ESCOLA DE PSICANÁLISE KOINONIA
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MÓDULO III
AULA 01 – TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA
A Terapia Familiar Sistêmica surgiu nos anos 50, Palo Alto, na Califórnia, a partir do
trabalho desenvolvido por Gregory Bateson e um grupo de colaboradores, com famílias
de esquizofrênicos. Esta teoria baseia-se na teoria Geral dos Sistemas, iniciada por Von
Bertallanfy em 1947. A partir desta Teoria não se pode mais ignorar a pluralidade de
causas que determinam em um dado momento uma situação, toda conduta é complexa,
seja qual for o aspecto que se estiver focando, é uma parte de um todo mais amplo...
"O universo deixa de ser visto como uma máquina composta de uma infinidade de
objetos, para ser visto e descrito como um todo dinâmico, indivisível, cujas partes estão
essencialmente inter-relacionadas e só podem ser entendidas como modelos de um
processo cósmico". (Assis apud Episteme, 1995, p.120)
A Teoria da Terapia familiar está fundamentada no fato de que o homem não é um ser
isolado, mas um membro ativo e reativo de grupos sociais. O indivíduo é um sistema,
que por sua vez é um subsistema de um sistema maior que é a família, que por sua vez é
um subsistema de um sistema maior que é a sociedade.
"A concepção sistêmica da vida baseia-se na consciência do estado inter-relacionado e
interdependência essencial de todos os fenômenos-físicos, biológicos, psicológicos,
sociais e culturais. Isso significa formular gradualmente uma rede de conceitos e
modelos interligados e, ao mesmo tempo, desenvolver organizações sociais
correspondentes. Nenhuma teoria ou modelo será mais fundamental do que o outro, e
todos eles terão que ser compatíveis". (Capra apud Assis, 1995, p. 123)
O indivíduo influencia o seu contexto, e é por ele influenciado, este indivíduo que faz
parte de uma família, membro de um sistema social, ao qual deve se adaptar. Suas ações
são governadas pelas ações do sistema, e estas características incluem os efeitos de suas
próprias ações passadas.
"Em cada membro do sistema existe a tendência integrativa ou auto-transcendente
participativa que integra o elemento como parte de um todo maior, ou seja, expressa a
parceria, e existe a tendência auto-afirmativa, a qual garante a individualidade do
elemento. A interação entre elementos dentro e fora do sistema é dinâmica,
interdependente, mexendo-se no todo reflete-se nas partes, mexendo-se na parte reflete
no todo". (Assis,1997,p.24)
O objetivo básico da Terapia Relacional Sistêmica, é trabalhar mudanças para uma
melhor qualidade de vida, modificando comportamentos e processos psíquicos internos
de uma estrutura familiar. É uma terapia voltada para o sistema, no qual o indivíduo está
inserido. Neste sentido, terapeuta e família se associam para formar um sistema
terapêutico. Sendo uma terapia de ação, trabalha-se a mudança no funcionamento da
dinâmica do sistema familiar, de maneira a intensificar o crescimento psicossocial de
cada membro. A família modificada oferece a seus membros novas circunstâncias e
novas perspectivas de si mesmos.
"o objetivo da terapia é abrir novas possibilidades oportunizando uma mudanças para
melhor, é impossível tratar o sistema sem que se produza uma mudança básica na
situação, nas relações e inter-relações do cliente". (Nascimento apud Assis )
A família é um sistema aberto, em transformação, um conjunto de padrões aos quais os
membros interagem, como também regulam o comportamento dos membros da família.
"Quando pai é pai, e filho é filho, quando o irmão mais velho desempenha o papel de
irmão mais velho e o mais novo age de acordo com o papel de irmão mais novo,
quando o marido é realmente marido e a esposa é realmente a esposa, então, existe
ordem". (I. Ching apud Calil, 1987, p.34)
O processo terapêutico começa pela avaliação do sistema e redefinição deste, mudando
a visão do sistema pelo sintoma, fazendo de forma que fique circular, responsabilizando
todo o sistema, construindo a partir disso, novas possibilidades, provocando mudanças.
"A ideia central dessa escola é ser o "doente", ou membro sintomático, apenas um
representante circunstancial de alguma disfunção no sistema familiar". (Calil, 1987, p.
17)
Na verdade, quando alguma pessoa da família apresenta algum problema, este não é
responsabilidade apenas desta pessoa. O que parece ser problema de uma única pessoa,
vem para avisar que toda a família está com dificuldade.
"A terapia familiar é útil quando as pessoas têm dificuldades em se relacionarem,
marido e mulher, pai e mãe, pais e filhos, irmãos e irmãos, quando alguém está com
medo, ansioso, angustiado, deprimido, quando as pessoas fazem ou dizem coisas que
podem provocar mágoa ou raiva; quando os filhos apresentam problemas de
comportamento ou de aprendizagem, etc." (Assis, p.2, 1996)
Quando um homem e uma mulher se casam, serão os representantes das suas famílias,
duas culturas diferentes, a partir deste momento, quando surge um filho, surgirá também
uma nova família, pai, mãe e filho, onde pai e mãe são o eixo familiar, constituindo um
equilíbrio, para o desempenho eficaz e funcional da família. Isto é necessário para que a
família tenha um ritmo, desde que sejam mutáveis à novos caminhos. Ao invés do
equilíbrio, as famílias podem apresentar tensões, rigidez, que impedem a mobilidade do
sistema familiar. Neste momento, o terapeuta têm a função de promover a volta à
movimentação, ao processo dinâmico da família.
"O paradoxal é que ela está em crise, revelada através de um membro doente, e, ao
mesmo tempo, retrai-se diante da possibilidade do terapeuta induzir uma crise que
possa levar à renovação de sua estrutura". (Groisman, 1991, p.44)
Em cada tipo de tensão vivida pela família, sejam internos ou externos, exigirá um
processo de adaptação, transformações constantes das interações familiares, a fim de
manter-se o equilíbrio e a continuidade da família, conduzindo ao crescimento de seus
membros.
"A família é um sistema entre sistemas, a exploração das relações interpessoais e das
normas que regulam a vida dos grupos, em que o indivíduo está mais radicado, será um
elemento indispensável para a compreensão dos comportamentos dos seus membros e
para levar a cabo uma intervenção significativa em situações de necessidade".
(Andolfi,1996,p. 22)
O PAPEL DO TERAPEUTA
O terapeuta deve proporcionar um ambiente em que as pessoas se sintam seguras,
confiantes, possam assumir o risco de se examinarem objetivamente e claramente, bem
como suas ações. Deve também mostrar-se seguro, podendo estruturar suas perguntas
sobre o que quer saber e o que o paciente pode lhe responder.
O terapeuta envolve o paciente em um processo de estabelecimento de sua história para
trazer detalhes de sua vida familiar. Cria verbalmente situações, visando coletar fatos.
Constrói auto-estima, ao longo das sessões.
"Se a psicoterapia deve ser realmente um encontro humano, ela requer um terapeuta
que tenha retido a capacidade de ser uma pessoa. Como terapeuta profissional você
precisa inquietar-se o suficiente para entrar no jogo e ficar envolvido...". (Whitaker,
1990, p.29)
Segundo Whitaker, o terapeuta precisa estar estabelecido quanto à estrutura do seu
papel profissional, ou seja, sua individualidade e visão dos outros.
O terapeuta é uma pessoa que não acredita em verdades absolutas, pensa circular, é um
aprendiz e um especialista. È uma pessoa real, ou seja, têm consciência. Preza o vínculo
verdadeiro, não é manipulador, não cura, mas se responsabiliza por tudo que diz
respeito à condução do processo terapêutico, está comprometido.
Acredita em mudanças, mas a pessoa têm que querer trabalhar às mudanças. Também
acredita na sabedoria da vida, trabalha com a saúde, com o óbvio, com a forma, ou seja,
com a forma que agem, que se comunicam, que interagem e integram-se.
Responsabiliza-se por si mesmo.
O terapeuta deve estar atento ao padrão de relação do cliente com ele mesmo, com as
outras pessoas, com o mundo, com a vida. Saber conduzir, cuidar e zelar para que o
cliente faça o caminho certo para o processo. Não se coloca como onipotente, nem
desqualifica o outro. Têm zelo pela dor, raiva e desespero dos clientes.
O terapeuta deve estar inteiro, comprometendo-se à fazer o melhor para o cliente, neste
sentido mudando a sua postura, a qual desenvolve, e que impede à volta ao seu processo
de vida.
BIBLIOGRAFIA
ANDOLFI, Maurizio M. D. A terapia familiar: um enfoque interacional. São Paulo:
Tecnicópias, 1996.
ASSIS, Mª Fernanda Jorge de. JORNAL DA CIDADE. Tubarão, 1996
CALIL, Vera. Terapia familiar e de casal. São Paulo: Summus, 1987.
ASSIA, Maria Fernanda Jorge de. O que esperar durante esta forma de terapia e como
esta terapia pode ser útil?.EPISTEME, Tubarão, v.1, n.1, 1993.
ASSIS, Maria Fernada Jorge de. Terapia relacional sistêmica: a arte de reformular.
EPISTEME, Tubarão, v. 2, n. 5/6, p.118-134, 1995.
GROISMAN, Moisés. Família trama e terapia: responsabilidade repartida. Rio de
Janeiro: Objetiva, 1991.
MINUCHIN, Salvador. Famílias funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1990.
SATIR, Virgínia. Terapia do grupo familiar. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1993.
WHITAKER, A. Dançando com a família: uma abordagem simbólico - experiencial.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
AULA 02 – TERAPIA FAMILIAR NARRATIVA
Re- historiando vidas
A terapia familiar narrativa tem o seu modelo baseado no Construcionismo Social. Os
significados dados aos fatos pelas pessoas é o seu principal alvo.
Michael White juntamente com David Epston, na década de 1970 foram os pioneiros da
visão construcionista social da terapia familiar.
Harlene Anderson e Harry Goolishian entre os anos de 1980 a 1990, trabalharam
seguindo a linha construtivista, dentro de uma forma que facilitou uma postura mais
democrática entre terapeuta e cliente. Juntamente com Lyn Hoffman e outros formaram
um grupo de terapeutas narrativos, o qual reforçava uma visão pós- moderna da terapia,
que tinha como principal objetivo o cuidar .
Foi desenvolvida ainda uma visão mais cooperativa e horizontal do papel do terapeuta,
desmistificando a sua postura de perito, de especialista.
Outro profissional muito importante na democratização do processo terapêutico foi o
psiquiatra norueguês Tom Andersen, criador da equipe reflexiva.
Nessa abordagem narrativa, além do terapeuta e do co- terapeuta na sala de terapia, uma
equipe de terapeutas observa a terapia por trás de um espelho, em uma sala específica.
Esses observadores, quando chamados pelo terapeuta, e com a devida autorização dos
clientes, vão até a sala e fazem suas observações acerca do processo, mas sem interagir
com os clientes, que somente voltam a falar depois que a equipe reflexiva se retira.O
terapeuta explica aos familiares que se quiserem podem falar acerca do que foi dito pela
equipe.
A função da equipe reflexiva, como bem fala o nome, é fazer os familiares refletirem
sobre algum assunto, considerado significativo pela equipe, que não ficou claro, ou não
foi muito explorado, ou apenas silenciado...A função da equipe reflexiva é
principalmente tocar os clientes naqueles significados que são essenciais à uma melhor
compreensão dos sentimentos, pensamentos, vivências...
"Esse processo cria um ambiente aberto em que a família se sente parte da equipe, e os
terapeutas sentem mais empatia pela família".
É necessário que na abordagem colaborativa, o terapeuta possa adotar uma legítima
posição do não saber ( não ter a verdade que os clientes tanto pedem), e procurar
desenvolver genuína curiosidade pelos processos familiares.
Um outro grande colaborador à psicologia pós- moderna foi o psicólogo social Knneth
Gergen( 1985) construtivista, que reforçou o poder das interações sociais na criação dos
significados das pessoas. Os terapeutas colaborativos se baseiam em Gergen ao explicar
o self como um fenômeno socialmente construído.
O Construcionismo Social afirma que não existe o monopólio da verdade, vez que as
verdades são construções sociais. Sendo o processo terapêutico um local de diálogo, os
terapeutas e clientes, colaborativamente, podem trabalhar conversando sobre os diversos
significados mediante respeito e flexibilidade, investindo juntamente com o grupo
familiar à construção de novas leituras.
A terapia narrativa afirma que os problemas não estão nas pessoas ( visão psicanalítica)
ou nos relacionamentos ( teoria sistêmica) e sim nos pontos de vista, nos significados
relativos as pessoas e suas interações. Uma função terapêutica essencial é fazer os
clientes reverem e reavaliarem os seus pontos de vista.
" Importante observar que as explicações e histórias que contamos a nós mesmos,
organizam a nossa experiência e moldam nosso comportamento".
Essas histórias são valiosas: Determinaram nosso passado, constrem nosso presente e
podem criar o nosso futuro. Por esse motivo a necessidade de um olhar mais atencioso
às histórias que precisam ser mantidas e àquelas que necessitam de transformação nos
seus significados, para a melhoria do clima familiar.
Com essa visão o terapeuta narrativo trabalha junto com os clientes para que possam
compreender e transformar suas histórias problemáticas em significados mais
construtivos, através de uma visão desconstrutiva das suas histórias atuais. Utilizam
para tal várias técnicas, dentre as quais ressalto a Externalização. Essa técnica leva ao
cliente a olhar o problema fora da sua pessoa. O problema passa a ter "vida própria",
para que a pessoa possa analisar os pressupostos incapacitantes que apóiam a
dificuldade.
Por exemplo: Um homem se identifica como depressivo e tenderá a ver o mundo
através dessa lente.
Se o homem for levado a refletir que a sua depressão está levando a melhor, então
talvez consiga se lembrar de situações de eficácia, nos quais não foi vencido por uma
atitude deprimida.Nesse momento, reforça-se sua eficácia e vitória.
Michael White não aceitava que as pessoas ficassem reféns das suas histórias
derrotistas. Procurava mostrar que as pessoas não são os seus problemas, reforçando,
como estratégia terapêutica, em situações pertinentes, confiança crescente nos seus
clientes.
Outra técnica muito eficiente é o mapeamento da influência do problema sobre a
família. O terapeuta propicia uma exploração, ouvindo cada um dos familiares, acerca
dos significados que as dificuldades tem para eles e para a família como um todo.
A etapa seguinte é o mapeamento dos recursos da famíla, ou seja, as influências da
família sobre o problema.
Na maioria do processo terapêutico as intervenções são mediante perguntas. Raramente
se faz interpretações, ou afirmações.
Investindo-se, continuadamente em perguntas reflexivas, o terapeuta vai realizando o
que denominamos de perguntas de influência relativa. Perguntas tais como: Quando
dona agressividade consegui te dominar? Qual a atitude que dona agressividade mais
faz você fazer? Quando os seus ataques de fúria viram que já não tinham mais força
sobre você? Quando Maria conseguiu reagir a tremenda pressão que o alcoolismo
exerce nela?
As estratégias da terapia narrativas seguem três estágios:
1- Estágio narrativo do problema: reformular o problema como uma aflição (
externalizar) ao focar seus efeitos em vez das suas causas;
2- Encontro de exceções: achar triunfos parciais sobre o problema e exemplos de ação
efetiva;
3- Recrutamento de apoio
Abaixo relacionamos os principais tipos de perguntas que são usadas, com mais
frequente, na terapia narrativa:
Perguntas de desconstrução:-Externalização do problema.
Ex:O que a sua ansiedade faz voce fazer?
Perguntas para abrir espaço: -Descobrir resultados positivos.
Ex : Cite um momento onde a ansiedade poderia ter assumido o seu controle mas voce
não permitu.
Perguntas de preferência: -Saber se os resultados positivos representam experiências
preferidas.
Ex: Essa forma de lidar com a ansiedade foi melhor ou pior para voce?
Perguntas sobre o desnvolvimento da história- Criação de uma história a partir de um
resultado positivo.
Ex :Quem seria a primeira pessoa a perceber essa mudança positiva em você?
Perguntas sobre significados- Desafiar modelos negativos de si e enfatizar o positivo.
Ex: O que essa forma mais positiva de lidar com as situações diz de você?
Perguntas para estender a história para o futuro- Apoiar a atitude de mudança e reforçar
a capacidade.
Ex :Diante desse seu progresso, como voce se ver no próximo ano?
"A abordagem familiar narrativa baseia-se em duas metáforas organizadas: narrativa
pessoal e construção social... os terapeutas narrativos quebram os grilhões das
histórias prejudiciais ao externalizar os problemas e criam espaços de flexibilidade e
esperança".
Base de leitura: Terapia familiar: conceitos e métodos/Michael P.Nicchols, Richard C.
Schwartz; tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese-7ed.-Porto Alegre : Artmed,
2007
AULA 03 – AS CRISES DO CASAL, DA TERAPIA E DO
TERAPEUTA
Percebemos no processo da terapia, que os casais e as famílias com um olhar mais
voltado à força e à resiliência ( motivação para superar as dificuldades), desenvolvem
melhores condições no enfrentamento dos desafios da vida e seus resultados
contabilizam mais vitórias.
.Compreendemos essa não ser uma "postura" simples e fácil. Observamos o quanto esse
caminho necessita de um olhar cooperativo o qual demanda idas e vindas, como ainda
as pessoas envolvidas nas dificuldades, saberem que poderão se alternar em momentos
de doação, de força, paciência e otimismo realista, mas também entenderem que terão
situações onde poderão precisar do ombro e do afeto do outro.É um processo mútuo de
apoio, trocas e construção.
Entendemos que os momentos de crise trazem aos casais e famílias a vivência ativa das
diferenças, semelhanças, limitações, possibilidades, o que dependendo da ocasião
intensificam os conflitos.
É comum em situações difíceis acontecer um período crítico, no qual vários
acontecimentos complicam a dinâmica do relacionamento familiar e conjugal. Pode
ocorrer o que denominamos de "onda de choque", ou seja, problemas sucessivos que
originam novas dificuldades.
É importante que a Terapia Familiar e de Casal procure junto aos clientes identificar as
situações que desencadeiam os problemas, ações que perpetuam essas dificuldades
como também os recursos de cada um, da família e do casal como um todo.
Procura-se investir em um olhar realista sobre os comportamentos que já foram
vivenciados anteriormente em busca da superação, cuidando para não ter uma postura
paralisada na crise. Caminha-se para melhoria da comunicação, explicitando-se falas,
escutas, desejos, neecessidade, expectativas, medos... Junto, terapeuta e clientes,
precisam descobrir os comportamentos destrutivos que alternam reclamações e silêncios
que podem gerar e ampliar a crise familiar e conjugal, procurando ofercer aos clientes
um contexto afetivo e protetor à compreensão de emoções tão carregadas de conflitos e
dores.
O caminho segue trazendo movimentos de enfrentamentos e as suas possíveis
adaptações, mediante as possibilidade e os limites das família e casais.
É importante salientar que em relação à superação familiar uma postura mais resiliente
diante das dificuldades muito irá auxiliar uma compreensão mais ativa dos passos a
seguir como facilitará o acesso de novas modelos de ação e aceitação.
Finalizando, cito Froma Walsh, estudiosa em resiliência que diz:"Quando o foco
familiar ou conjugal é mais voltado à motivação para superação e ou aceitação dos
obstáculos, os casais e famílias cada um a seu modo, compartilham vivências voltadas à
prendizagem da adequação dos seus desafios com os seus recursos".
Avalio que esse é um caminho que construímos quando não queremos ficar apenas no
primeiro passo .
Reflexão:
Qual o modelo que você tem de enfrentamento das crises?
Em que essa forma sua de superação de crises pode lhe ajudar hoje?
Como você se ver contribuindo na superação de uma crise familiar ou conjugal
que possa estar vivenciando agora?
O texto teve como base o livro: Fortalecendo a Resiliência Familiar, Froma Walsh,São
Paulo: Rocca, 2005
COMO LIDAR COM CRISES NA VIDA A DOIS
Feliz ou infelizmente, casamento e crise podem caminhar lado a lado. Não podemos
manter um relacionamento duradouro se não enfrentamos as crises naturais que essa
relação acarreta. Mas por que naturais? Não dá pra ter um relacionamento sem crises?
Talvez alguém em algum lugar conheça um jeito, mas na minha opinião não, não dá.
Relacionamento é uma coisa dinâmica, envolve duas pessoas - e as pessoas mudam
constantemente. Então, as crises são decorrentes desses inúmeros momentos de
mudança que a vida nos apresenta.
Não se diz que quando pensamos que encontramos todas as respostas a vida vem e
muda as perguntas? Pois é, com casamento também é assim. Quando parece que
encontramos uma fórmula, um jeito perfeito de nos relacionarmos com aquela pessoa
com o mínimo de conflito, alguma coisa acontece pra chacoalhar a relação. Porém, a
boa notícia é que é possível passar por esses momentos de maneira construtiva e
criativa, sem ter que viver intenso sofrimento e dores intermináveis, mas com
maturidade e equilíbrio. E o melhor é que a relação tende a sair dessas fases mais
amadurecida, mais completa e mais feliz.
A IMPORTÂNCIA DO TOQUE
Por mais que as famosas DRs (discussões da relação) sejam importantes, muitas vezes
devemos deixar de lado os motivos de nossos conflitos com o marido ou a esposa e
proporcionar momentos de contato físico, não necessariamente, nem exclusivamente,
sexual.
Pequenas ações no dia-a-dia, como dançar abraçados, trocar massagens, pentear os
cabelos, e esfregar as costas no banho, podem promover avanços quando horas de
discussão seriam infrutíferas. Isso acontece porque quando conversamos estamos
racionalizando, ou seja, trazendo razão para a troca. Mas o amor, a relação, tem que
manter presente o componente da emoção também. Além disso, sabemos que "uma ação
vale mais que mil palavras".
Ao fim de toda e qualquer discussão, o importante é a renovação do compromisso que
aquele casal firmou em estar junto para o que der e vier. E para que a renovação
aconteça, tudo que queremos saber é que amamos e somos amados pelo parceiro. E o
amor que vale nessa hora é representado pela nossa atitude, ao invés de teorias e
palavras.
Então confira abaixo algumas dicas que podemos colocar em prática quando sentimos
que há uma tensão no ar, quando há problemas e decisões a serem tomadas, quando há
insatisfação com alguma atitude ou falta de atitude do parceiro e quando há medo ou
insegurança quanto ao nosso desejo ou do outro em manter a relação.
Encontre uma forma de ficarem a sós e coloque uma música gostosa e romântica para
dançarem. Não puxe conversa, não tente resolver nem discutir nada. Apenas tire seu par
para dançar. Deixem-se levar pela música, troquem afeto, carinho e calor. Se há algo
importante pra ser resolvido, deixe para depois. Se você está magoado(a), esqueça o
motivo por algum tempo. Se seu parceiro quer discutir, proponha a ele ou ela que deixe
a conversa para outra hora. A música, o toque, o cheiro talvez lembrem vocês dois os
motivos pelos quais em algum momento da vida escolheram ficar juntos.
Fazer massagens nos pés, nas mãos, pentear os cabelos uns dos outros, cortar unhas,
enfim, cuidar um do outro é uma atitude de intimidade, de proximidade, que alivia as
tensões e pode diluir mágoas e ressentimentos. Mas nunca proponha receber antes de
dar. Proponha que o outro receba primeiro. Doe seu carinho, seu cuidado, seu afeto.
Espere a resposta. Quando duas pessoas estão dispostas a fazer uma relação funcionar,
dar certo, seguir adiante - e isso é fundamental para que um entendimento ocorra -,
certamente o recebedor do afago e do cuidado se sentirá propenso a retribuir.
Prepare o velho e bom escalda pés. Quem é que não ficaria profundamente agradecido
por receber um delicioso escalda pés ao chegar a casa após um estafante dia de
trabalho? E não tem nada de complicado em preparar esse momento especial pra seu
amor. Água quente, uns sais aromáticos, óleos essenciais ou simplesmente sal grosso
farão maravilhas para promover relaxamento e descanso. Se há algo para ser resolvido,
depois de um escalda pés isso será muito mais fácil.
Surpreenda sua cara metade. Planeje uma pequena viagem, compre ingressos pra um
show ou peça teatral, reserve um restaurante diferente. Se há problemas financeiros,
programe um passeio num parque. Faça algo que tire vocês dois da rotina.
QUANDO A CONVERSA É REALMENTE NECESSÁRIA
Embora as dicas acima possam ajudar a resolver uma boa parte dos conflitos presentes
no dia-a-dia dos casamentos, há momentos em que não podemos escapar de uma boa
conversa. E nessa hora alguns cuidados podem também ajudar a enfrentar as crises.
Se o problema é bem objetivo, relacionado a dinheiro, aquisições, dívidas ou trabalho, a
conversa precisa ser objetiva. Tenha à mão lápis e papel, máquina de calcular, contas e
o que mais for importante para que a conversa chegue a um resultado prático. Por
exemplo, vocês podem definir quem arca com quais despesas, como vocês farão
economia, onde ficará o dinheiro, quem assume a parcela do carro novo ou como vocês
vão comprar uma casa. Coisas objetivas devem ser escritas. Quem é por natureza
objetivo vai se sentir seguro e quem é por natureza subjetivo vai poder recorrer a um
papel para se lembrar do que foi combinado.
Se o problema é de ordem emocional, relacionado à família do outro, relação com a
sogra, ex-marido ou ex-mulher e filhos de um outro relacionamento, o cuidado deve ser
redobrado. Procure não dizer nada do que possa se arrepender mais tarde e, para isso,
pense antes de falar. Reflita: Quais são seus argumentos? Eles são lógicos ou estão
baseados em mágoas? O que você tem a dizer pode ser dito de uma maneira que não
magoe o outro? Nunca tenha essa conversa num momento em que esteja com raiva ou
irritado. Mas também certifique-se de que não ficará com nada importante "entalado" na
garganta. Você tem que descobrir uma maneira de falar ao parceiro tudo aquilo que é
fundamental para você.
Se é um problema de ordem sexual, de ciúmes, de carência, algo ligado especificamente
a vocês dois, vale ainda mais a dica anterior. Pense no que vai dizer, mas descubra uma
maneira de expor tudo o que é importante para você. Prepare o encontro, mas tenha
flexibilidade de não tocar no assunto (mesmo que tenha seu discurso preparado!) se
naquele dia sua cara metade perdeu uma pessoa querida, foi despedido ou ficou preso
num congestionamento recorde. Ou ainda se foi um dia "daqueles" para você. Se
ocorrer no momento adequado, a conversa poderá surtir bons resultados.
Viver e resolver crises no casamento pode não ser uma tarefa fácil, mas difícil também
não é. Uma boa dose de paciência, persistência e cuidado farão com que vocês sintam
uma crise como mais uma pedrinha no caminho que foi contornada ou que passaram por
cima.
ABORDAGENS PSICANALÍTICAS OU PSICODINÂMICAS EM TERAPIA DE
CASAL
Nas abordagens psicanalíticas ou psicodinâmicas das terapias de família e de casal há
uma ênfase no passado, na história, tanto como causa de um sintoma quanto como meio
de modificá-lo. Para os teóricos destas abordagens, os sintomas apresentados pelos
membros da família ou do casal são decorrências de experiências passadas que foram
reprimidas fora da consciência. Na maior parte das vezes, portanto, o método
terapêutico utilizado é o interpretativo e os tratamentos são de mais longa duração.
Diferentes autores podem ser agrupados nas escolas psicanalíticas ou psicodinâmicas
em terapia familiar e de casal. Destacaremos as propostas de Lily Pincus e Christopher
Daré e de Alberto Eiguer e André Ruffiot.
O CONTRA TO SECRETO DO CASAMENTO: PINCUS E DARE
Pincus e Dare (1981) baseiam seu estudo sobre o casamento em princípios gerais que
são maneiras de encarar qualquer relacionamento. O primeiro deles é de que as
motivações que levam as pessoas ao casamento, sustentam suas perturbações e lhes dão
qualidades particulares são, em grande parte, inconscientes. Tais motivações podem ser
mantidas fora da consciência de modo que sua existência seja percebida somente
indiretamente. Portanto, para estes autores, raramente é possível saber, questionando
diretamente, qualquer razão convincente do porquê da escolha do parceiro, ou qual a
natureza do casamento.
Os processos de projeção que ocorrem em todo tipo de relacionamento são
especialmente poderosos nas relações que têm laços emocionais mais fortes. O
casamento oferece, portanto, um campo particularmente fértil aos mecanismos
projetivos. Na escolha original do parceiro, a projeção joga um papel muito importante
na medida em que um se encontra apto e desejoso de aceitar e atuar, pelo menos em
parte, algo daquilo que o outro necessita projetar nele.
Tais escolhas podem ter aspectos profundamente terapêuticos se cada um dos parceiros
conseguir constatar no outro aqueles aspectos de si mesmo que não conseguiu
desenvolver. O uso da projeção no casamento não é apenas uma tentativa de livrar-se de
sentimentos indesejados ou de alguns aspectos do self. Por que agora são vividos pela
pessoa amada, tais sentimentos podem perder um pouco da ansiedade que costumavam
produzir e, com o tempo, podem até parecer aceitáveis para retornar ao self As vezes,
sentimentos ou aspectos do selfpodem ser aceitos no parceiro mas não podem ser
expressados diretamente pelo sujeito.
Por outro lado, a mesma dinâmica que levou à escolha original, na tentativa de resolver
ansiedades, pode conduzir o casal a um círculo vicioso: o parceiro que projetou aspectos
temerosos de si mesmo no outro pode dissociar-se, cada vez mais, forçando assim o
outro a expressá-los de maneira exacerbada e o resultado é um aumento de ansiedade
para ambos.
O segundo princípio que norteia a abordagem de Pincus e Dare, tanto no casamento
como nas relações humanas em geral, é que nos relacionamentos duradouros,
considerados importantes pelos participantes, há geralmente uma complementariedade
das necessidades, anseios e medos que fazem parte da vida a dois. Este princípio é
baseado no primeiro na medida em que deixa claro que o acordo que mantém a
complementariedade é inconsciente e, geralmente, implica também o uso da projeção.
O terceiro princípio que norteia a abordagem destes autores sobre a relação conjugal, é
o de que muitos dos anseios e medos inconscientes que fazem parte do "contrato
secreto" do casamento provêm, principalmente, dos relacionamentos da infância. Isto
significa que todas as pessoas tendem a padrões repetitivos de relacionamento, que são
motivados pela persistência dos desejos numa forma de fantasia inconsciente e
derivados da forma como as primeiras necessidades foram satisfeitas. No casamento,
muitas vezes, o aspecto repetitivo da seqüência da escolha é literal, como por exemplo,
quando uma mulher cuja infância foi prejudicada por um pai alcoólatra acaba casandose com um alcoólatra, divorcia-se dele e novamente repete a situação.
O quarto e último princípio, descrito por estes autores, é o de que estes padrões
repetitivos de relacionamento são sobretudo derivados da época em que a criança se dá
conta da intensidade dos seus anseios em relação aos pais, ao mesmo tempo em que
reconhece que estes formam um casal do qual ela é excluída, ou seja, da vivência do
Complexo de Édipo.
A abordagem terapêutica com casais proposta por estes autores leva em conta, ao longo
de todo o processo terapêutico, o resgate da histórica de cada cônjuge e da história da
relação conjugal norteada pela consideração dos quatro princípios acima descritos.
TERAPIA PSICANALÍTICA DE CASAIS: RUFFIOT E EIGUER
André Ruffiot e Alberto Eiguer são os principais representantes da abordagem
psicanalítica de família e de casal também chamada de abordagem grupalista. Os
desenvolvimentos teóricos propostos por Bion (1965). Anzieu (1975) e Kaês (1976)
para os grupos terapêuticos são aplicados pelos grupalistas à clínica do grupo familiar e
do grupo conjugal, considerando que o funcionamento psíquico inconsciente destes
grupos apresenta peculiaridades que os distingue do funcionamento do indivíduo.
Para os grupalistas, o casal é concebido como uma estrutura com características próprias
e interações peculiares sem desconsiderar as particularidades dos indivíduos que o
compõem. Se, por um lado, o cônjuge funciona como um suporte real para o objeto
interno e nele são depositados os aspectos narcísicos do sujeito, por outro, ele não é um
objeto passivo e seu funcionamento tem consequências na relação.
Ruffiot (1981) postula o conceito de aparelho psíquico familiar que se edifica na zona
psíquica obscura, indiferenciada, dos diferentes membros do grupo familiar e ressalta
que a terapia familiar psicanalítica trata tal aparelho e não os psiquismos individuais.
Eiguer (1984) identifica três organizadores da vida conjugal inconsciente: a escolha de
objeto no momento da instalação da relação amorosa, o eu conjugal e os fantasmas
partilhados pelos membros do casal.
O primeiro organizador, a escolha do parceiro, é articulado ao complexo de Édipo de
cada cônjuge e tem um valor semelhante ao das formações de compromisso
inconsciente, como o sintoma ou o lapso. Possui, portanto, uma função defensiva e
contribui para a economia libidinal.
O segundo organizador, o eu conjugal, é formado pela consonância dos vínculos
narcísicos e compostos por representações compartilhadas pelos cônjuges que levam a
um ideal de ego conjunto. Ele é responsável pelo sentimento de pertencimento, pela
formação de uma "pele conjunta"na expressão criada por Anzieu (1975).
O terceiro organizador, a interfantasmatização, é definido como o ponto de encontro dos
fantasmas individuais, próximos por seu conteúdo, que organizam os vínculos libidinais
e os vínculos narcísicos do casal.
A proposta da terapia psicanalítica de casal é a de tratar conjuntamente os dois
parceiros, como um todo, através da relação transferencial. Neste trabalho Ruffiot
(1981) privilegia as produções imaginárias informando a família ou o casal, desde o
início do processo terapêutico, da importância de relatar seus sonhos nas sessões com o
objetivo de tornar conscientes os vínculos que os unem e de retomar a
interfantasmatização psíquica. Desde a primeira entrevista também é enunciada a regra
da associação livre que aciona mecanismos regressivos permitindo perceber o
funcionamento do aparelho psíquico do grupo familiar ou conjugal.
A terapia psicanalítica de casal tem, portanto, como objeto de trabalho o inconsciente
conjugal, mundo fantasmático compartilhado, assim como afetos, tensões e defesas
comuns. Um de seus principais objetivos é a percepção das forças inconscientes que
originaram a relação, provocaram a escolha amorosa e contribuíram para os atuais
conflitos do casal. O trabalho clínico pretende, a partir daí, restabelecer a circulação
fantasmática e instaurar um novo equilíbrio entre os vínculos narcísicos e objetais. É
também proposta da terapia reduzir as identificações projetivas, transformando não
ditos em palavras, e restituindo a cada cônjuge o que fora depositado no outro, para que
a relação deixe de ser, assim, um sintoma das patologias individuais.
A ARTICULAÇÃO DE DIFERENTES ABORDAGENS
Em Féres-Carneiro (1991), ressaltamos que a dicotomia que divide o campo das terapias
de família e de casal - o modo de pensar sistêmico e o modo de pensar psicanalítico - é,
às vezes, tomada rigidamente por alguns autores considerados puristas de cada uma
destas abordagens e que tal rigidez, ao invés de avançar a produção teórica na área e os
desenvolvimentos técnicos decorrentes desta produção, acaba por criar impasses
teórico-técnicos a partir de uma polêmica que pode ser, muitas vezes, considerada falsa.
Após 23 anos de trabalho clínico e de pesquisa com famílias e casais, marcados, em
alguns momentos, por influências predominantemente sistêmicas e, em outros, por
influências predominantemente psicanalíticas, temos buscado, nos últimos anos, refletir
sobre a possibilidade de articulação, tanto ao nível teórico quanto ao nível prático, das
contribuições destes enfoques.
Como vimos anteriormente, podemos distinguir na terapia familiar e de casal dois
grandes enfoques: o interacional sistêmico e o grupalista analítico. Alguns terapeutas
propõem um trabalho numa abordagem sistêmica pura, como Haley (1979), enquanto
outros pretendem trabalhar numa abordagem psicanalítica sem nenhum suporte
sistêmico, como Ruffiot (1981) e Eiguer (1984). Há, entretanto, autores que tentam
fazer uma síntese destas duas abordagens, no trabalho com famílias e casais, como
Lemaire (1982,1984) e Nicollóp(2).
É nesta possibilidade de síntese, de articulação dos dois enfoques, que estamos
sobretudo interessados. Às vezes, falta a algumas abordagens psicanalíticas conceber a
família como uma unidade sistêmica indivisível. A terapia familiar e de casal não é a
terapia dos indivíduos que compõem a família ou o casal, nem tampouco a terapia do
indivíduo em presença da família ou do casal. É essencial estudar a articulação entre o
indivíduo e seu grupo familiar e conjugal levando em conta as descobertas mais
significativas das abordagens sistêmicas sem se tornar prisioneiro das teorias.
Na perspectiva sistêmica, há uma preocupação com o comportamento e a busca de
modificá-lo, o que leva a uma desatenção em relação aos processos psíquicos
subjacentes, enquanto na perspectiva psicanalítica há uma preocupação em expressar os
desejos inconscientes que estão na origem da disfunção familiar e conjugal.
Mas estas duas concepções teóricas - e as práticas delas decorrentes - são obrigadas,
uma e outra, a partir da constatação de que o grupo familiar ou o seu subgrupo fundador
- o casal - são grupos organizados, auto-regulados, com uma linguagem própria, regras
próprias de funcionamento e mitos próprios.
Nicolló fala de um "rigor elástico", quer dizer, de uma atitude que requer nas disciplinas
psicológicas, a intuição, a subjetividade do observador que são insubstituíveis para o
conhecimento, quando discute a possibilidade de articulação dos dois enfoques em
terapia familiar e de casal.
Lemaire (1984) ressalta a necessidade de uma tríplice chave de leitura, no trabalho com
família e casal, que passa pelo intra-psíquico, pelo sistêmicointeracional e pelo social.
Para ele, o fato, por exemplo, de o terapeuta conjugal compreender psicanaliticamente
os fenômenos inconscientes das identificações projetivas, que estão na base da colusão
narcísica do casal, não deve impossibilitálo de lançar mão de desenvolvimento teóricotécnicos das teorias sistêmicas. Ele pode, ao mesmo, tempo trabalhar sobre a
comunicação, as expressões paradoxais, os duplo-vínculos etc, sem estar impedido de
levar em conta processos arcaicos inconscientes que estão em jogo desde o
estabelecimento da relação amorosa.
Dependendo do tipo de demanda familiar e conjugal, pode-se escolher um referencial de
compreensão mais sistêmico ou mais psicanalítico. É importante escolher um quadro de
pensamento mas este não deve ser rígido. A visão sistêmica e a visão psicanalítica não
se excluem mutuamente.
Não se trata de afirmar que um modelo é melhor que o outro ou que um grupo detém a
solução, mas de poder atender a esta ou aquela família, a este ou aquele casal, na
abordagem terapêutica que melhor se adapte ao seu estilo e à sua estrutura psicológica.
AULA 04 – COMUNICAÇÃO E RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
CONJUGAIS
Segundo Vila (2002) apud Sardinha; Falcone e Ferreira (2009), o aumento paulatino do
número de divórcios, tanto no Brasil quanto no mundo, revela dados preocupantes, com
índice de 60% nos EUA, de 40% na Inglaterra e de 25% no Brasil.
Problemas de relacionamento entre casais e de insatisfação no casamento têm sido
apontados como um dos maiores estressores da vida, levando a transtornos psiquiátricos
e enfermidades físicas.
Um dos fatores mais graves desse quadro desastroso são os conflitos na comunicação
conjugal, pois, é comprovado através de pesquisas que homens e mulheres emitem e
recebem a mensagem de forma diferente, além disso, muitos casais não possuem
habilidades suficientes para resolver os conflitos durante a conversação.
Por isso, a necessidade de tomarem conhecimentos dos elementos básicos da
comunicação, tais como linguagem corporal, ou seja, qual postura adequada deve-se ter
diante de uma situação de conflito, afim de que este seja resolvido.
Da linguagem verbal, quais são os elementos que estão intrínsecos na linguagem verbal,
tais como os mecanismos de defesa, como identificá-los, para que não sejam utilizados.
Quais as necessidades que movem a vida do homem e da mulher, o homem para ter
acesso ao coração de mulher deve amá-la, e demonstrar isso através de palavras e ações,
e a mulher respeitá-lo, da mesma forma.
E por fim, quais as habilidades sociais necessárias no relacionamento conjugal para que
se obtenha uma comunicação eficaz e satisfatória, tais como a empatia e a assertividade.
Elementos da comunicação: linguagem corporal
A comunicação é o elemento básico na construção de laços de amor e amizade, em
qualquer relacionamento.
No relacionamento entre um homem e uma mulher não é diferente, tudo começa com
um olhar, um gesto, um aperto de mão, algumas palavras, longas conversas, troca de
confidências, contato físico, etc. tudo isso comunica sentimentos, pensamentos, e ações.
Por isso, podemos dizer que a existe dois tipos de comunicação, a verbal, e a nãoverbal, que é também chamada de linguagem corporal, esses elementos estão
internalizados em cada indivíduo, e o externalizamos, muitas vezes, de forma
inconsciente, e tomar conhecimento desse tipo de linguagem contribui muito para
redução de comportamentos inadequados no casamento.
Há um dito popular de diz que "uma ação vale mais que mil palavras", e podemos
constatar essa verdade em nosso dia-a-dia, um clássico exemplo é quando a mulher está
chateada com o marido e ele pergunta: "Querida, o que foi? Você está chateada com
alguma coisa?" geralmente as mulheres respondem, "não", mas em sua linguagem
corporal está estampado um grande "sim".
Na verdade nosso corpo fala muito mais, que as palavras, Albert Mehrabian apud
Pease.Allan e Barbara (2005) pioneiro da pesquisa da linguagem corporal na década de
1950, apurou que em toda comunicação interpessoal cerca de 7% da mensagem é verbal
(somente palavras), 38% é vocal (incluindo tom de voz, inflexão e outros sons) e 55% é
não-verbal, por isso a importância em emitir a linguagem corporal adequadamente, para
que haja uma comunicação eficaz. Pesquisas mostram que nesse campo as mulheres
saem na frente dos homens, segundo Pease. Allan e Barbara (2005), as mulheres têm
uma capacidade inata de captar e decifrar os sinais não verbais, assim como um olhar
atento para os pequenos detalhes; um forte indício dessa capacidade, é o fato de que
mulheres que são mães recorrem quase que exclusivamente ao canal não-verbal para se
comunicar com a criança pequena.
Por isso, a melhor maneira de dialogar para resolver um conflito, é numa posição
confortável de frente para o outro, se possível sentado, olhando nos olhos, não de
maneira defensiva, mas de maneira empática, respeitando um espaço, com pernas
descruzadas, (pois quando cruzamos é sinal que estamos nos fechando para o outro),
com os pés apontando para frente, (pois quando um dos pés aponta para outro lugar
nosso corpo está dizendo que quer sair dali), braços descruzados, e se possível de mãos
dadas (para demonstrar que estamos tentando buscar uma solução e não competindo pra
ver quem está certo), todo seu corpo deve estar em harmonia com sua atitude que deve
ser a de buscar resolver a questão (Pease. Allan e Barbara, 2005).
Por mais que situação pareça complexa, de difícil solução, o modo como você se
expressa corporalmente pode fazer toda a diferença na busca da resolução do conflito, o
olhar revela muito sobre a nossa disposição de estar aberto para tal, portanto ele deve
ser de amor, como aquele olhar dos primeiros encontros, agindo assim, o outro será
desarmado de qualquer atitude negativa que geralmente permeia a mente nessa situação.
Linguagem verbal
A comunicação entre duas pessoas não é estabelecida apenas pelo processo da fala e
escuta, existem muitas outras implicações no núcleo desse processo.
Aquele que dirige a fala precisa pensar sobre o que fala, como fala, com quem fala, e
aquele que ouve precisa estar atento, receptivo, e aguardar a deixa para que possa falar
também, portanto quando em um diálogo aquele que fala não respeita esse processo, e o
que escuta também não ao invés de estar atento está elaborando o que irá responder, a
comunicação torna-se difícil e tumultuada, e não chega ao objetivo esperado, ou a uma
conclusão.
É comum prestarmos atenção nesses sinais quando estamos diante de alguém
considerado socialmente importante, como o professor, o chefe, autoridades, dentre
outros, porém, quando estamos entre amigos,familiares, com nosso cônjuge, ou filhos,
que são tão ou mais importantes que os anteriores, tornam-se mais difícil notarmos
esses sinais. É justamente por isso que ocorrem tantos conflitos na comunicação.
Entre marido e mulher, os conflitos na comunicação é motivo de queixas constantes
para ambos, um afirma não ser compreendido pelo outro, isso é fato, e motivo de grande
déficit no relacionamento a dois.
De acordo com Taganelli (2003) apud Sardinha; Falcone; Ferreira (2009), as
dificuldades em interpretar o comportamento e os sentimentos do outro levam ao
fracasso do relacionamento.
Segundo Tonet (2009) nos relacionamentos a comunicação não é transparente, pois,
cada cônjuge interpreta as situações cotidianas, de acordo com suas próprias
experiências pessoais, preconceitos, estereótipos, crenças, aspirações e sentimentos
fraternos, ou seja, cada indivíduo traz consigo toda uma "bagagem", na hora de
comunicar-se isso poder ser um dos fatores relevantes para o conflito na comunicação.
No momento do diálogo utilizamos inconscientemente alguns elementos inatos de
defesa própria, justamente por não compreendermos plenamente a mensagem do outro,
esses elementos são chamados mecanismos de defesa.
As pessoas defendem-se inconscientemente da ansiedade que sentem numa situação
perturbadora. Podem fazê-lo distorcendo a realidade e enganando a si mesmo esses são
dois processos subjacentes que Freud denominou mecanismos de defesa. Todos nós
usamos desses mecanismos para proteger nossa auto-imagem, o que é bastante comum
em nossa vida diária. Temos necessidade de uma auto-imagem positiva, de aprovar
nosso comportamento, e justificá-lo quando necessário. Às vezes, a única maneira de
conseguir isto é através de processos inconscientes, iludindo-nos e alterando os fatos
reais, de modo a preservar a nossa auto-imagem.
Esses mecanismos são divididos em: negação, racionalização, projeção, sublimação,
formação reativa, repressão, regressão e deslocamento.
Na comunicação podemos utilizar vários desses mecanismos, porém, quando se trata da
comunicação conjugal, existem alguns mais utilizados são eles:
Racionalização: ela é utilizada nas mais diferentes situações, quer envolvendo
frustração quer envolvendo culpa. Ocorre pelo uso da razão na explicação de estados
"deformados" da consciência. O racional é usado para explicar o irracional, tomadas de
posições sem sentido. Quando as pessoas fazem coisas que não deviam, é comum
sentirem culpa, e ao invés de admitirem a razão real de seu comportamento, preferem
com freqüência racionalizar inventando razões plausíveis para o seu ato. Ex: a mulher
sai com o cartão de crédito na bolsa, passa por uma loja que está em promoção, não
resiste e acaba fazendo "umas comprinhas", mesmo com o orçamento apertado, quando
ela chega em casa, que o marido questiona sua atitude, ela responde: "mas estava em
promoção, amor!". Quando em um diálogo o outro tenta justificar, algum erro cometido,
ao invés de admiti-lo de pedir desculpas, isso certamente gera um desgaste e conflito na
comunicação.
Projeção: quando o indivíduo coloca no outro, sentimentos, desejos ou idéias que são
dele próprio. Esse mecanismo ajudaria então a lidar de mais fácil com esses
sentimentos, a dificuldades em admitir determinadas "falhas" em nossa personalidade
seria projetada no outro. Ex: Isso ocorre frequentemente entre casais, o marido é super
grosseiro no trato com a esposa, e a esposa ao reclamar, recebe como resposta: "eu sou
um amor perto do vizinho, ele sim, trata mal sua esposa". A projeção desvia o olhar de
si para outra pessoa, isso é um problema, pois quem errou não admite, e essa atitude não
leva a uma mudança positiva de comportamento.
Deslocamento: ao invés de agredir determinada pessoa, a agressão é direcionada à
outra. Ex: o marido chega uma pilha do trabalho, foi maltratado pelo seu chefe, então
desconta toda sua frustração na mulher, com palavras rudes e grosseiras, pois não pode
agir assim com o chefe. Por isso é necessário que ambos adquiram um olhar acurado
diante do cônjuge, a aquisição da habilidade de ler o ambiente é muito importante para
se evitar conflitos, pois quando o outro chega cansado e frustrado do trabalho, não é a
melhor hora pra falar, por exemplo, que o filho foi mal na escola, isso pode gerar uma
situação conflitante desnecessária, é preciso saber o que falar e hora apropriada.
Quando tomamos consciência desses comportamentos fica mais fácil policiar nossas
atitudes, e melhorar a comunicação conjugal.
Mas, além desses aspectos, não podemos negar a existência de que existem expectativas
diferentes entre homens e mulheres num diálogo.
Eggerich (2008), em seu livro intitulado "Amor e Respeito", teoriza que mulheres e
homens possuem necessidades diferentes, e a insatisfação dessas necessidades podem
levar a sérios conflitos no casamento, chegando até à rompimentos dos laços afetivos.
Através de anos de experiência em aconselhamento de casais, e estudos teológicos sobre
o assunto, ele deparou-se a teoria de que as mulheres precisam ser amadas, os maridos
devem demonstrar esse amor em palavras e atitudes, e o marido precisa ser respeitado, e
a mulher da mesma forma deve demonstrar isso em palavras e atitudes, essa teoria
baseia-se no livro de Efésios (BÍBLIA SAGRADA, capítulo 5, verso 33) onde o autor
Paulo declara: "Portanto, eu torno a dizer: um homem deve amar sua esposa como parte
de si próprio;.e a esposa deve respeitar profundamente o marido ? obedecendo,
elogiando-o e honrando-o".
Eggerich (2008) então faz uma aplicação relevante denominada ciclo insano: sem amor
ela reage sem respeito, e sem respeito ele reage sem amor.
Ele ainda prossegue também com a idéia de que o ciclo insano deve ser substituído por
outro ciclo chamado ciclo energético; o amor dele estimula o respeito dela, o respeito
dela estimula o amor dele, portanto se o homem é carinhoso, atencioso, fala com
mansidão, atende seus pedidos da melhor maneira possível, a esposa se sente amada,
querida, segura, e em resposta, o respeitará, demonstrando consideração, atendendo seus
desejos, estando disponível sexualmente, segundo o autor esses elementos aplicados no
cotidiano podem ser a peça chave para uma convivência satisfatória e feliz para ambos.
São as pequenas coisas que revelam os capítulos do coração; são as pequenas atenções,
os numerosos incidentes pequeninos e as simples cortesias da vida, que formam a soma
da felicidade da existência. (WHITE, 1996)
Habilidades sociais conjugais
Certa vez ouvi uma psicóloga falar uma frase bastante interessante em um programa de
televisão cujo enfoque é relacionamento familiar, ela disse que o relacionamento a dois
não deve ser como um jogo de tênis, onde a intenção é jogar a bola de maneira que seu
adversário erre, para então o jogador ganhar o ponto, mas deve ser como o frescobol,
em que os dois jogadores se esforçam para que seu parceiro pegue a bolinha, essa é a
regra do jogo.
Dessa forma, na comunicação do casal deve haver um esforço mútuo para que ela
ocorra da melhor forma possível, para tanto é necessário que ambos adquiram algumas
habilidades.
Parker (2002) apud Sardinha; Falcone; Ferreira (2009) concluiu em seus estudos que os
casamentos satisfeitos de longa data dependem de algumas habilidades de interação tais
como: desenvolver capacidade para lidar com conflitos; consultar o parceiro na tomada
de decisões; manter uma boa comunicação; cultivar valores tais como confiança,
respeito, compreensão e equidade; desenvolver intimidade sexual e psicológica.
Terapeutas de base cognitivo-comportamental propõem que o desenvolvimento de
habilidades sociais entre os casais em crise contribui significativamente para a maior
eficácia da comunicação e da resolução de problemas conjugais, Parker (2002) apud
Sardinha; Falcone; Ferreira (2009).
Caballo (2006) considera que o comportamento socialmente hábil é aquele conjunto de
comportamentos emitidos por um indivíduo em um contexto interpessoal específico,
expressando sentimentos, atitudes, desejos, opiniões ou direitos, de modo adequado
àquela situação; respeitando os demais e, geralmente, resolvendo os problemas
imediatos a situação, ao mesmo tempo em que minimiza a probabilidade de problemas
futuros.
Ou seja, os dois não precisam reprimir seus sentimentos, apenas expressá-los de forma
sincera e adequada cuidando com os detalhes como, momento, modo de falar, tom da
voz, expressão, exercer auto-controle, dominando suas emoções negativas, e
racionalizando e focando no ponto chave da questão, abordando o problema atual, sem
trazer à tona situações passadas, nem antecipando o futuro, simplesmente resolvendo os
conflitos um a um.
Os autores Dell Prette; Dell Prette (2008), os quais realizam a maior parte da pesquisa
sobre Habilidades Sociais no país, nas mais diversas áreas, define HS como existência
de diferentes classes de comportamentos sociais no repertório do indivíduo para lidar de
maneira adequada com as demandas das situações interpessoais.
Ou seja, nós podemos adquirir algumas habilidades, e utilizá-las de forma apropriada
nas mais diversas situações.
Dentro do guarda chuva das habilidades sociais, encontra-se as habilidades sociais
conjugais, trata-se de habilidades que se postas em prática podem mudar para melhor a
comunicação e o relacionamento conjugal.
Algumas habilidades essenciais para a qualidade do relacionamento conjugal, para que
haja uma redução de conflitos incluem: acalmar-se e identificar estados de descontrole
emocional em si e no cônjuge, ouvir de forma não defensiva e com atenção, validar o
sentimento do outro, reorganizar o esquema de interação do casal de modo a romper o
ciclo queixa-crítica-defensividade-desdém, habilidades de persuadir o cônjuge a não
tomar nenhuma decisão enquanto estiver sem autocontrole adequado. (PRETTE;
PRETTE, 2008).
Ouvir de forma não defensiva, permite que o cônjuge exponha por completo o seu
pensamento e pode servir para validar seu sentimento (empatia); adicionalmente, a fala
calma facilita a organização do conteúdo da mensagem, aumenta a probabilidade de
clareza e, consequentemente, de compreensão, tendo o efeito provável de acalmar;
admitir o erro, desculpar-se ou pedir mudança de comportamento que também são
habilidades cruciais.
A empatia, assim como a assertividade devem estar inseridas sempre nas habilidades
que o casal deve adquirir, como já citada, o ouvir com empatia deixa o outro à vontade
para abrir o coração, e o falar assertivo faz com que o outro compreenda seus
sentimentos sem magoá-lo(a).
Conforme Falcone; Ramos (2005) apud Sardinha; Falcone; Ferreira (2009), o conceito
de comportamento socialmente competente deve incluir a capacidade de obter
satisfação pessoal, por meio da expressão de sentimentos, da defesa dos próprios
direitos (assertividade) e, ao mesmo tempo, da motivação genuína para compreender e
atender às necessidades da outra pessoa (empatia).
A empatia caracteriza-se pela habilidade em compreender, de forma acurada, os
sentimentos e a perspectiva da outra pessoa, bem como de transmitir entendimento de
tal maneira que esta se sinta verdadeiramente compreendida e acolhida (FALCONE,
1999, p. 24). O comportamento empático inclui:
- Um componente cognitivo, caracterizado por uma capacidade de compreender mais
profundamente a perspectiva e os sentimentos dos outros, referido como tomada de
perspectiva;
- Um componente afetivo, caracterizado
compaixão/preocupação com a outra pessoa; e
por
sentimentos
claros
de
- Um componente comportamental, entendido como manifestações verbais e não
verbais de compreensão dos estados internos da outra pessoa. (FALCONE, 2000).
A empatia, portanto, faz com que o cônjuge sinta-se compreendido, acolhido, aceito,
reduz a raiva do outro, tornando-a mais disponível para ouvir, e facilitando o diálogo de
entendimento.
Um estudo publicado por Sardinha; Falcone; Ferreira (2009) que buscava compreender
as relações entre habilidades sociais percebidas pelo cônjuge e satisfação conjugal,
analisou o casamento de cinqüenta casais, com idades entre 29 e 69 anos e tempo de
união entre 7 e 38 anos, os quais responderam a uma Escala de Satisfação Conjugal, ao
Inventário de Habilidades Sociais Conjugais e ao Questionário de Empatia Conjugal.
A análise de regressão múltipla apontou forte relação entre a empatia do cônjuge e a
satisfação conjugal, seguida pela expressão de sentimentos e defesa dos próprios
direitos, portanto a empatia relaciona direta e significativamente com todos os aspectos
da satisfação conjugal; na medida em que, quando um parceiro procura ver os fatos sob
a ótica do outro, muitos atritos na inteiração podem ser evitados e a solução de
problemas de interação torna-se mais fácil.
Os dados desta pesquisa sugerem também que o cônjuge capaz de expressar seus
sentimentos contribui para maior satisfação conjugal em menos grau que a empatia, mas
ainda assim, de maneira significativa; a expressão assertiva dos desejos, sentimentos e
necessidade facilita a solução de problemas interpessoais, aumenta o senso de autoeficácia e a autoestima, melhora a qualidade dos relacionamentos e promove
tranquilidade (FALCONE, 1999, apud SARDINHA; FALCONE;.FERREIRA, 2009).
Portando, quando um consegue expressar o que sente de forma plena, e o outro
consegue ouvir sem se ferir, e acolhendo o sentimento do que fala, temos um caminho
saudável para resolução de um conflito, construção de uma comunicação eficaz, e um
casamento feliz.
Metodologia
Esta pesquisa está classificada nos critérios de pesquisa bibliográfica para o
embasamento teórico.
Partindo da pesquisa realizada, os dados foram analisados a partir de leitura crítica e
redação dialógica a partir dos autores apresentados.
Considerações Finais
Um diálogo eficaz para a resolução de conflito no matrimônio resulta, portanto, na soma
de vários fatores, aos quais é preciso estar atento na hora da comunicação.
A linguagem corporal deve ser congruente com o desejo de resolver o conflito, a
posição deve ser de frente para o outro, o olhar deve ser empático, a postura deve dizer :
vamos buscar uma solução juntos?
É necessário expressar uma linguagem adequada na busca da solução, ela deve ser clara,
objetiva, admitindo os erros, e desculpando-se, e para concluir o diálogo, é preciso
tomar a decisão de mudar o comportamento.
Deve-se ter em mente também, que homens e mulheres são diferentes em suas
expectativas, eles esperam ser respeitados, essa é a forma pela qual sua mulher deve
demonstrar amor, e ela espera ser amada, essa é a forma pela qual o seu marido deve
demonstrar amor, se esses sentimentos estiverem intrínsecos no diálogo, a resolução do
conflito fica, mas simples.
Algumas habilidades são extremamente importantes para resolução de conflitos, dentre
elas a empatia e a assertividade são fundamentais.
A empatia faz com que o outro expresse sem medo seus sentimentos, e a assertividade
faz com que ele(a) fale o que sente de forma positiva, sem intenção de magoar, a
comunicação portanto, torna-se possível, e prazerosa, o casal tem a convicção de que
todos os conflitos podem ser resolvidos, trazendo o sentimento de satisfação e felicidade
em seu casamento.
Referências Bibliográficas
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Nova, 2008.
CABALLO, V. E. Manual de avaliação e treinamento das Habilidades Sociais. São
Paulo:Editora Santos, 2006.
EGGERICHS, E. Amor e respeito. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
FALCONE, E.M.O; FERREIRA, M.C.; SARDINHA, A. As relações entre a satisfação
conjugal e as habilidades sociais percebidas no cônjuge. Psicologia Teoria e Pesquisa.
Jul-Set 2009, Vol. 25 n.33, pp. 395-402.
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In
http://pt.shvoong.com/social-sciences/1688710psicologia-ii-mecanismos-defesa/. Acesso em outubro de 2010.
NETTO.M.H.T. In http://artigosdepsicologia.wordpress.com/2007/10/04/mecanismosde-defesa/. Acesso em outubro de 2010.
PRETTE, A.D; PRETTE, Z.A.P. Psicologia das relações interpessoais: vivências para o
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TONET,
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In
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WHITE; E. G. O Lar Adventista. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1996.
AULA 05 – QUANDO A AJUDA PSICOLÓGICA SE TORNA
NECESSÁRIA
A expressão "terapia de casal" não me parece muito adequada para nomear a ajuda que
muitos casais buscam na clínica psicológica. Não descreve, de modo correto, o processo
do qual tenho participado, no dia a dia, com esses clientes que apresentam dificuldades
nos seus relacionamentos conjugais. O ser humano vive em relacionamento, desde o
instante em que é concebido. Seguramente, esta é sua experiência de vida mais antiga.
Mas, mesmo que ela seja a primeira, não significa ser aquela que ele mais domine e
sobre a qual mais aprendeu. Mesmo sendo a mais antiga, não é a mais fácil de ser
vivida. Não. Lembro-me de uma expressão, criada por Sartre, que diz: "O inferno são os
outros". De fato, relacionar-se e, principalmente, conviver com uma outra pessoa são
constantes desafios para os seres humanos. No casamento, que é um relacionamento e
uma convivência com características bem específicas, esta dificuldade adquire aspectos
bastante próprios.
A vida de um casal é influenciada de maneira profunda e complexa por inúmeros
fatores que envolvem cada um dos cônjuges. Sobre alguns desses fatores e sobre
algumas características do relacionamento conjugal, é o que tentarei apresentar neste
texto.
O CASAMENTO
Logo de início, na tentativa de encontrar uma resposta para esta pergunta, esbarramos
na complexidade deste tema.
Do ponto de vista jurídico, o casamento é um "contrato civil" entre duas pessoas, ou
seja, é, na verdade, uma forma de "sociedade limitada" entre dois sócios, em que cada
um deles é "proprietário" de 50% das ações. Nem mais, nem menos.
Juridicamente, cada cônjuge responde igualmente pelos compromissos civis assumidos
por qualquer um deles. Em certos atos legais, fazem-se necessárias as assinaturas de
ambos, diante de um escrivão, etc.
Enfocando a relação por esse ângulo, é fácil estabelecer graus de responsabilidades para
cada um. Mas, se nos detivermos em outros aspectos da relação conjugal, é mais
difícil fazer isto.
Para tornar mais prático o que quero discutir neste documento, denominarei de
"psicológicos" os demais aspectos da relação conjugal, aqueles que escapam ao que
chamei acima de "ponto de vista jurídico".
A qualidade da relação conjugal decorre do nível de equilíbrio psicológico presente nos
parceiros ("sócios"): marido-mulher, cabendo a cada um deles, do mesmo modo que
"juridicamente", 50% de responsabilidades.
Somente uma situação escapa a este
critério de proporcionalidade: a presença em um dos cônjuges, ou em ambos, de algum
tipo de limitação severa, física ou psicológica, que, de fato, o(a) inviabilize.
O que escrevo agora é, aparentemente, o óbvio: cada pessoa é única. A maneira de
perceber a realidade é individual. Esta forma particular de ser de cada pessoa é
construída ao longo de sua vida. A história de cada um de nós (tudo que nossa herança
biológica nos permite elaborar, a partir de nossas interações como o mundo) determina
o que somos e faz de nós seres únicos, diferentes uns dos outros. Esta diferença
inquestionável, que constitui o grande "nó" das ciências humanas, pode ocorrer em
graus infinitamente variados. Por isso, é possível nos iludirmos e chegarmos a pensar
que existam, de fato, os "iguais" ou os "complementares" (a "outra metade da laranja").
Para constatarmos o que acabo de escrever, bastam alguns minutos de conversa entre
duas pessoas. Logo as discordâncias surgem e verificamos que elas são completamente
diferentes. No máximo, podem ser "parecidas".
Quando ouvimos dois indivíduos falarem sobre certos temas, vemos que podem até usar
as mesmas palavras, e expressarem os mesmos sentimentos, todavia, a semelhança entre
eles é apenas aparente. Quando "vamos mais fundo", querendo entender o que cada um
deles quis dizer, com as palavras que usaram, verificamos que, ainda que tenham falado
as "mesmas coisas", não sentiram as "mesmas coisas". Por exemplo, ao verem uma obra
de arte, cada um perceberá aquela obra com "olhos diferentes", portanto, estarão
avaliando de modo bastante distinto o objeto que ambos denominaram de "lindo". O
"lindo", para um, não é o mesmo para o outro. Esta "real" diferença, que existe entre
todas as pessoas, mesmo entre aquelas em que ela se mostra de forma "sutil", representa
apenas uma parte pequena, mas altamente significativa da questão que estamos
discutindo.
Pelo exposto acima, creio que a igualdade entre pessoas é impossível, a semelhança é
raríssima, a diferença é a presença constante entre dois seres humanos.
O FATO "DIFERENÇA", NO CASAMENTO
O que vou expor agora se aplica a qualquer relacionamento humano, mas, como o nosso
tema aqui é o casamento hetero, focalizarei mais essa relação e os fenômenos que
costumam nela acontecer.
Esse fato, "diferença", pode ser considerado um dos fatores principais para o
surgimento dos "desencontros" e das "desarmonias" que ocorrem na vida conjugal. A
diferença, à qual me refiro aqui, é o que determina a forma de percepção da realidade de
cada pessoa. Em outras palavras, essa diferente maneira de cada pessoa ver a sua
realidade faz com que não exista somente uma verdade, única e insofismável. Cada um
de nós tem a sua própria verdade, a sua maneira única de perceber o mundo a seu redor.
Essa constatação deveria ser suficiente para sabermos que não somos donos da verdade,
mas esquecemos isso, passamos a acreditar que a única verdade é a nossa e que as dos
demais são "opiniões equivocadas" ou inverdades. Dizendo de outra forma, "eu sei o
que é certo, você, não", ou "eu estou certo(a) e você está errado(a).
Este posicionamento extremo quase sempre está presente nos relacionamentos conjugais
problemáticos. É relativamente fácil a gente entender o porquê disso. Essa rigidez de
percepção não permite à pessoa entender que a sua realidade é VERDADEIRA para si e
que a realidade do outro é igualmente VERDADEIRA para ele(ela). Quando há rigidez,
o fato do seu(sua) parceiro(a) ter um modo de pensar diferente do seu deixa de ser
somente um sinal concreto das DIFERENÇAS que existem entre duas pessoas e passa a
significar que o outro está CONTRA ela(e). Seria, então, a diferença entre as pessoas a
causa principal das dificuldades conjugais? Na realidade, não é bem a diferença que
causa o problema no casamento, mas, certamente, tudo ficará mais complicado na
relação quando os cônjuges não aceitarem este fato e não compreenderem como lidar
com ele.
Muitas pessoas confundem ACEITAÇÃO da diferença com CONFORMISMO ou
ACOMODAÇÃO. É importante que se desfaça logo esse equívoco. Aceitar a diferença
não é se conformar com ela ou a ela se acomodar, mas uma compreensão profunda de
um dado da realidade que se impõe a todos nós: cada pessoa é única.
Esse dado que é tão óbvio, e a que já me referi linhas atrás, nem sempre se mostra assim
nos relacionamentos humanos. Muitas razões existem para isso acontecer, mas
focalizarei somente dois agora.
O primeiro é o medo que a pessoa tem de "perder sua identidade". O segundo é o medo
de ela perder o "domínio sobre o outro".
Portanto, aceitar a diferença de opiniões, sobre um mesmo fato, nem sempre é tarefa
fácil, pois, ao se admitir que o outro esteja certo, teremos que admitir que estamos
errados. Admitindo isso, teremos que fazer uma revisão de nossos valores e de
referenciais significativos, que regulam nosso equilíbrio psicológico. Aceitar a verdade
do outro é admitir o nosso equívoco diante da nossa realidade, mas estes temas são
muito complexos. Discuti-los aumentaria muito o tamanho deste texto. Num futuro
documento, deter-me-ei mais neles.
Mas será que as diferenças entre as pessoas são sempre sentidas como negativas pelo
outro? Atrapalham a convivência? Sempre? Não. Elas, em certos momentos, até
promovem uma aproximação. É o que geralmente acontece quando se inicia uma nova
relação.
Quando os relacionamentos começam, essas diferenças podem ser o que "encanta" os
parceiros. A novidade, a paixão, a curiosidade, o desconhecido, a surpresa, tudo isso
provoca uma emoção e uma vibração que colorem o relacionamento com tons(?)
agradáveis. Mas, aos poucos, isso vai mudando, quase sempre a partir do
reconhecimento e da constatação das diferenças que provocam desencontros de ideias
em temas do dia a dia, considerados fundamentais dentro da perspectiva de cada um dos
cônjuges. Isso, dito assim, pode parecer simples demais. Mas quero lembrar que esse
fato é apenas um "detonador" de uma bomba, construída há muito tempo atrás, dentro
de cada um deles, e diretamente ligado às suas histórias pessoais.
A HISTÓRIA DE CADA UM E O CASAMENTO
Quando um homem se aproxima de uma mulher (ou vice-versa) e os dois resolvem
viver uma vida de casados, ao formalizarem esta união, trazem para
este novo
momento de suas vidas duas histórias completamente diferentes (mesmo que elas
pareçam ser semelhantes).
Essas histórias foram construídas através de um número infinito de experiências, entre
as quais aquelas que, claramente, são responsáveis pelo nosso modo de percepção de
nós mesmos, e que constroem grande parte do nosso "SELF". Tais experiências vividas
determinam algumas características nossas, como, por exemplo: 1) Nosso modo de
ver o mundo e a realidade ao nosso redor. Expectativas em relação ao sentido da vida.
2) Nosso modo de avaliar como as pessoas nos veem, o que esperam de nós, que ideias
fazem a nosso respeito. 3) Nossos sentimentos pelas pessoas, nossa forma de ver o ser
humano: como amigo, inimigo, confiável, não confiável. 4) O que esperamos de nós
mesmos, nossa opinião em relação a nós mesmos como pessoa, nossa autoimagem, etc.,
etc.
Essas quatro dimensões da construção do nosso EU são, a meu ver, fundamentais para
se entender como a história de cada parceiro interfere na construção do relacionamento
conjugal.
É claro que esse EU é construído por muito mais aspectos do que esses quatro que
acabei de citar. Fatores tais como: a família na qual a pessoa foi educada; o grupo social
ao qual pertenceu, principalmente durante a sua infância e adolescência; as
características do momento político de seu país, de sua cidade; sua constituição
biológica; sua formação religiosa; e milhares de outros fatores, todos eles compõem a
matéria-prima para a construção do EU de uma pessoa.
As experiências familiares, sem dúvida, são elementos importantíssimos na
determinação de certos posicionamentos e percepções que os cônjuges deixam
transparecer e pelos quais lutam dentro do casamento.
Quase sempre os cônjuges reproduzem, na relação deles, o que aprenderam sobre a vida
conjugal, sobre os papéis de mãe, pai, filhos, irmãos... e, frequentemente, repetem as
falas e as ideias que seus pais, tios e avós lhes "ensinaram". Essas figuras parentais são
verdadeiros modelos que acabam sendo copiados, mesmo quando os próprios cônjuges
os repudiam. Isso acontece como se eles fossem movidos por uma VERDADE, quase
como uma lei, que se esconde nos níveis mais profundos do seu psiquismo.
Quem eu sou? Como cheguei a pensar do modo por que penso? Em que coisas EU
realmente acredito? O que quero construir para mim, agora e para o futuro? O que sinto
por meu parceiro? O que é, para mim, uma família? Como devo ser como mãe ou pai?
Como quero educar os meus filhos?...
Estas poucas e simples perguntas já nos mostram um fato importante: cada cônjuge tem
respostas bem diferentes para essas mesmas indagações.
Essa diferença tem origem no seu modo de ser, no seu modo de perceber o mundo, as
pessoas e a si mesmo. Em outras palavras, em seu "SELF" (si mesmo).
É neste contexto de diferença entre os "SELVES" do casal que surgem os desencontros
conjugais. E é, aí, nesse mesmo contexto, em que paradoxalmente, reside a maior
riqueza de tais relacionamentos.
Mas, para que esses "desencontros" se transformem em "riqueza", é fundamental que
cada um dos parceiros compreenda, da melhor maneira possível, como o seu "SELF"
funciona, e como ele dinamiza o seu comportamento no casamento.
A RELAÇÃO CONJUGAL COMO UM PRODUTO
"O casamento é a relação."
As queixas trazidas pelos casais, digamos assim, referem-se a "algo que existe ENTRE"
os cônjuges. As dificuldades que existem nos casamentos, quase sempre, não estão nem
NO MARIDO, nem NA ESPOSA. Os problemas mais frequentes surgem do resultado
do encontro desses dois "SELVES", dessas duas pessoas diferentes.
O relacionamento é que está "errado". E é sobre ele – o relacionamento – que eu, como
terapeuta de casais, procuro focalizar em meu trabalho.
Costumo dizer aos casais a que atendo: "O meu cliente está sentado entre vocês dois."
Esse cliente é uma "abstração", é algo fluido, dinâmico, que se chama "A RELAÇÃO".
Por que tal afirmação? Cada um dos cônjuges, percebido como um indivíduo, pode ser
considerado uma pessoa adorável, gostável, sociável, equilibrada, amiga, inteligente,
afetuosa, etc., etc. Mas, quando um se liga ao outro e vive esse papel de cônjuge, surge
essa nova dimensão "o relacionamento conjugal". Esse PRODUTO (o relacionamento
conjugal) desses "dois seres formidáveis", encantadores, etc. pode descaracterizar o que
eles, individualmente, são e dar origem ao aparecimento de um contato humano cheio
de confusões, caos, incompreensão, bloqueios da racionalidade, explosões da emoção,
desamor...
Principalmente, quando um casal é formado por pessoas tão bonitas, interessantes,
inteligentes, afetuosas, etc., as pessoas que vivem próximas a elas têm dificuldade para
entender "por que aquele casamento, não deu certo". Dizem: "Mas eles têm tudo a ver
um com o outro. Formam um par tão bonito!..."
Mais uma vez, repito: esse relacionamento é UM PRODUTO e não uma soma ou
subtração. Esse produto, tal como ocorre na Química, é uma "combinação" entre duas
"substâncias", as quais, postas juntas, produzem uma substância nova, diferente
daquelas que, inicialmente, cada uma delas era. Esse processo é diferente da "mistura",
pois, nesta, as substâncias colocadas juntas mantêm sua integridade total. Não sofrem a
influência uma da outra.
Ainda seguindo este exemplo, que a Química nos empresta, sabemos que há substâncias
que se combinam e outras que apenas se misturam. No casamento, podem ocorrer coisas
desse tipo. Entretanto, acredito que, num casamento, não pode haver somente "mistura",
pois, se isso ocorrer, não terá havido, realmente, um casamento, houve somente um
"lamentável equívoco".
O CASAMENTO E A COMBINAÇÃO QUÍMICA...
Na realidade, todo casamento, para ser assim considerado, precisaria ser semelhante a
uma combinação química. Mas sabemos que há combinações e combinações. Algumas
dão como resultado substâncias agradáveis, suaves, balsâmicas. Outras, ao contrário,
resultam em substâncias ácidas, explosivas, desagradáveis no sabor, no cheiro... É...,
acontece assim.
Tudo indica que as combinações que geram produtos agradáveis, etc., como disse no
parágrafo acima, tendem a gerar casamentos tranquilos, duradouros. Por outro lado, as
que geram "substâncias ácidas", etc. têm maiores chances de terminar em separação, ou,
na pior das hipóteses, gerarem casamentos desarmônicos, com muito sofrimento, para
ambos os cônjuges.
Não discutirei, aqui, propositalmente, as relações de casamentos, em que sinais de
patologia estão presentes. Por exemplo: há os relacionamentos de casais em que a
"combinação" se dá para a manutenção de uma doença que se instala na própria relação,
ou seja, os casamentos em que as características da relação servem para alimentar
necessidades particulares e patológicas dos cônjuges. A impressão que tais
relacionamentos despertam nas pessoas que convivem com esses cônjuges
é que
eles, ao mesmo tempo que reclamam fortemente daquela vida ruim a dois, constroem e
mantêm, com tenacidade, aquela relação "indesejada".
Prefiro ater-me, neste texto, àquelas relações mais comuns (das quais temos vários
exemplos na família, entre amigos e em nós mesmos, enquanto esposo ou esposa), e
enfocar, agora, algumas características de uma relação que nos faz sofrer, por estar
FALIDA ou FALINDO.
ESTÁGIO DE FALÊNCIA
Nesse estágio, os dois parceiros sofrem muito. É um momento no qual eles se dão conta
de que "o sonho acabou" - "Não consigo mais manter..." "Em que falhei?..."
Sentimentos desse tipo são comuns e a dor que os acompanha é muito forte.
Quando não há essa dor nos dois, na verdade não houve casamento.
O término de um casamento é uma enorme frustração, pois é a verdadeira descoberta da
impossibilidade de transpor a barreira que separa um do outro. É a dolorosa constatação
da existência de uma DIFERENÇA, que gera uma total incompatibilidade, entre aquelas
duas pessoas. É como se os "separantes" olhassem para o passado, para a história
daquela relação, e vissem uma confusão de imagens. Algumas delas, trazendo
recordações profundamente belas, e outras, tão doloridas, que desejariam arrancá-las da
memória, até o mais fundo de suas raízes, para que morressem no esquecimento, para
sempre.
É gosto de mel e vinagre, é calmaria e vendaval... Experimenta-se, ao mesmo tempo, o
desejo de SOBREVIVER e, para conseguir isso, um profundo, forte e consciente
sentimento: BASTA!!!
QUANDO NÃO DÁ MAIS PARA OUVIR, NEM FALAR...
Quando, indiscutivelmente, a relação está falida, ou falindo, é comum a gente perceber,
entre outras coisas, o seguinte:
1- A impossibilidade de ouvir o outro.
Eles até falam um com o outro, mas o discurso chega aos ouvidos de cada um deles com
enormes distorções. É como se ouvissem, mas não pudessem apreender o conteúdo da
mensagem que foi enviada. Essa atitude é, via de regra, bilateral.
2)"Esgrima" passa a ser o esporte mais praticado, no dia a dia.
Embora a maioria nunca tenha praticado a arte da esgrima, os parceiros se armam (os
dedos são os floretes) e vivem esgrimindo (apontando os dedos um para o outro),
uniformizados com suas capas (suas falas), que bailam entre golpes que partem de
ambos os lados.
3) As acusações são respondidas ("defendidas") com acusações.
Nessas falas, o vocabulário é sempre antigo: a queixa é sempre de fatos passados, que
não foram resolvidos, que estão engavetados, com poeira, mas que, para cada um deles,
parece a última notícia do dia (um furo de reportagem). Cada afirmação é uma
acusação. Cada acusação de um gera uma outra acusação contra o acusador. Cada um se
protege numa trincheira cheia de munições: mágoas, ressentimentos, tudo isso lançado
contra o outro.
4) Os olhares...
Ah!... Os olhares... Num rápido piscar de olhos, transformam-se de serenos para
faiscantes. Às vezes, parece que, se pudessem, fulminariam o outro com o olhar. São
verdadeiros raios em dias de tempestade.
5) E a fala na terceira pessoa? ELE/ELA
Ele sempre reclama de tudo que eu faço...
Ela nunca reconhece meu carinho por ela...
Nas sessões iniciais de terapia de casais, essa maneira de falar é muito comum. Um fala
sobre o outro, como se o outro não estivesse ali presente. É uma fala que mostra como
está difícil falar diretamente para o outro e quanto precisam de um interlocutor, um
mediador, para que a comunicação possa acontecer.
6) Paralelamente a um comportamento pouco amistoso, durante a sessão de terapia de
casal, muitos cônjuges conseguem manter uma aparência exatamente oposta no seu
ambiente social, a ponto de poucas pessoas perceberem que "as coisas não vão bem
entre eles".
7) Os ressentimentos surgem no discurso de dois modos:
a) sutilmente:
-"Você poderia ter agido de outra maneira e me feito sofrer menos..."
b) aberta e agressivamente:
-"Você nunca me considerou uma pessoa. Eu me sentia, sempre, como se fosse uma
'coisa'. Agora, tenho coragem para lhe dizer o que mais desejo: que você sinta e passe
por tudo o que eu passei. De preferência, que se sinta pior do que eu me senti".
8) Dificuldade para assumir sua parcela de responsabilidade nos problemas que existem
na relação.
Ainda que cada um admita - racionalmente - ter sua parcela de responsabilidade na
deterioração do relacionamento, é comum surgir um discurso em que O OUTRO É O
ÚNICO CULPADO.
9) Os filhos
Embora os filhos possam ser temas no início dos atendimentos, quase sempre ficam
como "fundo", como "cenário" da problemática apresentada pelo casal. Os holofotes
sempre ficam virados, na maior parte do tempo, para o marido e a mulher e o
desencontro deles.
A SEPARAÇÃO É SEMPRE NECESSÁRIA?
Em alguns casos, ela pode ser fundamental, pois há relacionamentos que não
apresentam a mínima chance de se manterem saudavelmente.
Apresentarei, abaixo, uma breve descrição dos dois tipos de casais: os que comumente
se separam e os que dificilmente se separam.
CASAIS QUE COMUMENTE SE SEPARAM.
Tenho observado que as separações ocorrem principalmente quando o casal, ou um dos
cônjuges, se apresenta profundamente incapacitado para ouvir, e, portanto, dialogar.
Nesses casos, pelo menos um deles adota uma atitude altamente defensiva. Essa pessoa,
em atitude de defesa, geralmente é muito rígida, considera-se absolutamente certa em
suas opiniões e verdades, julgando, portanto, o outro como o único, ou o mais, errado.
CASAIS QUE DIFICILMENTE SE SEPARAM.
Os casais que dificilmente se separam são aqueles que, mesmo passando por momentos
muito críticos no relacionamento, ainda cultivam certo grau de admiração e respeito
entre eles. Geralmente são pessoas dispostas a assumir suas parcelas de
responsabilidades no processo do desencontro conjugal, desejam rever as bases da
relação entre elas e compreender, de fato, o que está acontecendo com o casal. É
comum haver, pelo menos em um deles, um apreço grande pela Família e se mostram
capazes de lutar bravamente pelo bem-estar das pessoas que a compõem.Finalmente,
pelo menos uma das pessoas desse casal se mostra bastante flexível e capaz de aceitar as
diferenças individuais, que existem entre elas.
E OS FILHOS?
VIDA DELES?
QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DA SEPARAÇÃO PARA A
Tudo dependerá do modo como os pais viveram antes da separação, como se separaram
(o clima da separação) e como mantiveram o contato com os filhos depois disso tudo.
É fácil perceber-se que, idealmente, tanto os filhos como os pais prefeririam poder viver
todos juntos. A família ainda é uma instituição desejável e importante.
Quando há uma separação, a frustração é geral (para pais e filhos), pois ela impede que
uma série de sentimentos e vivências de relacionamento ocorram, já que o contexto
"lar" está definitivamente desfeito.
"Lar" é, para todos os seres vivos gregários, o núcleo, a segurança, o lugar onde o afeto
acontece mais plenamente. Não ter mais o "lar" é ficar num espaço sem forma, sem cor,
sem textura, sem peso, sem tamanho definido... Não ter mais um "lar" é muito ruim e
não é à toa que os filhos e os pais também choram quando há uma separação,
principalmente quando ela ocorre por incompatibilidade entre duas pessoas amorosas: é
uma perda irreparável. Entretanto, não podemos deixar de pensar que essa perda é
apenas uma parte do todo: da parte boa, gostosa, construtiva...
Não nos podemos esquecer de que, quando falamos aqui na separação, ou nos casais
que comumente se separam, as pessoas que compõem essa família raramente
experimentam esse lado tão gostoso, sadio. Ao contrário, vivenciam momentos de
muito sofrimento, de muita dor, de muita insegurança, de enormes frustrações... Nesses
casos, será que poderíamos afirmar que existiu, ali, realmente um "lar"?
Penso que, tanto para os pais como para os filhos, quando o "lar" já não existe, ou existe
somente como um "lugar geográfico", um "dormitório", um "refeitório" ou uma
"agência bancária" (mesada, pagamento de contas... ) e, além disso, o afeto já está
rarefeito e os contatos entre pais e filhos são somente tangenciais,de fato, o LAR deixou
de existir há algum tempo.
Retornando, acho que os filhos preferem ter seus pais morando com eles. Mas é
evidente, também, que valorizam um lar equilibrado, em que a estabilidade emocional,
o afeto e o respeito sejam elementos muito presentes. Brigas e discussões não fazem,
forçosamente, de um lar um ambiente somente negativo, quando elas representam,
somente, sinais das diferenças entre os pais, não provocam afastamento do casal. Esses
desencontros não geram problemas quando, na relação, ficam evidentes o respeito pelo
outro e a busca de um "acordo final", que resulte numa melhoria para a família como
um todo.
As brigas do casal em "fase terminal" são quase sempre "sem sentido". São baixas,
desrespeitosas, agressivas e, geralmente, não visam nenhuma melhoria para o grupo
familiar. Essas brigas são profundamente prejudiciais para os filhos e, geralmente, são
fontes geradoras de problemas, atuais e futuros para eles. Nesses casos, a possibilidade
de os pais virem a formar novas famílias, mais equilibradas, pode ser uma chance para
os filhos vivenciarem um clima de paz familiar, de estabilidade emocional e afetiva de
um casamento. SE isso vier a acontecer, terá valido a pena a separação, pois os filhos se
beneficiarão desse novo contexto, tão importante e necessário para desenvolverem, mais
equilibradamente suas experiências de vida e conhecerem um modelo de
relacionamento homem-mulher mais saudável.
TENTANDO UMA CONCLUSÃO
Através desta pequena exposição, sobre um tema tão vasto e complexo, em que tentei
deter-me em alguns pontos que considero fundamentais para se realizar um trabalho de
ajuda psicológica a casais, podemos concluir que os casais podem beneficiar-se de uma
ajuda desse tipo, desde que sejam observados dois aspectos: quando buscar ajuda e o
que esperar desse tipo de atendimento.
Quando buscar ajuda?
O ideal é que não se deixe acumular muitos "desencontros" por longo tempo. Os
ressentimentos acumulados funcionam como um corrosivo nas relações, impedem a
comunicação e provocam sentimentos que vão construindo um afastamento progressivo
de um em relação ao outro. Geram frustração, diminuem a consideração e o afeto entre
o marido e a mulher.
O que esperar desse tipo de ajuda?
Um grande número de casais tem problemas no casamento em decorrência da não
aceitação, por parte de um ou dos dois, do fato de serem diferentes na forma de pensar
ou de agir. Essa "dessemelhança" provoca uma dificuldade para eles se entenderem. A
reação de oposição do outro é identificada como uma ação de retaliação, de agressão. A
comunicação, progressivamente, piora e o afastamento surge de modo quase inevitável.
Através desse tipo de ajuda, esperamos criar uma condição favorável para que o casal
possa ver, mais claramente, esse fato (a diferença) e, além disso, entender as
consequências da não compreensão e da não aceitação dela, na qualidade da relação que
os dois estão vivendo.
E O AMOR, ONDE FICA NISSO TUDO?
Talvez, para quem leu este artigo todo, tenha ficado a sensação de estarem faltando
muitas coisas a serem discutidas sobre o tema casamento. Entre elas, ficou faltando uma
que se escreve com uma poderosa palavrinha pequena. Essa minúscula palavra
acompanha a gente, durante toda a nossa vida, principalmente quando o assunto é
casamento - Amor.
Propositalmente, não falei nele de forma explícita. Isso já é feito, fartamente, em
qualquer livro, ou documento, que se proponha a refletir sobre o relacionamento entre
seres humanos. Mas, se perceberam bem, o sentimento amor está permeando todo esse
artigo, das mais diferentes formas.
O amor, para mim, não deveria ficar restrito às cenas românticas ou sexuais. Parece que
nos acostumaram a associá-lo a essas situações. Os filmes e as obras literárias fazem
tais associações, quase sempre.
O Amor está, contundentemente, contido na proposta de entendimento entre as pessoas,
na vontade de encontrar modos de construir relacionamentos mais verdadeiros, mais
sinceros. Por isso, mesmo quando um casal opta por se separar, depois de um esforço
conjunto para chegar a uma compreensão do que está dificultando o relacionamento
deles, o amor poderá continuar plenamente presente. Isso acontecerá se eles
conseguirem aceitar um ao outro e a si mesmos, de forma sincera e profunda. Dessa
forma, estarão dando uma prova plena de respeito, de consideração e, portanto, de amor.
Não é o amor que consolida um casamento. Não é o que faz com que as pessoas casadas
permaneçam juntas. É o resultado do encontro bem sucedido delas.
Tão pouco entendido, tão pouco verdadeiramente vivido, o amor, misturado com outros
sentimentos, às vezes parece ficar limitado às manifestações de dedicação, de doação,
de desprendimento, de anulação de si, de abdicação de si pelo outro. Não concordo com
isso. No amor, no qual acredito, o amado não pode anular o amante.
As pessoas que, em nome do amor pelo outro, se anulam, verdadeiramente não amam,
nem o outro, nem a si mesmas. Esse amor é tudo, menos amor. No casamento, o
verdadeiro sentimento de amor se apresenta como uma proposta de compreender,
aceitar, mudar, construir, reconstruir a relação e, portanto, reconstruir a vida do casal.
Mas tudo isso precisa ser feito a dois. Se apenas um se empenhar para que a relação
sobreviva, é bem provável que ela morra. Morrendo a relação, somente em condições
muito especiais o amor sobreviverá.
AULA 06 – DILEMAS DE INTIMIDADE
O distanciamento mental dos amantes apesar do contato físico, ou seja, o vinculamento
de casal sem intimidade suficiente para um envolvimento que cada um conheça o
verdadeiro íntimo um do outro.
Íntimo significa o interior mais profundo do nosso eu. O secreto do que realmente
somos e muitas vezes nem nós mesmos temos o insight disto. Somente com o
amadurecimento pessoal nos damos conta dos nossos desejos, medos e contradições.
Intimidade é compartilhar o seu íntimo com o outro. Todas relações humanas são
formas de relacionamento. A grande diferença dos relacionamentos é a intensidade da
intimidade dividida. Podemos tentar categorizar a intimidade em 4 aspectos diferentes:
física, intelectual, emocional e energética.
A intimidade física refere-se ao corpo e inclui também a intimidade sexual. Nos
tornamos íntimos fisicamente quando conhecemos os detalhes físicos, as preferências
sexuais, os gostos e os desgostos da pessoa em questão. Ainda há muita repressão com
relação ao corpo e à sexualidade em nossa sociedade, por isso a intimidade física e
sexual ainda é algo difícil de se conseguir.
Seja por medo de não agradar o outro ou vergonha.
Na pesquisa realizada pelo ProSex coordenado pela psiquiatra Carmita Abdo, 55,9%
dos homens e 44,4% das mulheres sentem medo de não agradar o parceiro. Sendo este
um dos importantes fatos que contribuem para o distanciamento e a “sombra”na vida
sexual de muitos casais. Além disso, o paradoxo extreme consequente a revolução
sexual das nossas gerações. Embora as pessoas sejam “liberais” quanto a sexualidade
existe a herança do modelo anterior, no qual ainda hoje tanto homens quanto mulheres
apresentam ideias contraditórias aos fatos.
A intimidade intelectual e emocional relaciona-se com crenças, valores, ideias e forma
de pensar de cada um. Quando você compartilha quem você é através de suas ideias e
daquilo que você acredita, você está expondo sua intimidade intelectual. O julgamento e
o preconceito são os principais obstáculos da intimidade intelectual. A não aceitação das
diferenças cria os conflitos e os desconfortos nos relacionamentos humanos.
Somente com o amadurecimento pessoal e autoconhecimento apresentamos o insight de
nossos verdadeiros propósitos e objetivos. Desta forma podemos reconhecer os valores
do outro e planejarmos uma vida em comum.
Um dos maiores problemas de relacionamentos convergem a Codependência.
Relacionamentos disfuncionais que prejudicam o crescimento e contribuem para a
anulação da personalidade. Desta forma, o controle excessivo, ciumes patologico,
inversão de papeis e reforço positivo a dependência química e outras patologias.
A intimidade energética é a união do físico, o mental e o emocional que são formas de
energia. A intimidade energética ocorre na integração da intimidade física, intelectual e
emocional. Esse nível de intimidade afeta profundamente todos os envolvidos, pois
quando expomos nossa intimidade, influenciamos e somos influenciados por aqueles
com os quais nos relacionamos.
Pouco relacionamentos conseguem a união do amor verdadeiro, que inclui o apego, a
paixão e a amizade.
Filmes como "Antes do por do sol"( 1995) e "Antes da Meia Noite" (2004) refletem o
amadurecimento de um casal que viraram exemplos de uma verborragia amorosa.
Somente com o crescimento pessoal é possível um relacionamento mais pleno sem
distanciamento e "fantasias'
Talvez por este fato a pintura de Les Amants seja tão real e ao mesmo tempo surreal.
Até que ponto realmente revelamos o nosso íntimo para o outro ao ponto de termos uma
intimidade verdadeira? Estamos frequentemente desunidos apesar da presença?
Questionamentos e reflexões a se pensar.
Talvez a resposta seja que casais sem vergonha realmente podem estar mais unidos e
verdadeiramente reais.
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MÓDULO III - Escola De Psicanalise Koinonia