ASPECTOS DE FUNGOS FITOPATOGÊNICOS EM PLANTAS ORNAMENTAIS E SEU CONTROLE Leila Nakati Coutinho Doenças do antúrio Podridão de raízes – Phytophthora sp. e Pythium splendens - Este complexo de doenças fúngicas representa um dos mais sérios problemas para esta cultura causada por dois fungos aquáticos relacionados entre si. São mais agressivos durante os períodos de umidade elevada. P.splendens é favorecido quando predominam temperaturas entre 10-22° C e Phytophthora sp. entre 10-20° C. Os patógenos podem ser introduzidos por meio de vasos contaminados, fontes de água, bem como borrifos de água adjacentes de vasos contaminados. Em plantas adultas a infecção produz uma lesão escura para negra nas raízes progredindo até a haste floral. Para evitar a doença deve-se somente irrigar com água limpa e não proveniente de canais junto ao solo. A eliminação rápida de plantas com sintomas e a diminuição do tempo de umidade nas folhas são práticas que reduzem a incidência do mal. Como controle químico aplicar produtos à base de etridiazole na razão de 100 g/m³ de solo. Antracnose - Colletotrichum gloeosporioides - É a doença de maior importância, principalmente para os produtores de mudas e plantas envasadas para o comércio. Manifesta-se por manchas pardas grandes que aparecem principalmente nos bordos das folhas ou junto às nervuras onde água pode se acumular. Várias manchas podem coalescer e tomar grandes áreas de folhas que terminem por secar. A água livre é a maior responsável pela disseminação da doença porque os esporos de Colletotrichum são altamente higroscópicos e germinam rapidamente na água. Condições de baixas temperaturas são favoráveis a doença. Para controle da antracnose aconselha-se cortar as partes das folhas afetadas pela doença. Retirar as plantas doentes do contacto com as demais, expondo-as lentamente à maior radiação solar, em ambiente bem ventilado. Aplicação de produtos à base de oxicloreto de cobre ou man cozeb. Doenças do “Comigo Ninguém Pode” (Dieffenbachia spp.) Antracnose Colletotrichum gloeosporioides - É a doença de maior importância, principalmente para os produtores de mudas e plantas envasadas para o comércio. Manifesta-se por manchas pardas grandes que aparecem principalmente nos bordos das folhas ou junto às nervuras onde água pode se acumular. Várias manchas podem coalescer e tomar grandes áreas de folhas que terminem por secar. A água livre é a maior responsável pela disseminação da doença porque os esporos de Colletotrichum são altamente higroscópicos e germinam rapidamente na água. Condições de baixas temperaturas são favoráveis à doença. Engenheira Agrônoma – Instituto Biológico Av. Cons. Rodrigues Alves, 1252 – São Paulo, SP - CEP 04014-002 E-mail: [email protected] 13 Podridão basal e de raízes (Pythium splendens e Phytophthora sp.) - Ambos os fungos causadores são organismos de vida semi-aquática. Vivem no solo e quando as condições são favoráveis penetram nas raízes ou na base da planta hospedeira através da germinação de um esporo microscópico que tem a habilidade de nadar (zoósporo). Por esse motivo é que a incidência é maior quando há excesso de umidade do solo. A podridão causada pelos patógenos do solo é do tipo podridão mole ou aquosa e termina com a morte da planta. O controle da umidade pela drenagem do terreno é importante para o controle da doença. Doenças do lírio da paz ou spatifilo (Spathiphyllum wallisii) Cylindrocladium spathiphylli - Este patógeno causa o apodrecimento de colo e de raiz. É provavelmente a doença a mais comum e mais grave que afeta a produção do spatifilo. Esta doença é favorecida quando as temperaturas são amenas e a umidade relativa do ar é elevada. Os sintomas caracterizam-se pelo aparecimento de um amarelecimento das folhas mais velhas seguido de murchamento da planta Estes sintomas são os resultados dos danos causados por este patógeno no colo e nas raízes da planta. As raízes de plantas infectadas apresentam lesões de coloração marrom avermelhas. Estes lesões crescem rapidamente causando um colapso devido ao apodrecimento. Os esporos são disseminados através da água de irrigação. As plantas devem ser mantidas com um espaçamento adequado e evitar o adensamento no plantio. Plantas adultas envasadas devem ser mantidas elevadas do chão de modo que as raízes e o solo não tenham contato com água contaminada. Plantas contaminadas apresentando sintomas de murcha e/ou amarelecimento devem ser retiradas e separadas do plantel. Podridão de Phytophthora - Phytophthora parasitica é o agente causal desta podridão que afeta o sistema radicular de plantas de spatifilio. Este patógeno coloniza o solo e pode ser disseminado através da água de irrigação. As plantas de spatifilio infectadas por Phytophthora podem exibir clorose nas folhas, murcha, levando a planta à morte. Os sintomas exibidos nas raízes infectadas são bastante semelhantes aos sintomas causados por Cylindrocladium. Fungos do gênero Phytophthora podem ser disseminados para superfícies foliares das plantas, através de zoósporos que possuem mobilidade e são capazes de germinar nas superfícies molhadas da folha do hospedeiro ou através de respingos provenientes do solo contaminado. Para evitar a doença deve-se somente irrigar com água limpa e não procedente de canais junto ao solo. Plantas colocadas em casas de vegetação devem ser mantidas elevadas de pelo menos 0,90 a 1,20 m de altura para evitar respingos. A eliminação rápida de plantas com sintomas e a diminuição do tempo de umidade nas folhas são práticas que reduzem a incidência do mal. Manchas de Myrothecium - Myrothecium roridum pode causar danos severos às folhas e às hastes novas de Spatifilio. Este patogeno causa danos menores às plantas e pode ocorrer de forma saprofítica em plântulas jovens que sofreram algum dano físico ou por injuria causada por defensivos agrícolas inadequados. Os espores são disseminados facilmente entre as plantas através de água de irrigação. Podridão de raiz de Rhizoctonia spp. e Sclerotium rolfsii - Podridão do esclerócio - (Sclerotium rolfsii Sacc.) - Doença bastante comum no nosso meio, ocorre 14 principalmente em solos ácidos úmidos e, ricos em matéria orgânica. O agente causal á um fungo cujo habitat é o solo. Pode torna-se um problema sério causando podridões da haste principal da planta junto ao solo. Sobre a lesão, junto ao colo, pode-se observar um crescimento branco e cotonoso característico onde aparecem depois estruturas esféricas e brancas e depois marrons castanhos que são os esclerócios ou estruturas de resistência do fungo que pode atingir 2 mm. de diâmetro. O fungo é favorecido por temperaturas altas acima de 25° C e alta umidade. Por isso sua incidência é maior no verão. Um meio de controle seria, quando possível, abaixar a temperatura e a umidade. Deve-se remover as plantas doentes do plantel. Efetuar técnicas de solarização com tratamento prévio do solo antes do plantio é uma prática bastante conveniente. Podridão de Rhizoctonia - Rhizoctonia spp. - Os sintomas iniciais da doença é a manifestação de uma podridão da haste principal junto ao colo da planta. Ocorre com mais freqüência em plantas jovens quando os tecidos da haste ainda estão tenros e não lignificados. Provoca depois o estrangulamento do colo da planta, a planta definha, murcha, tomba e morre. Para o controle, as medidas que deverão ser tomadas são: espaçamento elevado e boa ventilação, evitar plantio profundo ou descalçar as plantas na região do colo. Em nosso meio, não existem produtos químicos registrados para controlar esta doença nesta cultura. Doenças da Helicônia Doenças do rizoma e raiz Calonectria spathiphylli (=Cylindrocladium spathiphylli) - Este fungo cuja forma clonal ou anamórfica é Cylindrocladium spathiphylii causa a principal doença na cultura da helicônia. Infecta todo o sistema radicular e rizomas. Plantas normais e sadias com alta produtividade, quando infectadas, entram em franco declínio transformando-se em plantas pequenas, enfraquecidas e com baixa produção de flores. Plantas severamente doentes são levadas à morte. Os esporos e os microesclerócios do fungo disseminam-se facilmente através de material doente, restos de cultura deixadas no campo, água de irrigação contaminada, ferramentas utilizadas em podas e principalmente rizomas utilizados no plantio sem certificação de sanidade. Phytophthora nicotianae - Phytophthora nicotianae também conhecida como míldio,causa apodrecimento em raízes e rizomas de plantas suscetíveis à doença. As plantas afetadas por essa doença declinam gradualmente e é caracterizada por um crescimento reduzido e baixa produção de flores. As hastes doentes apresentam coloração marrom no colar onde são observados grandes números de raízes apodrecidas. Dentro da haste, a podridão tem de coloração marrom escura. P. nicotianae é uma espécie polifaga e não especifica causando doença em outras plantas cultivadas como: mamão, orquídea, tomate, pimenta, berinjela, salvia, alecrim, spatifilio, hibiscos, violeta africana, gérbera, abacaxi etc. Fungos do gênero Phytophthora podem ser disseminados através de zoósporos que são esporos que possuem mobilidade devido a presença de flagelos, são capazes de germinar quando as condições ambientais lhe são favoráveis. Para evitar a doença deve-se somente irrigar com água limpa e não proveniente de canais junto ao solo. Estes esporos móveis disseminam facilmente a doença a longas distâncias através das valas e 15 dos córregos da irrigação. O fungo pode sobreviver de forma saprofítica sobrevivendo sobre a matéria orgânica por longos períodos de tempo no solo. Pythium spp. - A literatura cita Pythium splendens, P. aphanidermatum, P. myriotylum e Pythium sp. causando podridões em raízes e rizomas de helicônia. Levam ao declínio e retarda o desenvolvimento normal das plantas. A umidade e a drenagem inadequada favorecem extremamente as doenças causadas por Pythium. Assim como Phytophthora, Pythium produz esporos móveis que disseminam a doença a distâncias consideráveis por meio de água de irrigação contaminada. Como já referido para Phytophthora esta doença pode sobreviver saprofiticamente no solo por longos períodos. Doenças foliares Calonectria spathiphylli - Este patógeno ao qual foram referidos causando doença em raízes, rizomas também ataca as folhas. Os sintomas foliares mais pronunciados na helicônia causado por esse fungo são: amarecelimento e secamento das margens da folha, bainha e queimadura dos peciolos. O apodrecimento da bainha e do peciolo interferem com a translocação da água à folha, causando um “stress” hídrico e produzindo bordas secas nas folha. Enquanto as podridões da bainha expandem e encharcam-se menos água chega até a lâmina da folha, e as folhas tornam-se amarelas. Eventualmente morrem, tendo por resultado a perda prematura das folhas mais velhas. A capacidade fotossintética das plantas doentes é reduzida pelas infecções múltiplas da bainha e do peciolo seguidas pela perda da folha. Calonectria spathiphylli é também um patógeno altamente destrutivo de muitos cultivares de spatifilio. O fungo produz microesclerócios que são agregados compactos de hifas do micélio de fungo. Estes agregados são as estruturas de sobrevivência que permitem que o patógeno persista no solo por muitos anos sem a presença do hospedeiro. Bipolaris incurvata e Bipolaris spp. - Os sintomas causados por Bipolaris iniciam-se com pequenas pontuações nas folhas que crescem em número e tamanho podendo destruir todo o tecido foliar. Em condições favoráveis ao fungo após duas semanas surgem muitas manchas de 9,5 a 35 mm de diâmetro, oval ou ir-regular na forma, e com um halo amarelado em torno da lesão. As lesões possuem coloração marrom claro com bordas mais escuras. O pecíolo, a bainha, e as brácteas florais são manchados também com uma coloração marrom púrpura. Flores e brácteas manchadas tornam-se inviáveis para a comercialização.As infecções das folhas novas resultam em folhas maduras deformadas e queimadas em aspecto. Em estágios avançados da doença, as folhas tornam-se fragmentadas e marrons. Bipolaris incurvata foi a espécie mais encontrada em helicônias doentes. Outras espécies tais como B. cynodontis , B. salviniae e B. setariae foram também relatadas. Sob condições ambientais de umidade contínua por pelo menos 24h, os esporos destes fungos são produzidos na superfície de tecido doente. O vento movimentando as folhagens e o contato com as folhas doentes, durante operações de campo, agitam as plantas causando a dispersão dos esporos. Exserohilum rostratum - As lesões da folha causadas pelo Exserohilum rostratum são similares àqueles causados por Bipolaris. As lesões típicas são ovais e 16 marrons com margens ligeiramente amareladas. As lesões expandem em número de tamanho coalescendo em todo o tecido foliar levando ao aparecimento de perfurações nas mesmas. O ciclo da doença bem como a dispersão é semelhante a da doença causada pelo Bipolaris. Medidas gerais de controle As sementes destinadas ao plantio devem ser limpas , lavadas, enxaguadas e mergulhadas em uma solução de hipoclorito de sódio (10-20%) por 1 minuto. Frutos, contendo sementes, apresentando aspectos manchados, danificados ou apodrecidos devem ser desprezados. Deve-se inspecionar sempre as sementes. Sementes manchadas ou apodrecidas devem ser descartadas. Para a produção de rizomas sadios: É necessário lavar os rizomas, remover todo o tecido escurecido da bainha e todas as raízes. Mergulhar em solução de hipoclorito de sódio a 10- 20% por 1 minuto. O substrato a ser utilizado para o plantio deve ser previamente pasteurizado ou ser submetido a técnicas de solarização a fim de evitar contaminações por essa via. Deve-se controlar a umidade. A umidade de maneira geral favorece o crescimento do fungo e desenvolvimento da doença. Promover uma melhor aeração entre as plantas, ou seja, plantio em espaçamento maior favorece o não estabelecimento de doenças no plantel. Remover as plantas sem função do local de cultivo. Controlar plantas daninhas. Promover uma boa drenagem do solo de produção evitando áreas de alagamento. Áreas alagadas favorecem o estabelecimento de doenças causadas por fungos dos gêneros Pythium e Phytophthora. Manter as estufas ou casas de vegetação livres de plantas doentes. Separar aquelas que comecem a manifestar os primeiros sintomas de doença. Folhas ou partes da planta com sintomas devem ser removidas e retiradas do local de cultivo, bem como, incineradas ou enterradas. Remover todos os restos de culturas anteriores a fim de evitar a introdução de doenças pois muitos patógenos sobrevivem em restos de matéria orgânica. Todo o equipamento que será utilizado deve ser lavado em solução com hipoclorito de sódio a 20-30%. Utilizar variedades resistentes à doenças é uma boa medida de controle profilático. É um método econômico e eficiente. Caracóis, lesmas, insetos e roedores podem transportar esporos de fungos fitopatogênicos. Assim a população destes animais deve ser reduzida do local de cultivo. Doenças das Orquídeas Pythium ultimum e Phytophthora cactorum Este complexo de doenças fúngicas representa um dos mais sérios problemas da orquidicultura e é causada por dois fungos aquáticos relacionados entre si. São mais agressivos durante os períodos de umidade elevada. P. ultimum é favorecido quando predominam temperaturas entre 10-22° C e Phytophthora cactorum entre 10-20° C. Os patógenos podem ser introduzidos por meio de vasos contaminados, fontes de água, bem como borrifos de água adjacentes de vasos contaminados. Em plantas adultas a infecção produz uma lesão escura para negra nas raízes, haste, pseudobulbos ou folhas. Para evitar a doença deve-se somente irrigar com água limpa e não prove17 niente de canais junto ao solo. Orquídeas colocadas fora do orquidário devem ser mantidas elevadas de pelo menos 0,90 a 1,20 m de altura para evitar respingos. A eliminação rápida de plantas com sintomas e a diminuição do tempo de umidade nas folhas são práticas que reduzem a incidência do mal. Fusarium oxysporum f.sp. catteyae - O fungo infecta a planta através das raízes ou de ferimentos nos rizomas de plantas recém divididas. Plantas severamente infectadas morrem dentro de 3 a 9 semanas após a infecção. Entretanto, geralmente as plantas vivem por um ano ou mais em estado de continuo declínio. O sintoma principal da murcha de Fusarium é encontrado no rizoma na forma de uma banda ou círculo de coloração púrpura na epiderme e hipoderme que inicialmente apresentam feixes vasculares de coloração púrpura clara (xilema e floema). O rizoma inteiro pode ser invadido e mostrar coloração púrpura. Excepcionalmente os sintomas podem se estender de 2 a 3 cm para cima dos pseudo-bulbos. Para controlar a doença são necessárias inspeções constantes para verificação da presença de sintomas. Quando presentes, as plantas devem ser descartadas e rapidamente destruídas. Ferrugens - Sphenospora kevorkianii (= Uredo nigropunctata) e S. kevorkianii - Ocorrem em vários países, desde o sul dos EUA (Florida), México, países do Caribe, América Central, e América do Sul, inclusive Brasil. Os sintomas iniciais aparecem como pequenas pústulas, de coloração amarelo-laranja, na face inferior das folhas. Essas pústulas de coloração laranja, rompem-se e podem eventualmente, aparecer também na face superior das folhas. Tais pústulas, podem, com o passar do tempo, enegrecer com a idade e se desenvolver de modo concêntrico de forma a lembrar a aparência de um alvo. Somente as folhas são afetadas por esse fungo. Os fungos causadores de ferrugens são caracterizados por altas taxas de reprodução. Assim, ao primeiro sinal da presença de uma ferrugem no orquidário é recomendável o isolamento das plantas afetadas. Mofo cinzento – Botrytis cinerea e Botrytis sp. - Aparece em condições de umidade elevada em temperaturas amenas como pequenas manchas de coloração castanha nas pétalas das flores. Tais manchas ficam recobertas por uma massa pulverulenta de coloração cinza de onde provém o nome da doença. Essa massa pulverulenta é constituída por um grande número de propágulos (esporos do fungo causador) que com a mais tênue brisa pode se espalhar pelo orquidário, disseminando a doença. A eliminação de flores velhas ou apresentando sintomas do mofo cinzento auxilia no controle do mal. Antracnose – Colletotrichum gloeosporioides - Pesquisas recentes tem demonstrado que o fungo Colletotrichum gloeosporioides ocorre tanto na Europa como na América, causando antracnose. São incluídos nas sinonímias: Gloeosporium afini , G. cinctum e Glomerella cingulata. Sua distribuição é mundial, sendo, entretanto, mais frequentes nas áreas tropicais e subtropicais. O fungo pode atacar qualquer parte da planta, sendo mais freqüente nas folhas, especialmente, em plantas injuriadas pelo frio, raios de sol, ferimentos físicos ou plantas enfraquecidas por sistema radicular pouco desenvolvido. Os sintomas iniciais caracterizam por manchas de coloração castanho-marrons ou negras sobre as folhas ou pseudo-bulbos. O patógeno é favorecido por umidade elevada, períodos 18 de dia encobertos e com temperaturas amenas entre 10 e 20° C. A eliminação de plantas ou partes de plantas com sintomas, o aumento da luminosidade e a promoção de uma melhor circulação do ar são fatores que cerceiam o desenvolvimento e a dispersão da doença. Uma nova e potencialmente importante doença fúngica de Oncidium flexuosum Através de inspeções realizadas em cultivos de híbridos de Oncidium flexuosum, na região de Guararema, SP, foi verificada a existência de uma nova doença fúngica, causada por um hiphomiceto do tipo sinêmio. Foi observado que a mesma é extremamente infectiva e dissemina-se facilmente de uma planta para as outras nas condições em que são cultivadas. Desde então, diversos estudos têm sido realizados no intuito de identificar não só o real agente causal, como também o processo infeccioso da doença. Esta é uma doença sazonal, que ocorre em nosso meio, apenas quando as temperaturas são amenas. Os sintomas desaparecem quanto aumenta a temperatura, ou seja, permanece de forma assintomática nos períodos de prima-vera/verão. Na literatura internacional não existem relatos de doença causada, por este grupo de fungos, sobre Oncidium flexuosum ou mesmo sobre qualquer espécie da família Orquidaceae. Portanto, objetivando a coleta de dados a cerca do comportamento do patógeno frente a seu hospedeiro e, também sua correta identificação, foram realizados diversos estudos. O fungo foi isolado em meio de cultura sintético (BDA). Tanto sobre folhas naturalmente infectadas do hospedeiro como sobre o meio de cultura, foi observada a existência de conidióforos livres do tipo sinêmio. Para estudar o comportamento do patógeno, foram realizadas inoculações experimentais sobre folhas destacadas do hospedeiro. Para tanto, foram depositados corpos de frutificação ou micélio sobre as folhas sendo que, em algumas, foram provocados pequenos ferimentos com o auxílio de uma agulha. Pôde-se observar que existindo ferimentos a infecção é mais efetiva, resultando em sintomas mais pronunciados. Também, foi possível verificar que frutificações jovens são mais efetivas do que as mais velhas, uma vez que no primeiro caso, a infecção se deu mais rapidamente. Convém ressaltar que está é uma doença bastante incidiosa, que se não controlada, poderá levar a significativas perdas na produção. Literatura Consultada BAGA, F. & K RESS , E.W.J. Heliconia: uma guia da identificação. Washington: Imprensa Smithsonian da Instituição, 1991. CHASE, A.R. Compendium of ornamental foliage plant diseases. St. Paul: APS Press, 92p. 1992. COUTINHO, L.N. Problemas de introdução de doenças por meio de aquisição de plantas ornamentais exóticas. Biológico, São Paulo, v.63, p.41-44, 2001 COUTINHO, L.N.; TOFOLI , J.G.; T AKADA, H.M.; FIGUEIREDO , M.B. Aspectos Fitossanitários das Orquídeas. Doenças Fúngicas. In: BERGMANN, E.C. & ALEXANDRE, M.A.V. (Coords.). Aspectos fitossanitários das orquídeas. São Paulo: Instituto Biológico, 1998. p.29-39. CRILEY , R.A. Métodos da propagação para gingers e heliconias. 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