1 INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM QUÍMICA JOANNA MARIA TEIXEIRA DE AZEREDO RAMOS Estudo espectroscópico vibracional de complexos de Ni(II) com os aminoácidos serina, glicina e ácido guanidoacético. NITERÓI 2006 2 JOANNA MARIA TEIXEIRA DE AZEREDO RAMOS ESTUDO ESPECTROSCÓPICO VIBRACIONAL DE COMPLEXOS DE NI(II) COM OS AMINOÁCIDOS SERINA, GLICINA E ÁCIDO GUANIDOACÉTICO Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Química Inorgânica. Orientador: Prof. Dr. CLAUDIO ALBERTO TÉLLEZ SOTO Niterói 2006 3 4 R 175 Ramos, Joanna Maria Teixeira de Azeredo Estudo espectroscópico vibracional de complexos de Ni(II) com os aminoácidos serina, glicina e ácido guanidoacético/ Joanna Maria Teixeira de Azeredo Ramos. Niterói: [s. n.], 2006. 167 f. Dissertação (Mestrado em Química) Universidade Federal Fluminense, 2006. 1. tulo. Espectros vibracionais. 2. Níquel. 3. Aminoácido. I. Ti- CDD.: 535.842 5 À minha mãe por ter me dado a luz e estar sempre ao meu lado, e à minha amada vovó Neusa por ter dedicado toda sua vida a minha pessoa. 6 AGRADECIMENTOS Ao Professor Dr. Orientador Claudio Téllez pela gentileza em compartilhar seu conhecimento e experiência, incentivando e tornando viável a execução do trabalho. Ao Instituto de Química da Universidade Federal Fluminense - UFF por tão singular oportunidade em realizar o curso de pós-graduação. Ao professor Otávio Versiane pela colaboração na parte de síntese e suporte a quaisquer dúvidas. Aos professores da UFF e membros da banca examinadora. A todos aqueles que direta ou indiretamente fizeram parte dessa trajetória em busca de um objetivo maior, meus sinceros agradecimentos. 7 RESUMO Ramos, Joanna Maria. Estudo espectroscópico vibracional de complexos de Ni (II) com os aminoácidos serina, glicina e ácido guanidoacético. UFF, 2006. Dissertação de Mestrado Instituto de Química, Universidade Federal Fluminense UFF. A presente dissertação tem como objetivo realizar a determinação estrutural e a atribuição vibracional completa dos espectros dos complexos: trans-bis (glicinato) níquel (II), trans-bis (serinato) níquel (II) e do complexo misto guanidoacetato serinato níquel (II). A determinação teórica das estruturas geométricas obteve-se utilizando o procedimento DFT: B3LYP/ 6-31G e 6-311G, baseado na Teoria do Funcional de Densidade. Para o caso específico do complexo trans-bis (glicinato) níquel (II), utilizamos também o procedimento HF: B3LYP/ 6-311G. De posse das estruturas geométricas procedeu-se à determinação dos espectros vibracionais teóricos, com o objetivo de se obter as atribuições vibracionais dos complexos em estudo. Para a análise vibracional da região metal-ligante propusemos o estudo das geometrias distorcidas de cada modo normal, de forma a obter quais os desvios dos parâmetros geométricos mais preponderantes na estrutura do modo, e com o resultado da análise determinar a atribuição vibracional mais exata na região de baixa energia. Dos resultados observados se destaca que nos quelato complexos, tais como os estudados nesta dissertação, as vibrações metal-ligante de estiramentos Ni-N e Ni-O, simétricos e/ou antisimétricos, não constituem modos vibracionais puros, ou com mínima mistura de outros modos, tal como acontece em complexos com ligantes uni-dentados. Os modos vibracionais de estiramentos Ni-N, Ni-O, e das variações angulares O-Ni-N, O-Ni-O e N-Ni-N, nestes casos, são naturalmente acoplados e encontram-se dispersos participando em diferentes percentagens na composição dos modos normais. Concluímos também, que foi válida a aproximação utilizada de excluir da análise dos modos normais da região de baixa energia, as coordenadas internas que descrevem os estiramentos N-H e C-H, como também as variações angulares H-N-H e H-C-H, baseada no princípio da separação das freqüências elevadas com relação às de baixa energia. PALAVRAS CHAVE Espectroscopia vibracional, Ni (II), aminoácidos. 8 ABSTRACT Ramos, Joanna Maria. Vibrational spectroscopy of Ni (II) complexes with the aminoacids serine, glycine and guanidoacetic acid. UFF, 2006. Dissertação de Mestrado Instituto de Química, Universidade Federal Fluminense UFF. This dissertation has as purpose to carry out the structural determination and to obtain the complete vibrational assignment of the infrared spectra of the trans-bis (glycino) nickel (II); trans-bis (serinate) nickel (II) complexes, and for the mixed complex guanidinoacetate-serinate nickel (II). The theoretical determinations of the geometrical structures were obtained using the DFT: B3LYP/6-31G and 6-311G procedures based on the functional density theory. For the study of the trans-bis (glicyno) nickel (II) complex, we used also the HF: B3LYP/ 6-311G procedure. With the aid of the obtained geometrical structures, having in mind the vibrational assignments, the next stage was the theoretical determination of the vibrational spectra of these complexes. For the vibrational analysis in the metal-ligands region we propose the study of the distorted geometries generated of each normal mode. Working of such manner we were able to obtain the percentage of deviation of the geometrical parameters in the vibrational mode structure, and from the results of such analysis, we propose the more exact vibrational assignment in the low energy region. From the results we conclude that in the quelato-complexes, such as the studied in this dissertation, the metal-ligand Ni-N and Ni-O stretching, symmetrical or asymmetrical, can not be classified as pure, or with a minor mixture of another normal modes, such as is the case of complexes with single ligands. The stretching Ni-N and Ni-O normal modes, and the bond angle deformation normal modes O-Ni-N, O-Ni-O and N-Ni-N are naturally coupled, and they appears participant with different percentages in the normal mode composition. We conclude also, that was adequate and with physical meaningfully the approach of to avoid the internal coordinates which describe the N-H and C-H stretching and H-NH and H-C-H bending of the analysis of the normal modes pertaining of the low energy region, based on the High/Low Energy Separation. KEYWORDS Vibrational spectroscopy, Ni (II), aminoacids. 9 SUMÁRIO 1 Introdução 20 1.1 Referências bibliográficas 23 2. O metal níquel 24 2.1. Características químicas 24 2.2. História 24 2.3. Importância do níquel nos sistemas biológicos 25 2.4. Toxicologia 26 2.5. Referências bibliográficas 27 3. Aminoácidos 28 3.1. Serina 28 3.1.1. Descrição química 28 3.1.2. Bioquímica da serina 29 3.1.3. Espectro vibracional 30 3.1.3.1. Atribuição do espectro vibracional 35 3.2. Glicina 37 3.2.1. Descrição química 37 3.2.2. Bioquímica da glicina 38 3.2.3. Espectro vibracional 40 3.2.3.1. Atribuição do espectro vibracional 42 3.3. Ácido guanidoacético 44 3.3.1. Descrição química 44 3.3.2. Bioquímica do ácido guanidoacético 45 3.3.3. Espectro vibracional 47 3.3.3.1. Atribuição do espectro vibracional 49 3.4. Referências bibliográficas 52 10 4. Experimental 53 4.1. Reagentes 53 4.2. Equipamentos 53 4.3. Programas computacionais 54 4.4. Referências bibliográficas 54 5. Metodologia 55 5.1. Metodologia para preparação de amostras e registros 55 de espectros Raman e Infravermelho 5.2. Referências bibliográficas 56 6. Síntese 56 6.1. Complexos de Ni (II) com aminoácidos 56 6.1.1 Ni (Gli)2 56 6.1.2. Ni (Ser)2 56 6.1.3. NiGaaSer . H2O 57 6.2. Referências bibliográficas 57 7. Espectroscopia vibracional 58 7.1. Espectroscopia no Infravermelho 58 7.2. Espectroscopia Raman 62 7.3. Análise experimental dos modos fundamentais 64 7.4. Análise de Coordenadas Normais 64 7.4.1. Cálculo de constante de forças e análise vibracional 65 usando dados experimentais 7.4.2. Método de Wilson El Yashevich 66 7.4.3. Modelo do Campo de Força de Simetria Local 69 7.5. Classificação das vibrações normais 71 7.6. Definição das coordenadas internas vibracionais 73 para modelo reduzido Ni(O)2(N)2 11 7.6.1. Transformações das coordenadas internas vibracionais 74 através das operações de simetria do grupo pontual C2v 7.6.2. Obtenção das coordenadas de simetria para o 75 modelo reduzido Ni(O)2(N)2 7.6.3. Matriz de transformação U 77 7.6.4. Matriz de transformação Z 78 7.7. Abordagem mecânica 79 quântica para a obtenção das estruturas dos compostos em estudo 7.7.1. Métodos ab initio e semi empíricos 7.8. Descrição das técnicas apropriadas para o estudo da caracterização 79 81 dos modos normais obtidos pelos procedimentos mecânico - quânticos 7.9. Referências bibliográficas 83 8. Atribuição vibracional para o complexo [Ni(Gli)2] 86 8.1 Espectro FT-IR 88 8.2 Otimização dos parâmetros geométricos 90 8.2.1. Atribuições vibracionais 94 8.2.2. Atribuição vibracional das bandas no infravermelho 95 8.2.3. Vibrações normais do esqueleto estrutural 99 8.3. Análise de Coordenadas Normais 110 8.3.1. Análise de coordenadas normais para o esqueleto 110 estrutural Ni(O)2(N)2 de simetria C2v 8.4. Referências bibliográficas 111 9. Atribuição vibracional para o complexo [Ni(Ser)2] 113 9.1. Espectro FT-IR 114 9.2. Otimização dos parâmetros geométricos 116 9.2.1. Atribuições vibracionais 119 9.2.2. Atribuições vibracionais das bandas 119 9.2.3. Vibrações normais do esqueleto estrutural 124 9.3. Análise de Coordenadas Normais 132 12 9.4. Referências bibliográficas 133 10. Atribuição vibracional para o complexo [Ni(Gaa)(Ser)] 135 10.1. Espectro FT-IR 137 10.2.Otimização dos parâmetros geométricos 138 10.2.1. Atribuições vibracionais 141 10.2.2. Atribuições vibracionais das bandas 142 10.2.3. Vibrações normais do esqueleto estrutural 146 10.3. Análise de Coordenadas Normais 154 10.4. Referências bibliográficas 158 11. Resultados e discussões 160 12. Conclusões 162 13. Anexos 165 Anexo 1 - Coordenadas cartesianas para o complexo 165 trans-bis (glicinato) níquel (II), obtidas pelo procedimento DFT:B3LYP/6-31G. Anexo 2 - Coordenadas cartesianas para o complexo 166 trans-bis (serinato) níquel (II), obtidas pelo procedimento DFT:B3LYP/6-311G. Anexo 3 - Coordenadas cartesianas para o complexo guanidoacetato-serinato níquel (II), obtidas pelo procedimento DFT:B3LYP/6-31G. 167 13 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Fig. 1 Estrutura geométrica do aminoácido serina, f. 28 Fig. 2 Esquema de síntese da serina, f. 30 Fig. 3a Espectro infravermelho da serina em matriz de KBr na região compreendida entre 4000 370 cm-1. f. 31 Fig.3b Espectro infravermelho da serina em matriz de polietileno na região compreendida entre 700 30 cm-1, f. 31 Fig. 4 Espectro Raman da serina em solução aquosa, f. 32 Fig. 5 Estrutura geométrica do aminoácido glicina, f. 37 Fig. 6 Esquema de síntese do aminoácido glicina, fig. 38 Fig. 7 Representação esquemática da transformação entre os aminoácidos serina e glicina, f. 39 Fig. 8a Espectro infravermelho da glicina na região espectral compreendida entre 4000 370 cm-1 , f. 40 Fig. 8b Espectro infravermelho da glicina na região espectral compreendida entre 700 370 cm-1 , f. 41 Fig. 9 Espectro Raman da glicina, f. 42 Fig. 10 Estrutura geométrica da aminoácido guanidoacético, f. 44 Fig. 11 Representação esquemática das reações enzimáticas que conduzem a formação da creatinina e a participação do ácido guanidoacético, f. 45 Fig. 12a Espectro FT-IR do aminoácido guanidoacético na região compreendida entre 4000 370 cm-1, f. 47 Fig. 12b Espectro FT-IR do aminoácido guanidoacético na região de baixa energia compreendida entre 7000 370 cm-1 , f. 48 Fig. 13 Espectro Raman do aminoácido guanidoacético, f. 49 Fig. 14 Modos de vibração molecular. Os sinais X e indicam movimentos para dentro e para fora do plano do desenho, respectivamente, f. 60 Fig. 15 Representação esquemática do interferômetro de Michelson, f. 61 Fig. 16 Esquema dos mecanismos de espalhamento Raman, f.. 63 Fig. 17 Esquema de absorção no infravermelho de ligações químicas características, f. 64 14 Fig. 18 Representação esquemática do modo vibracional rocking, f. 71 Fig. 19 Estrutura geométrica do benzaldeído e do complexo bis hidroxybenzaldeído de uranila, respectivamente, f. 72 Fig. 20 Estrutura geométrica do fragmento Ni(O)2(N)2 de simetria , f.73 Fig. 21 Representação esquemática para as coordenadas de simetria de variação angular, f. 77 Fig. 22 Estrutura geométrica do etileno, f. 81 Fig. 23 Movimento de estiramento CH simétrico do etileno, f. 82 Fig. 24 Modelo molecular do complexo metal Fig. 25 Representação esquemática dos modos normais de estiramento metal glicinato na proporção 1:1, f. 87 ligante,f. 87 Fig. 26a Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gli)2] na região compreendida entre 4000 370 cm-1 , f. 89 Fig. 26b Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gli)2] na região de baixa energia compreendida entre 700 Fig. 27 30 cm-1 , f. 90 Geometria estrutural do complexo trans bis (glicinato) níquel (II) obtido através do procedimento DFT/B3LYP 6-31G , f. 92 Fig. 28 Espectro infravermelho e segunda derivada na região entre 4000 2500 cm-1 do complexo [Ni(Gli)2], f. 96 Fig. 29 Espectro infravermelho e segunda derivada espectral na região compreendida entre 2000 1000 cm-1 , f. 98 Fig. 30 Espectro infravermelho e segunda derivada do complexo [Ni(Gli)2] na região entre 1000 400 cm-1, f.99 Fig. 31 Espectro infravermelho e segunda derivada espectral do complexo [Ni(Gli)2] na região de baixa energia compreendida entre 700 70 cm-1, f. 103 Fig. 32 Análise de deconvolução de banda para o complexo [Ni(Gli)2] na região compreendida entre 700 Fig. 33 50 cm-1, f. 104 Estrutura dos modos normais (geometria distorcida da posição de equilíbrio) para as vibrações metal ligante do complexo [Ni(Gli)2], f. 108 15 Fig. 34 Espectro FT-IR do complexo trans bis (serinato) níquel (II). Parte superior: FT- IR experimental. Parte inferior: espectro calculado pelo procedimento DFT: B3LYP/6-31G, f. 115 Fig. 35 Estrutura geométrica do complexo trans bis (serinato) níquel (II), obtida pelo procedimento DFT: B3LYP/ 6-31G, f. 117 Fig. 36 Espectro infravermelho da região compreendida entre 3500 2700 cm-1 junto ao espectro da segunda derivada do complexo [Ni(Ser)2], f. 120 Fig. 37 Espectro infravermelho e segunda derivada espectral na região compreendida entre 2000 1200 cm-1 para o complexo [Ni(Ser)2] , f. 122 Fig. 38 - Espectro infravermelho e sua segunda derivada para o complexo [Ni(Ser)2] na região compreendida entre 1300 400 cm-1 , f. 123 Fig. 39 - Espectro infravermelho e sua segunda derivada na região compreendida entre 650 50 cm-1 para o complexo [Ni(Ser)2] , f. 126 Fig. 40 Estrutura dos modos normais (geometria distorcida da posição de equilíbrio) para as vibrações metal Fig. 41 ligante do complexo [Ni(Ser)2], f. 127 Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] na região entre 4000 370 cm-1 , f. 137 30 cm-1, f. 138 Fig. 42 Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] na região entre 700 Fig. 43 Estrutura geométrica do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] obtida pelo procdimento DFT: B3LYP/ 6-31G, f. 139 Fig. 44 Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] na região de números de onda compreendida entre 3500 2500 cm-1, junto ao espectro da segunda derivada das bandas, f. 143 Fig. 45 Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] na região de números de onda compreendida entre 2100 1000 cm-1, junto ao espectro da segunda derivada das bandas, f. 145 Fig. 46 Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] na região de números de onda compreendida entre 1200 146 500 cm-1, junto ao espectro da segunda derivada das bandas, f. 16 Fig. 47 - Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] na região de números de onda compreendida entre 700 100 cm-1, junto ao espectro da segunda derivada das bandas, f. 151 Fig. 48 Estrutura dos modos normais (geometria distorcida da posição de equilíbrio) na região de baixa energia, para o complexo [Ni(Gaa)(Ser)], f. 152 17 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Espectro vibracional experimental FT-IR, FT-Raman e espectro vibracional calculado DFT: B3LYP/ 3-21 G (números de onda em cm-1) da serina, f. 33 Tabela 2 Espectro vibracional da glicina. Atribuição vibracional baseada de acordo ao método DFT: B3LYP/ 6-31G, espectro infravermelho e Raman, f. 43 Tabela 3 Espectro FT-IR e FT-Raman do aminoácido guanidoacético e valores de números de onda calculados pelo procedimento DFT: B3LYP/ 6-31G, f. 50 Tabela 4 Definição das coordenadas internas vibracionais do fragmento estrutural Ni(O)2(N)2, f. 74 Tabela 5 Transformação das coordenadas internas vibracionais através das operações de simetria no grupo pontual C2v , f. 75 Tabela 6 Matriz de transformação U, f. 77 Tabela 7 Matriz de transformação Z, f. 78 Tabela 8 Comprimento das ligações (Å) Ni-N e Ni-O Tabela 9 Comparação das distâncias: procedimentos mecânico quânticos e valores usados por Nakamoto, f. 91 Tabela 10 Parâmetros geométricos do complexo trans bis (glicinato) níquel (II) obtidos pelo procedimento DFT/ B3LYP: 6-31G, f. 93 Tabela 11 Espectro FT-IR experimental e espectro calculado pelo procedimento DFT:B3LYP/6-31G (cm-1) para o complexo [Ni(Gli)2], f. 106 Tabela 12 Atribuição vibracional com base na ACN para o esqueleto estrutural Ni(O)2(N)2 , f. 110 Tabela 13 Comprimento das ligações e ângulos de ligações obtidos pelo cálculo DFT: B3LYP/ 6-311G para o complexo [Ni(Ser)2], f. 118 Tabela 14 - Espectro FT-IR experimental e espectro calculado pelo procedimento DFT:B3LYP/6-311G ( números de onda em cm-1) para o complexo [Ni(Ser)2], f. 129 Tabela 15 Comprimento de ligações e ângulos interatômicos no complexo guanidoacético serinato de níquel (II), [Ni(Gaa)(Ser)], obtidos através do procedimento DFT: B3LY/ 6-31G, f. 140 18 Tabela 16 Espectro experimental FT-IR e espectro vibracional calculado pelo procedimento DFT: B3LYP/ 6-31 G (números de onda em cm-1) para o complexo [Ni(Gaa)(Ser)], f. 155 Tabela 17 Variações percentuais das distâncias das ligações Ni-N e Ni-O, dos ângulos O- Ni-N, O-Ni-O e N-Ni-N na composição dos modos normais dos complexos [Ni(Gli)2], [Ni(Ser)2 e [Ni(Gaa)(Ser)], na região de baixa energia. , f. 164 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ACN Análise de Coordenadas Normais DFT Teoria do Funcional de Densidade ATP adenosina-tri-fosfato PLP fosfato de piridoxal IR infravermelho FT-IR infravermelho com transformada de Fourier R,s Raman, estado sólido R, l Raman, estado líquido GABAa ácido gama - aminobutírico do tipo a DF divisor de feixe OM orbitais moleculares AO orbitais atômicos CLOA combinação linear de orbitais atômicos RHF Restrito Hartree - Fock PDPG percentagem de desvios dos parâmetros geométricos ADB Análise de contorno (deconvolução) de bandas MMP Modelo de massas pontuais M-L metal - ligante PED HPLC Pi distribuição de energia potencial cromatografia líquida de alta resolução fosfato inorgânico NAD nicotiamida adenina dinucleotídeo 19 EPÍGRAFE Os preguiçosos estão sempre a falar do que tencionam fazer, do que hão - de realiza aqueles que verdadeiramente fazem alguma coisa não têm tempo de falar nem sequer do que fazem. Goethe 20 1 INTRODUÇÃO A partir das últimas duas décadas houve um substancial desenvolvimento da instrumentação relacionada à medição de espectros vibracionais, tal como a introdução da espectroscopia vibracional com transformada de Fourier. A nova instrumentação usa interferometria de varredura múltipla, sendo que a aplicação para esta técnica pode encontrar-se na espectroscopia de infravermelho, de absorção, reflexão ou de emissão, de acordo com as diferentes técnicas que venham a ser implementadas. Na espectroscopia de dispersão ou de scattering Raman, a introdução do interferômetro trouxe também um notório avanço. Com a possibilidade de se obter espectros em toda a região do visível pelo uso de lasers 1, novos tipos de fenômenos começaram a ser investigados, como a espectroscopia Raman ressonante e, mais recentemente o espalhamento Raman intensificado pela superfície, conhecido como efeito SERS (Surface Enhanced Raman Scattering), cuja técnica têm nos professores Oswaldo Sala e Márcia Temperini do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ/ USP) seus principais pesquisadores na América Latina. Tais inovações trouxeram um melhor entendimento e compreensão dos espectros no infravermelho e Raman e suas respectivas atribuições. Em vista disso, nos dias de hoje obtêm-se espectros com maior resolução e com maior velocidade, permitindo dessa forma um melhor trabalho referente à identificação do número de bandas fundamentais, de bandas de combinação e sobreton e determinação da segunda derivada das bandas, sendo útil na geração da análise do contorno ou do perfil do espectro. Aliado aos avanços instrumentais podemos citar as técnicas de substituição isotópica que conduzem a síntese de isotopômeros, por meio dos quais, bandas metalligante de inúmeros complexos metálicos foram identificadas. A substituição isotópica conduz também a obtenção de um maior número de bandas para a mesma substância, com a qual a determinação das constantes de força, ou do campo de potencial molecular, ganhou maior precisão. Podemos citar também as técnicas de matriz de isolamento, de grande utilidade na identificação dos diferentes isótopos moleculares. 21 Um passo importante na espectroscopia vibracional foi o desenvolvimento de métodos de cálculos de coordenadas normais, podendo-se mencionar o trabalho pioneiro de Dennison 2. A aplicação da teoria de grupos permitiu que as atribuições dos números de onda não fossem mais puramente empíricas, mas com base matemática. Foram fundamentais os trabalhos de Wilson3, Rosenthal e Murphy4, Urey Bradley5 e Shimanouchi6. A partir da atribuição dos dados espectrais experimentalmente observados em Raman e infravermelho, e da Análise das Coordenadas Normais (ACN), obtêm-se informações necessárias sobre o campo de potencial de moléculas poliatômicas. Este, através das constantes de força informa sobre a natureza das ligações químicas, e permite o melhor entendimento dos modos normais vibracionais das freqüências fundamentais da molécula 7. Além da análise de coordenadas normais pode - se determinar várias propriedades físico-químicas das moléculas como, por exemplo, amplitudes normalizadas, funções termodinâmicas, grau de acoplamento vibracional, intensidades das bandas Raman e infravermelho, coeficientes de indução, constantes de Coriolis, parâmetros de distorção centrífuga, defeitos de inércia, etc. Nos últimos anos com o advento dos procedimentos mecânico-quânticos aplicados à química teórica, os espectros vibracionais são calculados usando-se métodos semiempíricos, ab-initio e mediante uso da Teoria do Funcional de Densidade (DFT) 8, 9.Tais métodos consideram somente a molécula no estado gasoso e fundamental, sem nenhuma perturbação ao seu redor por outras moléculas. O sistema considerado baseia-se na aproximação harmônica. Os espectros vibracionais medidos sejam na fase gasosa, líquida ou sólida levam em conta as interações moleculares, o efeito do solvente, e a agregação cristalina. Em todos os casos são sistemas perturbados do ponto de vista vibracional e seus espectros caracterizam-se como anarmônicos. Poucos trabalhos interpretativos dos dados espectroscópicos fornecidos pelos procedimentos mecânico - quânticos levam em conta, a geometria distorcida da molécula como um critério para se fazer a atribuição vibracional mais exata ou apurada. Mas apesar dessas dificuldades, os procedimentos mecânico - quânticos usados na interpretação de espectros vibracionais têm ganho um forte impulso nesses últimos anos. Téllez e 22 colaboradores têm proposto uma metodologia de interpretação dos espectros vibracionais, calculados por procedimentos mecânico - quânticos, que têm como base a comparação entre a geometria do equilíbrio do sistema molecular e a geometria perturbada, de acordo com cada modo normal permitido pelo sistema 10,11. Tendo presente que o Ni (II) apresenta coordenação octaédrica e quadrado plana, no caso da coordenação com aminoácidos na proporção 1:2 (metal: ligante) o Ni (II) coordenará preferencialmente na forma quadrado plana. Tratando-se de aminoácidos onde os átomos coordenantes são o nitrogênio e o oxigênio, abre-se a possibilidade de se obter complexos apresentando um esqueleto estrutural quadrado plano nas formas dos isômeros cis e trans. Para a análise estrutural dos complexos em estudo cogitamos o uso da espectroscopia vibracional e de métodos de cálculos mecânico quânticos, em especial a Teoria do Funcional de Densidade. Tanto na Análise de Coordenadas Normais convencional quanto no procedimento DFT, o espectro calculado deve estar concordante com a geometria que gerou inicialmente o cálculo; esta concordância é índice de que a geometria proposta corresponde à estrutura correta do complexo em análise. Os argumentos que justificam o uso desse critério de análise estrutural têm sua base na Teoria dos Grupos. Sabemos que para iniciar qualquer análise vibracional, devemos obter a representação vibracional irreduzível, representação esta baseada na estrutura proposta para o complexo. Os trabalhos existentes em espectroscopia vibracional realizado com aminoácidos como ligantes, para a formação de complexos, são incompletos no que diz respeito à caracterização vibracional completa desses compostos. Aliado a isso, a escassez de informação na literatura científica sobre espectros vibracionais contribuiu significativamente na escolha do tema, assim como na escolha dos complexos. Dessa forma objetiva-se no presente trabalho a atribuição experimental dos espectros FT-Raman e FT-Infravermelho, tanto dos ligantes como dos complexos e a determinação teórica da estrutura dos complexos em estudo usando alguns dos métodos de mecânica quântica: semi - empíricos, ab - initio e da DFT. Devido ao fato de que os compostos estudados neste trabalho são complexos de Ni(II) com os aminoácidos glicina, serina e ácido guanidoacético encontramos conveniente, pelo motivo de não fazer ums introdução extensa tratar em capítulo a parte, a importância 23 do níquel (II) como um dos elementos químicos inseridos nos sistemas biológicos. Pelo mesmo argumento, daremos em um capítulo a parte uma breve resenha da importância dos aminoácidos aqui tratados como ligantes nas sínteses de complexos de Ni(II). Como uma nova proposta de análise, o trabalho visará à determinação aprimorada e a caracterização dos diferentes modos normais baseados na geometria de não equilíbrio, ou perturbado da molécula. 1.1. Referências bibliográficas 1. Porto, S.P.S. & Wood, D.L. J. Opt. Soc. Am., 52 (1962) 251. 2. Dennison, D.M. Rev. Mod. Phys.; 3 (1931) 280. 3. Wilson Jr., E. B., Decius J. C. and Cross P. C., Molecular Vibrations. New York: Dover Publications INC. 1980. 4. Rosenthal, J. E., Murphy. G. M., Rev. Mod. Phys., 8 (1936) 317. 5. Urey, H. C. and Bradley C. A., Phys. Rev. 38 (1931) 1969. 6. Shimanouchi T., J. Chem. Phys., 17 (1949) 245. 7. Gans P., Vibrating molecules- an introduction to the interpretation of infrared an Raman spectra. London: William Clowes & Sons Limited, 1971 8. Parr R.G. and Yang W., Density - Functional Theory of Atoms and Molecules, Oxford University Press, Oxford. 1989. 9. Becke A. D., J. Chem. Phys., 98 (1993) 1372. 10. Téllez C.A. S; Hollauer, E. Silva P; Mondragon M.A., Haiduc I., Curtui M., Spectrochimica Acta A., 57 (2001) 1149. 11. Téllez C. A. S., Arissawa M., Gomez Lara J., Mondragon M., Polyhedron., 19 (2000) 2353. 24 2 O METAL NÍQUEL 2.1. Características químicas O níquel é um elemento químico de aparência metálica e cor brilhante, com número atômico 28 e massa atômica de 58,7 daltons. É um metal de transição pertencente ao Grupo 10, 4º período, bloco d. Tem densidade igual a 8909 kg/m3 e uma dureza de 4.0. Apresenta ainda um raio atômico de 135 pm e um raio covalente de 121 pm. Sua configuração eletrônica é [Ar] 3d8 4s2. Como propriedades físicas apresenta um ponto de fusão de 1728 K e ponto de ebulição de 3186 K. Apresenta um volume molar de 6.59 x 10-6 m3/mol e uma entalpia de vaporização de 370.4 kJ/mol. Do ponto de vista químico, este elemento apresenta uma gama de complexos nos quais os números de coordenação comumente encontrados são 4 , 5 e 6, que corresponde as formas tetraédrica, quadrado plano, pirâmide quadrada e octaédrica, respectivamente. 2.2. História De acordo com informações da Wikipédica 1 o uso do níquel remonta aproximadamente ao século IV A.C, geralmente junto com o cobre, já que aparece com freqüência nos minerais deste metal. Bronzes originários da atual Síria tem conteúdos de níquel superiores a 2%. Manuscritos chineses sugerem que o cobre branco era utilizado no Oriente desde 1400 - 1700 A.C, entretanto a facilidade de confundir as minas de níquel com as de prata induz a pensar que , na realidade, o uso do níquel foi posterior, a partir do século IV A.C. Os minerais que contém níquel, como a niquelina, tem sido empregado para colorir o vidro. Em 1751 Axel Frederik Cronstedt tentando extrair o cobre da niquelina, obteve um metal branco que chamou de níquel. Os mineiros de Hartz atribuem ao velho Nick (considerado como diabo ) o motivo pelo qual alguns minerais de cobre não poderiam ser trabalhados. O metal responsável por isso foi descoberto por Cronstedt na niquelina, o kupfernickel, diabo do cobre, como se chamava e ainda é chamado o mineral. 25 2.3. Importância nos sistemas biológicos As questões pertinentes em relação à química do níquel no contexto do seu papel biológico estão relacionadas essencialmente, com o desempenho do metal no decorrer do ciclo enzimático de oxidação-redução, com os modos de coordenação do metal e escolha de ligantes, assim como a identificação do níquel pela utilização de diferentes técnicas espectroscópicas e as interações entre o metal e os outros centros metálicos. O níquel é um oligoelemento que têm importante papel fisiológico ao agir sobre o metabolismo de certos hormônios, como ativador enzimático (arginase, aspartase, colinesterase, desoxiribonuclease) ou até mesmo como inibidor enzimático (aldolase, creatinoquinases, isocitrato-desidrogenase). O níquel está presente na constituição de muitas enzimas, como as hidrogenases ( na qual oxidam o nitrogênio), na metil CoM redutase e em bactérias anaeróbias, tendo papel fundamental no crescimento destas bactérias. 2 A primeira enzima na qual identificou-se a presença de níquel, foi a uréase; estudos posteriores comprovaram a importância deste elemento em diversos processos como na oxidação do CO e na síntese anaeróbica da acetil-Coa. Estudos também revelam a presença de níquel na superoxi-dismutase (SOD) ampliando o papel biológico do níquel, sendo assim objeto de estudo de pesquisadores. 3 Como o níquel pode coordenar-se de diversas formas nas enzimas, acaba também exercendo funções diferentes, participando com ação catalítica ou ainda com sua capacidade de redução. No caso das ureases, ele se comporta como um ácido de Lewis coordenado por átomos de oxigênio e nitrogênio, com um estado de oxidação 2+ favorecendo a geometria quadrado plano ou octaédrica. 4 A participação do níquel na oxidação reversível do hidrogênio molecular pela hidrogenase (Hase), que participa fundamentalmente nos processos de oxidação-redução bacterianos, têm levado pesquisadores a intensas investigações especialmente nas hidrogenases de níquel (Hases [NiFe]), no sentido da purificação e caracterização dos centros metálicos envolvidos através de técnicas bioquímicas, de biologia molecular, técnicas espectroscópicas e cristalografia de raio - X. 5 26 Essas técnicas espectroscópicas incluem Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) (e técnicas associadas ENDOR e ESEEM), EXAFS, espectroscopia eletrônica ultravioleta-visível e Ressonância Raman. A contribuição das diferentes técnicas espectroscópicas, muitas vezes acopladas a substituições isotópicas específicas dos metais (57Fe e 61Ni), tem-se revelado determinante na atribuição dos estados de oxidação do níquel e na descoberta de características estruturais intrínsecas do centro reacional. 2.4 Toxicologia O níquel em quantidades pequenas têm sido classificado como um elemento importante ao desenvolvimento humano. Em doses elevadas é tóxico podendo causar: irritação gastrointestinal como náuseas, vômitos e diminuição do apetite; alterações neurológicas: dor de cabeça e vertigem; alterações musculares como fraqueza muscular; alterações cardíacas como palpitações; alergia: dermatite, rinite crônica, asma e outros estados alérgicos. O níquel inibe a ação da enzima superoxi-dismutase que participa no processo de metabolização dos radicais livres. O excesso de níquel pode chegar a ter conseqüências graves como necrose e carcinoma do fígado e câncer de pulmão. 6,7 A exposição ao metal níquel e seus compostos solúveis não deve superar aos 0,05 mg/cm³ , medidos em níveis de níquel equivalente para uma exposição laboral de 8 horas diárias (40 horas semanais). Suspeitam-se que os vapores e o pó de sulfeto de níquel sejam cancerígenos. O (Ni(CO)4), gerado durante o processo de obtenção do metal, é um gás extremamente tóxico. 8 27 2.5. Referências bibliográficas 1. Acesso em 27 de maio de 2006; disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%ADquel#Caracter.C3.ADsticas_principais 2. Sunderman, F. W. , Scand. J. Work Environ Health, 19, suppl 1:75 (1993) 3. Kolodziej, A. F. Progress in Inorganic Chemistry, v.41, p.493, 1994. 4. Active sites of transition- metal enzymes with a focus on nickel CURRENT OPINION IN STRUCTURAL BIOLOGY 8 (6): 749 758 DEC 1998 5. Moura, J.J.G., Teixeira, M., Moura, I., LeGall, J. (1988) in "The Bioinorganic Chemistry of Nickel" (Lancaster, Jr. ed.) pp.191-226, VCH, N.Y. 6. Modern Nutrition in health and disease. 18º Edition. 1994. Maurice E Shils, James ª Olson and Moshe Shike. 7. Present Knowledgement in Nutrition. 6º Edition. 1990. Myrtle L. Brown. 8. F. W. Sunderman and F. W. Sunderman Jr. JAMA, 236, 26 (1988) 28 3 AMINOÁCIDOS 3.1. Serina 3.1.1. Descrição química Apresenta uma massa molecular de 105,09 daltons, e é também denominado de ácido 2-amino-3-hidroxipropanóico, -hidroxilamina e ácido -amino- -hidroxipropiônico. É classificado como um aminoácido polar neutro, de fórmula geral C3H7NO3 e com uma composição molecular de C = 34,28%, H = 6,71%, N = 13,33% e O = 45,67 %. Figura 1: Estrutura geométrica do aminoácido serina A serina é diferenciada do aminoácido alanina pela substituição de um dos hidrogênios metilênicos por um grupo hidroxílico. É também considerado um aminoácido hidroxilado, comumente considerado como hidrofílico devido à capacidade de formar ligações de hidrogênio pelo grupo hidroxila. 29 3.1.2. Bioquímica da serina É um aminoácido essencial de três carbonos com um grupo R polar sem carga (é mais hidrofílico que os aminoácidos não polares, já que contêm grupos funcionais que formam ligações de hidrogênio com a água) e deve sua polaridade a seu grupo hidroxila. Por ser um aminoácido de polaridade intermediária, se encontra tanto no interior quanto no exterior das proteínas globulares. Tende a impedir a formação de uma hélice (confirmação de uma cadeia polipeptídica entre as queratinas) devido ao tamanho e a forma de seus grupos R. É considerado também um aminoácido glicogênico (já que pode se converter em glicose e em glicogênio a partir de diferentes vias) que se converte em piruvato. Em algumas proteínas, os grupos hidroxila de determinados resíduos de serina, se fosforilam enzimaticamente com um consumo de ATP dando lugar a restos de fosfoserina. Deste modo, os grupos fosfato incorporam uma carga negativa a esse polipeptídio. 1 A serina é formada através do intermediário da glicólise, o 3-fosfoglicerato. A reação acontece em três etapas: 3 Conversão do grupo 2-OH do 3-fosfoglicerato em uma cetona gerando o 3fosfohidroxipiruvato. A enzima que realiza esta conversão é a 3-fosfoglicerato desidrogenase Transaminação do 3-fosfohidroxipiruvato a fosfosserina através de uma aminotransferase dependente de PLP. Hidrólise da fosfosserina a serina pela fosfosserina fosfatase. O desvio do 3-P-glicerato para a síntese dos aminoácidos da família da serina é importante não apenas para produção destes aminoácidos e sua incorporação em proteínas, mas também pela grande variedade de funções desempenhadas por estes aminoácidos. 30 3-P-glicerato NAD + NADH , H+ 3-P-hidroxi piruvato glutamato cetoglutarato 3-P-serina H2O Pi Serina Figura 2: Esquema da síntese da serina 3.1.3. Espectro vibracional O espectro Raman da serina em solução aquosa e no estado sólido foi registrado em um espectrofotômetro Raman Nicolet 950. Os dados experimentais foram obtidos com uma resolução de 4 cm-1, realizando-se 120 registros, um laser com 9793,64 cm-1 de número de onda e usando um detector InGaAs. As outras condições para as medições da amostra em solução aquosa foram: número de registro da ordem de 200, apodização Happ- Genzel, separador de feixo de fluoreto de cálcio (CaF2), velocidade de espelho: 0,3165, abertura de 150 e ganho de 32. 2 O espectro infravermelho da serina no estado sólido foi registrado em um espectrofotômetro FT-IR Perkin - Elmer 2000, usando a técnica de pastilha de KBr, para as medições entre 4000 e 370 cm-1, e a técnica de pastilha de polietileno para as medições entre 700 e 30 cm-1. O espectro infravermelho da serina está ilustrado nas figuras 3a e 3b. Os números de onda correspondente às vibrações fundamentais da serina se encontram na tabela 1. 31 Figura 3a: Espectro infravermelho da serina em matriz de KBr na região compreendida entre 4000 370 cm-1 Figura 3b: Espectro infravermelho da serina em matriz de polietileno na região compreendida entre 700 30 cm-1 32 Figura 4: Espectro Raman da serina em solução aquosa 33 Tabela 1: Espectro vibracional experimental FT-IR, FT-Raman e espectro vibracional calculado pelo procedimento DFT:B3LYP/3-21G (números de onda em cm-1) da serina. B3LYP/3-21G, (% T ), a FT-IR FT- Raman, (IR), 3508 (73,6), 3372 Atribuição aproximada b 3466 (OH) (H2O) 3507 (135,0), 3371 3349 (1,6) as 3410 (77,9), 3278 3276 (1,5) s 3478 (172,9), 3343 3218 3096 (55,9), 2976 3098 (NH) (NH) (OH) (H2O) 2966 (0,7), 2977 3052 (33,7), 2934 (CH) (CH) 3039 (50,4), 2921 2909 2903 (0,3), 2891 (CH) 1772 (2,6), 1703 1626 1618 (1,7), 1625 (C=O), ou (HNH) 1719 (7,0), 1652 1601 1592 (1,6), 1579 (HNH), ou 1528 (1,2), 1516 (HCH) 1557 (13,0), 1497 (C=O) 1455 (1,6) 1497 1468 (2,7), 1452 (HCH) 1406 (11,3) 1411 1409 (3,0), 1435 (HNH) 1376 (2,8) 1340 1349 (4,0), 1370 (COH) 1360 (2,9) 1303 1315 (1,9), 1345 (HCH) + (COH) 1315 (13,7) 1305 1289 (1,8), 1307 (HCH) twist 1254 (10,5) 1220 1238 (1,7), 1245 (HCH) + (COH) 1150 (1,6), 1176 (HCH) coupled 1180 (5,3) 1156 (3,5) 1127 1120 (1,6), 1155 (CN) 1110 (2,6) 1088 1084 (1,7), 1097 (HOC) + 1068 (4,1) 1014 1048 (2,0), 1029 (HNH)wagg + 1001 (2,6) 968 978 (1,7), 985 (OH) 919 (7,1) 927 917 (1,6), 930 (CC) 841 (1,3) 853 850 (3,5), 850 (NH2)wagg 829 (4,0) 802 808 (2,4), 813 (CN) (CN + CC) (CH2) 34 720 (11,0) 729 766 (1,8), 745 (NH2) 633 (6,0) 619 614 (2,6), 624 (OH) 547 (2,5) 567 573 (2,9), 564 (CCN/ CCC/ OCC) 513 (4,2) 525 532 (3,4), 526 (CCN/ CCC/ OCC) 500 (3,8) 500 506 (3,8), 498 (OH) COOH 363 (1,7) 385 368 (4,2), 389 (OH)OH 360 (4,0) 327 314 (3,9), 327 ou (NH2) twist 281 (1,5) 304 290 (3,9), 299 [CC (NH2)] + (C - O ax) 263 (4,1) 242 269 (1,6), 248 (H2O), 233 (1,4) 193 223 (2,2),188 (C - O ax) 120 (2,1) 160 177 (6,4),171 (COOH) grupo 59 (0,8) 112 126 (10,0), 113 (torção) a b : multiplicado pelo fator de escala 0,9613 : serina, estado sólido. (OH) 35 3.1.3.1. Atribuição do espectro vibracional A atribuição vibracional do espectro da serina baseou-se em cálculos usando o procedimento DFT com conjunto de base B3LYP/ 3-21G. Os números de onda vibracionais harmônicos foram calculados a partir da geometria otimizada da molécula. Os resultados para o espectro vibracional apresentado na tabela 1 apresentam um bom acordo com os valores experimentais dos espectros FT-IR e FT-Raman da serina. Os 3n-6= 36 modos normais da serina, podem apresentar somente uma simetria, classificada como simetria do tipo a. As regras de seleção permitem a atividade dos modos normais nos espectros IR e Raman, tendo como característica a coincidências das bandas em ambos os espectros. Os grupos fundamentais da serina são: 2 (-OH), -NH2, -CH2 e -C= O. Espera-se encontrar desta forma dois modos normais de estiramento e (OH), dois (NH), dois (CH) (C=O). (OH), (NH), vibracional irredutível é (CH) modos normais: para estes estiramentos a representação str. = 6 a. O modo vibracional (OH) foi calculado em 3372 cm-1, valor já multiplicado pelo fator de escala 0,9613. No espectro infravermelho observa-se uma banda a 3466 cm-1 que, em princípio, pode ser atribuída a um dos modos segundo modo (OH). O (OH) é atribuído ao valor parametrizado 3343 cm-1, e para ele não foi encontrado a banda correspondente no espectro. Referente aos modos normais de estiramento N-H, o antisimétrico foi observado no espectro Raman da serina no estado líquido em 3349 cm-1 (R, l); o valor calculado foi de 3371 cm-1. O modo de estiramento simétrico (NH) foi observado no espectro Raman em 3276 cm-1 (R, l) e o valor calculado foi de 3278 cm-1. Os modos de estiramento C-H foram observados em 2966 cm-1 (R, l), 2903 cm-1 (R, l) e 2909 cm-1 (IR). Os números de onda calculados para esses modos foram 2976, 2934 e 2921 cm-1, valores estes concordantes com os experimentais. (C=O) modos normais do grupo carboxilato: no grupo carboxilato existe ressonância entre as ligações CO. Observam-se no espectro Raman, bandas em 1618 cm-1 36 (R, l) e 1625 cm-1 (R, s) que podem ser atribuídas a um dos modos (C=O). Os números de onda encontrados em 1592 cm-1 (R, l), 1579 cm-1 (R, s) e 1601 cm-1 (IR) pode ser atribuída a outro modo (C=O). O cálculo revela que esses modos estão acoplados com os modos de deformação angular (HNH). (HNH) e (HCH) modos normais: estes modos de variação angular observam-se em 1528 cm-1 (R, l) e em 1516 cm-1 (R, s) e são atribuídos ao modo (HCH). Os números de onda observados no infravermelho foram 1480 cm-1 e 1468 cm-1 e assinalados como (HCH). O outro modo (HNH) foi atribuído aos números de onda 1409 (R, l), 1435 (R, s) e 1411 cm-1 (IR). Modos normais de deformação angular HNH e HCH, classificados como wagg, twist e rocking foram atribuídos aos seguintes números de onda: 1048 (R, l), 1029 (R, s) e 1013 cm-1 (IR) como (HNH) wagg; 1289 (R, l), 1307 (R, s) e 1303 cm-1 (IR) foram atribuídos para o modo (HCH) twist. Os números de onda observados em 850 (R, l), 850 (R, s) e 853 cm-1 (IR) foram atribuídos a (NH2) wagg. O modo (NH2) foi atribuído aos números de onda encontrados em 766 (R, l) e 745 cm-1 (R, s). Modos vibracionais de estiramento (CN) e (CC): os números de onda observados em 1120 (R, l), 1155 (R, s), e 1127 cm-1 (IR) foram atribuídos ao modo (CN). Um segundo modo atribuído ao estiramento C-N, foi encontrado em 808 (R, l), 813 (R, s) e 802 cm-1(IR). O estiramento C-C foi atribuído aos números de onda 917 (R, l), 930 (R, s) e 927 cm-1 (IR). Modos vibracionais de variação angular (NH2,), (OH) e (CCN/ CCC/ OCC): para estes modos os números de onda encontrados foram: 766 (R, l), 745 (R, s), 614 (R, l), 624 (R, s) e 619 cm-1 (IR). Em relação à atribuição do modo (CCN/ CCC/ OCC), os números de onda atribuídos foram 573 (R, l), 564 (R, s), 532 (R, l), 526 (R, s), 367 (IR) e 325 cm-1 (IR). 37 3.2. Glicina 3.2.1. Descrição química Conhecido também como ácido aminoacético e ácido 2- amino-etanóico, é considerado um aminoácido apolar, não essencial e que apresenta uma massa molecular de 75,07 daltons. Sendo considerado o aminoácido mais simples, auxilia significativamente no estudo da química desses grupamentos. Apresenta fórmula geral C2H5NO2. Sua estrutura geométrica é ilustrada na figura 4. O ponto isoelétrico da glicina ou pH isoelétrico, está centrado entre o pK de seus dois grupos ionizáveis, do grupo amino e do grupo ácido carboxílico. Figura 5: Estrutura geométrica do aminoácido glicina A glicina é um aminoácido que tem somente um átomo de hidrogênio em sua cadeia lateral, e é também o único aminoácido que não é opticamente ativo (já que não possui estereoisômeros). A glicina é o segundo aminoácido mais comum em proteínas: representa cerca de 5% dos aminoácidos das proteínas do organismo humano. 38 3.2.2. Bioquímica da glicina A glicina além de participar na biosíntese de vários compostos no organismo, é um transmissor inibitório principalmente na medula espinal, agindo no seu próprio receptor que lembra funcionalmente o receptor GABAa. Também possui propriedades similares às do ácido glutâmico e do ácido g aminobutírico no que toca à inibição de sinais neurotransmissores do sistema nervoso. A síntese da glicina inicia-se a partir da 3-D-fosfoglicerato, intermediário da via glicolítica, o qual, através de compostos fosforilados (fosfohidroxipiruvato e fosfoserina) dão lugar a serina e a glicina. Como ocorre em outros aminoácidos neurotransmissores, a glicina e o GABA se encontram presentes em concentrações elevadas, o que provavelmente reflete a sua participação dentro do metabolismo geral de uma maneira muito ativa, como biosíntese de compostos como o grupo heme, as purinas, as proteínas, os nucleotídeos e os ácidos nucléicos. 3 Alem de contribuir como constituinte das purinas, também se encontra na formação das porfirinas. 1 Figura 6: Esquema de síntese do aminoácido glicina 39 O precursor imediato da glicina é a serina, que se converte em glicina pela atividade da enzima serina hidroximetiltransferase. A reação de transaminação com o glutamato forma 3-fosfoserina, e remove o fosfato produzindo serina. A glicina é gerada pela remoção do grupo metil da serina. atividade da enzima fosfato piridoxal (PLP) Serina + Tetrahidrofolato Glicina + metilenetetrahidrofolato + H2O Figura 7: Representação esquemática da transformação entre os aminoácidos serina e glicina A glicina por transaminação ou desaminação oxidativa, forma o ácido glioxílico, que é posteriormente metabolizado em ácido fórmico, sendo o seu nitrogênio amino rapidamente trocado com outros aminoácidos. Por essa razão, a glicina é adicionada em quantidade considerável às misturas de aminoácidos essenciais, como fonte de nitrogênio para a síntese de aminoácidos não essenciais no organismo, por aminação ou transaminação. É também convertida em L-Serina por condensação com formaldeído ativo. Átomos de carbono e nitrogênio são usados na síntese da hemina da hemoglobina. Por metilação, a sarcosina e a betaína são formadas. Forma glicociamina (ácido guanidoacético) por transaminação com a L-Arginina. Por transmetilação, a glicociamina é convertida em creatina, que está presente nos músculos, no cérebro e no sangue como um promotor da contração muscular. A glicina é também um constituinte do tripeptídeo glutationa ( -LGlutamil-L-Cisteinil-L-Glicina). 3 40 3.2.3. Espectro vibracional O espectro infravermelho da glicina foi registrado em um espectrofotômetro PerkinElmer 2000 com transformada de Fourier, usando a técnica de pastilha de KBr para a região de alta energia compreendida entre 4000 370 cm-1, e a técnica de pastilha de polietileno para a região de baixa energia compreendida entre 700 30 cm-1. Estes espectros são ilustrados nas figuras 7a e 7b, respectivamente. Para a obtenção do espectro Raman da glicina foi utilizado um espectrofotômetro Raman Nicolet 950; os dados experimentais foram obtidos com 4 cm-1 de resolução, realizando-se 120 registros, laser com 9793,64 cm-1 de número de onda e detector de InGaAs. Utilizaram-se também recursos como apodização Happ Genzel e separador de feixo de fluoreto de cálcio (CaF2). Figura 8a: Espectro infravermelho da glicina na região espectral compreendida entre 4000 370 cm-1 41 Figura 8b: Espectro infravermelho da glicina na região espectral compreendida entre 700 30 cm-1 42 Figura 9: Espectro Raman da glicina no estado sólido 3.2.3.1. Atribuição do espectro vibracional. Para a caracterização espectroscópica de aminoácidos, baseando-se em um critério analítico de identificação de ligações químicas ou de grupos funcionais dentro da molécula, é necessário usar uma tabela de dados espectroscópicos que contenha as vibrações mais representativas deste tipo de substâncias. Neste trabalho temos uma abordagem diferente para a interpretação do espectro vibracional da glicina. Nossa atribuição vibracional baseou-se estritamente no espectro calculado pelo procedimento DFT:B3LYP/ 6-31G. Na Tabela 2, apresentamos os números de onda experimentais observados nos espectros infravermelho e Raman da glicina, junto aos números de onda calculados. 43 Tabela 2: Espectro vibracional da glicina. Atribuição vibracional baseada de acordo ao método DFT: B3LYP/6-31G, espectro infravermelho e Raman DFT:B3LYP/6- DFT:B3LYP/6- Espectro IR Espectro Atribuição 31G 31G x 0.9613 Raman aproximada 3640 3499 3538 3401 3169 (NH) 3530 3393 3054 (NH) 3092 2972 3000 3000 (CH) 3024 2907 2964 2962 (CH) 1737 1670 1666 (HNH)sciss. 1712 1646 1621 1621 (C=O) 1497 1439 1564 1563 (HCH)sciss. 1399 1345 1500 1499 (HCH) 1390 1336 1440 (HCH) 1345 1292 1318 1318 (HOC) 1222 1175 1138 1137 (HNH)+ (HCH) 1140 1096 1099 1099 (CN) 1112 1069 1032 1034 (CO) 922 886 895 892 (CH2) ou (CO) 815 783 695 668 697 686 (HNH)wagg 681 655 607 607 (OH); (OH) (CC) + (CO) (CO) fora do plano 604 581 527 523 503 499 473 455 419 269 259 352 249 239 torção 37 36 torção (OH) 493 (O=CO) (NCC) 351 torção 44 3.3. Ácido guanidoacético 3.3.1. Descrição química O ácido guanidoacético pertence à classe dos compostos guanidínicos que são caracterizados pela presença de um grupo extremamente básico, o grupo guanidino, representado por HN= C(NH2)-NH. Este aminoácido apresenta dois prótons ionizáveis e para o estudo de pH e para demais reações, ele pode ser representado como H2Gaa em sua forma neutra, assim como HGaa- e Gaa2-, quando perde um e dois prótons, respectivamente. Também conhecido como glicociamina e N-amidinoglicina, apresenta uma massa molecular de 117,11 daltons. Com uma composição elementar de: C = 30,77%, H = 6,03%, N = 35,88% e O = 27,33%, e com uma fórmula geral C3H7N3O2, apresenta pouca solubilidade em água e em outros solventes orgânicos. O grupo guanidino restringe a solubilidade em um faixa de pH entre 0 e 3,5. 4 Figura 10: Estrutura geométrica do aminoácido guanidoacético 45 3.3.2. Bioquímica do ácido guanidoacético O ácido guanidoacético encontra-se em diversos órgãos do organismo humano, como por exemplo, cérebro, fígado, rins. É sintetizado principalmente nos rins a partir da glicina e da arginina pela ação da enzima glicina amidinotransferase (transaminase), presente nos rins. 5,6 Depois ele é transportado para o fígado onde é metilado para a formação da creatina que é obtida a partir da metilação do GAA, catalisada pela enzima guanidinometiltransferase, sendo por isso considerado um precursor da creatinina atuando como um substrato essencial para o metabolismo da energia muscular. 7,8 Figura 11: Representação esquemática das reações enzimáticas que conduzem a formação da creatinina e a participação do ácido guanidoacético. 46 Sua atuação em processos biológicos é extensa: atua no metabolismo renal devido à sua síntese nos rins a partir da arginina, onde está concentrado; capacidade de diminuir o nível total de colesterol no plasma por ser um bom aceptor metila, assim como a cianocobalamina.9,10. O íon Co (II) é o íon central da vitamina B12, sendo que em uma das etapas da sua biossíntese o grupo metila é transferido da adenosilhomocisteína para adenosilmetionina, processo análogo ao da metilação do GAA para a formação da creatina. O principal sítio de síntese de ácido guanidoacético está sendo usado também como um marcador sensitivo da integridade dos túbulos renais, sinalizando muitas falências renais crônicas. Ademais, este aminoácido está envolvido em disfunções da tireóide, crises epilépticas, encefalopatias hepáticas e regulação de insulina. Estudos recentes demonstraram que o ácido guanidoacético pode portar-se como um convulsivante químico endógeno, e sua acumulação no sistema nervoso foi detectada como um erro inato causado pela deficiência da guanidinoacetatometiltransferase. A doença pode ser detectada precocemente através da determinação do ácido guanidoacético no sangue, usando método de HPLC. 11 47 3.3.3. Espectro vibracional O espectro infravermelho do ácido guanidoacético foi registrado em um espectrofotômetro de infravermelho com transformada de Fourier, FT-IR Perkin Elmer 2000. Para a preparação das amostras usaram-se as técnicas da pastilha de KBr e de polietileno, técnicas estas também utilizadas para os outros dois aminoácidos. O número de registros foi de 120, com velocidade de registro de 0.2 cm s-1, e a intervalos de 0,5 cm-1. As amostras sólidas foram medidas na região de 4000 a 370 cm-1 com pastilhas de KBr, e na região de 710 a 30 cm-1 com pastilhas de polietileno. Os espectros se ilustram nas figuras 12a e 12b. Figura 12a: Espectro FT 4000 370 cm -1 IR do aminoácido guanidoacético na região compreendida entre 48 Figura 12b: Espectro FT-IR do aminoácido guanidoacético na região de baixa energia compreendida entre 700 30 cm-1 49 Figura 13: Espectro Raman do aminoácido guanidoacético no estado sólido 3.3.3.1. Atribuição do espectro vibracional A atribuição vibracional para o ácido guanidoacético baseou-se no cálculo DFT: B3LYP/ 6-31G. Sua fórmula estrutural é C3H7N3O2 totalizando 15 átomos há, apresentando 3n -6 = 39 modos normais. De fato, o espectro infravermelho apresenta mais bandas que aquela predita pelo número de modos normais, implicando assim a presença de bandas de combinação e sobretons no espectro. Com base na estrutura do aminoácido em estudo, esperamos encontrar uma banda que corresponde ao modo de estiramento OH, quatro bandas correspondentes aos estiramentos NH, duas bandas correspondentes aos estiramentos CH, a vibração do grupo C=O, e uma banda correspondente à ligação C=N, todas elas na região de maior energia. Os resultados da atribuição vibracional se apresentam na tabela 3. 50 Tabela 3: Espectro FT IR e FT-Raman do aminoácido guanidinoacético e valores de números de onda calculados pelo procedimento DFT: B3LYP/6-31G DFT:B3LYP/631G. n Corrigido de onda pelo IR (cm-1) Raman (cm-1) fator Atribuição aproximada calculado 0,9613 3753 3608 3386 3377 (NH) 3648 3507 3306 3297 (NH) 3619 3479 3172 3171 (OH) 3616 3476 3026 3029 (NH) 3480 3345 2971 2961 (NH) 3077 3268 2933 2938 (CH) 2964 2849 2867 2885 (CH) 1765 1697 1702 1723 (C=O) 1728 1661 1671 1681 (C=N) 1670 1605 1625 1625 (HNH)sciss. 1549 1489 1591 1594 (HNH)sciss+ (CNH) 1539 1479 1540 1565 (HCH)sciss 1439 1383 1453 1459 (HCH)wagg 1374 1321 1414 1410 (HCH)wagg+ (O=CO) 1355 1303 1377 1378 (HCH)wagg 1268 1219 1300 1299 (HCH)twist 1217 1170 1174 1174 (CN)+ (HN=C) 1151 1106 1158 1137 (HNH)wagg+ (COH) 1138 1094 1115 1074 (HNH)wagg+ (NH) 1106 1063 1009 1013 (CN) + (HNH)wagg 51 1042 1002 942 942 985 947 852 861 (CH)2 (CN) + (HNH)wagg 866 832 821 811 (CC) + (CO) 765 735 742 777 (NH) 734 706 701 702 (NCN) 672 646 642 661 Torção eixo CO (COOH) 638 613 611 608 (OC=O) + (COH) 587 564 565 582 (NH)2 + (OH) 563 541 484 508 (NH) 553 532 439 438 (NH) 526 506 323 323 (C=O), torção. 473 455 280 200 (NH)+ 391 376 247 253 (NH)2 369 355 206 196 Torção 277 266 175 162 156 137 152 torção 128 123 100 128 torção 51 49 81 43 41 57 (CNC) torção 66 torção (NH)2 52 3.4. Referências bibliográficas 1. Nelson, D. L., COX, M. M.; Lehningher Principles of Biochemistry, 4 th. Ed. W. H. Freeman and Company, New York; 2005. 2. Téllez C.A.S, Silva, A. de M, Felcman, J., J. Raman Spectrosc.; 35: 19, 2004. 3. Murray, R. K., Granner, D. K., Mayes, P.A. and Rodwell.; V.W: Harper´s Biochemistry., 26 th. Ed. Prentice Hall International Inc. London. 2003. 4. Meister, A., Biochemistry of the amino acids, Academic Press Inc.; 1957 5. Marescau, B, Deshmuhkh, DR, Kockx, M et al., Metabolism. 41, 526-532 (1992) 6. Mcguirre, DM, Gross, MD, Van Pilsum, JF, Twle HC, J. Biol. Chem. 259, 12934 (1984) 7. Takeda, M., Kiyatake, I., Koide, H., Jung, K. Y. E Endou, H,; Eur. J. Clin. Chem. Clin. Biochem., Jun: 30 (6) 325 (1992) 8. Carducci, C., Leuzzi, V., Carducci, C., Prudente, S., Mercuri, L., e Antonozzi, I.; Mol Genet Metab., 71 (4): 633, dez 2000. 9. Takata, Y, Fujioka, M, Biochem. 31, 4369-4374 (1992) 10. Fenton, DE, Biocoordination Chemistry, Oxford University Press, 1995, 69-70. 11. Miranda, J. L. de., Felcman, J., Polyhedron 22: 225, 2003 53 4 EXPERIMENTAL 4.1. Reagentes Glicina ácido aminoacético, Sigma, 99%. Ácido guanidoacético Serina ácido guanidoacético), Sigma, 99%. L-Serine, Vetec (*) Ácido nítrico (HNO3) nitric acid 65%, Merck. Nitrato de níquel Ni(NO3)2 Álcool etílico PA, etanol, 95%, Vetec (*) Álcool metílico Cloreto de cálcio PA, metanol, Vetec (*) Puro (para dessecador), Quimibrás Indústrias Químicas. Hidróxido de potássio Brometo de potássio Polietileno granulado (*) nitrato de cobalto hexahidratado, Merck, 98%. potassium hydroxyde em pastilles, Merck, 99%. KBr , Merck, 99% Merck Reagente segundo especificações ACS 1 4.2. Equipamentos Placa de aquecimento/ agitação. Corning Estufa W.C. Heraeus Hanau, RT 360 Balança analítica Metter A E 200 Espectrofotômetro de Infravermelho Perkin Elmer FT- IR 2000 Espectrofotômetro FT Raman 950 Nicolet 54 4.3. Programas computacionais utilizados Gaussian 2 , Spartan 3, Hyperchem 4, Games 5, Modem 6 e Chemcraft 7 4.4. Referências bibliográficas 1. Reagent Chemicals: American Chemical Society Specifications, Official from January 1, 2000 (American Chemical Society, Committee on Analyical Reagent...Is: American Chemical Society Specifications by American Chemical Society, September 1, 1999) 2. M. J. Frisch, G. W. Trucks, H. B. Schlegel, G. E. Scuseria, M. A. Robb, J. R. Cheeseman, V. G. Zakrzewski Jr., J. A. Montgomery, R. E. Stratmann, J. C. Burant, S. Dapprich, J. M. Millam, A. D. Daniels, K. N. Kudin, M. C. Strain, O. Farkas, J. Tomasi, V. Barone, NM. Cossi, R. Cammi, B. Mennucci, C. ÇPomelli, C. Adamo, S. Clifford, J. Ochterski, G. A. Peterson, P. Y. Ayala, Q. Cui, K. Morokuma, D. K. Malick, A. D. Rabuck, K. Raghavachari, J. B. Foresman, J. Cioslowski, J. V. Ortiz, A. G. Baboul, B. B. Stepanov, G. Liu, A. Liashenko, P. Piskorz, I. Komaromi, R. Gomperts, R. L. Martin, D. J. Fox, T. Keith, M. A. Al-Laham, C. Y. Peng, A. Nanayakkara, C. González, M. Challacombe, P. M. W. Gill, B. Johnson, W. Chen, M. W. Wong, J. L. Andresw, C. González, M. HeadGordon, E. S. Repogle, J. A. Pople, Gaussian 98, Revision A. 7, Gaussian Inc., Pittsburgh, PA, 1998. 3. Spartan Software: 2004, Wavefunction, Inc. Irvine, CA. USA. 4. Hyperchem 7 Student Edition: 2003, Hypercube, Inc. Gainsville, FL. USA. 5. Schidt, M. W.; Baldridge, K. K.; Boatz, J. A.; Elbert, S. T.; Gordon, M. S.; Jensen, J. H.; Koseki, S.; Matsunaga, N.; Nguyen, K. A.; Su, S. J.; Windus, T. L.; Dupuis, M.; Montgomery, J. A. J. Comput. Chem. 1983,14, 1347. 6. Schaftenaar, G. ``Molden--Programa para pré e pós processamento de estruturas moleculares e eletrônicas'', CAOS/CAMM Holanda, http://www.caos.kun.nl/schaft/molden. 7. Chemcraft software < http://www.chemkraftprog.com/order.htlm > Center, 55 5 METODOLOGIA 5.1. Metodologia para preparação de amostras e registros de espectros Raman e infravermelho Para o registro dos espectros no infravermelho, dos compostos estudados, as técnicas utilizadas foram: 1- Técnica da pastilha de KBr ou disco de KBr ; 2- Técnica da pastilha de polietileno ou disco de polietileno. 1 No primeiro caso, a técnica se baseia no fato de que o KBr é espectroscopicamente transparente na região de número de onda compreendido entre 3500 até 300 cm-1 aproximadamente. A técnica do polietileno baseia-se no fato de que o polietileno é transparente na região baixa do espectro, entre 700 e 200 cm-1 aproximadamente. Nos espectrofotômetros modernos, as bandas de matriz suporte de polietileno podem ser eliminadas registrando-se primeiro uma pastilha de polietileno pura e depois proceder sua eliminação subtraindo-a do espectro da molécula completa, que usou polietileno como suporte da amostra. Quaisquer que sejam as técnicas aplicadas, os procedimentos importantes são os de moagem da amostra e do suporte, assim como a importância da pressão usada na confecção da pastilha. 1 Comumente a preparação das pastilhas leva em conta, aproximadamente 10% em peso de amostra com relação ao suporte. 5.2. Referências bibliográficas 1. FERRARO J.R.; Low Frequency Vibrations of Inorganic and Coordination Compounds. Plenum Press, New York, (1971) 56 6 SÍNTESE Todas as sínteses dos compostos em estudo nesse trabalho seguiram a metodologia de síntese proposta por Versiane 1. Dentre os procedimentos, vários fatores como pH3O+, concentrações analíticas, temperatura, solubilidade em água e em solventes, entre outros, necessitaram de controle rigoroso para o êxito da síntese. 6.1. Complexos de Ni (II) com aminoácidos 6.1.1. Ni (Gli)2 Misturou-se em uma cápsula de porcelana 4 mmols de glicina (0,3002 g) e 2 mmols de nitrato de níquel (0,5816 g), a qual foi aquecida a 70ºC por 2 horas, e logo dissolvida em água desionizada, sob agitação constante mantendo o aquecimento por um período de 1 hora. Após completa dissolução, adicionou-se 1 mol/L de hidróxido de potássio até atingir um pH3O+ = 6,0. A solução foi estocada em recipiente de vidro fechado à temperatura ambiente por 4 dias, sendo concentrada a um volume de 10 mL. O volume de solução foi então resfriado a 4 ºC, e deu-se início à precipitação lenta de um sólido fino de coloração verde. Após a separação, o produto foi purificado com uma solução de água deionizada (10 mL), etanol (85 mL etanol absoluto) e ácido nítrico (5 mL, C= 1 mol/ L), lavou-se o material, sendo a solução de lavagem descartada e o sólido foi seco a uma temperatura de 60 ºC. O rendimento aproximado foi de aproximadamente 69%. 6.1.2. Ni (Ser)2 Após a dissolução de 4 mmols de serina (0,420 g) em 20 mL de água desionizada à temperatura ambiente, a solução foi aquecida com agitação constante a uma temperatura de 60 ºC, quando uma solução de ácido nítrico a 10% v/v foi adicionada até pH3O+ < 1. Esta solução foi estocada em recipiente de vidro por 2 dias. Após esse período, 2 mmols de nitrato de níquel (0,5816 g) dissolvidos em 10 mL de água desionizada foram então adicionados durante 4 horas sob uma temperatura de 70 ºC, quando em seguida uma solução de KOH 1mol/L é adicionada gota a gota até que se atinja um pH3O+ entre 6,0 e 7,5. Nesse ponto a solução apresenta coloração verde clara, sendo estocada em frasco de 57 vidro por 2 dias. Após essa etapa a solução é concentrada utilizando-se um becker, sob agitação constante e a temperatura de 60 ºC. Nessa etapa o volume é reduzido à metade, e o becker é resfriado a 4 ºC por 3 horas. Após esse tempo a solução deve apresentar-se com aspecto límpido sendo então armazenada por 7 dias após adição de 1 mL de metanol e 1 mL de éter etílico. O precipitado verde formado ao final dessa etapa foi lavado com uma solução de éter etílico misturado com 5 mL de HNO3 10% v/v para cada 100 mL de éter etílico. O precipitado foi seco e armazenado em um dessecador contendo granulado de cloreto de cálcio. O rendimento foi de aproximadamente 48%. 6.1.3. NiGaaSer . H2O Após a dissolução de 2mmols de ácido guanidoacético (0,2342 g) e 2 mmols de serina (0,2102 g), a solução de ácido guanidoacético foi adicionada lentamente à solução de serina sob constante agitação e à temperatura de 45 ºC. Após adição de 2 mmols de nitrato de níquel sólido (0,5816 g), o sistema foi mantido a uma temperatura de 45 ºC por 12 horas, sendo constantemente agitado e foi então armazenado em frasco de vidro fechado à temperatura ambiente por 2 dias. Durante esse armazenamento, a solução foi submetida a um tratamento com ultra som para impedir a formação de cristais de NiSer. O volume foi reduzido à metade, sendo adicionada igual quantidade de etanol absoluto, originando um precipitado de cor azul intensa. O material foi então seco à temperatura de 75 ºC, e o sólido foi agitado em metanol durante 1 hora, sendo separado por centrifugação. O sólido foi novamente seco, agora a 75 ºC por 4 horas, sendo armazenado em frasco de vidro contendo cloreto de cálcio granulado e perclorato de sódio, sob a forma de papel absorvente. O rendimento foi de aproximadamente 59%. 6.2. Referências bibliográficas 1. O. Versiane C., Síntese e caracterização de complexos envolvendo os aminoácidos serina, glicina, ácido aspártico e ácido guanidoacético e os íons metálicos Co (II), Ni (II) e Cu (II).Tese de doutorado. PUC Rio, 2005. 58 7 ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL Denomina-se como espectroscopia o método utilizado para análise de elementos simples, da estrutura química de compostos inorgânicos, ou de grupos funcionais de uma substância orgânica utilizando radiação eletromagnética. Sempre quando se excita uma substância com uma fonte de energia, esta pode tanto emitir como absorver radiação em determinado comprimento de onda, desta forma permitindo uma observação do comportamento da substância a ser analisada 1. Os resultados da análise espectroscópica de uma amostra providenciam dados sobre a estrutura do analito, tais como geometria de ligação, natureza química de ligantes de um dado átomo, comprimentos de ligações químicas, etc. O fundamento da espectroscopia é a natureza ondulatória das radiações eletromagnéticas, cuja variável é a freqüência fundamental. Esta determina o número de oscilações realizadas pela onda por unidade de tempo e o comprimento de onda, distância percorrida pela onda durante um período de tempo ( correspondente a uma unidade de freqüência) sendo o produto destas definido como a velocidade de propagação da onda 2. 7.1. Espectroscopia no infravermelho A absorção de radiações eletromagnéticas por átomos ou moléculas exige que elas tenham energia apropriada, e que haja um mecanismo de interação que permita a transferência de energia. O mecanismo apropriado para a excitação vibracional é proporcionado pela variação periódica de dipolos elétricos na molécula durante as vibrações; a transferência de energia ocorre por interação destes dipolos oscilatórios com o campo elétrico oscilatório da luz, radiação infravermelha, desde que a freqüência com que ambos variam seja a mesma 3. As moléculas diatômicas homonucleares, como H2 , N2 , O2 , Cl2 ,etc., não têm dipolo elétrico, qualquer que seja a respectiva energia vibracional. Por isso, das moléculas diatômicas, só as heteronucleares como HCl, CO, etc., têm espectros de absorção vibracional (espectro no infravermelho). No caso de moléculas poliatômicas sem dipolo 59 elétrico, como por exemplo, CO2, há certas vibrações que produzem dipolos flutuantes; é o que se verifica com a flexão da molécula. Em regra, a excitação de vibrações de variação angular exige menor energia do que a de vibrações de estiramento 4,5. O movimento dos átomos que constituem as moléculas resulta em rotações e vibrações moleculares. Conseqüentemente, além das transições entre níveis eletrônicos deve-se levar em consideração também as transições, devidas às rotações e vibrações. Todavia, como as energias envolvidas nas diferentes formas de rotação são muito semelhantes (a diferença entre dois níveis rotacionais é tipicamente algo em torno de 5x10-5 eV), apenas as vibrações são geralmente consideradas. Basicamente, as vibrações moleculares podem ser classificadas em dois tipos: vibrações de deformação axial (stretching) e de deformação angular (bending), conforme mostrado na figura 14. As deformações axiais, ou estiramento são oscilações radiais das distâncias entre os núcleos, enquanto as deformações angulares envolvem variações dos ângulos entre as ligações ou, como no modo de deformação assimétrica fora do plano, alterações do ângulo entre o plano que contém as ligações e um plano de referência. Quando as vibrações moleculares resultam em alterações de momento de dipolo, em conseqüência da variação da distribuição eletrônica ao redor das ligações, podem-se induzir transições entre os níveis vibracionais. Isto é feito com a aplicação de campos elétricos com freqüências adequadas. Quando o dipolo oscilante se encontra em fase com o campo elétrico incidente, ocorre a transferência de energia da radiação para a molécula, resultando em uma transição. Para um grande número de moléculas, as energias associadas aos níveis vibracionais se encontram na região do infravermelho do espectro eletromagnético 6. 60 Figura 14: Modos de vibração molecular. Os sinais X e indicam movimentos para dentro e para fora do plano do desenho, respectivamente. A luz de uma fonte de infravermelho é uma combinação de radiações com diferentes comprimentos de onda. Esta luz, depois de colimada por um espelho, é introduzida em um interferômetro de Michelson, que é um dispositivo formado por um divisor de feixe (DF), um espelho fixo e um outro móvel. A radiação incidente no divisor é separada em dois feixes que são novamente refletidos (um deles pelo espelho fixo e o outro pelo espelho móvel) em direção a DF. Desta forma, quando estas duas partes se recombinam ocorre um processo de interferência. O resultado desta interferência dependerá da diferença entre os caminhos ópticos percorridos por cada feixe (que é determinada pela 61 distância dos espelhos móvel e fixo ao divisor de feixe). Para compreender melhor este mecanismo consideremos, por simplicidade, que a fonte emita um feixe monocromático com comprimento de onda . As posições onde ambos os espelhos estão a uma mesma distância de DF correspondem a uma diferença nula de percurso entre as duas partes do feixe. Figura 15: Representação esquemática do interferômetro de Michelson 62 7.2. Espectroscopia Raman A espectroscopia Raman é uma técnica que se emprega nos estudos da física da matéria condensada, e em todo o âmbito de aplicações em química, bioquímica, farmacologia, ciências biológicas e da saúde. Apesar de que a espectroscopia Raman baseia-se num processo de dispersão (scattering), ele faz parte da espectroscopia vibracional junto com a espectroscopia de absorção no infravermelho 1,2. A utilização da espectroscopia Raman compreende também, além do estudo do espectro vibracional, o espectro rotacional e outros modos de baixas freqüências em um sistema. A espectroscopia Raman tem base na dispersão inelástica, ou dispersão Raman da luz monocromática, usualmente proveniente de um laser no visível, infravermelho próximo, ou situado na faixa espectral do ultravioleta próximo. No efeito Raman a atividade está ligada ao momento de dipolo induzido na molécula pelo campo elétrico da radiação, que atua como um sistema perturbativo, e é diferente da espectroscopia no infravermelho onde consideramos o momento dipolar intrínseco 7, 8. Existem três mecanismos básicos de dispersão dos fótons quando incidem em uma molécula: espalhamento Stokes, espalhamento anti Stokes e espalhamento Rayleigh. Os dois primeiros processos de dispersão são espalhamentos inelásticos da radiação monocromática que incide em uma molécula, no entanto, o espalhamento Rayleigh é do tipo elástico. Nos dois primeiros casos, a molécula pode passar de um estado vibracional para outro e diferenciam-se nas grandezas de freqüência correspondem aos espalhamentos Raman Stokes e Raman anti 0 - v e 0 + v, que Stokes, respectivamente. Esses tipos de espalhamentos podem ser visualizados na figura 16. 63 Figura 16: Esquema dos mecanismos de espalhamento Raman Observamos pela figura acima que no espalhamento Stokes o fóton com energia h 0, incide no estado fundamental da molécula, e é espalhado até um estado virtual de onde decai com energia h 0 ev. No espalhamento anti Stokes o fóton com energia h 0 incide em um estado excitado vibracional, e é espalhado até um estado virtual de onde decai com energia h 0 + ev atingindo o estado fundamental da molécula. Em ambos os casos a diferença de energia dispersada, corresponde à diferença energética entre o estado vibracional fundamental e um dos seus estados excitados. No mecanismo Rayleigh, ou espalhamento elástico não há variação energética entre o fóton incidente e o espalhado. É interessante notar que, as moléculas diatômicas homonucleares, não apresentam absorção no infravermelho devido ao fato que não há variação nos seus momentos dipolares. No entanto, elas apresentam atividade no espectro Raman pelo fato de que a excitação incidente de luz monocromática perturba o sistema, fazendo variar a polarizabilidade da molécula (isto é, interage com a densidade eletrônica), criando o momento dipolar induzido.9 De fato, ambas as espectroscopias se complementam e abrangem a espectroscopia vibracional como um todo. Nas moléculas centro simétrico, se observa no espectro infravermelho aquelas bandas de absorção que correspondem a modos assimétricos, no entanto, no espectro Raman observamos as bandas que correspondem aos modos simétricos vibracionais. 64 7.3. Análise experimental dos modos fundamentais As atribuições experimentais dos modos fundamentais baseiam-se nas vibrações características de elementos estruturais conhecidos, tais como agrupamentos CH3, CH2, NH2, e vibrações características das ligações químicas localizadas, por exemplo C=O, OH, C=C, C-H benzílico, C=N, e outras, tal como ilustrado na figura abaixo. Tais informações pode ser encontradas nos textos clássicos de Nakanishi 11, Bellamy 12, 13, Colthup 10. Figura 17: Esquema de absorção no infravermelho de ligações químicas características 7.4. Análise de Coordenadas Normais Inúmeros trabalhos têm sido realizados com a finalidade de se calcular constantes de força de sustâncias considerando o espectro anarmônico. Poucos trabalhos apresentam a determinação do campo de potencial na aproximação harmônica. Muitos artigos de revisão reportam-se aos cálculos de constante de forças. Na revista científica Annual Reviews of Physical Chemistry são feitas algumas menções14, 15,16, entre as quais merece destaque o artigo de Shimanouchi e Nakagawa 16 , por ser o mais completo. Entre os textos científicos de maior importância que tratam de estudos sobre vibrações moleculares, estão os tratados de Wilson, Decius e Cross 17 , Woodward 18 , Barchewitz 19, Brandmüller e Moser 20, Decius e Hexter 21 e Sverdlov, Kovner e Krainov 22 entre outros. 65 O cálculo de constantes de forças realiza-se comumente usando os procedimentos iterativos, que minimizam a somatória dos pesos quadrados dos erros entre os dados de freqüências observadas e calculadas. A descrição destes procedimentos pode ser encontrada nos trabalhos de Shimanouchi 16, Aldous e Mills 23 e Overend e Scherer 24. Em particular, neste último trabalho, os cálculos computacionais foram efetuados com base nos programas para análise de coordenadas normais descritas por Hase e Sala 25. 7.4.1. Cálculo de constantes de forças e análise vibracional usando dados experimentais O ponto de partida para as determinações das constantes de forças das moléculas poliatômicas é a matriz dos coeficientes cinemáticos, G, ou matriz de energia cinética inversa. O cálculo desta matriz se realiza através do formalismo dos vetores s, de Wilson 17 que definem as coordenas internas vibracionais. Vários programas computacionais, que permitem o cálculo da matriz G, são disponíveis 25,26,27 . Estes programas requerem uma organização cuidadosa dos dados: número de coordenadas internas, números de coordenadas de estiramento, de variação angular, torções, massas atômicas, coordenadas cartesianas, etc, através das quais se introduzem os parâmetros estruturais das moléculas, i.e, comprimento das ligações e ângulos entre as ligações. Os dados experimentais comumente utilizados são as freqüências vibracionais obtidas dos espectros infravermelho e Raman. Estes dados de freqüência são extensivos para compostos isótopo - substituídos, com o intuito de calcular constante de forças exatas para moléculas cujo determinante secular seja de segunda ordem. | GF - E | = 0 (1) Trabalhos extensos sobre cálculos de constante de força para moléculas do tipo AB 4 ( simetria Td) foram realizados por Schmidt compostos isótopo - substituídos. F. Koniger 29 28 usando freqüências vibracionais de determinou o campo de força de diversas 66 moléculas usando como dados constantes de interação de Coriolis e freqüências de compostos isotópicos obtidos dos espectros Raman e infravermelho, utilizando a técnica de matrizes de isolamento (os registros dos espectros das amostras são feitos a temperaturas criogênicas, entre 4 °K e 14 °K, depositando-se as mesmas sobre matrizes de argônio suportadas sobre lâminas de germânio). Na determinação do campo potencial para moléculas pequenas, o uso das amplitudes quadráticas médias vibracionais obtidas através de medições por técnicas de difração de elétrons, para análise de estrutura de moléculas, junto ao Método estatístico de Monte Carlo, foi informado por Téllez e colaboradores 30. Para moléculas poliatômicas, cujos determinantes seculares são de ordem maior que 2, não existem soluções exatas. Muitos cálculos de constante de forças foram realizados no passado com a aplicação de diversos modelos de campo de potencial. Na maioria das vezes esses trabalhos apresentaram como única fonte de dados experimentais as freqüências vibracionais dos compostos normais 8, 31. Encontra-se também na literatura referências à utilização de freqüências vibracionais de moléculas deutério - substituídas 8, 31 . O deslocamento isotópico 14 N/ 15 N têm sido aplicado no tratamento do problema vibracional para amino complexos por Cyvin e col. 32, Griffith 33, Schmidt e col.34, Nakamoto e col. 35, Téllez e col. 36. O procedimento matemático que envolve equações matriciais é descrito a seguir. 7.4.2. Método de Wilson El Yashevich As equações seculares para as freqüências vibracionais de uma molécula poliatômica podem estabelecer-se de acordo ao método desenvolvido simultaneamente por E.B. Wilson nos Estados Unidos 37, 38, 17 , e por M. A. El Yashevich na antiga União de Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) mais precisas são as definições de El divulgadas nos países do ocidente. 39, 40, 41 . No contexto da teoria, conceitualmente Yashevich, porém, lamentavelmente pouco 67 O método é conhecido como o método matricial GF, onde G, de acordo a definição de El Yashevich é a matriz dos coeficientes cinemáticos, e F, a matriz das constantes de força. A equação secular se coloca na forma: L-1GFL = , ou como GFL = L , (1) o problema consiste em encontrar os valores próprios da matriz não simétrica GF. Para estes propósitos escreveram-se décadas atrás alguns programas computacionais em linguagem FORTRAN. Conhecidos principalmente são os programa de J. H. Schachtsneider 42, 43. Quando se utilizam deslocamentos atômicos cartesianos, como coordenadas bases para a construção da matriz G no processo, obtemos uma matriz diagonal M-1 (M é uma matriz diagonal de massas atômicas de ordem 3N). Em termos gerais, se G é diagonal, pode então ser escrita como: G = G1/2 G 1/2 , (2) G1/2 G-1/2 = E (3) onde Na nomenclatura, (~) denota transposta; para as letras consoantes, (t) denota transposta. G1/2 é a matriz diagonal de elementos m -1/2 de ordem 3N. Para resolver a equação (1) GFL = L , é necessário diagonalizar a matriz G. Seguindo a sugestão de Miyazawa 44, a matriz G é diagonalizada mediante uma matriz ortogonal A, assim: ÃGA = DD, G = ADDÃ, (4) Onde A é ortogonal e D é uma matriz diagonal cujos elementos são as raízes quadradas dos valores próprios de G. Se G é definido positivo, os elementos de D são reais. As equações (4) podem ser escritas como: Ã/ G = ADDÃ ÃG = ÃADDÃ ÃG = DDÃ / A ÃGA = DD / D-1 D-1/ ÃGAD-1 = D D-1 Ã GAD-1 = E. (5) 68 De posse desta definição a equação GFL = L pode ser escrita como: Ct [ D-1Ã GAD-1DÃFAD]C = , onde (6) L = ADC L-1 = CtD-1Ã , (7) então a equação (6) em forma mais simplificada é expressa por: Ct[D-1ÃGFAD]C = , daqui: CtHC = , (8) desta forma o produto matricial GF é transformado em uma matriz similar e os valores próprios de GF se encontram em três etapas: 1) G é diagonalizada. 2) F é transformada em H. 3) H é diagonalizada. A determinação de um conjunto apropriado de constantes de força a partir das freqüências observadas, têm início invariavelmente com um campo de força estimado inicial, F0. Conhecida a geometria molecular, e daqui a matriz dos coeficientes cinemáticos, G, os valores próprios de GF0 correspondem às freqüências calculadas (calc). Comumente, os valores de i 2 (calc)=4 2 i 2 calculados não estão de acordo com os valores experimentais de freqüências, portanto, as constantes de força devem ser definidas por iteração até que a diferença os = (calc) - (obs) seja desprezível. Se F0 é bem escolhida, serão pequenos e a teoria de perturbação de primeira ordem proporcionará as necessidades de correção para a matriz F. Assim: G(F0 + F)L0 L0 obs. ou G( F)L0 L0( cal - obs) = L0( (9) ) (10) Já que L0L0t = G, a equação (10) pode ser escrita na forma: L0( F)L0 (11) Vemos que os coeficientes dos elementos de F são simplesmente os elementos da matriz Jacobiana de com relação a F. Então a equação (11) pode ser reescrita como: 69 J( F ) (12) Esta equação é a base do método iterativo, porém, já que os elementos de F não são sempre independentes, é mais conveniente trabalhar com uma matriz de constantes de força independentes definida por: F=Z (13) Substituindo a equação (13) em (12), obtemos: JZ( )= (14) As dimensões da matriz JZ são (3N-6) x força independentes. Se > 3N , onde é o número de constantes de 6, a equação (12) não pode ser resolvida a não ser que aceite a introdução de restrições para reduzir o número de colunas em JZ, ou pela adição de freqüências de outras espécies isotópicas de forma a incrementar o número de filas. Se 3N < 6, o problema está indeterminado, e então se costuma introduzir o critério de mínimos quadrados para o ajuste das freqüências. Definindo uma matriz de pesos diagonal, P, obtêm-se a expressão: (JZ)t P(JZ)( cujas soluções ) = (JZ)t P( ), (15). , constituem o conjunto de correções por mínimos quadrados às constantes de força. A matriz de pesos se toma como P = -1 (obs). Nota: Nas equações, as matrizes transpostas foram denotadas pelo sobrescrito (t) ou pelo til (~) sobre a matriz. 7.4.3. Modelo do Campo de Força de Simetria local Uma explicação detalhada do modelo de Campo de Potencial é encontrada no trabalho de Shimanouchi 31 . O modelo do Campo de força de simetria local é baseado essencialmente na transferibilidade das constantes de força entre moléculas com ligações características similares. Por exemplo, as constantes de força do metano, CH4, podem ser transferidas como elementos iniciais da matriz para a determinação do campo de potencial de moléculas mais complexas como Si(CH3)4 , Si(CH3)3 Cl , Si(CH3)2Cl2 e Si(CH3)Cl3. 70 O modelo é a extensão lógica do cálculo de constante de forças de pequenas moléculas, para moléculas maiores com elementos estruturais análogos. Outros compostos estudados por esta metodologia incluem éteres e haletos de alquila 45, 46 , furano, pirrol e derivados metílicos 47. As coordenadas de simetria para o modelo molecular completo são construídas em termos de coordenadas de simetria de moléculas pequenas, que constituem o grupo funcional ou uma parte das moléculas maiores. Para maiores detalhes sobre o procedimento da obtenção de coordenadas de simetria pode consultar-se o artigo de Terrase, Poulet et Mathieu 48. No presente trabalho não pretendemos fazer a análise de coordenadas normais completa para os complexos em estudo. As razões que motivam esta posição são as seguintes: a) o número de freqüências de onda observados nos espectros vibracionais é sempre inferior ao número de constantes de força expressadas em coordenadas internas. Assim por exemplo, para a solução de um determinante secular de ordem 3 somente observamos três número de onda correspondentes aos modos normais que desejamos assinalar, e existem além das três constantes de força da diagonal da matriz do campo de potencial (F), o número de (n2 n/ 2) constante de força fora da diagonal principal, sendo n a ordem da matriz, totalizando seis constantes de força. Este número excede o número de freqüências observadas, o que implica indeterminação do campo de potencial. Para a solução de determinantes seculares de maior ordem a indeterminação das constantes de força seria ainda maior. b) É fato conhecido que se obtém um melhor refinamento de campo potencial quando existem um ou vários conjuntos de números de onda correspondentes a isotopômeros do complexo. Nos casos que estudamos não temos complexos isotopicamente marcados. 71 7.5. Classificação das vibrações normais Antes de entrar em detalhes nas atribuições vibracionais dos complexos em estudo, é conveniente para afastar qualquer equívoco, classificar as vibrações moleculares dos complexos de acordo aos critérios de Cyvin e colaboradores 32 usadas para modelos estruturais de complexos do tipo [M(XY3)4] de simetria Td, e [M(XY3)6] de simetria Oh. Naturalmente podemos estender as idéias de Cyvin para modelos do tipo [M(XY)6] de simetria Oh, por exemplo [Fe(CO)6]n+ ou, [Fe(CN)6]n+, entre outros. As vibrações moleculares para complexos cujos modelos correspondem as simetrias Td e Oh podem ser classificadas de acordo a: i) vibrações dos ligantes ii) vibrações de acoplamento ligante iii) vibrações do esqueleto estrutural cátion metálico Em um complexo do tipo [Co(NH3)6]3+ ou [Ni(NH3)6]3+ de simetrias octaédricas, as vibrações dos ligantes são: i) estiramentos simétricos e antisimétricos N-H, e diversas variações angulares do tipo (HNH), tesouras (scissoring). ii) Os modos classificados como balanço ou rocking se definem no segundo grupo. Na união do ligante NH3 com o cátion metálico podemos definir ângulos M- N-H inexistentes no ligante livre: N M Figura 18: Representação esquemática do modo vibracional rocking 72 Sendo assim, as variações angulares M-N- H podem ser consideradas como as coordenadas internas que definem o acoplamento ligante- esqueleto. iii) vibrações do esqueleto estrutural: essas vibrações centralizam-se no octaedro formado pelo átomo central e os grupos NH3. As coordenadas internas que definem os movimentos dos núcleos que compõem os modos normais são: (ri) = (MN), com i = 1 a 6, e ( i) = (MNM), com i = 1 a 12, incluindo coordenadas redundantes. Para casos de complexos metálicos onde os ligantes atuam como quelatos bidentados, tais como no complexo bis-hidroxybenzaldeido de uranila, UO2(sal)2, cuja estrutura geométrica está representada abaixo, O O O O H U H O O O O Figura 19: Estrutura geométrica do benzaldeído e do complexo bis- hidroxybenzaldeído de uranila, respectivamente as carbonilas se ligam diretamente ao íon uranila UO2+ formando parte na esfera de coordenação do urânio. Os modos normais (COU) se classificam como vibrações de acoplamento ligante cátion metálico, e os dois modos normais atribuídos as carbonilas se classificam como modos do ligante. Por sua vez, os modos normais s(UO) e as(UO) serão classificados como vibrações do esqueleto estrutural. Neste caso, todos os normais (CH), e (C=C) se classificam como modos pertencentes aos ligantes, apesar de fazer parte da estrutura do complexo. Neste trabalho faremos uso da análise de coordenadas normais para o modelo reduzido Ni (O)2 (N)2. 73 7.6. Definição das coordenadas internas vibracionais para o modelo reduzido Ni(O)2(N)2 Os cálculos desenvolvidos mediante o uso da Teoria do Funcional de Densidade (DFT) para os complexos de Ni(II) em estudo, indicam que os parâmetros geométricos dos ângulos de ligação N-Ni-N e O-Ni-O apresentam uma pequena distorção dos 180 . Sendo assim, não podemos considerar a estrutura como planar, verificada a ausência do centro de inversão. Para o modelo do esqueleto estrutural Ni(O)2(N)2 a simetria que consideramos na aproximação é C2v. Sob esta simetria temos escolhido o conjunto de coordenadas internas definidas na tabela 4 que apresentamos abaixo. A figura ilustra a posição dessas coordenadas internas. z O(2) N(5) Ni(1) O(3) x N(4) y Figura 20: Estrutura geométrica do fragmento Ni(O)2(N)2 de simetria C2v 74 Tabela 4: Definição das coordenadas internas vibracionais do fragmento estrutural Ni(O)2(N)2 Coordenadas internas Átomos I J k (Ni-N) = r1 1 5 (Ni-N) = r2 1 4 (Ni-O) = q1 1 2 (Ni-O) = q2 1 3 (NNiO)= 1 5 1 2 (NNiO)= 2 2 1 4 (NNiO)= 3 4 1 3 (NNiO)= 4 3 1 5 (ONiO) = 5 1 4 (NNiN) = 3 1 2 7.6.1. Transformações das coordenadas internas vibracionais através das operações de simetria do grupo pontual C2v Na tabela que apresentamos a seguir estão implícitas as transformações das coordenadas internas r1, q1, 1, e . Estas coordenadas internas servirão como geradoras das coordenadas de simetria que definiremos para o modelo reduzido Ni(O)2 (N)2. 75 Tabela 5: Transformações das coordenadas internas vibracionais através das operações de simetria indicadas no grupo pontual C2v C2v E C2 A1 1 1 1 1 A2 1 1 -1 -1 B1 1 -1 1 -1 B2 1 -1 -1 1 (vxz) (vyz) r1 r1 r2 r2 r1 q1 q1 q2 q1 q2 1 3 1 2 4 7.6.2. Obtenção das coordenadas de simetria para o modelo reduzido Ni(O)2(N)2 Ao realizarmos uma operação de simetria R do grupo pontual da molécula sobre uma coordenada q, a coordenada interna resultante pode ser escrita como: q = onde q (1) é o operador da operação de simetria R. Multiplicado q por X R , o caráter da matriz que representa R na representação irreduzível, pertencente a uma espécie de simetria particular, é somado sobre as operações 76 do grupo pontual e o resultado pode expressar-se por: |P q , onde |P é um novo operador denominado operador de projeção para as espécies . A equação que define o operador de projeção é então: |P = R XR (2) A construção das coordenadas de simetria pode realizar-se pelo uso da equação: Si = [ R XR ] qi (3) Onde Si é a i-ésima coordenada de simetria, R é uma operação de simetria e qi é a coordenada interna escolhida como geradora da coordenada da simetria Si. O conjunto total de coordenadas de simetria deve ser ortonormal, sendo assim é necessário normalizar o resultado obtido mediante equação (3). Operando da forma descrita acima encontramos para a espécie de simetria A1 o seguinte conjunto de coordenadas de simetria: Tipo de simetria A1: S1 = 1/ 2 { r1 + r2 } S2 = 1/ 2 { q1 + q2 } S3 = S4 = S5 = 1/ 2 { i }, i = 1,2,3,4 (coordenada redundante) Tipo de simetria A2: S1 = 1/ 2 { 1 - 2 + 3 - 4} 3 - 4} + 4} Tipo de simetria B1: S1 = 1/ 2 { q1 - q2 } S2 = 1/ 2 { 1 + 2 - Tipo de simetria B2: S2 = 1/ 2 { r1 - r2 } S2 = 1/ 2 { 1 - 2 - 3 77 Figura 21: Representação esquemática para as coordenas de simetria de variação angular 7.6.3. Matriz de transformação U A matriz de transformação entre os conjuntos de coordenadas internas de simetria pode ser expresso na seguinte forma na tabela abaixo: Tabela 6: Matriz de transformação U r1 S1(A1) 1 r2 q1 q2 1 2 3 4 1 S2(A1) 1 1 S3(A1) 1 S4(A1) 1 S1(A2) S1(B1) 1 S2(B1) S1(B1) 1 S2(B2) 1 -1 1 -1 1 1 -1 -1 1 -1 -1 1 -1 -1 78 7.6.4. Matriz de transformação Z Na matriz de transformação Z, apresentada na tabela 7, ordenamos as correspondentes coordenadas internas e os índices das constantes de força que serão utilizados na análise de coordenadas normais. Para o modelo reduzido Ni(O)2(N)2 de simetria C2v refinaremos 12 constantes de força para cada um dos complexos estudados. Tabela 7: Matriz de transformação Z r1 r1 r2 q1 q2 1 2 3 4 1 r2 q1 q2 6 7 7 1 7 7 2 8 1 2 3 9 9 9 10 9 10 2 3 4 10 10 11 12 11 3 11 12 3 11 3 4 5 79 7.7. Abordagem mecânico - quântica para a obtenção das estruturas e espectro vibracional dos aminoácidos e complexos em estudo 7.7.1. Métodos ab initio e semi - empíricos Os métodos mecânico - quânticos ab-initio (desde o início) e semi-empíricos têm como base o uso de orbitais moleculares (OM) construídos a partir dos orbitais atômicos da molécula em estudo 49, 50 . Quando o número de núcleos é maior que dois, o procedimento de cálculo é mais complicado e há um aumento substancial nas dificuldades computacionais. No entanto, muitas dessas dificuldades já foram solucionadas, e atualmente existem programas existentes para a determinação de estrutura molecular, e são de uso livre tal como o programa Games, ou são comerciais tais como os programas Gaussian 51, Spartan 52 ou Hyperchem 53. Para moléculas poliatômicas as funções de onda eletrônicas dependem de vários parâmetros: distâncias de ligação, ângulos entre as ligações e ângulos diedros de rotação ao redor de ligações simples. Um tratamento completo de uma molécula poliatômica compreende cálculos de funções de onda para um conjunto de cada um desses parâmetros. O problema terá uma solução satisfatória quando se atinge os valores das distâncias e ângulos de equilíbrio que minimizam a energia eletrônica. Para realizar esse tipo de cálculo é necessário definir as funções de base (basis functions). A maioria dos métodos de mecânica - quântica inicia os cálculos com a escolha de um conjunto de bases, sendo que o uso adequado desse conjunto é um requerimento essencial para o êxito do cálculo. Orbitais atômicos (AO) e a combinação linear de orbitais atômicos (CLOA) são conceitos que se aprendem nos cursos básicos de química. Para moléculas diatômicas, as funções de base escolhem-se como orbitais atômicos centrados nos átomos. Cada AO pode representar-se como uma combinação linear de um ou mais orbitais do tipo Slater (STO). Um STO centrado sobre um átomo a tem a forma: 80 Nran-1 e- ra Yl m ( a , a) , onde ra = r/a0 (a0 = raio de Bohr), e N = [2 /a0](n+1/2)/[(2n)!]1/2 é o fator de normalização; n e m são inteiros com tendo todas os possíveis valores positivos para formar um conjunto completo. O parâmetro se denomina como expoente orbital. Para moléculas não lineares se usa a forma real dos STO com Ylm (esféricos harmônicos) substituído por (Ylmx Ylm)/ 21/2 . Cada OM i é expresso como: i onde r = r cri r , são as funções base constituídas por orbitais do tipo Slater. Para simplificar o cálculo de integrais moleculares, em 1950 Boys propôs o uso de funções tipo Gaussian (GTFs) ao invés das STO para os orbitais atômicos numa função de onda LCAO. Uma Gaussiana cartesiana centrada sobre um átomo a se define como: gijk = N i j k - (ra)2 a Ya Za e onde N é a constante de normalização, i, j, e k são inteiros positivos, e é um expoente orbital positivo. Quando i + j + k = 0 (isto é, i = 0; j = 0; k = 0), o GTF se denomina como Gaussiana do tipo s. Quando i + j + k = 1 temos a gaussiana do tipo p. Quando a soma é igual a dois, temos a gaussiana do tipo d. Não entraremos no mérito de discutir toda a simbologia usada nos diferentes procedimentos mecânico - quânticos que visam à determinação de propriedades físicoquímicas das moléculas, mérito dos profissionais dedicados a química teórica. Usamos aqui os programas comercias com o propósito de assistência na atribuição vibracional dos complexos que submetemos a estudo neste trabalho. Basta-nos entender o mecanismo do funcionamento destes programas, frisando que a base deles são as diferentes combinações lineares das funções de onda dos orbitais atômicos. Cada função de onda conforma um dado isolado num banco de dados amplo, e os programas estão confeccionados de acordo às diferentes aproximações e bases que sejam usadas. A interpretação correta dos dados correspondentes à atribuição vibracional são os que merecem nossa atenção. 81 7.8. Descrição das técnicas apropriadas para o estudo da caracterização dos modos normais obtidos pelos procedimentos mecânico - quânticos Inúmeros trabalhos científicos que usam os procedimentos mecânico - quânticos para interpretar espectros vibracionais baseiam a atribuição vibracional, de acordo à figura dinâmica representativa de cada modo normal, visualizada na tela do computador. Para casos não triviais de interpretação, este método visual não é confiável pelo elevado índice de incerteza em indicar que coordenadas internas vibracionais são as mais afetadas no movimento característico da molécula de acordo à excitação recebida. O acoplamento vibracional tem sentido físico na interpretação do modo, porém cabe identificar a (as) coordenadas internas que mais participam do movimento. A modo de exemplo, no etileno com 3n-6 = 12 modos normais, podem-se definir cinco coordenadas que exprimam os deslocamentos infinitesimais ao longo de cada ligação química. Definimos também seis coordenadas de variação angular, três delas redundantes, uma coordenada que expressa a torção ao longo da ligação C=C- , e duas coordenadas de variação angular fora do plano (CH). H H C H Figura 22: Estrutura geométrica do etileno C H 82 O movimento de estiramento CH simétrico pode representar-se como: H H C C H H Figura 23: Movimento de estiramento CH simétrico do etileno A pergunta é: neste movimento (ou modo normal) há variações nos ângulos de ligação? Caso existam, em que extensão eles participam? normais (ACN) revela que o modo s(CH) A análise de coordenadas é aproximadamente 97% puro, e que há uma participação do 3% no movimento do modo de variação angular (HCH), grandeza desprezível. Para a interpretação dos modos normais incidentes no esqueleto estrutural de um complexo, uma análise de coordenadas normais nos termos de Wilson3 e El`Yashevich 60,61 dará por certo a distribuição da energia potencial indicando o grau de participação de cada coordenada interna na descrição do modo. Nos programas computacionais que aplicam os procedimentos mecânico - quânticos para a análise vibracional, a distribuição da energia potencial é omitida (programas como Gaussian 51, Spartan 52, Hyperchem 53 e outros) e a caracterização visual do modo normal fica confusa. Uma das abordagens originais da presente dissertação será: a) introduzir um procedimento simples e apropriado para a descrição dos modos normais, consistindo em um estudo comparativo entre a configuração geométrica de equilíbrio da molécula, e da configuração distorcida de cada modo normal expressada pelos desvios infinitesimais de distância e ângulos de ligação. b) Apresentar graficamente a estrutura geométrica de cada modo normal para as vibrações do esqueleto estrutural dos complexos. 83 7.9. Referências bibliográficas 1. Sala, O., Bassi, D., Santos, P. S., Hase, Y., et al. Espectroscopia Molecular Princípios e Aplicações. Universidade de São Paulo, 1984. 2. Sala, O., Fundamentos da espectroscopia Raman e no infravermelho., São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista Ciência e Tecnologia. 1996. 3. Hollas, J. M. Modern Spectroscopy. John Wiley & Sons, 1987. 4. Athinks, P. W. Molecular Quantum Mechanics. Oxford University Press, 1989. 5. Herzberg, G. 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González, M. HeadGordon, E. S. Repogle, J. A. Pople, Gaussian 98, Revision A. 7, Gaussian Inc., Pittsburgh, PA, 1998. 52. Spartan Software: 2004, Wavefunction, Inc. Irvine, CA. USA. 53. Hyperchem 7 Student Edition: 2003, Hypercube, Inc. Gainsville, FL. USA. 86 8 ATRIBUIÇÃO VIBRACIONAL PARA O COMPLEXO [Ni(Gli)2] ESPECTRO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER E ANÁLISE ESTRUTURAL E VIBRACIONAL DO COMPLEXO TRANS-BIS (GLICINATO) Ni(II): [Ni(Gli)2)] POR MEIO DO MÉTODO AB INITIO RHF E PELO PROCEDIMENTO BASEADO NA TEORIA DO FUNCIONAL DA DENSIDADE (DFT). * Resumo O complexo trans-bis(glicinato) níquel (II) foi sintetizado e o espectro infravermelho com transformada de Fourier foi registrado nas regiões entre 4000 1 , e entre 700 370 cm- 30 cm-1. Foram obtidas também a análise de deconvolução de bandas, e a segunda derivada. A determinação da estrutura geométrica na posição trans dos ligantes glicinato ao redor do níquel (II) para o complexo em estudo, e a atribuição vibracional foram obtidas pelo método ab-initio Hartree Fox (RHF) com base B3LYP/6-311G, e através dos procedimentos baseados na Teoria do Funcional de Densidade (DFT) com bases diferentes: DFT/B3LYP:6-311G e DFT/B3LYP:6-31G. Foi feita uma discussão abrangente para os modos vibracionais do esqueleto estrutural. Incidentalmente usamos a análise de coordenadas normais para o fragmento estrutural Ni(O)2(N)2. Os espectros calculados pelos procedimentos indicados acima estão de acordo com o espectro infravermelho obtido experimentalmente, fato que corrobora a posição trans dos ligantes na estrutura final do complexo. INTRODUÇÃO O espectro infravermelho de complexos metal glicina foi objeto de estudo por muitos pesquisadores, e os resultados se encontram nas excelentes monografias de Nakamoto 1 e Ferraro 2. Considerando a última análise de coordenadas normais para o complexo trans-bis (glicinato) níquel (II), desenvolvido por Nakamoto e Condrate 3, observamos que os 3n 6 87 = 51 modos normais do complexo não foram considerados na sua totalidade nos cálculos. Os cálculos se desenvolveram através do modelo metal ligante na proporção 1:1, tal como ilustramos abaixo: O O C H Ni C H N H H Figura 24: Modelo molecular do complexo metal glicinato na proporção 1:1 6 = 24 modos normais. Nakamoto 3 usou nos seus cálculos Este modelo possui 3n 21 números de onda. No modelo apresentado por esses autores é notável que somente os estiramentos Ni N e Ni O foram levados em consideração, quando de fato podemos definir no complexo [Ni(Gly)2] duas coordenadas internas (Ni internas (Ni N) e duas coordenadas O) através das quais se podem descrever os modos de estiramento simétrico e anti simétrico metal ligante: s (NiN), as (NiN), s (NiO), as (NiO), tal como se ilustra na figura 25. N O N Ni O O N Ni N O O as N Ni N s O O Ni N N O s as Figura 25: Representação esquemática dos modos normais de estiramento metal ligante 88 Nos dias de hoje, com os modernos espectrofotômetros de infravermelho com transformada de Fourier é possível obter mais informações do espectro registrado com o qual na maioria das vezes se pode realizar uma atribuição vibracional total das bandas observadas, principalmente na região de baixa energia, a qual é de elevado interesse para os químicos inorgânicos. Para atingir o objetivo de realizar uma atribuição vibracional completa do espectro usaremos os métodos mecânico quânticos ab-initio Hartree Fox (RHF) com base B3LYP/6-311G, juntamente com o procedimento baseado na Teoria do Funcional de Densidade com bases diferentes: DFT/B3LYP: 6-311G , e DFT/B3LYP: 6-31G. Nos três casos, obteremos primeiramente a geometria estrutural do complexo com os ligantes na posição trans, e partir desses dados se realizarão os cálculos para a obtenção dos espectros teóricos. Tal como tínhamos proposto em outros trabalhos 4,5 , para um entendimento mais apurado do grau de acoplamento das diferentes coordenadas internas na composição do modo normal, estudaremos as geometrias distorcidas (ou perturbadas) geradas em cada modo normal. 8.1. Espectro FT-IR O espectro infravermelho com transformada de Fourier foi registrado para o complexo trans bis (glicinato) Ni(II) no estado sólido, com um espectrofotômetro de infravermelho FT-IR Perkin Elmer 2000. Os dados para a aquisição dos espectros foram: -1 resolução de 4 cm . A velocidade de registro manteve-se constante a 0.2 cm-1 s-1, e se totalizaram 120 medições. As técnicas empregadas para o registro dos espectros foram: pastilha de KBr para medições entre a faixa espectral compreendida entre 4000 e pastilha de polietileno para medições compreendidas na faixa espectral entre 700 1 370 cm-1 30 cm- . Em ambos os casos a proporção suporte / amostra foi de 10/1. No registro do espectro infravermelho na região de baixa energia, se adquiriu primeiro o espectro do polietileno puro em forma de pastilha, espectro este que serviu de Background do polietileno na amostra. Os espectros infravermelho obtidos foram coincidentes com os espectros informados por Versiane 6, de forma que não se procedeu a fazer análise elementar CNH-O 89 e termogravimetria da amostra. As figuras 26a e 26b ilustram o espectro infravermelho com transformada de Fourier para o complexo [Ni(Gli)2]. Figura 26a: Espectro FT-IR do complexo [NiGli)2] na região compreendida entre 4000 370 cm-1. 90 Figura 26b: Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gli)2] na região de baixa energia compreendida entre 700 30 cm-1. 8.2. Otimização dos parâmetros geométricos A determinação dos parâmetros geométricos, juntamente com a determinação da estrutura do complexo trans bis (glicinato) Ni (II), realizou-se primeiro usando o método ab-initio RHF com base B3LYP/6-311G, logo, mediante o uso dos procedimentos de cálculos baseados na Teoria do Funcional de Densidade, com bases B3LYP/6-311G e B3LYP/6-31G. As energias de estabilização foram: RHF:B3LYP/6-311G : E(RB+HF-LYP) = -2071,21001948 u. m. a ( a. u.). DFT:B3LYP/6-311G : E(RB+HF-LYP) = - 2076,02374 u. m. a (a. u). DFT:B3LYP/6-31G : E(RB+HF-LYP) = - 2075.727759 u. m. a. ( a. u.). 91 Os comprimentos de ligação calculados para as ligações Ni-N e Ni-O são demonstrados na tabela abaixo. Tabela 8: Comprimento das ligações ( Å) Ni-N e Ni-O DFT:B3LYP/6-311G DFT:B3LYP/6-311G DFT:B3LYP/6-311G dNi-N 2.006 Å 1.921 Å 1.908 Å dNi-O 1.850 Å 1.842 Å 1.830 Å Nakamoto e Condrate 3 usam nos seus cálculos de análise de coordenadas normais (ACN) os valores de 2,09 Å para a distância dNi-N, e o valor de 2,08 Å para a distância dNi-O . Para as distâncias das ligações dC=O , dC-O, dN-C, e dC-C , que formam parte dos anéis na coordenação do complexo de Ni(II), obtemos os seguintes valores teóricos que comparamos aos valores usados por Nakamoto 3 nos seus cálculos de ACN, expressos na tabela seguinte. Tabela 9: Comparação de distâncias: procedimentos mecânico quânticos e valores usados por Nakamoto. DFT:B3LYP/6-311G DFT:B3LYP/6-311G DFT:B3LYP/6-311G Nakamoto 3 dC=O 1,216 Å 1,236 Å 1,236 Å 1,29 Å dC-O dN-C dC-C 1,304 Å 1,486 Å 1,524 Å 1,337 Å 1,502 Å 1,535 Å 1,340 Å 1,502 Å 1,539 Å 1,25 Å 1,42 Å 1,50 Å Na comparação dos resultados obtidos pelos três procedimentos mecânico quânticos, e com os cálculos de Nakamoto encontramos também diferenças nos ângulos de ligação. No seguinte exemplo comparamos os valores obtidos pelo cálculo DFT/B3LYP: 631G com os valores usados por Nakamoto que serão dados entre parênteses, onde o ângulo referido se denotará pelo símbolo (<): < NNiO, 87.73 ° (85.80 °); < NiOC, 116.71 ° (105.00 °); < OCC, 112,.81 ° (130.00 °); < OC=O, 125.79 ° (114.80 °). 92 Os valores selecionados obtidos pelo método DFT:B3LYP/6-31G se encontram na tabela abaixo. A geometria estrutural do complexo trans bis (glicinato) níquel (II) é apresentada na figura 27. As coordenadas cartesianas para este complexo se encontram no Anexo 1. Figura 27: Geometria estrutural do complexo trans-bis (glicinato) níquel (II) obtido através do procedimento DFT/B3LYP 6-31G 93 Tabela 10: Parâmetros geométricos do complexo trans-bis (glicinato) níquel (II) obtidos pelo procedimento DFT/B3LYP: 6-31G Comprimento de Comprimento de ligação (Å) ligação (Å) Átomos i, j Ângulos entre as ligações (°), Átomos i, j, k Átomos i, j 1-2 1.844 3 14 1.021 6 3 13 110.60 1 1.853 7 11 1.094 6 3 14 109.42 1 4 1.917 7 10 1.090 3 6 5 108.81 1 3 1.918 22 23 1.088 3 6 7 108.76 2 5 1.335 22 24 1.089 3 6 12 110.50 1.327 16 25 1.092 13 3 14 107.54 1.537 6 1.089 16 4 17 113.59 1.543 Ângulos entre as ligações (°), 16 4 18 107.42 20 20 5 19 6 19 16 12 Átomos i, j, k 16 22 1.523 2 1 3 86.89 4 16 19 106.14 22 26 1.459 2 1 4 92.88 4 16 22 111.83 1.502 2 1 20 179.16 4 16 -25 1 2 5 117.22 17 6 3 6 4 1.501 4 18 108.12 108.49 6 7 1.526 3 1 4 179.64 6 5 15 121.11 6 3 1.502 3 1 20 93.83 5 6 7 109.81 16 4 1.501 1 3 6 108.66 5 6 - 12 109.91 19 21 1.244 1 3 13 108.09 7 6 108.96 6 7-8 12 5 15 1.238 1 3 14 112.53 7 8 1.459 4 1 20 86.39 6- 7 10 109.13 1.459 1 4 16 107.54 6-7 11 109.77 0.971 1 4 17 109.58 8-7 10 112.05 0.975 1 4 18 110.18 8 11 110.50 115.99 10 7 - 11 109.77 22 8 26 26 9 27 4 18 1.022 1 20 19 4 17 1.017 2 5 3 13 1.027 2 5 - 15 6 112.92 125.89 7 105.78 94 8.2.1. Atribuições vibracionais As atribuições vibracionais para o complexo trans-bis (glicinato) níquel (II) se realizaram com o auxílio dos espectros calculados pelos procedimentos RHF: B3LYP: 6311G, DFT/B3LYP: 6-311G e DFT/B3LYP: 6-31G 7,8,9 coordenadas normais (ACN) baseada no método de Wilson . A tradicional análise de El Yashevich 10,11,12 foi feita para o fragmento estrutural Ni(O)2(N)2 considerando simetria local C2v , devido à ausência do centro de inversão, já que os ângulos entre os átomos ONiO e NNiN não são de acordo com os cálculos, propriamente de 180 °. Devemos frisar que os espectros calculados através dos procedimentos mecânicoquânticos correspondem a situações em que se consideram somente uma molécula em fase gasosa, ausente de qualquer interação; calculamos de fato, o espectro harmônico nas três situações. Os números de onda observados no espectro infravermelho correspondem ao espectro anarmônico aparecendo assim a diferença entre os valores calculados e os valores experimentais. As correções para os desvios dos números de onda calculados são feitas seguindo a recomendação de multiplicar os valores teoricamente encontrados, pelo fator 0,9613.13 Para a discussão da atribuição vibracional consideramos os números de onda calculados pelo procedimento DFT/B3LYP: 6-31G, corrigido pelo fator 0,9613, como base de comparação com os 38 números de onda experimentais obtidos no espectro infravermelho, junto aos valores da segunda derivada do espectro, e aos valores fornecidos pela análise de deconvolução de bandas do complexo [Ni(Gli)2]. Para uma descrição mais precisa dos modos normais na faixa espectral metal ligante, usaremos a percentagem de desvios dos parâmetros geométricos (PDPG) das estruturas dos estados excitados vibracionalmente, desde sua posição de equilíbrio, o que nos permite obter a percentagem de participação de cada coordenada interna vibracional na descrição do modo normal. No complexo em estudo cuja representação geométrica se ilustrou na figura 27, os modos normais de estiramento pertencentes aos ligantes glicinato são: as(CH), as(NH), s(C=O) e as(C=O). S(CH), S(NH), As variações angulares (CC=O), (NCC), (OCC) e (OC=O), também se classificam como pertencentes aos ligantes. Os modos normais 95 (NiOC) e (NiNC) se classificam como modos de acoplamento ligante cátion metálico. Nesta classificação se consideram também as variações angulares (HNNi). Os modos vibracionais do esqueleto estrutural são: s(NiN), as(NiN), s(NiO), as(NiO), e as variações angulares (NNiO), (NNiN) e (ONiO). 8.2.2. Atribuição vibracional das bandas Modos normais de estiramento (NH) e (CH) Em uma banda larga centrada aproximadamente em 3333 cm-1 podemos identificar os seguintes números de onda: 3437, 3346, 3296, 3189, 2982, 2986, 2856 cm-1. A análise de deconvolução de bandas adicionou outro valor em 3419 cm-1. Essas bandas podem ser atribuídas de acordo aos métodos de calculo mecânico normais: as(NH), s(NH), s(NH), as(CH), as(CH), quânticos, aos seguintes modos s(CH) e s(CH) aproximadamente, e para o valor encontrado por meio da análise de deconvolução de bandas a atribuição vibracional é as (NH). Colocando os valores dos números de onda atribuídos para os modos assimétricos as (NH) na equação proposta por Bellamy (a ) = 345.5 + 0,876 Willians 14: (a ) , obtemos: (a ) = 345.5 + 0,876 * 3437 = 3356 cm-1 e (a ) = 345.5 + 0,876 * 3419 = 3340 cm-1 . Comprova-se assim que as atribuições do estiramento (NH) estão corretas. Com relação aos modos de estiramento (CH), encontramos por meio da segunda derivada do espectro no infravermelho bandas de absorção em: 3176, 2971, 2921 e 2854 cm-1, próximas aos valores experimentais das bandas atribuídas aos modos as(CH), s(CH) e s(CH), respectivamente. as(CH), 96 Os números de onda calculados para esses modos normais se encontram na tabela 11, de onde se observa, ao compararmos com os resultados multiplicados pelo fator 0,9613, um excelente acordo com os valores experimentais. O espectro vibracional calculado pelo método ab-intio RHF com base B3LYP/6-311G têm valores um pouco mais elevados, porém são concordantes com a atribuição vibracional fornecida pelos outros procedimentos. O espectro infravermelho na região compreendida entre 4000 2500 cm-1 se apresenta na figura 28 junto à segunda derivada do espectro vibracional na mesma região. Na tabela 11 se informa o espectro vibracional do complexo trans- bis (glicinato) níquel (II). Figura 28: Espectro infravermelho e segunda derivada na região entre 4000 complexo [Ni (Gli)2] 2500 cm-1 do 97 Estiramentos (C=O) Observando a figura 27 podemos inferir que as duas carboxilas apresentam modos vibracionais de estiramento simétrico e antisimétrico. Como se sabe, as carboxilas 1500 cm-1, a atribuição vibracional assistida, absorvem na região espectral entre ~ 1700 através dos cálculos, apontam que esses modos vibracionais estão localizados em regiões de energia maiores que o modo de variação angular (HNH). No espectro infravermelho observamos duas bandas em 1656 e 1606 cm-1. A segunda derivada do espectro e a análise de contorno de bandas incluem valores correlatos em 1638 (2ª d) cm-1 e em 1643 (ADB)cm-1. Pelo procedimento de cálculo ab initio (RHF) e mediante o uso de DFT, atribuímos as bandas encontradas experimentalmente em 1656 cm-1 (IR) e em, 1638 (2ª d.) e 1643 (ADB) cm-1 para os modos s(C=O) e as(C=O), respectivamente. O acordo entre os valores calculados e experimentais para os estiramentos (C=O) foi excelente. Nakamoto e Condrate 3 informaram o valor de 1610 cm-1 para o modo (C=O), ficando ausente a atribuição vibracional para o segundo modo normal descrito para as carbonilas. Variações angulares (HNH) e (HCH) Observa-se no espectro infravermelho quatro bandas em 1578, 1438,1410 e 1384 cm-1, bandas correlatas aos valores calculados corrigidos: 1652, 1459, 1452 e 1329 cm-1. Essas bandas podem ser atribuídas aos modos vibracionais conhecidos como scissoring ( tesouras ): (HNH) sciss, (HNH)sciss, (HCH)sciss e (HCH)sciss, respectivamente. Outro tipo de variação angular (HNH) / (HCH) é conhecida como wagging ( abanando ). No espectro infravermelho, segundo a atribuição vibracional obtida pelos cálculos podemos indicar as bandas encontradas em 1384 cm-1, 1120 cm-1 e 1110 cm-1, como pertencente aos modos (HNH)wagg, nos três casos. Para o modo (HCH)wagg não temos precisão na atribuição, pelo acoplamento que apresenta este modo normal. Os números de onda encontrados em 1311 cm-1 e 1268 cm-1 podem ser atribuídos aos modos acoplados (HCH)twist + (HNH)twist em ambos os casos. 98 As deformações angulares do tipo rocking ( balanceio ) de acordo com os cálculos RHF/ DFT podem atribuir-se como: 922 cm-1, (CH)2 + (HNH)wagg; 882 cm-1 (CH)2 + (HNH)wagg ; 791 cm-1, (NH)2 ; 737 cm-1 (NH)2 e 646 cm-1 (NH)2 . A figura 29 ilustra o espectro infravermelho e a segunda derivada espectral na região compreendida entre 2000 1000 cm-1. Figura 29: Espectro infravermelho e a segunda derivada espectral das bandas na região compreendida entre 2000 1000 cm-1. Modos de estiramento (CN), (CO) e (CC) A atribuição vibracional assistida pelos cálculos ab procedimento baseado na DFT, é a seguinte: 950 cm-1 as(CC); 826 cm-1 s(CC). as(CN); initio (RHF), e pelo 939 cm-1 s(CN); 849 cm-1 Nenhuma atribuição principal pôde ser feita para os modos 99 as(CO) e s(CO), os quais devem estar naturalmente acoplados aos modos normais correspondentes aos anéis formados pelos ligantes glicinato e o cátion central Ni2+. A figura 30 ilustra o espectro infravermelho do complexo [Ni(Gli)2] na região compreendida entre 1000- 370 cm-1. Figura 30: Espectro infravermelho e segunda derivada do complexo [Ni(Gli)2] na região entre 1000- 400 cm-1. 8.2.3. Vibrações normais do esqueleto estrutural. Como temos afirmado em publicações recentes 15,16 , uma identificação clara das vibrações metal-ligante não é simples devido a elevada mistura das diferentes coordenadas internas, que tomam parte na descrição do modo normal. Muitos trabalhos dedicados à identificação das vibrações metal-ligante de complexos metálicos com ligantes NH3 foram informados 17,18 , e em muitos casos usou-se a substituição isotópica 14 N/`15 e 1H/2H 19,20 . 100 Para estes complexos com ligantes NH3, a equação fundamental GFL = L foi resolvida por métodos aproximados de cálculo, tais como o modelo de massas pontuais (MMP), no qual os agrupamentos NH3 são considerados como um ponto de massa igual a 17 daltons. Assim, para um complexo do tipo [M(NH3)6]n+ , de simetria octaédrica, onde os ligantes NH3 são considerados como massas pontuais, a representação vibracional irreduzível é: (Oh) = A1g + Eg + F2g + F2u + 2F1u . Nessa representação irreduzível, o determinante secular |GF - E = 0 de maior ordem é dois, e corresponde ao tipo de simetria F1u, e contém na sua estrutura as coordenadas internas que descrevem o modo vibracional de estiramento antisimétrico MNH3, ou as(M-NH3). Para o caso de um complexo tetraédrico do tipo [M(NH3)4]n+ , onde os ligantes NH3 são considerados como massas pontuais, a representação vibracional irreduzível é: (Td) = A1 + E + 2F2 , e novamente a equação secular de maior ordem é dois. Em ambos os casos, as vibrações normais correspondentes aos modos metal-ligante, estiramentos M-L, e variações angulares L-M-L, ficam bem descritas dentro da aproximação do modelo de massas pontuais. Em complexos metálicos quelatos, onde o cátion metálico forma anéis devido à coordenação com os ligantes, o acoplamento vibracional entre os diferentes modos normais aparece natural, e a localização determinada para um modo de estiramento M-L simétrico, ou antisimétrico, fica disperso, já que nesses quelato-complexos os deslocamentos infinitesimais metal-ligante aparecem na descrição de vários modos vibracionais. O problema é então determinar em que extensão o simples oscilador M-L, ou uma simples variação angular do tipo L-M-L ou A-M-L aparece em um determinado modo normal. Nakamoto e Condrate 3 têm estudado uma série de complexos metal-glicina, entre eles o trans-bis (glicinato) Ni(II) que é objeto do estudo neste trabalho. No trabalho de Nakamoto 3, para a descrição dos modos normais adotou-se um modelo metal-ligante na proporção 1:1, apesar de que o espectro observado corresponde ao modelo 1:2 (um metal/ dois ligantes). Essa aproximação ocasiona erros na interpretação das vibrações metalligante. Formalmente, na estrutura pseudo-planar Ni(O)2(N)2 do esqueleto do complexo podemos analisar tanto os modos vibracionais as(NiN), as(NiO), s(NiN), s(NiO), 101 quanto as variações angulares (ONiN) que corresponderiam a vibrações no plano estrutural.Variações angulares do tipo (ONiO) e (NNiN) podem ser consideradas no modelo do fragmento estrutural, como variações angulares fora do plano (de fato, elas correspondem a torções). No trabalho do professor Nakamoto, somente os números de onda encontrados em 439 cm-1 e em 290 cm-1 puderam ser atribuídos aos modos (NiN) e (NiO), respectivamente. No mesmo trabalho a atribuição das vibrações pertencentes aos agrupamentos NH2 e CH2, como também para C=O, ficam somente parcialmente descritos. Neste estudo, usaremos a análise de coordenadas normais (ACN), tal com descrita para o fragmento estrutural Ni(O)2(N)2 de simetria C2v, o que implica na atribuição de sete números de onda para as vibrações no plano da estrutura, e dois números de onda para vibrações não planares. Como orientação para tal propósito usaremos os números de onda já prescritos pelos cálculos desenvolvidos pelo procedimento da Teoria do Funcional de Densidade, e através do método semi-empírico baseado nas equações de Restrito Hartree Fock (RHF). Tendo presente que os modos normais do esqueleto estrutural absorvem em regiões de baixa energia, podemos usar o método HLFS ( Separação das freqüências elevadas das de baixa energia ) 10, 21 , para a atribuição vibracional dos mesmos. Para o complexo trans- bis (glicinato) Ni (II), os modos normais do esqueleto estrutural que se encontram abaixo de 600 cm-1, descreveremos as atribuições prováveis que podemos deduzir, através do estudo das geometrias distorcidas dos modos normais descritos pelos procedimentos abinitio RHF, com base 6-311G, e DFT com bases 6-311G e 6-31G. No estudo, o objetivo foi encontrar quais distorções de ligações e de ângulos entre átomos têm maior peso na descrição do modo normal. Os resultados apresentados abaixo seguem a seguinte nomenclatura: em negrito, as observações experimentais no espectro infravermelho; a segunda derivada é representada por 2ad, e ADB significa análise de deconvolução de bandas. A abreviação corr significa que o número de onda calculado pelo método DFT/631G foi multiplicado pelo fator 0.9613. A percentagem indica a variação percentual da distância entre as ligações e/ou a variação angular. 102 647 (RHF), 608 (DFT/311G), 608 (DFT/31G), 584(corr.), 600 (IR), 596 (2ad), 597 (ADB) cm-1. RHF : as(NiO) 14% + (CC) 13.6% + (ONiN) 10.5%; DFT (311G): as(NiN) 16.6% + (CC) 14.7% + (NiO) 14.5% + (NCC) 11.4%.; DFT (31G): as(NiN) 17.7% + as(NiO) 13.8% + (CC) 13.4%. 642 (RHF), 600 (DFT/311G), 600 (DFT/31G), 577 (corr.), 546 (IR), 550 (2ad), 561 (ADB) cm-1. RHF: (CC) 14.3% + (NiO) 10.8% + (NiNC) 10%; DFT(311G): (CC) 14.3% + (NiNC) 14.1% + (NiO) 11.5% + (NCC) 11.4%; DFT(31G): (CC)13.8% + (NiNC) 11% + s(NiN) 10.6%. 573 (RHF), 552 (DFT/311G), 556 (DFT/31G), 534 (corr.), 523 (IR), 522 (2ad), 519 (ADB) cm-1. RHF: as(NiN) 14.9% + 28.8% + (OCC) 28.5%; DFT(31G): (NiNC) 14.3%; DFT(311G): as(NiN) as(NiN) 35.7% + (NiNC) 13%. 563 (RHF), 515 (DFT/311G), 523 (DFT/31G), 503 (corr.), 486 (2ad) cm-1. RHF: (NiOC) 18.4% + (NCC) 17.8% + (OCC) 12.8% + (NiN) 11.2%; DFT(311G): (NiNC) 25.1% + s(NiN) 22.4%; DFT(31G): (NiNC) 28.4% + s(NiN) 21%. 507 (RHF), 497 (DFT/311G), 501 (DFT/31G), 482 (corr.), 489 (ADB) cm-1. RHF: as(NiN) + 29.9% + (OCC) 17.3% + (NiNC) 15.9%; DFT(311G): (OCC) 28.8% as(NiO) 18.8%; DFT(31G): (ONiO) 41% + (NNiN) 30,8% 492 (RHF),478 (DFT/311G), 479 (DFT/31G), 460 (corr.), 451(IR), 450 (2ad), 452 (ADB) cm-1. RHF: DFT(311G): s(NiN) s(NiN)15.4% + (NiOC) 14.7% + (OCC)13.4%; 29% + (OCC) 27%; DFT(31G): (NiN) 19.2% + (CC=O) 59% 483 (RHF), 453 (DFT/311G), 457 (DFT/31G), 439 (corr.) 405 (2ad), 415 (ADB) cm-1. RHF: aas(NiO) 23.1% + + (ONiN) 18.5%; DFT(31G): (ONiN)019.2%; DFT(311G): as(NiO) as(NiN) 22.9% 33% + (CC=O)23%. 418 (RHF), 405 (DFT/311G), 404 (DFT/31G), 388 (corr.), 365 (2ad), 384 (ADB) cm-1. RHF: (ONiN)23% + DFT(311G): (ONiN) 23.6% (NiOC)14.9% + (NiNC)12.9% + + (NiOC) 17.1% + as(NiN) (NCC) 10.6%; 12.7%; DFT(31G): (ONiN) 28.1% + (NiOC)21.4% + (NiNC) 21%. 358 (RHF), 370 (DFT/311G), 377 (DFT/31G), 362 (coor.), 354 (IR), 346 (2ad), 350 (ADB) cm-1. RHF: (NiN) 21.4% + (NiO) 20.7%; DFT(311G): (NiO) 19.6% + 103 (NiOC) 15.7% + (NiN) 14.6% + (NCC) 12.6%; DFT(31G): s(NiO) 8.6% + (CC=O)76%. 261 (RHF), 278 (DFT/311G), 272 (DFT/31G), 261 (corr.), 295 (2ad), 285 (ADB) cm-1. RHF: (ONiN) 18.6% + (NiOC) 13.4% + (NiN) 14.4%; DFT(311G): (ONiN) 26.4 % + (NiNC)10.8% + (ONiO) 14.3%; DFT(31G): (ONiN) 39% + (NiNC) 12% 242 (RHF),254 (DFT/311G), 215 (DFT/31G), 207 (corr.), 216 (2ad), 206 (ADB) cm-1. RHF: (ONiN) 19% + (NiOC) 18% + )ONiO) 16% ; DFT(311G): (ONiN) 20% + (ONiO) 9%; DFT(31G): (ONiO) 36,5% + (NNiO) 33,1% A atribuição aproximada para estes modos normais apresenta-se na sua totalidade na tabela 11. A figura 31 ilustra o espectro infravermelho na região de baixa energia junto à segunda derivada do espectro. A figura 32 ilustra a análise de decomvolução de bandas para a região de baixa energia. Figura 31: Espectro infravermelho e segunda derivada espectral do complexo [Ni(Gli)2] na região de baixa energia compreendida entre 700 70 cm-1. 104 Fig 32: Análise de decomvolução de banda no infravermelho para o complexo [Ni(Gli)2] na região compreendida entre 700 50 cm-1. 105 Informa-se a partir da análise dos desvios dos parâmetros geométricos de equilíbrio do complexo trans-bis (glicinato) Ni (II), que nenhum modo do esqueleto estrutural pode considerar-se puro. As variações infinitesimais antisimétricas e simétricas das distâncias de ligação Ni-N e Ni-O estão dispersas na composição de diferentes modos normais. As atribuições vibracionais possíveis para estes modos serão para os números de onda pertencentes aos modos acoplados onde eles participam majoritariamente. Na figura 33 apresenta-se a estrutura dos modos normais (geometria distorcida da posição de equilíbrio) para as vibrações metal ligante. 106 Tabela 11: Espectro FT-IR experimental e espectro calculado pelo procedimento DFT: B3LYP/6-31G (cm-1) para o complexo [Ni(Gli)2]. DFT: B3LYP/631G (*) DFT. x 0.9613 FT-IR (% T) 2d. ADB 3549 (12.00) 3548 (41.44) 3469 (3.84) 3469 (15.76) 3153 (11.07) 3153 (14.08) 3095 (2.41) 3094 (15.64) 1740 (0.53) 1730 (952.00) 1719 (10.72) 1718 (134.70) 1518 (5.91) 1517 (13.24) 1383 (0.35) 1383 (6.63) 1336 (2.57) 1335 (10.80) 1269 (15.96) 1263 (311.34) 1177 (4.95) 1171 (351.32) 1167 (0.96) 1167 (253.84) 1018 5.85) 1017 (1.68) 961 (1.61) 956 (1.35) 903 (69.50) 900 (0.398) 807 (39.21) 780 (30.31) 730 (7.62) 707 (0.91) 608 (50.63) 600 (4.57) 556 (1.79) 3412 3412 3335 3335 3031 3031 2975 2974 1673 1663 1652 1652 1459 1458 1329 1329 1284 1283 1220 1214 1131 1126 1122 1122 979 979 924 919 868 865 776 750 702 680 584 577 515 3437 3430 3478 3419 3343 3280 3176 2969 2934 2851 1659 1643 1602 1572 1444 1415 1383 3346 3296 3189 2982 2936 2856 1656 1606 1578 1438 1410 1384 1311 1237 1181 1120 1110 1044 981 950 939 922 882 849 826 791 737 695 646 600 546 523 3347 3288 3176 2971 2921 2854 1658 1638 1604 1565 1442 1416 1382 1301 1268 1179 1178 1107 1043 978 1108 1049 969 942 915 882 928 872 838 824 739 690 646 596 548 522 694 651 597 561 519 Atribuição aproximada as(NH) as(NH) s(NH) s(NH) as(CH) as(CH) s(CH) s(CH) s(C=O) + (CCO) (C=O) + (CCO) as (HNH)sciss. (HNH)sciss. (HCH)sciss. (HCH)wagg.. (HCH)wagg. (HCH)wagg..+ (HNH)twist (HCH)twist + (HNH)twist (HCH)twist + (HNH)twist s(CC) + s(C=O) (CC) + as as(C=O) (HNH)wagg.. (HNH)wagg..+ (HCH)twist (HNH)twist + (HCH)twist (HNH)twist + (HCH)twist as(CN) s(CN) (CH2) + (HNH)wagg (CH2) + (HNH)wagg as(CC) s(CC) (NH2) (NH2) (CCO)anel (NH2) as(NiN)+ as(NiO)+ (CC) s(NiN)+ (CC)+ (NiNC) as(NiN)+ (NiNC) 107 523 (1.63) 503 501 (14.87) 482 479 (0.17) 460 451 457 (28.81) 439 404 (1.22) 388 377 (0.22) 362 354 272 (0.03) 261 291 215 (0.13) 207 147 (14.81) 141 149 134 (20.30) 129 124 103 (0.33) 99 95 95 (10.41) 89 79 (24.34) 76 60 35 (4.84) 34 35 *Intensidade IR em unidades Km/mol. 486 450 405 365 346 295 216 152 121 90 56 38 489 452 415 384 350 285 206 159 120 62 (NiNC)+ s(NiN) (ONiO)+ (NNiN) (CC=O)+ s(NiN) as(NiO)+ (CC=O) (ONiN)+ (NiOC)+ (NiNC) s(NiO)+ (CC=O) (ONiN)+ (NiNC) (ONiO)+ (NNiO) torção torção torção torção torção torção 108 608 (600- IR) cm-1 600 (546- IR) cm-1 556 (523- IR) cm-1 523 (486- 2ª d.) cm-1 501(489-ADB) cm-1 479(451-IR) cm-1 Figura 33: Estrutura dos modos normais (geometria distorcida da posição de equilíbrio) para as vibrações metal ligante do complexo [Ni(Gli)2]. 109 457(405-2ª d.) cm-1 404(365-2ª d) cm-1 377(354-IR) cm-1 272(298- IR) cm-1 215(216-2ªd.) cm-1 147(149- IR) cm-1 110 8.3. Análise de Coordenadas Normais 8.3.1. Análise de coordenadas normais para o esqueleto estrutural Ni(O)2(N)2 de simetria C2v A análise de coordenadas normais foi realizada após a definição das diferentes coordenadas internas vibracionais, das transformações dessas coordenadas com relação às operações de simetria do grupo C2v e após a dedução das coordenadas de simetria, tal como o colocamos no capitulo 7 item 6. Os resultados da análise de apresentam na tabela 12. Tabela 12: Atribuição vibracional com base na ACN para o esqueleto estrutural Ni(O)2(N)2 Tipo de simetria A1 Números de onda Números de onda (Atribuição experimentais ( cm1) calculados (cm-1) distribuição da energia potencial (PED em %)) experimental aproximada e 451 452 s(NiN) 96,5% 354 354 s(NiO) 77% + (ONiO) 4,6% 216 216 (NNiN) 56.5% + (ONiO) 27.5% + (NiO) 16% 149 149 (ONiO) 58.6% + (NiO) 20.8 % + (NNiN) 20.6 % A2 362 362 B1 405 406 as(NiO) 291 291 (ONiN) 100% 522 522 as(NiN) 291 291 (ONiN) 100% B2 (ONiN) 100% 100% 100% Observamos da tabela acima, que os modos vibracionais de estiramentos assimétricos Ni-N e Ni-O estão informados com 100% de participação na distribuição da energia potencial (PED), no entanto aqueles modos normais de estiramento simétrico Ni-N e Ni-O aparecem com certo grau de acoplamento. Isto se deve ao fato da própria aproximação do modelo reduzido, e em nenhum caso deve-se considerar o resultado com 100% de participação dos modos assimétricos Ni-N e Ni-O. De fato, eles são acoplados com variações angulares dos anéis, que formam os ligantes glicinato com o átomo central 111 de Ni (II). Qualquer movimento de distorção das distâncias de ligação Ni-N e/ou Ni-O acarreta como conseqüência uma natural distorção dos ângulos de ligação que conformam os anéis ligantes. Os valores das constantes de força Ni-N e Ni-O foram: fNi-N = 1.59 mdyn/Å e Ni-O = 1.04 Å. 8.4. Referências bibliográficas 1. Nakamoto K. Infrared and Raman Spectra of Inorganic and Coordination Compounds (4th edn.). Wiley: New York, 1986. 2. Ferraro SR. Low- frequency Vibrations of Inorganic and Coordination Compounds, Plenum Press: New York, 1971. 3. R.A. Condrate, K. Nakamoto., J. Chem. Phys, 42 (7) (1965), 2590. 4. C.A. Téllez S., E.Hollauer, M.A. Mondragón, V.M. Castaño., Spectrochim. Acta A 60 (2004), 2171. 5. C. A. Téllez, E. Hollauer, M. A. Mondragón, V. M. Castaño., Spectrochim. Acta A 57 (2001) 993-1007. 6. O. 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Qui. Mex, 44 (2) (2000) 139-143. 18.C. A. Téllez S, D. N. Ishikawa, J. G. Lara, Spectroscopy Letters, 31(2)(1998) 313-325. 19. C. Téllez, G. Díaz, J. Mol. Struct., 77 (1981) 213-218. 20. C. Téllez, Acta Sud Am. Qui. 3 (1983) 139- 141. 21.K. H. Schmidt, A. Muller., Coord. Chem. Rev. 19(1976) 41. 113 9. ATRIBUIÇÃO VIBRACIONAL PARA O COMPLEXO Ni[(Ser)2 ] ESPECTRO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER ANÁLISE ESTRUTURAL E VIBRACIONAL DO COMPLEXO E TRANS-BIS (SERINATO) NIQUEL (II) : Ni[ (Ser)2] * Resumo O complexo trans-bis (serinato) níquel (II), [Ni(Ser)2] foi sintetizado, e os espectros infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR) se registraram nas regiões de números de onda compreendidos entre 4000 370 cm-1 e entre 700 30 cm-1. Obtiveram-se também a segunda derivada das bandas do espectro e a análise de deconvolução de bandas (ADB). A determinação de estrutura e atribuição vibracional se realizou, assistida pelo cálculo teórico baseado na Teoria do Funcional de Densidade: DFT:B3LYP/6-31G. Realizou-se uma discussão sobre a atribuição espectral correspondente aos modos vibracionais do esqueleto estrutural tendo como base o estudo das geometrias distorcidas de cada modo normal. Incidentalmente, realizamos a análise de coordenadas normais para o fragmento estrutural Ni(O)2(N)2 supondo uma simetria C2v. O espectro calculado através do procedimento baseado na Teoria do Funcional de Densidade, está de acordo com os valores encontrados experimentalmente. Palavras chave: trans-bis (serinato) níquel (II); estrutura e espectro vibracional; DFT: B3LYP-6-31G. INTRODUÇÃO No caso do complexo trans-bis (serinato) níquel (II) não se encontraram na literatura informações sobre a síntese, com exceção do trabalho de Versiane 1 , e nem sobre a atribuição vibracional desse complexo. A metodologia empregada para o estudo 114 espectroscópico vibracional é a mesma que usamos para o complexo trans-bis(glicinato) níquel (II). Para atingir o objetivo de realizar uma atribuição vibracional completa do espectro, usaremos o método mecânico quântico baseado na Teoria do Funcional de Densidade DFT/B3LYP: 6-31G. Nesse caso, obteremos primeiro a geometria estrutural do complexo com os ligantes na posição trans, e partir dos dados estruturais se realizarão os cálculos para a obtenção dos espectros teóricos. Tal como o tínhamos proposto em outros trabalhos 2,3 , para um entendimento mais apurado do grau de acoplamento das diferentes coordenadas internas na composição do modo normal, estudaremos as geometrias distorcidas (ou perturbadas) geradas pelo movimento dos átomos de acordo à energia de excitação. 9.1. Espectro FT-IR Devido ao fato de que os espectros infravermelho obtidos usando as técnicas de pastilha de KBr, e de pastilha de polietileno foram idênticos aos informados por Versiane 1, não foi necessário realizar análise química elementar e termogravimetria para comprovação da composição molar do complexo. O espectro infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR) do complexo transbis (serinato) níquel (II) no estado sólido foi registrado em um espectrofotômetro Perkin Elmer 2000 FT-IR. Os espectros foram obtidos com uma resolução de 4 cm-1, sendo a velocidade de registro igual a 0,2 cm-1s-1. O número total de espectros foi de 120. As amostras sólidas se registraram usando pastilhas de KBr na região espectral compreendida entre 4000 370 cm-1. Para a região entre 710 30 cm-1 os espectros infravermelho se obtiveram usando a técnica de pastilha de polietileno. A figura 34 apresenta o espectro infravermelho experimental e calculado do complexo [Ni(Ser)2]. 115 Figura 34: Espectro FT-IR do complexo trans bis (serinato) níquel (II). Parte superior: FT-IR experimental. Parte inferior: espectro calculado pelo procedimento DFT: B3LYP/ 631 G. 116 9.2. Otimização dos parâmetros geométricos A otimização dos parâmetros geométricos do complexo [Ni(Ser)2] se realizou pelo procedimento ab initio até a convergência da estrutura com o mínimo de energia conformacional, utilizando o procedimento mecânico quântico baseado na Teoria do Funcional de Densidade, com o conjunto de bases B3LYP/6-31G. A energia de estabilização calculada foi E(RB +HF LYP) = - 2305.0835663 A. U. Os comprimentos de ligação calculados para as ligações Ni-N foram 1.917 e 1.918 Å. Para o complexo aspartato hidroxo-aqua Ni (II): [Ni(Asp)(OH)(H2O)], os valores DFT calculados com as bases B3LYP/6-31G e B3LYP-6-311 G para as ligações Ni-N foram: 1.824 e 1.892 Å, respectivamente 4. Para o complexo [Ni(L-aspO)(H2O)2].H2O, o valor experimental do comprimento da ligação Ni-N foi de 2.047 Å 5. Os valores calculados pelo procedimento DFT/B3LYP-6-31G para os comprimentos das ligações Ni N foram 1.844 e 1.853 Å; para o complexo [Ni(Asp)(OH)(H2O)] os valores obtidos através do procedimento DFT para as ligações Ni-O foram 1.751; 1.818 e 1.854; 1.906 Å, empregando o mesmo conjunto de bases citado anteriormente. Os valores experimentais dos comprimentos das ligações Ni-O do complexo [Ni(L-aspO)(H2O)2].H2O foram: 2.063 e 2.064 Å. Os comprimentos e ângulos das ligações selecionadas se apresentam na tabela 13. A estrutura completa do complexo [Ni(Ser)2] se ilustra na figura 35. As coordenadas cartesianas para este complexo se encontram no Anexo 2. 117 Figura 35: Estrutura geométrica do complexo trans-bis (serinato) níquel (II), obtida pelo procedimento DFT:B3LYP/6-31G. 118 Tabela 13: Comprimentos de ligações e ângulos de ligações obtidos pelo cálculo DFT:B3LYP/ 6-311G para o complexo [Ni(Ser)2]. Comprimento da Comprimento da ligação (Å) ligação (Å) Átomos i, j Ângulos entre as ligações (°), Átomos i, j, k Átomos i, j 1-2 1.844 3 14 1.021 6 3 13 110.60 1 1.853 7 11 1.094 6 3 14 109.42 1 4 1.917 7 10 1.090 3 6 5 108.81 1 3 1.918 22 23 1.088 3 6 7 108.76 2 5 1.335 22 24 1.089 3 6 12 110.50 1.327 16 25 1.092 13 3 14 107.54 1.537 6 1.089 16 4 17 113.59 1.543 Ângulos entre as ligações (°), 16 4 18 107.42 20 20 5 19 6 19 16 12 Átomos i, j, k 16 22 1.523 2 1 3 86.89 4 16 19 106.14 22 26 1.459 2 1 4 92.88 4 16 22 111.83 1.502 2 1 20 179.16 4 16 -25 1 2 5 117.22 17 6 3 6 4 1.501 4 18 108.12 108.49 6 7 1.526 3 1 4 179.64 6 5 15 121.11 6 3 1.502 3 1 20 93.83 5 6 7 109.81 16 4 1.501 1 3 6 108.66 5 6 - 12 109.91 19 21 1.244 1 3 13 108.09 7 6 108.96 6 7-8 12 5 15 1.238 1 3 14 112.53 7 8 1.459 4 1 20 86.39 6- 7 10 109.13 1.459 1 4 16 107.54 6-7 11 109.77 0.971 1 4 17 109.58 8-7 10 112.05 0.975 1 4 18 110.18 8 11 110.50 115.99 10 7 - 11 109.77 22 8 26 26 9 27 4 18 1.022 1 20 19 4 17 1.017 2 5 3 13 1.027 2 5 - 15 6 112.92 125.89 7 105.78 119 9.2.1. Atribuições vibracionais As atribuições vibracionais para o complexo [Ni(Ser)2] foram realizadas com a assistência do procedimento baseado na DFT 6,7,8. Os cálculos se desenvolveram utilizando o conjunto de bases B3LYP/6-311G. A análise de coordenadas normais tradicional baseada na bem conhecida equação matricial de Wilson-El´yashevich, GFL = L 9,10,11 , se realizou para o fragmento estrutural Ni(N2)(O2) de simetria C2v com o intuito de assistir as atribuições vibracionais dos números de onda anarmônicos do esqueleto estrutural. Para a discussão da atribuição vibracional tomaremos em conta os valores obtidos pelo procedimento DFT corrigidos por um fator de escala igual a 0,9613. Este conjunto de valores serviu de base de comparação, com os números de onda do espectro vibracional experimental do complexo [Ni(Ser)2]. Para uma descrição mais precisa dos modos normais na região espectral metal geométricos (PDGP) 12 ligante, usamos a percentagem de desvio dos parâmetros desde sua posição de equilíbrio. A PDGP pode também ser normalizada, para obter a participação de cada coordenada interna vibracional, que descreve as vibrações do esqueleto estrutural. 9.2.2. Atribuição vibracional das bandas Estiramentos NH Ao todo, esperamos observar seis bandas pertencentes aos modos de estiramentos N-H simétricos e antisimétricos. Estes modos de estiramento N-H, para um grande número de aminas primárias alifáticas, se localizam na faixa espectral compreendida entre os números de onda 3500 3400 cm-1. Na região dos estiramentos N-H, a partir de uma observação direta do espectro encontramos as seguintes bandas de absorção localizadas em: 3434, 3335, 3282, e 3185 cm-1. A segunda derivada do espectro proporciona bandas localizadas em : 3431 cm-1, 3336, 3278 e 3177 cm-1. A banda encontrada em 3434 cm-1 (IR) se atribui a um dos modos relação de Bellamy Williams 13 as(NH) de acordo aos cálculos DFT. Quando aplicamos a das aminas primárias (a ) = 345.5 + 0.876 (a ), para a banda encontrada em 3335 cm-1, obtemos um valor de 3267 cm-1 que pode correlacionar-se 120 com o valor de 3282 cm-1 (IR), podendo atribuir-se como uma das encontrada a 3185 cm-1 (IR) pode atribuir-se ao outro modo s(NH). s(NH). A banda As correlações entre as bandas FT-IR, as bandas obtidas pela segunda derivada do espectro e aquelas determinadas pela análise de deconvolução de bandas (ADB) se apresentam na tabela 14. As bandas calculadas pelo método DFT para os modos vibracionais de estiramento N-H estão em boa concordância com os valores experimentais. Na figura 36 apresenta-se o espectro infravermelho na região compreendida entre 3500 2700 cm-1 junto ao espectro da segunda derivada. Figura 36: Espectro infravermelho na região compreendida entre 3500 espectro da segunda derivada do complexo [Ni(Ser)2]. 2700 cm-1 junto ao 121 Estiramentos OH Devido à forte sobreposição das bandas na região das absorções de estiramento NH, não conseguimos observar a banda de estiramento O-H da serina como ligante no complexo. A segunda derivada do espectro e a ADB têm revelado duas bandas localizadas em 3656 e em 3572 cm-1, as quais podem atribuir-se aos modos vibracionais (OH). Os cálculos DFT fornecem os valores de 3561 e 3511 cm-1, já escalados pelo fator 0.9613. Estiramentos CH Esperamos encontrar no espectro infravermelho seis bandas de absorção correspondentes aos estiramentos C-H pertencentes aos ligantes serina no complexo [Ni(Ser)2]. Os valores DFT calculados foram: 2998, 2977, 2962, 2949, 2935 e 2896 cm-1 . Estes valores podem ser correlacionados com os experimentais encontrados em: 3000 (2d), 2961 (2d), 2957 (2d.), 2947 (IR), 2896 (IR) e 2853 (IR) cm-1. Estiramentos C=O Os cálculos DFT têm mostrado que os estiramentos C=O se localizam em posições de energia menor do que as atribuídas aos modos vibracionais (HNH)sciss. As bandas observadas para esses modos vibracionais foram: 1616 e 1581 cm-1 apresentando uma boa concordância com os números de onda calculados em: 1618 cm-1, atribuído como as(C=O), e 1599 cm-1 atribuído como s(C=O). O espectro da segunda derivada se apresenta junto ao espectro infravermelho na figura 37. 122 Figura 37: Espectro infravermelho e segunda derivada espectral na região compreendida entre 2000 1200 cm-1 para o complexo [Ni(Ser)2]. Variações angulares HNH e HCH Em termos gerais esses modos de variações angulares se encontram em posições de números de onda bem característicos. Como é usual podemos classificar com os nomes de tesouras (scissoring), abanando (wagging), torcendo (twisting) e como balanceio (rocking), dentro dos grupos NH2 e CH2. A banda vibracional encontrada em 1686 cm-1 (valor calculado), pode atribuir-se como (HNH) sciss + (C=O). A banda calculada aos 1648 cm-1 pode designar-se como outro modo (HNH)sciss. As bandas no infravermelho observadas aos 1471 e em 1433 cm-1, com boa concordância com os valores calculados, podem atribuir-se aos modos vibracionais (HCH) sciss. As bandas observadas em 1411 e em 1383 cm-1 podem atribuir-se aos modos (HCH)wagg. Entre 1306 a 1097 cm-1 podemos atribuir os modos vibracionais de variação angular H-N-H e H-C-H restantes, que aparecem com forte acoplamento entre eles mesmos. As descrições para as atribuições vibracionais desses modos se apresentam na tabela 14. 123 Vibrações de estiramento CN, CO, e CC Para quelato complexos que formam anéis ao redor do átomo central, tem sentido físico encontrar no modo normal, acoplamento vibracional entre as coordenadas internas que descrevem ligações simples, tais como C-N, C-O e C-C. Para o complexo [Ni(Ser)2], as seguintes bandas no infravermelho podem atribuir-se como modos acoplados: 1042 (IR) (1047 2d, 1041 ADB) cm-1 , e 1034 cm-1 (valor parametrizado calculado), como 1024 (2d),1019 (ADB) 1015 (calc.) cm-1 como (CN); (CC); 995 (IR), 988 (2d), 994 (ADB), 979 (calc.) cm-1, como (CN) + (HNH)twist.; 969 (2d), 967 (ADB), 970 (calc.) cm-1, como (CO); 919 (IR), 918 (2d), 928 (ADB), 922 (calc.) cm-1 , como (CH) + (CO); 884 (IR), 887 (2d), e 871 (calc.) cm-1, como (CN) + (HCH)twist. Na figura 38 se lustra o espectro infravermelho na região compreendida entre 1300 a 400 cm-1, junto à curva obtida pela segunda derivada do espectro. Figura 38: Espectro infravermelho e sua segunda derivada para o complexo [Ni(Ser)2] na região entre 1300 400 cm-1. 124 9.2.3. Vibrações do esqueleto estrutural O objetivo deste estudo vibracional referente à região de baixa energia é elucidar entre os modos vibracionais do esqueleto estrutural, quais são as distorções de distâncias de ligação e/ou de ângulos de ligação, que têm maior participação na descrição do modo normal. Para o químico inorgânico, é de relevância entender melhor a região de baixa energia onde são ativos os modos metal-ligante. Uma identificação clara das vibrações metal-ligante não é simples devido à forte mistura das diferentes coordenadas internas que tomam parte na descrição do modo. Com o propósito de termos um melhor entendimento dessa região de baixa energia, onde os modos metal-ligante são ativos, estudamos neste trabalho as geometrias distorcidas de cada modo normal, e analisamos em que extensões se deslocam os parâmetros geométricos da conformação de equilíbrio do complexo. A primeira suposição neste tipo de estudo tem sido tomada do Método da Separação das Freqüências de Elevada das de Baixa Energia (High/Low Frequency Separation Method) 9,14 . No espectro vibracional podemos distinguir claramente quatro regiões bem definidas: i) a região de elevada energia compreendida entre 3500 onde são ativos os modos de estiramento 2850 cm-1, NH, -CH benzílico, -CH vinílico, -CH dos grupos CH3 e CH2, entre outras absorções características, devido à presença de bandas de combinação ou sobretons, se assim o permitem as regras de seleção. ii) a região compreendida entre 1700 até 600 cm-1, na qual podem descrever-se numerosas vibrações características aos modos de deformação angular. iii) a região de menor energia compreendida entre ~600 até ~200 cm-1, característica das vibrações metal-ligante e 4i) a região energética abaixo de 200 cm-1 onde se evidenciam os modos de torção. Desde uma descrição visual aproximada da forma das vibrações moleculares metal-ligante, temos eleito neste estudo a região espectral compreendida entre 700 cm-1 to 200 cm-1 , como aquela onde as vibrações metal-ligante têm maior participação. A banda calculada pelo procedimento DFT em 677 cm-1 (651 cm-1 valor corrigido) pode correlacionar-se com a banda experimental encontrada em 668 cm-1, e foi atribuída ao modo (NiOC). A banda calculada em 620 cm-1 (596 cm-1 valor corrigido) se correlaciona com a banda observada em 652 cm-1, e atribuiu-se como a variação angular (NCC). 125 A banda observada em 619 cm-1 (valor calculado em 610 cm-1) pode ser descrita como (NiNC). O número de onda calculado em 556 cm-1 (582 cm-1, observado) se atribui como o modo as(NiN), no qual as distâncias Ni-N têm uma variação da ordem de 34%, entre outras 24 coordenadas internas, que representam variações dos comprimentos de ligação e dos ângulos de ligação. A Análise de Coordenadas Normais considera esse estiramento assimétrico Ni-N com 100% de pureza (100% PED), dentro das aproximações usadas pelo método. Para o modo vibracional s(NiN) temos observado o número de onda aos 526 cm-1 (530 cm-1 no espectro da segunda derivada). Na descrição desse modo normal encontramos um desvio da ordem de 23% para as distâncias de ligação Ni-N. A distribuição da energia potencial fornece um valor de 91% para esse estiramento Ni-N. O número de onda observado em 472 cm-1 pode associar-se com o valor de 478cm-1, corrigido pelo fator de escala 0.9613. Os cálculos DFT atribuem esse número de onda ao modo de deformação angular (ONiN), o qual aparece pela normais como 100% puro para o modo análise de coordenadas s(NiO). O estiramento assimétrico Ni-O pode atribuir-se ao valor experimental encontrado aos 457 cm-1, correlacionado com o valor calculado em 464 cm-1. Na descrição desse modo encontramos que as distâncias Ni-O se distorcem em 29%. O valor calculado em 407 cm-1 (já multiplicado pelo fator 0.9613) pode correlacionar-se com o número de onda observado em 418 cm-1. Aqui as distorções angulares O-Ni-N são da ordem de 25%. Na análise de coordenadas normais esse valor se atribuiu ao modo vibracional (ONiN). No caso do valor calculado aos 314 cm-1 que se correlaciona com o valor experimental de 375 cm-1 ,temos uma distorção de 11% para as distâncias de ligação Ni-O e de 18% para os ângulos de ligação ONiO/NNiN, sendo atribuída principalmente ao modo vibracional (ONiO). Na análise de coordenadas normais, esse modo vibracional devido às restrições inerentes do campo de forças do modelo reduzido se considera 100% puro. O valor calculado aos 286 cm-1 pode correlacionar-se com a banda encontrada no infravermelho em 289 cm-1. Os cálculos DFT mostram que esse número de onda pode atribuir-se como o modo acoplado (CCN) + (CCC).Na análise de coordenadas normais esse número de onda se atribui como 100% (ONiN). 126 A banda observada no espectro infravermelho em 273 cm-1 (276 cm-1, valor calculado) pode atribuir-se ao modo vibracional (NNiN). Aqui o ângulo de ligação NNiN tem uma distorção de 28% entre 24 coordenadas internas consideradas na PDPG. O número de onda calculado em 257 (247 cm-1 valor corrigido pelo fator de escala 0.9613) pode correlacionar-se com o valor experimental encontrado em 240 cm-1, e se atribui ao modo vibracional (ONiN) com 40% de desvio dos ângulos de ligação O-Ni-N. A figura 39 ilustra o espectro infravermelho e a sua segunda derivada na região compreendida entre 650 - 50 cm-1. Figura 39: Espectro infravermelho e sua segunda derivada na região compreendida entre 650 50 cm-1 do complexo [Ni(Ser)2]. 127 556 (582) cm-1 528 (526) cm-1 497 (472) cm-1 483 (457) cm-1 423 (418) cm-1 Figura 40: Estrutura dos modos normais (geometria distorcida da posição de equilíbrio) para as vibrações metal ligante do complexo [Ni(Ser)2] 128 327 (378) cm-1 297 (289) cm-1 302 (343) cm-1 276 (273) cm-1 129 Tabela 14: Espectro experimental FT-IR e espectro vibracional calculado pelo procedimento DFT:B3LYP/6-311G (números de onda em cm-1) para o complexo [Ni(Ser)2]. DFT:B3LYP/6- DFT valor 311G números corrigido por de onda 0.9613 calculado e intensidade IR* 3704 (18.16) 3652 (27.44) 3524 (25.66) 3515 (31.05) 3432 (36.92) 3416 (25.64) 3119 (15.50) 3097 (33.41) 3081 (3.49) 3068 (29.46) 3053 (9.95) 3013 (27.27) 1724 (57.06) 1712 (52.46) 1683 (243.80) 1663 (744.55) 1550 (7.93) 1520 (17.85) 1454 (3.23) 1422 (16.15) 1413 (7.52) 1410 (4.53) 1383 (40.07) 1342 (7.66) 3561 3511 3388 3379 3299 3284 2998 2977 2962 2949 2935 2896 1657 1648 1618 1599 1490 1461 1398 1367 1358 1354 1329 1290 1335 (7.92) 1316 (14.41) 1270 (19.99) 1283 1265 1221 1262 (245.66) 1213 1257 (30.13) 1232 (19.36) 1208 1184 FT-IR números de onda (% T) 3434 (20) 3335 (25) 3282 (24) 3185 (18) 2947 (7) 2896 (5) 2853 (3) 1686 (12) 1616 (31) 1581 (37) 1471 (21) 1433 (40) 1411 (48) 1383 (56) 1306 (24) 1241 (3) 2ª d. ADB 3656 3572 3431 3336 3278 3177 3000 2961 2957 2923 2893 2853 1689 1656 1621 1562 1507 1437 1415 1384 1350 3629 3567 3403 3337 3270 3170 3051 2973 2939 1305 1288 1312 1238 1192 2863 1631 1601 1572 1488 1436 1410 1382 1366 1259 1237 Atribuição aproximada (OH) (OH) as(NH) asNH) s(NH) s(NH) as(CH) as (CH) as (CH) s (CH) s(CH) s (CH) (HNH)sciss. (HNH)sciss (C=O) (C=O) (HCH)sciss (HCH)sciss (HCH)wagg. (HCH)wagg (HNH)twist (CH) (HNH)twist (HNH)wagg + (HCH)twist (HNH)twist (HCH)twist (HNH)wagg + (HCH)twist (HNH)wagg. + (CH) (CO)+ (CC) (OH) 130 1213 (43.54) 1166 1206 (286.85) 1202 (217.17) 1177 (121.14) 1159 1155 1131 1090 (12.08) 1076 (37.89) 1056 (8.45) 1018 (61.15) 1046 1034 1015 979 1009 (43.18) 959 (49.36) 943 (3.94) 906 (9.04) 970 922 907 871 874 (19.83) 862 (44.06) 849 (44.99) 797 (37.85) 778 (14.35) 754 (2.08) 703 (22.05) 677 (10.86) 620 (36.52) 610 (2.34) 556 (1.09) 1139 (4) 1138 1137 1097 (7) 1042 (16) 995 (4) 1096 1047 1024 988 1093 1041 1019 991 919 (1) 969 918 934 884 (4) 887 885 840 829 816 766 748 725 676 651 596 586 534 857 (5) 826 (24) 796 (6) 776 6) 856 826 786 718 (10) 681 (18) 668 (19) 652 (18) 619 (16) 582 (12) 858 827 792 775 741 720 689 673 651 616 576 528 (0.72) 515 (281.63) 497( 4.12) 508 495 478 526 (5) 481 (10) 472 (15) 530 481 472 546 482 472 483 (25.81) 423 (1.24) 464 407 457 (13) 418 (25) 457 418 403 412 (6.68) 377 (1.51) 327 (32.85) 396 362 314 397 (35) 387 (25) 378 (33) 396 389 375 395 302 (134.65) 290 343 (19) 339 365 297 (32.18) 286 289 (13) 291 282 709 681 669 654 615 573 379 (CH2)twist + (OH) (NH2)wagg+ (CO) (HNH)wagg (NH2)twist + (CH) (CH2) (CC) (CN) (CN)+ (HNH)twist (CO) (CH) + (CO) (CC) + (CO) (CN) + (HCH)twist (OC=O)+ (CN) (HNH)twist (OC=O) (HNH)twist (NH2) (NH2) (C=O) (NiOC) (NCC) (NiNC) as(NiN) 100%PED s(NiN) 91 PED (OH) (ONiN) ; (NiO) 100% PED as(NiO) 90%ED (ONiN) 100% PED (CC=O) + (NH2) (CONi) (OH); (ONiO) 100%PED (CCN)+ (CCC); (ONiN) 100% PED (CCN) )+ (CCC); 131 (ONiN) 100% PED 276 (1.08) 265 273 (13) 269 258 (ONiO) + (NNiN); (NNiN) 100% PED 257 (5.41) 247 240 (5) 238 242 (ONiN) 219 (27.64) 211 (CCNNi) + (NNiN) 203 (23.44) 195 165 186 torsion 155 (7.99) 149 154 (10) 157 159 torsion 127 (10.74) 122 132 (12) 120 122 torsion 114 (0.21) 110 torsion 102 (6.44) 98 101 torsion 94 (6.14) 90 90 (15) 86 89 torsion 57 (2.78) 55 60 (20) 56 torsion 47 (9.29) 45 50 (35) 51 torsion 28 (2.75) 27 torsion *Intensidade IR em unidades Km/mol ; nos caracteres em negrito apresentam-se os resultados para o fragmento Ni(O)2(N)2. 132 9.3. Análise de Coordendas Normais A partir da observação gráfica resultante do cálculo vibracional DFT:B3LYP/631G, temos escolhido um conjunto de números de onda representativos na região de baixa energia que podem ser interpretados como vibrações, devidas principalmente aos modos metal-ligante. Os parâmetros geométricos que descrevem a estrutura do esqueleto estrutural Ni(O)2(N)2, para o qual assumimos a simetria C2v, se tomaram da tabela 13. Utilizamos o campo de força de valência modificado escolhendo valores de constantes de força iniciais fornecidas pela relação Fii = ii/ Gii, onde Gii são os elementos diagonais da matriz dos coeficientes cinemáticos. No cálculo, as constantes de força se ajustaram pelo procedimento de mínimos quadrados, de forma que reproduzam aprimoradamente os números de onda experimentais 15. O modelo reduzido constitui o núcleo do complexo, isto é, considera os átomos diretamente ligados ao níquel e dando uma geometria espacial quadrado plana com pequena distorção nos ângulos O-Ni-O e N-Ni-N, de forma que o elemento de inversão está ausente. As restrições do modelo conduzem a atribuições vibracionais que não devem ser consideradas como exatas, pelo contrário, há nelas uma grande aproximação devido à ordem pequena dos determinantes seculares GF - E = 0, de diferentes tipos de simetria. Na análise de coordenadas normais, o acordo entre os números de onda observados e experimentais foi da ordem do 0.1%. Os números de onda observado em 582 cm-1 e o valor assumido em 526 cm-1 foram assinalados aos modos normais as(NiN) e s(NiN) , e devido às restrições próprias do método, eles aparecem sem acoplamento vibracional. O valor da constante de força de valência para o estiramento Ni-N foi de: fNi-N = 2.06 mdynÅ-1. Os números de onda observados em 472 cm-1, e em 457 cm-1 se atribuíram aos modos vibracionais as(NiO) e s(NiO), respectivamente, sendo que o estiramento simétrico Ni-O aparece com forte acoplamento da variação angular ONiO. A constante de força de valência para a ligação Ni-O foi de: fNiO = 1.63 mdynÅ-1. Na tabela 14 com caracteres em negrito apresentamos a atribuição vibracional aproximada, obtida através da Análise de Coordenadas Normais, e a figura 39 ilustra o espectro infravermelho junto a segunda derivada espectral na região de baixa energia. 133 9.4. Referências bibliográficas 1. O. Versiane C., Síntese e caracterização de complexos envolvendo os aminoácidos serina, glicina, ácido aspártico e ácido guanidoacético e os íons metálicos Co(II), Ni(II) e Cu(II). Tese de doutorado. PUC-Rio, 2005. 2. C.A. Téllez S., E.Hollauer, M.A. Mondragón, V.M.Castaño., Spectrochim. Acta A 60 (2004) 2171. 3.C. A. Téllez S, E. Hollauer, M. A. Mondragón, V. M. Castaño, Spectrochim. Acta A 57 (2001) 993-1007. 4. O. Versiane C., C.A. Téllez S., T. Giannerini, J. Felcman.,Spectrochim Acta A 61 (2005)337 5. L. Antolini. L. Menabue, G. C. Pallacani, J. Chem. Soc.Dalton Trans.(1982) 2541. 6. R. G. Parr, W. Yang, Density Functional Theory of Atoms and Molecules, Oxford University Press, Oxford, 1989. 7. A. D. Becke, J. Chem. Phys. 98 (1993) 1372. 8. M. J. Frisch, G. W. Trucks, H. B. Schlegel, G. E. Scuseria, M. A. Robb, J. R. Cheeseman, V. G. Zakrzewski Jr., J. A. Montgomery, R. E. Stratmann, J. C. Burant, S. Dapprich, J. M. Millam, A. D. Daniels, K. N. Kudin, M. C. Strain, O. Farkas, J. Tomasi, V. Barone, NM. Cossi, R. Cammi, B. Mennucci, C. ÇPomelli, C. Adamo, S. Clifford, J. Ochterski, G. A. Peterson, P. Y. Ayala, Q. Cui, K. Morokuma, D. K. Malick, A. D. Rabuck, K. Raghavachari, J. B. Foresman, J. Cioslowski, J. V. Ortiz, A. G. Baboul, B. B. Stepanov, G. Liu, A. Liashenko, P. Piskorz, I. Komaromi, R. Gomperts, R. L. Martin, D. J. Fox, T. Keith, M. A. Al-Laham, C. Y. Peng, A. Nanayakkara, C. González, M. Challacombe, P. M. W. Gill, B. Johnson, W. Chen, M. W. Wong, J. L. Andresw, C. González, M. HeadGordon, E. S. Repogle, J. A. Pople, Gaussian 98, Revision A. 7, Gaussian Inc., Pittsburgh, PA, 1998. 9. E. B. Wilson, J. C. Decius, P. C.,Cross Molecular Vibrations; The Theory of Infrared and Raman Vibrational Spectra, McGraw-Hill, New York, 1955. 10. M. A. El´yashevich, Doklady AN SSSR 28 (1940) 605. 11. M. A.. El´yashevich, Zh. Fiz. Khim. 14 (1940) 1381. 134 12. C. A. Téllez S., E. Hollauer, M. A. Mondragon, V. M. Castaño, Spectrochim. Acta Part A 57 (2001) 993. 13. L. J. Bellamy, R. L. Williams, Spectrochim. Acta 9 (1957) 341 14. K. H. Schmidt, A. Müller, Coord. Chem. Rev. 19 (1976) 41. 15. Y. Hase and O. Sala, Computer Programes for Normal Coordinate Analysis Universidade de São Paulo, Brazil, 1973. 135 10. ATRIBUIÇÃO VIBRACIONAL PARA O COMPLEXO [Ni(Gaa)(Ser)] ESPECTRO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER E ANÁLISE ESTRUTURAL E VIBRACIONAL PELO PROCEDIMENTO DFT: B3LYP/6-31G PARA O COMPLEXO GUANIDOACETATO - SERINATO NIQUEL (II): [Ni(Gaa)(Ser)]. *RESUMO A atribuição vibracional e a determinação da estrutura para o complexo guanidoacetato-serinato níquel (II) foi feita aplicando a Teoria do Funcional de Densidade através dos cálculos DFT: B3LYP/6-31G. Tendo como critério o estudo das geometrias distorcidas do equilíbrio, perturbações características de cada modo normal, realizamos uma discussão completa dos modos vibracionais do esqueleto estrutural do complexo. Incidentalmente, desenvolvemos cálculos mediante a ACN, com o intuito de obtermos outro subsídio conceitual para a atribuição do fragmento estrutural Ni(N)2(O)2. Os espectros vibracionais calculados pelo procedimento DFT concordam com o espectro infravermelho observado nas regiões de alta e de baixa energia. Palavras chave: Complexo guanidoacetato-serinato níquel (II). Estrutura e espectro vibracional. DFT: B3LYP/6-31G. INTRODUÇÃO O transporte de níquel no plasma está associado com a albumina e com alguns aminoácidos tais como a histidina, e também a proteínas 1. Quando temos elevada toxicidade de níquel, este metal se encontra no fígado, nos rins, nas glândulas endócrinas e no pâncreas 2. Em algumas proteínas, o níquel tem o comportamento de ácido de Lewis coordenando-se com os átomos de oxigênio e com o nitrogênio. O estado de oxidação do níquel no complexo [Ni(Gaa)(Ser)] é +2 podendo coordenar-se com geometrias quadrado plana e octaédrica. 136 Em algumas enzimas se presume que o níquel é favorável à quebra heterolítica do hidrogênio onde predomina a atividade redox do Ni(II). Estudos da toxicidade do níquel em camundongos durante restrição protéica foram desenvolvidos por Kusal e colaboradores 3, concluindo que o níquel exerce potentes efeitos tóxicos sobre tecidos periféricos como também no sistema reprodutor. Danos oxidativos mediados nas bases do DNA pelo níquel (II) em cromatina hepática e nos rins de camundongos prenhes e nos seus fetos, e a possível relevância a carcinogenese foi estudada por Kasprzak e colaboradores 4. O uso da espectroscopia de absorção de raios X (XAS) para elucidar a estrutura metálica e funções, aplicações do níquel à bioquímica, toxicologia molecular e carcinogenese foi estudado por Carrington e colaboradores 5. A coordenação e geometria do átomo de níquel na coenzima ativa M redutase desde a Methanothermobacter marburgensis , detectada por espectroscopia de absorção de raios X foi estudada por Duin e colaboradores 6. O estudo de interações do íon Ni(II) DNA com azul de metileno como prova fluorescente foi informada por Lei e seus assistentes 7. A análise conformacional do octa e tetra bromo tetrafenilporfirinas e seus complexos de Ni(II) e de Tb(II) foi estudada por GrudenPavlovi e seu grupo de colaboradores 8 . Esses e outros estudos do níquel (II) nos organismos vivos nos dizem, acerca da importância desse metal e das suas interações com aminoácidos nos organismos vivos. Sendo assim, chega a ser necessário com propósito de um melhor entendimento dessas interações, estudar a natureza das ligações metal-oxigênio e metal-nitrogênio em uma ampla série de complexos de Ni(II) aminoácidos. No trabalho que executamos aqui, o complexo guanidoacetato-serinato níquel (II) é objeto desta investigação espectroscópica. A espectroscopia vibracional é uma fonte de informação acerca das interações metal-ligante. De fato há muitos estudos na região de baixa energia do espectro infravermelho de metal-aminoácidos, nos quais as atribuições vibracionais têm sido feitas empiricamente, ou por meio de procedimentos mecânico-quânticos, sem termos uma rigorosa interpretação do grau de participação de cada coordenada interna na natureza dos modos normais, de forma que conduzam a uma atribuição mais precisa. Outro propósitos do presente trabalho é estudar as geometrias distorcidas dos modos normais pertencentes ao esqueleto estrutural, com o intuito de obter informação direta da participação das diferentes 137 coordenadas normais no modo normal ou movimento específico dos átomos, de acordo às perturbações energéticas permitidas no infravermelho. 10.1. Espectro FT-IR O espectro infravermelho com transformada de Fourier para o complexo guanidoacetato-serinato níquel (II), no estado sólido, foi registrado em um espectrofotômetro Perkin Elmer 2000 FT-IR. A aquisição dos dados espectrais foi feita com resolução de 4 cm-1. A velocidade de registro de cada espectro foi de 0.2 cm-1s-1 e se totalizaram 120 registros. Tais amostras sólidas mediram-se usando as técnicas da pastilha de KBr para a região espectral compreendida entre 4000 710 370 cm-1, e para a região entre 30 cm-1 usamos a técnica da pastilha de polietileno como suporte da amostra. Os espectros infravermelho se ilustram nas figuras 41 e 42. Figura 41: Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] na região entre 4000 370 cm-1 138 Figura 42: Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] na região entre 700 30 cm-1 10.2. Otimização dos parâmetros geométricos A otimização ab initio dos parâmetros geométricos, e a análise estrutural do complexo guanidoacetato-serinato níquel (II), [Ni(Gaa)(Ser)], foi feita utilizando o procedimento baseado na Teoria do Funcional de Densidade, com níveis DFT e com o conjunto de bases B3LYP/6-31G. A energia de estabilização calculada foi: E(RB +HF LYP) = - 2338,97965235 A. U. Os comprimentos de ligação calculados para as duas ligações Ni-N foram: 1.909 e 1.929 Å. Para o complexo aspartato hidroxo-aqua Ni(II), [Ni(Asp)(OH)(H2O)], os valores DFT calculados com bases B3LYP/6-31G e B3LYP-6311G foram: 1.824 e 1.892 Å, respectivamente 9. Para o complexo [Ni(L-aspO)(H2O)2].H2O, o comprimento da ligação Ni-N obtido experimentalmente por meio de difração de raios X foi de 2.047 Å 10 . O valor calculado usando o procedimento DFT: B3LYP/6-31G para os comprimentos de ligação Ni-O para o complexo [Ni(GAA)(Ser)] foram: 1.850 e 1.822 Å, e para o complexo [Ni(Asp)(OH)(H2O)] os valores DFT para as ligações Ni-O foram: 1.751; 1.818 e 1.854; 1.906 Å, utilizando as mesmas bases indicadas acima. Valores 139 experimentais para os comprimentos de ligação Ni-O para o complexo [Ni(LaspO)(H2O)2].H2O foram: 2.063 e 2.064 Å. Comprimentos de ligação e ângulos de ligação selecionados se apresentam na tabela 15. A estrutura geométrica do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] se ilustra na figura 43. As coordenadas cartesianas para este complexo se encontram no Anexo 3. Figura 43: Estrutura geométrica do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] obtida pelo procedimento DFT: B3LYP/6-31G. 140 Tabela 15: Comprimentos de ligações e ângulos interatômicos no complexo guanidoacetato-serinato níquel (II), [Ni(Gaa)(Ser)], obtidos através do procedimento DFT: B3LYP/6-31G. Comprimento de Ângulos interatômicos (°), ligação (Å) Ângulos interatômicos (°). Átomos i, j, k. Átomos i, j, k. Átomos i, j. 1-2 1.850 2-1 12 86.99 1 12 1.909 1 15 1 2 1- 15 178.45 7 - 10 - 11 107.49 1.822 2 1 16 93.27 13 -12 -14 107.46 16 1.929 1 2 3 116.54 15-21- 18 112.21 2 3 1.333 12 1 15 91.56 15-21-22 125.71 3 4 1.246 12 1 16 179.20 17-16-18 111.48 3 5 1.539 1 12 5 108.58 17-16-23 107.93 5 6 1.096 1 12 -13 108.38 18-16-23 115.72 5 7 1.539 1 12 14 107.81 16-18-19 111.70 5 12 1.502 15 1 88.19 16-18-20 107.64 7 8 1.103 1 15 21 116.53 16-18-21 109.49 7 9 1.093 1 16 17 108.13 16-23-24 110.43 7 10 1.437 1 16 18 106.22 16-23-27 126.33 23 107.04 19-18-20 108.31 16 9 7 - 10 106.51 10 11 0.987 1 16 12 13 1.021 2 3 4 124.86 19-18-21 111.36 12 -14 1.024 2 3 5 113.69 20-18-21 108.31 15 21 1.342 4 3 5 121.43 18-21-22 122.02 16 27 1.022 3 5 6 107.52 24-23-27 123.22 16 18 1.498 3 5 - 12 107.41 23-24-25 116.37 16 23 1.491 6 5 -7 108.21 23-24-26 119.84 18 19 1.092 6 5 12 107.61 23-27-28 117.78 18 20 1.095 7 5 12 113.77 25-24-26 119.18 18 21 1.536 5 7 8 109.30 21 22 1.235 5 7 9 110.26 141 23 24 1.368 5 7 - 10 110.53 23 27 1.280 5 12 - 13 113.36 24 25 1.008 5 12 24 26 1.016 8-7 27 28 1.020 8 14 9 7 - 10 111.07 108.32 111.86 10.2.1. Atribuições vibracionais As atribuições vibracionais se realizaram com a assistência da Teoria do Funcional de Densidade 11, 12, 13 , através do procedimento de cálculo DFT com conjunto de bases B3LYP-6-31G. A tradicional análise de coordenadas normais baseada no procedimento conhecido como o método matricial FG de Wilson-El´yashevich 14, 15, 16, também se utilizou para o fragmento estrutural Ni(N2)(O2) de simetria C2v, com o intuito de assistir às atribuições vibracionais dos números de onda anarmônicos. Para a discussão das atribuições dos diferentes modos normais do complexo [Ni(Gaa)(Ser)], tomaremos os números de onda calculados através do procedimento baseado na Teoria do Funcional de Densidade, corrigidos pelo fator 0.9613, como uma base de comparação com os números de ondas experimentais do espectro infravermelho. Para obter a descrição mais precisa dos modos normais na região metal-ligante, utilizaremos a percentagem de desvio dos parâmetros geométricos desde sua posição de equilíbrio (PDPG)17. A PDGP pode também ser normalizada de forma a obter a percentagem de participação de cada coordenada interna vibracional, inserida na descrição de cada modo normal do esqueleto estrutural do complexo. 142 10.2.2. Atribuição vibracional das bandas Estiramentos NH Ao todo esperamos observar seis bandas pertencentes aos modos normais de estiramento assimétricos e simétricos N-H. Um grande número de aminas alifáticas primárias apresenta absorções no espectro infravermelho devido aos estiramentos N-H, na região compreendida entre 3500 e 3400 cm-1. Na região entre 3500 até 3100 cm-1, através da análise de deconvolução de bandas (ADB) encontramos bandas de absorção em 3451, 3390, 3375, 3221 e em 3176 cm-1. A partir da observação direta do espectro encontramos bandas em: 3386 cm-1, 3338, 3304 e 3174 cm-1. A banda localizada em 3451 cm-1(ADB) se atribui como um dos modos as(NH). Williams para aminas primárias Utilizando este valor na relação de Bellamy (a ) = 345.5 + 0.876 (a )18, encontramos o valor calculado de 3369 cm-1 , o qual pode correlacionar-se com 3375 cm-1 obtido pelo ADB. A banda encontrada em 3390 cm-1 (ADB) pode atribuir-se como outra as(NH), na qual, aplicando a relação acima mencionada, obtemos o valor de 3315 cm-1, que pode correlacionar-se com o número de onda experimental encontrado em 3304 cm-1 e atribuído como um dos modos s(NH). As correlações entre as bandas no infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR), com aquelas indicadas pela segunda derivada do espectro e as bandas determinadas pela análise de deconvolução, se apresentam na tabela 16. As bandas calculadas para esses modos de estiramentos N-H têm boa concordância com os valores experimentais. Estiramentos OH Devido à forte sobreposição de bandas na região das absorções dos estiramentos NH no espectro infravermelho, não foi possível observar a banda correspondente ao estiramento O-H do ligante ácido guanidoacético no complexo. A segunda derivada do espectro e a análise de deconvolução de bandas revelam uma banda em 3286 cm-1 que pode ser atribuída ao modo vibracional (OH). O cálculo DFT proporciona o valor de 3503 cm-1 (3367 cm-1 parametrizado pelo fator de escala 0.9613). 143 Estiramentos CH. Esperamos observar cinco bandas de estiramento C-H no espectro infravermelho pertencentes aos diferentes ligantes no complexo [Ni(Gaa)(Ser)]. Os valores calculados pelo procedimento DFT foram: 3153, 3117, 3093, 3092 e 2989 cm-1. Esses números de onda podem correlacionar-se com os encontrados experimentalmente em: 3046, 2964, 2926, 2889 e 2857 cm-1. Detalhes do espectro FT-IR e do espectro da 2a. derivada na região compreendida entre os números de onda 3700 2800 cm-1 se ilustra na figura 44. Figura 44: Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] na região de números de onda compreendida entre 3500 - 2500 cm-1, junto ao espectro da segunda derivada das bandas. Estiramentos C=N e C=O. Os cálculos DFT têm mostrado que, a absorção correspondente ao modo normal de estiramento C=N está em posição energética maior que a absorção do modo de estiramento da carboxila, C=O. As bandas observadas para esses modos vibracionais foram: 1701 cm-1, 144 1671 cm-1 e 1627 cm-1, apresentando um excelente acordo com os números de onda calculados em: 1784 (1718), atribuído como (C=N), 1740 (1673) atribuído como (C=O), e em 1710 (1644) cm-1 atribuído como o estiramento assimétrico C=O. Vibrações de deformação angular HNH e HCH. Em termos gerais, as vibrações de deformação angular HNH e HCH consideram-se características com números de onda bem definidos variando em faixas espectrais determinadas. Como usual, podemos distinguir esses modos de deformação angular de acordo aos nomes: tesouras (scissoring), abanando (wagging), torcendo (twisting) e de balanceio (rocking), dentro dos agrupamentos CH2 e NH2. A banda vibracional encontrada em 1627 cm-1 (valor calculado em 1644 cm-1), pode atribuir-se como (HNH)sciss. + (C=O). A banda encontrada em 1582 cm-1 (1618 cm-1 valor calculado) pode atribuir-se como (HNH)sciss. A banda da segunda derivada encontrada em 1544 cm-1 pode atribuirse ao modo (HNH)sciss. A banda observada aos 1154 cm-1 concorda com o valor calculado em 1167cm-1 e pode atribuir-se ao modo acoplado (NH2) wagg + (CH2) wagg. Modos vibracionais acoplados encontrados em 1133 (2d) cm-1, 1100 cm-1 (ADB), 1096 cm-1, 984 cm-1 (2d), 800 cm-1 (2d), 768 cm-1 (2d), 744 (2d) cm-1, 700 cm-1 e em 543 (ADB) cm-1 podem atribuir-se como vibrações de variação angular dos grupos NH2 e NH. As descrições desses modos se apresentam na tabela 16. Referente aos grupos CH2 e CH na estrutura do complexo, atribuímos as seguintes bandas como pertencentes aos modos de variação angular HCH: 1564 (2d), 1411, 1378, 1346 (2d) - 1357 (ADB), 1324 (2d) 1329 (ADB), 1300, 1179 cm-1, a descrição da atribuição vibracional desses modos de deformação angular se apresentam, na tabela 16. O espectro FT-IR do complexo [Ni(Gaa)(Ser)], junto ao espectro da segunda derivada na região compreendida entre 2100 e 1000 cm-1, se ilustra na figura 45. 145 Figura 45: Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] na região de números de onda compreendida entre 2100 - 1000 cm-1, junto ao espectro da segunda derivada das bandas. Atribuições vibracionais para os estiramentos CN, CO, e CC. Uma mistura com sentido físico, natural e considerável das coordenadas internas que descrevem estiramentos isolados C-N, C-O, C-C, se encontram nos modos normais pertencentes aos anéis quelantes no complexo [Ni(Gaa)(Ser)]. As seguintes bandas no infravermelho podem atribuir-se a esses modos acoplados: 1236(IR) (1237 2d, 1321 ADB) cm-1 (CO) + (CC); 1206 (calculado) cm-1 (CO) + (CC); 1133 (IR) (1123 2d, 1136 ADB) cm-1 + s(CN) + (NH2)twist;1055 (calculado) (CN) + (CC); 1028 (2d.), 1024 (ADB) (CO) + (CC); 940 (IR), 941 (2d), 939 (ADB) (CN); 873 (IR), 880 (2d) cm-1 (CC) (CC=O); 824 (IR) 825 (2d), 825 (ADB) (CC) + (CN) + (CC=O); 721 (2d), 719 (ADB) (CH2). Detalhes do espectro FT-IR e do espectro obtido pela segunda derivada na região entre 1200 até 500 cm-1 se ilustram na figura 46. 146 Figura 46: Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] na região de números de onda compreendida entre 1200 - 500 cm-1, junto ao espectro da segunda derivada das bandas. 10.2.3. Vibrações normais do esqueleto estrutural O propósito do estudo vibracional referente à região de baixa energia é elucidar nos modos pertencentes ao esqueleto estrutural qual, ou quais, são os estiramentos ou distorções angulares que têm maior participação na descrição do modo normal. Para o químico inorgânico, um melhor entendimento da região de baixa energia espectral onde acontecem as vibrações metal-ligante é de relevância. Uma distinção nítida das vibrações metal-ligante não é simples devido à elevada mistura das diferentes coordenadas internas que tomam parte na descrição do modo. Com o propósito de termos um melhor entendimento dos modos normais que absorvem no IR nessa região energética, e com o intuito de termos uma atribuição mais racional estudamos 147 neste trabalho as geometrias distorcidas de cada modo normal, analisando a extensão na qual a configuração dos parâmetros de equilíbrio se deslocam. A primeira suposição neste estudo tem fundamento no procedimento bem conhecido como a Separação Energética Entre as Freqüências de Elevada das de Baixa Energia ( Higher and Low Energy Region Separation of the Vibrational Wave numbers )14,19. No espectro vibracional observamos claramente quatro regiões bem definidas: a região de elevada energia compreendida entre 3500 2850 cm-1, na qual encontramos os estiramentos -CH, -NH e outros estiramentos. Na região entre 1700 a 600 cm-1 encontramos a descrição de muitas variações angulares pertencentes aos agrupamentos NH2, -CH2, e na região de baixa energia compreendida entre 600 a 200 cm-1 podemos descrever as vibrações metal-ligante. Os modos de torção podem ser encontrados também abaixo de 200 cm-1. A partir de uma descrição visual aproximada dos modos normais obtida pelos gráficos em três dimensões fornecidos pelo programa Chemcraft 21 , temos escolhido neste estudo a região entre 720 cm-1 a 192 cm-1 com a região na qual as vibrações metal-ligante têm maior participação. A banda calculada por meio da DFT em 719 cm-1 (691 cm-1 valor corrigido) não tem correlação com bandas observadas. Esta banda calculada pode atribuir-se ao modo acoplado (CCO) + (NH2)wagg. O ângulo CCO apresenta uma distorção da ordem de 39%. A banda calculada em 689 cm-1 (662 cm-1 valor corrigido) pode correlacionar-se à banda observada em 668 cm-1. Esta banda pode atribuir-se como outro modo de variação angular (CCO) + (NH2)wagg, no qual a distorção angular no ângulo CCO é da ordem de 43%. A banda observada em 651 cm-1 (valor calculado em 661 cm-1) pode ser descrita como o acoplamento (CH2) + (CCO, CCN) + (CC). As distorções dos ângulos internos dos anéis formados pelos aminoácidos na quelação são da ordem de 30%, e a distorção da ligação C-C é da ordem de 27%. O número de onda calculado a 655 cm-1 (645 cm-1, observado) pode atribuir-se como o acoplamento (OH) + (CCO). O ângulo CCO tem uma variação da ordem de 27%. O número de onda experimental encontrado em 612 cm-1 pode associar-se com o valor calculado em 628 cm-1, e pode atribuir-se ao modo acoplado (CCO) + (C=O). Aqui a distorção angular CCO da sua posição de equilíbrio é da ordem de 36% , e o comprimento de ligação da carboxila C=O, apresenta uma distorção de 24%. O valor 148 calculado em 602 cm-1 que podemos correlacionar com o valor experimental encontrado no espectro FT-IR em 596 cm-1 através da análise de deconvolução de bandas, pode ser atribuída ao modo acoplado as(NiN) + (ONiN). Neste caso a distorção dos comprimentos de ligação Ni-N são da ordem de 22%, e a distorção dos ângulos ONiN atingem 32%. Na análise de coordenadas normais o número de onda observado em 596 cm-1 pode atribuir-se como as(NiN). O número de onda calculado aos 591 cm-1 pode correlacionar-se com o valor experimental encontrado em 563 cm-1. Esta banda pode atribuir-se ao modo acoplado (NCC, CCO) + (NiN). Aqui, a distorção angular foi da ordem de 28%, e a distância Ni-N apresentou uma variação no seu parâmetro de equilíbrio da ordem de 12%. Os 60% restante na composição do modo normal se distribui entre as 18 coordenadas internas do esqueleto estrutural, usadas nestas análises, cada uma com variações menores que 10%. Uma discussão sobre o valor de 584 cm-1 indica que este número de onda pode ser atribuído como modo de variação angular acoplado (ONiN), onde as distorções dos ângulos O-Ni-N atingem o patamar de 18%. Somando a estes valores encontramos na composição do modo normal, a contribuição das coordenas internas de variações angulares N-C-C e C-C-O no interior do anel, totalizando com 23% de participação. Os cálculos DFT mostram que o valor de 554 cm-1 se correlaciona com o número de onda experimental encontrado em 557 cm-1 através da análise de deconvolução de banda, podendo ser atribuído como um dos modos (CCO), no qual a variação angular C-C-O foi da ordem de 34%, acoplado também com o modo de estiramento (NiN) onde a variação do comprimento de ligação teve um desvio de 11%. A banda seguinte observada no FT-IR absorve em 481 cm-1. O valor calculado pelo procedimento DFT foi de 529 cm-1, e de acordo com a geometria distorcida do modo normal podemos atribuir este número de onda como o modo de balanceio acoplado (NH2) + (CH2). Encontramos na composição desse modo uma distorção da ordem de 11% no comprimento das ligações Ni-N, e de 34% nos ângulos C-C-O internos dos anéis. Uma melhor descrição para esse modo será então (NH2, CH2) + (CCO) + (NiN). O valor calculado de 472 cm-1 através do procedimento DFT pode correlacionar-se com a banda experimental encontrada em 458 cm-1, esta banda pode atribuir-se como: (NiN) + (ONiN). Aqui temos distorções da ordem de 28 e 29% para os comprimentos de 149 ligação Ni-N e para o ângulo O-Ni-N, respectivamente. De acordo a análise de coordenadas normais, a banda observada em 458 cm-1 pode atribuir-se ao modo as(NiO) com 100% PED. O valor calculado de 461 cm-1 pelo procedimento DFT, correlaciona com o valor experimental de 437 cm-1 e pode ser atribuído ao modo acoplado (ONiN) + (NiO). Aqui, o comprimento de ligação Ni-O tem uma variação de 13%, e o ângulo de ligação O-Ni-N atinge uma variação de 20%. A atribuição vibracional por meio da ACN é: (ONiO) 63% (PED) + (NiO) 27% (PED). A banda observada no infravermelho em 389 cm-1 e calculada em 422 cm-1 pode atribuir-se como outro modo vibracional (ONiN), onde a variação dos ângulos O-Ni-N é de 26%, acoplada com o estiramento (CC) com 13% de desvio na distância de equilíbrio C-C. O valor calculado em 382 cm-1 pode correlacionar-se com o número de onda experimental encontrado aos 378 cm-1, e pode atribuir-se como o modo acoplado (ONiN + NCC + CCO), no qual as distorções angulares dos anéis somam 41%, mais a contribuição do modo de estiramento (NiN), onde a distorção dos ligações Ni-N é de 13%. O próximo número de onda calculado foi de 345 cm-1, não podendo ser correlacionado a nenhum valor experimental. Aqui encontramos na geometria distorcida gerada pelo modo normal uma variação de 19% nos ângulos de ligação O-Ni-N, e 15% de distorção no comprimento da ligação Ni-N. A percentagem restante se distribui entre as outras 18 coordenadas internas do esqueleto estrutural usadas nessa análise, cada uma com variações menores que 10%. Na descrição desse modo nenhuma contribuição apreciável dos grupos -NH2, -CH2 e -C=O foi detectada visualmente na representação gráfica computada desse modo normal. Encontramos que a descrição mais aprimorada dever ser: (ONiN) + (NiN). O número de onda calculado em 330 cm-1 correlaciona com o valor experimental encontrado em 319 cm-1. As distorções angulares N-C-C e C-C-O são da ordem de 27%. Visualmente se detecta uma torção de anel que conduz a um movimento de balanceio do grupo CH2. A provável atribuição para esse modo é: (NCC, OCC) + (OCCC). O número de onda de 319 cm-1 foi utilizado na ACN, e a provável atribuição é: (ONiO) 100% (PED). 150 Para o valor calculado a 324 cm-1 que correlaciona com o valor experimental no infravermelho em 292 cm-1, encontramos que as distorções angulares são da ordem de 25%, existindo aqui uma elevada contribuição da coordenada interna de torção (CCNNi). A representação provável para o modo normal parece ser: (CCNNi) + (NCC, OCC). O modo normal calculado em 243 cm-1 correlaciona com o valor experimental encontrado em 270 cm-1. Os cálculos apontam uma distorção de 19% nos ângulos O-Ni-N, e uma distorção de 32% no comprimento da ligação Ni-O. Este modo normal pode atribuir-se como acoplamento (ONiO) + (NiO). A atribuição por meio de ACN é: (NNiN) 100% (PED), de acordo as restrições naturais utilizadas no procedimento . O número de onda calculado em 231 cm-1 correlaciona com o valor experimental encontrado em 213 cm-1 (ADB). A descrição do procedimento DFT para este modo normal indica que se trata principalmente de um modo (NiO). Os dois comprimentos de ligação Ni-O têm um desvio de 25%, e os desvios dos ângulos de ligação O-Ni-O, e N-Ni-N somam 19%. O movimento do átomo de níquel induz uma torção natural nos dois anéis que o rodeiam. A atribuição provável para esse número de onda é: (NiO) + (ONiO, NNiN). As análises para a geometria distorcida do modo normal calculado em 218 cm-1 mostram que há fortes distorções nos dois anéis e nos aminoácidos que rodeiam o átomo de nitrogênio. Os desvios angulares atingem 42% e os desvios dos comprimentos das ligações Ni-O e Ni-N alcançam 20 e 14%, respectivamente. A atribuição mais provável para esse modo fortemente acoplado é: (NiO, NiN) + (ONiN, NCC, CCO). Números de onda abaixo de 218 cm-1 podem ser atribuídos a modos de torção. O espectro infravermelho com transformada de Fourier e a segunda derivada do espectro na região de 700 30 cm-1 se apresentam na figura 47. A figura 48 apresenta as geometrias distorcidas com deslocamentos vetoriais dos modos normais na região de baixa energia. As figuras foram capturadas usando o programa Chemcraft 20. 151 Figura 47: Espectro FT-IR do complexo [Ni(Gaa)(Ser)] na região de números de onda compreendida entre 700 - 100 cm-1, junto ao espectro da segunda derivada das bandas. 152 602 (596) cm-1 472 (458) cm-1 461 (437) cm-1 434 (406) cm-1 422 (389) cm-1 Figura 48: Estrutura dos modos normais (geometria distorcida da posição de equilíbrio) na região de baixa energia, para o complexo [Ni(Gaa)(Ser)] 153 345 (---) cm-1 330 (319) cm-1 243 (270) cm-1 231 (213) cm-1 218 (201) cm-1 154 10.3. Análise de Coordenadas Normais Tendo como base as atribuições prováveis obtidas pelos resultados DFT da geometria distorcida dos modos normais, foi selecionado um conjunto representativo de números de onda para o esqueleto estrutural. Os parâmetros geométricos que descrevem o fragmento estrutural Ni(O)2(N)2 , para o qual se assume a simetria C2v, foram tomados da tabela 15. Na ACN usamos o campo de força de valência modificada, onde o conjunto inicial de constantes de força foi obtido através da relação Fii = ii/ Gii, sendo Gii os elementos diagonais da matriz dos coeficientes cinemáticos. As constantes de força se ajustaram através do método de mínimos quadrados 21 de forma a atingir o melhor acordo entre os números de onda experimentais e calculados. O acordo entre os nove números de onda observados e calculados está dentro do 0,1% de desvio. Os números de onda observados a 596 e 563 cm-1 se atribuíram aos modos normais as(NiN) e s(NiN), e devido a restrições naturais da aproximação, eles aparecem sem acoplamento vibracional. A constante de força de valência para o estiramento Ni-N foi de fNi-N = 2.34 mdynÅ-1. Os números de onda observados a 458 e 389 cm-1 se atribuíram aos modos as(NiO) and s(NiO) respectivamente. O estiramento simétrico aparece com forte acoplamento com o modo de variação angular O-Ni-O. A constante de força de valência foi de fNiO = 1.42 mdynÅ-1. Na tabela 16 os caracteres representados em negrito fazem referência a atribuição aproximada obtida através da ACN. 155 Tabela 16: Espectro experimental FT-IR e espectro vibracional calculado pelo procedimento DFT: B3LYP/6-31G (números de onda em unidades de cm-1) para o complexo [Ni(Gaa)(Ser)] . DFT:B3LYP/631G nº de onda calc. e int. IR * 3714 (84,67) 3538 (29,34) 3532 (6,71) 3520 (167,4) 3503 (85,35) 3477 (20,92) 3449 (10,97) 3153 (5,17) 3117 (28,93) 3093 (5,99) 3092 (5,80) 2989 (55,79) 1787 (253,06) 1740 (302,98) 1714 (33,34) 1710 (450,60) DFT.valor corrigido por 0.9613 3570 3401 3395 3384 3367 3342 3315 3031 3117 2973 2972 2873 1718 1673 1648 1644 FT-IR nº de onda (% T) 1683 1552 1517 1466 3386 (35) 3338 (32) 3304 (34) 3174 (30) 3046 (20) 2964 (22) 2926 (19) 2ª derivada 3383 3341 3304 3277 3171 ADB Atribuição aproximada 3451 3390 3375 3286 3221 3176 2966 2857 (17) 1701 (32) 1671 (40) 2962 2928 2889 2861 1701 1670 1627 (45) 1630 1628 1618 1492 1458 1409 1582 (47) 1582 1410 (48) 1579 1564 1544 1411 1455 (85,77) 1399 1378 (50) 1377 1375 1405 (72,26) 1392 (2,10) 1366 (75,82) 1351 1338 1313 1346 1324 1357 1329 1351 (31,34) 1299 1346 1286 1272 1255 1233 1294 1236 1223 1206 1185 (220,78) (0,2136) (19,26) (56,17) (66,92) (148,55) (5,00) (249,33) (92,57) 2865 1713 1671 1408 1300 (23) 1302 1236 (30) 1237 1231 1179 (12) 1179 1176 (NH)as (NH)as (NH) s (NH) (OH) (NH) s (NH) as (CH) as (CH) s (CH) (CH)met as (CH) (C=N) (C=O) (HNH)sciss (HNH)sciss + (C=O) (HNH)sciss (HCH)sciss (HNH)sciss (HCH)wagg + (CNH) (HCH)wagg + (COH) (CH) (HCH)wagg (HNH)wagg + (CN) (CH) + (HCH)twist (HCH)wagg (CO)+ (CC) (HCH) twist (CO)+ (CC) (HCH)twist 156 1214 (100,76) 1167 1154 (14) 1155 1153 1184 (15,11) 1138 1133 (13) 1133 1136 1170 (194,22) 1115 (215,06) 1098 (3,95) 1086 (124,40) 1062 (15,76) 1040 (49,25) 1034 (56,06) 1019 (15,63) 1001 (35,14) 907 (34,82) 867 (22,75) 818 (7,63) 802 (35,56) 786 (51,67) 767 (37,61) 736 (25,52) 719 (245,67) 1125 1072 1055 1044 1021 1000 994 979 962 872 833 786 771 755 737 707 691 689 (109,19) 662 668 (20) 665 661 655 628 602 635 630 604 579 651 (20) 612 644 605 654 645 608 596 591 (17,47) 584 (3,84) 568 561 563 (5) 566 554 (36,15) 532 535 (7) 529 (14,15) 508 481 (13) 472 (19,59) 454 458 (11) 461 (23,71) 443 437 (17) (20,69) (253,44) (2,68) (36,13) 1100 1096 (14) 1093 1046 (19) 1049 1028 1007 984 1047 1024 1006 991 941 880 825 800 768 744 721 701 939 1007 (15) 940 (6) 873 (2) 824 745 700 825 754 719 701 569 557 543 481 484 465 436 436 (NH2)wagg + (CH2)wagg s (CN) + (NH2)twist (HNH)twist (NH) (CN) + (CC) (CNH) (CN) (CO)+ (CC) (HNH)wagg (CH2) + (NC) (CN) (CC) + (O=CO) (CC=O)+ (CC) (HNH)twist (NH) (NH) + (CN) (CN) + (CH2) (NH2) (HNH)wagg + (NCN) (NCN) + (HNH)wagg (NiNC) + (CNC) (OH) (CONi) + (CCO) as(NiN) ; as(NiN) 100% PED. (CCO) + s(NiN) (ONiN) + (NCC, CCO) (CCO) + (HNH)wagg (NH2, CH2) + (CCO) + (NiN) as(NiN) + (ONiN); s(NiO) 100% PED (ONiN) + (NiN); (ONiO) 63% PED + (NiO)27% PED 157 434 (5,88) 422 (2,16) 417 406 406 (9) 389 (8) 427 393 (ONiN)ring 397 (ONiN)ring; (NiO) 100% PED 382 (3,80) 367 378 (7) 372 (ONiN +NCC + CCO) + (NiN) 345 (1,76) 332 (ONiN) + (NiN); 330 (13,66) 317 319 (21) 323 321 (NCC + CCO)+ (OCCC); (ONiN) 100% PED 324 (2,77) 311 292 (11) 305 (CCNNi) + (NCC, OCC) 243 (21,36) 233 270 (6) 289 (ONiO) + (NNiN); (NNiN) 100% PED. 231 (2,91) 222 213 (NiO)+ (ONiO); 218 (0,45) 209 201 (20) 200 203 (NiO)+ (NiN)+ + (NNiN, NCC, CCO) 192 (12,11) 184 172 (26) 197 (NNiN) + (ONiO) 170 (8,19) 163 164 (17) Torsion 123 (6,33) 118 132 (35) 136 Torsion 110 (9,44) 106 119 (30) 115 Torsion 96 (5,50) 92 92 (29) 96 97 Torsion 77 (1,94) 74 87 (24) 83 85 Torsion 58 (5,13) 58 62 (15) 61 65 Torsion 49 (5,69) 47 46 (10) 48 Torsion 30 (2,21) 29 Torsion *Intensidade IR em Km/mol ; em caracteres escritos em negrito estão os resultados ACN para o fragmento Ni(O)2(N)2. 158 10.4. Referências bibliográficas 1. N. W. Solomons, F. Viteri, T. R. Schuler and F. H. Nielsen, J. Nutr., 112(1) (1982) 39. 2. B. Sarkar., Nickel Toxicology. S.S. Brown and I.W. Sanderman, Jr, Eds. Academic Press, London. 1980. 3. D. K. Kusal, Shakuntala Dasgupta; Environmental Health Perspectives, 110 ( 2002) 923. 4. S. K. Kazimierz, A. D. Bhalchandra, J. M. Rice, M. Misra, C. W. Riggs, R. Olinski, and M. Dizdaroglu. Chem. Res. Toxicol., 5 (6) (1992) 809. 5. Paul E. Carrington, Faizah Al-Mjeni, Maria A. Zoroddu, Max Costa, and Michael J. Maroney. Environmental Health Perspectives. 110 (5) (2002) 705. 6. E. C. Duin, N. J. Cosper , F. Mahlert, R. K. Thauer, R. A. Scott. J Biol Inorg Chem. 8(1-2) (2003) 141. 7. Lei Z. Zhang and Peng Cheng. Journal of Inorganic Biochemistry, 98 (2004) 569. 8. Maja Gruden-Pavlovi , Sonja Grubiai and Svetozar R. Niketi . Journal of Inorganic Biochemistry, 98 (2004) 1293. 9. O. Versiane Cabral, O, C. A. Téllez S, T. Giannerini, J. Felcman, Spectrochim Acta Part A 61 (2005) 337. 10. L. Antolini. L. Menabue, G. C. Pallacani, J. Chem. Soc.Dalton Trans.(1982) 2541. 11. R. G. Parr, W. Yang, Density Functional Theory of Atoms and Molecules, Oxford University Press, Oxford, 1989. 12. A. D. Becke, J. Chem. Phys. 98 (1993) 1372. 13. M. J. Frisch, G. W. Trucks, H. B. Schlegel, G. E. Scuseria, M. A. Robb, J. R. Cheeseman, V. G. Zakrzewski Jr., J. A. Montgomery, R. E. Stratmann, J. C. Burant, S. Dapprich, J. M. Millam, A. D. Daniels, K. N. Kudin, M. C. Strain, O. Farkas, J. Tomasi, V. Barone, NM. Cossi, R. Cammi, B. Mennucci, C. ÇPomelli, C. Adamo, S. Clifford, J. Ochterski, G. A. Peterson, P. Y. Ayala, Q. Cui, K. Morokuma, D. K. Malick, A. D. Rabuck, K. Raghavachari, J. B. Foresman, J. Cioslowski, J. V. Ortiz, A. G. Baboul, B. B. Stepanov, G. Liu, A. Liashenko, P. Piskorz, I. Komaromi, R. Gomperts, R. L. Martin, D. J. Fox, T. Keith, M. A. Al-Laham, C. Y. Peng, A. Nanayakkara, C. González, M. Challacombe, P. M. W. Gill, B. Johnson, W. Chen, M. W. Wong, J. L. Andresw, C. González, M. Head- 159 Gordon, E. S. Repogle, J. A. Pople, Gaussian 98, Revision A. 7, Gaussian Inc., Pittsburgh, PA, 1998. 14. E. B. Wilson, J. C. Decius, P. C.,Cross Molecular Vibrations; The Theory of Infrared and Raman Vibrational Spectra, McGraw-Hill, New York, 1955. 15. M. A. El´yashevich, Doklady AN SSSR 28 (1940) 605. 16. M. A.. El´yashevich, Zh. Fiz. Khim. 14 (1940) 1381. 17. C. A. Téllez S., E. Hollauer, M. A. Mondragon, V. M. Castaño, Spectrochim. Acta Part A 57 (2001) 993. 18. L. J. Bellamy, R. L. Williams, Spectrochim. Acta 9 (1957) 341 19. K. H. Schmidt, A. Müller, Coord. Chem. Rev. 19 (1976) 41. 20. Chemkraft: http//www. chemkraftprog.com/order.htlm 21. Y. Hase and O. Sala, Computer Programes for Normal Coordinate Analysis Universidade de São Paulo, Brazil, 1973. 160 11 RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir de um estudo apurado dos diagramas de distribuição de espécies para os ligantes serina, glicina e ácido guanidoacético, juntamente com a curva de solubilidade do Ni(NO3)2 (concentração molar x pH3O+), foram identificados para a síntese dos complexos trans-bis (glicinato) níquel (II), trans-bis (serinato) níquel (II) e guanidoacetato - serinato níquel (II), as quantidades em concentrações molares dos ligantes aminoácidos e do Ni(NO3)2 e os limites de pH3O+ . Identificou-se também os limites de pH3O+ para a realização da síntese. A análise elementar CHN-O e a análise termogravimétrica dos complexos em estudo não foram realizadas devido ao fato de que os espectros infravermelho dos compostos coincidiram exatamente como os informados por Versiane. No entanto, uma análise espectroscópica no infravermelho com intuito analítico fora realizada para caracterizar a presença dos grupos químicos NH2 , -CH2, -C=O, e de ligações características NH, -CH, que formam parte da estrutura dos complexos. Posteriormente, realizamos uma análise precisa dos espectros infravermelho nas regiões compreendidas entre 4000 370 cm-1 e entre 700 30 cm-1, incluindo a segunda derivada dos espectros e análise de deconvolução de bandas (ADB). As regras de seleção indicam que todos os modos normais são ativos tanto no espectro infravermelho quanto no espectro Raman. Devido ao fato de que as amostras se descompõem frente à incidência do laser de infravermelho, os espectros Raman não foram registrados. A análise estrutural teórica através do procedimento DFT:B3LYP/6-31G, entre outros utilizados neste estudo baseados na Teoria do Funcional de Densidade, mostrou que as estruturas mais prováveis e estáveis para os três complexos em estudo é a quadrado plana com os átomos de N e O em posição trans coordenando o átomo de Ni. As geometrias espaciais se obtiveram através do cálculo acima indicado, e foram tomadas como base para a determinação dos espectros vibracionais teóricos e ter assim uma assistência para a atribuição vibracional. 161 O fato de que todas as bandas observadas nos espectros infravermelho puderam ser atribuídas razoavelmente através dos procedimentos DFT e ACN comprova que as estruturas geométricas propostas para os complexos são as corretas. Para a interpretação da análise vibracional pelo procedimento DFT através do programa Gaussian, pensamos que a apresentação visual de cada modo normal fornece somente uma aproximação grosseira de sua própria caracterização, em conseqüência disto estudamos os desvios das distâncias e dos ângulos das ligações das estruturas distorcidas dos modos normais. Com esta informação, temos uma melhor indicação de quais distâncias ou ângulos que conformam as coordenadas internas têm uma maior participação nas vibrações moleculares. Juntamente com esse procedimento de caracterização de modos normais realizamos a análise de coordenadas normais (ACN), através do método matricial GF de WilsonEl´Yashevich para os fragmentos estruturais Ni(O)2(N)2, e mediante os resultados obtivemos as constantes de força para os estiramentos Ni-N e Ni-O, para os três complexos. 162 12 CONCLUSÕES Do estudo estrutural e espectroscópico vibracional dos complexos trans (glicinato) níquel (II), trans bis bis (serinato) níquel (II) e do complexo misto guanidoacetato- serinato níquel (II) chegamos as seguintes conclusões: A estrutura geométrica dos três complexos foi determinada, e verificou-se que os ligantes glicinato, serinato e guanidoacetato serinato, se complexam em posição trans aos átomos de nitrogênio e oxigênio. Todas as estruturas foram obtidas com o mínimo de energia de formação aplicando o procedimento DFT: B3LYP/6-31G baseado na Teoria do Funcional de Densidade. De posse das estruturas geométricas a análise vibracional foi realizada e obtiveramse os espectros teóricos, os quais, ao serem comparados aos espectros infravermelho experimentais, apresentaram uma excelente concordância. Disto se conclui que as estruturas geométricas das quais derivaram os espectros são as corretas. Devido ao fato de que as atribuições vibracionais dos modos normais gerados pelos cálculos DFT: B3LYP/6-31 G é incerta pela representação gráfica deles em movimento, procedeu-se ao estudo das geometrias distorcidas de cada modo. Dessa forma, podemos quantificar percentualmente quais coordenadas internas vibracionais tiveram maior incidência na distorção do modo, e assim os modos puderam ser descritos de melhor forma. A aproximação baseada na separação das freqüências de elevada energia com relação as de baixa energia, no estudo das geometrias distorcidas de cada modo normal foi útil, permitindo limitar os parâmetros geométricos aos mais representativos das vibrações moleculares na região de baixa energia. Para quelato-complexos formando anéis ao redor do átomo central, como nos casos estudados no presente trabalho, não se encontram os modos vibracionais metal-ligante de estiramento NiN, NiO ou de variações angulares ONiN, ONiO e NNiO com 100% de pureza. Encontram-se naturalmente misturados, e/ou dispersos na composição de cada modo. Através da PDPG foi possível quantificar a participação de cada um deles nas absorções metal-ligante na região de baixa energia. 163 Com o intuito de termos uma maior certeza na atribuição vibracional na região metal-ligante desenvolvemos a ACN para os complexos em estudo, com base no modelo reduzido Ni(O)2(N)2 de simetria C2v. Através do procedimento, confirmou-se a atribuição teórica baseada na DFT, e obtiveram-se aproximadamente os valores das constantes de força fNiN e fNiO. A tabela 17 apresenta as variações percentuais das distâncias das ligações NiN e NiO, e dos ângulos ONiN, ONiO e NNiN, na composição dos modos normais na região de baixa energia. 164 Tabela 17: Variações percentuais das distâncias das ligações Ni-N e Ni-O, dos ângulos ONi-N, O-Ni-O e N-Ni-N na composição dos modos normais dos complexos [Ni(Gli)2], [Ni(Ser)2] e [Ni(Gaa)(Ser)], na região de baixa energia. (*) Nº onda (cm-1) [Ni(Gli)2] Nº onda (cm-1) [Ni(Ser)2] Nº onda (cm-1) [Ni(Gaa)(Ser)] 600 + (NiO) 13.8% + (CC) as 13.4%. 582 as(NiN)34% 596 as(NiN)22%+ 546 (CC)13.8% + (NiNC) 11% + s(NiN) 10.6%. 526 s(NiN) 563 (NCC,CCO)28%+ (NiN)12% 557 (CCO)34%+ (NiN)11% as(NiN)17.7% 523 35.7% + (NiNC) 13%. 486 (NiNC) 28.4% + s(NiN) 21%. (NiN) 19.2% + 451 405 365 23% as(NiN) (CC=O) 59% as(NiO) 33% + (CC=O)23%. (ONiN)28.1%+ (NiOC) 21.4% + (NiNC) 21% (ONiN)32% 472 (ONiN)32% 458 (NiN)28%+ (ONiN)29% 457 (ONiO)29% 437 (ONiN)20%+ (NiO)13% 418 (ONiN)25% 389 (ONiN)26%+ (CC)13% 375 (ONiO)11%+ (ONiO,NNiN) 18% 378 (ONiN,NCC,CCO)41%+ (Ni N)13% s(NiO)8.6%+ 354 (CC=O)76%. (345) (ONiN)19%+ (NiN)13% (*) Os modos normais se descrevem através das variações infinitesimais das distâncias e dos ângulos das ligações que compõem a geometria distorcida do modo. as (NiN) 100% indica que houve 100% de variação das distâncias de equilíbrio Ni-N, e pode considerar-se como um modo 100% puro, fato que não acontece nos aminoácidos quelato-complexos estudados no presente trabalho. Percentagens inferiores a 10% de variação de parâmetros geométricos na foram considerados na composição fundamental dos modos normais 165 13 ANEXOS Anexo 1. Coordenadas cartesianas para o complexo trans-bis (glicinato) níquel (II), obtidas pelo procedimento DFT:B3LYP/6-31G. Numero Número Coordenadas (Angstroms) Atómico Tipo X Y Z --------------------------------------------------------------------1 28 0 0.000000 -0.000021 -0.138626 2 8 0 -1.539834 -0.989394 -0.113142 3 8 0 1.539864 0.989320 -0.113664 4 7 0 -1.094924 1.563924 -0.164531 5 7 0 1.095015 -1.563905 -0.164799 6 6 0 2.458077 -1.182435 0.336318 7 6 0 -2.458164 1.182479 0.336149 8 6 0 2.682884 0.319167 0.084071 9 6 0 -2.682896 -0.319160 0.084122 10 8 0 -3.815264 -0.814741 0.116664 11 8 0 3.815224 0.814789 0.116888 12 1 0 0.640101 -2.287879 0.391983 13 1 0 1.134000 -1.899618 -1.129277 14 1 0 2.495418 -1.360913 1.415434 15 1 0 3.249934 -1.769857 -0.133843 16 1 0 -0.640064 2.287609 0.392673 17 1 0 -1.133585 1.900067 -1.128869 18 1 0 -3.249851 1.769805 -0.134410 19 1 0 -2.495909 1.361132 1.415222 --------------------------------------------------------------------- 166 Anexo 2. Coordenadas cartesianas para o complexo trans-bis (serinato) níquel (II), obtidas pelo procedimento DFT:B3LYP/6-311G. Numero Número Coordenadas (Angstroms) Atómico Tipo X Y Z --------------------------------------------------------------------1 28 0 -0.091068 0.131423 0.318371 2 8 0 -1.194340 1.595269 0.116237 3 7 0 -1.662155 -0.854304 0.805172 4 7 0 1.476257 1.125222 -0.160205 5 6 0 -2.510229 1.382061 0.184235 6 6 0 -2.869352 -0.106367 0.316315 7 6 0 -3.273630 -0.663592 -1.045510 8 8 0 -3.374800 -2.108357 -0.868843 9 1 0 -3.569753 -2.558164 -1.707337 10 1 0 -4.223175 -0.220600 -1.345042 11 1 0 -2.506735 -0.421010 -1.787192 12 1 0 -3.700659 -0.227070 1.008778 13 1 0 -1.680103 -0.939647 1.818703 14 1 0 -1.667557 -1.798732 0.416688 15 8 0 -3.391269 2.246849 0.091469 16 6 0 2.654257 0.446439 0.476204 17 1 0 1.363959 2.095539 0.122526 18 1 0 1.616567 1.096696 -1.172433 19 6 0 2.337345 -1.063936 0.463730 20 8 0 1.037648 -1.322626 0.528807 21 8 0 3.246854 -1.908372 0.385755 22 6 0 3.949354 0.744542 -0.267346 23 1 0 4.164680 1.811265 -0.282561 24 1 0 4.771196 0.209632 0.206803 25 1 0 2.716233 0.776911 1.515103 26 8 0 3.791154 0.345192 -1.661198 27 1 0 3.918084 -0.619599 -1.726758 --------------------------------------------------------------------- 167 Anexo 3. Coordenadas cartesianas para o complexo guanidoacetato-serinato níquel (II), obtidas pelo procedimento DFT:B3LYP/6-31G. Numero Número Coordenadas (Angstroms) Atómico Tipo X Y Z --------------------------------------------------------------------1 28 0 -0.088754 -0.056554 0.466579 2 8 0 -0.020376 -1.076233 -1.075111 3 6 0 1.191225 -1.267258 -1.597104 4 8 0 1.436443 -1.990045 -2.581637 5 6 0 2.301358 -0.466307 -0.892971 6 1 0 2.413121 0.483646 -1.428487 7 6 0 3.653902 -1.199814 -0.927246 8 1 0 3.553048 -2.174328 -0.420810 9 1 0 4.414431 -0.616377 -0.401568 10 8 0 4.114219 -1.345260 -2.281144 11 1 0 3.406526 -1.812596 -2.786643 12 7 0 1.818076 -0.151999 0.493794 13 1 0 2.179528 0.730810 0.858165 14 1 0 2.085436 -0.888840 1.152674 15 8 0 -0.109043 0.959438 1.979076 16 7 0 -2.016314 0.023212 0.460360 17 1 0 -2.371747 -0.895021 0.185844 18 6 0 -2.425064 0.374318 1.858147 19 1 0 -3.378131 0.906814 1.878389 20 1 0 -2.544324 -0.561288 2.413821 21 6 0 -1.311317 1.194506 2.527166 22 8 0 -1.531764 1.933738 3.491437 23 6 0 -2.409688 1.001595 -0.593975 24 7 0 -2.306005 0.434338 -1.834416 25 1 0 -2.569345 1.014365 -2.615194 26 1 0 -1.662443 -0.336618 -1.985222 27 7 0 -2.816335 2.199809 -0.402678 28 1 0 -2.915278 2.520082 0.560318 --------------------------------------------------------------------- This document was created with Win2PDF available at http://www.win2pdf.com. 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