Romance com os filhos é possível? Torná-los o centro da sua vida pode lhe custar caro Por Judith Sills Em algum momento nas duas ultimas gerações, desviamos o foco do casamento como base da família e o transferimos para os filhos. Foi uma mudança sutil, e é preciso olhar com atenção para ver seu impacto no relacionamento do casal. Compare o tempo que seus pais passavam na companhia exclusiva um do outro com o que você passa com o seu companheiro. Os pais de gerações anteriores saiam nas noites de sábado. As famílias de hoje levam seus filhos para as festas de amigos. É bom para pais e filhos estarem juntos? Claro. É bom para marido e mulher serem pais o tempo todo? Hummm... Antigamente os pais atendiam às necessidades um do outro, e as preferências das crianças vinham em segundo lugar. “Desligue a televisão. Seu Pai precisa de paz quando chega em casa” e “Não, você não pode sentar na frente, esse lugar é da mamãe”.Eram frases perfeitamente razoáveis. Muitos casais (você vai achar graça) se reservavam meia hora no fim do dia para conversar e tomar um drinque. A porta do quarto ficava fechada e a cama dos pais era sagrada. O sexo era um segredo de adultos desfrutado por parceiros confiantes de que os filhos não entrariam sem bater. Hoje os pais não têm tempo nem privacidade. Como foi que colocamos o amor conjugal depois do amor paternal? O nascimento de um bebe exige a dedicação do casal ao filho, ao menos por um tempo. Mas, antes, o casamento não ficava de lado para sempre. Hoje três fatores tornaram permanente essa mudança: há mais igualdade nos casamentos o tempo com os filhos encolheu e a infância se tornou mais competitiva. O Crescente equilíbrio de poder entre os sexos resultantes da conquista de maior independência econômica pelas mulheres interferiu no tempo que elas tem para os filhos. A família concentrada no casamento era uma família centrada no pai. Os pais ficavam juntos quando papai chegava em casa porque era assim que ele preferia. Agora, é mais provável que mamãe passe aquela meia hora lendo uma historia para o filho. Ele também quer atenção e, numa família centrada nas crianças isso em primeiro lugar. Agora, as conquistas intelectuais também são muito aceleradas. As crianças chegam ao jardim de infância já tendo aprendido as letras e as cores, antes ensinadas no primeiro ano. E as boas escolas são aquelas que passam mais deveres de casa e exigem Maior participação dos pais. A infância de hoje requer mais tempo dos pais. Isso coloca o casamento para cozinhar em fogo brando. Se ele ficar assim por muito tempo pode se desmanchar. Dedicar grande tempo e atenção a ajudar as crianças a desenvolver habilidades e a fazer amigos negligencia sua necessidade mais fundamental: uma base emocional estável. Cada habilidade que uma criança domina, cada partícula de autoconfiança que você se esforça para desenvolver apóia-se na plataforma da unidade familiar. Quando ela é instável, a criança também é. Os pais são os suportes dessa plataforma e o casamento é o chão em que eles se apóiam. Criar um filho à custa da estabilidade conjugal é construir um castelo no ar. Concentrar – se nas necessidades das crianças também lhes da noção inflacionada de seu poder. Quando o filho tem procedência em relação ao pai na escolha do programa de televisão, a criança recebe uma mensagem de importância muito alem de seu status real. Quando papai leva a filha para fazer compras mas não tem esse mesmo tempo para mamãe, a princesa usurpou o lugar da rainha. Inadvertidamente, essa atitude dá aos filhos um poder capaz de distorcer a infância. É possível recuperar o equilíbrio sem reduzir o compromisso com as atividades que você acha essenciais para seu filho. Basta deixar claro que um dos seus maiores compromissos é com o casamento. Veja como Reserve um tempo para vocês dois. Mesmo 15 minutos de conversa depois do jantar podem funcionar. Um fim de semana fora a cada seis meses, só do casal, pode ser tão bom para as crianças quanto uma viagem em família, pois aumenta a probabilidade de elas terem pais casados. Isso vale tanto quanto aulas de caratê. Respeite suas interações adultas. Não deixe que as crianças interrompam quando vocês estiverem conversando. Parem o que estiverem fazendo para se cumprimentarem quando um dos dois chegarem casa. Comemorem os aniversários dos adultos. Façam o possível para comunicar que “o seu pai/a sua mãe é importante para mim”. Compartilhem atividades só para adultos. Os casamentos ficam mais fortes quando os dois são companheiros e cúmplices. Transformem qualquer coincidência de interesses numa atividade conjunta. Mantenha se firme quando as crianças reclamarem das mudanças. Essa breve decepção reforça a mensagem: nossa família se abre para incluir os filhos, mas sua força reside no relacionamento entre mim e meu marido. Rua desembargador Jorge Fontana n. 80 sala 1409 – Belvedere – BH MG. (31) 3295 7730