TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Texto Auxiliar para PP321 INTRODUÇÃO ................................................................................................ ..................... 3 GERENCIAMENTO DE RES ERVATÓRIOS................................................................ ............ 4 FUNDAMENTOS................................................................................................ ..................... 4 P ROCESSO DE GERENCIAMENTO ................................ ................................................................ 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................ .......................................................................... 6 CARACTERIZAÇÃO DE RESERVATÓRIOS................................ ........................................... 8 INTEGRAÇÃO COM A GEOLOGIA ................................ ................................................................ 8 P ROPRIEDADES DE FLUIDOS E ROCHAS ................................................................ ...................... 10 REPRESENTAÇÃO DORESERVATÓRIO................................................................ ........................ 24 P RINCIPAIS DADOS ................................................................ ................................ .............. 25 MECANISMOS NATURAIS DE PRODUÇÃO................................ ......................................... 26 MECANISMO DEEXPANSÃO DE GÁS ......................................................................................... 26 MECANISMO DEEXPANSÃO DE LÍQUIDO.................................................................................... 26 MECANISMO DEGÁS EM SOLUÇÃO ................................ ................................ .......................... 26 MECANISMO DEEXPANSÃO DA CAPA DE GÁS ............................................................................. 28 MECANISMO DEINFLUXO DE ÁGUA................................ ................................ .......................... 28 MECANISMO COMBINADO ................................................................................................ ..... 29 ESTIMATIVA DO VOLUME IN SITU E DO VOLUME RECUPER ÁVEL ................................ .. 31 CÁLCULO GEOMÉTRICO................................ ........................................................................ 31 BALANÇO MATERIAL ................................................................ ........................................... 31 CURVAS DE DECLÍNIO ................................ ................................................................ .......... 36 CONCEITOS DE ESCOAMENTO EM MEIOS POROSOS....................................................... 38 BALANÇO DE MASSA................................................................ ........................................... 38 LEI DE DARCY................................ .................................................................................... 39 EQUAÇÃO DE ESTADO ................................ ................................................................ .......... 41 EQUAÇÃO DA DIFUSIVIDADE ................................................................ ................................ .. 41 ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO ................................ ................................ .......................... 46 FUNDAMENTOS................................................................................................ ................... 46 P RODUÇÃOP RIMÁRIA ................................ ................................................................ .......... 51 RECUPERAÇÃO SUPLEMENTAR................................................................................................ 52 INJEÇÃO DE ÁGUA ................................ ............................................................................... 52 SIMULAÇÃO DE RESERVA TÓRIOS.................................................................................... 54 ANÁLISE DE INCERTEZAS ................................................................................................ 55 ANÁLISE ECONÔMICA DE RESERVATÓRIOS................................ .................................... 60 P RINCIPAIS TAREFAS ................................................................................................ ............ 60 P RINCIPAIS INDICADORES ................................ ................................ ...................................... 60 REFERÊNCIAS ................................ ................................ .................................................. 62 ANEXO 1 - LEGISLAÇÃO................................ ................................................................... 63 INTRODUÇÃO ................................................................ ..................................................... 63 OBJETIVOS DA POLÍTICAENERGÉTICA NACIONAL ................................ ......................................... 63 CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA ENERGÉTICA ........................................................................ 63 TITULARIDADE E MONOPÓLIO DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL........................................................... 64 AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO........................................................................................... 65 EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO ................................................................ .................................... 65 Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 1 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS ANEXO 2 - CÓDIGO DE RESERVAS .................................................................................... 67 INTRODUÇÃO ................................................................ ..................................................... 67 SPE – PETROLEUM RESERVES DEFINITIONS ................................ ................................................ 67 PETROLEUM RESOURCES CLASSIFICATION AND DEFINITIONS (DRAFT)................................ ................. 72 Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 2 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Introdução O objetivo dessa apostila é apresentar alguns conceitos fundamentais sobre a Engenharia de Reservatórios e Simulação Numérica de Reservatórios, mostrando alguns aspectos teóricos e práticos sobre as tarefas mais importantes, tais como propriedades de rochas, escoamento em meios porosos, simulação de reservatórios, previsão de produção e integração com as outras atividades da Engenharia de Petróleo. O texto está direcionado para um nível básico de conceitos, sem muitos detalhes técnicos e com maior ênfase na importância da Engenharia de Reservatórios e da Simulação Numérica no sistema completo de Exploração e Produção. Como pode- se observar ao longo do texto, o reservatório é uma parte central, com interface com todas as outras áreas envolvidas na Engenharia de Petróleo e, por isso, é uma atividade multidisciplinar pois envolve diversos conceitos de geologia, engenharia, matemática, termodinâmica, economia, entre outras. Por isso, o engenheiro de reservatórios deve buscar cumprir suas tarefas sem perder de vista o objetivo global de cada projeto. Pode-se afirmar que a principal tarefa do engenheiro de reservatórios é a previsão de produção mas isso só é possível depois de uma boa caracterização do meio onde o petróleo está contido e um bom entendimento sobre como é o escoamento do fluido a ser produzido até o sistema de produção, responsável pelo transporte do petróleo do reservatório até a superfície. Além disso, a previsão de produção, na prática, depende de diversos fatores não diretamente ligados a parte técnica do escoamento em meios porosos. Por exemplo, é fundamental uma análise econômica do plano de desenvolvimento de um campo de petróleo, sem a qual não se pode prever o sistema de produção que, por sua vez, tem forte influência na vazão de produção. Dessa forma, a prática da engenharia de reservatórios é complexa e interdisciplinar. Não se aceita, hoje em dia, um estudo de reservatórios sem uma integração com a geologia e sem uma análise econômica do desenvolvimento dos campos de petróleo. O enfoque desse texto é então a integração da Engenharia de Reservatórios com o Gerenciamento de Campos de Petróleo. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 3 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Gerenciamento de Reservatórios Fundamentos O principal objetivo do gerenciamento de reservatórios é uma eficiente recuperação de óleo e gás dos campos de petróleo. A palavra eficiente está colocada propositadamente para identificar alguma incerteza no objetivo de cada estudo. Em muitos casos, pode-se buscar a maximização da produção de hidrocarbonetos até um limite econômico de operação. Em outros casos, com recursos limitados de investimentos e de operações, busca-se uma comparação entre projetos para que maiores esforços sejam gastos em projetos de maior retorno. Em alguns outros casos, busca-se a explotação de campos com menores riscos envolvidos. Vários outros exemplos de objetivos são observados na prática. A análise de eficiência é bastante complexa para o estudo de reservatórios devido a grande número de variáveis e também às incertezas geológicas e econômicas envolvidas no processo de previsão de produção de campos de petróleo. Uma das tarefas do gerenciamento de reservatórios é exatamente identificar os objetivos e conduzir o processo de maneira a otimizar a produção com base nos objetivos propostos. Normalmente, podemos identificar as principais tarefas do gerenciamento de reservatórios listadas a seguir: • Identificar e caracterizar todos os reservatórios de um campo • Fazer uma previsão de produção de fator de recuperação • Identificar e otimizar o esquema de produção: poços, facilidades de produção, vazões de produção e abandono • Fazer um plano de desenvolvimento do campo • Identificar necessidade e viabilidade de aquisição de dados adicionais • Identificar técnicas de recuperação suplementar • Estudo econômico contínuo observando todos os aspectos de produção, econômicos e legais O trabalho começa na descoberta do campo e só termina na decisão de abandono. A integração da equipe responsável pelo gerenciamento de reservatórios deve acontecer com quase todas as outras atividades da engenharia de petróleo (produção, perfuração, economia, ambiental, legal, geologia, geofísica, engenharia do gás, pesquisa e desenvolvimento, etc.) e deve ser contínua. A constituição da equipe de trabalho varia muito entre as empresas de acordo com o estilo de administração de cada uma mas hoje existe a certeza de que os estudos geológicos, de reservatórios e econômicos não podem ser feitos separadamente. Nos próximos itens do texto, busca-se dar os subsídios necessários para o entendimento técnico e econômico para a tomada de decisões na área de engenharia de reservatórios, com base em objetivos traçados para o gerenciamento de campos de petróleo. Processo de Gerenciamento Os principais passos do gerenciamento são (ver figura abaixo): Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 4 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS • Escolha de estratégia • Plano de desenvolvimento • Implementação • Monitoramento • Avaliação e revisão contínua Gerenciamento de Reservatórios Escolha da estratégia Plano de desenvolvimento Implementação Monitoramento Avaliação Fechamento Figura: Processo de gerenciamento de reservatórios Estratégia A escolha da estratégia ou objetivos tem por base • Características do reservatório (volume, propriedade de rochas e fluidos, mecanismos de produção, etc.) • Ambiente (aspectos econômicos, condições operacionais, meio ambiente, etc.) • Tecnologia disponível Plano de desenvolvimento O plano de desenvolvimento passa pelas seguintes etapas • Escolha de estratégia de desenvolvimento • Considerações ambientais • Aquisição de dados Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 5 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS • Construção do modelo de res ervatórios • Previsão de produção e fator de recuperação • Identificação de esquema e sistema de produção • Otimização da função- objetivo (econômica ou operacional) • Identificação dos ganhos tecnológicos do projeto Antes da produção Sísmica Geologia Pefilagem Testemunho Fluido Testes em poços Plano de desenvolvimento Análise de dados Validação / banco de dados Depois da produção Teste em poços Produção Injeção Ajuste de histórico Métodos especiais Figura: Esquema de análise de dados para plano de desenvolvimento Implementação, Monitoramento e Avaliação A implementação dos planos de desenvolvimento devem ter início em meio a um ambiente de incertezas típico da área e, por esse motivo, o plano deve ser flexível o bastante para ser adaptado aos novos dados que são adquiridos ao longo do tempo. Pela mesma razão, o monitoramento deve ser contínuo. O plano deve prever revisões periódicas. Seria muita pretensão da equipe de trabalho esperar que o desenvolvimento do reservatório seguisse o plano traçado no início do projeto. Dessa forma, alguns critérios precisam ser escolhidos para a mudança de rumos. Esses critérios dependem principalmente da importância do estudo e das incertezas envolvidas no processo. A revisão é necessária pois o sucesso do plano de desenvolvimento não depende somente dos aspectos técnicos mas também do ambiente externo que está continuamente mudando e de aquisição de dados que podem mudar significativamente o modelo proposto. As principais razões de falha no plano de desenvolvimento são: • Sistema não integrado • Começo tardio • Falta de monitoramento Considerações Finais Com a experiência dos estudos de reservatórios, pode-se afirmar com certeza que o gerenciamento de reservatórios é uma tarefa difícil mas muito importante. Difícil pois o problema envolve um grande número de incertezas (principalmente geológicas e econômicas) e um quantidade quase infinita de Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 6 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS possibilidades de produzir o petróleo um reservatório. São muitas as alternativas e a decisão deve ser baseada em várias áreas de conhecimento. A tarefa é muito importante pois tem relação direta com a quantidade de petróleo que será produzida de cada reservatório. Uma decisão errada no processo de gerenciamento de reservatórios pode significar uma inversão na viabilidade de um projeto de explotação de um campo de petróleo. A principal característica dessa tarefa é a forte relação com as demais áreas típicas da área de petróleo, principalmente geologia, engenharia de produção e economia. A integração entre a geologia e a engenharia de reservatórios é fundamental para a compreensão do modelo de reservatório que será a base para qualquer previsão de produção. A integração com a engenharia de produção é importante para que os equipamentos utilizados para escoar o petróleo seja o mais adequado. A relação com a economia é fundamental para a tomada de decisão entre os vários tipos de projetos possíveis de uma empresa de petróleo. A base para tudo isso é uma previsão de produção confiável que só é obtida após uma boa caracterização de reservatórios e um bom entendimento dos mecanismos de produção. O engenheiro de reservatórios deve então compreender bem o processo de escoamento em meios porosos e dominar as várias técnicas possíveis de estratégias de produção. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 7 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Caracterização de Reservatórios Integração com a Geologia A vida de um reservatório começa com a exploração que leva ao descobrimento de um campo. Em seguida, temos estudos para determinar o tamanho do reservatório e suas características básicas. Com base nesses dados, estuda- se a viabilidade de produção através de um plano de desenvolvimento de produção primária e recuperação suplementar até o abandono. A integração da Engenharia de Reservatórios com a Caracterização Geológica é intensa durante toda a vida dos campos. As incertezas env olvidas são muito grandes e o problema é muito complexo para uma modelagem perfeita. Dessa forma, além de toda a ciência envolvida, o trabalho de geólogos e engenheiros de reservatórios é também uma arte. A integração em equipes multidisciplinares e os av anços nas técnicas de descrição de reservatórios e de modelagem de fluxo em meios porosos dá a essa arte cada vez mais base científica. A primeira tarefa conjunta da equipe de trabalho deve ser a montagem de um modelo capaz de descrever o reservatório que possa ser usado de base para a previsão de produção. Nessa etapa, os objetivos do estudo já devem estar bem definidos para que a montagem do modelo contenha exatamente os dados necessários para o estudo. É comum observar estudos de equipes não integradas onde a quantidade de dados fornecidos da geologia para a engenharia é muito além ou aquém do necessário. Depois da montagem do modelo inicial, começa a fase de estudos onde a qualidade da descrição do reservatórios melhora com a aquisição de novos dados e principalmente com a produção. A resposta do reservatório em termos de vazão de produção e pressão é um dos melhores dados para entender os mecanismos de produção e as particularidades do reservatório. Todos os tipos de dados são úteis; mesmo poços secos são interessantes para fornecer informações de tamanho do reservatório, etc. Nos próximos itens serão descritas algumas das técnicas de obtenção de dados. Não só os dados do próprio reservatório são utilizados; correlações com reservatórios vizinhos ou semelhantes são freqüentemente usadas na ausência de dados melhores. Logicamente, a aquisição de dados demanda recursos e a quantidade e qualidade de dados está então intimamente ligada à importância do reservatório em estudo. Os próprios objetivos dos estudos e ferramentas utilizadas são funções diretas da relação custo/benefício dos projetos. Por isso, o processo não pode estar separado de uma análise econômica contínua do desenvolvimento dos campos. Todo o processo é cercado de muitas incertezas e a tarefa de descrição continua até a fase final de produção. Muitos especialistas dizem até que um reservatório só é bem conhecido depois que está depletado. Logicamente esse é um exagero mas demostra que as pessoas envolvidas devem estar cientes dos problemas encontrados. O enfoque seguinte é sobre a importância das propriedades de rochas e fluidos no processo de desenvolvimento de campos de petróleo. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 8 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Figura: Integração das atividades de reservatórios (after Satter and Thakur - 1994) Figura: Passagem de dados geológicos para a engenharia de reservatórios (after Satter and Thakur - 1994) Geologia de Reservatório Com a finalidade de cumprir o objetivo da engenharia de reservatórios, é fundamental a montagem de um modelo que será utilizado para a previsão de produção. As principais características desse modelo estão descritas abaixo e, em seguida, serão feitas considerações sobres as principais propriedades para a montagem do modelo. Geometria Externa • Posição geográfica Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 9 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS • Posição vertical (profundidade) • Comprimento • Largura • Espessura • Limites Geometria Interna • Estrutura primária • Textura • Constituição • Falhas • Barreiras Caracterização Geológica • Montagem do modelo geológico • Representação do modelo físico de escoamento • Ajuste de histórico de produção para "calibrar" modelo com a resposta real obtida Propriedades de Fluidos e Rochas Como visto, objetivamos uma estimativa da produção total (futura) de óleo e gás (reserva) de um campo e sua distribuição no tempo (previsão de produção à fluxo de caixa). Para isso, necessitamos também de uma estimativa do volume de óleo e gás in situ. Para obter essas estimativas, a definição de algumas propriedades da rocha e dos fluidos presentes em um reservatório pode facilitar bastante a tarefa. A maioria dessas propriedades pode ser obtida não só através de medidas diretas em laboratório, mas também através de perfis ou correlações empíricas. O reservatório está submetido a determinadas condições de carga (overburden), devido ao peso das camadas superiores, a uma pressão de fluido e a uma determinada temperatura. Essas condições são bastante influenciadas pela profundidade em que o reservatório se encontra em função do gradiente geoestático, hidrostático e geotérmico. Os fluidos produzidos (água, óleo e gás) deverão passar assim da condições de pressão e temperatura do reservatório às condições de superfície (tanque de estocagem). Nessa passagem, ocorrem mudanças de fase. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 10 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS P r e s s ã o Condições de Reservatório Condições Superfície de Temperatura Figura: As condições de pressão e temperatura do reservatório e da superfície Considerando que os fluidos do reservatório estão presentes ali a milhares de anos, é razoável supor que eles estejam em equilíbrio. Os hidrocarbonetos presentes em um reservatório formam uma mistura complexa cujo diagrama de equilíbrio de fases é bem diferente daquele de uma substância pura (figura abaixo). Para as pressões e temperaturas situadas no interior do envelope do diagrama de fases, na mistura de hidrocarbonetos coexistem 2 fases: líquida e gasosa. Esse diagrama de fases é obviamente função da composição da mistura e assim é praticamente único! A forma e o posicionamento do diagrama de fases da mistura original de hidrocarbonetos em relação às condições de pressão e temperatura do reservatório definem se o reservatório contém óleo, gás ou óleo e gás. Nesse último caso, o gás estará na forma de uma capa de gás devido à segregação gravitacional (reservatório saturado). P r e s s ã o Ponto Crítico Fase Líquida Fase Sólida Fase Gasosa Temperatura Fase Líquida P r e s s ã o Fase Gasosa Temperatura Figura: Diagrama de Fases para um substância pura (esquerda) e para uma mistura (direita). Em função das fases presentes originalmente no reservatório e na superfície (produção), os reservatórios são classificados em: 1. Reservatório Subsaturado: a mistura de hidrocarbonetos no reservatório encontra-se originalmente na fase líquida. Em superfície, há produção de óleo e gás (fase líquida e gasosa). 2. Reservatório Saturado: coexistem originalmente no reservatório tanto a fase líquida quanto a fase gasosa (capa de gás). Em superfície, há produção de óleo e gás. 3. Reservatório de Gás Condensado Retrógrado: a mistura de hidrocarbonetos encontra-se originalmente no reservatório na fase gasosa. Em superfície, há produção de óleo e gás. Com o abaixamento da pressão do reservatório devido à produção, há formação de condensado (fase líquida) no reservatório. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 11 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS 4. Reservatório de Gás Condensado: semelhante ao caso anterior, porém não há formação de condensado no reservatório. 5. Reservatório de Gás Seco: a mistura de hidrocarbonetos no reservatório encontra-se originalmente na fase gasosa. Em superfície, há produção de gás somente. Separador (superf.) reservatório P r e s s ã o RESERVATÓRIO Saturado Subsaturado Gás Cond. Retrógrado Gás Condensado Gás Seco Tanque de Estocagem (superf.) Temperatura Ponto(s) crítico(s) Figura: Classificação dos Reservatórios Óleos de Alto e Baixo Encolhimento No envelope do diagrama de fases de uma mistura de hidrocarbonetos, encontramos a curva dos pontos de bolha (para pressões iguais ou superiores, a mistura encontra-se 100% na fase líquida), a curva dos pontos de orvalho (para pressões iguais ou inferiores, a mistura encontra-se 100% na fase gasosa) e o ponto crítico, unindo-as. Para condições de pressão e temperatura no interior do envelope, a mistura corresponderá a 2 fases em equilíbrio (líquido e gás). A forma das curvas, no interior desse envelope, que indicam a proporção líquido-gás é função da composição da mistura. Conforme essas curvas se deslocam em direção à curva dos pontos de orvalho ou de bolha, teremos respectivamente um óleo de baixo e alto encolhimento. Vide figuras abaixo: Figura: Diagrama de fases de óleo de baixo encolhimento (esquerda) e de alto encolhimento (direita); Clark, 1969. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 12 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Condensação Retrógrada A condensação retrógraga acontece quando o reservatório contém gás e sua temperatura situa- se à direita do ponto crítico porém à esquerda da maior temperatura do envelope. Com a produção, e o conseqüente abaixamento da pressão no reservatório, o ponto representativo do reservatório desce no diagrama atingindo o interior do envelope de fases, logo há o aparecimento inesperado de líq uido. O contínuo abaixamento da pressão, após a passagem por um volume máximo, a fase líquida volta a vaporizar. Conforme figura abaixo: Figura- Diagrama de Fase de gás condensado retrógrado; Clark, 1969. O comportamento do volume de líquido no reservatório está ilustrado na figura seguinte: Figura- Encolhimento de Hidrocarbonetos (fase líquida); Clark, 1969. Fator volume de formação O fator volume de formação é usado para se corrigir o volume de óleo ou gás medido nas condições de reservatório para as condições de superfície. De fato, são os volumes medidos na superfície que devem ser avaliados para fins de cálculos de receita. Define-se assim: V Bi = iR ViSC ViSC = Bi → fator volume de formação do fluido i V → volume de fluido i medidonas condiçõesde reservatório (P, T) iR ViSC → volume de fluido i medidonas condiçõesde superfície(P, T ambientes) i → fluido de interesse: óleo, gás ou total (para a misturagás/líquido) ViR Bi Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 13 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS O fator volume de formação do óleo é superior, porém muito próximo à unidade, indicando a perda de componentes para a fase gasosa quando trazido do reservatório a superfície. O fator volume de formação do gás é muito próximo de zero indicando uma grande descompressão, característica dos gases. Figura: Exemplo de Fator volume de formação do óleo; Dake,1978. Ainda no caso dos gases, pode-se calcular o fator volume de formação através da equação dos gases reais: p.V = Z .n. R.T p → pressãodo gás V → volume ocupado pelo gás Z → fator de compressibilidade n → número de moles R → const.universal dos gases T → temperatura O fator de compressibilidade é tabelado ou obtido por correlações. Figura: Fator de Compressibilidade Z; Chierici, 1994. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 14 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Bg = V gR p Z .T = . VgSup Z .T Sup p Z .T = cte. R p R Figura: Exemplo de Fator volume de formação do gás; Dake,1978. Razão de Solubilidade do Gás no Óleo Ainda que o reservatório não contenha, na pressão original, uma fase gasosa, ainda assim haverá produção de gás. Esse gás deriva, conforme vimos no item Fator Volume de Formação, da perda de componentes leves da fase líquida para a fase gasosa devido a descompressão reservatóriosuperfície. Ou seja, esse gás quando exposto às condições de reservatório dissolve-se na fase líquida. Como esse gás não se originou da expansão do gás já presente nas condições de reservatório, ele não é computado no fator volume de formação do gás. A razão entre o volume de gás (medido em condições de superfície) que se dissolve em um determinado volume de óleo (medido em condições de superfície) quando submetidos às condições de reservatório é chamada de razão de solubilidade do gás no óleo. Pode-se também medir a solubilidade do gás na água, que é obviamente muito menor que no óleo, e é função da salinidade. Figura: Razão de Solubilidade; Dake, 1978. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 15 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Razão Gás-Óleo (RGO) A razão gás-óleo é a relação entre os volumes de gás e óleo produzidos (em condições de superfície). Para reservatórios subsaturados, esse valor se confunde com a razão de solubilidade. Para reservatórios abaixo da pressão de bolha a RGO é superior à razão de solubilidade. Figura: Razão Gás-Óleo (R); Dake, 1978. Viscosidade dos fluidos A viscosidade é uma medida da resistência que o fluido impõe a seu próprio escoamento. É uma função forte da temperatura e da composição (no caso de misturas), mas também da pressão, teor de gás dissolvido (razão de solubilidade) e da salinidade (água). As próximas propriedades são relacionadas ao sistema rocha-fluidos. Para melhor entendê-las, olhemos o reservatório (figura abaixo) mais de perto: Figura: Reservatório clássico em forma de anticlinal contendo: a) Zona de água (aquífero), b) Contato água-óleo, c) Zona de óleo, d) Contato óleo- gás, e) Capa de gás; Chierici, 1994. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 16 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Conforme a figura seguinte, vê-se que nem todo o volume está disponível para a estocagem de fluidos: de fato, tem-se uma fase sólida (os grãos, normalmente de origem clástica, e o cimento que os une) que define um intrincado espaço poroso tridimensional totalmente preenchido por fluidos (líquidos e/ou gás), figura abaixo: Porosidade Figura: Aumento da zona de óleo Na figura acima, em 2D, a cimentação dos grãos não parece tão clara, mas não é difícil imaginar isto em 3D. Pode-se notar que o volume disponív el para os fluidos é limitado primeiramente àquele definido pelo volume poroso, ou seja, o volume de rocha que não contém matriz rochosa ou cimento. Para facilitar a comparação com outros reservatórios, define-se uma propriedade petrofísica, a porosidade da rocha, que nada mais é que o volume poroso normalizado pelo volume total da amostra de rocha em estudo. φ= Vp Vt φ → porosidade da amostra de rocha V p → volume porosa da amostra V → volume total da amostra t A porosidade depende da granulometria (distribuição de diâmetro dos grãos) e também do arranjo geométrico: Figura: Efeito do tamanho e arranjo de esferas na porosidade (esquerda), efeito da distribuição granulométrica das esferas na porosidade (direita). Não é difícil perceber o impacto da porosidade na capacidade do reservatório de armazenar fluidos. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 17 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Compressibilidade efetiva da rocha A compressibilidade efetiva da rocha mede a variação relativa da porosidade por unidade (de variação) de pressão interna (pressão de fluido). Com a produção do campo, a pressão interna do reservatório tende a diminuir, logo a porosidade também tende a diminuir. cφ = 1 dφ 1 dVp . = . φ dp T V p dp T cφ → compressibilidade efetiva da rocha φ → porosidade p → pressão interna (pressãode fluido) T → temperatura V p → volume poroso Pode-se também medir a compressibilidade dos fluidos à uma dada pressão de maneira análoga: cf = 1 Vf dV f . dp T c f → compressibilidade do fluido f V → volume do fluido f f p → pressão interna (pressãode fluido) T → temperatura f → fluido : óleo, gás, água As compressibilidades dos fluidos e do volume poroso estão intimamente relacionadas com os mecanismos naturais de produção, conforme veremos. A compressibilidade isotérmica "modela" o comportamento do reservatório onde a pressão cai com a produção e a temperatura é mantida devido à grande massa (a Terra) em equilíbrio térmico com o reservatório. As compressibilidades dos fluidos do reservatório a 200 psia são da ordem de: co = 15 × 10− 6 psi c w = 3 × 10 − 6 psi c g = 500 × 10− 6 psi A compressibilidade dos líquidos é pequena e praticamente constante, ao contrário da compressibilidade do gás que é grande e inversamente proporcional à pressão. Saturação Em segundo lugar, nota-se que esse volume poroso, apesar de estar completamente ocupado (saturado) por fluido(s), pode conter mais de um fluido. Obviamente, apenas o volume ocupado pelo fluido que interesse deve ser levado em consideração. Define-se assim a saturação de um fluido como sendo o volume do fluido em questão normalizado pelo volume poroso da amostra de rocha em estudo. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 18 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Si = Vi Vp Si → saturação do fluido i na amostra V → volume de fluido i na amostra i V p → volume poroso da amostra i → fluido : óleo, gás ou água So + Sg + Sw = 1 A saturação de um determinado fluido reflete assim a fração da capacidade da (amostra de) rocha em armazenar fluidos que é usada para o armazenamento do fluido considerado. Pode-se notar ainda que os grãos da rocha estão sempre envolvidos pelo mesmo fluido, dito fluido molhante, que é, neste caso e na maioria dos reservatórios, a água. Esse efeito é conhecido pelo nome de molhabilidade e aparece sempre que se tem o contato entre 2 fluidos e um sólido. Os líquidos normalmente molham (os sólidos) mais que os gases, o mercúrio é uma exceção. Figura: A molhabilidade é função da natureza dos fluidos e da natureza e condições da superfície sólida; Clark, 1969. Devido ao efeito da molhabilidade, encontramos sempre uma saturação de água mínima (chamada de água irredutível) mesmo nas regiões de óleo e de gás. Esta água é o que restou da água original (água conata) deslocada pela migração dos hidrocarbonetos. Pressão Capilar A ascensão capilar está presente na vida cotidiana e consiste na ascensão de um fluido dentro de um capilar. O fenômeno está relacionado a molhabilidade, logo é necessária a presença de 2 fluidos e um sólido para sua manifestação. A pressão capilar, responsável pelo fenômeno, será tão mais importante quanto maior for a diferença de molhabilidade, figura abaixo a esquerda, e menor for o diâmetro do capilar, figura a esquerda: Figura: Ascensão da água e abaixamento do mercúrio em um tubo capilar de vidro (esquerda). Efeito do diâmetro dos capilares na altura de ascensão (direita); Clark, 1969. A pressão capilar se relaciona a ascensão capilar através da relação: Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 19 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS pc = ∆ρ . g. ∆h pc → pressão capilar ∆ρ → diferença de densidade entre os 2 fluidos g → aceleração da gravidade ∆h → altura correspondente à ascensão capilar No caso das rochas, os capilares são completamente irregulares, com uma distribuição de diâmetros característica de cada rocha. Assim, no contato água-óleo, teremos uma zona, dita zona de transição água-óleo, em que a saturação do molhante variará (com a profundidade) de acordo com a distribuição de diâmetros dos capilares (rica em finos, ou rica em grossos, etc.), vide analogia na figura abaixo: Figura: Ascensão capilar em tubos de mesmo diâmetro (esquerda). Ascensão capilar para uma dada distribuição de diâmetros capilares (direita); Bonet et Grabielli Usando-se a relação anterior, pode-se facilmente converter o eixo h em pressão capilar. Microscopicamente, o efeito da pressão capilar se faz notar através dos raios de curvaturas no contato entre os grãos, segundo a Equação de Plateau/Laplace: 1 1 pc = σ 12 + r1 r2 Figura: Raios de curvatura principais. O perfil de saturação de água na profundidade será do tipo: Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 20 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Figura: Perfil de saturação através da região de transição água-óleo; Clark, 1969. A zona de transição água- óleo é mais espessa que a zona de transição água- gás em um reservatório de gás devido à menor diferença de densidade, vide equação anterior: Figura: Efeito da diferença de densidade dos fluidos na espessura das zonas de transição. O conhecimento da distribuição dessas propriedades em um campo é suficiente para uma estimativa dos volumes de óleo ou gás originalmente in situ em um reservatório homogêneo de geometria conhecida, conforme veremos mais adiante. No entanto, para estimarmos as reservas de um campo, precisamos de outras propriedades relacionadas com a produção. Como a produção de um fluido é quase sempre devida ao deslocamento de um fluido por outro fluido, necessitamos de propriedades que avaliem a facilidade desse deslocamento. Permeabilidade Absoluta Até agora, as análises feitas consideraram o reservatório em equilíbrio, ou seja, não existe fluxo no reservatório e o gás eventualmente existente migrou por diferença de densidade para a parte superior do reservatório. Isto nos permitiu verificar a distribuição dos fluidos no reservatório original, antes da entrada em produção. Após o início da produção, quando os fluidos devem necessariamente escoar em direção ao poço e deste para o superfície, este equilíbrio não mais está presente e devemos considerar propriedades importantes relacionadas ao fluxo dos fluidos. A primeira dessas propriedades, a permeabilidade absoluta, diz respeito à rocha somente e é função da geometria (complexa) dos caminhos que um fluido deve percorrer para atravessar a rocha. Estritamente falando, a permeabilidade absoluta é a facilidade com que uma determinada rocha se deixa atravessar por um fluido. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 21 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS A permeabilidade absoluta não é função única da porosidade e, assim, pode-se ter rochas de igual porosidade com diferentes permeabilidades, vide figura no item “Porosidade”. É fácil notar também que a permeabilidade absoluta depende da direção do escoamento (tensor de ordem 2): . Figura: Influência no arranjo espacial dos grãos na porosidade e na permeabilidade (esquerda), Efeito da forma e tamanho dos grãos na permeabilidade (centro), Efeito da presença de cimento na porosidade e na permeabilidade (direita); Clark , 1969. Permeabilidade Efetiva e Relativa A permeabilidade absoluta mede apenas a dificuldade (na realidade, a facilidade) que os grãos impõem a um fluido qualquer quando este flui através da rocha. No caso do perfil de saturações da fig. 58, isto é diretamente aplicável a zona de água, onde há apenas uma fase fluida, vide fig. abaixo (a). Nesse caso, a permeabilidade efetiva à água é igual à permeabilidade absoluta. A permeabilidade relativa, que é a normalização da permeabilidade efetiva em relação à absoluta, vale então 1. krf = kef k krf → permeabili dade relativa ao fluido f , 0 ≤ k rf ≤ 1 k → permeabili dade relativa ao fluido f , 0 ≤ k ≤ k ef ef k → permeabili dade absoluta da rocha f → fluido referência : água, óleo ou gás Ao subirmos no perfil de saturação, atingimos a zona de transição água- óleo, onde o óleo está presente porém, por não ser uma fase contínua, não flui, figura abaixo (b), e portanto sua permeabilidade efetiva e relativa é nula. Apesar de não fluir, o óleo ocupa um espaço que a água não pode dispor para seu fluxo. A permeabilidade efetiva da água é então inferior à absoluta (permeabilidade relativa menor que 100%). Prosseguindo no perfil de saturação através da zona de transição, figura abaixo (c), encontra-se uma região em que a a fase óleo é contínua e, portanto, flui. Sua permeabilidade relativa deixa de ser nula e aumenta até um máximo na região de óleo. Nesse ponto, figura abaixo (d), a permeabilidade relativa da água é nula e a do óleo é máxima (para esse sistema água-óleo), porém inferior à unidade, já que a saturação irredutível de água reduz o espaço útil para o escoamento do óleo. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 22 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Figura: Distribuição de fluidos ao subir da zona de água para a de óleo (a) a (d), zona com gás (e) Na figura mais a direita, nota-se a presença de gás, ocupando os lugares de maior diâmetro. Este gás pode ter surgido por exemplo devido ao abaixamento da pressão causado pela queda de pressão (abaixo do ponto de bolha de componentes leves da mistura de hidrocarbonetos). O processo é semelhante àquele água- óleo discutido, mas neste caso aparece também a permeabilidade efetiva e relativa do gás. Como vimos, as permeabilidades relativas (e efetivas) dos fluidos são dependentes da saturação: quanto maior a s aturação de um determinado fluido, maior sua permeabilidade relativa e efetiva: Figura: Curvas características das permeabilidades relativas em um sistema água-óleo; Economides. Assim, conforme a figura com o perfil de saturação na zona de transição e a figura anterior, a razão entre as vazões dos fluidos produzidos é bastante influenciada pela zona completada do poço: simplificadamente, se completarmos na zona de água, apenas água será produzida, na zona de transição, produzir -se-á água e óleo, e na zona de óleo com água irredutível, apenas o óleo será produzido. Embebição e Drenagem É conveniente definir aqui os processos de embebição e drenagem para uso posterior. Esses processos referem-se sempre ao fluido molhante. Assim, o processo de drenagem consta na injeção de fluido não molhante (que desloca o fluido molhante) e o de embebição consta na injeção de fluido molhante (deslocando o não molhante) no meio poroso. Pode-se fazer um paralelo respectivamente com os processos de migração e de produção, respectivamente. Devido a forma complexa (diâmetro variável) e intrincada do espaço poroso, associada ao fenômeno capilar, os processos de drenagem e embebição apresentam um efeito de histerese nas curvas de pressão capilar e de permeabil idade relativa, conforme mostrado nas figuras abaixo: Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 23 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Figura: Histerese de embebição/drenagem nas curvas de permeabilidade relativa (esquerda) e pressão capilar (direita); Economides. Esta histerese aparece devido ao caminho preferencial de cada fluido injetado: enquanto na drenagem o óleo ao ser injetado tende a ocupar primeiramente os capilares de maior diâmetro aprisionando água nos poros de menor diâmetro, no processo de embebição a água ao ser injetada tende a ocupar primeiramente os capilares de menor diâmetro, aprisionando o óleo nos capilares maiores: Figura: Modelo representando meio poroso em processo de drenagem (esquerda) e embebição (direita); Chierici, 1994. Formações Fraturadas O fraturamento de uma formação tem impacto diferenciado em várias propriedades, por exemplo, seu impacto na porosidade de uma formação é pequeno mas é nas permeabilidades que seu efeito é mais importante, gerando uma rede de drenagem (caminhos preferenciais por onde o fluxo é facilitado). Representação do Reservatório Uma boa caracterização do reservatórios não é suficiente para a tarefa final do engenheiro de reservatórios que é a previsão de produção. Além de entender bem o reservatório, é preciso transformar esse entendimento em informações que possibilitem a construção correta do modelo que será utilizado para representar o reservatório e que será a base para o estudo de escoamento e produção. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 24 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Uma perfeita caracterização também nem sempre é a melhor alternativa sob o ponto de vista econômico. O custo de aquisição de dados tem que ser compatível com o valor do reservatório e com os benefícios que ela irá trazer para aumentar a confiabilidade da previsão de produção. Dessa forma, fica claro mais uma vez que é necessário uma forte integração entre as equipes de geologia e reservatórios para avaliar sempre a necessidade de revisão do modelo, da aquisição de novos dados e de novas previsões de produção. A escolha do modelo é função principalmente de • Tamanho da estrutura • Tipo de mecanismo atuante • Fluidos presentes • Heteronegeidades • Inclinação da formação • Quantidade de dados • Urgência do estudo e recursos diponíveis • Métodos de recuperação que serão utilizados A técnica mais utilizada para essas previsões hoje em dia é a simulação numérica de reservatórios onde o problema que é complexo é modelado através de técnicas numéricas de solução das equações diferenciais resultantes da aplicação de leis de conservação de massa, momento e energia que são utilizadas para simular o escoamento em meios porosos. A representação do reservatórios nesse caso é a transformação de todos os dados do modelo geológico para o modelo de simulação de fluxo e isso será visto nos próximos capítulos. Outras técnicas podem ser utilizadas em casos mais simples ou na ausência de dados para justificar um modelo sofisticado. O mais conhecido é o estudo através de curvas de declínio onde a previsão é feita através da hipótese de declínio de vazão conhecido, podendo variar com o tipo de reservatórios (constante, harmônico, hiperbólico, etc.). Declínio ( D ) = − ∂ q ∂ t q Principais Dados • Geológicos (Mapas de topo, base, arenito com óleo e zona produtora) • Poços (Intervalos canhoneados, obturadores, tampões e revestimento) • Propriedades de rochas e fluidos (porosidade, permeabilidade absoluta e relativa, fator volume de formação, viscosidade, solubilidade e viscosidade) • Estatísticas (Produção, pressões, testes em poços) Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 25 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Mecanismos Naturais de Produção Se extrairmos as condições de viabilidade econômica do conceito de reservas, obtemos o volume recuperável, ou seja o volume de óleo e gás (na condições de superfície) que o campo pode produzir. Para se estimar esses volumes é necessário entender o mecanismo natural de produção dos poços do reservatório. A condição incontornável para que um poço produza é que sua pressão de fundo seja inferior à pressão no reservatório. O fluido presente nas adjacências do poço tende então a se despressurizar devido ao contato com uma zona de pressão inferior, ainda que, por outro lado, o contato com o fluido do resto do reservatório tente manter sua pressão. A expansão do(s) fluido(s) não é acompanhada por uma expansão do volume poroso e, assim, o volume adicional gerado na expansão escoa para o poço. Com isso a despressurização se propaga no reservatório e a forma de resposta do reservatório a essa queda de pressão define o mecanismo natural de produção. Vrec → Volume recuperável Vrec = Frec.VOIS Frec → Fator de recuperação VOIS → Volume originalme nte in situ Cada mecanismo natural de produção possui uma faixa característica para o fator de recuperação. Existem na literatura correlações empíricas que fornecem estimativas do fator de recuperação de um reservatório de acordo com suas propriedades petrofísicas e seu mecanismo natural de produção. Uma das tarefas mais importantes da engenharia de reservatórios é a maximização da recuperação de hidrocarbonetos de um campo através de seu mecanismo natural de produção. Com isso, evitase ou retarda- se o gasto de energia para se explotar o reservatório. Mecanismo de Expansão de Gás Em um reservatório contendo apenas gás, a abertura do poço causa a expansão e produção do gás presente nas adjacências. A conseqüente despressurização propaga-se com o tempo pelo reservatório e, como o gás é muito compressível, a pressão do reservatório não cai tão rapidamente. Esse mecanismo é típico dos reservatórios de gás natural. O fator de recuperação do gás associado a esse mecanismo é da ordem de 50 a 75%. Mecanismo de Expansão de Líquido Em reservatórios contendo óleo (líquido), a abertura do poço causa a expansão do óleo presente nas adjacências e sua produção. A conseqüente despressurização propaga-se com o tempo pelo reservatório e, como o óleo é pouco compressível, a pressão do reservatório cai rapidamente com a sua expansão, ao contrário do mecanismo de expansão de líquido. Este mecanismo é importante no caso de reservatório subsaturado (na ausência de aqüífero e capa de gás). Quando a pressão do reservatório atinge a pressão de saturação (ponto de bolha), o reservatório torna-se saturado e entra em ação o mecanismo de gás em solução, que passa a ser mais importante. O fator de recuperação de óleo associado a esse mecanismo é bem pequeno. Mecanismo de Gás em Solução Em um reservatório saturado, qualquer abaixamento de pressão provoca o aparecimento de bolhas de gás no reservatório. Como o gás é muito compressível, ele se expande mais que o óleo e consegue retardar o abaixamento da pressão. Se por uma lado as bolhas de gás diminuem a permeabilidade relativa do óleo, por outro elas retardam, ao menos inicialmente quando não formam Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 26 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS ainda uma fase contínua, a diminuição da pressão, devido à sua alta compressibilidade. Com o abaixamento da pressão e aumento da saturação de gás, este torna-se uma fase contínua e começa então a ser produzido “preferencialmente” (não molhante), reduzindo a capacidade do reservatório de manutenção de sua pressão. A razão gás-óleo, inicialmente baixa, aumenta rapidamente. Além da pressão do reservatório que cai rapidamente devido à produção do óleo a perda de leves pela fase líquida também prejudica a produção de óleo, pois este tem sua viscosidade aumentada. Esse mecanismo é típico dos reservatórios saturados (com capa de gás, ou reservatórios inicialmente subsaturados que atingiram a pressão de saturação) e o fator de recuperação do óleo é da ordem de 5 a 30%. Figura: Mecanismo de gás dissolvido (esquerda), dados de produção (direita); Clark, 1969. Se a produção de óleo for baixa, o gás pode migrar gravitacionalmente formando uma capa de gás secundária, conforme figura abaixo. O mecanismo de expansão da capa de gás passaria então a existir. Figura: Segregação gravitacional durante período não produtivo; Clark, 1969. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 27 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Figura: Segregação gravitacional durante período produtivo; Clark, 1969. Mecanismo de Expansão da Capa de Gás No caso de um reservatório com capa de gás (primária ou secundária, reservatório saturado), a queda de pressão causada pela produção de fluidos é atenuada pela expansão da capa de gás. O grau de atenuação é função do volume produzido e do volume da capa de gás. Uma produção muito alto pode ainda causar o aparecimento de cone de gás. O fator de recuperação do óleo assoc iado a este mecanismo é de 20 a 40%. Figura: Mecanismo de Capa de Gás (esquerda), dados de produção (direita); Clark, 1969. Mecanismo de Influxo de Água A água presente no reservatório também facilita a produção de óleo através do mecanismo de expansão de líquido. Se, adjacente ao reservatório, houver um aqüífero bastante ativo (alimentado) ou de grande volume em relação ao volume de óleo, o efeito na produção de óleo é potencializado, já que a pressão do reservatório cai lentamente. Uma alta produção de óleo pode no entanto causar o abaixamento da pressão se água do aqüífero não consegue penetrar no reservatório com uma vazão comparável à produção de fluidos. Uma posterior diminuição da produção causa recuperação da pressão. Ainda assim é necessário que a produção de óleo seja controlada, no entanto, de forma minimizar a formação de caminhos preferenciais da água (digitações ou cone de gás) no seu Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 28 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS percurso em direção ao poço, pois estes caminhos preferenciais, uma vez formados, dificilmente desaparecem. Figura: Reservatório sob influxo de água (efeito artesiano). A produção de água nos campos sob esse mecanismo é alta, assim como alta é a recuperação de óleo associada: de 35 a 75% do óleo in situ. Figura: Mecanismo de Influxo de água (esquerda), dados de produção (direita); Clark, 1969. Esse mecanismo, obviamente, pode estar presente em qualquer campo seja ele de óleo ou de gás. Mecanismo Combinado Na realidade, raramente apenas um desses mecanismos se faz presente em um reservatório. Assim, podemos ter por exemplo um reservatório com influxo de água e capa de gás, conforme figura abaixo. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 29 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Figura: Mecanismo Combinado; Clark, 1969. Os mecanismos de deslocamento (capa de gás e influxo de água) são normalmente mais eficientes que os de depleção (gás dissolvido e expansão de líquido). Na figura abaixo, pode-se ver uma comparação da evolução da pressão e do volume de óleo recuperado para alguns dos mecanismos descritos. Os reservatórios com mecanismo combinado geram normalmente recuperações superiores às dos mecanismos isolados. Figura: Evolução da pressão em reservatórios em função do mecanismo natural de produção; Clark, 1969. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 30 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Estimativa do Volume in situ e do Volume Recuperável Cálculo Geométrico Para determinarmos os volume s in situ (em condições de superfície) através desse método, precisase conhecer bem a geometria do reservatório, a porosidade, o perfil de saturações, a espessura (pay) da zona de óleo e a posição do contato óleo-água e gás -óleo. Esses parâmetros são definidos por técnicas associadas à geologia/geofísica (sísmica, perfilagem) ou ainda através de testes de formação, item este que será introduzido mais adiante. A partir dos mapas gerados com essas informações, é calculado o volume de óleo do reservatório: N= φ . (1 − Swi ) .Vres Boi N → Volume de óleo in situ (cond.superf.) φ → Porosidade média do reservatório Swi → Saturação média de água inicial V → Volume do reservatório res Boi → Fator vol. de formação do óleo à pressão inicial Para um reservatório de gás, o cálculo é análogo: G= φ .(1 − S wi ) .Vres B Gi G → Volume de gás in situ (cond.superf.) φ → Porosidade média do reservatório S wi → Saturação média de água inicial V → Volume do reservatório res BGi → Fator vol.de formação do gás à pressãoinicial Balanço Material O balanço material permite que se deduza o volume de hidrocarbonetos in situ sem a necessidade de se conhecer muitos detalhes do reservatório, ao contrário do cálculo volumétrico. Por outro lado, é necessário se conhecer o histórico dos volumes produzidos e as propriedades PVT dos fluidos com precisão. A extrapolação do histórico de produção fornece os volumes recuperáveis do reservatório sob a condição de que se consiga modelar os mecanismos de produção em questão. Esse balanço material, de dimensão de ordem zero, fornece uma primeira estimativa, importante quando não se tem dados suficientes para se fazer uma modelagem mais precisa, multidimensional, multifásica e dinâmica, tal qual àquela fornecida pela simulação numérica de reservatórios. Reservatórios de Gás Sem Influxo de Água Neste caso, apenas a expansão do gás contribui para a produção. No balanço material teremos que o volume de gás produzido é igual ao volume de gás originalmente in situ menos o volume de gás atualmente in situ (todos em condições de superfície): Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 31 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Gp = G − B = G. 1 − Gi BG BG Vp onde G p é o volume de gás produzido em condições de superfície . e usando o fator volume de formação de gás real (vide item correspondente): Z .T B g = cte. p R Z p G p = G.1 − i . pi Z Ou ainda, p pi G p = .1 − Z Zi G Nesta última forma, pode-se gerar um gráfico linear como a figura abaixo: Figura: Depleção de um reservatório de gás; Dake, 1978. Este gráfico permite acompanhar a pressão de um campo de gás (sem influxo de água) em função da produção. O ponto cuja pressão é a de abandono define o fator de recuperação do reservatório e consequentemente seu volume recuperável. Esta pressão é definida normalmente por critérios do contrato (vazão mínima e pressão de entrada no gasoduto). Com Influxo de Água O balanço material é semelhante porém o volume de gás in situ e em condições de reservatório é diminuído pelo influxo de água. Gp = G − V p − We.B w BG B − We.B w G = G. 1 − Gi BG onde We é o influxo (menos a produção) de água Rearranjando, teremos: p Z = pi G p .1 − Z i G We .B w 1 − G. BG Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 32 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS O gráfico equivalente ao mostrado na ausência de influxo é mostrado abaixo: Figura: Reservatório de gás sob influxo de água; Dake, 1978. A recuperação final é maior para os aqüíferos menos ativos devido à melhor varredura do gás no processo de embebição. Como o gráfico não é linear, para encontramos o influxo correto de água, deve-se fazer um gráfico conforme figura abaixo, em um processo de tentativa e erro: o influxo correto o tornará linear e o coeficiente linear da reta será o volume de gás in situ (condições de superfície). Figura: Ajuste do influxo de água em um reservatório de gás; Dake, 1978. A equação desse ajuste deriva das equações anteriores: Ga = Gp B 1 − Gi BG =G+ We .B w BG B 1 − Gi BG Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 33 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Reservatórios de Óleo Para reservatório de óleo subsaturado (mecanismo de gás em solução), um balanço material simples, válido após ser atingida a pressão de saturação, pode ser obtido considerando-se desprezível a variação do volume poroso com a queda da pressão: V p ≅ cte (N − N P,Sat ).B (1 − S wi ) OS = (N − N P ). BO SO N → volume de óleo original in situ N → vol. de óleo produzido ao se atingir a psat P ,Sat N P → volume total de óleo produzido ≥ N P, Sat BOS → fator vol. de formação do óleo na psat S → saturação de água inicia l wi BO → fator volume de formação do óleo S → saturação de óleo O Essa relação permite o acompanhamento da saturação de óleo no reservatório com a produção Np: N − NP SO = N − N P,Sat . BO . B .(1 − S wi ) OS Um balanço material mais geral pode ser obtido considerando o volume total do reservatório constante, ou seja, a expansão é igual à produção, vide figura abaixo. Assim, podemos dizer que a produção de fluidos é igual a soma dos volumes correspondentes a: 1) expansão dos fluidos no reservatório ao sair da situação original para uma outra pressão média. Corresponde a soma das variações dos volumes de: 1.1) óleo original e do gás associado (dissolvido) N .( BT − BTi ) + 1.2) gás livre na capa de gás G .(B gC − B giC ) + 1.3) água inata na zona de óleo N . BTi 1 . S wio . .( BTw − BTwi ) 1 − S wio BTwi + 1.4) água inata na zona de gás G. B gi 1 . Swig . . (BTw − BTwi ) 1 − S wig BTwi Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) + 34 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Vol. Gás Orig. Capa = Gc Bgc Bgi Vol. Gás Inj. = Gi Vol. Gás Dissolv. Prod.= Gps Bg Bg Vol. Gás Dis. a P=Np.Rs BTi Vol. ÓLEO = N BT Patm Volume de Água Injet. = Wi Volume de Água Influxo = We Volume de Água Inata Zona Gás BTwi BTwi Volume de Água Inata Zona BT w BT w RESERVATÓRIO GÁS Zona de Gás GÁS Água Inata Pi Zona de Óleo ÓLEO Água Inata GÁS ÓLEO P < Pi Gás dissolvido no óleo Gás dissolvido no óleo Água Inata Água de Influxo e Injetada Água Inata Expansão da Rocha Produção de Óleo = Np.Bo Produção de Gás Produção de Água = Wp.Bw Figura: Esquema para balanço material considerando o volume do reservatório constante: Volumes na Superfície (acima) na pressão original (esquerda), pressão intermediária (direita). 2) expansão do volume poroso do reservatório ao sair da situação original para uma outra pressão média. N . BTi G. B gi cφ .∆ P. + 1− S 1 − S wig wio + 3) eventual injeção de fluidos no reservatório (natural ou artificial). Corresponde a soma das injeções de: Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 35 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS 3.1) gás G i . B gi + 3.2) água (injeção e/ou influxo natural) (Wi + We ).Bw = As produções, por sua vez, podem ser escritas da seguinte forma (na pressão atual do reservatório): 1) Óleo N p . Bo + 2) Gás (gás produzido – dissolvido) G pC . B gC + G ps . B g − N p . Rs . B g + 3) Água W p .B w Esse balanço, mais geral, considera todos os mecanismos naturais: expansão de gás/capa de gás e de líquido (através dos respectivos fatores volume de formação), Gás em Solução (Rs), influxo de água (We) e injeções. Isolando-se o volume de óleo originalmente in situ: N p .[BT + (R p − R si ). Bg ] + W p . B w − We − Winj . Bwinj − Ginj . B ginj N= BT − BTi + B .S m. BTi . S wig BTw − BTwi BTi m. BTi m. BTi . .cφ . ∆p .( Bgc − B gic ) + Ti wio + + + B gic 1 − Swig BTwi 1 − S wio 1 − S wio 1 − S wig O resultado, bem mais complexo como se pode verificar pela equação acima, é adaptado a cada reservatório em função dos mecanismos presentes e então é linearizado de forma a se obter procedimentos, análogos àqueles do reservatório de gás, de obtenção do volume de óleo originalmente in situ e o influxo de água ou a proporção volumétrica entre o gás da capa de gás e o óleo da zona de óleo (parâmetro m na equação acima) em condições de reservatório. Curvas de Declínio Quando existe um histórico de produção do campo suficiente, e considerando- se que o campo está sendo depletado, a produção declinante pode ser extrapolada para se obter uma previsão da produção e, consequentemente, do volume recuperável e reserva de um campo. Conforme o tipo de curva que se ajuste ao histórico de produção podemos ter declínios do tipo exponencial, hiperbólico, harmônico, etc. Para isso, pode-se usar curvas do logaritmo da vazão de produção versus tempo (figura abaixo) ou vazão de produção versus produção acumulada, etc. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 36 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS log (vazão de produção) hiperbólico limite econômico harmônico tempo Figura: Exemplo de curva de declínio de produção Um perfil típico de produção de campos de petróleo pode ser observado abaixo através da produção anual de óleo e gás. O aumento de produção nos primeiros anos é devido a entrada em produção de novos poços e um posterior declínio de onde se pode ajustar uma curva e fazer a previsão de produção até um limite econômico. Produção de Óleo 35,000 30,000 25,000 20,000 15,000 10,000 5,000 Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) May-93 Nov-92 May-92 Nov-91 May-91 Nov-90 May-90 Nov-89 May-89 Nov-88 May-88 Nov-87 0 37 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Conceitos de Escoamento em Meios Porosos O cálculo do volume recuperável através do balanço material descrito anteriormente não trata de variações espaciais. Isso implica que os efeitos, como o influxo de água por exemplo, se distribuam por todo o reservatório instantaneamente. Implica também na necessidade de se conhecer grandezas médias tais como pressão média do reservatório usada na definição de diversos fatores (Bo, Bg, etc). Como só conhecemos nos poços, precisamos de técnicas (análise de testes) que nos forneçam as propriedades que necessitamos. O princípio da análise de testes é a imposição de certas condições de contorno tais como a pressão ou produção do poço e, através de um modelo analítico do reservatório, obter propriedades médias ou equivalentes, tais como permeabilidade, do reservatório ou dados sobre a situação da fronteira do reservatório (extensão, atividade do aqüífero e/ou capa de gás, etc.). A construção do modelo analítico que nos fornecerá o perfil de pressão em todo o reservatório é obtida através do estudo do escoamento de fluidos em meios porosos. Nos serviremos da equação do balanço de massa, da Lei de Darcy e da equação de estado do(s) fluido(s). Balanço de Massa O balanço de massa baseia-se na sua conservação da massa de fluido no reservatório ou em uma região infinitesimal do mesmo (forma diferencial): Massa que entra Acúmulo de Massa Massa que sai acúmulo 64 748 (q. ρ )SAI .∆ t − (q. ρ )ENTRA .∆ t = ∆Vr .∆ (φ . ρ ) ∆ ( q. ρ ) ∆ (φ .ρ ) . ∆x = ∆V r . ∆x ∆t onde x é a direção de escoamento . ∆Vr → o volume de rocha considerad o onde q → vazão volumétric a do fluido ? → densidade do fluido (considerou-se aqui as vazões de entrada e saída constantes) Na forma diferencial: Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 38 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS ∂( q. ρ ) ∂(φ . ρ ) .dx = dVr . ∂x ∂t Como vimos anteriormente, a porosidade e a densidade é função direta da pressão, e assim: 1 dρ 1 dφ ∂p ∂(φ . ρ ) d (φ . ρ ) ∂p ∂p ∂p = . = φ . ρ . . + . . = {φ . ρ .[c f + cφ ]}. = φ .ρ .ct . ∂t dp ∂t ρ dp φ dp ∂ t ∂ t ∂t onde ct é a compressib ilidade total (rocha + fluido) ct = cφ + cw . S w + co . So + c g . S g Usando essa relação, teremos: ∂( q. ρ ) ∂p .dx = dVr .φ . ρ .ct . ∂x ∂t onde dVr = At ( x ). dx ou ainda dVr = ∆y. ∆z. dx → fluxo linear dVr = 2π .r .dr.h → fluxo radial (dx → dr ) O perfil de pressão será obtido se adicionarmos a essa equação uma relação entre vazão e pressão (lei de Darcy) e outra que relacione a densidade do fluido com a pressão (equação de estado). Lei de Darcy A equação fundamental do escoamento em meios porosos é dada pela Lei de Darcy: k .∆p µ.L onde At é a seção transversal ao fluxo q = At e q é a vazão volumétrica Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 39 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS ∆p Areia prensada malha q L q Figura: Esquema da experiência de Henry Darcy; Economides. Para que essa lei seja válida, o meio poroso deve estar sob as seguintes condições: 1) Amostra homogênea com geometria conhecida (no caso cilíndrica com área transversal ao fluxo e altura conhecidas), isolada lateralmente e saturada com o fluido de injeção (fluxo monofásico); 2) Fluido de injeção, incompressível, com viscosidade conhecida, com pressão de entrada P1 e pressão de saída P2 (P1>P2) 3) Regime permanente, fluxo isotérmico e linear Todo nosso estudo será baseado em variações dessa lei e na sua aplicação conjunta com o princípio de conservação de massa e da equação de estados do(s) fluido(s). A primeira generalização que faremos será escrever a forma diferencial da Lei de Darcy, que será válida em uma fatia infinitesimal do meio poroso. Essa forma diferencial será extremamente importante pois é aplicável a qualquer fluido ou geometria de meio poroso (localmente) e sob qualquer regime (instantaneamente): q = At k dp . µ dx ou q f → vazão do fluido f em condiçõesde reservatório dp q f = At . onde k f → permeabilidade efetiva ao fluido f µ f dx µ → viscosidade do fluido f f kf A área transversal ao fluxo é obviamente função da geometria do fluxo: pode ser constante como no fluxo linear ilustrado no experimento de Darcy, ou pode ser variável como por exemplo no fluxo radial em direção ao poço. At = dy.dz → fluxo linear At (r ) = 2π .r. h → fluxo radial (dx → dr ) Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 40 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Equação de Estado Esta equação relaciona a densidade de um fluido à sua pressão. Para os gases, essa equação pode ser a equação dos gases reais (vide Propriedades de Fluidos e Rochas, Fator Volume de Formação). No caso de líquidos, sabemos que a compressibilidade é baixa e, se a considerarmos constante, teremos: clíq = − 1 dVlíq . Vlíq dp T clíq == 1 dρ . ρ dp T = cte ρ = ρ o . exp [clíq .( p − po )] Equação da Difusividade Usando a Lei de Darcy na equação do balanço material para eliminar a vazão volumétrica, obtemos a equação geral da difusividade: k dp ∂ At . . ρ µ dx = A .φ . ρ .c . ∂p t t ∂x ∂t Cuja manipulação fornece: k d 2 2 µ dp k dp ∂( At ) k dρ dp k d2p ∂p . .ρ. + At . ρ . . + At . . . + At . .ρ . 2 = At .φ . ρ .ct . µ dx ∂x dp dx µ dp dx µ dx ∂t k d 2 2 µ At . ρ . + At k . dρ . dp + k . dp . ρ . ∂At + At . k . ρ. d p = At .φ . ρ . ct . ∂p dp µ dp dx µ dx ∂x µ dx 2 ∂t 2 ou, simplificadamente, considerando ∂p ∂ p dp << ; 2 : ∂r ∂r dx 2 1 ∂At dp d 2 p 1 ∂p . . + = . At ∂x dx dx 2 η ∂t onde η = k é a difusivida de hidráulica µ.φ .ct ou seja, Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 41 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS 1 dp d 2 p 1 ∂p . + = . → fluxo radial r dr dr 2 η ∂t d 2 p 1 ∂p = . → fluxo linear dx 2 η ∂t Da integração dessa última equação sob as condições de contorno adequadas pode-se obter a Lei de Darcy. Trataremos daqui para frente do caso fluxo radial, devido a sua analogia imediata com reservatórios com poço vertical. A solução da equação da difusividade fornece a distribuição da pressão no tempo e no espaço (dentro do reservatório), ou seja, p(r,t). A adimensionalização das variáveis mostrada a seguir permite que uma única solução (em tabela ou gráfico) seja aplicável a vários casos: r rD = r w η tD = 2 .t rw 2π .k .h p (r , t ) = . ( pi − p( r, t )) D D D q. µ A equação da difusividade adimensionalizada fica assim: 1 dpD d 2 pD 1 ∂pD . + = . 2 rD drD drD η ∂t D Como não poderia deixar de ser, para se resolver esta equação diferencial é preciso conhecer as condições iniciais e de contorno do reservatório. A condição inicial é, normalmente, pressão constante no reservatório. As condições de contorno consideradas normalmente são: 1) Pressão ou vazão no fundo do poço constantes à condição de contorno interna (CCI) 2) Reservatório selado ou alimentado por aquífero (pressão constante na fronteira externa) à condição de contorno externa (CCE) Regime Transiente Inicialmente, até a queda de pressão atingir os limites do reservatório, a solução independe da CCE (período transiente) e a solução aproximada da equação da difusividade é do tipo: 1 pD = .(ln tD − 2. ln rD + 0,809) 2 ou pi − p (r , t ) = q. µ k .t . ln 2 + 0,809 4π .k .h φ . µ. ct . r Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 42 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Figura: Propagação da queda de pressão a partir do poço – regime transiente; Chierici, 1994. Regime Estacionário Se a fronteira externa é mantida a pressão constante, a solução se estabilizará (regime estacionário): p − p wf = onde q. µ r . ln 2π . h. k rw pwf é a pressão de fluido no fundo do poço. Regime Pseudo-Estacionário Para uma geometria de reservatório cilíndrico com poço vertical no seu centro e reservatório selado, a solução, após o regime de período transiente (pseudo- estacionário) é do tipo: Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 43 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Figura: Comportamento da pressão na área de drenagem delimitada por um selo em r=r e durante o regime pseudo-estacionário; Chierici, 1994. O comportamento da pressão no fundo do poço durante estes períodos é ilustrado a seguir: Figura: Pressão no fundo do poço durante a produção versus tempo; Chierici, 1994. Poço Danificado ou Estimulado Se o poço estiver danificado (ou ao contrário estimulado), a pressão no fundo do poço será menor (ou maior para poço estimulado) que o esperado: (p i − pwf ∆ pSKIN = ) REAL = ( pi − pwf )IDEAL + ∆p SKIN q. µ .S 2π . h.k Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 44 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Figura: Perfil da pressão próximo a parede do poço em caso de dano à formação (S>0) e no caso de fraturamento (S<0); Chierici, 1994. Por exemplo, a solução para o regime transiente será do tipo: 1 pD (1, tD ) = .(ln tD + 0,809 + 2.S ) 2 ou pi − pwf (t ) = q.µ k .t . ln + 0,809 + 2.S 2 4π .k .h φ . µ. ct .r Existem também tabelados fatores de forma que corrigem a solução para geometrias de reservatório e de localização do poço (excentricidade) variadas (Chierici, 1994). Uma ferramenta importante é fornecida pelo princípio da superposição das soluções. Pode-se conseguir com esta técnica várias outras configurações, tais como: 1) Aumento do número de poços; 2) Falhas selantes ou de pressão constante no interior do reservatório; 3) Poços produzindo a pressão constante; 4) Poços com início de produção em momentos diferentes; 5) Fechamento de poço. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 45 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Estratégias de Produção Fundamentos A definição da estratégia de produção é uma tarefa muito importante pois dela depende o fator de recuperação dos reservatórios que irá influenciar a análise econômica para a definição da atratividade de cada projeto. É também uma tarefa muito difícil pois as alternativas são infinitas, além das incertezas envolvidas e das contínuas mudanças no ambiente externo. A complexidade do problema exige então ferramentas de auxílio a decisão que na maioria das vezes trabalha com eliminação de alternativas menos atrativas e análise mais profunda de apenas um número possível de estratégias. Após escolhidas algumas estratégias, o projeto deve ser detalhado para a melhor alternativa. O projeto deve ficar sob contínua revisão e pode mudar com novas informações devido a aquisição de dados ou ajuste de histórico de produção ou até mudanças no ambiente externo. Uma curva típica de produção de um campo de petróleo pode ser observada na figura abaixo. Vazão de produção primário secundário terciário Limite econômico tempo Figura: Perfil típico de produção de campos de petróleo A produção aumenta com a perfuração de novos poços, atinge um pico ou patamar de produção e começa a cair devido à queda de produção dos poços devido a diminuição de pressão do reservatório. Logicamente, esse processo depende fortemente de uma série de características do reservatório, dos fluidos, do número e tipo de poços, de fatores econômicos, etc. Nesse processo típico, a produção diminuiria até o limite econômico onde a produção seria interrompida. Dependendo de uma série de outros fatores, podem-se seguir uma série de ciclos de recuperação suplementares dependendo principalmente da viabilidade econômica de cada ciclo. Esses ciclos são interrompidos também quando é atingido o limite econômico ou quando se torna viável o início de um outro ciclo. A seguir, serão dados algumas regras básicas para a escolha de estratégias de produção e em seguida (no próximo item) algumas características de reservatórios para a aplicação das principais técnicas de recuperação suplementar. Podemos dividir o estudo de estratégias de produção em 3 partes. A primeira consiste em um estudo teórico que tem o objetivo de fornecer a melhor alternativa de produção sob o ponto de vista de Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 46 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS estratégia geral de produção, número e tipo de poços aproximado para dimensionar as facilidades de produção, escolha do esquema de injeção (relação do número de poços produtores e injetores), etc. A figura abaixo mostra um exemplo de aplicação para um campo real onde são estudadas alternativas de produção de um campo (somente com produção primária) para um número diferente de poços. Pode-se observar a grande variação do valor pres ente líquido (VPL) e da taxa interna de retorno (TIR) do projeto. Nesse exemplo, pode-se concluir que o número ideal de poços seria em torno de 5 a 7 poços. Nessa etapa, é interessante também fazer um estudo de sensibilidade para avaliar a influência dos vários parâmetros de reservatórios e econômicos na solução. VPL X TIR 1 poço 2 poços 40 3 poços 4 poços 35 5 poços 6 poços 30 7 poços 8 poços 25 9 poços 10 poços 20 11 poços 12 poços 15 13 poços 14 poços 10 15 poços 16 poços 5 17 poços 18 poços 0 19 poços 0,3 0,4 0,5 0,6 TIR 0,7 0,8 0,9 20 poços Figura: Exemplo de comparação entre alternativas de produção A segunda etapa compreende um estudo mais aprofundado da alternativa escolhida. Através de técnicas de simulação de reservatórios, pode-se fazer estudos comparativos mais detalhados para escolher a localização dos poços, as características detalhadas de cada poço, escolher a vazão de produção ótima, etc. Além disso, com esses modelos, pode-se levar em consideração as particularidades de cada reservatório, principalmente as heterogeneidades que tem influência grande na refinamento da solução obtida. A terceira etapa compreende o estudo de aplicação de técnicas especiais de recuperação, incluindo sistemas de elevação artificial, injeção de água e gás, e outras técnicas tais como injeção de polímeros, combustão in-situ, injeção de vapor, WAG, etc. As três etapas entretanto, não são independentes pois ao se iniciar a produção de um campo, toda a estratégia de produção deve estar escolhida. Por exemplo, a decisão de utilização de injeção de água no futuro tem influência na localização dos poços produtores. É comum, nesses casos, escolher um esquema básico de produção como alguns exemplos da figura abaixo. O esquema idealizado depende de vários fatores tais como: produtividade e injetividade dos poços, custo de injeção, preço do barril, razão de mobilidade entre os fluidos, etc. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 47 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 48 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Figura: Esquemas de injeção e produção Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 49 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS O objetivo final do esquema idealizado é recuperar o petróleo da “melhor” maneira possível, o que pode ser conseguido através de um estudo das características do problema de forma a “varrer” a maior quantidade possível de óleo com o menor número de poços. A figura abaixo mostra algumas particularidades de um exemplo onde se estuda o escoamento dos fluidos produzidos e injetados em vista superior e lateral. Figura: Drenagem por injeção de água Logicamente, essas figuras são idealizadas para representar a drenagem dos fluidos do reservatório pois na prática, os reservatórios são irregulares e o esquema varia de acordo com vários fatores, principalmente espessura porosa, inclinação, presença de aqüíferos e capa de gás, propriedades dos fluidos, produtividade, etc. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 50 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Além disso, os poços não são perfurados simultaneamente e a medida que novos poços são perfurados, novas informações são adquiridas podendo mudar a estratégia escolhida. Condições externas também podem provocar alterações na escolha do esquema de produção. Por exemplo, o preço do óleo ou a descoberta de uma nova tecnologia ou até a mudança de uma lei regulatória podem alterar o número e localização de poços produtores e injetores. Simuladores numéricos de reservatórios são essenciais para poder estudar todas essas alternativas, conseguindo principalmente incorporar informações de geometria complicada e fluxo multifásico, dando maior confiabilidade nos estudos de reservatórios. Isso será visto em um capítulo posterior. Produção Primária Como descrito em capítulos anteriores, a produção natural de um reservatórios é ditada pelo equilíbrio das forças viscosas, gravitacional e capilares. Fatores externos INPUT Prop. Rocha Prop. Fluidos Mecanismos Sistema de produção OUTPUT Mecanismo Estratégia de Produção Pressão Vazão de produção GOR WCUT Vazão do aqüífero Figura: Estratégia de produção Também descrito em capítulo anterior estavam os mecanismos de produção (expansão de fluidos, gás em solução, capa de gás, influxo de água, segregação gravit acional, ou uma combinação deles). A combinação do mecanismo de produção com a geometria externa e interna compõem os principais componentes da decisão de estratégia de produção primária. O esquema de produção é função das características particulares de cada campo mas algumas fundamentos básicos podem servir como regras geral: • baseado no volume de óleo (VOOIS), no fator de recuperação típico de cada mecanismo de produção e em dados econômicos, estima-se o número ideal aproximado de poços; dependendo então da distribuição de fluidos no reservatórios, pode-se então estimar uma localização inicial para cada poço; • poços produtores devem ser perfurados em locais distantes do aqüífero e capa de gás para evitar a formação de “cones” (fenômeno que ocorre quando a água ou o gás invadem a região de produção por terem maior mobilidade diminuindo muito e inviabilizando a produção de óleo); • o controle da pressão, especialmente para mecanismo de gás em solução, é fundamental para um bom fator de recuperação do reservatório; a queda da pressão em certo momento deve ser compensada por mecanismos de elevação artificial; • a localização com detalhes dos poços só pode ser melhor estudada através de simuladores numéricos de reservatórios; Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 51 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS • em alguns casos, pode ser interessante o “infill drilling” onde poços são perfurados para produzir de áreas não drenadas; o uso de simuladores também é fundamental para identificar área com potencial para esse procedimento. Recuperação Suplementar Embora não seja o objetivo deste curso, é importante notar que existem métodos que podem aumentar a recuperação esperada pelos mecanismos naturais de produção. Esses métodos buscam normalmente a manutenção da pressão do reservatório simulando mecanismos naturais de produção. Outros exemplos são quando esses métodos visam facilitar o escoamento de petróleo para o poço ou em outros casos dificultar o escoamento de água para os poços produtores. Esses métodos podem ser chamados de recuperação secundária e terciária mas podem ser resumidos na categoria de recuperação suplementar. Assim, pode-se injetar água em determinados poços do campo completados abaixo do contato óleoágua, simulando um aqüífero, de forma que o óleo seja deslocado em direção aos poços produtores. Pode-se também injetar outro fluido cuja eficiência de deslocamento da fase óleo seja maior (determinados polímeros, por exemplo). De forma semelhante, pode-se injetar gás, nos poços completados na parte superior do reservatório, simulando uma capa de gás. Métodos térmicos, como a injeção de vapor d’água, têm a vantagem adicional de diminuírem a viscosidade do óleo, aumentando sua mobilidade. Obviamente, o fluido injetado deve ser compatível com os fluidos e rochas do reservatório de forma a não prejudicar a capacidade de injeção (obstrução de gargantas de poros devido ao inchamento de argilas, por exemplo). A escolha dos poços injetores/produtores (padrão geométrico da malha) deve também ser estudado de forma a otimizar a recuperação. Outros métodos podem ser implementados no próprio poço produtor, intercalando-se a produção com a estimulação. Como exemplo, temos a injeção cíclica de vapor ou a combustão in situ, onde ar é injetado no reservatório de forma a se obter uma combustão controlada que, aquecendo a rocha, diminui a viscosidade do óleo e facilita sua migração para o poço. O método mais utilizado para aumentar a recuperação de um campo é a injeção de água pois é um método relativamente barato e com bons resultados em muitos casos. Por esse motivo, algumas informações adicionais foram acrescentadas a seguir. Injeção de água A injeção de água é um dos métodos mais utilizados como recuperação suplementar devido aos custos e benefícios advindos desse procedimento. Muitas vezes, o esquema de produção já é inicialmente previsto com injeção de água (como visto na figura no início desse capítulo) pois em muitos reservatórios, a manutenção da pressão é essencial para que a vazão não caia muito rapidamente. Nesses casos, dependendo da capacidade de produzir e injetar os fluidos (produtividade e injetividade), podemos fazer um estudo da relação ideal entre poços produtores e injetores para maximizar a drenagem de maneira econômica. Os esquemas mais conhecidos são “linha direta” (direct line drive), “linha esconsa” (staggered line drive), malha de 4 5 7 ou 9 pontos (four, five, seven ou nine-spot), (todos mostrados em figuras anteriores nesse capítulo). A eficiência da injeção de água, cujo estudo pode ser feito por testes em laboratórios, uso de correlações empíricas, ou uso de simuladores, é função direta da mobilidade dos fluidos e Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 52 Comentário: confusão suplementar/secundária TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS características do meio poroso. A figura abaixo mostra dois casos típicos de injeção de água com eficiência de varrido maior (caso A) e menor (caso B). Pelas características de mobilidade dos fluidos e heterogeneidade, no caso B a água chega mais rápido ao produtor e não consegue “varrer” toda a região com óleo. produtor produtor Caso A injetor Caso B injetor Figura: Avanço da frente de injeção de água É interessante notar que esse método pode não ser interessante em alguns casos sendo que o mais comum é o de reservatórios heterogêneos com pouca continuidade onde o efeito da injeção de água pode não chegar ao produtor. Em outros casos pode ocorrer o contrário, ou seja, a água escoa por fraturas ou caminhos preferenciais causando uma produção de água elevada desde o iníc io da injeção. Em alguns casos, pode-se converter produtores em injetores ao longo da vida do reservatório para evitar custo elevados de perfuração e o fechamento de poços por corte de água elevado. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 53 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Simulação de Reservatórios Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 54 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Análise de Incertezas Até a década de 80, era comum a adoção de uma única curva de previsão de produção de um modelo de reservatório no processo decisório de desenvolvimento de um campo. Esta prática era freqüentemente baseada em valores médios estimados ou avaliados a partir de inf ormações limitadas sobre as diversas variáveis envolvidas, tais como características geológicas, operacionais ou econômicas. Na maioria das vezes, este tipo de abordagem resultava em previsões de vazões de produção e/ou reservas que posteriormente se revelavam otimistas. A economicidade de projetos de explotação de campos de óleo e gás baseados em tais previsões era freqüentemente garantida pelos preços praticados no passado. A queda dos preços de petróleo, com conseqüente redução da rentabilidade de projetos, orçamentos limitados e necessidade de grandes investimentos em projetos de risco, como é geralmente o caso de desenvolvimento de campos marítimos, especialmente em águas profundas, tornou imprescindível que as decisões estratégicas de E&P sejam fundamentadas em uma análise de risco consistente. A avaliação de riscos demanda a realização de uma análise mais abrangente dos diversos cenários razoavelmente possíveis, gerando um espectro de estimativas do volume de hidrocarbonetos in situ e de parâmetros de desempenho de reservatório, tais como vazão de óleo, produção acumulada de óleo, fator de recuperação, tempo de irrupção, etc. Com freqüência, a análise econômica de projetos é baseada em estimativas de previsão de valores esperados e determinados percentis de parâmetros de desempenho gerados a partir de simulações de escoamento, tradicionalmente P10, P50, P90 e perfil de valores esperados (VE). Estes percentis correspondem às estimativas otimista, provável e pessimista, e o índice subscrito indica a probabilidade de que o valor real de determinado parâmetro venha a ser superior àquela estimativa. O distanciamento dos perfis probabilísticos reflete a interação das diversas incertezas consideradas quanto às propriedades de reservatório, características operacionais e econômicas (figura abaixo). Tais resultados poderão influenciar decisões, por vezes irreversíveis, relativas a campanhas exploratórias, estratégias de recuperação, aquisição de dados sísmicos, priorização/flexibilização de prospectos e dimensionamento de facilidades de produção. Diversas metodologias e ferramentas têm sido propostas com o objetivo de estimar probabilisticamente previsões de parâmetros de desempenho de reservatório. Aplicativos no formato de planilhas, baseados no método Monte Carlo, são relativamente simples e constituem ferramentas práticas para estimativas probabilísticas de previsões periódicas de produção cujo declínio possa ser modelado por uma expressão analítica (ex.: exponencial, hiperbólico ou harmônico). Entretanto, uma de suas maiores limitações é a impossibilidade de incorporar as heterogeneidades de reservatório, uma vez que não utilizam simulações de escoamento. Mesmo em reservatórios permeáveis, existem heterogeneidades suficientes para impedir uma drenagem efetiva dos fluidos, utilizando os espaçamentos usuais de poços e processos convencionais de recuperação. Uma alternativa é determinar os perfis probabilísticos de produção através do simulador de escoamento um número variado de modelos prováveis de reservatório, assumindo uma estratégia de explotação definida. Espera-se que esses modelos constituam uma amostragem imparcial de características de reservatório, tais como o volume poroso e a distribuição espacial de propriedades de rocha e fluido. Pode-se usar a metodologia de aplicação da árvore de decisão, onde cada ramo final corresponde a uma determinada combinação de parâmetros de entrada de um modelo numérico de reservatório e uma estimativa de probabilidade de ocorrência. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 55 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Figura: Exemplo de representação de perfis probabilísticos. O exemplo (a) implica em maior P10 P50 P50 P90 Qo(t) Qo(t) P10 P90 (a) t (b) t risco ou incerteza do que o exemplo (b). A metodologia da árvore de decisão (figura abaixo) pode ser utilizada para definir as composições de variáveis e probabilidades de diversos modelos de reservatórios, os quais serão submetidos ao simulador de escoamento. Os resultados destas simulações e suas probabilidades associadas são utilizadas para gerar os perfis probabilísticos (percentis) de parâmetros de produção, tais como, P10, P50 , P90 e VE (valor esperado). ... B1, P (B1 A1 ) A1 , P (A1 ) B2 , P (B2 A1 ) B3 , P(B3 A1 ) ... B4 , P (B4 A2 ) A2 , P ( A2 ) B5 , P (B5 A 2 ) ... B 6 , P (B 6 A 2 ) B 7 , P (B 7 A 3 ) A3 , P( A3 ) B 8 , P (B 8 A 3 ) B9 , P(B 9 A 3 ) ... Figura: Exemplo de árvore de decisão A árvore de decisão deve incluir as variáveis identificadas como as mais críticas na previsão do parâmetro de produção em estudo, assim como os níveis de valores representativos das classes definidas como pessimista, provável e otimista, e respectivas probabilidades de ocorrência. Deste modo, a soma das probabilidades que convergem em um nó deve totalizar a unidade. A árvore de decisão não deve ser aplicada como uma combinação aleatória de parâmetros de um modelo de simulador de escoamento. É importante que sejam identificadas possíveis dependências entre variáveis, para que as probabilidades condicionais sejam apropriadamente estimadas. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 56 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Cada modelo de reservatório definido no final da árvore de decisão será c omposto por uma diferente combinação de variáveis, com uma probabilidade associada equivalente ao produto das probabilidades condicionais das variáveis que o compõem, Pαi. O somatório das probabilidades de ocorrência de cada modelo de reservatório resultante também será igual à unidade. Ao serem submetidos ao simulador de escoamento, estes modelos irão gerar previsões de parâmetros de produção, com uma probabilidade correspondente Pi (figura abaixo). B1 , P(B1 A1 ) A1 , P( A1 ) B2 , P( B2 A1 ) B3 ,P(B3 A1 ) C1 , P(C1 B1 ) C2 ,P(C2 B1 ) C3 ,P(C3 B1 ) C4 , P(C4 B2 ) C5 , P(C5 B2 ) C6 , P(C6 B2 ) C7 ,P(C7 B3 ) C8 , P(C8 B3 ) C9 , P(C9 B3 ) P7 = P( A1 ) P(B3 ) P(C7 ) ∑P =1 i Figura: Probabilidade de ocorrência do modelo 7, composto das variáveis A1, B3 e C7. Trabalhos recentes apontam para a prática de simulações estocásticas de horizontes geológicos, definindo a geometria externa do reservatório. Pode-se por exemplo adotar um certo número de concepções do modelo estrutural, com base nos dados geológicos e sísmicos, as incertezas referentes à delimitação do topo, base e extensão lateral do reservatório, podem ser traduzidas na elaboração de três modelos de geometria externa: pessimista, provável e otimista. A contrapartida desta abordagem determinística é o grau de subjetividade implícita na interpretação destes modelos, assim como na atribuição das probabilidades de ocorrência dos mesmos. É preciso construir um modelo geológico razoável que represente cada um dos três tamanhos. As principais falhas, caso sejam identificadas, devem ser reproduzidas nos três modelos estruturais. A transmissibilidade da zona de falha provavelmente virá a constituir uma das principais variáveis de risco, a depender da estratégia de explotação adotada. Outra variável que deve ser considerada é o modelo de distribuição espacial de propriedades petrofísicas (modelo geológico). Analogamente ao modelo estrutural, devem ser selecionadas três imagens (pessimista, provável e otimista) do espaço amostral constituído de um número variável de realizações estocásticas do modelo geológico. A aplicação da modelagem estocástica na caracterização geológica de reservatórios, quando o objetivo é avaliar o impacto de incertezas, assume que a amostragem das inúmeras realizações equiprováveis possibilite uma representação não-tendenciosa de todo o espectro de possibilidades. As incertezas de variáveis que possam ser significativas na análise devem ser identificadas e quantificadas com base em julgamento qualificado, dados observados, experiência, analogias e outras informações disponíveis. Nem sempre são disponíveis dados objetivos que permitam identificar a distribuição de probabilidade de determinada variável. Neste caso, podemos apenas tentar fazer uma estimativa razoável de possíveis valores centrais de três classes (baixa, média e alta) e suas respectivas freqüências relativas, assumindo, por exemplo, uma distribuição triangular de freqüência daquele parâmetro. Naturalmente, tais avaliações são feitas em função da experiência obtida em condições análogas. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 57 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS É necessário um cuidado especial na estimativas dos valores limites superior e inferior de cada variável, pois uma avaliação pouco realista dos mesmos poderá levar a uma classificação equivocada das variáveis críticas, falseando os resultados na etapa de análise de sensibilidade. Entre as possíveis variáveis a serem analisadas, podemos incluir: • pseudofunções de permeabilidade relativa (formato das curvas, Sor , krw(Sor ), etc.) • pressão capilar • transmissibilidade em zona de falha • distribuição de saturações iniciais • propriedades dos fluidos do reservatório • atuação de aqüífero e/ou capa de gás • contatos entre fluidos • índice de produtividade/injetividade de poços • capacidade máxima de processamento de óleo e gás (tecnologias não testadas) • vida útil de plataformas e outras instalações • regularidade de operação de poços e plataformas • desvios de cronogramas de poços e plataformas • etc. As variáveis selecionadas na fase de análise de sensibilidade, virão a complementar a estrutura da árvore de decisão, à esta altura, já contendo duas das variáveis de risco (modelos estrutural e geológico). O objetivo da análise de sensibilidade é identificar as variáveis que produzem maior impacto ao assumirem seus valores extremos individualmente, admitindo- se as demais variáveis com seus valores prováveis. Esta etapa é necessária, devido à impossibilidade de considerar todos os parâmetros possíveis, mas somente aqueles identificados como mais incertos e críticos. A sensibilidade de cada variável é medida em relação ao valor máximo assumido por uma funçãoobjetivo, definida pelo distanciamento entre o histórico de um parâmetro de produção e a resposta da simulação. Os valores destes desvios são normalizados com relação a seu valor máximo, acarretando em índices de sensibilidade relativa compreendidos entre zero (insensível) e a unidade (máxima sensibilidade). A análise de sensibilidade dos parâmetros envolvidos deve ser realizada considerando-se o casobase de reservatório em três tempos t distintos. Este procedimento é necessário pelo fato de alguns parâmetros poderem apresentar graus variáveis de sensibilidade em diferentes fases da vida do projeto. No final da análise, pode-se obter produções de óleo, gás e água através da árvore de decisão, identificado valores por exemplo de P10, P50, P90, VE (valor esperado), etc. (como na figura abaixo). Com base nesses valores, pode-se tomar decisões com base em análise de riscos combinando as incertezas geológicas e econômicas. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 58 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Impacto das variáveis em Np 3,50E+06 P10 3,00E+06 2,50E+06 P50 Np (m3) 2,00E+06 P90 1,50E+06 1,00E+06 5,00E+05 0,00E+00 0 2 4 6 8 10 12 t (anos) Figura: Exemplo de análise de incerteza mostrando P10, P90, P50 e Valor Esperado (VE). Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 59 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Análise Econômica de Reservatórios A tarefa mais importante no processo de gerenciamento de reservatórios é a integração das análises de reservatórios e econômica, tornando possível a tomada de decisão nas várias etapas da vida de campos de petróleo. A rentabilidade dos investimentos é dada pela taxa de juros que permite ao capital fornecer um certo retorno. Existem várias aplicações possíveis de capital, interessando apenas as mais rentáveis. Ao se considerar uma nova proposta de investimento, deve-se levar em conta que esta vai deslocar recursos disponíveis e, portanto, deixará de obter ganhos de outras possíveis fontes. A nova proposta para ser atrativa deve render, no mínimo, a taxa de juros equivalente à rentabilidade das aplicações correntes e de pouco risco (por exemplo, caderneta de poupança). Esta taxa é denominada taxa mínima atrativa de retorno ou taxa mínima de atratividade. Convém salientar que os métodos de comparação entre várias alternativas baseiam-se no princípio da equivalência, ou seja, supõe a aplicação de uma única taxa para todas as possibilidades. A análise econômica na área de petróleo é bastante complexa e foge ao escopo desse texto pois será tratada em outros módulos do curso. Entretanto, nos estudos de reservatórios, análises econômicas básicas devem ser utilizadas como ferramentas para comparação de alternativas de explotação. Segue, então, um texto contendo as principais ferramentas e indicadores utilizados nessa análise. Principais tarefas • Escolha da função-objetivo (indicador ou indicadores que serão utilizados na análise econômica). Essa função varia de acordo com as características da empresa tais como disponibilidade de caixa, aversão ao risco, etc. • Escolha do modelo que será utilizado para avaliar a função-objetivo. O modelo deve ser preciso o bastante para uma avaliação confiável sem demandar muito tempo. O modelo pode variar ao longo do estudo, dependendo das repostas obtidas e das prioridades da empresa. • Formar cenários para avaliar o impacto de incertezas na reposta do modelo econômico. • Organizar dados de produção, de operação e econômicos (preços, royaties, custos, taxas, amortização, etc.) • Fazer os cálculos econômicos a partir de previsões de produção. • Determinar utilização de técnicas de recuperação suplementar. • Determinar vazão de abandono. • Fazer análise de risco para comparação e escolha de projeto ótimo. Principais indicadores Os indicadores são utilizados separadamente ou em conjunto para a análise econômica simplificada utilizada por engenheiros de reservatórios nas comparações de alternativas de produção são: • Valor Presente Líquido: consiste em transportar para o tempo inicial todos os custos e todas as receitas oriundas do projeto, ou seja, calcula-se o valor atual do fluxo de caixa utilizando a taxa mínima de atratividade. Representa financeiramente qual será o resultado do projeto caso o Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 60 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS mesmo seja realizado. É um método bastante utilizado na comparação entre projetos que se diferenciam pelos custos e pelas receitas. • Coeficiente de Retorno: o CR é definido pela razão entre o lucro líquido e a soma de todos os investimentos atualizados. O CR representa quantas unidades monetárias serão obtidas para cada unidade monetária investida. • Taxa Interna de Retorno: é a taxa que, utilizada para rebater valores para o tempo inicial, torna iguais os valores atuais dos dispêndios e das receitas. Em outras palavras é a taxa de juros que anula o fluxo de caixa. Indica a atratividade do projeto quando comparado com a taxa de outros projetos e com a taxa mínima de atratividade. É interessante salientar que, quando se comparam dois ou mais projetos de investimentos, nem sempre o que tem maior taxa de retorno é aquele que deve ser escolhido. • Tempo de retorno: é o tempo no qual o fluxo de caixa é zerado usando-se a taxa mínima de atratividade. Esses indicadores são normalmente calculados baseados em previsões mensais (por simuladores) ou anuais (métodos simplificados). Um exemplo pode ser visto na figura abaixo para comparação do número de poços num campo. Pode- se identificar, nesse caso, várias opções de explotação do campo visto que soluções bastante próximas são obtidas para 10, 12, 13, 17 e 19 poços. O mesmo tipo de gráfico pode ser feito para comparações entre diferentes alternativas de recuperação suplementar ou até entre a explotação de diferentes campos. Há vários outros aspectos a serem considerados que não podem ser reduzidos a valores monetários, e que portanto não são ponderados em um estudo puramente econômico. A avaliação desses fatores, que deverão também ser contemplados na tomada de decisão, é subjetiva e depende do julgamento pessoal daqueles que tem a responsabilidade da decisão. As decisões mais críticas são aquelas que devem ser tomadas na ausência de dados suficientes para caracterizar o campo e, nesse caso, ferramentas mais complexas de análise econômica e de risco deves ser utilizadas. Essas ferramentas devem ser alvo de outros módulos do curso. VPL X TIR (Poços) 50 1 poço 2 poços 48 3 poços 4 poços 46 5 poços 44 6 poços 7 poços 42 8 poços 9 poços 40 10 poços 38 12 poços 13 poços 36 14 poços 15 poços 34 16 poços 32 17 poços 19 poços 30 20 poços 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 TIR Figura: Exemplo de utilização de indicadores para comparações entre opções de produção (Pedroso 1999) Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 61 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Referências Abdus Satter and Ganesh C. Takur: “Integrated Petroleum Reservoir Management – A Team Approach”, Pennwell Books, Tulsa Oklahoma, 1994. Norman J. Clark: Elements of Petroleum Reservoirs. American Institute of Mining, Metallurgical, & Petroleum Engineers, Inc., Dallas, Texas, 1969. Gian Luigi Chierici, Principles of Petroleum Reservoir Engineering, Vol.1, Springer-Verlag, 1994. L.P. Dake, Fundamentals of Reservoir Engineering, Elsevier, 1978 Apostilas da Petrobras Euclides J. Bonet e Milton L. Gabrielli: Propriedades das Rochas CAPRO 1 – Curso de Atualização em Produção - Reservatórios - Volumes I e II Economides: Flow in Porous Media Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 62 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Anexo 1 - Legislação Introdução O Brasil, por possuir hidrocarbonetos em seu território, é bastante visado pelas empresas, tanto nacionais como estrangeiras, para ser explorado em relação a essa matéria prima de que tanto somos dependentes. Para administrar as operações que dizem respeito a esse assunto, a legislação brasileira incluiu, através do seu presidente, a Lei n° 9478, que, basicamente: dispõe sobre a política energética nacional sobre as atividades relativas ao monopólio do petróleo institui o Conselho Nacional de Política Energética institui a Agência Nacional de Petróleo Em relação à Agência Nacional de Petróleo, foi lançado ainda o Decreto n°2455 que especifica com maiores detalhes as atribuições que são dadas a essa entidade. Outro Decreto que se relaciona a esse assunto e à Lei n°9478 é o Decreto n°2705, que trata das questões financeiras, tais como cálculos e cobranças das participações governamentais aplicáveis de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural, além de algumas definições técnicas. Seguem os objetivos da política energética nacional, segundo os termos da Lei n°9478: Objetivos da política energética nacional Segundo a legislação brasileira (Lei n° 9478, Capítulo I) as políticas nacionais para o aproveitamento racional das fontes de energia, além de sempre preservar o interesse nacional, visam desenvolver a área relacionada aos recursos energéticos. Esse desenvolvimento torna-se possível através de algumas medidas: Incentivos à utilização do gás natural Uso de fontes de energia alternativa, com aproveitamento dos insumos disponíveis e das tecnologias aplicáveis Estudar soluções apropriadas para o suprimento de energia elétrica em diversas regiões do País A partir desse desenvolvimento é possível atrair investimentos na produção de energia e ampliar a competitividade do País no mercado internacional. Além disso, os interesses do consumidor devem ser defendidos em relação à qualidade, oferta e preço do produto e o meio ambiente deve ser protegido de qualquer tipo de agressão. Conselho Nacional de Política Energética Ainda através dessa mesma Lei, fica criado o Conselho Nacional de Política Energética, responsável por propor políticas nacionais e medidas específicas visando cumprir os objetivos traçados para o desenvolvimento da área de energia no País. Ao CNPE foram atribuídas as seguintes funções: promover o aproveitamento racional dos recursos energéticos, de acordo com o fora enunciado anteriormente desenvolver medidas específicas para suprimento de insumos energéticos às áreas de mais difícil acesso no País rever periodicamente as matrizes energéticas das diversas regiões do País estabelecer diretrizes, tanto para importação e exportação (sempre atendendo o mercado consumo interno) quanto para programas específicos, como os de uso do gás natural, do álcool, do carvão e da energia termonuclear Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 63 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Titularidade e monopólio do petróleo e gás natural Definições técnicas Petróleo: todo e qualquer hidrocarboneto líquido em seu estado natural, a exemplo do óleo cru e condensado; Gás natural: todo o hidrocarboneto que permaneça em estado gasoso nas condições atmosféricas normais, extraído diretamente a partir de reservatórios prolíferos ou gaseíferos, incluindo gases úmidos, secos, residuais e gases raros; Derivados de petróleo: produtos decorrentes da transformação do petróleo; Derivados básicos : principais derivados do petróleo; Refino: conjunto de processos destinados a transformar o petróleo em derivados de petróleo; Processamento de gás natural : conjunto de operações destinadas a permitir o seu transporte, distribuição e utilização; Transporte: movimentação de petróleo, derivados ou gás natural em meio ou percurso considerado de interesse geral; Transferência: movimentação de petróleo, derivados ou gás natural em meio ou percurso considerado de interesse específ ico e exclusivo do proprietário ou explorador das facilidades; Bacia sedimentar: depressão da crosta terrestre onde se acumulam rochas sedimentares que podem ser portadoras de petróleo ou gás natural, associadas ou não; Reservatório ou depósito: configuraç ão geológica dotada de propriedades específicas, armazenadora de petróleo ou gás, associados ou não; Jazida: reservatório ou depósito já identificado e possível de ser posto em produção; Prospecto: feição geológica mapeada como resultado de estudos geofísicos e de interpretação geológica, que justificam a perfuração de poços exploratórios para a localização de petróleo ou gás natural; Bloco: parte de uma bacia sedimentar formada por um prisma vertical de profundidade indeterminada, com superfície poligonal definida pelas coordenadas geográficas de seus vértices onde são desenvolvidas atividades de exploração ou produção; Campo de petróleo ou de gás natural: área produtora de petróleo ou gás natural, a partir de um reservatório contínuo ou de mais de um reservatório, a profundidades variáveis, abrangendo instalações e equipamentos destinados à produção; Pesquisa ou exploração: conjunto de operações ou atividades destinadas a avaliar áreas, objetivando a descoberta e a identificação de jazidas de petróleo ou gás natural; Lavra ou produção: conjunto de operações coordenadas de extração de petróleo ou gás natural de uma jazida e de preparo para sua movimentação; Desenvolvimento: conjunto de operações e investimentos destinados a viabilizar as atividades de produção de um campo de petróleo ou gás natural; Descoberta comercial : descoberta de petróleo ou de gás natural em condições que, a preços de mercado, tomem possível o retorno dos investimentos no desenvolvimento e na produção; Indústria do petróleo: conjunto de atividades econômicas relacionadas com a exploração, desenvolvimento, produção, refino, processamento, transporte, importação e exportação de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos e seu derivados; Distribuição: atividade de comercialização por atacado com a rede varejista ou com grandes consumidoras de combustíveis, lubrificantes, asfaltos e gás liquefeito envasado, exercida por empresas especializadas, na forma das leis e regulamentos aplicáveis; Revenda: atividade de venda a varejo de combustíveis, lubrificantes e gás liquefeito envasado, exercida por postos de serviços ou revendedores, na forma das leis e regulamentos aplicáveis; Distribuição de gás canalizado: serviços locais de comercialização de gás canalizado, junto aos usuários finais, explorados com exclusividade pelos Estados, diretamente ou mediante concessão; Estocagem de gás natural : armazenamento de gás natural em reservatórios próprios, formações naturais ou artificiais. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 64 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Exercício do monopólio O monopólio da União é aplicado sobre os depósitos de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos existentes no território nacional, território este que inclui a parte terrestre, o mar territorial, a plataforma continental e a zona econômica exclusiva. Além disso, algumas atividades também estão inclusas nesse monopólio, tais quais: pesquisa e lavra das jazidas desses elementos refino de petróleo tanto o nacional quanto o estrangeiro importação e exportação dos produtos resultantes das atividades citadas acima transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou derivados produzidos na País transporte através de dutos de petróleo bruto, seus derivados e gás natural Entretanto, essas atividades podem ser exercidas por empresas constituídas sob as leis brasileiras, com sede e administração no País, mediante concessão ou autorização da União. Agência nacional de petróleo A Agência Nacional do Petróleo foi instituída com a finalidade de promover a regulação, contratação e a fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo. Assim, a ANP deve: implementar a política nacional do petróleo exposta anteriormente (CAPÍTULO I) promover estudos em ralação à concessões das atividades de exploração, desenvolvimento e produção regular a execução de serviços de geologia e geofísica aplicados à prospecção petrolífera visando levantar dados técnicos destinados à comercialização elaborar editais e promover licitações para a concessão de exploração, desenvolvimento e produção, celebrando os contratos delas decorrentes e fiscalizando a sua execução autorizar atividades de refinação, processamento, transporte, importação e exportação, segundo esta Lei estabelecer critérios para o cálculo de tarifas de transporte dutoviário e arbitrar seus valores, nos casos e da forma previstos nesta Lei fiscalizar as atividades integrantes da indústria do petróleo e aplicar as devidas penalidades em caso de necessidade instruir processo com vistas à declaração de utilidade pública, para fins de desapropriação e instituição de servidão administrativa, das áreas necessárias à exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural, construção de refinarias, dutos e terminais estimular a pesquisa e adoção de novas tecnologias organizar todo o acervo relativo às atividades da indústria do petróleo e publicar informações sobre as reservas nacionais transmitidas pelas empresas fiscalizar o funcionamento do Sistema Nacional de Estoques de Combustíveis Além dessa funções, o Capítulo também especifica a estrutura organizacional e estabelece os recursos de que a ANP dispõe. Em relação ao processo decisório, cabe à ANP estabelecer procedimentos para resolver conflitos e pendências entre agentes econômicos e entre estes e consumidores e usuários de bens e serviços da indústria de petróleo. Exploração e produção Em geral, pode-se dizer que a administração e manutenção de todos os tipos de serviços relacionados ao setor de petróleo estão sob responsabilidade da ANP, inclusive os contratos de concessão. Contratos de Concessão Os contratos de concessão devem prever duas fases: Exploração Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 65 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Pertencem a essa fase as atividades de avaliação de eventual descoberta de petróleo ou gás natural, para determinação de sua comercialidade. Produção As atividades de desenvolvimento incluem- se nessa fase A Lei determina que o concessionário explore por sua conta e risco e em caso de êxito, ele detém a propriedade desses bens devendo produzir petróleo, mas pagando os encargos relativos aos tributos incidentes e participações legais ou contratuais existentes, além de sempre submeter planos e projetos a aprovação da ANP. Em caso de desistência, o concessionário não terá direito a qualquer indenização pelos serviços, poços, imóveis e bens reversíveis, que passarão à propriedade da União e à administração da ANP. Além disso, ele é responsável pela remoção de todo o equipamento utilizado e reparação de danos decorrentes de suas atividades. As normas específicas definidas na Lei são exclusivas para a Petrobrás estabelecendo prazos e critérios para que suas propostas sejam aceitas, sempre sob a responsabilidade da ANP. Licitação A licitação obedecerá ao disposto nessa Lei, na regulamentação a ser expedida pela ANP e no respectivo edital. O edital da licitação deve conter aspectos de interesse dos concorrentes e exigências da União, além de outros fatores de ordem estrutural. Quando é permitida a participação de empresas em consórcio, são previstas mais algumas exigências, principalmente em relação ao próprio consórcio. No caso de alguma empresa estrangeira participar, ela deverá preencher os requisitos exigidos pela ANP além de, em caso de vencer a concorrência , comprometer-se a constituir empresa segundo as leis brasileiras, com sede e administração no Brasil. O julgamento da licitação deve identificar a proposta mais vantajosa, segundo critérios objetivos, e em caso de empate, decidir em favor da Petrobrás, desde que ela não concorra consorciada com outras empresas. Contrato de concessão O contrato de concessão deverá refletir fielmente as condições do edital e da proposta vencedora, além de submeter-se às exigências da ANP conforme esta Lei. As participações governamentais previstas no edital de licitação são de 4 tipos: I - bônus de assinatura, cujo valor mínimo é estabelecido no edital e corresponde ao pagamento ofertado na proposta para obtenção da concessão. II – royalties, que são pagos mensalmente e correspondem a 10% da produção de petróleo ou gás natural (mas podem ser reduzidos a até 5% devido aos riscos geológicos existentes). III - participação especial, aplicada sobre a receita bruta da produção, deduzidos os royalties, os investimentos na exploração, os custos operacionais, a depreciação e os tributos previstos na legislação em vigor. IV - pagamento pela ocupação ou retenção de área, feito anualmente conforme o próprio edital e o contrato. As participações nos incisos II e IV são obrigatórias e a distribuição do valor obtido é feita entre Estados, Municípios, o Ministério da Ciência e Tecnologia e a Marinha (quando ocorrer a produção off-shore). Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 66 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Anexo 2 - Código de Reservas Introdução O código de reservas do Brasil está em fase de adaptação em estudo que está sendo feito pela ANP. O texto abaixo é relativo ao código de reservas da SPE que pode ser usado como base para o entendimento das principais funções do código. SPE – Petroleum Reserves Definitions Preamble Petroleum is the world's major source of energy and is a key factor in the continued development of world economies. It is essential for future planning that governments and industry have a clear assessment of the quantities of petroleum available for production and quantities which are anticipated to become available within a practical time frame through additional field development, technological advances, or exploration. To achieve such an assessment, it is imperative that the industry adopt a consistent nomenclature for assessing the current and future quantities of petroleum expected to be recovered from naturally occurring underground accumulations. Such quantities are defined as reserves, and their assessment is of considerable importance to governments, international agencies, economists, bankers, and the international energy industry. The terminology used in classifying petroleum substances and the various categories of reserves have been the subject of much study and discussion for many years. Attempts to standardize reserves terminology began in the mid 1930's when the American Petroleum Institute considered classification for petroleum and definitions of various reserves categories. Since then, the evolution of technology has yielded more precise engineering methods to determine reserves and has intensified the need for an improved nomenclature to achieve consistency among professionals working with reserves terminology. Working entirely separately, the Society of Petroleum Engineers (SPE) and the World Petroleum Congresses (WPC) produced strikingly similar sets of petroleum reserve definitions for known accumulations which were introduced in early 1987. These have become the preferred standards for reserves classification across the industry. Soon after, it became apparent to both organizations that these could be combined into a single set of definitions which could be used by the industry worldwide. Contacts between representatives of the two organizations started in 1987, shortly after the publication of the initial sets of definitions. During the World Petroleum Congress in June 1994, it was recognized that while any revisions to the current definitions would require the approval of the respective Boards of Directors, the effort to establish a worldwide nomenclature should be increased. A common nomenclature would present an enhanced opportunity for acceptance and would signify a common and unique stance on an essential technical and professional issue facing the international petroleum industry. As a first step in the process, the organizations issued a joint statement which presented a broad set of principles on which reserves estimations and definitions should be based. A task force was established by the Boards of SPE and WPC to develop a common set of definitions based on this statement of principles. The following joint statement of principles was published in the January 1996 issue of the SPE Journal of Petroleum Technology and in the June 1996 issue of the WPC Newsletter: There is a growing awareness worldwide of the need for a consistent set of reserves definitions for use by governments and industry in the classification of petroleum reser ves. Since their introduction in 1987, the Society of Petroleum Engineers and the World Petroleum Congresses reserves definitions have been standards for reserves classification and evaluation worldwide. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 67 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS SPE and WPC have begun efforts toward achieving consistency in the classification of reserves. As a first step in this process, SPE and WPC issue the following joint statement of principles. SPE and WPC recognize that both organizations have developed a widely accepted and simple nomenclature of petroleum reserves. SPE and WPC emphasize that the definitions are intended as standard, general guidelines for petroleum reserves classification which should allow for the proper comparison of quantities on a worldwide basis. SPE and WPC emphasize that, although the definition of petroleum reserves should not in any manner be construed to be compulsory or obligatory, countries and organizations should be encouraged to use the core definitions as defined in these principles and also to expand on these definitions according to special local conditions and circumstances. SPE and WPC recognize that suitable mathematical techniques can be used as required and that it is left to the country to fix the exact criteria for reasonable certainty of existence of petroleum reserves. No methods of calculation are excluded, however, if probabilistic methods are used, the chosen percentages should be unequivocally stated. SPE and WPC agree that the petroleum nomenclature as proposed applies only to known discovered hydrocarbon accumulations and their associated potential deposits. SPE and WPC stress that petroleum proved reserves should be based on current economic conditions, including all factors affecting the viability of the projects. SPE and WPC recognize that the term is general and not restricted to costs and price only. Probable and possible reserves could be based on anticipated developments and/or the extrapolation of current economic conditions. SPE and WPC accept that petroleum reserves definitions are not static and will evolve. A conscious effort was made to keep the recommended terminology as close to current common usage as possible in order to minimize the impact of previously reported quantities and changes required to bring about wide acceptance. The proposed terminology is not intended as a precise system of definitions and evaluation procedures to satisfy all situations. Due to the many forms of occurrence of petroleum, the wide range of characteristics, the uncertainty associated with the geological environment, and the constant evolution of evaluation technologies, a precise classification system is not practical. Furthermore, the complexity required for a precise system would detract from its understanding by those involved in petroleum matters. As a result, the recommended definitions do not represent a major change from the current SPE and WPC definitions which have become the standards across the industry. It is hoped that the recommended terminology will integrate the two sets of definitions and achieve better consistency in reserves data across the international industry. Reserves derived under these definitions rely on the integrity, skill, and judgment of the evaluator and are affected by the geological complexity, stage of development, degree of depletion of the reservoirs, and amount of available data. Use of these definitions should sharpen the distinction between the various classifications and provide more consistent reserves reporting. Definitions Reserves are those quantities of petroleum which are anticipated to be commercially recovered from known accumulations from a given date forward. All reserve estimates involve some degree of uncertainty. The uncertainty depends chiefly on the amount of reliable geologic and engineering data available at the time of the estimate and the interpretation of these data. The relative degree of Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 68 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS uncertainty may be conveyed by placing reserves into one of two principal classifications, either proved or unproved. Unproved reserves are less certain to be recovered than proved reserves and may be further sub-classified as probable and possible reserves to denote progressively increasing uncertainty in their recoverability. The intent of SPE and WPC in approving additional classifications beyond proved reserves is to facilitate consistency among professionals using such terms. In presenting these definitions, neither organization is recommending public disclosure of reserves classified as unproved. Public disclosure of the quantities classified as unproved reserves is left to the discretion of the countries or companies involved. Estimation of reserves is done under conditions of uncertainty. The method of estimation is called deterministic if a single best estimate of reserves is made based on known geological, engineering, and economic data. The method of estimation is called probabilistic when the known geological, engineering, and economic data are used to generate a range of estimates and their associated probabilities. Identifying reserves as proved, probable, and possible has been the most frequent classification method and gives an indication of the probability of recovery. Because of potential differences in uncertainty, caution should be exercised when aggregating reserves of different classifications. Reserves estimates will generally be revised as additional geologic or engineering data becomes available or as economic conditions change. Reserves do not include quantities of petroleum being held in inventory, and may be reduced for usage or processing losses if required for financial reporting. Reserves may be attributed to either natural energy or improved recovery methods. Improved recovery methods include all methods for supplementing natural energy or altering natural forces in the reservoir to increase ultimate recovery. Examples of such methods are pressure maintenance, cycling, waterflooding, thermal methods, chemical flooding, and the use of miscible and immiscible displacement fluids. Other improved recovery methods may be developed in the future as petroleum technology continues to evolve. Proved Reserves Proved reserves are those quantities of petroleum which, by analysis of geological and engineering data, can be estimated with reasonable certainty to be commercially recoverable, from a given date forward, from known reservoirs and under current economic conditions, operating methods, and government regulations. Proved reserves can be categorized as developed or undeveloped. If deterministic methods are used, the term reasonable certainty is intended to express a high degree of confidence that the quantities will be recovered. If probabilistic methods are used, there should be at least a 90% probability that the quantities actually recovered will equal or exceed the estimate. Establishment of current economic conditions should include relevant historical petroleum prices and associated costs and may involve an averaging period that is consistent with the purpose of the reserve estimate, appropriate contract obligations, corporate procedures, and government regulations involved in reporting these reserves. In general, reserves are considered proved if the commercial producibility of the reservoir is supported by actual production or formation tests. In this context, the term proved refers to the actual quantities of petroleum reserves and not just the productivity of the well or reservoir. In certain cases, proved reserves may be assigned on the basis of well logs and/or core analysis that indicate the subject reservoir is hydrocarbon bearing and is analogous to reservoirs in the same area that are producing or have demonstrated the ability to produce on formation tests. The area of the reservoir considered as proved includes (1) the area delineated by drilling and defined by fluid contacts, if any, and (2) the undrilled portions of the reservoir that can reasonably be judged Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 69 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS as commercially productive on the basis of available geological and engineering data. In the absence of data on fluid contacts, the lowest known occurrence of hydrocarbons controls the proved limit unless otherwise indicated by definitive geological, engineering or performance data. Reserves may be classified as proved if facilities to process and transport those reserves to market are operational at the time of the estimate or there is a reasonable expectation that such facilities will be installed. Reserves in undeveloped locations may be classified as proved undeveloped provided (1) the locations are direct offsets to wells that have indicated commercial production in the objective formation, (2) it is reasonably certain such locations are within the known proved productive limits of the objective formation, (3) the locations conform to existing well spacing regulations where applicable, and (4) it is reasonably certain the locations will be developed. Reserves from other locations are categorized as proved undeveloped only where interpretations of geological and engineering data from wells indicate with reasonable certainty that the objective formation is laterally continuous and contains commercially recoverable petroleum at locations beyond direct offsets. Reserves which are to be produced through the application of established improved recovery methods are included in the proved classification when (1) successful testing by a pilot project or favorable response of an installed program in the same or an analogous reservoir with similar rock and fluid properties provides support for the analysis on which the project was based, and, (2) it is reasonably certain that the project will proceed. Reserves to be recovered by improved recovery methods that have yet to be established through commercially successful applications are included in the proved classification only (1) after a favorable production response from the subject reservoir from either (a) a representative pilot or (b) an installed program where the response provides support for the analysis on which the project is based and (2) it is reasonably certain the project will proceed. Unproved Reserves Unproved reserves are based on geologic and/or engineering data similar to that used in estimates of proved reserves; but technical, contractual, economic, or regulatory uncertainties preclude such reserves being classified as proved. Unproved reserves may be further classified as probable reserves and possible reserves. Unproved reserves may be estimated assuming future economic conditions different from those prevailing at the time of the estimate. The effect of possible future improvements in economic conditions and technological developments can be expressed by allocating appropriate quantities of reserves to the probable and possible classifications. Probable Reserves Probable reserves are those unproved reserves which analysis of geological and engineering data suggests are more likely than not to be recoverable. In this context, when probabilistic methods are used, there should be at least a 50% probability that the quantities actually recovered will equal or exceed the sum of estimated proved plus probable reserves. In general, probable reserves may include (1) reserves anticipated to be proved by normal step- out drilling where sub-surface control is inadequate to classify these reserves as proved, (2) reserves in formations that appear to be productive based on well log characteristics but lack core data or definitive tests and which are not analogous to producing or proved reservoirs in the area, (3) incremental reserves attributable to infill drilling that could have been classified as proved if closer statutory spacing had been approved at the time of the estimate, (4) reserves attributable to improved recovery methods that have been established by repeated commercially successful applications when (a) a project or pilot is planned but not in operation and (b) rock, fluid, and reservoir characteristics appear favorable for commercial application, (5) reserves in an area of the formation that appears to be separated from the proved area by faulting and the geologic interpretation indicates the subject area is structurally higher than the proved area, (6) reserves attributable to a Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 70 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS future workover, treatment, re-treatment, change of equipment, or other mechanical procedures, where such procedure has not been proved successful in wells which exhibit similar behavior in analogous reservoirs, and (7) incremental reserves in proved reservoirs where an alternative interpretation of performance or volumetric data indicates more reserves than can be classified as proved. Possible Reserves Possible reserves are those unproved reserves which analysis of geological and engineering data suggests are less likely to be recoverable than probable reserves. In this context, when probabilistic methods are used, there should be at least a 10% probability that the quantities actually recovered will equal or exceed the sum of estimated proved plus probable plus possible reserves. In general, possible reserves may include (1) reserves which, based on geological interpretations, could possibly exist beyond areas classified as probable, (2) reserves in formations that appear to be petroleum bearing based on log and core analysis but may not be productive at commercial rates, (3) incremental reserves attributed to infill drilling that are subject to technical uncertainty, (4) reserves attributed to improved recovery methods when (a) a project or pilot is planned but not in operation and (b) rock, fluid, and reservoir characteristics are such that a reasonable doubt exists that the project will be commercial, and (5) reserves in an area of the formation that appears to be separated from the proved area by faulting and geological interpretation indicates the subject area is structurally lower than the proved area. Reserve Status Categories Reserve status categories define the development and producing status of wells and reservoirs. Developed: Developed reserves are expected to be recovered from existing wells including reserves behind pipe. Improved recovery reserves are considered developed only after the necessary equipment has been installed, or when the costs to do so are relatively minor. Developed reserves may be sub-categorized as producing or non-producing. Producing: Reserves subcategorized as producing are expected to be recovered from completion intervals which are open and producing at the time of the estimate. Improved recovery reserves are considered producing only after the improved recovery project is in operation. Non-producing: Reserves subcategorized as non-producing include shut-in and behind-pipe reserves. Shut- in reserves are expected to be recovered from (1) completion intervals which are open at the time of the estimate but which have not started producing, (2) wells which were shut-in for market conditions or pipeline connections, or (3) wells not capable of production for mechanical reasons. Behind-pipe reserves are expected to be recovered from zones in existing wells, which will require additional completion work or future recompletion prior to the start of production. Undeveloped Reserves: Undeveloped reserves are expected to be recovered: (1) from new wells on undrilled acreage, (2) from deepening existing wells to a different reservoir, or (3) where a relatively large expenditure is required to (a) recomplete an existing well or (b) install production or transportation facilities for primary or improved recovery projects. Approved by the Board of Directors, Society of Petroleum Engineers (SPE) Inc., and the Executive Board, World Petroleum Congresses (WPC), March 1997. PETROLEUM For the purpose of these definitions, the term petroleum refers to naturally occurring liquids and gases which are predominately comprised of hydrocarbon compounds. Petroleum may also contain nonDenis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 71 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS hydrocarbon compounds in which sulfur, oxygen, and/or nitrogen atoms are combined with carbon and hydrogen. Common examples of non-hydrocarbons found in petroleum are nitrogen, carbon dioxide, and hydrogen sulfide. Petroleum resources classification and definitions (draft) SPE AND WPC In March 1997, the Society of Petroleum Engineers (SPE) and the World Petroleum Congresses (WPC) approved a set of petroleum reserves definitions which represented a major step forward in their mutual desire to improve the level of consistency in reserves estimation and reporting on a worldwide basis. As a further development, the SPE and WPC recognized the potential benefits to be obtained by expanding the definitions to cover the entire resource base, including those quantities of petroleum contained in accumulations that are currently sub-commercial or that have yet to be discovered. These other resources represent potential future additions to reserves and are therefore important to both countries and companies for planning and portfolio management purposes. In 1987, the WPC published its report "Classification and Nomenclature Systems for Petroleum and Petroleum Reserves", which included definitions for all categories of resources. The WPC report, together with definitions by other industry organizations and recognition of current industry practice, provided the basis for the system outlined here. Nothing in the following resource definitions should be construed as modifying the existing definitions for petroleum reserves as approved by the SPE/WPC in March 1997. As with unproved (i.e. probable and possible) reserves, the intent of the SPE and WPC in approving additional classifications beyond proved reserves is to facilitate consistency among professionals using such terms. In presenting these definitions, neither organization is recommending public disclosure of quantities classified as resources. Such disclosure is left to the discretion of the countries or companies involved. Any estimation of resource quantities for an accumulation or group of accumulations is subject to both technical and commercial uncertainties, and should, in general, be quoted as a range. In the case of reserves, and where appropriate, this range of uncertainty can be reflected in estimates for Proved Reserves (1P), Proved plus Probable Reserves (2P) and Proved plus Probable plus Possible Reserves (3P) scenarios. For other resource categories, the terms Low Estimate, Best Estimate and High Estimate are recommended. As indicated in Figure 1, the Low, Best and High Estimates of potentially recoverable volumes should reflect some comparability with the reserve categories of Proved, Proved plus Probable and Proved plus Probable plus Possible, respectively. While there may be a significant risk that sub-commercial or undiscovered accumulations will not achieve commercial production, it is useful to consider the range of potentially recoverable volumes independently of such a risk. Where probabilistic methods are used, these estimated quantities should be based on methodologies analogous to those applicable to the definitions of reserves; therefore, in general, there should be at least a 90% probability that, assuming the accumulation is developed, the quantities actually recovered will equal or exceed the Low Estimate. In addition, equivalent probability values of 50% and 10% should, in general, be used for the Best and High Estimates respectively. Where deterministic methods are used, a similar analogy to the reserve definitions should be followed. As one possible example, consider an accumulation that is currently not commercial due solely to the lack of a market. Where a market is subsequently developed, and in the absence of any new technical data, the Proved Reserve estimate would be expected to approximate the previous Low Estimate. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 72 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS DEFINITIONS The resource classification system is summarized in Figure 1 and the relevant definitions are given below. In general, resources are defined as including all quantities of petroleum which are estimated to be initially-in-place; however, some users consider only the estimated recoverable portion to constitute a resource. In these definitions, those quantities estimated to be initially-in-place are defined as such and the recoverable portions are defined separately. In any event, it should be understood that reserves constitute a subset of resources, being those quantities that are discovered (i.e. in known accumulations), recoverable, commercial and remaining. TOTAL PETROLEUM-INITIALLY -IN-PLACE Total Petroleum-initially-in-place is those quantities of petroleum which are estimated to exist originally in naturally occurring accumulations. Total Petroleum-initially-in-place is, therefore, those quantities of petroleum which are estimated, on a given date, to be contained in known accumulations, plus those quantities already produced therefrom, plus those estimated quantities in accumulations yet to be discovered. Total Petroleum- initially -in-place may be subdivided into Discovered Petroleum-initially-inplace and Undiscovered Petroleum-initially-in-place with Discovered Petroleum-initially - in- place being limited to known accumulations. It is recognized that all Petroleum-initially- in- place quantities may constitute potentially recoverable resources since the estimation of the proportion which may be recoverable can be subject to significant uncertainty and will change with variations in commercial circumstances and technological developments. A portion of those quantities classified as Unrecoverable may become recoverable resources in the future as commercial circumstances change or technological developments occur. DISCOVERED PETROLEUM-INITIALLY -IN-PLACE Discovered Petroleum-initially-in-place is those quantities of petroleum which are estimated, on a given date, to be contained in known accumulations, plus those quantities already produced therefrom. Discovered Petroleum-initially-in-place may be subdivided into Commercial and Subcommercial categories, with the estimated potentially recoverable portion being classified as Reserves and Contingent Resources respectively, as defined below. RESERVES Reserves are defined as those quantities of petroleum which are anticipated to be commercially recovered from known accumulations from a given date forward. Reference should be made to the full SPE/WPC Petroleum Reserves Definitions for the complete definitions and guidelines. Estimated recoverable quantities from known accumulations which do not fulfil the requirement of commerciality should be classified as Contingent Resources, as defined below. The definition of commerciality for an accumulation will vary according to local conditions and circumstances and is left to the discretion of the country or company concerned. However, reserves must still be categorized according to the specific criteria of the SPE/WPC definitions and therefore proved reserves will be limited to those quantities that are commercial under current economic conditions, while probable and possible reserves may be based on future economic conditions. In general, quantities should not be classified as reserves unless there is an expectation that the accumulation will be developed and placed on production within a reasonable timeframe. In certain circumstances, reserves may be assigned even though development may not occur for some time. An example of this would be where fields are dedicated to a long-term supply contract and will only be developed as and when they are required to satisfy that contract. CONTINGENT RESOURCES Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 73 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Contingent Resources are those quantities of petroleum which are estimated, on a given date, to be potentially recoverable from known accumulations, but which are not currently considered to be commercially recoverable. Contingent Resources may include, for example, accumulations for which there is currently no viable market, or where commercial recovery is dependent on the development of new technology, or where evaluation of the accumulation is still at an early stage. UNDISCOVERED PETROLEUM- INITIALLY-IN- PLACE Undiscovered Petroleum-initially-in-place is those quantities of petroleum which are estimated, on a given date, to be contained in accumulations yet to be discovered. The estimated potentially recoverable portion of Undiscovered Petroleum- initially -in-place is classified as Prospective Resources, as defined below. PROSPECTIVE RESOURCES Prospective Resources are those quantities of petroleum which are estimated, on a given date, to be potentially recoverable from undiscovered accumulations. ESTIMATED ULTIMATE RECOVERY Estimated Ultimate Recovery (EUR) is not a resource category as such, but a term which may be applied to an individual accumulation of any status/maturity (discovered or undiscovered). Estimated Ultimate Recovery is defined as those quantities of petroleum which are estimated, on a given date, to be potentially recoverable from an accumulation, plus those quantities already produced therefrom AGGREGATION Petroleum quantities classified as Reserves, Contingent Resources or Prospective Resources should not be aggregated with each other without due consideration of the significant differences in the criteria associated with their classification. In particular, there may be a significant risk that accumulations containing Contingent Resources or Prospective Resources will not achieve commercial production. RANGE OF UNCERTAINTY The Range of Uncertainty, as shown in Figure 1, reflects a reasonable range of estimated potentially recoverable volumes for an individual accumulation. For undiscovered accumulations (Prospective Resources) the range will, in general, be substantially greater than the ranges for discovered accumulations. In all cases, however, the actual range will be dependent on the amount and quality of data (both technical and commercial) which is available for that accumulation. As more data become available for a specific accumulation (e.g. additional wells, reservoir performance data) the range of uncertainty in EUR for that accumulation should be reduced. Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 74 TEXTO AULIXIAR PARA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS Denis J. Schiozer (colaborou – Rogério Ferreira de Paiva) 75