CAMPoaud / DATA 08/08/2012 ASSUNTO RELATÓRIO II – OFICINA LEITURA COMUNITÁRIA – REALIZADA EM 14/07/2012 – REVISÃO 02 / REREFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IBAMA. Como o Ibamaexerce a educação ambiental. Brasília: Edições IBAMA - Coordenação Geral deEducação Ambiental, 2002. MEDINA, M.N. e SANTOS E.C., Educação Ambiental: Uma metodologia participativa de formação. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1999. Prefeitura de Niterói. Projeto Orla Niterói – Dossiê. Niterói: Prefeitura de Niterói, 2011. VERDEJO, M.E.Diagnóstico Rural Participativo – Guia Prático DRP. Brasília: MDA, 2006. ANEXOS ANEXO IIA ANEXO IIB Plano da Oficina 1 Roteiro Calendário Histórico ANEXO IIC ANEXO IID Modelo de Formulário e Lista de Presença Modelo de Termo de Uso de Imagem ANEXO IIE ANEXO IIF Modelo de Fichas de Credenciamento Lista de Presença 14/07/2012 CRÉDITOS DAS IMAGENS Todas as fotos constantes neste documento foram tiradas pela equipe técnica e datam de julho de 2012. página / de 32/32 CAMPO AUD ARQUITETURA URBANISMO DESIGN RIO DE JANEIRO, BRASIL nome da licitante website e-mail endereço telefone / fax PROJETO ETAPA DATA CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. www.campoaud.com.br [email protected] Rua Silvio Romero, 63, casa-parte - Santa Teresa Rio de Janeiro - RJ BRASIL 20230-100 +55 21 3233-1581 PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU, NITERÓI - RJ DIAGNÓSTICO - REVISÃO 02 JUNHO / 2013 ANEXO IIA PLANO DA OFICINA 1 CAMPO AUD DATA 14/07/2012 CONTATO TELEFONE / FAX Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular E-MAIL [email protected] OFICINA LEITURA COMUNITÁRIA www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 ASSUNTO Plano da Oficina www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade OFICINA 01- ROTEIRO DE CONDUÇÃO - CONSTRUÇÃO PARTICIPATIVA DO DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL (4 horas de realização) Duração Atividade Descrição das Atividades Responsável Materiais necessários 30 min. Abertura do Evento Boas vindas aos participantes, promovendo o resgate do processo até a presente reunião. SEDRAP Nenhum 30min Dinâmica Meu Crachá Serão distribuídos crachás em branco para que os participantes insiram nome, instituição e localidade onde atuam/residem no Canto de Itaipu. Em seguida, os presentes efetuam uma apresentação oral ao grupo. Moderador Cartolinas coloridas, canetas hidrográficas e alfinetes. 90 minutos Calendário Histórico Os participantes serão subdivididos em três grupos menores para discutir as alterações visualizadas no Canto de Itaipu nos últimos sessenta anos. Essa discussão será facilitada por meio da aplicação de uma matriz, onde as colunas representarão as décadas em discussão e as linhas representarão os recursos (definidos por ilustrações) a serem visualizados/debatidos. Moderador Folhas de papel pardo, tarjetas ilustrativas (símbolos) e fita crepe. 15min Lanche Horário destinado à confraternização coletiva. Equipe Omnes Café, água, sucos e biscoitos. página / de 1/2 CAMPo aud / DATA 14/07/2012 ASSUNTO PLANO DA OFICINA LEITURA COMUNITÁRIA / OFICINA 01- ROTEIRO DE CONDUÇÃO - CONSTRUÇÃO PARTICIPATIVA DO DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL (4 horas de realização) Materiais necessários Duração Atividade Descrição das Atividades Responsável 20min Linha do Tempo Estabelecer uma linha temporal, englobando os últimos 60 anos. Os participantes são estimulados a eleger fatos que de alguma maneira contribuíram para alterações na região em questão. Tais acontecimentos são pontuados na linha e sujeitos a discussão coletiva. Moderador Folhas de papel pardo, caneta pilot e fita crepe. 60min Tempestade de Ideias Estimular a discussão coletiva por meio de tarjetas que contenham as demandas pensadas para a região. Para isso, os participantes serão subdivididos em três grupos e cada um deles apontará intervenções que gostariam de ver em suas localidades. Essas tarjetas serão agrupadas por setores e oportunizarão o debate sobre melhorias e necessidades locais. Moderador Papel pardo, tarjetas, canetas pilot e fita crepe. 05min Encerramento O facilitador fará o encadeamento dos pontos principais abordados na Oficina bem como fornecerá informes sobre as próximas reuniões. Moderador Nenhum. página / de 2/2 CAMPO AUD ARQUITETURA URBANISMO DESIGN RIO DE JANEIRO, BRASIL nome da licitante website e-mail endereço telefone / fax PROJETO ETAPA DATA CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. www.campoaud.com.br [email protected] Rua Silvio Romero, 63, casa-parte - Santa Teresa Rio de Janeiro - RJ BRASIL 20230-100 +55 21 3233-1581 PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU, NITERÓI - RJ DIAGNÓSTICO - REVISÃO 02 JUNHO / 2013 ANEXO IIB ROTEIRO CALENDÁRIO HISTÓRICO CAMPO AUD DATA 14/07/2012 CONTATO TELEFONE / FAX Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular E-MAIL [email protected] OFICINA LEITURA COMUNITÁRIA www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 ASSUNTO Roteiro de Condução Técnica Calendário Histórico www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade OFICINA LEITURA COMUNITÁRIA – ROTEIROS GRUPO: PRODUÇÃO PESQUEIRA E PESCA ARTESANAL Objetivo: Visualizar e compreender, ao longo dos últimos 40 - 60 anos, as mudanças ocorridas no território (Canto de Itaipu) na visão dos participantes da Oficina, destacando-se as consequências das mesmas no ambiente, na rotina dos moradores/pescadores/comerciantes e no sistema produtivo. Da técnica aplicada: Essa técnica objetiva promover/estimular o debate com grupos diferenciados que conheçam a localidade e as interações existentes na mesma. Para isso, o moderador deverá explicar a dinâmica e o seu objetivo. Esclarecer ao grupo a escala que será utilizada para quantificar a alteração. Seis bolinhas significa pouca alteração. Incentivar que o grupo informe fatos, as experiências e as mudanças mais importantes no território. Roteiro para facilitar a dinamização do grupo: 1. Entendendo a produção pesqueira Como era a produção pesqueira em 1960/70? E como ela foi sendo modificada ao longo dos anos? O porquê da transformação? Como se encontra hoje? Que espécies de peixes já não encontramos mais? Há alguma nova espécie de pescado? Em uma estimativa de produção, quanto se pescava em 60 e quanto se pesca hoje (2010)? E a pesca na Lagoa de Itaipu? Ela ainda pode ser considerada significativa? Há áreas de manguezais e restingas conservados? A captura é feita por mulheres também? O que pode ter afetado ou potencializado a produção pesqueira? O turismo pode ser um complicador na produção? E o atravessador? Há 32 bares na orla, como isso afeta a qualidade da praia? página / de 1/5 CAMPo aud / DATA 14/07/2012 ASSUNTO ROTEIRO DE CONDUÇÃO TÉCNICA CALENDÁRIO HISTÓRICO / A produção pesqueira atende ao consumo familiar e venda? É necessária outra ocupação complementar para garantir renda familiar? Que estruturas são necessárias para a melhoria da produção? 2. Entendendo pesca artesanal Quando (em que período – ano) se deu o aumento da pesca industrial na região? Que implicações a mesma trouxe aos pescadores artesanais? Como se dá a fiscalização por parte dos órgãos fiscalizadores? Como é a rotina de pesca? Há tarefas diferenciadas homem- mulher? Como se dá a participação da mulher na pesca? Os filhos, netos se mostram interessados na continuidade do processo? Quais as perspectivas percebidas em relação a esse grupo? A criação de uma RESEX causaria algum impacto (positivo ou negativo) na rotina dos pescadores? Qual? GRUPO: PATRIMONIO E TURSIMO Objetivo: Visualizar e compreender, ao longo dos últimos 40 - 60 anos, as mudanças ocorridas no território (Canto de Itaipu) na visão dos participantes da Oficina, destacando-se as consequências das mesmas no ambiente, na rotina dos moradores/pescadores/comerciantes e no sistema produtivo. Da técnica aplicada: Essa técnica objetiva promover/estimular o debate com grupos diferenciados que conheçam a localidade e as interações existentes na mesma. Para isso, o moderador deverá explicar a dinâmica e o seu objetivo. Esclarecer ao grupo a escala que será utilizada para quantificar a alteração. Seis bolinhas significa pouca alteração. Incentivar que o grupo informe fatos, as experiências e as mudanças mais importantes no território. página / de 2/5 CAMPo aud / DATA 14/07/2012 ASSUNTO ROTEIRO DE CONDUÇÃO TÉCNICA CALENDÁRIO HISTÓRICO / Roteiro para dinamização do grupo: 1. Entendendo a percepção do grupo sobre o patrimônio. O grupo conhece quais seriam os bens culturais protegidos em Canto do Itaipu? Reconhecem a sua importância para a localidade ou para a manutenção da identidade local. Quais conhecimentos o grupo tem sobre eles e o que eles representam. (complementar a anterior). Quais são os tipos de atividades realizadas pela comunidade nos patrimônios do Canto de Itaipu? Com que frequência eles utilizam tais recursos? Antes de ser tombadas, quais as atividades eram realizadas na Duna Grande? E no Recolhimento de Santa Teresa? Se, além desses bens, eles reconhecessem algum outro (gruta de São Pedro, canhão na praça,...) Se eles se lembram de objetos, lugares e atividades ligadas ao patrimônio cultural e a pesca que se perderam. Vocês acham que os patrimônios presentes no Canto de Itaipu possuem valor turístico? Quais são os pontos negativos (e as interdições) provocados pela existência de patrimônios históricos e culturais próximos ao Canto de Itaipu? Qual é a importância econômica para a comunidade da pesca artesanal ter sido tombada como patrimônio cultural? 1. Entendendo o Turismo Como o grupo percebe a evolução do turismo na região, de 60 para cá? Aumentou, diminui ou manteve constante? Quando se deu o “boom” turístico? Qual o perfil desse turista (de 80 para cá)? Na opinião do grupo o que motiva um turista a frequentar a Praia de Itaipu? Quais os maiores pontos /polos turísticos? Em que épocas do ano é observado maior acréscimo de turistas na região? O que é feito para a manutenção desses bens? Ou o que poderá ser feito para otimizar o turismo? Como esse acréscimo movimenta o comercio local? Houveram adaptações no setor de comercio ou pesca para atender esse grupo? E o turismo náutico, como ocorre? página / de 3/5 CAMPo aud / DATA 14/07/2012 ASSUNTO ROTEIRO DE CONDUÇÃO TÉCNICA CALENDÁRIO HISTÓRICO / O grupo identifica a necessidade de modificações na estrutura local para melhor atender o turismo? A Resex pode melhorar o turismo local? Como? página / de 4/5 CAMPo aud / DATA 14/07/2012 ASSUNTO ROTEIRO DE CONDUÇÃO TÉCNICA CALENDÁRIO HISTÓRICO / GRUPO: FLORESTA E OCUPAÇÃO URBANA Objetivo: Visualizar e compreender, ao longo dos últimos 40 - 60 anos, as mudanças ocorridas no território (Canto de Itaipu) na visão dos participantes da Oficina, destacando-se as consequências das mesmas no ambiente, na rotina dos moradores/pescadores/comerciantes e no sistema produtivo. Da técnica aplicada: Essa técnica objetiva promover/estimular o debate com grupos diferenciados que conheçam a localidade e as interações existentes na mesma. Para isso, o moderador deverá explicar a dinâmica e o seu objetivo. Esclarecer ao grupo a escala que será utilizada para quantificar a alteração. Seis bolinhas significa pouca alteração. Incentivar que o grupo informe fatos, as experiências e as mudanças mais importantes no território. Roteiro para dinamização do grupo: 1. Conservação de áreas Florestais Como o grupo percebe as transformações, nos últimos 60 anos, nas áreas florestais (PESET e Morro das Andorinhas)? Houve decréscimo de fragmentos florestais? Houve acréscimos? Quais os impactos percebidos? Espécies encontradas e que não existem mais (flora e fauna)? O grupo percebe a importância ambiental do Morro das Andorinhas para a região? Houve redução da população tradicional ao longo desses 60 anos? E como se deu esse processo junto aos condomínios e casas de luxo? Há atividades agrícolas na região? Há o uso do fogo? Como as mesmas ocorrem visto a restrição imposta pelo SNUC? Já houveram propostas de desapropriação de imóveis e como foi a reação local? 2. Ocupação Urbana Quando “chega” a especulação imobiliária? Como a população reage? A criação do PEST, como se deu o processo? A criação de condomínios como o Vale do Córrego dos Colibris pode trazer que transformações ao local? E a ocupação do Morro das Andorinhas? E a ocupação da Laguna de Itaipu? Como se deu? E que impactos trouxe para a pesca? Na lagoa, há áreas de manguezais conservados? A proposta de criação de uma RESEX, como se deu? Tem aceitação local? página / de 5/5 CAMPO AUD ARQUITETURA URBANISMO DESIGN RIO DE JANEIRO, BRASIL nome da licitante website e-mail endereço telefone / fax PROJETO ETAPA DATA CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. www.campoaud.com.br [email protected] Rua Silvio Romero, 63, casa-parte - Santa Teresa Rio de Janeiro - RJ BRASIL 20230-100 +55 21 3233-1581 PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU, NITERÓI - RJ DIAGNÓSTICO - REVISÃO 02 JUNHO / 2013 ANEXO IIC MODELO DE FORMULÁRIO E LISTA DE PRESENÇA ARQUITETURA E URBANISMO PAISAGISMO E MEIO AMBIENTE CONSULT. EM SUSTENTABILIDADE PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU LISTA DE PRESENÇA Local da reunião: Data: ____ /___/ 2012 NOME 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 INSTITUIÇÃO TELEFONE EMAIL ASSINATURA CAMPO AUD ARQUITETURA URBANISMO DESIGN RIO DE JANEIRO, BRASIL nome da licitante website e-mail endereço telefone / fax PROJETO ETAPA DATA CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. www.campoaud.com.br [email protected] Rua Silvio Romero, 63, casa-parte - Santa Teresa Rio de Janeiro - RJ BRASIL 20230-100 +55 21 3233-1581 PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU, NITERÓI - RJ DIAGNÓSTICO - REVISÃO 02 JUNHO / 2013 ANEXO IID MODELO DE TERMO DE USO DE IMAGEM ARQUITETURA E URBANISMO PAISAGISMO E MEIO AMBIENTE CONSULT. EM SUSTENTABILIDADE PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM AUTORIZADOR (A): _____________________________________________________, brasileiro (a), residente e domiciliado (a) na ________________________________________________________________, Portador (a) da cédula de identidade nº ______________, inscrito(a) no CPF/MF sob o nº _________________________________. AUTORIZADA: SEDRAP – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca. Consoante o inciso X e as alíneas a) e b) do inciso XXVIII, todos do artigo 5o da Constituição Federal, o (a) AUTORIZADOR (A) autoriza a utilização de sua imagem, para fins de publicação, nos seguintes termos e condições: 1 - Esta autorização é concedida em caráter individual e intransferível em relação à AUTORIZADA. 2 - A presente autorização é concedida em caráter irrevogável e irretratável, sem limitação de prazo ou território, para veiculação em qualquer tipo de mídia, independentemente do suporte material ou meio que venha a ser utilizado para tais fins, bem como através de qualquer processo de transporte de sinal, tais como Internet, Intranet e redes de computadores, inclusive em materiais de divulgação, restringindo-se aos termos da presente, conforme acima descrito. 3 - A AUTORIZADA garantirá que a utilização da imagem ora autorizada não importará em prejuízos à reputação, à trajetória, à honra e à moral do (a) AUTORIZADOR (A). 4 - Para todos os fins de direito, esta autorização é concedida a título gratuito. 5 – O (A) AUTORIZADOR (A) assegura expressamente que não existem obrigações contratuais, nem de outra natureza, proibições ou gravames, que impeçam o cumprimento do estipulado nesta Autorização, bem como garantem que a presente não infringe direitos autorais ou conexos de terceiros. ____________________,____de _____________ de 201__. _________________________________________ AUTORIZADOR (A) CAMPO AUD ARQUITETURA URBANISMO DESIGN RIO DE JANEIRO, BRASIL nome da licitante website e-mail endereço telefone / fax PROJETO ETAPA DATA CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. www.campoaud.com.br [email protected] Rua Silvio Romero, 63, casa-parte - Santa Teresa Rio de Janeiro - RJ BRASIL 20230-100 +55 21 3233-1581 PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU, NITERÓI - RJ DIAGNÓSTICO - REVISÃO 02 JUNHO / 2013 ANEXO IIE MODELO DE FICHAS DE CREDENCIAMENTO PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO FORMULÁRIO DAS OFICINAS PARTICIPATIVAS CREDENCIAMENTO ARQUITETURA E URBANISMO Nº DA INSCRIÇÃO |__|__|__| (interno) DATA |__|__| / |__|__| / |__|__|__|__| PAISAGISMO E MEIO AMBIENTE CONSULT. EM SUSTENTABILIDADE BLOCO 01 - Da Instituição 1.1. NOME DA INSTITUIÇÃO: __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ 1.2. ENDEREÇO: ____________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ 1.3. CEP: |__|__|__|__|__|-|__|__|__| 1.4. BAIRRO: __________________________________________________________ 1.5. CIDADE: ______________________________________________________________________________________ 1.6. CNPJ: |__|__|.|__|__|__|.|__|__|__|/|__|__|__|__|-|__|__| 1.7. E-MAIL: _________________________________________ 1.8. TELEFONE: (__|__) |__|__|__|__|-|__|__|__|__| 1.9. ÁREA DE ATUAÇÃO: _____________________________________ 1.10. NOME DO DIRIGENTE: ___________________________________________________________________________ BLOCO 02 – Dos setores de atuação 2.1. PODER PÚBLICO: | 1 | Municipal | 2 | Estadual | 3 | Federal 2.2. SOCIEDADE CIVIL: | 1 | Associação de Pescadores | 2 | Associação de Moradores | 3 | Associação comunitária | 4 | Cooperativas | 5 | Sindicatos | 6 | ONG | 8 | Ensino e Pesquisa | 9 | Representação Religiosa | 10 | Outra: _____________________________ 2.3. EMPRESA: | 1 | SIM | 7 | OSCIP | 2 | NÃO BLOCO 03 – Dos representantes junto às Oficinas TITULAR: 3.1. Nome completo: ________________________________________________________________________________ 3.2. Função na Instituição: ___________________________________________________________________________ 3.3. Endereço completo: _____________________________________________________________________________ ________________________________________________ 3.4. Bairro: _______________________________________ 3.5. Cidade: _________________________________ 3.6. CEP: |__|__|__|__|__|-|__|__|__| 3.7. E-mail: _______________________________________________________________________________________ 3.8. Telefone 1: (__|__) |__|__|__|__-__|__|__|__| 3.9. Telefone 2: (__|__) |__|__|__|__-__|__|__|__| SUPLENTE: 3.10. Nome completo: _______________________________________________________________________________ 3.11. Função na Instituição: ___________________________________________________________________________ 3.12. Endereço completo: _____________________________________________________________________________ ________________________________________________ 3.13. Bairro: _______________________________________ 3.14. Cidade: _________________________________ 3.15. CEP: |__|__|__|__|__|-|__|__|__| 3.16. E-mail: _______________________________________________________________________________________ 3.17. Telefone 1: (__|__) |__|__|__|__-__|__|__|__| 3.18. Telefone 2: (__|__) |__|__|__|__-__|__|__|__| A primeira oficina será realizada no dia 14/07/2012, das 9 às 13 horas. A presente ficha de credenciamento deve ser entregue na sede da SEDRAP, localizada na Praça Fonseca Ramos, S/N, 2º Andar, Centro, Niterói, ou no Museu de Arqueologia de Itaipu, localizado na Praia de Itaipu, S/N, Itaipu, Niterói. O PRAZO FINAL DE ENTREGA DESTA FICHA DE CREDENCIAMENTO É 11/07/2012. Data: __/__/__ Local: _____________________________________________________________________________ Assinatura do dirigente: _____________________________________________________________________________ PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO FORMULÁRIO DAS OFICINAS PARTICIPATIVAS CREDENCIAMENTO ARQUITETURA E URBANISMO Nº DA INSCRIÇÃO |__|__|__| (interno) DATA |__|__| / |__|__| / |__|__|__|__| PAISAGISMO E MEIO AMBIENTE CONSULT. EM SUSTENTABILIDADE BLOCO 01 – Do representante junto às Oficinas 1.1. Nome completo: ________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ 1.2. Endereço completo: _____________________________________________________________________________ ________________________________________________ 1.3. Bairro: _______________________________________ 1.4. Cidade: _________________________________ 1.5.CEP: |__|__|__|__|__|-|__|__|__| 1.6. Telefone 1: (__|__) |__|__|__|__-__|__|__|__| 1.7. Telefone 2: (__|__) |__|__|__|__-__|__|__|__| 1.8. E-mail: _______________________________________________________________________________________ 1.9. Represento: | 1 | Rua | 2 | Condomínio | 5 | Categoria Profissional | 3 | Grupo religioso | 4 | Grupo escolar | 6| Outros: ________________________________________________ BLOCO 02 – Lista Nominal dos moradores a ser representados nas Oficinas Nós, moradores e/ou comerciante do Canto de Itaipu, reconhecemos o (a) sr. (a) ________________________________ ___________________________________________ para nos representar nas Oficinas previstas no Projeto Urbanístico e Socioambiental Canto de Itaipu. 2.1. Nome completo: ________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ Assinatura: _______________________________________________________________________________________ 2.2. Nome completo: ________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ Assinatura: _______________________________________________________________________________________ 2.3. Nome completo: ________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ Assinatura: _______________________________________________________________________________________ 2.4. Nome completo: ________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ Assinatura: _______________________________________________________________________________________ 2.5. Nome completo: ________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ Assinatura: _______________________________________________________________________________________ 2.6. Nome completo: ________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ Assinatura: _______________________________________________________________________________________ 2.7. Nome completo: ________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ Assinatura: _______________________________________________________________________________________ 2.8. Nome completo: ________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ Assinatura: _______________________________________________________________________________________ 2.9. Nome completo: ________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ Assinatura: _______________________________________________________________________________________ 2.10. Nome completo: _______________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ Assinatura: _______________________________________________________________________________________ Data: __/__/__ Local: _____________________________________________________________________________ Assinatura do representante:_________________________________________________________________________ CAMPO AUD ARQUITETURA URBANISMO DESIGN RIO DE JANEIRO, BRASIL nome da licitante website e-mail endereço telefone / fax PROJETO ETAPA DATA CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. www.campoaud.com.br [email protected] Rua Silvio Romero, 63, casa-parte - Santa Teresa Rio de Janeiro - RJ BRASIL 20230-100 +55 21 3233-1581 PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU, NITERÓI - RJ DIAGNÓSTICO - REVISÃO 02 JUNHO / 2013 ANEXO IIF LISTA DE PRESENÇA 14/07/2012 CAMPO AUD DATA CONTATO TELEFONE / FAX E-MAIL ASSUNTO 04/07/2012 Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular [email protected] www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 RELATÓRIO ENTREVISTA LIDERANÇAS PESQUEIRAS II 04.07.2012 Atividades: Entrevista com lideranças para levantar dados a respeito do cenário da pesca artesanal local www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA COM LIDERANÇA PESQUEIRA II – ALPAPI E AMAITA Data da Reunião: Local: Horário de início: Horário de encerramento: Nº de Presentes: 04 de julho de 2012 Praia de Itaipu, s/n 13:20 14:50 5 No dia 04 de julho de 2012 foi realizada às 13:20 a entrevista com lideranças pesqueiras, tendo em vista identificar o histórico geral da atividade pesqueira na localidade de canto de Itaipu. Estiveram presentes os técnicos Ana Bichara e Daniel Martins, e os entrevistados foram Jorge Nunes de Souza, mais conhecido como “Seu Chico”, Jairo Augusto da Silva, dirigente da ALPAPI e pescador artesanal, e Mauro Souza Freitas, presidente da AMAITA. Daniel Martins perguntou sobre o histórico de criação das instituições, começando pela AMAITA. Seu Chico explicou que na década de 1980 junto com a fundação de diversação associações de moradores em Niterói, recebendo para isso o apoio das Federações Municipal e Estadual de Associações de Moradores. Naquela época, Itaipu não tinha qualquer instituição para defender os interesses dos moradores locais. Com o crescimento na região, foram criadas outras associações locais, em Piratininga, Engenho do Mato e Itaipu, na região que é atualmente conhecida Região Oceânica de Niterói. Seu Chico explicou que com a chegada da Veplan na década de 1970, que fez a abertura definitiva do canal na Lagoa de Itaipu, loteou todas áreas de Itaipu, criando o lugar que hoje é conhecido como Camboinhas, sempre com o apoio do Estado, e removeu as famílias tradicionais por meio de indenizações e desarticulando politicamente os opositores. Durante esse período, contudo, a única instituição local era a Colônia, que era gerida pela Capitania dos Portos, que apoiava a Veplan. Atualmente, a AMAITA é uma instituição que funciona precariamente devido à falta de recursos e dependência da Prefeitura. Sua presente área de atuação vai desde a Praia de Itaipu até a sede do Corpo página / de 1/3 CAMPo aud / DATA 04/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA LIDERANÇA PESQUEIRA II - 03.07.2012 / de Bombeiros. A AMAITA sofre com a falta de diálogo com os representantes eleitos. A AMAITA teve uma forte atuação no combate ao desenvolvimento não planejado da malha viária local, que vem sendo paulatinamente cercada por loteamentos novos, que tentam se tornar condomínios. Dificultando o deslocamento da população. Jairo apontou que desde a Escola Athayde até o Canto existe a preocupação de manter os diversos elementos de Patrimônio Histórico e Natural da localidade. Contudo, o foco das Entidades é garantir os direitos dos moradores antigos, culturalmente ligados à pesca artesanal, e não daqueles que vieram posteriormente, agravando os problemas ligados ao desenvolvimento desordenado da localidade. Para Jairo, é muito importante avaliar os potenciais impactos às atividades tradicionais. Chico e Jairo relatam que existe um assédio frequente de diversas propostas de criação de resorts em áreas tradicionais, removendo moradores e violando a proteção ao Patrimônio Histórico local. Daniel Martins perguntou, quais os principais aspectos de necessidades locais, do ponto de vista das necessidades dos moradores. Mauro apontou a necessidade de um espaço público para retomar atividades de lazer e cultura relacionadas à comunidade tradicional, devido ao processo de apropriação privada de locais como a borda da Duna Grande (atualmente funcionando como um estacionamento privado) não há mais lugares para realizar, por exemplo, confraternizações, ensaios de festas juninas ou blocos de carnaval, que foram descontinuados por falta de lugar específico para sua realização. Quanto à saúde, Seu Chico apontou como problemática a questão da falta de locais próximos para atendimentos emergenciais, principalmente aos pescadores vivem sob o constante risco de afogamento, cortes, perfurações ou envenenamentos. A presença do Posto de Saúde da Família na sala emprestada à Colônia Z-7 serve para atendimentos de rotina aos moradores da localidade. Contudo, como a maior parte dos pescadores locais foram deslocados da antiga Vila de Pescadores devido à especulação imobiliária a partir dos anos 70, atualmente a maior parte dos pescadores vive em bairros mais distantes ou até mesmo em outros municípios, e se precisam de qualquer atendimento emergencial são rejeitados no Posto. A solução nesse caso seria a criação de um Posto de Saúde que pudesse atender aos pescadores com todas as suas necessidades específicas. Jairo questionou a necessidade de um Centro de Memória, com a presença de atividades que resgatem a memória oral e valorizem a pesca artesanal. Chico apontou que em relação à educação houve um processo longo de desenvolvimento de cursos de construção de barcos e maricultura, e que nessas aulas existia também ensino de português, história, matemática e desenho técnico e artístico. Houve um período em que eram oferecidos cursos de EJA na Vila de Pescadores e na Igreja de São Sebastião. Em relação à iluminação pública e segurança Chico e Jairo declararam não haver muitos problemas. Daniel Martins pediu que, a partir de então, fosse contada a origem da ALPAPI. Seu Chico explicou que a Associação fosse criada em 1986, com o apoio da Pastoral da Pesca, que iniciou um movimento de Associações Livres. O motivo da criação da ALPAPI está vinculada, localmente, à necessidade de representação de classe dos pescadores, visto que a Colônia Z-7 estava sob o comando de interventores que não possuíam atuação real, e nacionalmente, relacionada a um movimento amplo em defesa dos página / de 2/3 CAMPo aud / DATA 04/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA LIDERANÇA PESQUEIRA II - 03.07.2012 / pescadores artesanais, garantindo inclusive a incorporação da defesa da pesca artesanal na Constituição de 88. Daniel Martins perguntou sobre a polêmica da criação da Reserva Extrativista na localidade. Chico explicou que houve uma articulação da gestão de então da Colônia Z-7, a Prefeitura de Niterói sob a gestão de Jorge Roberto Silveira, e depois sob a gestão de Godofredo Pinto, a Colônia de Jurujuba, e a ONG Caminhantes Independentes, para impedir a criação da Resex. Jairo esclareceu que houve um processo de desinformação, que considerava que haveria um modelo equivalente a um modelo de reserva igual ao da Reserva existente em Arraial do Cabo, e que o Plano de Manejo da não atenderia às necessidades locais. Contudo, Chico ressaltou que o Plano de Manejo da Reserva em Itaipu seria feito em adequação aos interesses dos pescadores de Itaipu. Seu Chico relatou também considerar problemático para a pesca na Lagoa de Itaipu o despejo de todo o esgotamento sanitário da Região Oceânica de Niterói, que impede o desenvolvimento de espécies como o camarão, que atualmente não possui a mesma produção, e coloca a produção em risco de contaminação. Daniel Martins perguntou se os pescadores de Itaipu recebem algum tipo de seguro defeso. Seu Chico declarou que considera o seguro defeso desvantajoso para o pescador, pois implica em maior tempo de contribuição (oito anos) devido a sua equiparação com um seguro desemprego, e impede que o pescador desenvolva qualquer outra atividade remunerada legalmente no período. Foi apontado também o problema constante de pessoas que não são pescadores se cadastrarem como pescadores para receber o defeso. Finalmente, Seu Chico destacou que o turismo não atrapalha o pescador, e que o grande problema é relacionado à concorrência com a indústria pesqueira, responsável por um constante desequilíbrio ambiental ao capturar filhotes de diferentes espécies e influenciar em toda a cadeia alimentar marinha. Apontou também dificuldades com o convívio com os rebocadores da indústria petrolífera, que atracam nos locais de pesca, espantando os peixes com o barulho de seus motores ou com pequenos derramamentos de lixo e vazamentos acidentais. Um problema muito importante também é o bota-fora das obras de dragagem da Baía de Guanabara, que fica localizado em frente à Praia de Itaipu. A entrevista foi encerrada às 14:50. página / de 3/3 CAMPO AUD DATA CONTATO TELEFONE / FAX E-MAIL ASSUNTO 04/07/2012 Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular [email protected] www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 RELATÓRIO ENTREVISTA LIDERANÇA PESQUEIRA I 04.07.2012 Atividades: Entrevista com liderança para levantar dados a respeito do cenário da pesca artesanal local www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA COM LIDERANÇA PESQUEIRA I – CAMBUCI Data da Reunião: Local: Horário de início: Horário de encerramento: Nº de Presentes: 04 de julho de 2012 Praia de Itaipu, s/n 10:15 12:00 3 No dia 04 de julho de 2012 foi realizada às 10:15 a entrevista com lideranças pesqueiras, tendo em vista identificar o histórico geral da atividade pesqueira na localidade de canto de Itaipu. Estiveram presentes os técnicos Ana Bichara e Daniel Martins, e o entrevistado foi Aureliano Matos de Souza, mais conhecido como Cambuci, o pescador mais antigo de Canto de Itaipu e filho do fundador da Colônia de Pescadores Z-7. Daniel Martins abriu a entrevista falando sobre os objetivos do projeto e relembrando a reunião comunitária realizada no dia 30/06/2012, e perguntou qual é o motivo do apelido do pescador. Aureliano explicou que foi assim apelidado devido a seu pai, que escolheu esse apelido ainda quando era criança. Daniel perguntou sobre como ele, enquanto pescador mais antigo, quais foram as principais transformações percebidas na localidade ao longo de sua vida. Cambuci contou que perdeu sua mãe muito cedo, aos cinco anos de vida, e que desde então acompanha quando podia seu pai na pesca artesanal na beira da praia, pois as embarcações não tinham condições de avançar para o alto mar. Considera-se o pescador mais antigo, e declarou que com dezessete anos de idade já saiba quase tudo sobre pesca que sabe hoje. Sua origem até onde pode resgatar é de pescadores de Canto de Itaipu e acredita que sua casa deve ter ao menos 200 anos de existência, passando de pai para filho. página / de 1/3 CAMPo aud / DATA 04/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA LIDERANÇA PESQUEIRA I - 04.07.2012 / Em relação às transformações na produção pesqueira, considera que antigamente existiam mais peixes disponíveis no mar, mas que esse número já caiu muito devido à pesca empresarial (prefere o termo em lugar de pesca industrial) e ao progresso da região como um todo. Sua pesca hoje se restringe à pesca de arrasto de praia no verão e de rede de malha no inverno, e não faz restrição a espécies alvo específicas. Apontou estar atento ao problema em escala global da produção pesqueira e declarou que, de acordo com dados que obteve em documentários na televisão, a pesca diminuiu mundialmente, em cerca de 70%, e indica como causa o crescimento das empresas de pesca. Destacou que a pesca empresarial é sem limites, e impede o desenvolvimento das espécies e afeta todo o equilíbrio da vida no mar. Citou como exemplo um cardume de 50 toneladas de peixe. Desse cardume, todos os pescadores artesanais da localidade juntos pescariam no máximo seis toneladas, sem causar maiores impactos, enquanto que uma embarcação de pesca empresarial capturaria todo o cardume sem sequer atingir toda a sua capacidade de transporte. Daniel Martins perguntou quais os principais pescados encontrados em Canto de Itaipu. Cambuci apontou como principais espécies espada, sardinha, xerelete, tainha, lula, manjubinha e carapicu. Cambuci indicou também que participa voluntariamente de um projeto com alunos de biologia da UFF, que faz o monitoramente de tartarugas na costa, ajudando na captura e devolução ao mar das espécies. Daniel questionou como funciona na localidade o trabalho de manutenção de embarcações. Cambuci apontou que realiza os consertos em suas quatro embarcações próprias, mas que não pesca com todas. O material utilizado para a pesca é comprado normalmente no mercado São Pedro e em Jurujuba. De acordo com o pescador, os que pescam com linha costumam comprar como isca espécies como lula, bonito e sardinha principalmente. Cambuci apontou que a maior parte dos pescadores consertam suas embarcações, como é o caso das baleeiras, que podem ser vedadas com relativa facilidade e materiais de baixo custo. Daniel Martins perguntou sobre a relação da pesca com o turismo local. De acordo com Cambuci, a relação com o turismo é frutífera, pois traz uma boa relação de comércio com os visitantes e também com comerciantes que passam a comprar o pescado com mais quantidade e mais frequência. Em um final de semana de sol, o valor do pescado aumenta em até 50% devido à demanda do público visitante. Em relação aos períodos de maior produtividade, Cambuci apontou os meses de abril a setembro como o período que considera como inverno, em que a produção é mais baixa, enquanto que os demais meses são considerados verão. Explicou que é atualmente um dos últimos pescadores a fazer o arrasto de praia. Em outras épocas havia mais produção de pescado, contudo, apontou o progresso mais uma vez como causador da queda da utilização da técnica, relacionando-a a redução da quantidade de pescado disponível, citando como exemplo a tainha. página / de 2/3 CAMPo aud / DATA 04/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA LIDERANÇA PESQUEIRA I - 04.07.2012 / Daniel perguntou a posição do pescador a respeito da discussão que existia a respeito da criação de uma reserva extrativista marinha na localidade. Cambuci declarou-se favorável à criação da área de proteção, mas acredita que existe um problema de desunião entre os pescadores e por conta de poucos opositores e de brigas pessoais entre lideranças, muitos pescadores não entenderam como funcionaria a Reserva e deram início a um debate infrutífero. Na sua opinião, Itaipu já foi uma área onde haviam somente pescadores, e que apesar de todas as transformações, muitos pescadores não acompanharam o progresso na localidade, e que existe muita desinformação relacionada aos baixos níveis de educação formal entre a categoria. Cambuci apontou também como problemas na localidade a questão do uso da faixa de areia. De acordo com ele, que ocupa a localidade desde que nasceu, os moradores originais aos poucos foram dando lugar a novos proprietários e principalmente estabelecimentos comerciais visando atender ao turismo crescente na localidade. Com isso, as construções foram aos poucos avançando sobre a areia e gerando diversos problemas relacionados às questões legais das ocupações. Indicou como principal demanda para a melhoria da atividade pesqueira a criação de um espaço comum para o conserto de barcos. Indicou ainda que muitas pessoas pedem fábricas de gelo ou caminhões para escoamento da produção, mas acredita que tais demandas não são sustentáveis devido ao volume de pescado produzido localmente. Daniel perguntou se, em vista da diminuição de moradores na Vila de Pescadores que efetivamente são relacionados à pesca artesanal se essas pessoas que se mudaram para outras localidades continuavam como pescadores artesanais. Cambuci respondeu que sim, e que mais de 100 famílias vivem atualmente da pesca artesanal em Canto de Itaipu, mas que esses moradores se espalharam por outros bairros, como Largo da Batalha, Engenho do Rato, Arsenal, Cantagalo e outras localidade mais distantes. página / de 3/3 CAMPO AUD DATA CONTATO TELEFONE / FAX E-MAIL ASSUNTO 10/07/2012 Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular [email protected] RELATÓRIO ENTREVISTA COM LIDERANÇAS Colônia Z-07 www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade ENTREVISTA COM A COLÔNIA DE PESCADORES Z-07, DE ITAIPU No dia 10 de Julho de 2012 foi realizada a entrevista junto aos representantes da Colônia Z-07, visando levantamento de dados para o diagnóstico socioeconômico. O encontro teve duração de 2 horas, tendo iniciado às 13h30min e finalizado às 15h30min, e contou com a participação de: Representantes da Colônia Z-07 Aurivaldo José Almeida (Barbudo) Yllke Cristiano Branco Almeida Paulo Roberto Freitas (Bolinha) Maria Aparecida Branco Almeida Lidiane Vieira Freitas Branco Almeida Representantes da empresa CAMPO Daniel Martins Agatha Franco Manoel Vieira O relato foi conduzido pelo Sr. Aurivaldo, morador antigo e pescador reconhecido na localidade como liderança no segmento, tendo sido presidente da Colônia por três gestões consecutivas, e mais conhecido localmente por “Barbudo”. A seguir são apresentados os principais pontos abordados na entrevista: Aspectos históricos: • A Colônia foi criada em 1921 pelo Capitão de Mar e Guerra, com objetivo de prestar serviços à pátria. Nessa mesma época foram criadas, pelo coronel José Bonifácio, cerca de 1500 colônias. Barbudo destacou que na ocasião as capitanias precisavam do suporte dos pescadores para comunicação no mar, e esses auxiliavam a Marinha, dando informações para ajudar nas batalhas. As página / de 1/4 CAMPo aud / DATA 10/07/2012 ASSUNTO Relatório Entrevista Colônia Z-07 – 10.07.2012 / colônias foram incluídas na carta magna do país (art. 8º da Constituição) e foram administradas por muito tempo com recursos da marinha. • Por volta de 1950, quando a Marinha já possuía recursos tecnológicos, os pescadores deixaram de se fazer tão importantes para ela, até que na década de 70 a Marinha passou a ser administrada por civis. Esses passaram a tomar conta das colônias, e os interesses predominantes passaram a ser estritamente políticos, e não aqueles da colônia propriamente dita. • Na década de 70 seu Ildo [não sabia informar sobrenome] assumiu a administração da colônia Z-07. No mesmo período iniciaram-se as invasões na localidade e Ildo recorreu ao Iphan, solicitando que preservasse a pesca, o patrimônio histórico e que controlasse as invasões. Houve o tombamento de áreas pelo Iphan e pelo Inepac. • Ainda na década de 70 a VEPLAN chega ao local, realizando o loteamento de parte de Canto de Itaipu. A empresa indenizou as famílias com dinheiro ou terra. Barbudo informou que grande parte das famílias indenizadas foram para Cantagalo, bairro periférico de Niterói. Segundo ele, foi a VEPLAN que motivou os órgãos de preservação a impedirem a especulação imobiliária da área. Ressaltou ainda que nessa época o governo do estado possuía um programa de desenvolvimento das áreas de praia, incentivando as empresas a explorá-las economicamente. • A Abertura do canal no final da década de 70 representou o principal marco na separação das classes sociais. • Década de 80 - Paulino Soares assume a administração da Colônia • Década de 90 – Chico assume a Colônia na qualidade de Interventor, tendo permanecido por 10 anos sem realização de eleição. Segundo Barbudo, Chico administrou legalmente a Colônia somente por 90 dias. • Em 1992 foi criada a ALPAPI, pelo Chico, por influência do Kant de Lima, com o objetivo de gerir a Reserva Extrativista que seria criada. Barbudo relatou que na ocasião foi feita uma audiência pública para legitimar a criação dessa Reserva, com 10 entidades representativas, e apenas o Chico votou a Favor. • Ano 2000 – Conflito Barbudo e Otto X Chico teve como estopim a Festa de São Pedro, realizada na ocasião por liminar. Segundo Barbudo, Chico saiu da Colônia por ordem judicial e então Otto foi nomeado interventor. Dentro de 90 dias foi realizada a eleição, na qual Barbudo foi o vencedor. Ele ficou por 10 anos consecutivos (2 mandatos de 3 anos e 1 mandato de 4 anos) como presidente da Colônia Z-07. Situação atual: • A Colônia sobrevive hoje da arrecadação da festa de São Pedro e das mensalidades; • A inadimplência dos associados chega a cerca de 90%; • Vai entrar em vigor uma normativa que transformará as colônias de pesca em sindicato; página / de 2/4 CAMPo aud / DATA 10/07/2012 ASSUNTO Relatório Entrevista Colônia Z-07 – 10.07.2012 / • Atualmente a colônia possui 771 associados (Itaipu, Piratininga e Maricá); • O problema do lixo no mar, um dos maiores problemas enfrentados atualmente pelos pescadores de Itaipu, é associado à dragagem; • O acondicionamento do pescado é feito com gelo levado nas embarcações; • A crítica feita à criação de uma Reserva Extrativista Marinha - RESEX - é que um bem que deveria ser de todos passará a ser de uma pequena parte; • O cancelamento de cadastro na colônia atualmente é feito por escrito à SEAP; • A pesca vem em decadência desde o final da década de 80, quando as traineiras começaram a quebrar. Nessa época tinha rancho de pesca. Os interventores permitiram que os ranchos fossem vendidos para construção de bares. • Os ranchos, que vinham da Lagoa até as Andorinhas, começaram a virar comércio no final da década de 70. • A maioria dos comércios atuais eram os galpões de pesca “ranchos”. Atualmente esse espaço faz muita falta para os pescadores. • Foi relatado que internamente há uma grande disputa de ocupação em Canto de Itaipu. Os pescadores são vetados quando tentam construir, sendo que diariamente chegam caminhões de materiais de construção na localidade. • Pesca do vigia – acabou há cerca de 15 anos, porque não tem mais tainha. • Ainda tem pesca artesanal na canoa – vai até Piratininga • Principais problemas de Canto de Itaipu: educação da população, praia como ponto final de ônibus, turismo desordenado, segurança, tráfico de drogas. • O problema das Drogas aumentou muito nos últimos oito anos; • Comércio - principal problema é higiene sanitária. Utilização de poços. Conflito comércio com a pesca: uso de espaço. Superlotação dos bares e quiosques com mesas e cadeiras e consequente falta de espaço para “estacionar”/ guardar os barcos; • O comércio local raramente compra o peixe do pescador, a compra ocorre no mercado São Pedro de Niterói. • Na maioria do ano a venda do pescado ocorre diretamente para o atravessador. No verão, os pescadores de linha em geral vendem diretamente para moradores e turistas. página / de 3/4 CAMPo aud / DATA 10/07/2012 ASSUNTO Relatório Entrevista Colônia Z-07 – 10.07.2012 página / de / 4/4 CAMPO AUD E-MAIL 11/07/2012 Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular [email protected] ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA INSTITUIÇÃO DATA CONTATO TELEFONE / FAX www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 Museu de Arqueologia de Itaipu www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA –MUSEU DE ARQUEOLOGIA DE ITAIPU Local: Museu de Arqueologia de Itaipu Data: 11/07/2012 Daniel Martins iniciou a conversa informando sobre os objetivos da entrevista, de sua interface com a pesca na localidade e demais aspectos que venham a contribuir com a produção textual do Diagnóstico a ser elaborado para o Projeto Urbanístico para o Canto do Itaipu. Daniel Martins: Gostaria que você falasse um pouco mais sobre o patrimônio histórico e natural preservado aqui. Quais são as áreas? Como elas são constituídas? Qual a origem de cada uma? Pedro Colares: O lugar onde o Museu está inserido é uma ruína do antigo Recolhimento de Santa Thereza, ela data de meados do século XVIII. Começou a funcionar, oficialmente, autorizado pela Coroa Portuguesa em 1764. Esse lugar onde a gente está é tombado enquanto ruína pelo IPHAN. Foi tombado em 1955. Aí a gente já pode fazer uma relação direta com os pescadores, com o espaço... Porque quando foi tombado, pelo IPHAN, tinha pescadores morando nas ruínas que estavam abandonadas... Daniel Martins: Só um parêntese. Esses pescadores que moravam aqui nas Ruínas, eles eram pescadores artesanais ligados à colônia? Nessa época já tinha a colônia? página / de 1/13 DATA 11/07/2012 ASSUNTO ENTREVISTA INSTITUIÇÃO – 11.07.2012 CAMPo aud / / Pedro Colares: Olha eu não sei te dizer exatamente se já tinha Colônia ou não... Eu acredito que sim, pelas conversas que a gente já teve com o Cambuci... Se não tinha colônia, tinha algum tipo de representatividade dos pescadores naquela época. Daniel Martins: A informação que eu tenho da Colônia é que já ela existia, de fato... Pedro Colares: As pessoas que moravam aqui, elas estão aqui perto ainda. O Gotche, que fica ali fora cuidando do estacionamento; o irmão dele, a mãe dele... A gente pode conseguir essas informações tranquilamente... As pessoas que moravam aqui dentro tiveram que passar por um processo... Você Imagina... Você está morando aqui dentro, usando as ruínas como abrigo e do nada você tem que sair... Por quê? Porque o lugar foi tombado. Imagina o que é para essas pessoas entender como que é um processo de tombamento... que é uma coisa que, teoricamente, é uma coisa importante para a história brasileira, para própria identidade do cara, mas ao mesmo tempo vai tirar ele do lugar onde ele mora, entendeu? Entender esse processo é uma coisa bem interessante e é uma das nossas áreas de trabalho aqui no Museu, é uma das nossas linhas de pesquisa: estudar as comunidades de pescadores tradicionais, estudar a comunidade de moradores do Museu Morro das Andorinhas. Joelma Cavalcante: No Morro das Andorinhas ocorre a mesma situação, a partir do momento em que ele vira Parque... A minha casa vira parque... Pedro Colares: Exatamente. Teoricamente não pode ter gente morando em área de parque, mas eles já estavam morando lá. Outro desafio que eles têm lá em cima é que eles plantavam coisas, eles cultivavam... E a roça é proibida, a partir do momento que vira parque pelo risco da mata nativa ser contaminada por plantas exógenas e tudo mais. Fica proibido o plantio. O modo de vida deles acaba mudando... bem ou mal...E isso também é uma questão muito séria no Parque. Além do patrimônio histórico que é o lugar onde o Museu está instalado que são as Ruínas do Recolhimento de Santa Tereza, a gente pode falar de um patrimônio de vertente arqueológica, pré-histórica.... página / de 2/13 DATA 11/07/2012 ASSUNTO ENTREVISTA INSTITUIÇÃO – 11.07.2012 CAMPo aud / / Daniel Martins: Antes da gente passar para esse outro patrimônio, deixa eu só tirar uma dúvida contigo. Esse pessoal que morava aqui e eles foram deslocados como? Teve uma indenização? Alguém fez um trabalho para realocar essas pessoas dentro da vila? Pedro Colares: A gente tem essas informações, principalmente, por conversas informais com as pessoas que moravam aqui. Até onde a gente saiba foi construída uma habitação próxima ao canal para eles. Então, eles foram realocados já para um lugar pronto para recebê-los. Agora, quanto à qualidade do local... pelo menos, a pessoa com quem eu mais conversei, falou que era muito baixa. Essa pessoa é muito sentida de ter saído daqui do museu. Joelma Cavalcante: Em principio as pessoas foram realocadas para a perto do canal e não necessariamente foram depois foram realocadas para outro local... Pedro Colares: Olha, eu, realmente, não sei a trajetória especifica dessas pessoas que moravam aqui dentro. Mas esse é um dos nossos trabalhos no setor de pesquisa. O Museu até 2008, mais ou menos, ficou funcionando com uma média de 2 a 4 funcionários. O Museu não é uma fisicamente muito grande, mas ele trabalha vários temas. Com2 a 4 funcionários não dá para fazer muita coisa. Felizmente, o Instituto Brasileiro de Museus abriu concurso em 2010 e agora o Museu tem 8 funcionários. Então, de 2010 para cá, o Museu conseguiu ter pernas para trabalhar melhor as questões de maneira setorizada. O nosso setor de pesquisa tem uma estrutura para trabalhar essas questões de maneira setorizada. O entendimento desse processo de tombamento daqui... não só uma questão legal mas principalmente de identidade, de pertencimento das pessoas que moravam aqui e o que o Museu representa para as pessoas que estão o lado de fora. Esse é um dos interesses do nosso setor de pesquisa. Nós temos programadas algumas baterias de entrevistas para conversar com as pessoas. Fizemos entrevista com o Cambuci. Na nossa Primavera de Museus desse ano, que é um evento que o IBRAN promove, a gente está pensando em alargar essa frente de trabalho... Só para dizer as atividades do setor de pesquisa e como o Museu vem se posicionando com relação a quem está em volta. Quando o museu foi criado em 77, o Museu foi criado para ser um Museu de Arqueologia, muito por conta do descobrimento da Duna Grande que foi em 62 pelo IAB (Instituto de Arqueologia Brasileira), mesmo assim levou 15 anos para a criação do Museu. página / de 3/13 DATA 11/07/2012 ASSUNTO ENTREVISTA INSTITUIÇÃO – 11.07.2012 CAMPo aud / / Desde inicio, que é uma coisa interessante, o museu foi criado para funcionar como uma espécie de polo educativo com relação à Duna. O acervo da Duna... A Duna, em si, já foi pensada em ser preservada para ser trabalhada de modo educativo, para que as crianças da região pudessem crescer podendo entender o valor desse patrimônio arqueológico. Isso lá em 1977. Hoje, infelizmente, a proteção, a fiscalização da Duna é uma coisa muito comprometida, mas a gente também não pode fechar os olhos para a situação em que o Ministério da Cultura se encontra. Há 10 anos o IPHAN recebia 100 propostas de projetos de pesquisa arqueológicas, hoje em dia o IPHAN recebe 1000 propostas. Será que o corpo de funcionários também é dez vezes maior? Certamente não. Joelma Cavalcante: A Duna é fiscalizada pelo IPHAN? Pedro Colares: A Duna está em processo de tombamento e pelo fato de ser sítio arqueológico, ele já é coberta por uma lei: a lei 3924/61. E pelo fato de ser sítio arqueológico é protegida pelo IPHAN. Já deve ser fiscalizada, protegida. Qualquer artefato arqueológico é de posse da União, não é de propriedade privada, de maneira nenhuma, a partir do lançamento dessa lei. Daniel Martins: O que é considerado área protegida e o que não é? A gente tem um loteamento que é feito por cima, teria o tamanho de um quarteirão com casas em voltas, se antes era Duna, hoje em dia, com certeza, já uma área plana, tratada para não ser Duna. O que vocês consideram como Duna? O que vocês identificam como área que era originalmente Duna e que afeta a preservação da localidade? Pedro Colares: Olha, eu vou te dizer que se fosse possível ter uma área de distanciamento do sitio arqueológico em si, uma zona de refugo, de amortecimento seria o ideal. Daniel Martins: Seria de que tamanho? Pedro Colares: Eu não sei se existe um padrão para isso. O importante é que haja conscientização das pessoas para elas que elas percebam que esse sítio faz parte da história nacional, da pré-história nacional e, se possível, da identidade daquelas pessoas que estão ali. O processo de cercamento da Duna Grande é um processo complicado porque tem um desenho original no processo de tombamento da Duna. Dá para gente pegar o desenho original e refazer a ideia de proteção da Duna. Isso não é difícil e ai a gente vai poder ver se as casas estão dentro desse limite original ou não. Joelma Cavalcante: Esse processo de monitoramento e de fiscalização não é feito de maneira casada? Por exemplo, IPHAN e INEA? IPHAN e município? página / de 4/13 DATA 11/07/2012 ASSUNTO ENTREVISTA INSTITUIÇÃO – 11.07.2012 CAMPo aud / / Pedro Colares: Tem 03 instancias que teoricamente deveriam atentar para a preservação física da duna: a Prefeitura, o INEA e o IPHAN. E se a gente for falar de preservação cultural ou trabalhar de maneira educativa, para que isso seja preservado usando os visitantes como elementos multiplicadores, a gente se insere aí também. Tanto é que usamos a duna como roteiro de visitas, obviamente não subindo na Duna, mas passando ali por perto para que pessoas possam saber e falar para as outras que aquilo é importante. Joelma Cavalcante: Você tem uma projeção de desgaste? Com o passar do tempo, a duna tende a diminuir de tamanho? Pedro Colares: A duna tem em cima dela que tem uma vegetação que segura, ou no mínimo minimiza esse desgaste. Tem sido..Não vou falar que tem sido bem comum... Mas em 2010, por exemplo, teve um afloramento de artefato arqueológico aqui na duna. Um morador que achou um tampo de crânio na duna contatou a gente e nós contatamos o Museu Nacional. Foi feita uma equipe mista: Museu Nacional e Museu de Arqueologia de Itaipu, e a gente salvamento do que estava ali. Só por isso, a gente pode ver que: 1) tem coisa na duna, ainda, apesar de todas essas depredações que vem sendo ocorridas ao longo do tempo, pelo fato dela não está sendo cercada, não está sendo devidamente fiscalizada e 2) essas coisas podem aflorar a qualquer momento. Por ação do próprio vento ou antrópica. Alguém pode passar pela Duna e se cavar um pouquinho pode achar alguma coisa. Daniel Martins: Só de ter gente andando ali... Pedro Colares: Com certeza. Se fosse só gente andando, seria menos pior. Tem gente passando de quadriciclo, de bugre, de moto... Daniel Martins: E a ocupação ali no entorno? Naquela quadra da duna. Você acha que ajuda a proteger por que diminui o numero de acessos ou prejudica por que cerca a área afetando a proteção natural que ela teria? Pedro Colares: Essa é uma pergunta complicada. Eu acho que bem ou mal aquela área já está sendo ocupada. A gente tem que trabalhar a partir da realidade atual. Se a gente pudesse voltar no tempo e traçar um perímetro inviolável onde as pessoas não poderiam ficar perto das dunas, seria ótimo. Mas elas estão ali. Nós temos que trabalhar para conscientizar as pessoas para que impacto no mínimo seja estabilizado e, idealmente, sendo cada vez menor ali. Eu não sei como o projeto está pretendendo lidar com esse tipo de situação, se propor realocação das pessoas. Daniel Martins: Em princípio, o projeto não tem nada amarrado. Em relação a rigorosamente nada. A gente vai trabalhar dentro dos limites legais, focado no que é o interesse coletivo. Seria muito leviano da minha página / de 5/13 DATA 11/07/2012 ASSUNTO ENTREVISTA INSTITUIÇÃO – 11.07.2012 CAMPo aud / / parte, falar que a gente vai definitivamente ou definitivamente não vai. Isso depende de uma sinergia de elementos. O espaço físico vai ser usado, como não de sabe ainda. Se haverá a necessidade de tirar aquelas ocupações dali por um motivo estético. Isso tem que ser uma questão amplamente discutida. É a vida das pessoas. Pedro Colares: Com certeza. Daniel Martins: Depende da opinião de quem está participando. Pedro Colares: É uma coisa muito complicada. E não é uma coisa que eu possa dizer: seria melhor tirar ou seria melhor deixar. Eu acho que o ideal é que seja feita uma pesquisa tanto em escala socioeconômica quanto de arqueológica mesmo. Ver até que ponto aquilo ali já foi perturbado e se valeria a pena, de alguma maneira, se dedicar a esse trabalho. Daniel Martins: Esse trabalho é recente? Pedro Colares: Não. A Duna Grande nunca sofreu nenhum tipo de prospecção a não ser em setembro antes de 2010. E existem instituições trabalhando no projeto.... Daniel Martins: A partir de quando ela foi considerada área protegida? Pedro Colares: Em 1962... Daniel Martins: Você falou. Mas como, se não tinha sido feito nenhuma prospecção? Pedro Colares: É perceptível. Antigamente, as pessoas falavam que ela brilhava muito de tanta lasca de quartzo que tinha em cima. E não tem nenhum veio de quartzo muito próximo, então foi à ação antrópica que levou para lá. A partir de 1961, todo o sítio identificado como arqueológico como tendo vestígios humanos ele passa a ser automaticamente protegido. Daniel Martins: Queria que você falasse o que era o sambaqui? Como foi a sua ocupação? Pedro Colares: Atualmente, há uma divisão dos sítios arqueológicos pertinho de Itaipu que seriam três (os três maiores): Duna Grande, Duna Pequena e Sambaqui de Camboinhas. página / de 6/13 DATA 11/07/2012 ASSUNTO ENTREVISTA INSTITUIÇÃO – 11.07.2012 CAMPo aud / / O sambaqui de Camboinhas está quase praticamente destruído, o que sobrou deles são esses blocos testemunhos que a gente tem aqui na exposição do museu. A Duna Grande e Duna Pequena pensasse que inicialmente formava um conjunto só. É muito plausível também se pensar que as comunidades que viviam na Duna Grande, Duna Pequena e no Sambaqui de Camboinhas fossem de alguma maneira interligada, se comunicassem. Desses três sítios, o mais bem preservado, apesar de tudo isso que eu falei, é Duna Grande que nunca foi prospectado ou foi feito uma intervenção mais danosa. Que mais que eu posso falar? A respeito dos sambaquis... Você quer que eu fale o que é? Sambaqui é acúmulo de conchas. Traduzindo do guarani é um amontoado de conchas. É um erro pensar que os primeiros habitantes que ali viviam eram índios. Na verdade, o sambaqui é uma prática de ocupação que ocorre ao longo da costa brasileira desde pontinha do nordeste até o sul. Os maiores sambaquis que a gente tem ficam em Santa Catarina. Os dois estados com maior incidência de sambaquis são Rio de Janeiro e Santa Catarina. Tem estudos dos sambaquis de Camboinhas que apontam a data para 8.000 AC, ou seja, 6000 antes do presente. Seria o sambaqui mais antigo do Brasil. Essas datas foram contestadas por alguns estudos e outros estudos rearfimaram essas mesmas datas. Então eu não posso dizer para você com certeza que essa a datação está exatamente correta. Mesmo que não tenha sido calibrada é um sítio de pelo menos 3.000 anos. Portanto é um sambaqui muito importante. Esse modelo de ocupação da costa brasileira é uma coisa que a gente tenta trabalhar aqui no Museu. Explicar para as pessoas o que é o sambaqui. É muito comum pensar que sambaqui é cemitério de índios. É uma coisa que a gente tenta desmitificar aqui. Na verdade, existe uma inconsistência na teoria arqueológica no Brasil sobre o que seriam os sambaquis. Seria um lugar só de moradia, lugar de moradia e enterramento, seria um lugar só de enterramento. A corrente que eu mais gosto é pensar que seria um lugar só de enterramento, um lugar ritualístico. Que mais eu posso falar? Alguma coisa especifica que você gostaria de saber? Falar sobre sambaquis e índios. Também é outro ponto em discussão na arqueologia. Como teria sido o contato entre esses povos, entre os sambaquieiros e os indígenas. Também existe discussão muito grande sobre como seria o contato, se é que houve contato, entre os sambaquieiros, que seriam os povos que já viviam no litoral brasileiro, e os indígenas que teriam vindo centro sul para encontrar com eles. Se teria sido perigoso? Se teria sido uma assimilação pacífica? Como teria sido esse contato? página / de 7/13 DATA 11/07/2012 ASSUNTO ENTREVISTA INSTITUIÇÃO – 11.07.2012 CAMPo aud / / Pedro Colares explana sobre o movimento dos povos que deram origem aos nossos indígenas e os sambaquieiros. Ele comenta sobre a prática de ocupação do litoral de forma geral. Joelma Cavalcante: Os índios Guarani que estão atualmente em Camboinhas, eles não estavam lá inicialmente? Pedro Cavalcante: Eles vieram faz cerca de seis anos de Parati. Joelma Cavalcante: E como é que fica essa convivência deles com esse lugar tombado? Pedro Colares: Eles clamam que aquele território é de direito deles por que os ancestrais deles viveram ali. A gente aqui do Museu assume uma posição de não discutir a legalidade ou não dessa ocupação. Entretanto, a gente acha que já que é outro grupo de destaque cultural aqui na região, assim como as comunidades tradicionais e de pescadores a gente faz questão de representá-los de alguma maneira aqui dentro. Quanto a legalidade ou não da ocupação, se a ancestralidade que eles clamam é legitima ou não... A gente não se posiciona. A gente se posiciona de maneira a divulgar a cultura deles. Daniel Martins: Voltando a ocupação da Duna Grande. Os sambaquieiros pescavam? Pedro Colares: Sim, com certeza. Até nas análises de antropologia você percebe que os membros superiores são desenvolvidos porque tinha que remar, tinha que pescar.... Daniel Martins: Depois vieram os indígenas que reocuparam aquela localidade. Eles também pescavam? Pedro Colares: Sim. Você está tentando relacionar a pesca como elemento comum. Daniel Martins: Hoje eu fiz uma entrevista com pescadores eu tinha expectativa que fosse apontado um posto de vigia para pesca na Duna Grande. Isso não foi apontado. De qualquer maneira eu queria saber se as comunidades da pesca antiga tinham alguma relação com aquele espaço? Pedro Colares: Não entendi se você está perguntando das sociedades de agora ou... Daniel Martins: De agora. Quando você pega dos caiçaras até o presente? Se eles aproveitavam aquele espaço? Se eles usavam para alguma coisa? Até que ponto a gente pode fazer um paralelo com a pesca? página / de 8/13 DATA 11/07/2012 ASSUNTO ENTREVISTA INSTITUIÇÃO – 11.07.2012 CAMPo aud / / Pedro Colares: A gente pode falar que a pesca era a principal fonte de alimentação dos sambaquieiros. Durante muito tempo pensou-se que fossem as conchas e tudo mais. O resto que sobra do material de alimentos dos peixes é bem menos do que o sobra das conchas. E se você parar para pensar que as conchinhas são muito pequenas, seria preciso, sei lá, 300/dia para alimentar uma pessoa. De fato sim, a pesca sempre esteve presente na vida dos sambaquieiros. Eu não sou especialista em indígenas, mas é obvio se eles instalaram próximo ao mar, eles utilizam isso como fonte alimentar. E hoje os pescadores pelo menos a 100 anos eles vem usando esse mesmo canto de Itaipu como local de pesca. Daniel Martins: Finalizando o tema sambaqui. Houve alguma alteração algum fato recente que você gostaria de relatar? Pedro: Teve a pesquisa em 1979 onde passou uma estrada que acabou por destruir que o sambaqui de Camboinhas e a gente tem aqui o que restou dele. A pesquisa arqueológica que seria o salvamento. Daniel Martins: O de Duna Pequena tem os indígenas em cima. Isso afeta, pressiona causa algum impacto? Pedro Colares: Na verdade no cadastro do IPHAN de sítios arqueológicos está tudo identificado como Sitio de Itaipu (Duna Grande e Pequena). Pelo fato de não ter sido feito aprofundada eu não sei te dizer a quantidade de artefatos. Daniel Martins: O mesmo vale para medir o impacto da abertura do canal depois que separou definitivamente as duas dunas. Pedro Colares: Esse canal já era aberto a mão pelos pescadores. Só foi de modo permanente agora. Daniel Martins: Talvez fosse aberto pela própria natureza. Voltando para a ocupação dessa área, que a gente está aqui no recolhimento...Começou a funcionar como Recolhimento, em algum momento ele foi abandonado? Pedro Colares: Ele funciona como recolhimento até a década de 40 do século XIX e onde ele passa a ser uma espécie de reformatório para jovens em conflitos com a lei. A documentação sobre o espaço é muito escassa. Vocês me desculpem se as informações parecerem vagas. Ele passa por esse processo de transformação de recolhimento para uma espécie de abrigo para jovens e depois ele passa a ser abandonado. Não tem uma data exata. Ele é abandonado e os pescadores aproveitam o espaço para morar nas ruínas. página / de 9/13 DATA 11/07/2012 ASSUNTO ENTREVISTA INSTITUIÇÃO – 11.07.2012 CAMPo aud / / Daniel Martins Outra questão relacionada ao patrimônio eu queria ver a Igreja e o Morro das Andorinhas. Você pode começar por onde você quiser. Pedro Colares: Pode ser a Igreja. O interessante sobre a Igreja é como ela se relaciona com o Recolhimento. A gente vê que o mesmo padre que responsável pela Igreja era responsável em coordenar o Recolhimento. Sempre teve essa relação Igreja e Recolhimento. No entanto, o recolhimento é tombado pelo IPHAN e a Igreja pelo INEPAC. O recolhimento mudou de função, hoje ele é o Museu e a igreja mantém a mesma função. Daniel Martins: Ela é bem preservada? Ela mantém as características originais? Pedro Colares: O edifício sim e o entorno não. Os arredores foram bem modificados. Daniel Martins: Qual é a leitura que se tem em termos de patrimônio? De alterações nos bens... Pedro: Vou citar o exemplo de Ouro Preto. Em 2006, teve o II Forum de Museus onde muita gente esteve presente com placas escritas: “Fora IPHAN”. Tal fato se deu pelo fato de bens tombados limitarem a alterações de fachadas e tamanhos. Ouro Preto é uma cidade que vive do turismo e o tombamento colabora para isso. No que tange aos museus, essa dificuldade é de estrutura visando a instalação de um ar condicionados, cobertura de um dos pátios ou quaisquer intervenções. Para as mesmas é necessário que solicitar autorização. Para fazer obra é necessário um fiscal. Joelma Cavalcante: Como é feita o diálogo entre essas regiões, esses setores tombados? Esse diálogo entre o museu, igreja e duna? Pedro Colares: O nosso diálogo com a Igreja é bem curto. Praticamente não existe. Além do nosso trabalho de pesquisa, que é ir lá pesquisar documentos. Infelizmente, a gente não tem vínculo com a Igreja. Com respeito a duna, não tem uma instituição com uma representação física para se fazer uma interlocução. Nós nos apropriamos da duna como acervo operacional. O que é um acervo operacional? A visita passa por perto, a gente usa a duna como extensão do Museu. Assim como o Morro das Andorinhas e assim como a colônia de pescadores. O lugar ao redor do Museu é que a gente considera acervo operacional. página / de 10/13 DATA 11/07/2012 ASSUNTO ENTREVISTA INSTITUIÇÃO – 11.07.2012 CAMPo aud / / O museu deixou de ser aquele museu de arqueologia, planejado em 77, para virar um museu socioambiental. Isso sem deixar seja sobre meio ambiente arqueologia patrimônio e foi só de 5 anos para cá isso começou a mudar. Joelma Cavalcante: Eu perguntei isso porque para manter essas estruturas de fachada e de estrutura que você estava falando... A gente passa por uma linha muito tênue da falta de verbas para manter esses patrimônios. A Igreja, eu acredito que ela tenha a verba dos dízimos que podem ser usado para reformas. Como se dá esse processo? Essa verba não vem sempre... Pedro: O nosso capital, de onde ele vem? O IBRAN recebe anualmente recebe uma cota que vem do Fundo Nacional de Cultura, do Ministério da Cultura. Esse dinheiro é redistribuído ao longo de suas unidades museológicas e unidades administrativas. Todo ano a gente faz um plano de ação que prevê os nossos gastos e baseado nesse plano de ação a gente recebe integralmente ou parcialmente o que foi previsto. Além disso, a gente buscas recursos junto a editais, junto a empresas como a Petrobras e BNDES. E, eventualmente, recebemos alguma doação que alguém possa fazer para o Museu e próprio dinheiro advindo da União. Joelma Cavalcante: Esses recursos são acionados tanto para o Museu como para esses acervos operacionais? Pedro Colares Ah não. Nada nos impede de em contato com o IPHAN tentar fazer um tipo de oficina ali perto, alguma coisa que a gente possa gastar parte dinheiro. E de fato a gente gasta. A gente tem uma oficina de educação ambiental com uma escola da região, um projeto continuado de 6 meses a 01 ano. A escola Marcos Valdemar. Se gente sobe o Morro a gente compra material, compra capa de chuva e coisa e Agora, o material que a gente gasta não é no sentido tipo assim...o museu não vai gastar dinheiro para cercar a duna, entendeu? Aí é uma coisa que não é nossa competência de fato. Se a gente tivesse dinheiro para cercar a duna seria ótimo. A gente gasta nas atividades que a gente realiza nesse entorno. O museu cumprindo a nossa missão institucional que fazer com que as pessoas conheçam e valorizem esses patrimônios. Daniel Martins: Pelo que você está nos falando não existe nenhum convênio com a Prefeitura? Nem com IPHAN e nem com INEA? Existe uma parceria que envolva outras coisas? Pedro Colares: Com certeza. O museu faz parte do conselho do Parque Estadual Serra. A gente faz parte da CLIPE. A gente tem uma proposta de parceria com o Museu do Ingá, que é um museu do Estado, que é de tentar levar uma exposição de arqueologia para o Ingá. O museu se relaciona até bem dinamicamente, está sempre ali tentando ajudar e colaborar com as instituições próximas, No PESET a gente foi montar uma página / de 11/13 DATA 11/07/2012 ASSUNTO ENTREVISTA INSTITUIÇÃO – 11.07.2012 CAMPo aud / / exposição e e eles também nos ajudam disponibilizando guarda parque para nos acompanhar no Morro das Andorinhas Daniel Martins: Como você vê a conservação do morro das andorinhas hoje? Você acha que é pressionado pelas construções novas? Se as ocupações antigas são realmente tradicionais? Pedro Colares: Lá em cima, o morador mais antigo que a gente tem contato é o Sr. Bichinho, que tem 72 anos. E lá ele mostrou para a gente uma casa, que não é mais ocupada, que seria o que a gente poderia chamar de tradicional mesmo, feita de taipa de mão. Daniel Martins: Esse pessoal era pescador? Pedro Colares: Sim, o Marcos pesca por apneia. Até hoje eles tem uma relação razoavelmente estreita com a pesca, mas parece que estão se distanciando um pouco disso. Eles não querem que os filhos dependam disso. Até porque não tem mais tainha aqui, que é um peixe de inverno. Eu acho que a intenção dos pais é que gradualmente isso vá se perdendo.Esse contato direto da pesca como profissão. Quanto às casas que estão subindo no pé do morro, aquilo é considerado Parque. Também do mesmo modo que as casas de cima são consideradas tradicionais... se é que a gente poderia falar isso mesmo... Existem estudos sérios sobre isso. As casas que estão ali em baixo tem ou não o mesmo direito das que estão em cima? Afinal quando o parque foi criado elas já estavam ali. Joelma Cavalcante: Você é do Conselho Consultivo do PESET? O Parque tem alguma linha de discussão sobre essa questão? Pedro Colares: Sim. O Conselho Consultivo é formado por câmaras técnicas. Nós participamos da de turismo. Mas tem uma câmara técnica de comunidade tradicionais. Daniel Martins: Eu acho que merece ser discutida a praia e a Lagoa também. Pedro: O que eu acho muito curioso que existem aqui 4 praias na região oceânica e das três certamente Itaipu é a “mais bagunçada”. Isso deixando de lado a questão estética e paisagistica e pensando na ocupação e do uso. Em Itacoatira, por exemplo, não tem cadeira na praia. Aqui o uso da praia e o acesso a praia facilita o desgas, a sujeira e a confusão na areia. O interessante é achar um meio termo para que esses bares da areia não prejudiquem a praia. página / de 12/13 DATA 11/07/2012 ASSUNTO ENTREVISTA INSTITUIÇÃO – 11.07.2012 CAMPo aud / / Joelma Cavalcante: Você acha que a proposta de RESEX é uma boa para a região? Ela vai ajudar a disciplinar Pedro Colares: Acho que de certo modo o PESET já abarca isso. Daniel Martins: A pesca ao entorno das ilhas já é proibida? Pedro Colares: A pesca industrial é proibida. Joelma Cavalcante: A RESEX ela é uma unidade de uso sustentável, o uso é direto. Portanto, a pesca segue os tramites da sustentabilidade. Daniel Martins: O que ela proíbe: pescador artesanal de outra localidade; pesca industrial; atracamento de rebocador; se for identificado degradação ambiental causada por ações externas, o IBAMA seria responsável em combater o que venha a alterar área preservada. Pedro Colares: Eu não tenho competência para falar de reserva extrativista marinha. O museu se posiciona de modo a apoiar o estilo de pesca tradicional. Agora o mecanismo legal para que isso seja feito, eu acho que primeiro eu não tenho know how para falar o que deveria ser feito e segundo, eu acho que tem que ser alvo de uma pesquisa, pois uma vez feito pode gerar muito mais problemas que benefícios. Os métodos para que isso seja feito deve ser a principal discussão. A gente está 100% apoiando a preservação do método de pesca tradicional e das práticas desses pescadores. Daniel Martins: Vocês tem algum tipo de caracterização da pesca artesanal daqui? Pedro Colares: O que confere aquela pesca o status de tradicional? Além das coisas básicas visualmente perceptíveis como os barcos que são de madeira e não de alumínio, a hora em que eles saem, a hora que eles voltam; como eles trazem o barco; o envolvimento muito grande naquele pequeno grupo para tirar um barco da água. O nosso foco aqui é mais entender o modo de vida deles e tentar traçar uma relação com Museu. Joelma Cavalcante explica a dinâmica da Oficina a ser realizada no sábado dia 14/07/2012. A entrevista é encerrada. página / de 13/13 CAMPO AUD E-MAIL 13/07/2012 Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular [email protected] ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA ACOMPI 13.07.2012 DATA CONTATO TELEFONE / FAX www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 Atividades: Entrevista com lideranças para levantar dados para o diagnóstico. www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA –ASSOCIAÇÃO DE COMERCIANTES E MORADORES DE ITAIPU Data da Reunião: Local: Horário de início: Horário de encerramento: Nº de Presentes: 13 de julho de 2012 Bar do Jorginho - Praia de Itaipu, s/n 10:20 13:20 06 No dia 13 de 2012 foi realizada às 10:20a entrevista com as lideranças de comerciantes e moradores da localidade com o objetivo de identificar e qualificar a instituição ACOMPI (Associação de Comerciantes e Moradores da Praia de Itaipu). Estiveram presentes as técnicas Suzana Mattose Ana Bichara, da Omnes; e os entrevistados foram Jorge Claudio Oliveira Bellas, Ricardo Cesar F. Pinto, Jefferson A. Reis, Fernando Bonifácio Costa Lemos, Rosane P. V. da Silveira Bellas e Roberto C. Ribeiro, que fazem parte da ACOMPI. Antes do início da entrevista os representantes da ACOMPI informaram que gostariam de saber do objetivo do encontro era tirar algumas dúvidas “teóricas” sobre o objetivo do projeto. Concordaram em deixar gravar a entrevista somente após os esclarecimentos solicitados. O vice-presidente da ACOMPI, Sr. Ricardo Cesar, perguntou a formação da técnica. A técnica informou aos participantes que o objetivo do encontro era entrevistar os representantes da ACOMPI para saber informações sobre a associação a fim de elaborar um perfil da instituição. Os participantes questionaram sobre o objetivo do encontro e perguntaram quando iriam saber exatamente o que estava previsto no projeto de urbanização. Suzana respondeu que a entrevista era para caracterizar a instituição no processo de elaboração do diagnóstico socioeconômico e do levantamento sobre a atividade pesqueira. A técnica também falou que os esclarecimentos acerca do projeto de urbanização e a participação na elaboração do projeto de urbanização seriam atividades a serem realizadas nas oficinas. Em seguida os representantes da instituição relataram que estavam com dúvidas acerca de alguns termos utilizados pelos técnicos do Projeto e perguntaram se a técnica Suzana Mattos poderia esclarecer essas página / de 1/6 CAMPoaud/ DATA 13/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA ACOMPI - 13.07.2012 / dúvidas. A técnica respondeu que eles poderiam fazer as perguntas, mas de antemão ela apontou que talvez não fosse possível responder todas. Em primeiro lugar, o Sr, Ricardo perguntou se o projeto iria contemplar realocação da comunidade do Canto de Itaipu. A técnica Suzana respondeu que o projeto não contemplava a realocação, e que se destinava a realização de um Projeto de urbanização e que para elaboração do projeto era necessário a realização de um Diagnóstico socioeconômico composto por cadastro social e físico e informações sobre a atividade pesqueira. Em seguida o Sr. Ricardo afirmou que o Termo de Referência previa a realocação e que seria o projeto urbanístico que iria definir quem seria realocado e quem permaneceria e eles queriam saber quem seria realocado e quem permaneceria. A técnica Suzana respondeu que o objetivo das atividades realizadas em campo (cadastro, entrevistas, oficinas, etc) não é a realocação e que na atual etapa do projeto não era possível determinar esta questão, pois antes do Plano é necessário que seja realizado o Diagnóstico. Somente após a realização do Diagnóstico e das primeiras oficinas com a comunidade é que a equipe técnica começaria a esboçar o Projeto de Intervenção Urbana.Ela disse que o cadastro tem características censitárias e que o seu objetivo era realizar uma caracterização socioeconômica da comunidade. Ela também ressaltou a importância da participação da comunidade nesta etapa através da realização do cadastro e participação nas entrevistas para que possam ser levantados dados que representam a comunidade. Em seguida, o Sr. Ricardo perguntou sobre a categoria “população tradicional” e qual seria a “população tradicional” do Canto de Itaipu. A técnica falou que a priori, a população tradicional seriam os pescadores tradicionais. O Sr. Ricardo questionou citando que no local existe uma inter-relação entre a pesca artesanal, o comércio e a população. Ele ressaltou que as atividades de comércio e gastronomia estão interrelacionadas e são tradicionais na localidade. De acordo com o entrevistado, esta inter-relação que confere as características específicas da praia de Itaipu, e que as atividades comerciais e gastronômicas deveriam ser entendidas como tradicionais naquela localidade. A técnica comentou que, a primeira vista, existe interrelação entre a pesca, o comércio do pescado e o turismo (gastronomia) e que não se entende pesca artesanal apenas como o barco e o pescador, mas que se leva em consideração a atividade pesqueira como um todo. O Sr. Roberto comentou que achava importante o levantamento censitário, mas que os comerciantes e moradores ainda não haviam compreendido com clareza o objetivo do projeto. O Sr. Fernando relatou que alguns moradores se dirigiram a associação desconfiados com a finalidade do levantamento, principalmente porque tem que informar a renda. Neste momento os participantes disseram claramente que todos estão desconfiados de que o projeto seja uma ação da iniciativa privada em nome do empresário Eike Batista. A técnica Suzana respondeu que o levantamento possuía perfil censitário e que inclusive, privilegiou categorias utilizadas pelo IBGE e que o objetivo de uma instituição pública, no caso a SEDRAP, realizar o estudo era que o mesmo orientasse as ações públicas e políticas públicas que podem ser desenvolvidas na área pesquisada.Após muitas colocações e dúvidas sobre a questão da realocação, principalmente após a colocação de que a ACOMPI era contra a realocação, o Sr. Jorge sugeriu que o objetivo da entrevista fosse retomada. página / de 2/6 CAMPoaud/ DATA 13/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA ACOMPI - 13.07.2012 / Suzana perguntou quando a associação foi criada e o que impulsionou a sua criação. O Sr. Jorge Bellas disse que para entender a dinâmica do comércio na região seria necessário voltar um pouco na história da região. Ele contou que nas casas dos pescadores, havia um local para comercialização de insumos para a atividade pesqueira (como querosene, por exemplo) e também comercialização de alimentos. O entrevistado falou que o local de moradia da casa dos pescadores ficava na parte de trás da construção, na parte da frente havia um local para guardar a canoa e um local destinado à comercialização de produtos. Ele citou que as casas do Sr. Cambuci e do Sr. Eli mantem essas características. De acordo com Jorge, os bares foram criados a partir de uma necessidade do turismo, pois os banhistas que frequentavam a praia e compravam peixe sempre perguntavam se havia local para prepará-lo e consumi-lo na praia. Ele falou que foi a partir desta demanda que os pescadores abriram bares que eram administrados pela sua família. O comércio e os bares também serviam para complementação da renda da pesca. Em seguida, a técnica perguntou quais foram os primeiros estabelecimentos comerciais e bares criados na Praia de Itaipu. O Sr. Jorge apontou o estabelecimento da mãe do Ricardo [ver nome] como um dos mais antigos. O Sr. Ricardo apontou que onde é o restaurante de sua mãe funcionava um armazém e que não havia bares e restaurante, mas armazéns onde as pessoas tomavam café, comiam e compravam artigos relacionados com a atividade pesqueira. Eles também citaram o Rancho Alegre e o último furo como estabelecimentos mais antigos. O Sr, Jorge ressaltou que na beira da praia havia galpões. Ele argumentou que quando criticam que a Praia de Itaipu está descaracterizada, não sabem a história do local, pois grande parte dos comerciantes da praia tem relação com moradores antigos da localidade, tem raízes na localidade, como é o caso da família do sr. Ricardo, da família dele e da família do Nei (parente do sr. Cambuci). Ele também citou que mesmo os comerciantes mais novos já atuam no local há mais de 20 anos. Ele ressaltou novamente que foi o turismo que impulsionou a abertura dos bares e restaurantes, pois os turistas passaram a necessitar de maior infraestrutura (banheiro, local para alimentação, etc). Ele citou a época em que a Praia começou a ser frequentada por excursionistas que alugavam ônibus devido a distância da Praia, e comentou que nesta época os estabelecimentos ainda eram pequenos e sem muita estrutura. O Sr. Ricardo comentou que nesta época a atividade comercial na região não era alvo de interesse ou investimento, pois só era possível obter algum lucro durante o verão. O Sr. Jorge ressaltou que os bares eram um complemento de renda para os pescadores. Em seguida, Ricardo, comentou que mais do que um investimento, a atividade comercial na região surgiu a partir da junção do estilo de vida da comunidade e que a atividade comercial foi se desenvolvendo a partir de sua relação com a atividade pesqueira. Suzana perguntou se já existiu algum conflito e/ou problema entre os comerciantes e os pescadores. O sr. Jorge respondeu que atualmente não existe conflito, mas que já existiu, por conta da ocupação do espaço na praia com relação as cadeiras e mesas e com relação aos barcos na areia. O Sr. Ricardo completou ressaltando que o problema advém de quais indivíduos são denominados pescadores, pois existem indivíduos que estão na praia com barco de pesca e não são “pescadores”, pois não integram esta categoria profissional. Esses exercem a atividade de forma esporádica e não tem compromisso com a comunidade. Ele ressaltou que os comerciantes não tem nada contra os pescadores tradicionais, mas ressalta que a praia está sendo utilizada de maneira indevida por pessoas que se apropriam deste espaço sem ter direito. página / de 3/6 CAMPoaud/ DATA 13/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA ACOMPI - 13.07.2012 / Jorge completou o relato citando que também existem comerciantes que podem ser enquadrados nesta categoria, pois são pessoas que põem o trailer somente para comercializar no verão e que esses estabelecimentos ficam fechados no restante do ano, sem cuidado com a salubridade do estabelecimento. Ele citou que havia trailers neste perfil na praça e que foram retirados. O entrevistado ressalta que esses comerciantes não tinham compromisso com a comunidade, diferente deles que sabem que se não cuidarem da areia, mantendo-a limpa o cliente vai para outro estabelecimento que ofereça o ambiente limpo. O sr. Ricardo falou que o comprometimento deles vai além, que os comerciantes mantem o local limpo porque gostam do local, porque querem manter o estilo de vida da comunidade tal qual há 50 ou 40 anos atrás. Ele também falou que o estilo de vida está totalmente relacionado com a pesca e que se esta acabar ou for retirada o local perde suas características. Nesta perspectiva o objetivo não seria apenas comercializar, mas manter o estilo de vida da comunidade. Para ressaltar a importância da atividade pesqueira para o local, o Sr. Jorge contou que os turistas veem o comerciante comprando o peixe diretamente com o pescador e que ele faz questão de passar com a caixa de peixes frescos no meio das mesas e cadeiras. Ele ressaltou que os turistas gostam e apreciam esta relação entre os pescadores e os restaurantes, gostam de saber que estão consumindo o peixe pescado na localidade. O Sr. Roberto acrescenta que mesmo não sendo lucrativa, pois muitos pescadores tem dificuldade em manter seu sustento, que a pesca artesanal atrai os turistas, que este aspecto tradicional já se tornou fato turístico, pois há interesse em ver como acontece a pesca no local. O entrevistado citou que é por isso que os comerciantes não querem que acabe a pesca tradicional. O Sr. Ricardo falou que os comerciantes não querem é a desordem e a sujeira na beira da praia, que eles desejam que o local permaneça com suas características, permaneça do jeito que está e que incorpore melhoramentos de infraestrutura e de equipamentos urbanos. Ainda neste tema, a Sra. Rosane ressaltou que esta inter-relação entre a pesca, o comércio e os moradores que preservam o local, pois estes possuem vínculo com o lugar e zelam pela sua manutenção. Ainda sobre os tema de quem é e quem não é “pescador”, os srs. Jorge e Ricardo citaram que existem muitos pescadores que chegam à praia e que não são cadastrados na Colônia Z-07. Geralmente eles são chamados por pescadores da Praia de Itaipu, são conhecidos, amigos e parentes dos que já pescam na Praia, mas que não moram no local e não tem nenhum vínculo com o local. O sr. Jorge citou como exemplo o pescador que foi levado por outro, que morava em Ramos, e que começou a alugar espaço para guardar barcos mesmo sem ser do local ou ter direito. Ele ressaltou que às vezes a Colônia Z07 se intimida para fiscalizar atividade pesqueira na Praia porque não sabe a proveniência da pessoa ou porque tem que chamar a polícia em caso de resistência (ele ressaltou que é difícil para a Colônia fiscalizar quem pratica a pesca na praia). Ele também disse que esses “pescadores” prejudicam a venda de pescado dos pescadores da praia (que estão lá o ano todo), pois eles vendem o pescado por preço menor e faz com que os pescadores tradicionais, que vivem só da pesca tenham que reduzir seus preços para concorrer com eles. Os comerciantes também reclamam que esses “pescadores sazonais” não tem compromisso com a limpeza da praia após a limpeza do pescado. Eles deixam os restos do pescado na pareia da praia, o que causa mau cheiro e incomoda tanto os pescadores tradicionais quando os comerciantes e também os moradores. página / de 4/6 CAMPoaud/ DATA 13/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA ACOMPI - 13.07.2012 / O Sr. Jorge falou que a necessidade de criar uma associação que reunisse os moradores e os comerciantes surgiu a partir da constatação de que atualmente não eram apenas pescadores que conviviam na comunidade, alguns deles haviam se tornado comerciantes e outros indivíduos que não se relacionavam a atividade pesqueira foram morar ou trabalhar (comerciantes) no local. O objetivo de criara a ACOMPI foi minimizar os problemas existentes na comunidade e ter uma representação coletiva dos interesses dos moradores e dos comerciantes. A associação foi criada em junho de 1995 com o objetivo de legalizar e unificar os comerciantes locais, pois havia conflito entre os comerciantes. Inicialmente os objetivos secundários eram defender os direitos dos comerciantes locais, padronizar a estrutura de comércio (física, preços, cardápio, etc) e ter uma representação jurídica. Depois a associação ficou um pouco parada e retornou em 2001, neste período o que impulsionou a associação foi o conflito com a SPU e com a Colônia Z-07, que queria cobrar uma taxa mensal aos comerciantes para quitar a dívida com a União. A associação foi reativada também em 2006, depois ficou desativada até 2011, sempre motivada por um evento que desencadeia a necessidade de representação dos comerciantes. Os comerciantes não concordaram em pagar uma taxa maior do que os outros associados somente por ser comerciantes. O Sr. Jorge citou que o problema com a SPU foi decorrente das disputas internas na Colônia Z-07 e que um dos grupos denunciou os comerciantes para SPU. Ele também citou que antes as construções eram reguladas e autorizadas pela Marinha, todas as construções foram autorizadas. Jorge relatou que por muito tempo a representação política ficou limitada pela rixa entre na Colônia Z-07 e que os outros grupos, no caso citado os comerciantes não queriam se envolver na disputa, mas ficaram sem representação. Ele aponta que a visão para os de fora era de que em Itaipu ninguém conseguia se entender. A associação foi reativada em 2011 para representar os comerciantes e moradores no Projeto Orla.O Sr. Fernando citou que os moradores também queriam uma representatividade, mas perceberam que a instituição era atuante e procurava atender as demandas de todos os grupos conviventes na Praia de Itaipu. O Sr. Ricardo disse que com a reativação foi realizada um Projeto denominado Itaipu Renovado que focava na limpeza e na segurança, que eram demandas comuns a diversos grupo da localidade. Com relação a venda do pescado, Ricardo falou que a ideia era fazer um cardápio social para dar visibilidade ao relacionamento da pesca com os comerciantes, para visibilizar que os comerciantes consomem o pescado dos pescadores locais. A técnica perguntou se já houve algum projeto promovido pelo poder público para estímulo do comércio na localidade. Jorge citou que teve a legalização de alguns estabelecimentos e foram emitidos alguns alvarás, mas não foi um projeto, em 2006, foi uma solicitação diretamente realizada para o prefeito, por intermédio de um pedido a um deputado conhecido do Sr. Jorge. Ele disse que este pedido foi realizado porque chegou uma ordem judicial mandando fechar os estabelecimentos da Praia de Itaipu que não fossem legalizados, como nenhum estabelecimento era legalizado, ele se mobilizou para evitar o fechamento dos estabelecimentos. Não foi um projeto, mas uma solicitação realizada diretamente ao Prefeito para conseguir o CNPJ e o Alvará de funcionamento. página / de 5/6 CAMPoaud/ DATA 13/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA ACOMPI - 13.07.2012 / A técnica perguntou a relação da ACOMPI com os quiosques do outro lado da praia. Eles falaram que foi a prefeitura que fez os quiosques, como em toda a orla de Niterói e que após a concessão um foi passando para o outro, mas que só há um quiosqueiro com cadastro na associação. Eles acham que os quiosques são ruins para o comércio porque não tem infraestrutura para fazer alimentos, pois não tem estrutura para fazer uma cozinha. Ricardo disse que no momento da reativação da associação ele foi falar com os quiosqueiros para saber se eles queriam se associar e não foi bem recebido pelos comerciantes dos quiosques. O Sr. Jorge relatou que foi a ACOMPI quem colocou a placa indicando a existência da Colônia de pescadores. Ele disse que embora a obra tenha sido financiada pela ACOMPI o nome de todas as associações e do Museu Arqueológico foram incluídas na placa situada na entrada da Comunidade. Com relação a RESEX, os representantes da ACOMPI relataram que não participaram do processo de discussão anterior e que o tema não havia sido estudado pelos seus representantes para que pudessem ter uma visão mais madura sobre o assunto, mas o Sr. Ricardo disse que ele era contra a criação de mais uma jurisdição na localidade, pois eles já tinham que negociar com muitas instâncias do poder público e que a RESEX seria mais uma para entrar neste meio campo. Eles relataram que foram convidados pelo Sr. Chico para conhecer a RESEX de Arraial do Cabo, mas a associação não tinha ainda uma posição formada sobre o RESEX. Após essas respostas os representantes da ACOMPI voltaram a realizar algumas perguntas acerca do projeto. Eles solicitaram uma cópia do questionário para estabelecimentos e queriam ver o contrato que foi assinado entre a empresa e a SEDRAP. AVALIAÇÃO: Alguns representantes da associação realizaram diversas perguntas sobre a finalidade do Projeto e estão desconfiados de que não seja o poder público que está “por trás” do Projeto. Inicialmente se mostraram resistentes a realização da entrevista e direcionaram a entrevista para tirar suas dúvidas. A maior parte do encontro foi direcionada a falar sobre as dúvidas que alguns representantes tiveram sobre os objetivos do Projeto. Os representantes da ACOMPI possuíam 2 cópias do Termo de Referência do Projeto que não foram fornecidas pela Equipe Técnica do Projeto. No final da entrevista a técnica avalia que a maioria dos presentes no encontro entenderam os objetivos do Projeto e do Diagnóstico e se mostraram mais receptivos as solicitações da equipe técnica do projeto. página / de 6/6 CAMPO AUD E-MAIL 17/07/2012 Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular [email protected] ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA NELTUR DATA CONTATO TELEFONE / FAX www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 Atividades: Entrevista com Instituições para levantar dados para diagnóstico www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA COM INSTITUIÇÃO – NELTUR Data da Reunião: Local: Horário de início: Horário de encerramento: Nº de Presentes: 17de julho de 2012 Centro de Informações da NELTUR 15:30 18:00 3 A entrevista com a NELTUR foi conduzida pelas representantes da equipe técnica de socioeconomia, Agatha Franco; e paisagismo e meio ambiente, Joana Lalhman. O entrevistado foi o diretor da NELTUR, sr. Liberato de Souza Pinto, que representa a instituição junto `as oficinas participativas do projeto na qualidade de titular. Agatha iniciou a entrevista informando que a equipe está com uma lacuna de informações sobre turismo na localidade e que gostaria de sua contribuição no que diz respeito `a atuação da NELTUR em Itaipu, destacando ações já realizadas bem como aquelas previstas para Canto de Itaipu. A profissional explicou que o objetivo e construir um Plano de Intervenção afinado com o planejamento institucional. Ao longo da entrevista, Liberato apresentou as seguintes informações: • O Plano Niterói Turismo foi elaborado em 2005 com base no Programa Nacional de Municipalização do Turismo, tendo substituído em 2003 pelo Plano de Regionalização do Turismo. • O turismo depende das ações das demais secretarias. Nas palavras do entrevistado, “o turismo surfa nas ações previstas pelas outras secretarias e em seus bons resultados”. • Niterói esta bastante avançado na criação de grupos gestores, visando a criação do Conselho Municipal de Turismo do município. • A rede de hospedagem de Niterói atualmente ainda e bastante restrita, contando com 1600 leitos. • Na região Oceânica existem apenas seis pousadas credenciadas, sendo duas delas localizadas em Itaipu: Dunas de Itaipu e Itaipu Flat. página / de 1/3 CAMPoaud/ DATA 17/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA NELTUR – 17.07.2012 / • Um dos focos da NELTUR e estimular mais pousadas em Itaipu, respeitando o gabarito existente. • O conceito de turismo está ligado a permanência. Se não há permanência, não existe a figura do turista e sim do visitante. • Foram realizadas algumas atividades em Itaipu, por meio do Plano Niterói Turismo 2005 a 2008. Foram elas: 1. 2. Obras de revitalização interna e no entorno do Museu Arqueológico de Itaipu; Iluminação externa da Igreja de São Sebastiao de Itaipu, pela Prefeitura Municipal. • Segundo o entrevistado, atualmente os principais problemas para o desenvolvimento do turismo em Itaipu ‘e a falta de ordenamento, especialmente do acesso. “ Tem que alterar a relação com o ônibus” , afirmou. • O problema do transporte ‘e complexo, sendo necessário envolver as secretarias estadual e municipal. • O ordenamento do comercio também ‘e fundamental para se criar atrativos turísticos para aquela ‘área. • Os restaurantes e quiosques enfrentam um serio problema de falta de higiene sanitária por falta de fiscalização e por resistência dos próprios comerciantes a mudanças propostas. • Hoje o que existe em Itaipu são excursionistas, e e importante fomentar o conceito de turismo na localidade. • O desenvolvimento do ecoturismo e do turismo de aventura na localidade esbarram hoje nos problemas de falta de sinalização e segurança. Relatou que não foi dada certificação a agencias nesse ramo porque não havia condições mínimas da localidade para receber turistas nesse segmento. • Atualmente a lagoa não pode ser aproveitada para o turismo, pois precisaria ser dragada e ordenada. • Sobre o Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET), afirmou que seria interessante criar na extensão do PESET uma reserva onde se pudesse ter acesso controlado de turismo ( Projeto dos Parques Nacionais). • Não existem projetos elaborados para Itaipu, o que se tem são propostas que serão formalizadas através do Plano Niterói Turismo 2013-2016). • A NELTUR esta montando um Plano de Governo similar a um Arranjo Produtivo Local (APL) para Itaipu e Jurujuba. • Liberato acredita que uma ação interessante e estabelecer competições de vela para Camboinhas beneficiando Itaipu. • As principais questões a serem trabalhadas para melhorar o turismo na localidade, segundo o entrevistado, são: Acessibilidade, Parqueamento e Pousadas. • Disse considerar importante um estudo de trafego para a localidade. • Quando perguntado sobre a relação com a UFF, informou que existem ações em parceria, referindo-se ao GETAP. Finalizou a entrevista enfatizando que o potencial de exploração turística no local e muito boa, mas que precisa de soluções que se adequem a legislação. página / de 2/3 CAMPoaud/ DATA 17/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA NELTUR – 17.07.2012 página / de / 3/3 CAMPO AUD E-MAIL 18/07/2012 Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular [email protected] ASSUNTO RELATORIA ENTREVISTA CCRON DATA CONTATO TELEFONE / FAX www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 Atividades: Entrevista com Instituições para levantar dados para diagnóstico www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA COM INSTITUIÇÃO – CCRON Data da Reunião: Local: Horário de início: Horário de encerramento: Nº de Presentes: 18 de julho de 2012 Itacoatiara Pampo Clube 20:15 21:40 9 A entrevista com o Conselho Comunitário da Região Oceânica de Niterói foi conduzida por Daniel Martins, técnico de socioeconomia, e por Ricardo Kawamoto, coordenador do projeto. A entrevista foi realizada em conjunto com a diretoria da entidade: Guilherme Flach, Gilson da Silva Cesar, Josué Alves Barroso, Kátia Vallado, Alexandre Braga, Paulo Ricardo Pimentel do Vabo e Nelson José Monteiro. A entrevista foi iniciada apontando os objetivos gerais das entrevistas, indicando a necessidade de consultar as instituições para conhecer os problemas locais. Guilherme destacou que o CCRON é uma entidade deliberativa, que trata de assuntos gerais na Região Oceânica, e que problemas específicos a um bairro ou localidade (citou o exemplo de buracos em uma rua) são encaminhados diretamente para os representantes da associação de bairro ou a entidade que melhor representar a localidade. A atuação do CCRON é focada em questões relacionadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento urbano. Os instrumentos de atuação da entidade são emissão de ofícios a órgãos públicos e participação em reuniões de Conselhos Municipais. Gilson citou como exemplo recente ofício enviado à Secretaria de Estado de Ambiente para denunciar os problemas causados à pesca artesanal e ao turismo em Itaipu pelo lixo despejado no mar próximo pela dragagem da Baía de Guanabara, e solicitar providências a respeito. O histórico da instituição aponta para sua fundação em 23 de agosto de 1989, para buscar soluções para o problema da falta de água e esgoto, comum em então na Região Oceânica de Niterói. Atualmente a entidade representa 76 instituições, incluído a ALPAPI e a AMAITA, do Canto de Itaipu. Gilson ressaltou que a Colônia preferiu não fazer parte do CCRON. página / de 1/3 CAMPo aud / DATA 18/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA CCRON – 18.07.2012 / Como temática recente, foi indicado ainda a discussão realizada no Conselho Municipal de Política Urbana a respeito de uma proposta de projeto (pré-projeto) para incentivar o desenvolvimento dos hotéis na região oceânica que, contudo, incluía também aprovar o aumento do gabarito local para a construção de edificações com maior número andares, e ainda permitir o uso de Áreas de Proteção Ambiental do entorno das lagunas locais. De acordo com os representantes do CCRON, um proposta parecida já havia sido apresentada em 2006, e que essa é uma intenção antiga do atual prefeito. A principal preocupação dos representantes presentes em relação ao aumento do gabarito é a descaracterização do local, o crescimento urbano desordenado, sem investimentos em infraestrutura e problemas de legalidade no processo proposição de tais mudanças. Em termos gerais, o Conselho considerou que os principais problemas da localidade de Canto de Itaipu são drenagem de águas pluviais e a falta de alternativas de acesso para transporte. Em relação ao acesso, foi indicado que existe um projeto de criação de uma ponte sobre o Canal de Itaipu (datado próximo ao ano 2000), contudo esse projeto é polêmico, pois precisaria atravessar uma área protegida. Itaipu, em relação ao acesso, é uma das localidades de Niterói que mais sofre, devido à distância dos centros de referência (Niterói e Rio de Janeiro) e ao trânsito que é preciso enfrentar para atingir tais lugares. Os problemas de trânsito também se relacionam ao histórico de desenvolvimento urbano local. Os loteamentos – segundo Guilherme realizados na década de 1950 – foram ocupados sem receber qualquer infraestrutura por parte do poder público, deixando um vácuo de ações que foi ocupado pela criação de condomínios que cercaram ruas para atender as necessidades de determinados grupos. Com isso, foram criados o que foi indicado por Gilson como condomínios que, mesmo não sendo legalizados “o são por direito”, pois de acordo com o ponto de vista do representante cuidaram de necessidades básicas locais que eram obrigações do poder público. O resultado desse “cercamento” das vias públicas foi, segundo Guilherme, a limitação de toda a Região Oceânica a uma única via principal, que fica constantemente sobrecarregada e engarrafada. página / de 2/3 CAMPo aud / DATA 18/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA CCRON – 18.07.2012 / Um segundo conjunto de problemas indicados está diretamente relacionado às alterações feitas pela construtora Veplan no sistema lagunar local. A abertura definitiva do canal em Itaipu e a interligação entre as Lagoas de Piratininga e Itaipu causaram o esvaziamento das lagunas, a salinização das águas, a morte de um profundo desequilíbrio no ecossistema local e findando no assoreamento da Lagoa, que corre o risco de desaparecimento. Além disso, existem denúncias não verificadas de que a estação de tratamento de efluentes da empresa Águas de Niterói estaria despejando material não tratado, e que além disso os rios que desembocam nas lagoas estão extremamente poluídos, prejudicando a qualidade da Lagoa de Itaipu. O professor Josué apontou também como um problema grave para a área de estudo o ponto final de ônibus, que causa transtornos na localidade. Politicamente, os representantes consideram que a comunidade local é muito desunida e desarticulada, principalmente os moradores que chegaram a partir dos anos do Rio de Janeiro, no período que foi considerado o “boom” de crescimento urbano local. O turismo local é bastante dividido de acordo a origem dos visitantes. Cada praia fica caracterizada pela origem dos frequentadores. No caso da Praia de Itaipu, o turista vem em sua maioria de São Gonçalo, transporta o que pretende consumir, contribuindo muito pouco para o comércio local e sujam as praias. Para os representantes, esse cenário, aliado à poluição causada pela dragagem da Baía de Guanabara, vem influenciando negativamente na economia do Canto de Itaipu, visto que vem prejudicando o comércio na orla e também a pesca artesanal. Como alternativa para a atividade turística, foi sugerido a criação de projetos em parceria com órgãos públicos para a visitação patrimonialmente sustentável e ordenada da Duna Grande, integrada com trabalhos de Educação Ambiental e visitação também às trilhas ao Morro das Andorinhas com acesso por Itaipu. Foi indicado também realizar melhorias nos restaurantes locais e para ordenamento paisagístico e sanitário. Mais uma alternativa turística proposta envolvia a integração dos pescadores de Itaipu com os pescadores da Colônia Z-13, localizada no Posto 6 em Copacabana, visando a exploração turística de Itaipu para os turistas hospedados no bairro do Rio de Janeiro. A entrevista foi encerrada às 21:40. página / de 3/3 CAMPO AUD DATA CONTATO TELEFONE / FAX 18/07/2012 Joana von Lachmann/Arquiteta e Urbanista +55 21 22457733 EMBYÁ +55 21 96713181 celular E-MAIL [email protected] ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA CLIN www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 Atividades: Entrevista com Instituições para levantar dados para diagnóstico www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA COM INSTITUIÇÃO - CLIN (Companhia de Limpeza de Niterói) Data da Reunião: Local: Horário de início: Horário de encerramento: Nº de Presentes: 18 de julho de 2012 CLIN 16:30 17:00 3 A entrevista com a CLIN foi conduzida pelas representantes da equipe EMBYÁ - paisagens e ecossistemas, Joana von Lachmann e Elena Geppetti. O entrevistado foi o diretor de operações Sr. Marco Antônio Peccini Barboza. Após apresentação das profissionais a entrevista foi iniciada informando os objetivos daquela reunião: Levantar maiores informações sobre a atuação da CLIN até os dias atuais na área do Canto de Itaipu assim como as condições para a realização de suas operações e que tipos de materiais/instrumentos são utilizados. Foi explicado que o objetivo é construir um Plano de Intervenção afinado com o planejamento institucional. Ao longo da entrevista, foram apresentadas as seguintes informações: • A CLIN oferece serviços de educação ambiental (em parceria com a fundação municipal de educação) e Reciclagem. Seria interessante tentar incorporá-las ao projeto urbanístico do Canto de Itaipu. • A CLIN realiza suas operações de limpeza mecanizada noturna e coleta domiciliar 2ª, 4ª e 6ª pela manhã, além de realizar a varrição das vias e áreas públicas do local regularmente. • A maior dificuldade para realizar suas operações é devido a precariedade da iluminação urbana. Encontra dificuldades também na manutenção dos materiais devido a freqüentes furtos e danos feitos em seus instrumentos (principalmente os contêineres). página / de 1/2 • CAMPoaud/ DATA 18/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA CLIN – 18.07.2012 / Os contêineres de lixo localizados ao longo da praia são soltos, para poder movê-los em função da variação de maré. Isso contribui para ocorrência de furtos, o que não ocorre tanto em outras praias por serem presos e também devido a diferença de qualidade e quantidade dos turistas e visitantes. • A CLIN disponibiliza dados quantitativos de suas operações divididas por áreas, mas não de Itaipu isoladamente. • A CLIN não possui projetos específicos para a área do Canto de Itaipu nem materiais cartográficos de suas rotas de operações. • O entrevistado sugeriu que se houvesse um ordenamento e setorização das áreas de estacionamento no Canto de Itaipu melhoraria significativamente as condições para realização de suas operações. página / de 2/2 CAMPO AUD DATA CONTATO TELEFONE / FAX 18/07/2012 Joana Von Lachmann/Arquiteta e Urbanista +55 21 22457733 eMbyá +55 21 96713181 celular E-MAIL [email protected] ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA SMARHS www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 Atividades: Entrevista com Instituições para levantar dados para diagnóstico www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA COM INSTITUIÇÃO SMARHS (Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade). Data da Reunião: Local: Horário de início: Horário de encerramento: Nº de Presentes: 18 de julho de 2012 SMARHS 15:00 16:00 4 A entrevista com a SMARHS foi conduzida pelas representantes da equipe EMBYÁ - paisagens e ecossistemas, Joana von Lachmann e Elena Geppetti. Os entrevistados foram: O assessor técnico especial dos Recursos hídricos da SMARHS, Sr. Miguel Jorge Machado e Rafael Giusti das Áreas verdes da SMARHS convidado na ocasião pelo Sr. Miguel Jorge Machado. Após apresentação das profissionais a entrevista foi iniciada informando os objetivos daquela reunião: Levantar maiores informações sobre a atuação da SMARHS até os dias atuais na área do Canto de Itaipu assim como as condições para sua realização e que tipos de materiais/instrumentos são utilizados. Foi explicado que o objetivo é construir um Plano de Intervenção afinado com o planejamento institucional. Ao longo da entrevista, foram apresentadas as seguintes informações: • GERCO - responsável pelo gerenciamento da legislação vigente da praia para o mar. Seria interessante convidá-lo a participar do projeto. • Lei Complementar 140/2011 – “o licenciamento ambiental brasileiro, fundamentado na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, tinha a Resolução CONAMA 237/1997 como principal norma delimitadora das atribuições dos entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) dentro do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). A Lei Complementar 140, de 08/12/2011, passou a regular, agora de forma constitucional, tais atribuições.” (fonte: http://www.infonet.com.br/sandrocosta/ler.asp?id=123245). página / de 1/2 CAMPoaud/ DATA 18/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA SMARHS – 18.07.2012 / • O comitê de bacias (INEA) aprovou em junho de 2012 a criação da Agencia da Baía de Guanabara, que já está em andamento. • O departamento de Áreas Verdes da SMARHS disponibiliza modelos para recuperação de restingas, manejo de áreas verdes, reflorestamento e arborização urbana de Niterói. • Não existem projetos específicos da SMARHS para a área do Canto de Itaipu • A SMARHS tem participação no Dia mundial de limpeza de praias e rios no canto de Itaipu. • Em 2012 se deu início a revisão do PUR das praias da baía. (“Os Planos Urbanísticos Regionais são instrumentos de detalhamento do Plano Diretor de Niterói, é uma ferramenta para orientar o planejamento do executivo. Suas revisões devem ser feitas a partir da analise da cidade a cada cinco anos. O PUR da região oceânica deveria ter sido revisado em 2007, é importante que seja feita essa revisão assim como está sendo feita com as praias da Baía. Niterói possui três Planos Urbanísticos Regionais: Praias da Baía, Região Oceânica e Norte” – fonte: http://blog.felipepeixoto.com.br/revisao-do-planos-urbanisticos-saem-do-papel/2012/01/). • A Secretaria está desenvolvendo Projeto rios, córregos e nascentes de Niteroi, onde serão mapeados e caracterizados os rios e córregos desde sua nascente até seu deságüe. O projeto terá desenvolvimento através de três diretrizes definidas por áreas de: urbanização densa, urbanização e áreas parcialmente preservadas e totalmente preservadas. O Canto de Itaipu se insere na última categoria. Os arquivos não podem ser disponibilizados por que o projeto ainda está em andamento. • Devido sua urbanização mais recente o canto de Itaipu tem condições ambientais mais preservadas e apresenta grande potencial. Além de abrigar vários patrimônios culturais, históricos e ambientais, está situado entre duas importantes áreas protegidas (PESET e Reserva Ecológica Municipal Darcy Ribeiro). • Para realizar suas operações a Secretaria faz levantamento de informações e georreferenciamento de dados. • Foi disponibilizada pasta de arquivos em PDF da base cartográfica digital de Niterói, que por sua vez foram disponibilizadas pela SMU. O entrevistado sugeriu que para conseguir materiais cartográficos mais atualizados e específicos seria melhor entrar em contato com a SMU. página / de 2/2 CAMPO AUD DATA CONTATO TELEFONE / FAX E-MAIL ASSUNTO 21/07/2012 Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular [email protected] www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 RELATÓRIO ENTREVISTA COM SMU I 21.07.2012 Atividades: Entrevista com Fátima Valorozo, arquiteta representante da Secretaria Municipal de Urbanismo de Niterói. www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA COM SMU I – FÁTIMA VALOROZO Data da Reunião: Local: Horário de início: Horário de encerramento: Nº de Presentes: 18 de julho de 2012 SMU 10:15 11:15 3 No dia 18 de julho de 2012 foi realizada às 10:15 a entrevista com Fátima Valorozo - arquiteta que trabalha no Departamento de Urbanismo de Niterói - tendo em vista identificar as percepções, a partir de um ponto vista técnico, da apropriação do espaço público e a situação fundiária da região, além de um histórico geral da ações urbanísticas na localidade de canto de Itaipu. Estiveram presentes o arquiteto Gabriel Duarte e o representante da Engprol, Nilson Martins. Fátima Valorozo abriu a entrevista falando sobre o tempo decorrido desde sua admissão na Secretaria de Urbanismo e sua experiência na Secretaria de Meio-Ambiente e explicando o funcionamento do arquivo da Secretaria, onde se armazena todo o material disponível relativo a projetos. Ela cita o projeto ORLA como um dos projetos a serem consultados, pois esse projeto também abrange a região do Canto de Itaipu e diz em seguida que poderia disponibilizar o quadro de levantamentos de problemas e soluções a serem aplicados no local – inclusive, em destaque no site da prefeitura. Gabriel perguntou sobre a possibilidade de cópia do material da Secretaria e como deveria proceder com relação a isso. Fátima Valorozo respondeu dizendo que era possível fazer a cópia, mas que deveriam deixar um documento no local como medida de segurança, e que seria devolvido assim que os arquivos da Secretaria fossem entregues. página / de 1/4 CAMPo aud / DATA 31/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA SMU I - 31.07.2012 / Após isso, Nilson Martins questionou Fátima sobre a existência de algum tipo de levantamento topográfico da área. Fátima falou da existência de algumas bases, mas que trabalhavam na Secretaria com bases CID, que possuía informações topográficas, porém não abrangia todo o município. Disse também, que trabalhavam com as bases cadastrais da AMPLA e da Águas de Niterói, onde eram encontrados os números de porta das residências. Declarou também, que as bases CID estão disponíveis no site. Nilson perguntou sobre a capacidade de drenagem da região, pois esteve no local e presenciou alguns problemas e sobre projetos de infra-estrutura que por ventura estivessem sendo implantados na área. Fátima respondeu que geralmente os projetos de drenagem são realizados pela EMUSA juntamente com a Secretaria de Serviços Públicos e sugeriu um encontro entre as partes para maiores informações. Nilson solicitou o contato de algum dos órgãos e foi prontamente atendido por Fátima, citando em seguida a facilidade de resolução dos problemas ligados a drenagem, como, chuvas fortes, bolsões etc. Fátima diz que Basílio terá todas as informações necessárias, bem como, a existência de algum projeto para região e se já houve algum executado. Nesse momento Nilson declara que vai ao encontro da EMUSA e de Basílio e se retira. A partir disso, Gabriel Duarte pergunta como a SMU avalia a ocupação do espaço público no verão e nos restante do ano. Fátima diz que há um conflito entre os quiosques e a que falta ordenação aos ambulantes, diz ainda que, existe um excesso de estacionamentos e que outro problema grave é a degradação ambiental que tende a crescer. Diz que falta organização no espaço e isso é a causa principal dos problemas relatados. Fala também sobre a situação dos quiosques, que estão instalados na faixa de areia – considerada área da UNIÃO – e não possuem tratamento de esgoto, sendo por tanto considerados ilegais, porém é entendido, analisando-se por um viés social, que se trata de um meio honesto de sobrevivência. Gabriel pergunta se há algum reflexo, temporário ou não, notado pelo SMU. Fátima responde que o pico de ocupação no verão, o excesso de estacionamentos indevidos e de ambulantes, a falta de infra-estrutura para o atendimento dos turistas são reflexos disso. E que o trabalho de fiscalização é realizado pela Secretaria de Fiscalização de Posturas e que seria de bom proveito um encontro com eles, pois teriam, com certeza, as informações pretendidas. Gabriel, então, pergunta sobre a regularização fundiária na região. Fátima responde dizendo que o Município vem fazendo aos poucos a regularização na área, mas diz que acha que as questões serão melhores respondidas pela Sub-Secretária de Edificações Patrícia, que até o momento não se encontra presente, mas que segunda Fátima está a caminho da reunião. página / de 2/4 CAMPo aud / DATA 31/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA SMU I - 31.07.2012 / Gabriel a questiona sobre o impacto do atual crescimento urbano e imobiliário a sobrepor aos parâmetros edílicos atuais, sendo respondido por Fátima Valorozo, que a expansão vem com a demanda, porém não vem acompanhado de um pensamento sobre a preservação ambiental. Fátima diz também que, a região oceânica como um todo apresenta diversos atributos ambientais e o crescimento urbano traz a degradação ambiental. Nesse momento é questionada então por Gabriel sobre o volume de aprovações e requerimentos de construções para a região, e responde que quanto à aprovação, sugeriria uma conversa com Luiz Henrique ou com Daniel, que trabalham na Secretaria de Urbanismo com a aprovação de projetos e teriam as informações necessárias, se dispondo inclusive a chamá-los para participar da entrevista. Fátima diz que Daniel está ocupado, mas que se dispôs a responder qualquer questionamento por meio de e-mails. Gabriel então pergunta se Fátima tem alguma informação sobre a situação fundiária do Hotel, dos lotes da Rua da Amizade, do campo de futebol e dos lotes subutilizados na frente do terminal. Fátima responde que estas informações devem ser encontradas no acervo da Procuradoria, mas que desconfia serem terrenos particulares. Gabriel então questiona sobre a situação fundiária da Colônia dos Pescadores, quando Fátima responde que acharia melhor um encontro com Patrícia. Gabriel então pergunta sobre os limites, marcos ou poligonais utilizadas pela SMU para reconhecimento do Canto de Itaipu. Fátima então responde que os limites se encontram no plano urbanístico, e são resultantes de coordenadas e não de marcos, podendo ser vistas somente na legislação, no caso da Região Oceânica, a lei 1968 de 2002 que se encontra no site. Gabriel, então, pergunta sobre os procedimentos usuais da SMU para o controle da ambiência do espaço público. Quando Fátima Valorozo, responde, dizendo que a SMU trabalha com a fiscalização de obras e construções, enquanto a fiscalização do espaço público é competência da Secretaria de Fiscalização de Posturas. Gabriel questiona sobre o que a SMU frisa em permitir e não permitir na ocupação do espaço público e dos lotes. Quando Fátima responde que seguem exclusivamente a legislação que diz os parâmetros que devem ser seguidos. E quando há alguma divergência, há uma deliberação específica de uma comissão interna que avalia a legitimidade da construção. página / de 3/4 CAMPo aud / DATA 31/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA SMU I - 31.07.2012 / Gabriel então pergunta se há alguma medida preventiva e reativa adotada pela SMU para coibir as infrações de ocupação do espaço público e dos lotes, sendo respondido que os espaços públicos são de competência da Secretaria de Fiscalização de Posturas. Gabriel pergunta se Fátima se recorda de algum tipo de desapropriação no passado ou que esteja em andamento. No que Fátima diz que não se recorda, mas que deve se fazer uma pesquisa para confirmação. Gabriel questiona se existe algum tipo de limitação (legais ou físicas) da SMU para as intervenções de infraestrutura e Iluminação pública, sendo respondido que existe uma secretaria de iluminação pública e que poderia levar os questionamentos até eles, que se localizam na Rodoviária. E continua perguntando se há o conhecimento de algum tipo de regularização fundiária na região, sendo respondido que sobre esse assunto a melhor pessoa a ser questionada é Patrícia. Então é encerrada a entrevista. página / de 4/4 CAMPO AUD DATA CONTATO TELEFONE / FAX E-MAIL ASSUNTO 20/07/2012 Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular [email protected] ENTREVISTA COM ACOMPI E ALPAPI www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA – ACOMPI E ALPAPI Data da Reunião: Local: Horário de início: Horário de encerramento: Nº de Presentes: 20 de julho de 2012 Restaurante Varanda 15:00 19:00 6 No dia 20 de julho de 2012 foi realizada uma entrevista com os representantes da ACOMPI Ricardo Pinto, Roberta Ribeiro, Leonardo Pereira da Rosa e Jorge Bellas, com o representante da ALPAPI Jorge Nunes e como entrevistador o arquiteto Ricardo Kawamoto, representante da CAMPO aud. 1 – Como reconhece os limites históricos, físicos e de crescimento da Colônia dos pescadores e e da área do Canto de Itaipu? O crescimento da Vila dos Pescadores cresceu menos que a cidade. A percepção de crescimento foi de melhoramento das edificações existentes. As expectativas atuais são de que se cresça mais. A área do do Canto de Itaipu se manteve. A necessidade de infraestruturas, mas sem as pressões da especulação imobiliária. Correlacionam os problemas do sistema viário à ocupação do espaço e percebem que a delegacia não é um marco de segurança para os moradores e visitantes, diferentemente da delegacia de Itacoatiara. Reinvindicam uma guarita no Canto de Itaipu, na praça do Museu. Relacionamento desarmonioso. A imagem de São Sebastião da Avenida é um marco para o limite da área. Todos que vieram possuem a percepção de preservação. Quantidade de bares se manteve em 20 anos e, enquanto a quantidade de moradores cresceu apenas 10 %, a de moradores se manteve. Os ônibus de excursões diminuíram e ônibus e vans clandestinas se mantiveram. 2 – Existem, hoje em dia, marcos ou limites físicos visíveis que limitem formalmente a Colônia? O portal, o obelisco e o costão do Morro das Andorinhas. 3 – Esses “limites” são informais, que variam conforme o crescimento da Vila? Os limites são fixos. 4 – Que reflexos temporários, crescentes e permanentes são notados na ocupação do espaço público? Negativos: Ônibus, trailers e comércio de ambulantes na alta temporada. página / de 1/2 CAMPo aud / DATA 20/07/2012 ASSUNTO Transcrição entrevista ACOMPI e ALPAPI – 20.07.2012 / Positivos: Convivência harmoniosa e condomínios sem muros 5 – Como avalia o impacto do atual crescimento urbano e imobiliário da região (Região Oceânica), na transformação das casas da Colônia e do Canto de Itaipu em moradias permanentes (não pescadores)? Não existe impacto do mercado imobiliário. Alugar um quarto ou residência é bem-vindo, mas com critério. 6 – Como avalia o impacto do atual crescimento do turismo na transformação das casas da Colônia e do canto de Itaipu em pousadas e suítes temporárias? Positivos / Negativo e Por quê? Positivos, desde que com critério e preservação do meio ambiente, com alvará e higiene. Gostariam de legalizar definitivamente as residências e comércios no Canto de Itaipu. Percebe-se um crescimento rápido, positivo, que é proporcional à vinda de turistas. 7 – Como avalia a atual ocupação da área do Hotel, dos lotes da Rua da Amizade, do lote do “Campo de Futebol” (Quadra da Duna) e dos lotes subutilizados em frente ao terminal? Positivo / Negativo e Por quê? Negativa, porquê está parado. Já teve uma boa frequência. Uma proposição bem feita será apoiada. O Hotel está na memória positivados moradores antigos. Os lotes da Rua da Amizade estão regularizados e são indiferentes. O Campo de Futebol atual é uma invasão negativa. Os lotes do Terminal são indiferentes. 8 – Como avalia a atual ocupação da área formal do Canto de Itaipu? Positivo / Negativo e Por quê? 9 - Qual a percepção / avaliação de uso corriqueiro da Estrada (rota), do Canal, da Praça do Museu, da Praça em frente ao ponto final? E no verão? Estrada é positiva, no verão também. Percebe-se a necessidade em regularizar. Águas de Niterói deixou as escadas irregulares. 10 – Qual a percepção / avaliação de uso corriqueiro do trecho alargado da Rua Max Albin e da Rua Carlos Cardoso? E no verão? 11 – Qual a percepção / avaliação de uso de toda a Rua da Amizade? E no verão? 12 – Qual a percepção / avaliação de uso corriqueiro das travessas e ruelas da Colônia E no verão? 13 – Qual a percepção / avaliação de aumento do gabarito e adensamento na ocupação da Colônia e no Canto de Itaipu? É uma decisão individual ou coletiva? Unifamiliar é até 2 pavimentos no máximo. É uma decisão individual. 14 – Qual a percepção / avaliação das condições de salubridade e poluição sonora e ambiental na Colônia e no Canto de Itaipu? Gostariam que tivesse o poder público para organizar os sons. Existe um acordo com relação ao som dos restaurantes. 15 – Quais são as medidas preventivas e reativas adotadas para controle? página / de 2/2 CAMPO AUD DATA CONTATO TELEFONE / FAX E-MAIL ASSUNTO 20/07/2012 Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular [email protected] www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 RELATÓRIO ENTREVISTA COLÔNIA Z-7 20.07.2012 Atividades: Entrevista com Otto Sobral e Barbudo a fim de levantar dados para o diagnóstico da área. www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA COM COLÔNIA Z-7 Data da Reunião: Local: Horário de início: Horário de encerramento: Nº de Presentes: 20 de julho de 2012 Colônia Z-7 10:00 11:30 3 No dia 20 de julho de 2012 foi realizada às 10:00 horas a entrevista com a liderança da Colônia Z-7, tendo em vista identificar o histórico geral da atividade pesqueira e as percepções de espaço por parte dos pescadores e comerciantes da localidade de Canto de Itaipu. Estiveram presentes a arquiteta Renata Bertol e os entrevistados foram Otto Sobral e Aurivaldo José Almeida - mais conhecido como Barbudo -, presidente e vice-presidente da Colônia. Renata Bertol começa a entrevista perguntando se existe o reconhecimento por parte da comunidade pesqueira dos limites físicos da Colônia, sendo respondida por Otto que os limites são aqueles determinados pelo patrimônio da União - que vão do marco até o Canto da Pedra de Itaipu – a partir da linha de preamar de 1831. Barbudo diz, ainda, que a área vai de 33 metros a partir do preamar e percorre 300 metros, resultando em uma área equivalente a 9900 m². Renata, então, pergunta se historicamente eles reconhecem algum outro tipo de limite, sendo respondida por eles que não, pois os limites são, exatamente, os reconhecidos pela União, quando Otto explica que a denominação de Vila é diferente da de Colônia, sendo considerada vila o resultado do crescimento histórico da população e como colônia a área pertencente à União. Renata pergunta se eles observaram alguma mudança no Canto de Itaipu com a crescente especulação imobiliária. página / de 1/3 CAMPo aud / DATA 20/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA COLÔNIA Z-7 - 20.07.2012 / Barbudo responde que houve uma época que os pescadores começaram a vender a área para particulares, e desde então houve uma contínua descaracterização. Renata pergunta como eles avaliam o impacto da atual ocupação da área do Hotel, dos lotes da Rua Amizade, do lote do campo de futebol e dos lotes subutilizados em frente ao terminal, sendo respondida que o hotel é considerado um grande “elefante-branco”, mas que, se fosse um imóvel utilizado não haveria nenhum problema, sobre os ônibus, dizem que não vêem nenhum problema, com exceção das linhas 1001 e Pendotiba, que fazem pontos na via. Otto começa dizendo ainda que no verão o ordenamento da área é caótico e acrescenta que o turismo com uma fiscalização seria extremamente benéfico, por conta do possível aumento nas vendas, tanto de peixes, quanto de outros produtos, porém é considerado causador de alguns dos problemas da região, como a crescente poluição e o tumulto no verão. Barbudo complementa dizendo que a venda de peixes é realizada diretamente na praia como em um mercado e que o que falta é um regulamento a ser seguido para uso da praia. Renata então pergunta como eles avaliam a atual ocupação da área formal do Canto de Itaipu, sendo respondido por Otto que é considerada positiva, e que ele é morador dessa área. Renata questiona qual a percepção, por parte dos pescadores e moradores da área, do uso da Estrada, do canal, da praça do museu e da praça em frente ao ponto final, quando Otto e Barbudo respondem que muitos dos pescadores vendem os produtos fora de bairro – em Jurujuba ou outros lugares – e que, por isso, a estrada é de suma importância, é dito também, que a produção é mais vendida para o Mercado de São Pedro, para CEASA, para peixaria do Bel e para o comércio local. Barbudo relata que é preciso também de uma organização de emergência, pois não possuem nenhum tipo de atendimento rápido pelas ambulâncias e pelo Corpo de Bombeiros, sendo atrapalhada em grande parte pelo estacionamento indevido dos carros e ônibus. Otto então pergunta se já é possível ter uma perspectiva da intervenção que vai ser realizada na área, sendo respondido por Renata, que ainda não existe um pensamento definido, devido ao número de informações a serem coletadas para o diagnóstico, Otto continua dizendo que seria importante que a próxima oficina fosse aberta com a explicação dos interesses e possíveis intenções para com a população de Itaipu. Nesse momento Otto diz que precisa se ausentar por motivos particulares e sai, continuando a entrevista somente com Barbudo. Barbudo continua dizendo que a praça em frente ao terminal de ônibus é quase que de uso exclusivo dos rodoviários e que seria mais conveniente a construção de um banheiro público que atendesse a demanda do local, ressaltando que o maior problema é encontrado nos fins de semana, quando a população aumenta muito. página / de 2/3 CAMPo aud / DATA 20/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA COLÔNIA Z-7 - 20.07.2012 / Renata continua perguntando sobre a avaliação do uso da Rua Max Albin e da Rua Carlos Cardoso, onde existe um alargamento da vias, e da Rua da Amizade sendo respondido por Barbudo que nas duas primeiras ruas existem problemas crônicos, pois são usadas como estacionamento de não-moradores resultando em roubo de carros e outras reclamações, mas que na Rua da Amizade a situação é mais tranqüila por conta da distância, sendo mais usada por moradores. Renata Bertol então pergunta como funciona o uso das ruelas e travessas da vila e Barbudo diz que o uso é realizado, durante a semana, predominantemente pelos moradores, só havendo maior movimentação nos fins de semana, onde já foram até registrados acidentes com motocicletas. Porém, a partir de um programa realizado pelos pescadores e moradores foi coibido com uso de placas. Renata questiona se o crescente aumento de gabarito e o adensamento na ocupação da colônia são decisões individuais ou coletivas e qual é sua avaliação. Barbudo diz que não há nenhum tipo de controle, mas que, em sua opinião, deveria haver. Acha que é o resultado desse fenômeno é péssimo e acaba descaracterizando a vila, diz ainda, que existem sérios problemas no abastecimento de água e no saneamento básico. Renata pergunta ainda quais as condições de salubridade e poluição sonora e ambiental no Canto de Itaipu e Barbudo diz que não há controle nenhum e que existem bares que não tem condições higiênicas de abrir, o que poderia afetar o turismo da região como um todo. Renata complementa a questão falando sobre o fato dos restaurantes não terem nenhum equipamento de exaustão de fumaça e se isso atrapalha de alguma forma o dia-a-dia da Colônia, sendo respondida por Barbudo que atrapalha muito e que deveriam se adequar ao bom funcionamento exigido por lei. Outro ponto ressaltado por Barbudo foi às questões de salubridade, por conta da proximidade entre as janelas das construções, resultado do crescimento das casas sem nenhum controle. Nesse momento Renata pergunta se os depósitos que se localizam na praia são particulares e Barbudo diz que no começo eram propriedades da Colônia, mas alguns pescadores venderam e hoje se encontram em poder de particulares e diz também que orienta a todos os pescadores a não comprar e vender essas residências, mas acaba por não ser ouvido na maioria das vezes. Renata então pergunta sobre uma propriedade denominada Rancho Alegre e Barbudo diz que é se trata de um restaurante localizado próximo ao local da entrevista. Logo depois Renata agradece e termina a entrevista. página / de 3/3 CAMPO AUD DATA CONTATO TELEFONE / FAX 20/07/2012 Joana von Lachmann/Arquiteta e Urbanista +55 21 22457733 EMBYÁ +55 21 96713181 celular E-MAIL [email protected] ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA INEA www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 Atividades: Entrevista com Instituições para levantar dados para diagnóstico www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA COM INEA (Instituto estadual do ambiente) Data da Reunião: Local: Horário de início: Horário de encerramento: Nº de Presentes: 20 de julho de 2012 Museu arqueológico de Itaipu 16:30 17:00 2 A entrevista com o INEA foi conduzida pela representante da equipe EMBYÁ - paisagens e ecossistemas, Joana von Lachmann. A entrevistada foi Sra. Ana Maria de Campos Pacheco da SUPBG/INEA. Após apresentação da profissional a entrevista foi iniciada informando os objetivos daquela reunião; Levantar maiores informações sobre a atuação do INEA até os dias atuais na área do Canto de Itaipu assim como as condições para a realização de suas operações e que tipos de materiais/instrumentos são utilizados. Foi explicado que o objetivo é construir um Plano de Intervenção afinado com o planejamento institucional. Ao longo da entrevista, foram apresentadas as seguintes informações: • O INEA fiscaliza todas as águas do interior e meio ambiente. Através de denuncias, provocação do ministério público e pela própria força tarefa do INEA, para o desassoreamento de rios/canais, controle da água subterrânea, uso da água potável e outros. A entrevistada afirmou que há muita denúncia na área do Canto de Itaipu. • Em relação aos limites e incorporações a área do PESET não houve informações precisas e a entrevistada afirmou que seria melhor se entrássemos em contato com o PESET para saber que áreas realmente foram incorporadas/decretadas ao parque (dunas, margem da lagoa e o sítio arqueológico de Camboinhas). página / de 1/2 • CAMPoaud/ DATA 20/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA INEA – 20.07.2012 / Em relação a projetos existentes na área, o INEA atua no local através do Projeto de Plano de Bacia, que prevê o Subcomitê da bacia de Itaipu (ainda em andamento), na gestão das águas em parceria com outros órgãos, instituições e usuários atuantes. • O INEA tem plena consciência da necessidade de preservação ambiental de toda a área do canto de Itaipu (principalmente das lagoas, rios, canais e vegetação). • O INEA trabalha sempre em parceria entre os usuários, ONGs e o poder público (federal estadual e municipal). • A atuação do INEA aumenta no período das chuvas na área do Canto de Itaipu. • No Canto de Itaipu, o INEA foi responsável pela demarcação da FMP, esse documento pode ser adquirido mediante o requerimento no INEA. • Em relação aos instrumentos e materiais que o INEA utiliza para realizar suas ações, a instituição disponibiliza os registros das fiscalizações e denúncias, cadastramento das águas e a demarcação da FMP, e podem ser obtidos através de requerimento no INEA. página / de 2/2 CAMPO AUD E-MAIL 24/07/2012 Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular [email protected] ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA SPU DATA CONTATO TELEFONE / FAX www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 Atividades: Entrevista com SPU a fim de levantar dados para o diagnóstico www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA – SPU Data da Reunião: Local: Horário de início: Horário de encerramento: Nº de Presentes: 24 de julho de 2012 SPU 16:00 17:00 03 No dia 24 de julho de 2012 foi realizada às 16:00 uma entrevista com os representantes da SPU, Maria Rosa Esteves e Antônio Cláudio Vieira e como entrevistador o arquiteto Ricardo Kawamoto, representante da Campo aud. Ricardo Kawamoto começou a entrevista perguntando em que situação se encontra a área aforada da Colônia Z7 e se ela encontra-se regularizada perante a SPU, obtendo como resposta, de Antônio Cláudio, de que a área está regularizada, porém não aforada, se encontrando em regime de ocupação. Ricardo diz que tem informações de que nem todos pagam a taxa de foro regularmente e pergunta o que acontece com a área e com aqueles que deixam de pagar a taxa, bem como com os proprietários que negociaram o imóvel para aluguel e venda. Antônio Cláudio Vieira responde que é necessário um levantamento mais preciso para saber as reais condições de pagamento do aforados, porém, diz, que a princípio, acredita que estejam pagando por temer alguma atitude do patrimônio com relação ao não-pagamento da taxa de ocupação, acredita, também, serem em torno de 13 aforados. Maria Rosa complementa dizendo que todos os inscritos estão cadastrados como baixa-renda, e que por essa razão são isentos do pagamento da taxa. Ricardo, então, diz que recebeu uma informação de que os moradores começavam a pagar e em determinado momento paravam. E pergunta depois se esse regime de ocupação pode ser estendido para página / de 1/2 DATA CAMPoaud/ 24/07/2012 / A imagem não pode ser exibida. Talvez o computador não tenha memória suficiente para abrir a imagem ou talvez ela esteja corrompida. Reinicie o computador e abra o arquiv o nov amente. Se ainda assim aparecer o x vermelho, poderá ser necessário excluir a imagem e inseri-la novamente. RELATÓRIO ENTREVISTA SPU - 24.07.2012 um regime de aforamento futuramente, quando Antônio Claúdio responde que isso só se realizaria em caso de compra. Ricardo pergunta se a regularização desta área aforada é um pré-requisito para a futura regularização fundiária da Colônia Z7 e do restante da Vila dos Pescadores e explica que partiu do princípio que a definição de Vila dos Pescadores é a área completa de ocupação, maior do que a área definida como Colônia que tem o equivalente a 9900 m² Maria Rosa Esteves responde dizendo que para eles a Vila é definida com exatos 300m X 33m. Ricardo Kawamoto pergunta em que situação se encontra a área restante da Vila dos Pescadores para a SPU, quando Maria Rosa responde que a SPU não deve opinar sobre isso. Ricardo pergunta se essa regularização fundiária pode ser executada pela União e Maria Rosa responde que sim, mas somente na área da União, definidos nos 33 metros a partir da linha de preamar em toda extensão, no caso da Colônia, 300 metros. Ricardo questiona como poderia ser realizada a regularização e Antônio Cláudio diz que essa informação deverá ser conseguida em outro setor, Maria Rosa intervêm e diz que apesar disso, não é difícil responder, e que basta repassar a área para prefeitura e a partir disso, ela se encarregaria da regularização. Ricardo pergunta o que define a linha demarcatória e o perímetro da área aforada e Antônio Cláudio diz que a área é delimitada pela linha do preamar de 1831 e uma linha-limite de marinha distante desta 33 metros. Ricardo continua perguntando como se regulariza as edificações fora da linha demarcatória, quando Maria Rosa responde dizendo que se deve consultar a prefeitura e os órgãos competentes do meio-ambiente, além do IPHAN se a área for protegida culturalmente. Ricardo questiona sobre a existência de algum tipo de indenização em caso de relocações de residências e comércios dentro da área da União, sendo respondido por Maria Rosa que não, Ricardo continua perguntando se existem programas de benefícios da SPU que podem ser aplicadas futuramente ao Canto de Itaipu. Maria Rosa Esteves também diz que não, mas explica que a função da SPU é cartorial e de regularização, não tendo nenhum tipo de programa de benefícios, então Ricardo pergunta se existe alguma experiência em outros locais de projetos bem e mal sucedidos e Maria Rosa responde dizendo que sim, mas que sobre esse assunto somente a COAF pode esclarecer, apesar de dizer que existem ótimas experiências bem sucedidas e mal sucedidas. Ricardo termina a entrevista perguntando como a SPU pode apoiar o projeto urbano, quando Maria Rosa responde que a ajuda da SPU pode ser realizada 1º seguindo a metodologia participativa seguida pelo projeto Orla e depois com acompanhamento das reuniões e disponibilização dos conhecimentos técnicos de modo a juntar esforços a fim de alcançar um projeto viável, do ponto de vista da SPU. página / de 2/2 CAMPO AUD DATA CONTATO TELEFONE / FAX E-MAIL 31/07/2012 Ricardo Kawamoto, Sócio-Diretor +55 21 3233-1581 escritório / fax +55 21 9766-2837 celular [email protected] www.campoaud.com.br CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. CNPJ 05.974.939/0001-70 CREA-RJ 2007215415 Rua Silvio Romero, 63, casa-parte, Santa Teresa Rio de Janeiro – RJ 20230-100 ASSUNTO RELATÓRIO ENTREVISTA NITTRANS Atividades: Entrevista com representantes da NITTRANS a fim de levantar dados para o diagnóstico. www.embya.com.br paisagens e ecossistemas www.omnesconsultoria.com.br consultoria em sustentabilidade RELATÓRIO ENTREVISTA - NITTRANS Data da Reunião: Local: Horário de início: Horário de encerramento: Nº de Presentes: 31 de julho de 2012 NITTRANS 10:35 11:35 05 No dia 31 de julho de 2012 foi realizada às 10:35 entrevista com representantes da NITTRANS – Departamento que atua em conformidade com as políticas públicas do Governo Municipal no planejamento e gerenciamento técnico-operacional do sistema de transportes e de trânsito e do sistema viário da cidade. Estiveram presentes Elisabeth Grieco e Glauston Pinheiro da NITTRANS e Sérgio Bello P. Barboza, da Secretaria de Transportes, tendo em vista o posicionamento das instituições com os diversos complicadores da região. Ricardo Kawamoto abriu a entrevista perguntando o posicionamento da NITTRANS sobre a concentração de ônibus na área do entorno do ponto final. Sérgio Bello responde, dizendo que a questão do número de ônibus encontrados deve-se a demanda da população e ao fato das empresas de ônibus não possuírem garagens nas proximidades, impossibilitando o trajeto garagem- Itaipu e ocasionando essa concentração muito grande de ônibus estacionados, principalmente no verão. Fio dito que já se houve uma tentativa frustrada de solução pela Secretaria de Transportes, que esbarrou em diversas dificuldades. Sérgio continuou dizendo que, em sua opinião, esse é o principal problema da região, quando é apoiada tanto por Elizabeth, quanto por Glauston. página / de 1/3 DATA CAMPoaud/ 31/07/2012 / RELATÓRIO ENTREVISTA NITTRANS - 31.07.2012 Foi falado, também, sobre a confusa situação dos ônibus de turismo, que ainda não possuem local para estacionamento. Ricardo então pergunta se existe, atualmente, algum plano de contingência para os veículos, ônibus e estacionamentos durante o verão. Sendo respondido por Elizabeth, que diz que o ideal era cada empresa ter a própria garagem. Sérgio Bello continuou dizendo que o Canto de Itaipu tem um problema claro, pois não há distinção entre calçamentos e vias, sendo o desenho urbano extremamente ineficiente. Diz ainda, que o projeto definirá, justamente, isso, sendo ajudado pela posterior fiscalização. Elizabeth complementa a resposta fazendo uma relação com a situação encontrada outras localidades da Região Oceânica, como Itacoatiara e Piratininga. Ricardo conta, então, que soube que os ônibus de turismo que freqüentam o local deixam os passageiros na orla e depois estacionam próximo ao terreno do Corpo de Bombeiros e pergunta se existem estudos estatísticos de tráfego e estacionamento de veículos e ônibus para a área, além de um levantamento de infrações. Elizabeth responde que não existe nenhum dado específico sobre tráfego e estacionamento, mas que com relação ao levantamento de infrações há a possibilidade de se conseguir alguma informação junto a Secretaria de Transportes. Sérgio diz que à falta de definição de desenho urbano acaba por impossibilitar a fiscalização, e o número de infrações contabilizadas é pequena, sendo o projeto indispensável, pois delimita as áreas de estacionamento. Ricardo questionou se existe a demanda na utilização de transportes alternativos, como vans e motocicletas, sendo respondido por Sérgio que sim, há a demanda, e que o ponto de origem normalmente é em outros municípios. Ricardo, então pergunta sobre o Plano Lerner e como está seu cronograma, sendo respondido por Elizabeth que no atual momento está se implantando o corredor Largo da Batalha-Centro, estando previsto um terminal no Largo e outro na Região Oceânica, em Piratininga. Elizabeth Grieco explica também que no Canto de Itaipu as linhas de ônibus serão alimentadoras, tendo uma freqüência maior, pois os veículos irão até o terminal e voltarão. Ricardo pergunta quando seria prevista a implantação dessas linhas, sendo respondido, por Elizabeth, que assim que o terminal do Largo da Batalha estiver construído as linhas alimentadoras entram em operação. Ricardo questiona como o plano define o ponto-final das linhas alimentadoras, se como pontos reguladores ou como um local onde deveriam existir equipamentos de suporte destinados ao atendimento dos motoristas e funcionários das empresas de ônibus – refeitórios, banheiros. página / de 2/3 DATA CAMPoaud/ 31/07/2012 / RELATÓRIO ENTREVISTA NITTRANS - 31.07.2012 Sendo respondido por Elizabeth que há a necessidade de um suporte mínimo para os funcionários, mas que se deve afastar a tipologia de garagem. Estando previsto, no Plano Lerner, a instalação de um ponto final, não necessariamente no local onde se localiza atualmente. Ricardo pergunta que tipo de veículo será utilizado na linha alimentadora para Itaipu, sendo respondido por Elizabeth que serão utilizados os ônibus convencionais. Ricardo continua a entrevista perguntando qual seria a freqüência média para cada linha, sendo respondido, por Sérgio Bello, que não existe a informação precisa, mas que, talvez, consigamos entrando em contato com a Secretaria de Transportes. Glauston intervêm e diz que pode enviar via e-mail as informações necessárias após contato e se compromete a enviar assim que conseguir. Ricardo questiona em seguida que existe uma informação de que algumas linhas seriam desativadas, e em seguida, é respondido com a confirmação por parte de Elizabeth de que algumas linhas que antes faziam trajetos diretos, como por exemplo, Rio do Ouro – Itaipu, seriam desativadas, pois com a instalação do terminal, não seriam mais necessárias. Ricardo Kawamoto pergunta sobre quais equipamentos estão previstos para o ponto-final e como a linha intermunicipal Castelo - Itaipu se encaixa no plano, e é respondido, por Elizabeth Grieco, que com relação ao ponto-final seria necessário minimamente um banheiro, obrigatório por legislação, mas que o projeto do ponto final não se encontra finalizado, e que a linha Castelo - Itaipu não sofrerá nenhuma interferência. Ricardo pergunta se existe alguma padronização a ser respeitada pelo desenho urbano, algum manual de calçamentos, etc, sendo respondido por Elizabeth que o plano não prevê nenhum tipo de padronização. Ricardo questiona se há algum estudo previsto de mobilidade ativa, sendo respondido por Glauston que está sendo desenvolvido o projeto de uma ciclovia, juntamente com a Secretaria de Urbanismo, mas que está interrompido, esperando, justamente, o projeto de um desenho urbano definitivo em Itaipu. Em seguida, Ricardo pergunta se existe algum tipo de padronização nas instalações e equipamentos para bicicletas, quando Glauston responde que há e que é instalado seguindo os levantamentos e pesquisas realizados com antecedência. Ricardo pergunta ainda, se existe na NITTRANS a conceituação da bicicleta como veículo, e Glauston responde que desde 2010 existe um programa na prefeitura de Niterói que segue os parâmetros do Programa Federal Bicicleta Brasil, que liga três municípios – São Gonçalo, Nitterói e Rio de Janeiro. Glauston continua dizendo que a intenção da NITTRANS é criar um sistema que liga a Estrada Francisco Nunes aos bairros conforme a necessidade encontrada, criando uma circulação dentro dos bairros. Ricardo termina a entrevista agradecendo os entrevistados. página / de 3/3 CAMPO AUD ARQUITETURA URBANISMO DESIGN RIO DE JANEIRO, BRASIL nome da licitante website e-mail endereço telefone / fax PROJETO ETAPA DATA CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. www.campoaud.com.br [email protected] Rua Silvio Romero, 63, casa-parte - Santa Teresa Rio de Janeiro - RJ BRASIL 20230-100 +55 21 3233-1581 PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU, NITERÓI - RJ DIAGNÓSTICO - REVISÃO 02 JUNHO / 2013 ANEXO IIIA ROTEIROS DE ENTREVISTAS PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO FORMULÁRIO DO DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO ROTEIRO DE ENTREVISTAS Nº DO FORMULÁRIO |__|__|__| ARQUITETURA E URBANISMO PAISAGISMO E MEIO AMBIENTE 1. PESQUISADOR |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| DATA |__|__| / |__|__| / |__|__|__|__| CONSULT. EM SUSTENTABILIDADE IDENTIFICAÇÃO Nome do entrevistado:_____________________________________________________________________________ Tel. / Cel. atualizados: ( )_________________________________________________________________________ Nome do entrevistado:_____________________________________________________________________________ Tel. / Cel. atualizados: ( )_________________________________________________________________________ Nome do entrevistado:_____________________________________________________________________________ Tel. / Cel. atualizados: ( )_________________________________________________________________________ Nome do entrevistado:_____________________________________________________________________________ Tel. / Cel. atualizados: ( )_________________________________________________________________________ Nome do entrevistado:_____________________________________________________________________________ Tel. / Cel. atualizados: ( 2. )_________________________________________________________________________ QUESTÕES RELEVANTES 2.1. 2.2. Qual é o histórico de formação da instituição? Quantas pessoas são representadas pela instituição? 2.3. 2.4. Como considera a situação da atividade na localidade atualmente? Você nota algum conflito de interesses entre pescadores e frequentadores da praia? 2.5. 2.6. Você nota algum conflito de interesses com a atividade turística? Como percebem a presença da comunidade indígena em Camboinhas? 2.7. 2.8. Observam problemas de ocupação na área do morro das andorinhas? Os moradores da área de estudo podem ser considerados membros da comunidade de pescadores artesanais? 2.9. 2.10. A pesca industrial afeta a atividade na região? E a indústria petrolífera? 2.11. 2.12. Existe algum outro tipo problema ambiental recente que prejudica a atividade? Existe algum outro conflito de interesses na localidade? 2.13. 2.14. Existe algum receio em relação aos projetos governamentais em Itaipu e na Orla de Niterói? O que pode ser feito para melhorar as condições de vida e de trabalho dos pescadores locais? PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO FORMULÁRIO DO DIAGNÓSTICO ASPECTOS URBANOS ROTEIRO DE ENTREVISTAS ARQUITETURA E URBANISMO Nº DO FORMULÁRIO |__|__|__| PAISAGISMO E MEIO AMBIENTE 1. CONSULT. EM SUSTENTABILIDADE PESQUISADOR |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| DATA |__|__| / |__|__| / |__|__|__|__| IDENTIFICAÇÃO Nome do entrevistado:_____________________________________________________________________________ Tel. / Cel. atualizados: ( )_________________________________________________________________________ Nome do entrevistado:_____________________________________________________________________________ Tel. / Cel. atualizados: ( )_________________________________________________________________________ Nome do entrevistado:_____________________________________________________________________________ Tel. / Cel. atualizados: ( 2. )_________________________________________________________________________ QUESTÕES RELEVANTES Percepção do espaço (no verão e ao longo do ano) 1) Como identifica a Colônia dos Pescadores e a área do Canto de Itaipu, sob o aspecto de limites históricos e físicos e de crescimento? 2) Existem marcos ou limites físicos visíveis que limitem formalmente a Colônia? 3) Esses “limites” são informais, que variam conforme o crescimento da Colônia? 4) Que reflexos temporários, crescentes e permanentes são notados na ocupação do espaço público e privado? 5) Como avalia o impacto do atual crescimento urbano e imobiliário da região (Região Oceânica), na transformação das casas da Colônia e do Canto de Itaipu em moradias permanentes? (verificar gabarito e taxa de ocupação) Positivo / Negativo e Por quê 6) Como avalia o impacto do atual crescimento do turismo na transformação das casas da Colônia e do Canto de Itaipu em pousadas e suítes temporárias? Positivo / Negativo e Por quê 7) Como avalia a atual ocupação da área do Hotel, dos lotes da Rua da Amizade, lote do “Campo de Futebol” e dos lotes subutilizados em frente ao terminal? Positivo / Negativo e Por quê 8) Como avalia a atual ocupação da área formal do Canto de Itaipu? Positivo / Negativo e Por quê 9) Qual a percepção / avaliação de uso corriqueiro da Estrada, do Canal, da Praça do Museu, da Praça em frente ao ponto final? E no verão? 10) Qual a percepção / avaliação de uso corriqueiro do trecho alargado da Rua Max Albin e da Rua Carlos Cardoso? E no verão? 11) Qual a percepção / avaliação de uso de toda a Rua da Amizade? E no verão? 12) Qual a percepção / avaliação de uso corriqueiro das travessas e ruelas da Colônia? E no verão? 13) Qual a percepção / avaliação de aumento do gabarito e adensamento na ocupação da Colonia e no Canto de Itaipu? É uma decisão individual ou coletiva? 14) Qual a percepção / avaliação das condições de salubridade e poluição sonora e ambiental na Colônia e no Canto de Itaipu? 15) Quais são as medidas preventivas e reativas adotadas para controle? CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / ÍNDICE 1. ATIVIDADE PESQUEIRA EM CANTO DE ITAIPU................................................................................................. 02 2. METODOLOGIA............................................................................................................................................................. 02 2.1. Dados Primários......................................................................................................................................................... 02 2.2. Dados Secundários................................................................................................................................................... 06 3. ASPECTOS DA PRODUÇÃO PESQUEIRA............................................................................................................. 08 3.1. Cenário da Economia Pesqueira........................................................................................................................... 08 3.2. Aspectos Históricos da Pesca Artesanal em Canto de Itaipu..................................................................... 12 4. CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE PESQUEIRA EM CANTO DE ITAIPU................................................. 14 4.1. O Pescador de Itaipu................................................................................................................................................ 14 4.2. Representação Política e Conflitos Institucionais............................................................................................ 17 4.3. Artes de Pesca em Canto de Itaipu..................................................................................................................... 21 4.4. Características das Embarcações........................................................................................................................ 34 5. PRODUÇÃO PESQUEIRA........................................................................................................................................... 40 5.1. Pescado Capturado................................................................................................................................................... 40 5.2. Integração com outras atividades econômicas locais................................................................................... 44 6. AVALIAÇÃO DA PESCA ARTESANAL EM CANTO DE ITAIPU....................................................................... 47 REFERÊNCIAS..................................................................................................................................................................... 49 ANEXOS ANEXO IVA Carta Náutica 1506 ANEXO IVB ANEXO IVC Roteiro Grupos Focais Questionário por Embarcações CRÉDITOS DAS IMAGENS Todas as fotos são de autoria da equipe técnica e datam de julho de 2012. Os mapas constantes nas Figuras 9, 11, 13 e 15 foram adaptados de "Brasil. Diretoria de Hidrografia e Navegação.Catálogo de cartas e publicações" – 12º ed. – Niterói(RJ): A Diretoria, 2011. página / de 1/49 1. CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / ATIVIDADE PESQUEIRA EM CANTO DE ITAIPU A avaliação da atividade pesqueira em Canto de Itaipu é uma etapa crucial para a elaboração de propostas de intervenção urbanísticas que visem melhorias socioambientais na localidade. O entendimento a respeito da pesca nesse trabalho se orienta no sentido de: Estimar quantitativamente a produção pesqueira local; Identificar os conflitos de interesse entre a pesca artesanal e demais atividades que compartilhem ou disputem qualquer outro tipo de recurso; Apontar as características da atividade pesqueira tradicional praticada em Canto de Itaipu; Verificar o processo de transformações e adaptações pelo qual a pesca artesanal foi submetida; Avaliar comparativamente tais dados com as características gerais da atividade pesqueira em um processo mais amplo, partindo de contextos locais para identificá-los, quando pertinente, a um cenário global. 2. METODOLOGIA O levantamento de dados sobre a atividade pesqueira em Canto de Itaipu contou com fontes diversificadas e complementares em seu desenvolvimento. É possível sistematizar a organização dos procedimentos de pesquisa em duas bases: Dados primários, obtidos diretamente in loco ou através de consulta a fontes diretas, como entrevistas; Dados secundários, aqueles oriundos de fontes indiretas, como livros, teses, pesquisas e jornais. 2.1. Dados Primários A pesquisa de dados primários foi considerada o principal meio de informações atualizadas e relativas às atuais condições locais econômicas e culturais da pesca. Para a coleta de dados, foram aplicados instrumentos específicos, como as entrevistas com lideranças pesqueiras, os grupos focais por arte de pesca e o levantamento de dados por embarcação. Além desses, informações quantitativas apontadas através do cadastro socioeconômico e da Oficina I – Levantamento comunitário foram incorporadas à análise como informações complementares. Entrevistas com lideranças pesqueiras Foram realizadas entrevistas com lideranças pesqueiras (institucionais ou não) para compreender o ponto de vista dos pescadores locais a respeito das questões gerais que envolvem sua atividade, o histórico da pesca artesanal na localidade, os principais pontos de pesca, as épocas em que a pesca é mais ou menos produtiva, o processo de comercialização do pescado e questões de abrangência local relevantes para delimitar a situação da pesca artesanal no Canto de Itaipu. página / de 2/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / As entrevistas foram realizadas conforme apresentado na tabela a seguir: Tabela 1 - Entrevistas com lideranças DATA ENTREVISTADOS 03/07/2012 Jorge Nunes de Souza (Seu Chico) e Jairo Augusto da Silva. 03/07/2012 Mauro Souza Freitas e Jorge Nunes de Souza (Seu Chico). Aureliano Matos de Souza (Cambuci). Aurivaldo José Almeida (Barbudo), Yllke Cristiano Branco Almeida, Paulo Roberto Freitas (Bolinha), Maria Aparecida Branco Almeida e Lidiane Vieira Freitas Branco Almeida. 04/07/2012 10/07/2012 ENTIDADE Associação Livre de Pescadores e Amigos da Praia de Itaipu (ALPAPI) Associação de Moradores e Amigos de Itaipu (AMAITA) Liderança não institucionalizada Colônia de Pescadores Z-7 Tais entrevistas foram construídas com base em roteiros de questões previamente elaboradas (Anexo IIIA do Diagnóstico) e contou como recurso de registro a gravação em áudio, além de anotações realizadas pelo entrevistador. Através das colocações apontadas, foi possível delimitar informações gerais que auxiliaram na aplicação dos grupos focais, conforme detalhamento a seguir. Grupos focais por arte da pesca Os grupos focais foram a metodologia escolhida para identificar as diferentes artes de pesca, estratificadas conforme suas peculiaridades e praticadas na localidade, garantindo não haver o favorecimento de um grupo de pescadores em detrimento de outros. Ademais, a realização de tais entrevistas em grupo permitiu alcançar um público de pescadores mais amplo e representativo em um intervalo de tempo menor do que seria possível através de entrevistas individuais. Da mesma forma, a aplicação de questionários de pesquisa fechados – mais rápidos que as entrevistas – não seria capaz de identificar elementos não previstos no formulário e minimizaria a importância dos fatores culturais da pesca artesanal. Os grupos focais foram aplicados através de encontros pré-agendados com pescadores identificados com o auxílio de lideranças e pescadores experientes e de acordo com as artes de pesca: . Arrasto de Praia . Rede de Espera . Mariscagem . Pesca de Linha . Pesca na Lagoa página / de 3/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Optou-se por conversar com o pescador in loco, ou seja, na praia após o desembarque ou em locais em que os pescadores se reúnem para consertar redes de pesca. Essa opção justifica-se por dois motivos: em primeiro lugar, existe um fator de mobilização - é possível atrair pescadores de outros grupos ou de outras artes a participar de seus respectivos grupos focais, e ainda substituir possíveis ausências. Em segundo lugar, existe um fator de reconhecimento e valorização do lugar da pesca como espaço de referência da atividade do grupo focal, pois em seu ambiente de trabalho o pescador não se sente submetido a um processo estranho de questionamentos em um espaço físico igualmente estranho e garante os instrumentos auxiliares de comunicação para sua livre expressão (desenhos na areia, apontamento de ilhas e locais no horizonte visível, apresentação de materiais, petrechos e até mesmo do próprio pescado). A aplicação dos grupos focais foi registrada em áudio, e contou dois recursos auxiliares. Foi usada uma adaptação da Carta Náutica 1506 – Proximidades da Baía de Guanabara (Anexo IVB do Diagnóstico), impressa colorida em formato A2, estabelecida como um recorte com os limites desde a Ilha Redonda no canto inferior esquerdo da figura, às Ilhas Maricás no lado direito, pontos apontados previamente como limites da área atuação dos pescadores. Os mapas foram usados como forma de indicar os locais em que determinada arte da pesca mais frequentava. Além do mapa, foi aplicado um roteiro de entrevista (Anexo IVC do Diagnóstico), em que eram indicadas informações sobre: principais espécies, detalhamento dos pesqueiros, meses de maior produção, forma de obtenção de insumos e manutenção e conflitos específicos da arte da pesca observada. A agenda de realização dos grupos focais é apresentado na Tabela 2, a seguir: Tabela 2 - Grupos focais DATA GRUPO FOCAL 11/07/2012 11/07/2012 12/07/2012 12/07/2012 20/07/2012 Arrasto de Praia Rede de Espera Mariscagem Pesca de Linha Pesca na Lagoa NÚMERO DE PARTICIPANTES 3 5 3 6 3 Levantamento de dados por embarcação Focado na questão da produção pesqueira, foi aplicado um questionário específico por embarcação (Anexo IVD do Diagnóstico). O questionário foi aplicado diariamente por uma coletora local durante um intervalo de 21 dias, contemplando o período de 9 a 30 de julho de 2012. Tal questionário apontou: . Tipo de embarcação; . Tamanho da tripulação; . Proprietário e/ou mestre . Condição de uso da embarcação (próprio, alugado, arrendado etc.); página / de 4/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / . Espécies de pescado capturadas; . Petrechos principais por espécie; . Áreas de atuação (pesqueiros); . Quantidade média (kg) de pescado no período; . Valor obtido na venda; . Principais compradores; . Horários de embarque e desembarque. Tais dados foram tabulados e analisados, e serviram para demonstrar a quantidade média de pescadores que embarcaram e desembarcaram em Canto de Itaipu durante o período, o volume (médio por dia e total) de pescado capturado, o capital obtido e a relação com compradores locais, conforme comparação dos dados com aqueles desenvolvidos pela análise do cadastro socioeconômico. Observa-se que tais informações não podem ser consideradas como estatística pesqueira devido ao curto período de coleta de dados (uma vez que não acompanhara todo o ciclo sazonal inerente à dinâmica pesqueira), mas servirão para apontar um comparativo com os dados levantados nas entrevistas com grupos focais referentes a outros períodos do ciclo completo (12 meses), e servirão secundariamente como uma forma de mesurar a percepção dos pescadores sobre sua própria produção econômica. Observações de campo Além dos procedimentos metodológicos elencados anteriormente, as frequentes visitas de campo e contatos para mobilização das entrevistas e dos grupos focais também serviram como momentos informais relevantes para acompanhar a dinâmica local e a inserção da atividade pesqueira, e que compõem a leitura geral da situação da pesca artesanal em Canto de Itaipu, onde incluem-se questões de política interna no grupo dos pescadores, conflitos e diferenças culturais em relação às transformações da pesca. Outras fontes de Dados Primários Como parte de uma análise integrada e multidisciplinar, foram incorporadas no presente diagnóstico informações levantadas através de metodologias pertinentes a outras disciplinas do Projeto, as análises dos dados levantados no cadastro socioeconômico e a primeira oficina pertinente ao modelo de participação. No cadastro socioeconômico (relatório no Anexo IB do Diagnóstico), foram feitos levantamentos a respeito dos pescadores residentes na área de estudo (Formulário de Domicílios, Bloco 6) e a respeito da relação da pesca com as demais atividades econômicas locais (Formulário de Estabelecimentos, Blocos 3 e 4). Tais informações foram abordadas nesse item como forma de apontar dados a respeito da relação da pesca com a economia local e para caracterizar sociologicamente o pescador residente em Canto de Itaipu. A realização da Oficina I – levantamento comunitário, como instrumento do modelo de participação, além do objetivo geral de aproximar o diálogo social necessário para o melhor desenvolvimento e aproveitamento do página / de 5/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Tabela 3 – Esquema de metodologia por tipo de dados projeto (ver relatório no Anexo II do Diagnóstico), serviu como uma experiência relevante para ver em ação o relacionamento dos pescadores locais e suas lideranças quando confrontado para apontar e participar de discussões comuns à toda a localidade, e tais observações foram disseminadas ao longo do conteúdo do material. 2.2. Dados Secundários O desenvolvimento dessa pesquisa lançou mão de diferentes fontes bibliográficas para a preparação para a coleta, a análise e a complementação dos dados primários. Seguindo esse arranjo, serão apontadas a seguir as fontes secundárias incorporadas a esse diagnóstico. Como fontes necessárias para traçar o panorama da pesca artesanal marinha, especialmente em Canto de Itaipu, foram consultados principalmente Antonio Carlos Diegues (1999), Roberto Kant de Lima e Luciana Pereira (1997) e a recente e extremamente valiosa tese de doutorado de Paula Chamy Pereira da Costa (2011). Esses materiais serviram como referência por diversas vezes ao longo de todo o estudo. Como fontes para a elaboração de metodologias específicas, foram consultadas Kress e Shoffner (2007) como referências para a elaboração da metodologia dos grupos focais, Boni e Quaresma (2005) como fontes para a realização das entrevistas e Triola (1999) como fontes para a análise estatística de dados quantitativos. Além desses, foram consultados também quatro fundamentais relatórios de dados estatísticos e análises de cenário da pesca como atividade econômica. Em primeiro lugar, foi consultado o relatório do Ministério da Pesca e Aqüicultura – MPA (2012). Além desse, também foi muito relevante o relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, 2012) e o relatório da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP) e executado pela Associação de Estudos Costeiros e Marinhos (ECOMAR, 2009), fornecido gentilmente pela Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ). Uma adição também bastante relevante à análise do projeto foi o estudo encomendado pela empresa petrolífera OGX de monitoramento pesqueiro na localidade, executado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva (Fundação PROZEE, 2012). página / de 6/49 página / de DADOS SECUNDÁRIOS X X X X COSTA X X X X X X X X PROZEE X X X X X X COL. Z-7 X X X AMAITA X X ARRASTO DE PRAIA X X X X REDE DE ESPERA X X X X MARISCAGEM X X X X PESCA DE LINHA X X X X PESCA NA LAGOA X X X X DADOS POR EMBARCAÇÃO X X X CADASTRO SOCIOECONÔMICO X GRUPOS FOCAIS X X X X CAMPo aud / X ALPAPI ENTREVISTA DADOS PRIMÁRIOS X X DIEGUES KANT DE LIMA E PEREIRA CAMBUCI Pescado produzido Integração com outras atividades econômicas locais 11/07/2012 X ECOMAR Artes da Pesca Caracterização das Embarcações DATA X MPA O pescador de Itaipu Representação política e conflitos institucionais RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 FAO Aspectos Históricos de Canto de Itaipu ASSUNTO Cenário da economia pesqueira / 7/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 3. / ASPECTOS DA PRODUÇÃO PESQUEIRA Para melhor compreender os problemas e os potenciais da pesca artesanal em Canto de Itaipu, é fundamental identificar como eles se apresentam, e diferenciar questões locais de um cenário geral da pesca como um todo. Em um movimento de aproximação, primeiro será apontada a situação da pesca atual nas escalas global, nacional e estadual. Em seguida, será detalhado o processo de transformações históricas da pesca artesanal de Canto de Itaipu até os dias atuais. 3.1. Cenário da Economia Pesqueira A pesca, como atividade econômica, é uma atividade fundamentalmente extrativista. Apesar do desenvolvimento mundial da aquicultura como alternativa para suprir o mercado com pescado nos últimos 20 anos, o mundo ainda está muito distante de ser capaz de atender todo o seu mercado com tais práticas. Essa é, contudo, uma questão estratégica para se considerar no mercado mundial da pesca, pois se comunica diretamente com o problema da sustentabilidade e do suprimento de estoque (leia-se cardumes) disponíveis. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o cenário atual da produção pesqueira encontra um avanço no resultado total, com uma oferta significativamente maior de pescado. O consumo mundial per capita de peixe aumentou de uma média de 9,9 kg em 1960 para 11,5 kg em 1970, a 12,6 kg em 1980, 14,4 kg na década de 1990, 17,0 kg na década de 2000 e atingiu 18,4 kg em 2009. As estimativas preliminares para 2010 apontam para um aumento no consumo per capita de peixe de 18,6 kg1. (FAO, 2012, p. 84) Esse aumento da oferta de pescado pode ser identificado de acordo com a tabela a seguir, na qual é possível perceber o acréscimo recente da participação da produção de captura continental (somente em rios e lagos) e da aquicultura (criação de pescado) no volume total da produção pesqueira mundial. 1 Tradução livre de: “World per capita fish consumption increased from an average of 9.9 kg in the 1960s to 11.5 kg in the 1970s, 12.6 kg in the 1980s, 14.4 kg in the 1990s, 17.0 kg in the 2000s and reached 18.4 kg in 2009. Preliminary estimates for 2010 point towards a further increase in per capita fish consumption to 18.6 kg.”. página / de 8/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Tabela 4 - Produção mundial de pescado em milhões de toneladas ANO 2006 2007 2008 2009 2010 2011 CONTINENTAL 9,8 10,0 10,2 10,4 11,2 11,5 MARINHA 80,2 80,4 79,5 79,2 77,4 78,9 CAPTURA TOTAL 90,0 90,3 89,7 89,6 88,6 90,4 CONTINENTAL 31,3 33,4 36,0 38,1 41,7 44,3 MARINHA 16,0 16,6 16,9 17,6 18,1 19,3 AQUICULTURA TOTAL 47,3 49,9 52,9 55,7 59,9 63,6 PRODUÇÃO TOTAL 137,3 140,2 142,6 145,3 148,5 154,0 CAPTURA AQUICULTURA Adaptado de FAO, 2012, p. 3. É importante ressaltar que, apesar do crescimento da oferta de pescado, esta não representa um cenário mundial homogêneo. A China sozinha respondeu em 2009 por 82,18% da aquicultura mundial (MPA, 2012, p. 15), e mesmo na tabela anterior é possível perceber a redução gradual da pesca extrativa (captura) marinha. “O Atlântico Sudoeste viu as capturas em declínio, com reduções de [...] 30 por cento desde 2007”2 (FAO, 2012, p. 8). Dessa forma, o balanço mundial da pesca é configurado em um estágio de profunda reestruturação. De um lado podemos perceber uma redução progressiva na produção pesqueira marinha extrativa, causada principalmente pela sobrepesca e pela pesca predatória ao longo do século XX, que não é devidamente contralada devido à ausência de políticas públicas de sustentabilidade na maior parte dos países do mundo até os dias de hoje (c.f.: FAO, 2012, pp. 151-193). De outro lado, vemos uma exploração sustentável e segura 2 Tradução livre de: “Both the Mediterranean–Black Sea and the Southwest Atlantic have seen declining catches, with decreases of 15 and 30 percent, respectively, since 2007.” página / de 9/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / da aquicultura como técnica mais produtiva, garantindo à China um protagonismo sem precedentes na produção de pescado mundial, com uma fatia de 41,68% das 145,3 milhões de toneladas produzidos mundialmente em 2009 (MPA, 2012, p. 13), como uma alternativa que pode ser adaptada e replicada em outros países. No Brasil, identifica-se problemas na produção relacionados à dependência da pesca marinha e a constante queda em seus estoques. De acordo com o último relatório do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA, 2012, p. 13), o Brasil ocupava a 18ª posição no ranking mundial de produtores de pescado em 2009, sendo o maior produtor do Sudoeste do Atlântico, mas participava mundialmente com apenas 0,86% do total produzido. Analisando-se a série histórica (1950-2010) dos dados de produção pesqueira do Brasil, observa-se um crescimento acentuado da captura de 1950 até 1985, quando foi registrada a maior produção, atingindo 956.684 t. [...] Entre 1986 e 1990 houve um declínio gradativo das capturas, quando a produção pesqueira diminuiu [...] para 619.805 t, evidenciado pelo inicio do processo de sobrepesca de alguns estoques. [...] De 1990 até o ano 2000, a produção pesqueira ficou caracterizada por um período de estabilidade. A partir do ano 2000, a produção voltou a crescer, passando de 666.846 t para 825.164 t em 2009. (MPA, 2012, p. 16). A difícil competição com a indústria pesqueira internacional vem levando a indústria nacional a buscar duas alternativas principais. Em primeiro lugar, a pesca marinha vem sendo realizada de forma cada vez mais estruturada e fiscalizada, havendo uma tímida recuperação do estoque e algumas espécies. Em segundo lugar, houve um significativo avanço na aquicultura, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. Tabela 5 - Produção pesqueira no Brasil 2009 2010 PESCA PESCA EXTRATIVA AQUICULTURA TOTAL 415.649,40 1.240.813,40 EXTRATIVA 785.366,30 AQUICULTURA TOTAL BRASIL 825.164,10 479.398,60 1.264.764,90 NORTE 229.746,60 36.028,40 265.775,00 232.176,60 41.839,00 274.015,60 NORDESTE 285.220,70 130.502,40 415.723,10 264.625,60 145.906,40 410.532,10 SUDESTE 119.018,80 59.619,20 178.638,00 113.865,20 71.770,70 185.635,90 SUL 179.152,60 129.494,60 308.647,20 161.657,50 150.042,50 311.700,00 CENTRO-OESTE 12.025,30 60.004,90 72.030,20 13.041,30 69.840,10 82.881,40 Adaptado de MPA, 2012, p. 19. página / de 10/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / O Estado de Santa Catarina foi o maior produtor de pescado oriundo da pesca extrativa marinha do Brasil em 2010, contribuindo com 23% da produção nacional desta modalidade. Contudo, a produção de 124.977 t em 2010 foi 16% menor do que em 2009, quando foram produzidas 148.907 t. [...] No Rio de Janeiro, a produção passou de 57.090 t, em 2009 para 54.113 t em 2010 (queda de 5,2%). Vale destacar que a produção pesqueira do Rio de Janeiro em 2010 pode ter sido subestimada, desde que existem informações de desembarques de parte da frota de cerco de Santa Catarina em Angra dos Reis – RJ (MPA, 2012, p. 24). Conforme é possível notar, portanto, o Estado do Rio encontra-se pressionado pelo avanço da indústria pesqueira de Santa Catarina, que além capturar espécies migratórias de inverno antes que alcancem a costa fluminense, possui também capacidade de vir em busca do pescado em águas do Rio de Janeiro quando o estoque é favorável. O desenvolvimento da indústria pesqueira no Espírito Santo também vem pressionando a pesca marinha no Rio de Janeiro. Frente a essa concorrência nacional pelo estoque de pescado, o Estado do Rio tende a perder espaço na produção nacional, caso não haja investimentos na indústria pesqueira sustentável e no desenvolvimento da aquicultura (c.f.: MPA, 2012) Com a difícil situação da pesca empresarial de grande porte no Rio de Janeiro, a posição da pesca artesanal também não fica mais confortável. Em um estudo financiado pela Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (SEAP) e executado pela Associação de Estudos Costeiros e Marinhos (ECOMAR) em 2009, foram estudadas cinco comunidades de pescadores tradicionais (Barra, Urca e Copacabana na capital, e Jurujuba e Itaipu em Niterói), em um trabalho para Caracterização da Atividade Pesqueira no Entorno das Ilhas Cagarras, visando identificar informações para a criação de uma Unidade de Conservação no arquipélago ECOMAR, 2009). No estudo, foram citadas algumas dificuldades para a atividade pesqueira tradicional nas comunidades estudadas: em primeiro lugar, a competição por espaço e recursos com a pesca industrial, com a pesca amadora, e mesmo entre os próprios pescadores artesanais foi um fator de conflitos indicados; em segundo lugar, o aumento da frota naval circulando nas águas da Baía de Guanabara e seu entorno cria uma série de dificuldades para a pesca; em terceiro lugar, a poluição do mar, de forma geral, também foi citada diversas vezes como um fator de conflitos para a manutenção da pesca artesanal (ECOMAR, 2009, p. 193); por último, A falta da presença do IBAMA no mar parece trazer um sentimento de frustração relacionada a qualquer nova iniciativa de ordenamento que parta deste órgão. Por esse motivo, o espaço marinho torna-se um local onde se pode fazer de tudo, onde vigora a impunidade. (ECOMAR, 2009, p. 195) Em Itaipu, especificamente, foram apontados problemas relacionados também à especulação imobiliária, como foi confirmado pela equipe durante os levantamentos em campo, traduzidos em uma permanente desconfiança de que ações de pessoas de fora seriam na verdade tentativas de remoção da comunidade de pescadores para a criação de supostos resorts e hotéis na localidade. página / de 11/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Possivelmente tal temor se justifique pelo fato de Itaipu ter vivenciado um processo de remoção de moradores tradicionais para dar lugar a condomínios na década de 1970, como será apontado a seguir. 3.2. Aspectos Históricos da Pesca Artesanal em Canto de Itaipu A Pesca é a atividade econômica mais antiga da localidade, e seus indícios apontam para a ocupação de populações pré-colombianas (DIEGUES, 1999). O recorte do levantamento histórico que será dado no presente diagnóstico tem como objetivo principal indicar as transformações sofridas ao longo do tempo que construíram o cenário atual da pesca artesanal em Canto de Itaipu, e para tanto serão trabalhados informações a partir do século XX, especialmente aquelas de relevante significância para caracterizar a atividade pesqueira que é encontrada nos dias atuais. Analisar a construção do cenário atual da pesca artesanal no caso de Canto de Itaipu exige que seja compreendido o processo de ocupação local. Os dois elementos patrimoniais mais antigos do ponto de vista arquitetônico são a Igreja de São Sebastião e o Recolhimento de Santa Teresa, que datam do início do século XVIII, mas Itaipu foi, até o início do século XX, uma localidade extremamente isolada, de características rurais, sem contar com meios de transporte regulares e mesmo sem estradas. Nesse período, o pescador era uma figura de destaque por dois motivos principais: porque possuía a mercadoria mais valiosa para o comércio local, onde o pescado concorria com carne seca de baixa qualidade como principal fonte proteica na alimentação dos povoados próximos, e também porque o pescador possuía como hábito regular realizar grandes deslocamentos, indo até a Praça XV para comercializar seu pescado com regular frequência. Dessa forma, o pescador possuía mais capital e mais acesso à cultura em comparação com seus pares locais de mesmo estrato social. (KANT DE LIMA E PEREIRA, 1997). O maior revés para essa condição relativamente melhor daquele período está relacionado ao desenvolvimento regional, tomando como referência o processo de urbanização nos anos 1970, com a inauguração da Ponte Rio Niterói e com o loteamento da Veplan, marco muito presente ao longo de todos os relatos históricos realizados pelos moradores mais antigos durante o levantamento de campo. O desenvolvimento urbano trouxe uma série de transformações à localidade como um todo, mas relativo à atividade pesqueira, um conjunto de mudanças devem ser considerados em específico. O primeiro aspecto percebido pelos pescadores foram as mudanças ambientais. O loteamento significou um processo relativamente rápido de ocupação de locais que antes eram trechos de “praia deserta”, e muitos pescadores foram removidos ou preferiram vender suas propriedades na praia, deslocando-se para o Canto de Itaipu ou para bairros do interior. A abertura do Canal na entrada da Lagoa de Itaipu também foi um fator de profundo impacto na atividade pesqueira. Com o canal, houve um rápido assoreamento e redução do espelho d’água da Lagoa e, além disso, não foi possível continuar realizando a pesca de arrasto de praia no trecho (porto pesqueiro) chamado pelos pescadores de Coroa, a pesca com rede de cerco foi dificultada pela barreira física introduzida, e a movimentação dos cardumes ao longo da praia foi alterada, passando a se deslocar mais para o fundo, dificultando todo o processo da pesca tradicional de praia (SOUZA, 2012a, KANT DE LIMA E PEREIRA, 1997). A pesca na Lagoa foi profundamente alterada. O ponto onde hoje existe o canal, já era aberto pelos pescadores em um canal temporário (SOUZA, 2012a, KANT DE LIMA E PEREIRA, 1997), uma vez ao ano, em um esforço coletivo de relevância cultural. Esse canal temporário permanecia página / de 12/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / aberto por cerca de um mês e servia para a entrada de camarões e outras espécies que usavam a Lagoa como local para desenvolvimento de filhotes. Quando o canal já havia sido fechado pela naturezano inverno, as espécies que se desenvolviam ali dentro era um recurso estratégico para o período, considerado de baixa produção para a atividade pesqueira. Ainda enquanto mudança ambiental, o gradativo aumento de emissão de efluentes, gerados pelas novas residências na Região Oceânica de Niterói, e o processo de desenvolvimento industrial e naval como um todo na região metropolitana do Rio de Janeiro foram percebidos localmente na forma da contínua redução do tamanho de cardumes e da diversidade de espécies (SOUZA, 2012a, KANT DE LIMA E PEREIRA, 1997). Um segundo aspecto histórico do desenvolvimento urbano recente na localidade é a disputa pelo espaço físico com outras atividades além da pesca. Os pescadores, que anteriormente eram apenas aqueles que habitavam ao longo da Praia de Itaipu (incluindo trechos que hoje fazem parte de Camboinhas), mudaram de endereço e de perfil para bairros mais distantes ou para o Canto de Itaipu3. Esse processo não pode ser considerado exclusivamente como uma “expulsão”, tendo em vista que, afora aqueles indenizados pela Veplan, muitos pescadores viram na valorização de seu imóvel ou de seu terreno uma boa oportunidade de venda. Esses pescadores sofreram, contudo, um impacto no seu acesso ao mar visto que não poderiam sair à pesca com a mesma facilidade de antes, com a perda do espaço chamado de “rancho pesqueiro”, “oficina de pesca”, ou “barracões de pescaria” (KANT DE LIMA E PEREIRA, 1997, p. 50) onde realizavam o conserto de embarcações e de redes, além de terem também o impacto do custo de deslocamento acrescentado em seu custo de vida. Além dessa mudança de local de moradia, a pesca viu-se obrigada a compartilhar o espaço da praia, que antes era vasto e vazio, com um volume arrebatador de frequentadores e turistas, que durante o verão ocupam praticamente toda a faixa de areia. Junto com os turistas chegaram os ambulantes, quiosques e restaurantes (muitos dos quais estabelecidos em antigas casas de pescadores, atualmente descaracterizadas), que também passaram a fazer parte do convívio com a pesca artesanal. Se, por um lado, esse aumento do público da Praia de Itaipu, que desde a abertura do canal viu suas dimensões reduzidas do canal ao Morro das Andorinhas, trouxe mais compradores que agregam valor ao pescado local, por outro lado exigiu sérias restrições às atividades tradicionais. Um desdobramento desses dois grupos de transformações indicados foi a perda de uma série de atividades tradicionais que um dia caracterizaram a pesca artesanal em Canto de Itaipu, e que por sua vez formaram a pesca como se encontra atualmente. Conforme será detalhado adiante, algumas artes da pesca estão sob o risco de desaparecer na localidade. Outras características locais, como a dinâmica de normas específicas de 3 É importante lembrar que, antes da abertura do Canal e do loteamento realizado na década de 1970, toda a extensão da praia até Piratininga era chamada de Itaipu. Nesse período, Camboinhas não era o bairro que existe hoje, mas apenas o nome de um trecho (porto pesqueiro) da Praia de Itaipu, assim como o Canto do Prato, atualmente conhecido como Canto de Itaipu, uma das poucas áreas da antiga Itaipu que não passou por transformações profundas através do processo de loteamento. página / de 13/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / marcação de pontos pesqueiros, a ordem da vez dos pescadores ao lançar redes e a própria comercialização do pescado passaram a se adaptar às pressões ambientais e às necessidades de transição de uma percepção do grupo como uma comunidade para uma categoria profissional, ainda que os laços de tradição entre os pescadores mais antigos e seus descendentes mantenham importância máxima. O desafio que se coloca a esses pescadores interessados em garantir as tradições da pesca artesanal local é “educar” os pescadores novos na localidade e, ao mesmo tempo, oferecer condições econômicas para atividades pesqueiras que vêm desparecendo devido à imensa queda na produção. 4. CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE PESQUEIRA EM CANTO DE ITAIPU A pesca artesanal em Canto de Itaipu, desde os anos 1970, já não pode ser caracterizada exclusivamente com base nos pescadores que moram na localidade. Entretanto, esses pescadores locais indicam um bom parâmetro para a melhor avaliação das tradições pesqueiras e, através do cadastro socioeconômico juntamente com o levantamento de dados por embarcação, é possível apontar quantitativamente o cenário econômico da produção pesqueira local. 4.1. O Pescador de Itaipu No cadastro socioeconômico realizado nas áreas da Duna Grande, Vila dos Pescadores e Praia de Itaipu foram identificados 33 pescadores residentes no local. Como informação complementar, no período de levantamento de dados por embarcação, que durou três semanas, identificou-se 61 pescadores atuantes, mas que não necessariamente moradores, que atuam na localidade. Vale ressaltar que esse levantamento teve curta duração, não sendo capaz de abarcar, portanto, a totalidade de pescadores que atuam naquela área. Em relação ao nível educacional, esses pescadores abordados pelo cadastro socioeconômico podem ser considerados com um nível de formação bastante variado, constando desde analfabetos a pescadores com nível superior incompleto. A maior parcela declarou possuir nível fundamental incompleto (49%), e a segunda maior fatia ficou para pescadores com nível médio completo (21%), conforme ilustrado no gráfico a seguir. página / de 14/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Figura 1 - Gráfico de distribuição de nível educacional A maior parte (72%) dos pescadores cadastrados é proprietário da embarcação que usa para pescar, como indica o seguinte gráfico. Figura 2 - Gráfico de relação com a embarcação página / de 15/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / De acordo com dados do cadastro socioeconômico, a forma de pagamento da maioria dos pescadores (47%) dos pescadores é realizada por partes, forma em que o valor do pescado obtido é distribuído conforme a posição hierárquica do pescador na embarcação, de acordo com a comercialização. Outros 25% recebem por diária, dinâmica em que o valor a ser recebido é pré-fixado. Figura 3 - Principais formas de pagamento dos pescadores Assim como em outros grupos sociais, os pescadores de Itaipu não formam um grupo homogêneo e planificado. Existem diferentes perfis de pescador em Itaipu, conforme será desenvolvido a seguir. O primeiro perfil de pescador a ser apontado é exatamente aquele que mais se aproxima daquilo que se imagina como um pescador artesanal. Esse pescador tem normalmente entre cinqüenta e sessenta anos de idade e é um pescador local desde a juventude. Aprendeu o ofício com seu pai, e atualmente é o dono de sua própria pescaria. Esse pescador vivenciou todas as principais transformações recentes sofridas na localidade, e vê com desconfiança a presença de iniciativas urbanísticas na localidade. Seu principal temor é que o projeto mascare uma tentativa de remoção das famílias tradicionais, mas preocupa-se de forma geral com a perda das tradições da pesca e com a degradação ambiental e os impactos sobre a pesca. Está entre as figuras mais respeitadas por todos na localidade, por seu conhecimento do mar e sua vivência. Normalmente seus descendentes já não seguem a carreira de pescador, optando por outras carreiras com mais perspectiva de crescimento social e financeiro. O segundo perfil de pescador é aquele que vem de uma geração mais jovem que o primeiro. Assim como o pescador anterior, tem na pesca tradicional um valor importante, porém preocupa-se mais com os ajustes necessários para a sobrevivência da pesca enquanto atividade econômica tradicional. Com sua idade girando entre os 35 e 45 anos, esse pescador também é muito respeitado e ouvido localmente, mas ao contrário do pescador mais velho, busca na organização social e política do grupo meios para transpor as dificuldades da categoria. Encara o Projeto Urbanístico como uma boa oportunidade para trazer melhorias para a comunidade e para a atividade pesqueira. Encontra como maiores desafios, contudo, a desunião página / de 16/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / entre os pescadores internamente e, externamente, a pressão dos problemas ambientais locais. Assim como o primeiro pescador, faz utilização de rede na pescaria, mas já não guarda a tradição do arrasto, apesar de valorizar a história das grandes pescarias de tainha no passado. O terceiro perfil de pescador é uma figura que normalmente tem as mesmas origens locais do segundo, mas em determinado ponto da vida optou por tornar a pesca artesanal uma atividade complementar. Normalmente esse pescador cuida de um pequeno comércio em sua propriedade, orientado fundamentalmente para o turismo local, ou então busca outras oportunidades como homem do mar, como por exemplo, aquaviário. Esse pescador ainda pratica a pesca, é reconhecido pelos novos e pelos antigos como pescador, mas não depende da atividade como fonte principal para seu sustento e o de sua família. Normalmente não tem participação política, mas queixa-se da desunião dos pescadores. Desconfia da possibilidade de remoção de famílias pelo Projeto, e evita falar mais do que o necessário para não se comprometer, como se temesse ser prejudicado na pesca por exercer outro tipo de atividade remunerada. O quarto perfil de pescador é um tanto diferenciado, pois ele é um elemento que, apesar de já pescar em Itaipu há vários anos, não tem origens na localidade. Não se considera um pescador de fora, mas algumas vezes é visto como tal pelos mais antigos e não compreende bem (ou não respeita) as normas da pesca tradicional local. Apesar disso, participa intensamente da vida social e econômica da pesca artesanal na localidade, mas se esquiva frequentemente de questões políticas, por receio de represálias ou desacordos. Não se vê afetado de forma alguma pelo Projeto, nem positiva nem negativamente. Sua arte de pesca principal é a linha de mão. O quinto e último perfil de pescador é uma figura acima de tudo política. Seu engajamento local já é antigo, conhece a pesca e é respeitado por todos. Possui rivais políticos de grupos opositores, e discute as questões relevantes para a pesca local sob a ótica política, por vezes deixando transparecer que o antagonismo suplanta os argumentos na tônica de determinadas discussões. Seu envolvimento político extrapola os contatos locais e normalmente possui algum contato com lideranças políticas regionais. Sua atividade na pesca é esporádica, possuindo sempre outra fonte de renda principal, apesar de participar ativamente do dia-a-dia dos pescadores locais. Por outro lado, a situação fragilizada da pesca artesanal os coloca em uma posição de descrédito em relação a suas propostas. 4.2. Representação Política e Conflitos Institucionais Existem duas instituições principais que representam politicamente os pescadores de Itaipu: a Colônia de Pescadores Z-7 e a Associação Livre de Pescadores e Amigos da Praia de Itaipu (ALPAPI). Ambas as instituições são representativas dos pescadores locais, e coexistem em meio a conflitos e disputas entre página / de 17/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / grupos de lideranças locais, sendo frequentes as trocas de acusações e com disputas judiciais pendentes. A participação política dos pescadores entrevistados no cadastro pode ser sintetizada conforme gráfico4 a seguir. Figura 4 - Gráfico de participação política por pescador através do cadastro A Colônia de Pescadores em Itaipu é uma instituição criada em 1921 (KANT DE LIMA, 1997, COSTA, 2011, ALMEIDA et al., 2012). Em um processo amplo de estabelecimento de estruturas institucionais para aplicar ações de “saneamento das populações de pescadores, desenvolver a indústria pesqueira nacional”, e ao mesmo tempo incorporar o conhecimento detalhado dos pescadores a respeito da costa brasileira em um sistema de defesa militar, uma missão da Marinha de Guerra do Brasil percorreu todo o litoral do país, estabelecendo boa parte das colônias existentes hoje, que formam 26 federações estaduais e uma confederação nacional. 4 É importante destacar que os dados apresentados nesse gráfico correspondem a uma amostragem de moradores de Canto de Itaipu residentes dentro da área cadastral, e que portanto não incluirão os moradores de outras partes de Itaipu ou aqueles que já moraram na localidade mas que se mudaram para outro local antes do cadastro. página / de 18/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Figura 5 - Sede da Colônia de Pescadores Z-7 De acordo com a entrevista realizada com representantes da Colônia Z-07 durante o levantamento de campo, atualmente, a Colônia Z-7 conta com 771 pescadores cadastrados (ALMEIDA et al., 2012), em uma abrangência que inclui áreas do Costão de Santa Cruz, Itaipu, Maricá, Camboinhas, Barra de Maricá, São José, Itacoatiara, Itaipuaçu, Ponta Negra e as lagoas de Piratininga, Itaipu e Maricá. Na pesquisa cadastral realizada foram identificados 33 pescadores residentes na área. De acordo com os representantes da colônia, desse total de cadastrados, cerca de apenas 10 são pescadores profissionais em tempo integral e residem no trecho da antiga Vila de Pescadores (limitada a leste pela Praça do Canhão, a oeste pelo Morro das Andorinhas, a norte pela Rua da Amizade e ao sul pelo mar). A Associação Livre de Pescadores e Amigos da Praia de Itaipu (ALPAPI) foi criada em 1988, com o apoio da Pastoral da Pesca (SOUZA, et al., 2012b, COSTA, 2011, p. 68), com o apoio e incentivo do Frei Alfredo Schnüttgen, Secretário Geral da Pastoral da Pesca no Brasil à época, e liderança relevante nos movimentos de pescadores no Brasil desde a década de 1960, desenvolvendo um movimento nacional de associações livres de pescadores no Brasil para defender os interesses dos pescadores artesanais. Existem cerca de 130 afiliados na associação, sendo que desses 48 são pescadores. A área de atuação da ALPAPI é restrita a parte do bairro de Itaipu, envolvendo moradores apenas da área que abrange da praia até o Corpo de Bombeiros. página / de 19/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Figura 6 - Representantes da ALPAPI fornecem dados à equipe técnica Essas duas entidades encontram-se em um prolongado e complexo processo de disputas políticas, que começou com a disputa pelo poder da Colônia. Como um tipo de instituição desenvolvida por órgãos militares – na verdade as primeiras colônias foram criadas pela Coroa Portuguesa no século XIX (DIEGUES, 1999) –, a Colônia Z-7 permaneceu durante muito tempo sendo gerida por um interventor indicado pela Marinha, oferecendo pouca ou nenhuma representatividade aos pescadores, e mesmo em alguns casos posicionando-se contrariamente aos interesses dos mesmos, em favorecimento de interesses de políticas de governo. Na década de 1970, a gestão das Colônias de Pescadores foi passada para o controle de civis (COSTA, 2011, p. 67, ALMEIDA et al., 2012). Com isso, houve um processo de desestruturação administrativa em relação ao que existia anteriormente. Até a década de 1990, não houve muita atuação por parte da gestão da Colônia. Relatos dos pescadores indicam que, até esse período, houve ao menos dois presidentes civis, e o presidente em exercício na instituição, que não desenvolvia atividades nem convocava eleições, para permanecer na presidência da Colônia. Em 1992, um grupo de pescadores vinculados à ALPAPI fez um pedido na justiça de intervenção na gestão da Colônia e, após decisão favorável, esse mesmo grupo continuou na gestão da entidade ao longo da década. Contudo, um grupo de pescadores se opôs à gestão em exercício e, em 2000, tendo como pano de fundo uma disputa pela realização da Festa Junina em Itaipu (Festa de São Pedro) – principal meio de captação de recursos para a Colônia – uma sequência de disputas e intervenções judiciais estabeleceu no poder o grupo que permanece na gestão da Colônia Z-7 até os dias atuais. Esse conflito resume a situação política dos pescadores no Canto de Itaipu atualmente. A equipe de campo acompanhou diversas acusações, relatos de conflitos que atravessam a esfera pessoal e versões incompatíveis de relatos sobre o processo que desencadeou o conflito. página / de 20/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / A Colônia Z-7, institucionalmente permanece sendo responsável pelo registro dos pescadores, conta com espaço físico próprio e é a detentora do direito de realização da Festa de São Pedro na localidade. A entidade queixa-se de problemas financeiros para executar projetos locais, principalmente devido à inadimplência dos pescadores registrados (a mensalidade na Colônia atualmente é de R$ 5,00 - cinco reais). A ALPAPI não conta com sede própria, e sua atuação política fica restrita a questões deliberativas, demandas a órgãos públicos e participação em encontros de entidades representativas dos pescadores. Os pescadores locais que não são participantes ativos de um ou de outro grupo veem com profundo desagrado tal conflito. Por diversas vezes foi ressaltada a desunião entre os pescadores como um fator prejudicial para o desenvolvimento sustentável da pesca artesanal em Canto de Itaipu. De acordo com os pescadores locais, a Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ) encontra-se institucionalmente em uma posição favorável para buscar soluções para o conflito apontado. Apesar de não contar com um histórico de atuação em Canto de Itaipu, a instituição deu um importante passo recentemente, ao iniciar o controle de desembarques pesqueiros na localidade no final do mês de julho. 4.3. Artes de Pesca em Canto de Itaipu Em Canto de Itaipu a atividade pesqueira é caracterizada pelo uso mais frequente de diferentes tipos de rede ou linhas e pelo uso de canoas ou embarcações de pequeno porte, sem condições de atingir um alcance muito longo ou de pescar em alto mar – aproximadamente 11 milhas náuticas para oeste e nove para leste da Praia de Itaipu. Ainda que técnicas tenham sido substituídas devido a necessidades de produção (diminuição de cardumes, períodos de defeso, concorrência com pesca industrial) e devido a melhorias e barateamento em materiais (redes e linhas de nylon, iscas artificiais elaboradas, barcos de metal, aglomerados ou fibra de vidro, uso de motor), o elemento principal na definição das artes da pesca tradicionais – a forma de uso do petrecho na captura do pescado – mantém-se como elemento principal na definição das diferentes artes da pesca. No gráfico a seguir, é possível verificar as principais artes da pesca citadas pelos pescadores entrevistados para o cadastro socioeconômico5. 5 Mais uma vez, é importante destacar que esses pescadores cadastrados foram aqueles que moram em Canto de Itaipu, e não incluem os pescadores que embarcam e desembarcam na localidade mas moram em locais mais distantes. Esses últimos foram identificados qualitativamente através dos grupos focais. página / de 21/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Figura 7 - Gráfico de principais artes da pesca Arrasto de Praia De acordo com o que foi detalhado pelos pescadores locais, o arrasto de praia é feito sempre, como o nome já indica, na beira da praia, com uma distância necessária de aproximadamente 300 metros de faixa de areia livre. Nessa arte de pesca, um barco cerca com a rede de arrasto a faixa de praia escolhida, e aqueles presentes na praia, normalmente pescadores de outras artes ou outros frequentadores ajudam na “puxada”, como é chamado o ato de puxar as duas pontas da rede para a areia, arrastando para dentro da rede todas as espécies presas no cerco. É hábito dos pescadores de arrasto recompensar os voluntários da puxada com um ou dois peixes cada, de forma que, se forem capturadas 10 caixas de peixe, aproximadamente duas são destinadas para essas pessoas. página / de 22/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Figura 8 - Canoa tradicional no arrasto de praia com rede à frente Tradicionalmente, o arrasto de praia contava com um número amplo de embarcações, em grupos formados por pescadores, chamados “companhas”. As companhas revezavam-se para lançar-se a essa pesca, que durava todo o dia e era mais forte durante a “corrida”6 da tainha. Havia locais estratégicos, conforme indicado em círculos vermelhos e pontos no mapa da figura 9, em que eram posicionados os vigias, pescadores experientes que percebiam a chegada de cardumes e avisava aos demais, que rapidamente mobilizavam os companheiros para a realização dessa arte. O resultado do levantamento foi que a pesca de arrasto atingia apenas quatro praias: Itaipu, Camboinhas, Piratininga e Itacoatiara, conforme indicado na figura a seguir. 6 Chama-se corrida quando determinado cardume passa pela localidade, sem permanecer por ali durante muito tempo. página / de 23/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Figura 9 - Pesqueiros de Arrasto de Praia Segundo os pescadores locais, as transformações locais implicaram em severas limitações a essa arte de pesca. Não é mais possível realizar a pesca de arrasto em pontos próximos ao canal, devido às limitações impostas pela barreira de pedra. Também não é mais possível fazer o arrasto após as primeiras horas da manhã, quando a praia começa a ser ocupada por banhistas. O tamanho e a regularidade dos cardumes de tainha e outras espécies também para essa arte não é mais satisfatório. Os pescadores que conhecem essa tradição estão se perdendo em mudanças para locais mais distantes ou buscam atividades mais lucrativas, ao ponto em que não existe mais a figura do vigia, e não se pode mais mobilizar uma companha grande com agilidade, pois os pescadores que antes praticavam essa arte atualmente não moram nas proximidades página / de 24/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / De acordo com os informantes do grupo focal, o arrasto de praia atualmente tende ao desaparecimento. Remanescem somente duas “pescarias”7 de arrasto de praia, sendo que apenas uma é realizada com regularidade, e conta com apenas dois pescadores, um deles já idoso. Redes de Espera A rede de espera pode ser facilmente considerada a principal arte de pesca praticada pelos pescadores que embarcam e desembarcam em Canto de Itaipu. Contudo, existem diferentes redes de espera. As principais são a rede alta, de caceia, de fundo e a corvineira, Figura 10 - Rede de Espera de Fundo A pesca com rede de fundo se caracteriza por ser uma arte em que a embarcação leva a rede para o mar em um ponto com bom potencial de captura (pesqueiro), em um horário determinado da manhã. A rede fica posicionada verticalmente no fundo do mar, com o uso equilibrado de “coitas” (pesos ou âncoras) e boias ou cortiças. Depois de posicionadas as redes, os pescadores retornam no dia seguinte para recolher a rede e o pescado capturado. A rede pode ser identificada devido à sinalização feita com uma boia na superfície munida de mastro e bandeira, indicando a posição exata da rede. Tal arte da pesca exige grande esforço 7 Pescarias são os grupos que possuem todo o instrumental para fazer determinado tipo de pesca, principalmente a embarcação e as redes. página / de 25/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / físico para posicionar e depois erguer a rede cheia de dentro do mar. Os pesqueiros propícios para esse tipo de rede são localizados em águas mais profundas e com grande potencial para a “corrida” dos cardumes. A corvineira é uma espécie de rede de fundo, que possui uma malha mais larga, visando capturar apenas espécies maiores, principalmente a corvina. A rede de alta funciona em um processo análogo ao das redes de fundo. Assim como elas, a rede é posicionada em um dia e recolhida no dia seguinte, e sua posição também fica sinalizada para facilitar a localização posterior da rede. No entanto, ao invés de possuir o peso superior ao empuxo para manter-se ereta sob o mar como a rede fundo, essa rede possui boias que garantem sua flutuação e pesos suficientes apenas para garantir que a rede permaneça esticada verticalmente. Os pescadores de Canto de Itaipu declararam que, ao contrário de pescadores de outras localidades, preferem manter a rede alta ancorada ao fundo do mar, para evitar perdê-las à deriva. Essa rede pode ser usada em pescarias nas ilhas ou em praias, e nesse último caso é chamada também de rede de caceia pelos pescadores. KANT DE LIMA E PEREIRA (1997, p. 87) sinalizam que esse tipo de pesca é considerado novo em Itaipu, constando na localidade a partir de 1963. O levantamento técnico realizado para o presente diagnóstico aponta, contudo, que atualmente essa é a prática mais comum entre os pescadores locais, dado esse endossado por levantamento recente, realizado por uma empresa privada, que indica que entre os pescadores artesanais de Niterói, as redes de espera de fundo respondem por 41,2% da produção de pescado (PROZEE, 2012). Os pesqueiros de rede de espera de fundo são limitados a dois fatores principais: à distância em relação ao Canto de Itaipu e a profundidade das águas. De acordo com os pontos de passagem dos cardumes, as redes são posicionadas em pleno mar. Os pescadores relataram que tradicionalmente as redes de espera não são posicionadas para além dos 25 ou 30 metros de profundidade (indicados no mapa pela linha verde), mas com a redução dos cardumes e a degradação ambiental, gradualmente a maior parte dos pescadores mais novos passou a colocar suas redes em profundidades cada vez maiores, e atualmente boa parte opera em profundidades de até 40 metros (linha azul). Em ambos os casos, não há uma determinação específica8 para o local em que a rede será posicionada, variando sempre em razão das mudanças constantes no leito do mar, a época dos cardumes e influências de fatores externos, como presença de plataformas de petróleo, pesca industrial e diversas outras possibilidades. 8 É necessário, contudo, considerar a hipótese que os pescadores preferiram não indicar os locais exatos em que a pesca é realizada, pois apontar publicamente os locais favoritos para a pesca significa compartilhar uma informação valorosa para a lucratividade do pescador ou da embarcação. página / de 26/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Figura 11 - Pesqueiros de Redes de Espera Atualmente, o uso desse tipo de arte de pesca sofre profundamente com problemas principais: em primeiro lugar, foi indicado nos grupos focais e nas entrevistas com lideranças pesqueiras um grave problema relacionado à dragagem do Porto do Rio, que deposita seus resíduos no fundo em áreas que já foram pesqueiros tradicionais. Esses resíduos tendem a se movimentar, de acordo com a declaração dos pescadores, e em determinadas ocasiões o resíduo se prende às redes, principalmente as de fundo, destruindo o material de trabalho, em um prejuízo que gira entorno de mil a até 4 mil reais. Essa arte da pesca também se vê pressionada pela pesca predatória realizada por indústrias pesqueiras. De acordo com os pescadores, grandes embarcações vindas de Jurujuba e dos estados de Santa Catarina ou do Espírito Santo capturam cardumes inteiros, incluindo filhotes, afetando toda a cadeia alimentar marinha e afastando o pescado regular para regiões de águas mais profundas. Pesca de Linha A pesca de linha, ainda que sinalizada em estudos da década de 1970, é uma prática que se mantém em constante crescimento em Canto de Itaipu. Pratica-se a pesca de linha de mão ou com vara, com anzol singular ou múltiplos anzóis, com ou sem isca. Todas essas variações se adéquam ao tipo de pescado que é almejado pelo pescador, e na maior parte das vezes o pescador vai ao mar com diferentes tipos de linha e de iscas, e lança mais de uma linha por vez. A rotina de trabalho dessa arte de pesca é mais variável. O pescador vai ao mar pouco antes do nascer do sol e se direciona aos pesqueiros. De acordo com a página / de 27/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / produtividade, as embarcações deslocam-se ou não ao longo do dia, em busca de outros pontos de pesca, e retornam após terem obtido a quantidade desejada. O horário de retorno nessa arte da pesca é, portanto, o mais flutuante e mais tardio em comparação com as demais artes – em geral os pescadores chegam do mar entre 10 e 12 horas, podendo estender o retorno até meados da tarde. Figura 12 - Pescadores de linha preparam o pescado para a comercialização Enquanto arte da pesca mais recente, ela reflete alguns aspectos das transformações históricas sofridas pela pesca artesanal em Canto de Itaipu. Em queixas pontuais de um comerciante local e de um pescador tradicional na localidade, os novos pescadores não adotam as mesmas normas de comportamento que os antigos, sendo menos preocupados com o uso compartilhado do mar e da faixa de areia. O que se observa, contudo, com a presença da equipe ao longo do levantamento, é que de fato existe uma esportiva rivalidade entre os praticantes de pesca com rede e os praticantes de pesca com linha, que pode ser mal explorada por determinados indivíduos, não constando de fato em uma separação significativa entre pescadores. Ao contrário dos problemas apontados pela pesca com rede, os pescadores de linha declaram que não possuem seu material perdido devido à dragagem do Porto do Rio, mas percebem, por outro lado, um página / de 28/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / grande impacto na perda de locais para a pesca e na redução do pescado de forma geral, também muito associada à pesca predatória ou sobrepesca9. O pesqueiro chamado de Largo de Itacoatiara, que, ao contrário do que o nome indica, encontra-se em sua maior parte ao longo da Praia de Itaipuaçu, é utilizado somente durante a época em que se produz maior quantidade de espada, o verão (considerado pelos pescadores de setembro a março). Os pesqueiros de anchova, com destaque para a Ilha do Pai, encontram-se com o uso pela pesca de linha em decréscimo devido à concorrência com a pesca por rede de espera. Figura 13 - Pesqueiros de Pesca com Linha 9 A sobrepesca se diferencia da pesca predatória por um aspecto legal. A sobrepesca atua conforme todos os limites e proteções às espécies, mas em grande quantidade continua causando impactos prejudiciais ao estoque de pescado. Já a pesca predatória é toda aquela pesca que desrespeita as restrições legais de proteção dos pescado. página / de 29/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Mariscagem A mariscagem é uma arte também tradicional em Canto de Itaipu. Consta um número menor de pescadores na localidade, que também vem sendo reduzido progressivamente. Os marisqueiros saem ao mar em uma embarcação de pequeno porte (baleeira), e a coleta envolve mergulho por apneia, com a utilização de equipamentos básicos (máscara e roupa de borracha) e cavadeiras para remover os mexilhões da pedra. Assim como as demais atividades pesqueiras, a mariscagem é praticada nos períodos da manhã. Em Canto de Itaipu a mariscagem realizada é focada exclusivamente na coleta do mexilhão. Figura 14 - Marisqueira prepara o mexilhão para a comercialização O processo de produção do mexilhão exige, contudo, que ele seja pré-cozido antes de ser comercializado, caso contrário não é possível abrir suas conchas. Historicamente, antes de haver qualquer legislação a respeito, a tradição da pesca de marisco era prepará-los em um espaço aberto junto ao Morro das Andorinhas, fazendo uso da lenha disponível na mata. Com a criação do Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET), a ocupação daquele espaço e, principalmente, a prática de fogueiras para a preparação do mexilhão passaram a ser combatidas pela fiscalização do Parque. A fiscalização informou, segundo os marisqueiros, que é proibido fazer fogueiras tanto na pedra quanto na faixa de areia, e que para o preparo do mexilhão dever-se-ia usar fornos a gás. Dessa forma, o custo operacional para a realização da mariscagem tornou-se mais caro, e dos quinze marisqueiros regulares de antes da visita dos fiscais do INEA restaram apenas três, destes dois são moradores locais. Os marisqueiros definiram como sua área de atuação: Ilha da Mãe, Ilha da Menina, Ponta de Itaipu, Ponta de Itacoatiara e Enseada do Bananal (em vermelho no mapa). A Ilha da Menina e a Boca do Canal (em lilás no mapa) são pesqueiros utilizados para a pesca da Lula. Tais pontos de pesca estão identificados na figura a seguir. página / de 30/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Figura 15 - Pesqueiros de Mariscos e Lula Vale destacar que, apesar do tamanho reduzido, a mariscagem é a atividade com maior participação feminina, contando com cerca de 30% de mulheres na atividade atualmente, segundo a estimativa dos marisqueiros entrevistados. Pesca na Lagoa de Itaipu A Lagoa de Itaipu foi apontada ao longo das entrevistas como um ponto de pesca artesanal. A história da pesca artesanal em Itaipu está diretamente ligada ao uso da Lagoa como pesqueiro principal ou como pesqueiro auxiliar para a maioria dos pescadores tradicionais. Contudo, a atividade está em um estágio bastante avançado de abandono. Ao contrário dos demais grupos focais, esse grupo foi delimitado pelo local de pesca, e não pelo uso de um exclusivo tipo de petrecho. Essa é uma exigência das próprias condições do trabalho local. Os pescadores na lagoa lançam mão de diferentes artes para capturar espécies específicas que eram somente nas condições oferecidas pela Lagoa de estuário para desova e desenvolvimento de filhotes, fazendo um uso equilibrado desse pescado sem prejudicar sua reprodução. página / de 31/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Figura 16 - Pescador procura espécies com tarrafa Na lagoa, as principais artes de pesca são: a rede de caceio, a tarrafa, a rede de cerco e o puçá. A rede de caceio é um tipo de rede de espera que fica posicionada verticalmente sob a superfície da água. A rede é posicionada no primeiro dia próxima locais de passagem da espécie-alvo e no dia seguinte recolhida com os peixes capturados. Dentro da Lagoa esse tipo de rede já foi muito usada na captura do camarão, mas o declínio dessa espécie na Lagoa vem tornando o uso dessa técnica cada vez menos recorrente. A pesca com tarrafa é caracterizada pela rede circular que é enrolada e lançada sobre o cardume de forma que se abre com o peso das pequenas peças de chumbo distribuídas na borda da rede, e é recolhida rapidamente, com as espécies já capturadas. Depois de separado o pescado da rede, o recurso pode ser repetido várias vezes ao longo do dia. A rede de cerco é uma pesca realizada com a movimentação do barco. Uma rede é lançada ao mar e a embarcação é guiada ao redor do cardume, cercando-o. Assim que o cerco foi completado, uma série de cordas são puxadas de forma que a rede se fecha sob o cardume e é recolhida para dentro do barco. Se obtiver sucesso total, o cardume inteiro é capturado. A pesca com puçá é realizada em águas mais rasas, e é usada exclusivamente em Itaipu para a captura de siris. O puçá é uma armadilha cilíndrica, com uma isca em seu interior e uma entrada cuneiforme, que não permite que o siri consiga escapar. As armadilhas são distribuídas ao longo da lagoa e recolhidas posteriormente. A produção de pescado na Lagoa de Itaipu é apontada pelos pescadores locais como bem dividida em dois momentos: antes e depois de 2008. Os pescadores indicam como motivo para justificar a separação tão página / de 32/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / precisa o funcionamento da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) de Itaipu. De acordo com os pescadores, existem denúncias de que a partir desse ano a ETE passou a operar com algum tipo de produto químico que causa grandes impactos na vida aquática lagunar. Depois desse período, a pesca na lagoa tornou-se insustentável, e os pescadores que dependiam da atividade na lagoa passaram a migrar para outras formas de pesca ou outras atividades profissionais (de acordo com o grupo focal, em sua maioria passaram a trabalhar como porteiros nos novos condomínios ou na construção civil). Essa evasão de pescadores foi percebida pela equipe ao realizar o levantamento preliminar de pescadores artesanais que tem a pesca na lagoa como atividade principal. O grupo focal apontou que antes desse cenário, havia cerca de 50 pescadores que trabalhavam principalmente na Lagoa, e hoje esse número se reduziu a apenas quatro. De forma geral, os problemas da pesca na Lagoa já estão bastante consolidados e a atividade encontra-se praticamente abandonada pelos pescadores artesanais. Ao contrário das atividades pesqueiras no mar, os conflitos e problemas da pesca na Lagoa são diretamente relacionados à poluição local, em consequência da ocupação desordenada de sua orla, e também ao processo de assoreamento causado pela abertura permanente do canal interligando a lagoa ao mar em 1977. Outras artes de pesca Existem (e existiram) ainda outras atividades pesqueiras praticadas em Canto de Itaipu, contudo nenhuma delas representa uma tradição artesanal ou então não é praticada como atividade exclusiva. Dentre essas, é importante citar a pesca com mergulho, a rede de cerco, o espinhel, o “varejo”, o currico e o puçá. Em Canto de Itaipu existem pescadores que fazem mergulho por apneia ou com uso de tubos de ar comprimido em busca de espécies-alvo já planejadas, principalmente polvo e lagosta, que possuem alta rentabilidade. Essa pescaria está condicionada, contudo, às condições do mar para o mergulho, e apenas três pescadores locais praticam essa arte. Normalmente o pescador vai ao mar com pequenas embarcações às ilhas próximas ou nas pedras da costa, onde podem também pescar sem qualquer embarcação. A atividade da pesca por mergulho é regular e rentável, e praticada já há bastante tempo, contudo nunca se cristalizou como uma prática de grande volume na produção local. Os pescadores que realizam o mergulho atualmente desenvolvem também outras atividades econômicas, dentro ou fora da pesca. A pesca de cerco, assim como apontado na pesca na lagoa, também é eventualmente realizada no mar. Caso perceba condições favoráveis, uma companha de pesca com rede de espera pode optar por fazer essa pescaria, que consiste em cercar o pescado e aprisioná-lo na rede, que é fechada na parte inferior por um conjunto de cordas corrediças e erguida com todo o cardume, caso haja sucesso, para dentro da embarcação. O espinhel é uma arte de pesca que se parece como um misto entre pesca de rede e pesca de linha. Ela consiste em uma linha extremamente longa, que é disposta por meio de boias ao longo do mar, e da qual pendem outras linhas com diversos anzóis. Os pescadores consultados sobre essa arte da pesca indicaram que não é mais praticada na localidade, contudo ela consta como praticada na década de 1970 (KANT DE LIMA E PEREIRA, 1997). página / de 33/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / O varejo é uma variedade de pesca de linha de mão realizada de pedras, que visa capturar espécies mais arredias, que podem escapar rapidamente. Do alto da pedra escolhida, as linhas são lançadas a “varejo”, ou seja, com alvos específicos. Utiliza-se normalmente linhas com diversos anzóis, como o zangaré, com 3 ou 4 anzóis, tendo sido encontrado um pescador que leva tal petrecho para a pesca de linha regular em busca de olho-de-cão, ou a pargueira, com 20 a 30 anzóis, da qual também não foi encontrado qualquer pescador que tenha declarado utilizá-la recentemente. O currico é uma técnica em que a pesca é feita com um barco a motor em movimento e com linhas que são arrastadas. O movimento das linhas atrai espécies maiores, em sua maioria carnívoras. Também é uma técnica complementar de pescadores de linha de mão, praticada esporadicamente de acordo com as condições do mar e da presença de cardumes favoráveis. Por fim, o puçá, conforme indicado na pesca de lagoa, é utilizado também no mar, como uma estratégia para capturar espécies de médio porte que escapam de pesca em rede ou em linha. Normalmente, nesse caso, as armadilhas são posicionadas em torno de ilhas em um dia e recolhidas no dia seguinte. 4.4. Característica das Embarcações De acordo com a Colônia Z-7, existem 102 embarcações cadastradas na Colônia que atracam na Praia de Itaipu, conforme a tabela a seguir. Tabela 6 - Listagem das embarcações de Itaipu cadastradas na Colônia Z-7 EMBARCAÇÃO PROPRIETÁRIO ELOYN ADILSON BATISTA DA SILVA REFERENCIA ALTAIR AREA RANGEL MANIA DA VIDA AMANDA MONTEIRO GOMES LOPES COMEÇO DA VIDA II AMANDA MONTEIRO GOMES LOPES PITUCHO AMANDA MONTEIRO GOMES LOPES PINDAÚNA AMANDA MONTEIRO GOMES LOPES AMANDA E LULA AMANDA MONTEIRO GOMES LOPES MARÉ ALTA AMARO PESSANHA CARDOSO DUTRA ANTÔNIO CARLOS DUTRA ATUM ATHAÍDE BARROS CORREA MARVANE AUGUSTO DA SILVA MARQUES FILHO página / de 34/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 EMBARCAÇÃO PROPRIETÁRIO NORTINA AURELIANO MATTOS DE SOUZA CATUABA AURELIANO MATTOS DE SOUZA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO AURELIANO MATTOS DE SOUZA SOL AZUL AURELIANO MATTOS DE SOUZA LAMPIÃO CARLOS JOSÉ RODRIGUES LOPES RESGATE CARLOS PINTO SEM NOME CELSO GENÍCIO DE FREITAS VIDINHA III CÉZAR AUGUSTO PINHO VIDINHA ABENÇOADO DE ITAIPU CLAUDIO ROSA PINTO ABENÇOADO DE ITAIPU CLAUDIO ROSA PINTO ÁGUIA DE ITAIPU II DAVID DE QUEIROZ MONTEIRO DAVIZINHO I DAVID FARIAS DIAS ÁGUIA DAVID DE QUEIROZ MONTEIRO MOLEQUE DO MAR DIRLEI IBÁ GONÇALVES THAÍSSA EDUARDO DE CARVALHO MELLO ENEDITO RIBEIRO DE ARAÚJO ANDERSON ENIO DINIZ ITAIPU II ERALDO CARDOSO DA SILVA PORTO SEGURO I ERALDO CARDOSO DA SILVA JÚNIOR BIBI II ERALDO FRANCISCO RODRIGUES NINHA ERALDO FRANCISCO RODRIGUES ALTURA EUCILHA NOGUEIRA DE FREITAS GUERREIRO DE ITAIPU GABRIEL DE FREITAS DA SILVA página / de / 35/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 EMBARCAÇÃO PROPRIETÁRIO GUERREIRO DE FÉ GABRIEL PEREIRA LONGHI ATALAIA DO MAR GERALDO DIAS DE ARAÚJO ELE SÓ GILBERTO SIQUEIRA SILVA ATOBÁ IVAN NOGUEIRA DE FREITAS BARONESA IVAN NOGUEIRA DE FREITAS CAMINHO GRANDE JAIRO AUGUSTO DA SILVA ERIC JEFFERSON SANTOS DA SILVA GAÚCHO MAR JOÃO MÁRCIO DA SILVA DOIS IRMÃOS JOHN BRENDLER DOIS IRMAOS DE ITAIPU II JOHN BRENDLER ITAFLU JOSÉ CARLOS DUTRA VOVÔ ZECA JOSÉ DE SOUZA FREITAS NATAL II JOSÉ RIBEIRO DA SILVA MULA DO MAR JOSÉ ROBERTO FERREIRA MENINA DI E DE JOSIELMA SIQUEIRA LIMA GEMEOS Z-7 JULIO CÉSAR PORTUGAL ZECAPUJÚ JULIO CÉSAR PORTUGAL GAIVOTA DE ITAIPU LEANDRO DE ALMEIDA MONTEIRO LUAN LEANDRO DE SOUZA FIGUEIREDO LETHYCIA LIDIANE VIEIRA FREITAS B. ALMEIDA GALEGOII LÚCIO DE ALMEIDA NATIVO LUIZ ANTÔNIO LOPES DA SILVA TUIUI-PONTANEIRO LUIZ ANTÔNIO SANTOS DE FREITAS página / de / 36/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 EMBARCAÇÃO PROPRIETÁRIO SHALON II LUIZ CARLOS DE SOUZA MACHADO SEM NOME LUIZ CARLOS DE SOUZA MACHADO ALUMINIO LUIZ CARLOS LOPES DA SILVA GUGA LUIZ CARLOS LOPES DUTRA DELEGADO LUIZ CARLOS NASCIMENTO VELHO COMANDANTE MARCELO ALVES DE MOURA VILEMAR MARCELO ALVES DE MOURA AGHATA MARCOS ANTÔNIO DE SOUZA LEÃO DE JUDÁ I MARCOS ANTÔNIO DE SOUZA CABELUDO MARCOS ANTÔNIO MANCHETE LUCAS MARCOS AURÉLIO FREITAS DE AZEREDO LIA MARIA LUIZA DUIM NOSSA SENHORA APARECIDA II MAURO DE SOUZA FREITAS TROVÃO MOISES JOSÉ DOS SANTOS MAREQUITA I NILTON GONÇALVES FERREIRA MAREQUETE FERREIRA NILTON GONÇALVES FERREIRA MONTE CRISTO RIO ODATIVO MAR EM FÚRIA ODETE DA SILVA BARBOSA COEMA OSMAR SANT ANNA FILHO TOTY PAULO DE SOUZA FREITAS SEM NOME PAULO DE SOUZA FREITAS MESTRE BOLA PAULO ROBERTO DE FREITAS BOLA BOLA PAULO ROBERTO DE FREITAS página / de / 37/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 EMBARCAÇÃO PROPRIETÁRIO ROMPER MAR PAULO ROBERTO DINIZ DA SILVA PINGO PAULO ROBERTO DINIZ DA SILVA IVA I PAULO SÉRGIO TEIXEIRA IVA II PAULO SÉRGIO TEIXEIRA FLOR DO MAR PEDRO GOMES MARTINS FLOR DO MAR III PEDRO GOMES MARTINS YAN TUBARÃO REINALDO JOSÉ DE FREITAS MANOELA RENI JOSÉ DE FREITAS JOÃO GABRIEL II RENI JOSÉ DE FREITAS REGINA RICARDO CHAVES DA SILVA CORAL II ROBERTO JOÃO DAWES CAMILO THE SEA GOOSE ROMULO ALVES DA SILVA BLUMA II RONALDO FRANCO DE AGUIAR PAMPEIRO SIDNEI DA SILVA SECUNDINO GALO VAGNER CARVALHO GONÇALVES FAQUECO VAGNER DA SILVEIRA BINCA VALDECIR REIS CAMINHO DO SORTE VALDEIR DE OLIVEIRA FERREIRA LADY JACIRA VICENTE CARLOS DA COSTA SEM NOME VITÓRIO FATURINI DE CARVALHO MD-FISH WALDECI DA SILVA PINTO CACHORO DO MAR WALDECI DA SILVA PINTO página / de / 38/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Durante o período de levantamento de dados foram identificadas 29 dessas embarcações. É importante destacar que esse número de embarcações confere perfeitamente com o valor médio de embarcações identificadas durante o levantamento de um ano realizado para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA (PROZEE, 2012, p. 11). Nessas embarcações, foi identificada uma tripulação média de 2,1 tripulantes. Em relação às embarcações identificadas no levantamento para o presente diagnóstico, pode-se afirmar que são em sua maioria Caíques (52%) ou Baleeiras (41%), conforme ilustrado no gráfico a seguir. Essa informação é relevante para caracterizar a pesca tradicional em Canto de Itaipu, que já não pode ser mais restrita à pesca em canoas como em outras localidades, mas sim reforça o fato de que a tradição da pesca se adaptou às transformações nas condições da pesca, buscando melhores instrumentos de trabalho. Figura 17 - Tipo de embarcação Quantidade e horário de embarques Segundo os pescadores que participaram do cadastro socioeconômico, cada embarque leva em média 5,5 horas, realizado uma vez por dia, 6,2 dias por semana, em média. Foi realizado um controle dos horários de embarque e desembarque durante o levantamento de dados por embarcação. É relevante levar em consideração que, além de tratar-se de um período de tempo curto demais para estabelecer projeções estatísticas, o período específico de coleta contou com períodos de tempo ruim em que poucos pescadores foram ao mar. Apesar de tais restrições, o resultado do levantamento indicou um total de 238 desembarques durante 21 dias, com uma média de 11,33 página / de 39/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / desembarques diários, em um horário médio de embarque de 05:11 da manhã, e de desembarque 09:25, totalizando um tempo médio embarcado de quatro horas e 14 minutos. 5. PRODUÇÃO PESQUEIRA Nesse levantamento será tratada como produção pesqueira a produção de pescado média, segundo dados de monitoramento de desembarque realizado por uma empresa privada no período de junho de 2011 a junho de 2012, e serão indicadas ainda informações específicas sobre o período em que foi realizado o levantamento de dados por embarcação, 09/07/2012 a 31/07/2012. 5.1. Pescado capturado De acordo com o levantamento realizado, foram desembarcados 7.085 Kg de pescado em Canto de Itaipu. Esse número corresponde a uma média de 337,38 Kg/dia no período. No levantamento realizado pela PROZEE (2012), a média diária durante o período de julho de 2011 foi de 316,37 Kg/dia, um valor bastante próximo. A série anual apontada pelo monitoramento pesqueiro na Praia de Itaipu demonstra uma curva irregular de produtividade, com uma tendência discreta de maior produção durante o verão no primeiro semestre de 2012, conforme gráfico a seguir. Figura 18- Gráfico produção média de pescado por mês Adaptado de PROZEE, 2012, p. 21. página / de 40/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / As principais espécies capturadas foram a Corvina, presente em 68,91% dos desembarques, e o Olho-decão, capturado em 31,09% das pescarias. Durante o levantamento realizado para o presente diagnóstico, foi identificada a quantidade total (Kg) de pescado por espécie, conforme o gráfico a seguir. Figura 19 - Total de pescado por espécie (Kg) Esse valor sugere, contudo, uma desproporção na produtividade de determinados tipos de pescado. A Espada, por exemplo, apesar de ter sido capturada apenas onze vezes, possui alta produtividade, conforme indica o próximo gráfico, com base nos dados levantados para o presente relatório. página / de 41/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Figura 20 - Gráfico de quantidade de pescado por desembarque (Kg) De acordo com os dados obtidos no levantamento, é possível inferir também o volume de produção de espécie de pescado conforme a arte de pesca utilizada, conforme indica a tabela a seguir. Tabela 7 - Pescado por petrecho (kg) REDE DE ESPERA CAVADEIRA ARRASTO DE PRAIA LINHA DE MÃO 20 0 0 5 ARRAIA 3 0 0 0 BAGRE 37 0 0 0 CAÇÃO 7 0 0 0 CAVACA 1 0 0 0 CAVALINHA 1 0 0 0 CORVINA 4051 0 0 65 ESPADA 0 0 120 214 GAROUPA 0 0 0 12 ANCHOVA página / de 42/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / REDE DE ESPERA CAVADEIRA ARRASTO DE PRAIA LINHA DE MÃO GOETE 58 0 5 0 GORDINHO 20 0 0 0 LULA 0 0 0 1 MARIA-MOLE 7 0 0 0 MEXILHÃO 0 100 0 0 MISTURA 29 0 55 0 OLHO-DE-CÃO 85 0 10 1803 1 0 0 0 79 0 0 0 PEIXE-PORCO 7 0 0 0 PESCADA 51 0 0 0 PIRAÚNA 25 0 0 0 ROBALO 16 0 0 0 SIRI 10 0 0 0 TAINHA 48 0 13 0 PALOMBETA PAMPO É relevante ressaltar que, devido ao período restrito de coleta de dados, tais freqüências de espécies devem estar sujeitas às sazonalidades de reprodução e migração ao longo do ano. Para o detalhamento da produção total de espécies é indispensável que seja realizada a coleta por um período mínimo de um ano. De acordo com a produção pesqueira supracitada, é possível projetar o volume de capital obtido e identificar os principais compradores durante o período do levantamento realizado. Identificou-se, primeiramente, que o processo de escoamento da produção fica restringido pela figura do atravessador, conforme o gráfico a seguir. página / de 43/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Figura 21 - Principal meio de venda por desembarque No período em que os dados de desembarque foram coletados para o diagnóstico, sete compradores foram responsáveis pela aquisição de 86,19% de toda a produção local. Enquanto a média ponderada do valor de compra do pescado indica um valor por quilo de 4,27 reais, nos casos em que o pescador encontra meios para vender diretamente ao consumidor esse valor médio aumenta para 6,19 reais, uma diferença de 31,01% por quilo. Independentemente disso, o faturamento bruto dos pescadores no período foi de 27,5 mil reais, rendendo por embarcação uma média de 881,52 reais. Considerando os 61 pescadores identificados no levantamento, pode-se calcular uma diária média bruta per capita de 54,39 reais. 5.2. Integração com outras atividades econômicas locais A participação da produção pesqueira na economia local foi observada através do cadastro socioeconômico. De um total de 56 estabelecimentos comerciais variados, 29 declararam comprar pescado localmente, o que representa uma participação direta da pesca artesanal de Canto de Itaipu em 51,79% do comércio local. Dos 27 estabelecimentos que não compram pescado localmente, nenhum apontou como causa a má qualidade do produto ou preços pouco competitivos, mas sim causas relativas à natureza da atividade do estabelecimento (por exemplo bancas de jornal ou quiosques que servem apenas bebidas). Desses 29 estabelecimentos que compram frutos do mar com os pescadores locais, a regularidade pode ser considerada alta, sendo que 65,52% alegaram sempre comprar pescado em Canto de Itaipu, enquanto que apenas 10,34% responderam comprar apenas na alta temporada, conforme indicado no gráfico a seguir. página / de 44/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Figura 22 - Regularidade de compra dos frutos do mar O principal fornecedor do pescado aos restaurantes é o próprio pescador. Na maior parte das vezes, o estabelecimento comercial dispensa atravessadores, conforme apontado no gráfico a seguir. Figura 23 - Principais fornecedores de pescado para estabelecimentos página / de 45/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Das espécies mais compradas localmente, o destaque principal fica para a Corvina, citada em 82,76% dos estabelecimentos comerciais. Espada e anchova também são espécies bastante consumidas localmente, citadas em, respectivamente, 68,97% e 51,72% das entrevistas com estabelecimentos comercias. Figura 24 - Espécies mais compradas localmente por estabelecimentos Daqueles que não são capazes de comprar todo o pescado localmente, devido à falta de oferta ou em busca de espécies específicas, os locais de compra para a complementação dos frutos do mar oferecidos aos clientes no estabelecimento é realizada principalmente no Mercado São Pedro, no Centro de Niterói, correspondendo a 53,57% dos 29 estabelecimentos que consomem pescado localmente. Uma parcela significativa de 39,29%, contudo, apontou que não fazem qualquer tipo de complementação, considerando a complementação desnecessária ou desvantajosa, conforme detalhado no gráfico a seguir. página / de 46/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Figura 25 - Como complementa o pescado consumido no estabelecimento É relevante observar que, por outro lado, o fornecimento de insumos locais para as atividades pesqueiras é bastante restrito. Apenas um estabelecimento declarou fornecer insumos – material de pesca e gelo – para a atividade pesqueira. Em todos os grupos focais, os pescadores foram questionados a respeito de onde compram os insumos usados em sua atividade. Em todos os grupos foi citado como principal local para fornecimento de materiais o Mercado São Pedro, que oferece bons preços e diversidade de materiais. Os pescadores entrevistados detalharam ainda que os poucos produtos fornecidos localmente não são suficientes para atender a demanda local e – mais importante – não possuem preços competitivos com os praticados no Mercado. Ademais, os pescadores destacaram que na medida do possível, são sempre eles próprios que cozem suas redes e capturam no mar as próprias iscas, como é comum na pesca artesanal de forma geral. Dessa forma, podemos identificar a participação da pesca na economia local como importante no papel de fornecedora de insumos alimentícios aos restaurantes e compradores locais, e sujeita, portanto, a todas as flutuações sazonais da economia local. A oferta de outras atividades, como serviços ligados ao turismo, é irregular e restrita ao período do verão, submetida igualmente aos problemas da sazonalidade. 6. AVALIAÇÃO DA PESCA ARTESANAL NO CANTO DE ITAIPU Nos termos colocados pelos pescadores locais, a situação da pesca artesanal no Canto de Itaipu é bastante difícil. O contraponto que deve ser feito, contudo, é que esses problemas apontados não são exclusivos dos pescadores da localidade, mas sim exemplares de uma gama ampla de problemas relacionados à atividade da pesca marinha em todo o mundo, que vão se agravando na medida em que as condições socioeconômicas da execução da pesca se restringem. página / de 47/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / Em países como a China ou a Noruega, os problemas da pesca são suplantados por alternativas de desenvolvimento sustentável ou por desenvolvimento tecnológico que aumente a eficácia da captura do pescado. Infelizmente esse não é o caso do Brasil. A indústria pesqueira nacional sofre com a redução dos estoques causada pela sobrepesca e pela pesca predatória desde os anos 1980, sobrevivendo com rígidas restrições, e aos pescadores tradicionais resta pouquíssima margem de manobra para adaptar-se a todas essas limitações. No Canto de Itaipu, o levantamento de campo realizado aponta para a necessidade de compatibilizar a pesca artesanal com o desenvolvimento econômico regional. Ao longo do levantamento, ficou evidenciado que, no ponto de vista dos pescadores, a pesca sempre é prejudicada em favor do “progresso”. Os dados secundários apontam que, sob o aspecto das mudanças ambientais e urbanísticas ao longo do século XX na localidade, de fato a pesca sofreu impactos prejudiciais efetivos. O risco mais amplo da decadência da pesca artesanal na localidade é diretamente ligado à cadeia de abastecimento de pescado na região oceânica, visto que pode desaquecer outras atividades econômicas que se baseiam no pescado local, principalmente a gastronomia e o turismo. No Canto de Itaipu, contudo, uma questão estrategicamente delicada é a disputa política entre as lideranças pesqueiras: enquanto permanecer o impasse entre as duas principais entidades representativas dos pescadores, a decisão a respeito de qual instituição local responderia pela manutenção de equipamentos ou gestão de um espaço físico comum geraria uma proporção ainda maior de conflitos. página / de 48/49 CAMPo aud / DATA 11/07/2012 ASSUNTO RELATÓRIO IV – ATIVIDADE PESQUEIRA – REVISÃO 02 / REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Aurivaldo José (Barbudo), ALMEIDA, Yllke Cristiano Branco, FREITAS, Paulo Roberto (Bolinha), ALMEIDA, Maria Aparecida Branco e ALMEIDA, Lidiane Vieira Freitas Branco. Niterói, RJ. 10 de jul. 2012. Entrevista concedida a Agatha Franco e Daniel Martins. ASSOCIAÇÃO DE ESTUDOS COSTEIROS E MARINHOS – ECOMAR. Caracterização da atividade pesqueira no entorno das Ilhas Cagarras, Rio de Janeiro – RJ: Informações para criação de unidade de conservação. Rio de Janeiro, 2009. BONI, Valdete e QUARESMA, Sílvia Jurema. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Em tese, Vol. 2 nº 1 (3), janeiro-julho/2005, p. 68-80. COSTA, Paula Chamy Pereira da. Interações Socioecológicas na Pesca a Luz da Etnoecologia Abrangente:a Praia de Itaipu, Niterói/Rio de Janeiro. 2011. 233 f. Tese (Doutorado em Ambiente e Sociedade). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, Universidade de Campinas, São Paulo. DIEGUES, Antonio Carlos. A sócio-antropologia das comunidades de pescadores marítimos no Brasil. Etnografia, vol. III, 1999, pp. 361-375. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS – FAO. The state of world fissheries and aquaculture – 2012. Rome, 2012. FREITAS, Mauro Souza e SOUZA, Jorge Nunes de (Seu Chico). Niterói, RJ. 04 de jul. 2012b. Entrevista concedida a Ana Bichara e Daniel Martins. FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DE RECURSS VIVOS NA ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA – PROZEE. Considerações sobre a pesca no município de Niterói/RJ. Rio de Janeiro, 2012. KANT DE LIMA, Roberto e PEREIRA, Luciana. Pescadores de Itaipu. Meio ambiente, conflito e ritual no litoral do Estado do Rio de Janeiro. Niterói: EDUFF, 1997. KRESS, Victoria E. e SHOFFNER, Marie F.. Focus Groups: A Practical and Applied Research Approach for Counselors. Journal of Counseling & Development, vol. 85, 2007. MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA – MPA. Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura – Brasil 2010. Brasília: 2012. SOUZA, Aureliano Matos de (Cambuci). Niterói, RJ. 03 de jul. 2012a. Entrevista concedida a Ana Bichara e Daniel Martins. SOUZA, Jorge Nunes de (Seu Chico) e SILVA, Jairo Augusto da. Niterói, RJ. 04 de jul. 2012b. Entrevista concedida a Ana Bichara e Daniel Martins. TRIOLA, Mário. F. Introdução à Estatística. 7ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. página / de 49/49 CAMPO AUD ARQUITETURA URBANISMO DESIGN RIO DE JANEIRO, BRASIL nome da licitante website e-mail endereço telefone / fax PROJETO ETAPA DATA CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. www.campoaud.com.br [email protected] Rua Silvio Romero, 63, casa-parte - Santa Teresa Rio de Janeiro - RJ BRASIL 20230-100 +55 21 3233-1581 PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU, NITERÓI - RJ DIAGNÓSTICO - REVISÃO 02 JUNHO / 2013 ANEXO IVA CARTA NÁUTICA 1506 CAMPO AUD ARQUITETURA URBANISMO DESIGN RIO DE JANEIRO, BRASIL nome da licitante website e-mail endereço telefone / fax PROJETO ETAPA DATA CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. www.campoaud.com.br [email protected] Rua Silvio Romero, 63, casa-parte - Santa Teresa Rio de Janeiro - RJ BRASIL 20230-100 +55 21 3233-1581 PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU, NITERÓI - RJ DIAGNÓSTICO - REVISÃO 02 JUNHO / 2013 ANEXO IVB ROTEIRO GRUPOS FOCAIS PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO FORMULÁRIO DO DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO ROTEIRO DE ENTREVISTAS Nº DO FORMULÁRIO |__|__|__| ARQUITETURA E URBANISMO PAISAGISMO E MEIO AMBIENTE 1. PESQUISADOR |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| DATA |__|__| / |__|__| / |__|__|__|__| CONSULT. EM SUSTENTABILIDADE IDENTIFICAÇÃO – GRUPO FOCAL Nome dos entrevistado:_____________________________________________________________________________ Tel. / Cel. atualizados: ( )_________________________________________________________________________ Nome dos entrevistado:_____________________________________________________________________________ Tel. / Cel. atualizados: ( )_________________________________________________________________________ Nome dos entrevistado:_____________________________________________________________________________ Tel. / Cel. atualizados: ( )_________________________________________________________________________ Nome dos entrevistado:_____________________________________________________________________________ Tel. / Cel. atualizados: ( )_________________________________________________________________________ Nome dos entrevistado:_____________________________________________________________________________ Tel. / Cel. atualizados: ( )_________________________________________________________________________ Arte da Pesca: ________________________________________________________________________________ 2. ATIVIDADE PESQUEIRA Nº Principais áreas de atuação (pesqueiros frequentados) – identificar no mapa: Pesqueiros (nome) Petrecho Espécies alvo / capturadas Observações Meses de Maior Produção Pesqueira: Espécie Período Preço (R$/Kg) Principais Pontos de Desembarque do Pescado (identificar no mapa). 3. CONFLITOS 3.1. 3.2. Onde realiza compra e/ou conserto de embarcações? Alguém na localidade constrói ou conserta embarcações como atividade principal? 3.3. 3.4. Onde realiza compra e/ou conserto de petrechos? Alguém na localidade constrói ou conserta petrechos como atividade principal? 3.5. Onde compram os insumos usados para a pesca (iscas, combustível, gelo e tudo o que for necessário para a realização da pesca)? 3.6. 3.7. Alguém na localidade fornece esses insumos? Você nota algum conflito de interesses entre os pescadores da região? 3.8. 3.9. Você nota algum conflito de interesses entre pescadores e frequentadores da praia? Você nota algum conflito de interesses com a atividade turística? 3.10. 3.11. Como percebem a presença da comunidade indígena em Camboinhas? Observam problemas de ocupação na área do morro das andorinhas? 3.12. 3.13. Os moradores da área de estudo podem ser considerados membros da comunidade de pescadores artesanais? Por que a comunidade pesqueira foi contrária à criação da RESEX-MAR Itaipu? 3.14. 3.15. Vêem possibilidade na criação dessa Reserva no futuro, de outra maneira? A pesca industrial afeta a pesca artesanal na região? 3.16. 3.17. E a indústria petrolífera? Existe algum outro tipo problema ambiental recente que prejudica a atividade pesqueira? 3.18. 3.19. Existe algum outro conflito de interesses envolvendo os pescadores da região? Existe algum receio em relação aos projetos governamentais em Itaipu e na Orla de Niterói? 3.20. O que pode ser feito para melhorar as condições de vida e de trabalho dos pescadores locais? CAMPO AUD ARQUITETURA URBANISMO DESIGN RIO DE JANEIRO, BRASIL nome da licitante website e-mail endereço telefone / fax PROJETO ETAPA DATA CAMPO arquitetura urbanismo design ltda. www.campoaud.com.br [email protected] Rua Silvio Romero, 63, casa-parte - Santa Teresa Rio de Janeiro - RJ BRASIL 20230-100 +55 21 3233-1581 PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU, NITERÓI - RJ DIAGNÓSTICO - REVISÃO 02 JUNHO / 2013 ANEXO IVC QUESTIONÁRIO POR EMBARCAÇÕES ARQUITETURA E URBANISMO PAISAGISMO E MEIO AMBIENTE CONSULT. EM SUSTENTABILIDADE PROJETO URBANÍSTICO E SOCIOAMBIENTAL CANTO DE ITAIPU – DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO LEVANTAMENTO DE DADOS POR EMBARCAÇÃO Nº DO FORMULÁRIO |__|__|__| DATA: ___/___/___ EMBARCAÇÃO: |__| REGISTRADA NA CAPITANIA DOS PORTOS PROPRIETÁRIO: EMBARQUE: ___:___ MESTRE: TAMANHO COMP.: DESEMBARQUE: ___:___ TAMANHO BOCA: TIPO DE EMBARCAÇÃO: |__| Canoa motorizada|__| Canoa a remo |__| Baleeira |__| Barco a motor|__| Caíque|__| Outra: _______________________________ Nº DE PESCADORES: CONSERVAÇÃO A BORDO: |__| In natura CONSERVAÇÃO NO DESEMBARQUE: |__| In natura|__| Isopor com gelo |__| Caixa de madeira com gelo POTÊNCIA DE MOTOR (HP): ESPÉCIE |__| Isopor com gelo |__| Outro: _________________________________ madeira com gelo CONSUMO COMBUST: PETRECHO QUANT. (Kg) LOCAL DE PESCA: |__| Freezer |__| Geladeira |__| Caixa de |__| Outro: _________________________ ESPÉCIES ALVO: COMPRADOR 1 VALOR 1 (R$) COMPRADOR 2 VALOR 2 (R$) PREÇO CONSUMIDOR (R$)