Espaçamento para quiabeiro cultivar Santa Cruz 47.
Esi Batista de Moraes Junior1; Shizuo Seno2; Alexsander Seleguini3
1
UNESP/FE, Graduando em Agronomia;
2
Professor Adjunto, Depto. de Fitotecnia,
Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia. Av. Brasil, 56, 15.385-000 Ilha Solteira - SP
E-mail: [email protected]; 3Doutorando em Agronomia, UNESP/FE,
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento da cultura do quiabo, em função de
diferentes espaçamentos na região de Ilha Solteira, SP. Os espaçamentos testados
foram: 60, 80, 100, 120 e 140cm entre fileiras por 50cm entre plantas. Adotou-se o
delineamento em blocos ao acaso com quatro repetições. Avaliou-se o crescimento de
plantas (altura e ramificação), alem de características agronômicas (massa e número de
frutos por planta e área). De um modo geral, a redução no espaçamento entre fileiras
(aumento da densidade populacional) reduziu o número de ramos emitidos, a produção e
o número de frutos por planta; não alterou a massa média do fruto, entretanto, aumentou
a produtividade e o número de frutos por hectare.
Palavras-chave: Abelmoschus esculentum L., quiabo, produtividade, densidade de
plantas.
ABSTRACT - Spacing in the culture of the okra to cultivate Santa Cruz 47.
The objective of this study was to evaluate the behavior of the okra crop, on different
spacing in the region of Ilha Solteira/SP/Brazil. The tested spacing were: 60, 80, 100, 120
and 140 cm among rows and 50cm among plants. The design adopted was randomized
block with four repetitions. The growth of plants was evaluated (height and ramification),
besides agronomic characteristics (mass and number of fruits per plant and area). In a
general way, the reduction in the spacing among rows (increase of the population density)
reduced the number of emitted branches, the production and the number of fruits per
plant; no showed differences the average mass of the fruit, however, increased the
productivity and the number of fruits per hectare.
Keywords: Abelmoschus esculentum L., okra, productivity, density of plantation
.
INTRODUÇÃO
O quiabeiro (Abelmoschus esculentus (L.) Moench.) é uma planta da família das
Malváceas, que se situa entre as hortícolas de alto valor alimentício, ciclo vegetativo
rápido, fácil cultivo e alta rentabilidade (Costa et al., 1981) e, devido as suas utilidades,
tem sofrido um crescente aumento de consumo. Em 2004, segundo o Instituto de
Economia Agrícola, o Estado de São Paulo, produziu cerca de 1,64 milhões de caixas
(16kg), em cerca de 2065ha, sendo as regiões de Araçatuba e Sorocaba as principais
produtoras, com 40% e 26%, respectivamente, do total da área cultivada no Estado.
O quiabeiro é uma espécie de crescimento indeterminado, onde o florescimento,
frutificação, ocorre ao longo do ciclo da planta. Devido a este padrão de crescimento, o
uso de espaçamento adequado constitui numa importante técnica cultural que pode
exercer uma grande influência no estabelecimento da cultura resultando em uma maior
produção por planta e por unidade de área.
Segundo Setubal et al. (2004) a densidade de plantio em quiabeiro, é um importante
parâmetro de influência no comportamento da planta, por alterar a arquitetura das plantas,
como número de emissão de ramos produtivos e número de flores e frutos emitidos por
planta, o que afeta diretamente na produção.
O presente trabalho teve por objetivo avaliar cinco espaçamentos entre linhas de plantio
para a cultura do quiabeiro, cultivar “Santa Cruz 47”, visando o mercado de consumo de
frutos “In natura”.
MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi conduzido na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade de
Engenharia – UNESP, no município de Ilha Solteira-SP. O solo da área foi classificado
como Argissolo Vermelho, Eutrófico, e na análise química do solo foram verificados os
seguintes resultados: P resina = 33 mg.dm-3; M.O.= 36 g.dm-3; pH CaCl2 = 5,5; K, Ca, Mg,
H+Al, Al, SB e CTC = 3,2; 59; 3; 16; 0; 65,1; 81,1 mmolc.dm-3, respectivamente e V%=80.
A adubação foi realizada segundo recomendações do Boletim 100. A semeadura foi
realizada em 28 de maio de 2004 e o transplantio em 30 de junho de 2004.
Os espaçamentos entre fileiras de plantios testados foram de 60; 80; 100; 120 e 140 cm,
mantendo-se 50 cm entre plantas. Adotou-se o delineamento experimental em blocos
casualizados, com 4 repetições, sendo as parcelas compostas por 20 plantas.
Avaliou-se a altura de plantas, o número de ramos por planta, o número de frutos por
planta, além da produção por planta e por área. Os resultados foram submetidos à análise
de variância e detectado efeito significativo, procedeu-se à analise de regressão
polinomial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas
avaliações
de
altura
de
plantas
verificaram-se
efeitos
significativos
dos
espaçamentos aos 87, 101 e 143 dias após o transplantio (DAT). Os valores médios de
altura de plantas ajustaram-se a regressões quadráticas com o aumento do espaçamento
entre fileiras, isto é, cresceram até um ponto de máximo, ao redor de 100 cm (20000
plantas/ha) com posterior decréscimo das mesmas (Figuras 1 A & B & C).
Com relação ao número de ramos por planta, evidenciou-se ajuste linear crescente com o
espaçamento, ou seja, aumentando-se o espaçamento entre plantas, aumentasse a
emissão de ramos secundários (Figura 1 D). Observou redução em mais de 40% na
ramificação de plantas quando se comparou o maior e menor espaçamento estudado.
Efeitos semelhantes foram verificados por Miller et al. citados por Zanin (1973). Quanto
aos parâmetros agronômicos, verificaram-se efeitos significativos do espaçamento sobre
a produção por planta e área, além da influencia na produção em número de frutos por
planta e área. Não se evidenciou efeito do espaçamento sobre a massa média de frutos
(Figura 1).Os dados observados para massa média de frutos evidenciaram que a
competição entre as plantas não foi agravada pela redução do espaçamento, uma vez
que os frutos apresentaram massas semelhantes nos diferentes espaçamentos testados.
Leal (1974), observou para a cultivar Chifre de Veado tendência de redução da massa
media de frutos a medida que aumentasse a população de plantas.
A produção de frutos por planta foi linearmente crescente com o aumento no
espaçamento entre fileiras, entretanto na produção por área verificou-se efeito inverso,
isto é, a produção decresceu com o aumento no espaçamento (Figuras 1 C & D).
Mesmo comportamento foi verificado em relação ao número de frutos por planta e por
área (Figuras 1 E& F).
De um modo geral, a redução no espaçamento entre fileiras (aumento da densidade
populacional) reduziu o número de ramos emitidos, a produção e o número de frutos por
planta; não alterou a massa média do fruto, entretanto, aumentou a produtividade e o
número de frutos por hectare.
LITERATURA CITADA
COSTA, M.C.B.; OLIVEIRA, G.D.; HAAG, H.P. Nutrição mineral de hortaliças - Efeito da
omissão dos macronutrientes e do boro, no desenvolvimento e na composição química de
hortaliças. In: HAAG, H.P.; MINAMI, K. Nutrição mineral em hortaliças. Campinas:
Fundação Cargil, cap.6, p.257-276. 1981.
IEA. Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo. Disponível em:
http://www.sidra.ibge.gov.br. Consultado em 20/05/2005.
LEAL, N. R.; LIBERAL, M. T. ; COELHO, R. G. Piranema: uma nova seleção de quiabeiro
(Hibiscus esculentus L.). Revista de Olericultura, Santa Maria - RS, v. 14: p. 180 - 181,
1974.
SETUBAL, J.W.; ZANIN, A.C.W.; SITTOLIN, J.M. Hábito de florescimento do quiabeiro cv.
Amarelinho em função da população de plantas. Horticultura Brasileira, v.22, n.2, p.482,
2004.
ZANIN, A.C.W. Aspectos do comportamento do quiabeiro (Hibiscus esculentus L.),
cultivado para produção de sementes, em função de níveis de adubação e espaçamentos.
Botucatu–SP, (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNESP), 68 p.,
95
90
2
y = -0,0042x + 0,862x + 53,307
2
R = 0,8454
80
60
80
100
120
140
135
130
2
y = -0,0056x + 1,135x + 84,35
2
R = 0,6704
125
120
60
140
Espaçamento entre fileiras (cm)
80
y = 0,0105x + 1,39
R2 = 0,7513
1
80
100
120
140
13,4
13,3
13,2
y = 0,003x - 0,8861x + 90,609
R2 = 0,9864
30
20
100
120
Espaçamento entre fileiras (cm)
140
Número de frutos por
planta
Produçao de frutos (t/ha)
100
120
140
1900
y = 3,3138x + 1257,7
R2 = 0,6268
1750
1600
1450
1300
60
80
100
120
140
Espaçamento entre fileiras (cm)
(F)
(E)
2
(G)
80
(C)
13,5
(D)
80
60
60
80
100
120
140
Espaçamento entre fileiras (cm)
50
60
200
Espaçamento entre fileiras (cm)
13,6
Espaçamento entre fileiras (cm)
40
y = -0,0075x2 + 1,5275x + 141,4
R2 = 0,8699
205
140
Produçao por planta (g)
2,5
Massa média de fruto (g)
N0 de ramos / planta
3
60
210
(B)
3,5
1,5
120
215
Espaçamento entre fileiras (cm)
(A)
2
100
220
140
4000
y = 0,2663x + 91,775
R2 = 0,6609
130
No de frutos por ha
(x 1000)
85
145
Altura de plantas (cm)
100
Altura de plantas (cm)
Altura de plantas (cm)
(Tese de DOUTORADO), 1973.
120
110
100
60
80
100
120
Espaçamento entre fileiras (cm)
(H)
140
2
3500 y = 0,2284x - 67,029x + 6774,7
2
R
= 0,9862
3000
2500
2000
1500
60
80
100
120
140
Espaçamento entre fileiras (cm)
(I)
Figura 1. Altura de plantas aos 87 (A); 101 (B) e 143 (C) dias após o transplantio; número
de ramos por planta (D); massa média de frutos (E); produção, g/planta (F); produção,
t/ha (G); número de frutos por planta (H) e número de frutos por hectare (I) em função do
espaçamento entre fileiras. Ilha Solteira (SP), 2005.
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