No dia 28 de fevereiro, à noite, dirigi-me com a Paula, no carro dela, para a Costa da Caparica, a fim de participarmos numa reunião do FU. Encontrámo-nos próximo do Centro Comercial, onde se situa a Associação Amar a Costa, com o Nuno, a Sílvia, a Mônica e a Filipa. Subimos ao último andar do Centro Comercial, cujas lojas estavam todas fechadas, por volta das vinte e uma horas. Aí situa-se o espaço da Associação Amar a Costa, pequeno mas agradável, com objectos decorativos alusivos ao mar (barcos, conchas, redes, etc). Em frente à porta há um espaço razoável, onde se dispuseram cadeiras em círculo e todos nos sentámos (cerca de 12 pessoas?). Mónica, sentada num nível superior aos restantes (banco alto?), com postura descontraída e empática, começou por apresentar o projecto FU (duração, financiamento, dimensões, ..). Sublinhou que o projecto tem um sentido de educação comunitária, a partir de três dimensões: a alfabetização crítica, as histórias de vida e a cartografia. Falou ainda dos desejos das comunidades (dar voz aos pescadores, dar água aos moradores do bairro, …). Sublinhou ainda a liberdade de pensamento, a importância do outro e o cunho transformador, como elementos centrais da filosofia humanista do projecto. “É essencial repensar o projecto de forma que seja significativo para todos”, disse. Todos escutaram com atenção. Depois, cada pessoa apresentou-se de forma espontânea e aleatória. João Pinheiro, apresentou-se em primeiro lugar, como presidente da Associação A Mar a Costa, associação de desenvolvimento local que integra comerciantes, agricultores e pescadores, da Trafaria à Fonte da Telha, disse. Seguidamente apresentou-se Lídio Galinhas, como representante do Sindicato dos Pescadores. Expressou o seu desejo de existir formação na Costa da Caparica para os pescadores, que possibilite a obtenção da Cédula Marítima. António (?) Tomás apresentou-se como representante dos comerciantes, regozijou-se com o encontro e apresentou a sua convicção de que “as pessoas têm de tomar o futuro nas suas mãos”. Fez um paralelo entre os sentimentos que estava a experienciar nesta reunião e aqueles que viveu no pós-25 de Abril. Propôs uma reunião alargada “entre populações” para debate e inventariação dos problemas da Costa. Durval apresenta-se como morador do Bairro, e expressa o desejo de “aprendermos uns com os outros”. Fala da necessidade de todos sermos respeitados e fala sobre situações vividas na Costa, designadamente no contacto com entidades administrativas e municipais, onde não se sente respeitado. Falo de casos em que vai tentar tratar de problemas dos seus filhos, espera, espera, espera e no final é-lhe dito “não atendemos mais ninguém”. Lídio fala da sua experiência de vida em África, onde foi “ajudar a comunidade africana a abrir uma cooperativa de pesca” e conclui: “estou disponível para ajudar a que vocês tenham todas as condições no bairro”. A propósito, Mônica sublinha o problema da falta de água, dizendo “não ter água é uma condição”. Refere também que “a Costa é uma mistura” e que as histórias de vida e a cartografia (também do mar e da agricultura) vão “trazer à tona a grande mistura da Costa”. Durval, intervém novamente para dizer que para nos conhecermos “é preciso ir ao bairro”, a que João Pinheiro afirma que “a A Mar a Costa vai directamente ao Bairro”. Falou-se da existência de uma comissão de bairro que foi votada e da qual fazem parte pessoas idóneas (12 pessoas). Os outros membros da comunidade universitária apresentaram-se também, de forma breve. Finalmente, Mônica informou da vinda do produtor de um documentário do FU, que irá estar 45 dias e que também irá ensinar quem se sentir disponível para aprender nesta área. A reunião terminou e sentia-se a ligação entre os participantes. Muitas conversas em pequenos grupos, que se prolongaram entre várias pessoas das diferentes comunidades até à saída do Centro Comercial, onde alguns ficaram ainda algum tempo a conversar. Lisboa, 2 de março de 2012 Isabel Freire