GRÊMIO GAVIÕES DA FIEL TORCIDA www.gavioes.com.br O Gavião EDIÇÃO Nº 62 | ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO | JULHO 2015 O GAVIÃO | ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO | JULHO 2015 // GAVIÕES DA FIEL - 46 ANOS EDITORIAL IMAGENS DA NOSSA HISTÓRIA PARABÉNS GAVIÕES DA FIEL! Parabéns a todos os associados que desde 1969 são os verdadeiros protagonistas desta HISTÓRIA. Diretoria Gaviões da Fiel Torcida Jornal O Gavião PRESIDENTE Rodrigo Fonseca - Diguinho | VICE PRESIDENTE Rodrigo Gonzales Tapia - Digão PROJETO EDITORIAL | Departamento de Comunicação PROJETO GRÁFICO | Departamento de Comunicação Fale com o Jornal | 11 3221-2066 | [email protected] Endereço: Rua Cristina Tomaz, 183 | Bom Retiro - São Paulo CEP: 01129-020 SITE: www.gavioes.com.br | FACEBOOK gavioesoficial | TWITTER @gavioesoficial Fotos: Acervo Gaviões Há exatos três meses assumimos a responsabilidade de estar a frente e administrar uma das maiores torcidas organizadas do mundo durante o triênio de 2015 a 2018. Estamos fazendo de tudo para que as nossas ações ocorram como o planejado e que você, associado, continue frequentando o nosso espaço, trazendo a sua família e colaborando com as ações desenvolvidas na sede e nas arquibancadas. Não estamos trabalhando por uma gestão e, sim, pela entidade que está completando 46 anos de existência. Flávio, Joca e todos os fundadores deixaram um patrimônio grandioso, e nós temos a obrigação de cuidar da nossa torcida e prosseguir com essa história. São muitas lutas e desafios enfrentados diariamente e que ainda vamos encarar, um novo momento para a história da entidade e também com novas pessoas, mas estamos empenhados para atingir os objetivos dessa gestão com a contribuição de todos os associados, pois são vocês, o elo mais importante para continuarmos os trabalhos e mantermos os Gaviões da Fiel ainda mais forte. No mês do nosso aniversário, queremos destacar que temos mais um motivo para comemorar: alcançaremos o número de 105 mil associados – representando mais um marco da torcida. ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO | JULHO 2015 | O GAVIÃO 46 ANOS - GAVIÕES DA FIEL \\ UM NOVO TEMPO PARA O FUTEBOL BRASILEIRO As arquibancadas pedem liberdade Fotos: Reprodução / Érika Papangelacos O que mais se ouve, se escreve e é dito nas redes sociais e na imprensa esportiva são as queixas sobre esse processo de modernização do futebol no país. Não é só o torcedor “povão” que infelizmente está a cada dia mais distante dos estádios e que sente o reflexo dessa nova realidade. Quem frequenta os estádios sabe que o clima e o público não são mais os mesmos, já no caso das torcidas organizadas, a situação está ainda pior. Já citamos em outras edições a questão dos ingressos, que contribuiu assertivamente com a mudança de público das arquibancadas, inclusive o espaço destinado às organizadas. A grande imprensa, ao invés de ajudar a pressionar esse fator crítico, está definitivamente fazendo um caminho contrário ao das torcidas apoiando os clubes, esquecendo das classes menos favorecidas e deixando a sociedade contra nós. São raras as pautas que trazem algo positivo a favor das ações feitas pelas organizadas ou que tenham uma informação imparcial, as vozes das arquibancadas foram excluídas e a forma como esses profissionais atuam está bem longe da nossa realidade, pois tudo que sai hoje na mídia sobre nós está relacionada apenas a questão da violência. A verdadeira violência no futebol Quando o assunto é torcida organizada, logo fala-se em violência, vandalismo, mortes e sempre no contexto mais perverso e pejorativo. Acabam esquecendo ou não se importando do papel de uma torcida organizada de fato, como no caso dos Gaviões da Fiel, com uma história de 46 anos, construída com muitas lutas desde sua fundação. Nascemos, crescemos e continuamos com o mesmo ideal de torcer, vibrar, lutar e apoiar o Sport Club Corinthians Paulista seja onde e como for, na vitória, na derrota e nas adversidades. Em 1969, o país vivia um momento bem complicado - um dos períodos mais repressivos da ditadura militar, mas nossos jovens fundadores, apesar das dificuldades, não deixaram de reivindicar o que era o melhor para o clube e de contribuir com as lutas da sociedade naquela época. Atualmente, vivemos em um Brasil democrático, aberto para debates, discussões e participação da sociedade, mas as dificuldades e problemas continuam, hoje, eles são outros. No caso do futebol, podemos citar vários acontecimentos, mas o que mais tem afetado os amantes da bola é o simples fato de quererem transformar a partida de futebol e tudo que envolve a nossa paixão em um produto caro e segmentado. Presidente Diguinho participa da MP do Futebol Quem ainda não percebeu que o povão já são a minoria nos estádios, que as festas não são mais as mesmas, que a alegria e a forma de torcer mudaram? A nossa luta contra o futebol moderno já começou! Primeiro com a retirada das cadeiras do setor Norte da Arena Corinthians (até o nome do estádio já causou discussões), lutamos pela gratuidade dos idosos e crianças, estamos na luta pela redução dos valores dos ingressos, pois quem não consegue comprar pelo Fiel Torcedor ou no setor das organizadas, vai gastar no mínimo 150 reais para ver o Corinthians jogar. Os exemplos citados são apenas uma parcela de uma luta infinita, que começa por nós, passa pelo clube e chega às entidades que comandam o esporte. No mês de maio, fomos à Brasília e participamos da audiência pública da MP 671 do Futebol. Levamos nossas ideias e pautas que julgamos pertinentes para o futebol e a torcida como um todo. Entre elas, uma cota de ingressos populares que se enquadrem dentro da realidade do trabalhador brasileiro. Voltando para a violência - apesar de o “futebol moderno” constituir a violência de várias formas, a violência que a imprensa e alguns defensores do fim das organizadas abordam é leviano e de muita falta de responsabilidade, pois persistem em afirmar que ela parte das torcidas organizadas. A grande imprensa só sabe dizer isso, mas a violência e os problemas em volta dela vão muito além. É fato que os nossos jovens estão muito carentes de educação, saúde, trabalho e em muitos casos, crescem em meio a uma família desestruturada e sem acesso as informações que podem contribuir com o seu desenvolvimento. Nós, enquanto uma entidade que abriga todo tipo de torcedor, sem querer se importar com suas origens e status social, conseguimos contribuir com sua formação. Por meio da torcida, o jovem se sente inserido, tem tratamento igual e percebe que agora faz parte de algo importante e grandioso, ele é doutrinado a ter suas responsabilidades, deveres e direitos. Além disso, auxiliamos as famílias e comunidades por meio dos projetos sociais de doação de alimentos, sangue, agasalho, aulas de informática, entre outras atividades que são oferecidas a todos. Somos marginalizados desde a nossa existência e não vai ser a pressão midiática e de alguns opositores que vai fazer com que deixemos de lutar e reivindicar pelos nossos direitos. Todos que vão aos estádios gostam de ver a festa, o canto e o ritmo que as organizadas dão para o jogo - nesses momentos a torcida organizada é bem-vinda até para aqueles que as olham como marginais, bandidos e vândalos. Iniciamos os nossos 46 anos com o mesmo ideal da fundação, continuaremos com os nossos carnavais, com a nossa batucada nas arquibancadas, mas agora com o combate contra o futebol moderno e só venceremos essa batalha se todos nós lutarmos juntos. Pelo Corinthians, com muito amor, até o fim! O GAVIÃO | ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO | JULHO //Gaviões da Fiel - 46 anos A ESTREIA OFICIAL DOS GAVIÕES NAS ARQUIBANCADAS O jornal “O Gavião” resgata uma relíquia histórica de nossa fundação. Há 46 anos, o primeiro jogo dos Gaviões com seu patrimônio e a primeira matéria que retrata a existência de nossa torcida O fundador Chico Malfitani, na época um jovem de 19 anos, estava neste memorável jogo e nos conta como foi participar deste grande momento. “Dia 1 de outubro de 1969 foi um dia de muita alegria para mim. Era o primeiro jogo que estávamos no Pacaembu com nossas camisetas brancas, nossas bandeiras e tambores, todas com o símbolo da Gaviões. Muita emoção em recordar desse dia hoje, 46 anos depois. E a segunda alegria daquele dia foi derrotar os bambis mais uma vez! Com os jovens Gaviões vibrando e dando show nas arquibancadas”. Chico também relata que o patrimônio era guardado na casa dos diretores na época e a maioria ainda se reunia no bairro da Bela Vista, em São Paulo. “Éramos em doze na primeira reunião na casa do meu avô, dias depois já éramos em cem, alguns meses mais de mil e em julho de 2015 somos em 105 mil associados. Me orgulho de ter ajudado a fundar a Gaviões e com a nossa força, a força das arquibancadas, termos derrubado o Wadih Helu, um presidente ditador que estava na direção do Corinthians havia 11 anos”. Aqueles jovens já tinham a missão de ser a torcida que seria a percussora em fiscalizar e torcer pelo Sport Club Corinthians Paulista. Sobre o jogo, Malfitani relata: “Lembro que fomos comemorar a vitória contra o time da Vila Sônia no vestiário com os jogadores e lá falamos com os jornalistas”. A ARQUIBANCADA É DE TODOS NÓS por Mauro Cezar Pereira As torcidas organizadas são importantes no universo do futebol. Não só por serem os grupos de aficionados que seguem o time sempre, em todas as partes, mesmo nas fases difíceis, como pela participação que podem ter. Como outras nascidas nos anos 1960 e 1970, a Gaviões da Fiel tem na sua origem a proposta de atuar e participar da vida política do Corinthians. Um movimento que surgiu no pior momento da história do clube, que não ganhava títulos e decepcionava sua gente. Ninguém aqui é ingênuo para ignorar o aspecto negativo das organizadas. A participação de integrantes das mais diversas torcidas em brigas, em ações de violência, provocou em parte significativa da opinião pública uma imagem negativa. E na imprensa também, por mais contraditória que seja a mídia ao rotular as torcidas. E que apesar disso exibe seus espetáculos nas arquibancadas, hoje mais restritos devido à onda de proibições, como a de bandeiras com mastros em São Paulo. Isso mesmo. Equivocadamente, generalizam as organizadas se pautando pelo lado negativo, mas também mostram as belas imagens que proporcionam. Fica evidente que nem tudo é ruim nesse universo como propagam alguns. Mudar é preciso, melhorar a imagem diante da população é necessário, mas defender o fim das torcidas é como tentar proibir o cidadão de se reunir a outros que, como ele, amam e seguem um time de futebol. Na prática nem possível isso é. O amadurecimento do movimento de torcedores organizados se faz urgente. As rivalidades à flor da pele inviabilizam, por exemplo, que elas se unam na luta pelo objetivo comum, como o combate à elitização dos estádios. Ingressos caros e preços proibitivos para a maioria da população se tornaram rotineiros. Um jogo em Itaquera para 25 mil presentes significa mais de 20 mil lugares vazios. Mais de 20 mil corintianos barrados pelo bolso, distantes de sua paixão. Mesmo que os estádios brasileiros tivessem 100% de ocupação, essa política, que não é exclusiva do Corinthians; seria questionável. Ela é excludente e impede que milhões sonhem em conhecer a casa de seu clube de coração. Preferem cadeiras vazias a esse torcedor nela sentado pagando o que pode. Fica evidente que os preços são distantes da realidade da massacrante maioria, e que a divisão de setores populares, médios, caros e muito caros é mal feita. A batalha contra a elitização dos estádios é da Gaviões da Fiel. E de alguns rivais também. Lutar, pacífica e democraticamente, para que o futebol volte a ser do povo é uma das missões da torcida organizada. Como é papel dela, e de todos nós que amamos a cultura da arquibancada, combater o avanço do chamado “futebol moderno”. Querem estádios sem bandeiras, sem instrumentos, sem festa, sem vibração. Aos poucos, asfixiam nosso esporte. O grito que empurra o time não pode calar. Que a festa e a paixão pelo clube seja o sinal mais forte, com os confrontos desaparecendo das páginas policiais. Que o espaço do torcedor seja diversificado, os vips nos lugares vips, e o povo onde gosta. Pode ser ali mesmo, de pé, cantando, saltando, vibrando atrás do gol. Agitando uma bandeira, em meio aos seus, no habitat natural de quem ama um clube e não abre mão de segui-lo. Pois a arquibancada é de todos nós. - Mauro Cezar Pereira é jornalista esportivo. Atua como comentarista esportivo da ESPN Brasil