ISSN 1984-8218 Aspectos Fundamentais na Modelagem Matemática do Comportamento Dinâmico de um Cilindro Pneumático Diferencial Camila V. Zamberlan* Rozimerli M. Richter Depto de Ciências Exatas e Engenharias, DCEEng, UNIJUÍ 98700-000, Ijuí, RS E-mail: [email protected]; [email protected] Antonio C. Valdiero Luiz A. Rasia Depto de Ciências Exatas e Engenharias, DCEEng, UNIJUÍ Campus Panambi 98280-000, Panambi, RS E-mail: [email protected]; [email protected] RESUMO Este trabalho tem por objetivo tratar dos aspectos fundamentais a serem considerados no estudo e na modelagem matemática do comportamento dinâmico de um cilindro pneumático diferencial e sua importância para o sucesso do projeto e da implementação de controladores precisos. Tais aspectos consideram as características dinâmicas não lineares que podem prejudicar o desempenho de atuadores pneumáticos e até acarretar a instabilidade do sistema dinâmico controlado. O cilindro pneumático diferencial possui uma haste simples e é muito comum em atuadores pneumáticos quando se deseja produzir o deslocamento linear de uma carga ou a própria aplicação de uma força de carga FL. A grande vantagem de aplicação do atuador pneumático é a facilidade de instalação, a alta relação força por peso, o baixo custo e a disponibilidade de ar comprimido na maioria das instalações industriais e dos equipamentos, e além disto, eles são limpos e não causam prejuízos ao meio ambiente [1, 2]. A metodologia utilizada baseia-se em estudos teórico-experimentais disponíveis na literatura científica e na experiência dos pesquisadores do Núcleo de Inovação em Máquinas Automáticas e Servo Sistemas (NIMASS) da UNIJUÍ Campus Panambi. A Figura 1 apresenta o desenho esquemático de um atuador pneumático linear. O atuador pneumático é composto por um cilindro pneumático diferencial e por uma válvula de controle direcional que pode ser do tipo on-off ou proporcional, responsável por controlar a passagem do ar comprimido (a uma pressão de suprimento ps) para uma das câmaras do atuador e liberar o escoamento do ar da outra câmara para a atmosfera (a uma pressão atmosférica patm). Este trabalho trata apenas dos aspectos referentes à modelagem matemática do cilindro pneumático, cujos principais parâmetros e forças estão representados no cilindro da Figura 1. Figura 1: Desenho esquemático de um Cilindro Pneumático de haste simples Entre as características não lineares inerentes ao comportamento dinâmico do cilindro pneumático pode-se citar a compressibilidade do ar; o vazamento interno entre as câmaras dependente da folga entre o êmbolo e o cilindro; e o atrito dinâmico nas superfícies de contato da vedação na haste do cilindro (para diminuir vazamentos externos) e do escoamento do ar no * Bolsista Capes do Curso de Mestrado em Modelagem Matemática - UNIJUÍ 512 ISSN 1984-8218 êmbolo. Os aspectos iniciais a serem considerados estão relacionados à compressibilidade do ar e influenciam diretamente o comportamento dinâmico da variação das pressões nas câmaras. O ar ao entrar ou sair da câmara produz uma variação temporal positiva ou negativa da pressão. Note, por exemplo, a equação (1) da dinâmica da pressão pa na câmara do cilindro. Se o volume da câmara do cilindro é muito pequeno, esta dinâmica é muito rápida resultando em altos valores da frequência natural ωn do cilindro pneumático dada pela equação (2), ou seja, o sistema dinâmico torna-se oscilatório e em certas condições até instável [2]. A partir da modelagem matemática e dos valores dos parâmetros dimensionais do cilindro, pode-se calcular a frequência natural do cilindro e verificar os limites de uma região central do curso onde ela permanece praticamente constante. Fora desta região e próximo dos finais de curso há um acréscimo brusco da frequência natural [1]. A γ y& Rγ T p& a = − 1 pa + qma ( pa , u ) (1) A1 y + Va 0 A1 y + Va 0 ωn = 2γ ps A12 A22 + 3M A1 y + Va 0 Vb 0 − A2 y (2) onde γ é a relação entre os calores específicos do ar, T é a temperatura do ar de suprimento, R é a constante universal dos gases, q ma = dma dt é a vazão mássica na câmara 1 do cilindro, M é a massa total deslocada, A1 e A2 são respectivamente as áreas das seções transversais das câmaras 1 e 2, Va0 e Vb0 são respectivamente os volumes das câmaras 1 e 2 para o êmbolo na posição y = 0. Outro aspecto importante é o vazamento interno, Qin, entre as câmaras do cilindro que depende da folga entre o êmbolo e o cilindro. Um pequeno vazamento interno é desejável e torna o sistema mais amortecido, podendo ser considerado na modelagem através do coeficiente de amortecimento viscoso e desprezado em relação à modelagem matemática da dinâmica das pressões no balanço de massa na câmara. O uso de anéis de vedação entre o êmbolo e o cilindro pode limitar o vazamento interno, mas podem ocasionar um aumento significativo na força de atrito Fatr. Se a folga é muito grande, podem ocorrer grandes vazamentos, sendo necessária a inclusão da equação dos vazamentos na modelagem matemática da dinâmica das pressões na equação (1). Note que grandes vazamentos internos limitam os valores possíveis das pressões pa e pb nas câmaras e consequentemente limitam a força pneumática Fp a valores inferiores, diminuindo a capacidade disponível de força do atuador pneumático, conforme a equação da dinâmica do movimento do êmbolo dada pela equação (3). M &y& + Fatr = Fp − FL (3) Um dos aspectos mais importante e complexo na modelagem matemática do cilindro pneumático é o atrito dinâmico, representado pela força Fatr, e que pode alcançar valores significativos em comparação com a força pneumática disponível Fp, ocasionando por consequência uma perda da capacidade de ação em relação à força de carga FL necessária para realizar a tarefa desejada. Entre as diversas dificuldades de se modelar o atrito, pode-se citar as características dinâmicas chamadas de atrito estático, atrito de Coulomb, atrito viscoso ou de arraste, atrito de Stribeck, memória do atrito e deslocamento de predeslizamento. Estas características resultam em efeitos danosos ao comportamento do atuador pneumático como, por exemplo, o efeito adere-desliza (stick-slip) comum em baixas velocidades [2]. Palavras-chave: Cilindro Pneumático, Características Dinâmicas, Matemática Aplicada. Referências [1] D. Bavaresco, “Modelagem matemática e controle de um atuador pneumático”, Dissertação de Mestrado, Mestrado em Modelagem Matemática-UNIJUÍ, 2007.. [2] A. C. Valdiero, C. S. Ritter, C. F. Rios, M. Rafikov, “NonLinear Mathematical Modeling in Pneumatic Servo Position Applications”, Mathematical Problems in Engineering (Online) , vol. 2011, pp.1 - 16, (2011). 513