A Utilização das Ileostomias na Cirurgia de Urgência
A ileostomia é empregada no tratamento eletivo das doenças intestinais,
porém, uma série de fatores desestimulam e mesmo atemorizam os cirurgiões
em praticá-la na urgência. Citem-se: o número pequeno de casos em que
estaria indicada – o que faz insuficiente à experiência individual de cada autor
-, o conceito de que a ileostomia espolia o doente levando-o ao desequilíbrio
hidroeletrolítico e ao défice nutricional e, por fim, as suas complicações locais,
a saber, a dermatite, o prolapso e a estenose da alça exteriorizada e a hérnia
para-ileostômica.
Neste trabalho fizemos o estudo retrospectivo de 26 doentes portadores
de abdome agudo, decorrentes de complicações de doenças intestinais,
primárias na maioria dos casos, operados e/ou reoperados, afinal todos
submetidos a ileostomia.
Tivemos 10 casos de enterites e colites infecciosas e não infecciosas, 5
de insuficiência vascular do intestino, 4 de neoplasmas dos cólons e 7 de
outras doenças (6 doenças intestinais) cujas complicações levaram à operação
inicial. Com ele procuramos examinar as indicações e a oportunidade da
ileostomia na urgência, mostrar que ela “per se” não contribue para o aumento
da mortalidade e ao invés, muitas vezes, é a única e salvadora opção que o
cirurgião dispõe.
Concluímos que:
1)
a ileostomia primária é indicada no tratamento cirúrgico da obstrução
e/ou necrose dos intestinos e na peritonite decorrentes de complicações de
doenças intestinais;
2)
a ileostomia “per se” não é responsável pelo agravamento das condições
clínicas dos doentes a ela submetidos;
3)
se houver dúvida quanto à viabilidade de uma anastomose intestinal na
vigência de peritonite ou obstrução e/ou necrose a opção deve ser pela
ileostomia primária porque a mortalidade dos doentes submetidos a ileostomia
na reoperação é significativamente maior.
Dr. Antonio José Gonçalves
Mestrado (1985)
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