UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO Marcos Paulo Pinheiro Ferreira EFEITO DA LASERTERAPIA DE BAIXA POTÊNCIA SOBRE A VIABILIDADE DE CÉLULAS MUSCULARES São Paulo, SP 2008 1 UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO Marcos Paulo Pinheiro Ferreira EFEITO DA LASERTERAPIA DE BAIXA POTÊNCIA SOBRE A VIABILIDADE DE CÉLULAS MUSCULARES Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Nove de Julho, para obtenção do título de Mestre em Ciências da Reabilitação. Orientadora: Profa. Dra. Kristianne Porta Santos Fernandes Co-orientadora: Profa. Dra. Raquel Agnelli Mesquita Ferrari São Paulo, SP 2008 2 Ferreira, Marcos Paulo Pinheiro Efeito da laserterapia de baixa potência sobre a viabilidade de células musculares. / Marcos Paulo Pinheiro Ferreira. São Paulo : 2008. 25 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Nove de Julho, 2008. Orientadora: Profa. Dra. Kristianne Porta Santos Fernandes Co-orientadora: Profa. Dra. Raquel Agnelli Mesquita Ferrari 1. Laserterapia. 2. Mioblastos. 3.C2C12. 4.Células musculares. I. Fernandes, Kristianne Porta Santos. II. Ferrari, Raquel Agnelli Mesquita CDU 611.018 3 Gostaria de agradecer... A minha orientadora Kristianne Porta Santos Fernandes que nos últimos anos foi mais que uma orientadora ou colega e sim uma amiga que esteve ao meu lado para me ajudar em todos os meus problemas, sempre me lembrarei com muito carinho da Kris, e mais do que tudo muito obrigado pela paciência. A Raquel Agnelli Mesquita Ferrari, por estar sempre pronta para me ajudar em qualquer momento e no que fosse necessário. Aos meus colegas e amigos Erick, Hanne, Nadhia e Camila por terem passado tanto tempo no lab comigo, sem essa ajuda nunca poderia estar finalizando este trabalho. A todos técnicos do laboratório que sempre me ajudaram muito em todos os meus problemas dentro do lab.. A minha amiga Vanessa Pavesi por estar ao meu lado me dando forças nos momentos em que mais precisava. A Profa. Manoela Domingues que tem toda a minha admiração, agradeço pelas risadas, sem sua ajuda e suas palavras de incentivo com certeza não teria chegado até aqui. A empresa MM Optics pelo empréstimo do aparelho Twin-laser Ao Prof. Dr. José Ernesto Belizário do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo pela doação da linhagem celular C2C12. Muito obrigado! 4 EFEITO DA LASERTERAPIA DE BAIXA POTÊNCIA SOBRE A VIABILIDADE DE CÉLULAS MUSCULARES Os efeitos benéficos da fototerapia usando lasers de baixa energia dependem dos parâmetros de irradiação e do tipo de laser usado. Entretanto, não poucos dados na literatura sobre a proliferação de mioblastos C2C12 após a fototerapia com lasers GaAIAs e InGaAIP. O objetivo deste estudo in vitro foi avaliar o efeito de fototerapia na viabilidade de mioblastos C2C12 cultivados sob diferentes condições nutricionais (modelo de lesão muscular) usando os lasers GaAIAs e InGaAIP de baixa energia com diferentes comprimentos de onda e intensidades. As células C2C12 cultivadas em meios de cultura convencional (10% soro fetal bovino, SFB) e em deficiência de nutrientes (5% SFB) foram irradiados com lasers GaAlAs (660 nm) e InGaAlP (780 nm) de baixa energia com densidade de energia de 3.8, 6.3 e 10 J/cm2, e 3.8, 10 e 17.5 J/cm2, respectivamente. A proliferação celular foi avaliada indiretamente 24h depois da irradiação por meio da mensuração da atividade mitocondrial e pelo método do cristal violeta. Não houve diferença significativa na viabilidade celular entre os mioblastos tratados com laser e as controle para todos os parâmetros testados, após de 24hs incubação. Entretanto, as culturas que cresceram em meio convencional suplementado com 10% de SFB exibiram taxas de crescimento mais altas que as que (irradiadas ou não) cresceram no meio com deficiência nutricional. A laserterapia, usando os parâmetros anteriormente descritos, não melhorou a viabilidade das células C2C12 cultivadas sob condições habituais ou sob deficiência de nutrientes (modelo de injúria muscular). palavras-chave: laserterapia, C2C12, mioblastos 5 EFFECT OF LOW-ENERGY LASER IRRADIATION ON THE VIABILITY MYOBLASTS The beneficial effects of phototherapy using low energy lasers depend on irradiation parameters and type of laser used. However, there are few data in the literature on C2C12 myoblasts proliferation following phototherapy with GaAlAs and InGaAlP lasers. The aim of this in vitro study was to evaluate the effect of phototherapy on the viability of cultured C2C12 myoblasts under different nutritional conditions (muscle injury model) using low energy GaAlAs and InGaAlP lasers with different wavelengths and powers. C2C12 cell line cultured in regular (10% fetal bovine serum, FBS) and nutrient-deficient (5% FBS) media were irradiated with low-energy GaAlAs (660 nm) and InGaAlP (780 nm) lasers with energy densities of 3.8, 6.3 and 10 J/cm2, and 3.8, 10 and 17.5 J/cm2, respectively. Cell proliferation was assessed indirectly 24 h after irradiation by measuring the mitochondrial activity and by the crystal violet assay. There were no significant differences in cell viability between lasertreated myoblasts and control cultures for all tested parameters after 24 h of cell culture. However, cell cultures grown in regular nutrient medium supplemented with 10% FBS exhibited higher growth rates than cultures, irradiated or not, grown in nutrient-deficient medium. Laser phototherapy did not improve C2C12 viability under regular or nutrient-deficient (muscle injury model) conditions using the above parameters. Key-words: laser therapy, C2C12, myoblasts 6 SUMÁRIO Contextualização.....………………………………………….....…………………...01 Estudo................................................................................................................03 Considerações Finais........................................................................................19 Referências bibliográficas..................................................................................22 7 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DMEM = Dulbecco's modified Eagles's medium GaAIAs = arseneto de gálio alumínio He-Ne = hélio neônio InGaAIP = índio gálio alumínio fósforo LPB = lasers de baixa potência MTT = 3-{4,5-dimetiltiazol-2il}-2,5-difenil brometo de tetrazólio SFB = soro fetal bovino 8 LISTA DE FIGURAS E TABELAS Tabela 1: Parâmetros do laser FIG. 1A. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio MTT) de células C2C12 em meio de cultura habitual (10% SFB) e irradiadas com o laser de diodo InGaAlP (780 nm) com densidades de energia de 3.8, 10 e 17.5 J/cm2. Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. FIG. 1B. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio cristal violeta) de células C2C12 em meio de cultura habitual (10% SFB) e irradiadas com o laser de diodo InGaAlP (780 nm) com densidades de energia de 3.8, 10 e 17.5 J/cm2. Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. FIG. 2A. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio MTT) de células C2C12 em meio de cultura com deficiência de nutrientes (5% SFB) e irradiadas com o laser de diodo InGaAlP (780 nm) com densidades de energia de 3.8, 10 e 17.5 J/cm2. Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. FIG. 2B. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio cristal violeta) de células C2C12 em meio de cultura com deficiência de nutrientes (5% SFB) e irradiadas com o laser de diodo InGaAlP (780 nm) com densidades de energia de 3.8, 10 e 17.5 J/cm2. Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. FIG. 3A. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio MTT) de células C2C12 em meio de cultura habitual (10% SFB) e irradiadas com o laser de diodo GaAlAs (660 nm) com densidades de energia de 3.8, 6.3 e 17.5 J/cm2. Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. FIG. 3B. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio cristal violeta) de células C2C12 em meio de cultura habitual (10% SFB) e irradiadas com o laser de diodo GaAlAs (660 nm) com densidades de energia de 3.8, 6.3 e 17.5 J/cm2. Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de 9 controle e experimental em ambos os ensaios. FIG. 4A. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio MTT) de células C2C12 em meio de cultura com deficiência de nutrientes (5% SFB) e irradiadas com o laser de diodo GaAlAs (660 nm) com densidades de energia de 3.8, 6.3 e 10 J/cm2. Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. FIG. 4B. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio cristal violeta) de células C2C12 em meio de cultura com deficiência de nutrientes (5% SFB) e irradiadas com o laser de diodo GaAlAs (660 nm) com densidades de energia de 3.8, 6.3 e 10 J/cm2. Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. 10 Photomedicine and Laser Surgery 11 Contextualização Existe considerável interesse na regeneração do músculo esquelético em função de situações como a reparação rápida de lesões em atletas, os transplantes, as distrofias e as atrofias musculares. Nestas situações de injúria muscular, o processo de formação do novo tecido requer que células mononucleadas quiescentes precursoras se tornem ativas, proliferem, se diferenciem em mioblastos e se fundam para formar os miotubos. Subsequentemente, os miotubos irão sofrer diferenciação e maturação para formar fibras musculares funcionais reparando assim as miofibrilas danificadas (Bischoff et al. 1994, Sakuma et al. 2003, Grounds et al. 2002, Dominov et al. 1998, Kumar et al. 2005, Dogra et al., 2007). Um dos recursos bioestimulantes mais utilizados com o intuito de acelerar o processo de reparo do tecido muscular esquelético é a terapia com lasers de baixa potência (LBP). Em contrapartida ainda são escassas, e por vezes contraditórias, as evidências científicas e clínicas que determinem os parâmetros dosimétricos e metodológicos necessários à aquisição de seus objetivos terapêuticos (Ferrari et al. 2005, Amaral 2004, Weiss & Oron 1992, Bibikova & Oron 1993, Oliveira et al.1999, Lopes-Martins et al. 2006). LBP são aqueles que possuem baixa energia e ausência de potencial foto-térmico. Os mais usados estão na porção óptica do espectro vermelho e do infra-vermelho (400 a 780 nm e 780 a 1mm). Seus fótons de energia são inferiores a 2,0 elétron-volt (eV), portanto, inferiores à energia da ligação das moléculas biológicas e do DNA, não podendo quebrar ligações químicas e não sendo capazes de induzir mutação e carcinogênese (Fujihara 2002, Moore et al. 2005). Os LBP podem ser agrupados em dois grupos: o laser de hélio neônio (HeNe) que possui luz vermelha, sendo utilizado como raio terapêutico, ou como raio piloto em lasers cirúrgicos invisíveis, e o laser diodo (infravermelho) que pode apresentar os modos de operação pulsátil ou contínuo e possui maior penetração nos tecidos biológicos (Brugnera et. al., 1991). Conhecer a correta combinação de parâmetros (tipo de laser, comprimento de onda, potência e intensidade) no emprego dos LPB é crucial 1 12 para alcançar efetivamente os efeitos desejados no uso clínico. Vários estudos demonstram que mesmo parâmetros similares, podem causar efeitos diferentes, dependendo do tipo tecidual e celular e da função a ser avaliada. (Marques et al. 2004, Azevedo et a.l 2006, Moore et al. 2005, Amaral 2004, Fujihara 2002, Fujihara et al. 2006, Almeida-Lopes et al. 2001, Pereira et al.2002, Kreisler et al. 2003). Em se tratando de tecido muscular esquelético, a maioria dos estudos sobre a utilização de LBP refere-se aos efeitos bioestimulantes da radiação de HeNe de comprimento 632,8nm em modelos animais e em culturas primárias de células musculares (Bibikova & Oron 1993, Bibikova & Oron 1995, Weiss & Oron 1992, Amaral et al. 2001, Ben-Dov et al. 1999, Shefer et al. 2001, Shefer et al. 2002, Shefer et al. 2003, Shefer et al. 2008). Já o comprimento de onda de 904 nm de um laser de GaAs mostrou-se ineficaz no processo de reparação de lesões musculares in vivo (Oliveira et al. 1999). Mais recentemente, um estudo analisou os efeitos do laser de Arseneto de Gálio Alumínio (GaAlAs) nos parâmetros de 830 nm (0,3J/cm2), 685 nm (0,6J/cm2) e 670 nm (1,2J/cm2) sobre culturas primárias de células precursoras miogênicas e concluiu que a taxa de proliferação celular induzida por estas irradiações foi de 84,3%, 70,6% e 56,8% respectivamente (Amaral 2004). O efeito dos lasers de GaAlAs na linhagem de células musculares C2C12 e do laser de InGaAlP em células precursoras miogênicas ou na linhagem de células musculares C2C12 ainda não foi descrito. O estudo dos efeitos da irradiação laser in vitro, utilizando cultura de células, permite padronizar as amostras e estabelecer rígido controle de pH, temperatura, pressão osmótica, e tensão de gás carbônico e de oxigênio, deste modo, pode-se compreender melhor como utilizar este recurso terapêutico nas diferentes condições clínicas (Freshney 2005, Eduardo et al. 2007). A proposta do presente estudo foi a avaliar o efeito do laser de GaAlAs (660 nm) e do laser de InGaAlP (780 nm) sobre a viabilidade de células musculares (linhagem C2C12) num modelo in vitro de mimetização de injúria muscular já previamente estabelecido (Shefer et al. 2003). 2 13 Estudo Introdução As lesões musculares ocorrem freqüentemente durante as atividades esportivas e mesmo nos locais de trabalho, por uma variedade de mecanismos, que incluem aqueles que surgem de trauma direto e/ou indireto1-3. Depois da lesão muscular, as células satélites que servem como predecessores dos mioblastos tornam-se ativas e passam por múltiplos ciclos de divisão antes de fundirem-se com novas miofibras, promovendo a regeneração muscular4-6. As modalidades de tratamento para as lesões musculares incluem reparação cirúrgica, repouso, crioterapia, termoterapia, eletroterapia, compressão, elevação, imobilização e uso de antiinflamatórios não esteróides. O tratamento ideal ainda não foi determinado, pois os métodos tradicionais normalmente não promovem recuperação rápida e a recorrência de lesão é comum, indicando que tais tratamentos falham em prover total recuperação funcional e são provavelmente ineficazes na prevenção da formação de tecido cicatricial permanente 3,7,8. Vários autores têm demonstrado o potencial da laserterapia de baixa potência (LBP) para facilitar a recuperação muscular 9-12 , entretanto, pouco é conhecido sobre os efeitos da fototerapia na proliferação de mioblastos. Por outro lado, tem sido demonstrado que LBP promove a proliferação de células mesênquimais tais como fibroblastos13-16 e osteoblastos necessidade de novos estudos para estabelecer quais 17,18 . Há parâmetros, particularmente doses e períodos de tratamento, são ideais para induzir a ativação e a proliferação de cada tipo celular 19-21 e também para determinar o efeito da fototerapia no crescimento celular sob diferentes condições nutricionais 13,14,20. É sabido que os efeitos benéficos de fototerapia usando lasers de baixa energia depende dos parâmetros de irradiação e tipo de laser usado 13,22 . Entretanto, não há nenhum dado na literatura sobre proliferação de mioblastos C2C12 após fototerapia com lasers GaAlAs e InGaAlP. Nós conduzimos o atual estudo para melhor entender o efeito da irradiação dos lasers GaAlAs e InGaAlP na viabilidade de mioblastos C2C12 usando diferentes parâmetros de irradiação. 14 3 Materiais e Métodos Cultura Celular A linhagem celular C2C12 é um subclone da linhagem celular de mioblastos C2 derivada de células satélites de ratos adultos 23,24 . As células C2C12 cresceram em meio Eagle modificado por Dulbecco (DMEM, Cultilab, Campinas, SP, Brasil) suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB, Cultilab) e 1% de solução antibiótica-antimicótica (Cultilab), sempre a 37°C em um ambiente úmido e a 5% CO2. As células foram mantidas em estado de subconfluência e repicadas a cada 2 ou 3 dias. Experimentos Antes dos experimentos, todas as culturas foram examinadas e a sua viabilidade foi confirmada pelo método de exclusão do azul de trypan. Para induzir o estresse celular, metade das culturas foi cultivada em DMEM suplementado com apenas 5% de SFB por 24hs antes de cada experimento. Esta situação in vitro produz estresse similar às condições de estresse in vivo, reduzindo as taxas de crescimento celular13,14,16,18,20 e, portanto permitindo a observação dos possíveis efeitos da fototerapia no crescimento das culturas 13,20 . Irradiação laser As células foram irradiadas com os lasers de GaAlAs (660nm) e de InGaAlP (780nm), (MMOptics Ltd., São Carlos, SP, Brasil). Os parâmetros estão listados na tabela 1 e o tempo de exposição foi fixado em 10 segundos. A potência de saída dos lasers foi checada usando um medidor de potência LaserCheck (Coherent, Santa Clara, CA, USA). Para padronizar os resultados, a distância entre o cabeçote do laser e as culturas celulares foi mantida constante. A irradiação foi aplicada no fundo dos tubos de ensaio que continham as células em cultura, como anteriormente descrito18. Desta maneira, o feixe laser não passou pelo meio de cultura, mas foi aplicado diretamente no agregado celular presente no fundo dos tubos. As culturas controle foram submetidos às mesmas condições experimentais que as células 15 4 irradiadas, exceto para a irradiação. A irradiação foi realizada no escuro para evitar a influência de outras fontes de luz. Comprimento de onda Potência de saída Área cabeçote Potência Densidade 2 de energia (mW/cm ) 2 2 (mW) (cm ) (J/cm ) 780 15 0.4 37.5 3.8 780 40 0.4 100 10 780 70 0.4 175 17.5 660 15 0.4 37.5 3.8 660 25 0.4 62.5 6.3 660 40 0.4 100 10 Tabela 1. Parâmetros do laser Os grupos experimentais incluíram o grupo controle (não irradiado), os grupos tratados com laser de 780 nm operando a 3.8, 10 e 17.5 J/cm2, e os grupos tratados com o laser de 660 nm operando a 3.8, 6.3 e 10 J/cm2. Todos os grupos foram cultivados em dois meios de cultura diferentes: um contendo 5% SFB e o outro contendo 10% de SFB. Efeitos da Irradiação Laser na Viabilidade Celular Depois da irradiação, os “pellets” celulares do grupo controle (não irradiado) e os tratados (irradiados) foram suspensos em meio DMEM (contendo 10% ou 5% de SFB) e as células foram distribuídas (104 células/poço) em placas de 96 poços. Para a análise de viabilidade celular, as culturas foram incubadas em um ambiente úmido com 5% de CO2 por 24 horas. As análises de atividade mitocondrial e o ensaio de cristal violeta foram, então, realizados para avaliar a viabilidade celular. Análise da Atividade Mitocondrial A função mitocondrial dos mioblastos C2C12 foi avaliada usando o ensaio MTT (3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl)-2,5,-diphenyltetrazolium bromide) (Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA). Depois da irradiação laser e incubação por 24 horas, o MMT foi adicionado às culturas celulares numa concentração de 0.5 mg/mL e as células foram incubadas num ambiente úmido,contendo 5% 5 16 CO2 , a 37° por 3 h. Depois deste período, 100 µL de isopropanol foi adicionado em cada poço para dissolver os cristais formazan. A absorbância foi medida a 620 nm usando um leitor de microplacas (Anthos2020, Anthos Labtec Instruments, Wals, Austria). Figuras 1 a 4 mostram os valores de absorbância mensurados. Ensaio de Cristal Violeta O ensaio cristal violeta é útil para obter informação quantitativa sobre a densidade relativa de células aderidas em placas de cultura. Brevemente, ao final do período de incubação, e depois da remoção do meio de cultura, as placas de 96 poços foram lavadas com 100 µl de PBS por poço, coradas por meio da adição de 10 µl de solução cristal violeta a 0.5% (Sigma Chemical Co., St. Louis, MO, USA) em 30% de ácido acético, por 15 minutos em temperatura ambiente e finalmente lavadas com água destilada 25 . O cristal violeta foi solubilizado em 200 µl de etanol por 30 minutos e a absorbância foi medida a 620 nm usando o leitor de microplacas. Os dados da absorção estão descritos nas figuras 1 a 4. Análise Estatística Os dados de absorbância (correspondente à viabilidade celular) foram obtidos em quadruplicata e estão representados como médias ± valores de desvio padrão (DV). As comparações entre os grupos foram realizadas usando análise de variância (ANOVA) e o teste Dunnett foi usado para determinar diferenças significativas entre os grupos irradiados e o grupo controle. Valores de p< 0.05 foram considerados estatisticamente significantes. Os dados foram analisados usando o software estatístico GraphPad Prism 4.0 (GraphPad Software, San Diego, CA, USA). Todos os experimentos foram realizados em quadruplicada em 3 experimentos independentes, embora apenas um único experimento representativo dos três realizados está demonstrado em cada figura. Resultados 6 17 Efeito de irradiação de laser InGaAIP na viabilidade celular (780 nm a 3.8, 10 e 17.5 J/cm2) Não houve diferenças significantes na viabilidade celular (avaliada pelos métodos MTT e cristal violeta) entre mioblastos tratados com laser e culturas controle depois de 24 horas de incubação. Contudo, a viabilidade das células cultivadas em meio suplementado com 5% de SFB (condição de injúria) foi significantemente mais baixa que a das células cultivadas em meio de cultura padrão contendo 10% de SFB. A Figura 1 (A e B) mostra a comparação entre a viabilidade de células C2C12 irradiadas com o laser de 780nm (com densidades de energia de 3.8, 10 e 17.5 J/cm2) com a viabilidade das culturas controle não irradiadas, ambas cultivadas em meio de cultura convencional (10% de SFB). FIG. 1A. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio MTT) de células C2C12 em meio de cultura habitual (10% SFB) e irradiadas com o laser de diodo InGaAlP (780 nm) com 2 densidades de energia de 3.8, 10 e 17.5 J/cm . Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. 18 7 FIG. 1B. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio cristal violeta) de células C2C12 em meio de cultura habitual (10% SFB) e irradiadas com o laser de diodo InGaAlP (780 nm) 2 com densidades de energia de 3.8, 10 e 17.5 J/cm . Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. A Figura 2 (A e B) mostra a comparação entre a viabilidade de células C2C12 irradiadas com o mesmo laser de 780 nm (com densidades de 3.8, 10 e 17.5 J/cm2) com a das culturas controle não irradiadas, ambas cultivadas em deficiência nutricional (5% SFB). 19 8 FIG. 2A. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio MTT) de células C2C12 em meio de cultura com deficiência de nutrientes (5% SFB) e irradiadas com o laser de diodo 2 InGaAlP (780 nm) com densidades de energia de 3.8, 10 e 17.5 J/cm . Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. FIG. 2B. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio cristal violeta) de células C2C12 em meio de cultura com deficiência de nutrientes (5% SFB) e irradiadas com o laser de diodo 2 InGaAlP (780 nm) com densidades de energia de 3.8, 10 e 17.5 J/cm . Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. Efeito de irradiação do laser de GaAIAs na viabilidade celular (660 nm a 3.8, 6.3 e 10 J/cm2) Da mesma forma, nos grupos tratados com o laser de 660nm, não houve diferenças significantes na viabilidade celular (avaliado pelo método MTT e pelo ensaio de cristal violeta) entre mioblastos tratados com laser e células controle, depois de 24 horas de incubação. Contudo, a viabilidade das células cultivadas em meio de cultura suplementado com 5% SFB (condição de lesão) foi significantemente mais baixa que a das células cultivadas em meio de cultura padrão contendo 10% de SFB. A Figura 3 (A e B) mostra a comparação entre a viabilidade das células C2C12 irradiadas com o laser de 660 nm (em 3.8, 10 e 17.5 J/cm2 de 20 9 densidade de energia) com a das células controle não irradiadas, ambas cultivadas em meio de cultura convencional (10% de SFB). FIG. 3A. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio MTT) de células C2C12 em meio de cultura habitual (10% SFB) e irradiadas com o laser de diodo GaAlAs (660 nm) com 2 densidades de energia de 3.8, 6.3 e 17.5 J/cm . Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. FIG. 3B. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio cristal violeta) de células C2C12 em meio de cultura habitual (10% SFB) e irradiadas com o laser de diodo GaAlAs (660 1021 2 nm) com densidades de energia de 3.8, 6.3 e 17.5 J/cm . Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. A Figura 4 (A e B) mostra a comparação entre a viabilidade de células C2C12 irradiadas com o mesmo laser de 660 nm (em 3.8, 6.3 e 10 J/cm2) com a das células não irradiadas, ambas mantidas em meio de cultura com deficiência de nutrientes (5% SFB). FIG. 4A. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio MTT) de células C2C12 em meio de cultura com deficiência de nutrientes (5% SFB) e irradiadas com o laser de diodo 2 GaAlAs (660 nm) com densidades de energia de 3.8, 6.3 e 10 J/cm . Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. 1122 FIG. 4B. Viabilidade celular medida como absorbância (ensaio cristal violeta) de células C2C12 em meio de cultura com deficiência de nutrientes (5% SFB) e irradiadas com o laser de diodo 2 GaAlAs (660 nm) com densidades de energia de 3.8, 6.3 e 10 J/cm . Não houve diferenças significantes na viabilidade celular entre os grupos de controle e experimental em ambos os ensaios. Discussão Este estudo demonstrou que a irradiação laser em diferentes comprimentos de onda e parâmetros de energia foi incapaz de estimular a proliferação celular e de prover taxas de crescimento mais altas que as observadas nas culturas de controle (em situações de deficiência nutricional e em meio de cultura convencional). Estes resultados foram confirmados por dois tipos diferentes de ensaios de viabilidade celular: o ensaio de cristal violeta, que indica a densidade relativa das células aderidas a placas e o ensaio MTTT, que avalia a atividade mitocondrial. Um estudo prévio também indicou que as taxas de crescimento de células Vero irradiadas uma ou duas vezes com lasers diodos de 660 nm (GaAlAs) e de 780 nm (InGaAlP) (40 e 70 mW a 3 e 5 J/cm2) foram similares as do grupo controle não irradiadas, mantidas em meio de cultura com deficiência de nutrientes 20 . Por outro lado, o mesmo grupo de pesquisadores demonstrou que as taxas de crescimento de fibroblastos gengivais humanos irradiados duas vezes 1223 com um laser diodo de 660 nm GaAlAs (2 J/cm2) foram significantemente mais altas que as do grupo de controle, e que culturas de osteoblastos, derivados da calvária de ratos, irradiadas com laser diodo de InGaAlP (780 nm) usando diferentes parâmetros de irradiação (10 mW, 3 J/cm2) apresentou um número mais alto de células que as não irradiadas 16,18. É possível que a energia emitida pelos lasers no estudo atual não foi suficiente para estimular a proliferação da célula C2C12 devido a diferenças específicas entre os tipos de celulares. Estudos anteriores sobre o efeito do LBP em músculos demonstraram que a irradiação do laser de He-Ne pode estimular a regeneração e induzir o acúmulo de miofibras jovens em locais lesionados do músculo esquelético, sugerindo que as células satélites são as principais candidatas responsivas à irradiação 26,27 . Estes resultados são sustentados por estudos sobre o efeito do laser He-Ne em culturas primárias de células satélites de rato, que relatam a indução de expressão de proteína regulatória no ciclo da celular, aumento da proliferação de células satélites, sobrevivência e inibição de diferenciação celular e de apoptose 12,28,29. Nós escolhemos usar a linhagem C2C12 porque estas células são um subclone da linhagem de mioblastos C2 isoladas de células satélites de ratos adultos 23 . Esta linhagem celular exibe a maioria das características do mioblasto normal e é comumente usada como modelo para estudar a proliferação e a diferenciação de células musculares. Além disso, o uso de linhagens celulares como modelo para a análise de proliferação celular elimina a possibilidade da influência da irradiação de laser na produção de fatores de crescimento por células não miogênicas contidas nas culturas primárias, tais como fibroblastos e macrófagos 30,31. O modelo de lesão muscular usado no atual estudo foi baseado no fato que, imediatamente após a lesão muscular (por exemplo, excisão parcial), a área traumatizada sofre lesão isquêmica e falta de nutrientes e oxigênio, assim o cultivo celular em meio de cultura com baixas concentrações de soro ou ainda na ausência deste mimetiza o início da fase pós-traumática 12 . Portanto, as condições de estresse in vitro podem ser obtidas em diferentes linhagens celulares variando-se a concentração de SFB no meio de cultura. Alguns tipos 1324 de células são capazes de crescer com a metade da concentração de SFB do meio de cultura habitual exigido para sua taxa de crescimento característica 13,15,16,18 , já outros tipos de células necessitam de uma redução marcante na concentração de nutrientes para reduzir as suas taxas de crescimento 14,20 . Em culturas de mioblastos C2C12, a proliferação e a diferenciação também são controladas pelos mitógenos do soro, como demonstrado pelos efeitos de condicionamento do meio ou pela adição ou remoção de mitógenos24. Usando o meio de cultura complementado com 5% de SFB, nós observamos que a viabilidade das células C2C12 foi mantida, mas as taxas de crescimento foram significantemente mais baixas que as das células em meio de cultura convencional, suplementado com 10% de SFB. Portanto, esta concentração de soro foi apropriada para o experimento proposto, isto é, o estudo dos efeitos da irradiação laser de baixa potência na proliferação de células submetidas a uma condição que mimetiza a lesão muscular. Na verdade, as condições de deficiência de nutrientes não devem bloquear completamente o crescimento celular, mas apenas reduzir a sua taxa de crescimento para que o possível observar o efeito da irradiação laser nas taxas de crescimento celular sob estas condições 20 . Contudo, os parâmetros do laser usado no atual estudo foram incapazes de normalizar o crescimento dos mioblastos neste modelo de lesão muscular. De acordo com outros estudos 13-16,18,20,22 , é possível concluir que a resposta celular a bioestimulação com laser de baixa potência depende da combinação dos seguintes fatores: comprimento de onda, densidade de energia, densidade de potência, tempo de irradiação e o tipo de célula exposta à irradiação. Portanto, os estudos usando as células em cultura são importantes para determinar a melhor combinação de parâmetros, tais como o comprimento de onda e doses de irradiação, para diferentes tipos de células 14,16,18 . Tais estudos ajudarão os clínicos a escolher os parâmetros de laser mais apropriados para serem usados de acordo com o tratamento necessário 16,20. Muitas questões foram levantadas por esta pesquisa, portanto, outros estudos são necessários para entender os mecanismos de bioestimulação a laser em células de músculo esquelético. Além disso, tais estudos também 1425 podem determinar os parâmetros de laser corretos para otimizar a bioestimulação de mioblastos. Conclusão A laserterapia, usando os parâmetros anteriormente descritos, não melhorou a viabilidade das células C2C12 cultivadas sob condições habituais ou sob deficiência de nutrientes (modelo de injúria muscular). Referências 1. Kirkendall, D.T., and Garrett, W.E.J. (2002). Clinical perspectives regarding eccentric muscle injury. Clin. Orthop. Relat. Res. 403(Suppl 1), S81–89. 2. Rizzi, C.F., Mauriz, J.L., Freitas Corrêa, D.S., et al. (2006). Effects of lowlevel laser therapy (LLLT) on the nuclear factor (NF)-kappaB signaling pathway in traumatized muscle. Lasers Surg. Med. 38(7), 704-13. 3. Sato, K., Li, Y., Foster, W., et al. (2003). Improvement of muscle healing through enhancement of muscle regeneration and prevention of fibrosis. Muscle Nerve. 28, 365–372. 4. Grounds, M. D., and Yablonka-Reuveni, Z. (1993). 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Optou-se aqui pela utilização da linhagem celular C2C12 pelo fato destas células derivarem de músculo esquelético de camundongos, exibirem a maioria das características dos mioblastos normais e diferenciarem-se em cultura, propiciando um bom modelo para estudar a regeneração muscular. Além disso, o uso linhagens celulares em modelos de análise de proliferação celular elimina a possibilidade da influência da irradiação laser sobre a produção de fatores de crescimento por células não miogênicas contidas em culturas primárias, como fibroblastos e macrófagos (Lee et al. 2005, Amaral 2004, Amack & Mahadevan 2001, Kumar et al. 2005). Para evitar especulações sobre crescimento e perda de viabilidade, que é cíclico, estabeleceu-se como ideal avaliar a viabilidade celular após 24 horas da aplicação da laserterapia (Freshney 2005, Meneguzzo 2007). Como não existiam registros na literatura sobre a utilização dos lasers de GaAlAs e de InGaAlP na linhagem de células musculares C2C12, escolheuse seis parâmetros em aplicação única e pontual na tentativa de buscar a dosimetria ideal. Não foram encontradas diferenças significativas na viabilidade celular entre as culturas irradiadas e as culturas controle nos parâmetros avaliados, ou seja, diodo GaAlAs com doses de 3.8 J/cm2 (15 mW), 6.3 J/cm2 (25 mW) e 10 J/cm2 (40 mW) e diodo InGaAlP com doses de 3.8 J/cm2 (15 mW), 10 J/cm2 (40 mW) e 17.5 J/cm2 (70 mW) . 1930 Os relatos científicos sobre a aplicação destes lasers (nestes mesmos comprimentos de onda) em culturas celulares demonstram resultados variáveis. Um estudo também indicou que as taxas de crescimento celular da linhagem Vero cultivada em meio com déficit nutricional e irradiada uma ou duas vezes com os diodos de GaAlAs e de InGaAlP (40 e 70 mW, em 3 e 5 J/cm2) foi similar a das culturas controle não irradiadas (Eduardo et al. 2007). Já outros estudos do mesmo grupo de pesquisadores, demonstraram que a taxa de crescimento celular de culturas de fibroblastos gengivais humanos irradiados duas vezes com o diodo de GaAlAs (10 e 29 mW, 2 J/cm2) foi significativamente maior que a do grupo controle e que culturas de osteoblastos irradiadas com o diodo InGaAlP (10 mW, 3 J/cm2) apresentaram um número de células maior que as não irradiadas (Azevedo et al. 2006, Fujihara et al. 2006). Por outro lado, outro estudo demonstrou efeitos opostos da irradiação de 780 nm (50 mW, em 1, 5, e 10 J/cm2) utilizada em culturas de osteoblastos (MC3T3) e em células derivadas de osteosarcoma (MG63). Houve efeito inibitório de 14% e de 24% no crescimento celular de osteoblastos irradiados com doses de 5 e 10 J/cm2 respectivamente, e houve um efeito estimulatório de 27% e de 14% nas mesmas doses quando aplicadas às células tumorais (Renno et al. 2007). Diante da variabilidade encontrada na literatura quanto aos efeitos da aplicação destes lasers, conclui-se que ainda existe um vasto campo de pesquisa a ser explorado a fim de que seja possível estabelecer parâmetros ideais de aplicação para cada tipo celular e finalmente, para a obtenção dos efeitos terapêuticos desejados. Nosso modelo evidenciou ainda o papel do LBP em um modelo, já descrito, de mimetização de lesão muscular (privação parcial de soro na cultura celular). Este modelo baseia-se no princípio de que imediatamente após a lesão muscular, a área traumatizada sofre uma injúria isquêmica com falta de oferta de nutrientes e de oxigênio, assim, o cultivo celular em meio sem soro ou com baixas concentrações deste nutriente, simula a fase pós-traumática (Shefer et al. 2003). 2031 Além disso, vários autores já demonstraram que quando há carência nutricional, a taxa de crescimento celular é diminuída permitindo a observação de possíveis diferenças na proliferação celular entre culturas tratadas e culturas do grupo controle (Azevedo et al. 2006, Marques et al. 2004, Amaral 2004, Fujihara et al. 2006). Deste modo, este estudo traz mais uma contribuição ao conhecimento da atuação do laser de baixa potência sobre as células musculares, de modo a auxiliar na determinação científica de parâmetros para o uso clínico. 2132 Referências Bibliográficas 1. Almeida-Lopes L, Rigau J, Zangaro RA, Guidugli-Neto J, Jaeger MM. 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