia brasileira (LORENZI & ABREU,
2002).
Mas o que merece registro aqui é a denúncia do Sr. Nelson sobre as
destruições advindas do progresso. Com o desmatamento ilegal da floresta,
são destruídos os habitats mais ricos e diversificados do mundo, espécies
animais ficam sem condição de sobrevivência em prol do benefício da extração
de matéria prima que possui alto valor comercial no mercado, as queimadas se
instituem, a emissão de carbono aumenta na atmosfera interferindo no efeito
38
estufa, no aquecimento global e nas mudanças climáticas. Os habitantes da
floresta sujeitos a vivenciarem um processo de desertificação no seu habitat,
perdem, ao longo do tempo, sua condição de sobrevivência, uma vez que seus
alimentos e remédios retirados das plantas vão desaparecendo. A floresta, se
destruída, não terá condições de se recuperar.
Nesta etapa da experiência vivenciada, causava admiração extremada
a beleza e o encanto da madeira ideal para construções de canoas.
Deparamos com mais uma frondosa árvore, e, em seguida seu Nelson prepara
o terreno e começa a golpear a árvore com seu afiado machado, e após nada
menos que a terceira machadada, ouve-se um grito: PARE!!!!!!!! O grupo não
suportava mais ver aquela cena, que já significava grande crueldade. Ninguém
ali queria presenciar, aquela árvore linda sendo derrubada, e resolvemos
mudar imediatamente a estratégia de se presenciar a construção de uma
canoa, já que não era desejo compartilhar com aquela agressão à natureza,
uma vez que fazemos parte da AECAVEBEL (Associação Ecológica de
Canoagem e Vela de Belém), que trabalha em prol da proteção do meio
ambiente.
Encontra-se aqui um paradoxo: necessitamos de um artefato para
deslocamento, que permita a recreação e o esporte no rio, mas que para a sua
construção demanda que alguma coisa do ambiente seja destruída, sendo
usada a potência da natureza em detrimento da realização de nosso desejo e
necessidade.
Nossa
indignação
tem,
para
seu
apoio,
a
teoria
do
desenvolvimento sustentável que prescreve o desenvolvimento econômico e
social com políticas de preservação ambiental, já que a deteriorização do
ambiente está diretamente relacionada à pobreza e ao baixo nível de qualidade
de vida, e esses ribeirinhos parecem estar conscientes dessa necessidade de
preservação não só para si, mas para o equilíbrio da biosfera, o que alcança
toda a humanidade.
O conceito de ecodesenvolvimento vem definir, segundo Neves (2009),
o estilo de desenvolvimento adaptado às regiões do Terceiro Mundo e,
consequentemente pode ser estendido aos povos ribeirinhos, pois, segundo a
autora estes já detêm um tempo de relação com essa natureza em que vivem
e, ao criticá-los devemos ajustar o nosso olhar do ponto de vista do habitante
da região, procurando entender seu mundo, seus mitos e significados,
39
compreendendo a lógica com que operam no seu meio. Oriundos de uma
economia extrativista, é da terra que retiram seu sustento e sobrevivência.
Almeida (1994) nos ensina que devemos compreendê-los a partir das
limitações biofísicas do ambiente, mas com vistas ao crescimento moral da
humanidade.
Mas o Sr. Nelson, diante da decisão de nosso grupo de não participar da
extração, nos convida a adentrar mais à floresta onde ele já tinha uma árvore
cortada para fazer uma canoa, já na fase da buliação (veremos mais adiante
nas fases das construções das canoas).
No caminho por um longo rio, ele rema nos contando que entende as
colocações de nosso grupo em preservar a floresta, mas questiona o que podia
ser feito. Argumenta que se ele não tira a árvore, na qual garante o sustento da
família, vêm os catadores de dormentes e a tiram, sem piedade, e sem pedir
licença. Assim justifica sua reflexão, colocando-nos em situação de
perplexidade com tendência a concordar com ele. Sugerimos então, que
procurasse um órgão competente para registrar uma denúncia para o que ele
volta a argumentar que mal tinha condições de ir até a cidade levar sua esposa
ao médico, já que teria que remar umas cinco horas, quanto mais de registrar
esse fato e, mais alarmante ainda, afirma que as autoridades têm
conhecimento, mas, se beneficiam, se corrompem. Consideramos sábias suas
colocações observando que, apesar de poucos conhecimentos sobre os feitos
e fatos, a louvável sensibilidade de sua pequena condição diante do
emaranhado de fatores que determinam a vida naquele lugar, mas suas
carências e dificuldades ultrapassam seu poder de intervenção.
Chegando ao local, lá estava sua árvore, tombada ao chão, e em estado
de buliação como ele tinha nos falado, e já parecendo com o formato de uma
canoa. Era uma árvore de pracuúba, segundo ele, uma das melhores para esta
finalidade. Depois de buliá-la ele iria brocá-la com uma verruma, depois virar e
limpar de trincha, ou seja, escavá-la, seguindo seus próprios palavreados
caboclos. Ao final de tudo isso iria conseguir um búfalo emprestado de seu
vizinho, trazê-lo ao local e arrastar a tora até a margem do rio que ficava
aproximadamente a 1 km de onde estávamos. Para só então poder fazer os
próximos procedimentos (queima e acabamento) no quintal de sua casa, em
sua marcenaria.
40
E como todos os moradores de lugares encantados, Sr. Nelson
trabalhava na demonstração da buliação da tora, no entalhamento do modelo
da canoa, narrando alguns mistérios daquele lugar. Conta-nos que já era para
esta canoa estar pronta, mas na verdade ele estava com receio de voltar
àquele lugar sozinho, pois há alguns dias atrás ele estava trabalhando naquele
lugar, naquela futura canoa, quando começou a ouvir vozes e ruídos vindos em
sua direção, o que o fez abandonar tudo e sair correndo para margem onde
havia amarrado sua canoa e remar pra casa. A natureza, com sua exuberância
pressupõe um imaginário que envolve o povo ribeirinho, suas crenças e
histórias mobilizam as ações.
Sr. Nelson seguiu nos contando suas historinhas, e, para nos deixar
ainda mais em pânico, conta que no mês passado, ali mesmo, sua mulher
havia sido picada por uma jararaca e nem imagina como conseguiu chegar
com ela no município de Cachoeira do Arari, que fica a cerca de mais de cinco
horas de remo. A partir daí nossa equipe, em perceptível estado de medo,
resolveu terminar esta matéria em sua casa, tomando um bom cafezinho.
Mesmo assim, no caminho, sua filha Maria que nos acompanhava, afirma ter
avistado uma jararaca bem no meio do caminho, o que fez com que o
quilômetro de distância que teríamos que atravessar se tornasse, de acordo
com nossa imaginação, dez, e enquanto não chegávamos à beira do rio a
tensão era total, adrenalina em alta.
Por fim chegamos à casa de nosso anfitrião e ele discorreu
didaticamente sobre a construção da canoa: (a) primeiro passo: derrubada
(escolher a árvore a ser sacrificada).
Entrar na mata e olhar para aquela
variada vegetação e denominá-las por seus tipos e espécies, para nós, já é
uma tarefa muito difícil, mas Sr. Nelson conhece todos os tipos e qualidades de
árvores ali existentes, distingue com facilidade cada uma e sabe denominá-las.
Segundo ele na nossa região existem muitas espécies de arvores que podem
servir pra construção de uma boa canoa, entre elas temos: sucupira,
mandiogueira, burajuba, cupiuba, angelim, jutairana, pracuuba, curtiça,
castanheira, morcequeiro, andiroba, juruba, guaruba, jasmim e outras mais que
podem ter sido esquecidas. A idéia de sacrifício da árvore é própria do
imaginário do sagrado de que algo deve ser transmutado em benefício de outra
vida, outra utilidade, outra missão. Ela passa a servir com outra natureza. Isso
41
se faz num gesto de extrema reverência a quem lhe nutre o cotidiano. (b)
segundo passo: (lavrar, desgalhar, alinhar e descascar a madeira). Após a
derrubada da árvore, que dura cerca de uma manhã inteira, o construtor
trabalha no desgalhamento do tronco e alinhamento da peça escolhida para a
fabricação da canoa, o que, confeccionada a golpes de machado deve durar
dois a três dias. Trata-se de uma fase bem delicada, afirma Sr. Nelson,
dizendo-nos que este alinhamento irá definir o modelo da mesma, e ele
denomina esta fase como a “lavração da tora”.
(c) terceiro passo: bulia
(esculpir). Esta, segundo nosso informante, é a fase mais delicada de toda a
construção, pois o construtor terá que esculpir a tora, entalhando-a com golpes
de machado já nos moldes do modelo da canoa, como uma obra de arte. (d)
quarto passo: brocação.
Com um instrumento denominado por eles de
verruma, eles irão brocar toda a extensão do casco, com a intenção de, quando
forem escavá-los, não ultrapassar a espessura do mesmo. (e) quinto passo:
cavação (escavação do tronco). Nesta fase o tronco é virado, e com
instrumentos denominados trincha e ferro de cova, escava-se o tronco até os
limites determinados pelo processo anterior, o das “brocadas”, que servirão de
orientações ao limite a ser aprofundado no casco, não permitindo assim que o
escultor ultrapasse e estrague ou deixe fragilizado o tronco para o fim a que se
destina. (f) sexto passo: vareiar (queima do tronco até ele ficar mole). Depois
do tronco já esculpido e escavado, vem agora o processo final, onde o tronco é
preparado com tesouras para abri-los a seus limites, e em seguida colocado
em baixo de um fogo, até o ponto da tora ficar bem mole para em seguida ser
moldada dentro de seus limites, onde sua forma côncava vai ser definida. E por
fim (g) sétimo e último passo: acabamento. Esta é a fase em que colocados
os bancos, a calafetagem dos furos feitos na fase da brocação e, por fim, a
pintura onde cada um irar personalizar a seu modo. Segundo Sr. Nelson os
preços da canoa pronta estão ligados à capacidade da mesma, ou seja, a
capacidade para cada pessoa aumenta em 100 reais, melhor explicando, diz
ele: canoa pra uma pessoa, 100 reais, pra duas, 200, pra três, 300 e assim
sucessivamente.
Desse modo temos as nossas canoinhas prontas para as mais diversas
finalidades, desde o suprimento das necessidades utilitárias cotidianas daquele
povo ribeirinho como a seu próprio lazer. Nascida de um extrativismo original,
42
ela se transformou pela mão e desejos humanos num objeto artesanal lúdico e
de sobrevivência. Sabendo-se que apesar dela ter sido construída de um pau
só, a antiga e primitiva ciência para a sua construção (que nos é repassada de
gerações a gerações) constitui-se numa árdua e difícil tarefa, atribuídas
somente a artesãos nativos e desenvolvidos dentro de seu próprio meio, a
floresta.
Percebemos o quão ritualizado é cada um dos passos descritos. Não se
trata apenas de construir um objeto por uma técnica, mas de criá-los em estado
de reverência à matéria prima original: a natureza, a árvore que lhe distribui
vida e se dá ao sacrifício para que continue a vivê-la no trabalho e no lazer.
Portanto, a utilização das canoas tradicionais está inserida diretamente em
nossas raízes culturais, uma vez que desde a história da humanidade o homem
teve a necessidade de criar meios de se transportar sobre as águas e com isso
usar sua criatividade na construção de vários tipos e modelos de canoas.
No momento, a nossa maior inquietação é trabalhar na esportivização da
prática da canoagem tradicional mantendo os vínculos culturais que a ela se
ligam. Torná-la uma modalidade esportiva reconhecida junto aos órgãos
esportivos, mostrando que o esporte, depende do valor cultural que lhe é
atribuído
pelos
diferentes
segmentos
sociais,
passando
a
expressar
significados e sentidos diferenciados na estruturação dos níveis de aspiração
ao lazer. Para tal torna-se necessário conhecer o estímulo e as motivações
culturais ambientais de amparo e desenvolvimento do esporte, as facilidades
econômicas de sua prática, a qualidade de vida da população, os espaços
disponíveis, o tempo livre para o lazer e o material esportivo disponível aos
diferentes níveis sociais (Guimarães, 1996).
A construção discursiva dos ribeirinhos, quando se apropriam de um
conjunto de práticas significantes estabelecendo identidades individuais e
coletivas da figura do canoeiro apresentam um discurso comum.
Tratar a canoagem como construção discursiva é perceber que é
possível identificar o sistema simbólico na figura do Sr. Nelson, que é repetido
e validado no comportamento dos outros indivíduos da região. As
representações e condutas adotadas naquele povo, ao fazer do ato de remar,
de construir a canoa, de transformá-la de ferramenta a brinquedo em suas
43
vidas, confere o conjunto de significações e representações culturais daquele
grupo.
Citando Woodward, apud Serra (2002, P. 57), “a representação inclui as
práticas de significação e os sistemas simbólicos por meio dos quais os
significados são produzidos, posicionando-nos como sujeito”.
Ora, não só a postura do Sr. Nelson como ainda o comportamento de
sua filha, bem como de todo o povo ribeirinho, denota o “vestir” de significados
à prática da canoagem, quando se construiu todo um “modo de ser”, desde o
ato da construção da canoa até o de remar.
No que tange ao sentimento de pertencimento, Malato (2009) percebeu
que os praticantes se sentem imersos na representação criada, fazendo uso de
termos comuns a eles desde os que enumeram a construção da canoa até o
palavreado usado, desde o manejo do remo até o comportamento diante da
inevitável derrubada de uma árvore, deixando claro o sentido de apropriação
aos hábitos criados no imaginário canoístico. Esse pertencimento, no dizer de
Hall (2000), faz constituir um sentimento entre eles que tomam para si
símbolos, hábitos e linguagens, próprios deles mesmos, absorvidos como
identidades, um corpo de pessoas que se consideram membros pertencentes
com exclusividade àquele grupo.
Assim por dizer, o sentimento de pertencimento do grupo ribeirinho traz
ao ato da canoagem uma prática própria, vivenciada e transformada em cultura
local.
Em relação às comunidades imaginadas, observou que apesar de não
existir, formalmente estabelecido, um rol de comportamentos sociais a serem
seguidos pelos praticantes da canoagem, estes demonstram no respeito à
natureza, no ritual da construção das canoas, no manejo destas e no ato de
ensinar aos seus descendentes toda a vivência que permeia suas vidas, préexiste o modelo imaginado de comportamento padrão.
Anderson (1989, P. 14), considera nação imaginada atos semelhantes a
estes, já que: “nem mesmo os membros das menores nações jamais
conhecerão a maioria de seus compatriotas, nem os encontrarão, nem sequer
ouvirão falar deles, embora na mente de cada um esteja viva a imagem de sua
comunhão”.
44
Vemos a canoagem imbuída de elementos que a fazem constituir-se em
comunidade, o que exemplificamos com o sentimento de companheirismo e de
pertencimento existente entre os ribeirinhos.
A canoagem é praticada pela comunidade ribeirinha como um costume
tradicional que se mantém por vários anos, devendo ser inserida em uma
perspectiva de cultura ao expressar o respeito às entidades da floresta, o
perpetuar dos passos para a construção da canoa, identificando a prática como
cultura nacional. Em tempos de pós-modernidade, alta tecnologia e potentes
barcos a motor, só uma força de tradição cultural mantém a prática da
canoagem entre ribeirinhos.
Desse modo parece justo e urgente organizar recursos para fomentar a
institucionalização da canoagem tradicional, uma forma de promover o
desenvolvimento do esporte e dos habitantes do lugar.
Os
ribeirinhos
inventaram
suas
tradições,
formaram
seus
pertencimentos, pois com a necessidade de criar e de instituir suas criações
esportivas, vão imaginando e construindo outros mundos para além daquele
que lhes é familiar, o do simples transporte para uma prática esportiva. É
dentro desse contexto da criação humana que os praticantes de esportes nos
rios amazonenses foram construindo suas ações na direção da vivência de
algo novo, isto é, uma modalidade esportiva que ainda necessita de
reconhecimento de sua identidade. Num enfoque de uma prática esportiva
cidadã, de identidade cultural regional, de inclusão social, numa perspectiva de
emancipação dos povos e comunidades ribeirinhas da Amazônia, buscamos o
reconhecimento da canoagem tradicional como prática esportiva de identidade
cultural. Neste sentido vários desafios precisam ser superados, ações
institucionais e governamentais aperfeiçoadas e empreendidas, e este artigo
pretendeu colaborar para que tal aconteça a partir do cotidiano daqueles que
desfrutam da atividade.
45
CAPÍTULO IV
IDENTIFICAÇÃO DAS CATEGORIAS REFERENCIAIS PARA A IDENTIDADE
CULTURAL
4.1 – Referencias para uma identificação Cultural
4.1.1 - A construção discursiva, o sentimento de pertencimento, as
comunidades imaginadas e a tradição Inventada
É possível se pensar na esportivização da prática da canoagem
tradicional, já que esta mantém os vínculos culturais que a ela se ligam. Para
torná-la uma modalidade esportiva reconhecida junto aos órgãos esportivos, é
mister mostrar que o esporte, depende do valor cultural que lhe é atribuído
pelos diferentes segmentos sociais, passando a expressar significado e
sentidos diferenciados na estruturação dos níveis de aspiração ao lazer. Para
tal torna-se necessário conhecer o estímulo e as motivações culturais
ambientais de amparo e desenvolvimento do esporte, as facilidades
econômicas de sua prática, a qualidade de vida da população, os espaços
disponíveis, o tempo livre para o lazer e o material esportivo disponível aos
diferentes níveis sociais (GUIMARÃES, 1996). Tomando como referência Serra
(ano) e Santos (ano), este estudo, buscou compreender o significado da
canoagem tradicional segundo quatro categorias: a construção discursiva de
seus atores, o sentimento de pertencimento ao grupo de praticantes e à região,
as comunidades imaginadas em torno da canoagem tradicional e a tradição
inventada.
Em relação à construção discursiva, identificou o discurso comum ao
grupo
ribeirinho,
evidenciando
as
práticas
significantes
estabelecendo
identidades individuais e coletivas da figura do canoeiro. Tratar a canoagem
como construção discursiva é perceber que é possível identificar o sistema
simbólico na figura do ribeirinho, que é repetido e validado no comportamento
dos outros indivíduos da região. As representações e condutas adotadas
naquele povo, ao fazer do ato de remar, de construir a canoa, de transformá-la
de ferramenta a brinquedo em suas vidas, confere o conjunto de significações
e representações culturais daquele grupo.
Citando Woodward, apud Serra (2002, P. 57), “a representação inclui as
práticas de significação e os sistemas simbólicos por meio dos quais os
significados são produzidos, posicionando-nos como sujeito”. Ora, a postura do
46
povo ribeirinho, denota o “vestir” de significados à prática da canoagem,
quando se construiu todo um “modo de ser”, desde o ato da construção da
canoa até o de remar. No que tange ao sentimento de pertencimento,
percebeu-se que os praticantes se sentem imersos na representação criada,
fazendo uso de termos comuns a eles desde os que enumeram a construção
da canoa até o palavreado usado entre eles, desde o manejo do remo até o
comportamento diante da inevitável derrubada de uma árvore, deixando claro o
sentido de apropriação aos hábitos criados no imaginário dos canoeiros.
Hobsbawm (1997) atribui à palavra nação um significado subjetivo e
outro significado objetivo, salientando que nenhum dos dois completa a palavra
ao
afirmar:
“trataremos
como
nação
qualquer
corpo
de
pessoas
suficientemente grande cujos membros consideram-se como membros de uma
nação” (p.18).
Em relação ao pertencimento como marca de identidade, Hall (2000)
evidencia aspectos como etnias, raciais, lingüísticas, religiosas como fatores
identificadores desse sentimento. Os grupos tomam para si símbolos, hábitos e
linguagens como sendo exclusivos ou próprios deles mesmos e criam a crença
de que não devem ser utilizados por outros grupos ou sociedades, pelo fato de
já terem sido absorvidos como uma identidade própria e, portanto, fazendo
parte delas.
Assim por dizer, o sentimento de pertencimento do grupo ribeirinho de
canoagem
traz ao ato da canoagem uma prática própria, vivenciada e
transformada em cultura local. Aqueles atores sentem-se proprietários dos
hábitos de construir as canoas e de fazer uso delas em seus momentos de
lazer, fazendo-os parecer próprios, exclusivos, diferentes de outros meios. Tal
procedimento também foi encontrado por Serra (ano) e por Santos (ano) em
seus estudos. A isto Hall (2000) chamou de uma forma particularista de
pertencimento. Trata-se de um vínculo próprio, construído nas teias da
subjetividade dos canoeiros.
Em relação às comunidades imaginadas, observou que apesar de não
existir, formalmente estabelecido, um rol de comportamentos sociais a serem
seguidos pelos praticantes da canoagem, estes demonstram no respeito à
natureza, no ritual da construção das canoas, no manejo destas e no ato de
47
ensinar aos seus descendentes toda a vivência que permeia suas vidas, préexiste o modelo imaginado de comportamento padrão.
Anderson (1989), considera que as comunidades devem ser distinguidas
pelo estilo em que são imaginadas e para tal exemplifica as ligações entre as
pessoas seja por meio dos laços familiares consanguineos e pela importância
dos seus antepassados, onde seus vínculos eram imaginados de forma
particularista, pelo seu parentesco e dependência. Essa criação cultural é
imaginada pelos atores de cada comunidade. Atos semelhantes a estes se
expandem pelos territórios, já que, segundo o mesmo autor, “nem mesmo os
membros das menores nações jamais conhecerão a maioria de seus
compatriotas, nem os encontrarão, nem sequer ouvirão falar deles, embora na
mente de cada um esteja viva a imagem de sua comunhão” (p.14). Vemos a
canoagem imbuída de elementos que a fazem pertencer a uma comunidade, a
dos remadores com aquele tipo de canoa. O sentimento de companheirismo
existente entre os ribeirinhos se constitui um laço simbólico que os une.
Finalmente no que tange à tradição inventada, Hobsbawm e Ranger
(1997), observam que a invariabilidade é o objeto das tradições, ou seja, a
referência em relação ao passado seja ela real ou forjada vai depender de
práticas fixas e repetitivas. A canoagem é praticada pela comunidade ribeirinha
como um costume, como uma invenção de tradição que se mantém por vários
anos, devendo ser inserida em uma perspectiva de cultura ao expressar o
respeito às entidades da floresta, a fazer parte dos hábitos dos ribeirinhos
como uso e como lazer, à conservação dos passos para a construção da
canoa, a inserção de vários rituais entre eles os cultos e devoções religiosas.
48
CAPÍTULO V
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
As informações contidas neste capítulo forma organizadas da seguinte
maneira: uma parte de natureza descritiva forneceu informações acerca das
características da canoagem enquanto construção discursiva, quanto ao
sentimento de pertencimento, a comunidade imaginada e a tradição inventada,
junto aos entrevistados. Após a coleta de dados obtidos chegou-se aos
seguintes resultados:
Na referência construção discursiva foram inseridas 02 questões
baseadas no instrumento de auto-apreciação (pergunta 1 e 2). Neste sentido
na primeira referência, fundamentaram-se os questionamentos em Stuart Hall
(1997), observando que na construção da identidade dos ribeirinhos comprovase o comportamento diante do uso das canoas como fator cultural.
A respeito da pergunta um (1), sobre a construção discursiva houve a
confirmação da referência, com a afirmação das respostas.
Pergunta 1 – A canoa retrata o cotidiano dos ribeirinhos?
Retrata o cotidiano
Não retrata o cotidiano
96%
4%
Em relação à 2ª pergunta que, ainda alude à referência construção
discursiva, confirmou-se por meio da maioria das respostas, o papel da
Canoagem como construção discursiva.
49
Pergunta 2 – O vocabulário utilizado pelos ribeirinhos na canoagem são?
Específico desta atividade
De outra atividade
98%
2%
A inserção da canoa como objeto do cotidiano a faz presente em todas
as dimensões da vida do ribeirinho seja para uso de atividades diárias, para o
divertimento, para a religião e para o esporte.
Em relação à pergunta 3, 4 e 5, os ribeirinhos responderam que as
frases e versos utilizados por eles são específicos desta atividade e que a
maioria utiliza a canoa como meio de sobrevivência/transporte. Confirmando
desta
forma
a
caracterização
da
canoagem
como
Sentimento
de
pertencimento no cotidiano ribeirinho.
Pergunta 3 – Os praticantes da canoagem são na sua maioria nascidos
no interior?
Nascidos no interior
Nascidos em outra localidade
100%
0%
50
Pergunta 4 – Qual a utilização da canoagem para os Ribeirinhos do Marajó?
Sobrevivência
Outras
Transporte
Lazer
Turismo
40%
28%
20%
10%
2%
Pergunta 5 – Quais as principais evidências do uso da canoa no cotidiano dos
Ribeirinhos?
Pesca
Locomoção
Comércio
Transporte
Festas, lazer e esportes
Procissão
Artesanato
35%
35%
10%
10%
5%
3%
2%
51
Em relação à terceira referência com base em estudos de Eric
Hobsbawm (1997) em Tradição Inventada comprovou-se a canoagem
encaixando-se neste perfil através das perguntas 6 e 7.
Pergunta 6 – Os praticantes de canoagem possuem santos protetores?
Recorrem a entidades protetoras
Não recorrem as entidades
100%
0%
Pergunta 7 – A canoagem é uma manifestação:
Manifestação do interior do Estado
Manifestação Brasileira
95%
5%
No que concerne a quarta referência entendida como comunidades
imaginadas com base em Benedict Anderson (1998), percebeu-se uma
predominância nas respostas dos ribeirinhos reconhecendo o Artesanato, o
52
círio e a canoagem como elementos do interior do Pará. Confirmando entre
estas manifestações da canoagem como uma comunidade politicamente
imaginada, limitada e soberana, esta constatação sustenta os objetivos de
nossa pesquisa através das respostas apresentadas nas perguntas 8, 9, 10 e
11.
Pergunta 8 – Qual dos elementos culturais pode ser considerado manifestação
cultural
Círio de Nazaré
Artesanato
Canoagem tradicional
Canoagem
Agarrada Marajoara
50%
20%
10%
10%
10%
Pergunta 9 – Qual a relação do ritual e da prática de canoagem?
Habitual na canoagem
Não habitual na canoagem
90%
10%
53
Pergunta 10 – Os rituais que acontecem no início de cada prática de canoagem
foram
Criados pelo canoeiros
Não tem relação com os hábitos dos canoeiros
98%
2%
Pergunta 11– Os canoeiros são
Criados em função da canoagem tradicional
Criada em função da cultura local
80%
20%
54
CAPÍTULO VI
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O meio natural do estado do Pará, apresenta-se em seu desenho
geográfico, entrecortado por rios, unindo comunidades a comunidades e estas
à Capital e outros estados da Amazônia. Este desenho geográfico fez com que
o povo habitante do lugar precisasse desenvolver sua capacidade de
locomoção usando o meio de transporte mais acessível a eles, cujas técnicas
de uso são ensinadas de geração a geração.
Os ribeirinhos inventaram suas tradições, formaram seus pertencimentos,
pois com a necessidade de criar e de instituir suas criações esportivas, vão
imaginando e construindo outros mundos para além daquele que lhes é
familiar, o do simples transporte para uma prática esportiva.
É dentro desse contexto da criação humana que os praticantes de esportes
nos rios amazonenses foram construindo suas ações na direção da vivência de
algo novo, isto é, uma modalidade esportiva que ainda necessita de
reconhecimento de sua identidade, num enfoque de uma prática esportiva
cidadã, de identidade cultural regional, de inclusão social.
E nesta perspectiva de emancipação dos povos e comunidades ribeirinhas
da Amazônia, buscamos o reconhecimento da canoagem tradicional como
prática esportiva de identidade cultural. Neste sentido vários desafios precisam
ser superados, ações institucionais e governamentais aperfeiçoadas e
empreendidas.
Permeando o conceito de Esporte Lazer ou Esporte Participação, que se
apóiam no princípio lúdico, a prática da canoagem como manifestação
esportiva, também não agrega compromissos com regras institucionais rígidas.
Não obstante, como Esporte de Desempenho, esta poderá ser indicada a
institucionalizar-se, promovendo assim a valorização desta prática natural dos
ribeirinhos, elevando-a ainda à categoria reconhecida nacionalmente.
Parece
justo
e
urgente
organizar
recursos
para
fomentar
esta
institucionalização como forma de promover o desenvolvimento do esporte e
dos habitantes do lugar.
Recomenda-se outros estudos que recomendem as opções do gênero
entre os canoístas, no que se refere a ações institucionais e governamentais a
55
inclusão da pratica esportiva da canoagem tradicional no Esporte educacional
do Pará.
Recomenda-se ainda o desenvolvimento da mentalidade de uma
canoagem tradicional com sustentabilidade numa pedagogia ecológica e de
conservação dessas origens culturais.
56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Conceitos, prncipios e implicações. In: Humanidades, Universidade de São
Paulo, v 10, n.14 1995 , p284-299
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Física) – Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP, SP, 2005.
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58
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SANTOS. Contribuição da Capoeira para a identidade Cultural Brasileira de
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Esporte e Lazer. In. ISAYAMA, H. F., WERNECK, L. G. (org) Lazer,
Recreação e Educação Física. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
59
ANEXOS
60
ANEXO I
QUESTIONÁRIO APLICADO
61
ANEXO I - Questionário Aplicado
1 – A canoa retrata o cotidiano dos ribeirinhos?
( ) Sim
( ) Não
2 – O vocabulário utilizado pelos ribeirinhos na canoagem são:
( ) específicos desta atividade ( ) de outra atividade
3 – Os praticantes da canoagem são na sua maioria nascidos no interior?
( ) Sim
( ) Não
4 – Qual a utilização da canoagem para os Ribeirinhos do Marajó?
( ) Sim
( ) Não
5 – Quais as principais evidências do uso da canoa no cotidiano dos
Ribeirinhos?
( ) Pesca ( ) Locomoção ( ) comercio ( ) festa, lazer e esporte ( ) procisão
( ) artesanatos
6 – Os praticantes de canoagem possuem santos protetores?
( ) cultural do interior do Pará ( ) cultural brasileira
7 – A canoagem é uma manifestação
( ) Manifestação do interior do Estado ( ) Manifestação Brasileira
8 – Qual dos elementos culturais pode ser considerado manifestação cultural:
( ) Círio de Nazaré ( ) Artesanato ( ) Canoagem tradicional ( ) Canoagem ( )
Agarrada Marajoara
9 – Qual a relação do ritual e da prática de canoagem?
( ) Habitual na canoagem ( ) Não habitual na canoagem
10 - Os rituais que acontecem no início de cada prática de canoagem foram
( ) Criados pelo canoeiros ( ) Não tem relação com os hábitos dos canoeiros
11 - Os canoeiros são
( ) Criados em função da canoagem tradicional (
cultura local
) Criada em função da
Nome:
_______________________________________________________________
Titulação:_______________________________________________________
Trabalho:________________________________________________________
62
ANEXO II
CARTA ENDEREÇADA AOS VALIDADORES
63
ANEXO II
CARTA ENDEREÇADA AOS VALIDADORES
Sr. Validador.
O presente estudo tem como tema “A contribuição da canoagem como
manifestação Esportiva de Identidade Cultural do Estado do Pará.
Os objetivos do estudo são os seguintes:
Objetivo Geral: Desenvolver a Canoagem Tradicional do Pará, propondo
perspectivas para esta modalidade esportiva seja mais fortalecida e mais
reconhecida como um Esporte de Identidade Cultural deste Estado.
Objetivos específicos
1. Investigar a prática cotidiana dos ribeirinhos no uso de suas canoas.
2. Desenvolver regras e parâmetros a modalidade da canoagem
tradicional.
3. Elaborar documento sobre a forma de proposta fundamentando a
investigação para encaminhar para a Confederação Brasileira de
Canoagem solicitando a oficialização da modalidade como esporte de
desempenho (rendimento).
4. Relacionar os aprofundamentos dos estudos realizados com as
manifestações Esporte-Educação e Esporte-Lazer utilizando como meio
a canoagem.
Neste sentido, foi formulado um questionário com perguntas e quatro (4)
referências, que constam de um roteiro a ser validado, que toma como base
temas que estão de acordo com os objetivos e as questões de estudo a
serem investigadas. Utilizar-se-á como amostra DE moradores ribeirinhos
da localidade de CACHOEIRA do ARARI – MARAJÓ - PARÁ e professores
universitários. Com as informações obtidas dos entrevistados, será possível
chegar a conclusões importantes para o estudo em questão.
Assim, obter-se a opinião dos entrevistados, em relação às questões de
estudo a serem respondidas, pedimos ao Sr. (Sra) que verifique a
coerência, a clareza e a validade das perguntas formuladas no questionário
e das citadas referências.
64
Junto ao provável questionário e as referências, segue uma folha dirigida
para a emissão do seu parecer em relação a cada pergunta e referência.
Caso concorde com a pergunta, marque X na opção Manter; caso discorde,
marque Retirar ou Reformular, sugerindo a reformulação no espaço
abaixo.
Antecipadamente, agradeço a valiosa colaboração.
Evaldo Malato
65
ANEXO III
MODELO DE PARECER DOS VALIDADORES
66
ANEXO III
MODELO DE PARECER DOS VALIDADORES
Parecer do validador em relação ao questionário e as referências a
serem respondidas.
Caso concorde com o item ou pergunta, marque um X em Manter. Caso
discorde marque em retirar ou reformular, sugerindo a reformulação no espaço
abaixo.
Item 1
[
] Manter
[
] Retirar
[
] Reformular
Sugestão:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Item 2
[
] Manter
[
] Retirar
[
] Reformular
Sugestão:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Item 3
[
] Manter
[
] Retirar
[
] Reformular
Sugestão:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
67
Item 4
[
] Manter
[
] Retirar
[
] Reformular
Sugestão:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
______________________________________________________________
Item 5
[
] Manter
[
] Retirar
[
] Reformular
Sugestão:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Item 6
[
] Manter
[
] Retirar
[
] Reformular
Sugestão:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Item 7
[
] Manter
[
] Retirar
[
] Reformular
Sugestão:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
68
Item 8
[
] Manter
[
] Retirar
[
] Reformular
Sugestão:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Item 9
[
] Manter
[
] Retirar
[
] Reformular
Sugestão:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Item 10
[
] Manter
[
] Retirar
[
] Reformular
Sugestão:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Item 11
[
] Manter
[
] Retirar
[
] Reformular
Sugestão:
_______________________________________________________________
69
ANEXO IV
VALIDADAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
70
ANEXO IV
VALIDADAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
PERGUNTAS DO QUESTIONÁRIO
JUIZ
1 – A canoa retrata o cotidiano dos ribeirinhos?
( ) Sim
( ) Não
2 – O vocabulário utilizado pelos ribeirinhos na
canoagem são:
( ) específicos desta atividade
( ) de outra atividade
3 – Os praticantes da canoagem são na sua
maioria nascidos no interior?
( ) Sim
( ) Não
4 – Qual a utilização da canoagem para os
Ribeirinhos do Marajó?
( ) Sim
( ) Não
5 – Quais as principais evidências do uso da
canoa no cotidiano dos Ribeirinhos?
( ) Sim
( ) Não
6 – Os praticantes de canoagem possuem
santos protetores?
( ) cultural do interior do Pará
( ) cultural brasileira
J1
J2
J3
J4
J5
7 – A canoagem é uma manifestação
( ) Manifestação do interior do Estado
( ) Manifestação Brasileira
J1
J2
J3
J4
J5
J1
J2
J3
J4
J5
8 – Qual dos elementos culturais pode ser
considerado manifestação cultural:
( ) Círio de Nazaré
( ) Artesanato
( ) Canoagem tradicional
( ) Canoagem
( ) Agarrada Marajoara
9 – Qual a relação do ritual e da prática de
canoagem?
( ) Habitual na canoagem
( ) Não habitual na canoagem
10 - Os rituais que acontecem no início de cada
prática de canoagem foram
( ) Criados pelo canoeiros
( ) Não tem relação com os hábitos dos
canoeiros
11 - Os canoeiros são
( ) Criados em função da canoagem tradicional
( ) Criada em função da cultura local
Análise
Modificação
sugerida
Parecer
Final
J1
J2
J3
J4
J5
J1
J2
J3
J4
J5
J1
J2
J3
J4
J5
J1
J2
J3
J4
J5
71
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