UFPE UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO Centro de Ciências Exatas e da Natureza Departamento de Química Fundamental Programa de Pós-Graduação em Química Dissertação de Mestrado Estudo da Regiosseletividade da Reação de Barbier de Aldeídos com Haletos Alílicos Substituídos Mediada por Estanho Dimas José da Paz Lima Recife-PE Brasil Junho / 2005 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA FUNDAMENTAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Estudo da Regiosseletividade da Reação de Barbier de Aldeídos com Haletos Alílicos Substituídos Mediada por Estanho Dimas José da Paz Lima Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química da UFPE como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Química. Orientadora: Profa. Dra. Ivani Malvestiti *Bolsista CAPES/CNPq Recife-PE Brasil Junho / 2005 Quando chamado a responsabilidades no setor científico, superar limitações e preconceitos, sem perder a simplicidade e a modéstia. Não há sabedoria real sem humildade vivida. Waldo Vieira Em memória de voinha Ayres Lima Dedico este trabalho a minha linda sobrinha Diana Lívia Agradecimentos A Deus, pelo dom da vida. Aos meus queridos pais, Dirson e Socorro, os quais amo muito, pelo constante incentivo e apoio durante toda minha vida, Avó Maria e todos meus familiares que torcem por mim, A Deysinha e Dayaninha e de uma forma muito carinhosa a Neia por sempre cuidar de mim como se fosse uma segunda mãe, As amigas: Alda, Hilda, Lizandra e Bia, A Ivani, minha sincera gratidão, por mais de cinco anos de convivência, pela forma prazerosa e contagiante com que passa seus conhecimentos, estando sempre disponível a ajudar no que for possível, a ela dedico toda minha admiração, Ao professor Fernando Hallwass, pela importante contribuição que enriquece este trabalho, Ao professor Lothar W. Bieber, pelas idéias, sugestões neste trabalho, Ao professor Ricardo Longo, pela realização dos estudos computacionais, Ao professor Paulo H Menezes, pela co-orientação e pelos ensinamentos na área de química orgânica, A Ricardo e Ana Paula, pelas idéias, sugestões e delicadeza em fazer a revisão deste trabalho, Aos funcionários do DQF, em especial Eliete, seu Lúcio, Bio, Ricardo, Maurílio e Patrícia. Aos amigos colegas da Pós-graduação: Roberta, Andréa (amiga), Idália, Ayron, Juliana (Julix), Juliana Alves, Wagner, Débora, Mari, Gilmara, Robson, Clésia, Ana Carolina, Victor, Aderivaldo, Clésio, João, Sidney e Shalon. A Válber, Rosanne e Patrícia (Zinha), pela amizade e momentos de descontração, Aos companheiros de Laboratório: Ricardo, Ana Paula, Margarete, Kelly, Beth, Natália, Patrícia (Zinha), Ruth, Caio, André, Jorge e Marieta, A Capes, pelo suporte financeiro, A todos aqueles que não foram citados aqui, um agradecimento muito especial. Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Sumário Resumo .................................................................................................................................. 3 Abstract ................................................................................................................................. 5 Lista de Esquema.................................................................................................................. 7 Lista de Figuras .................................................................................................................... 9 Lista de Espectros............................................................................................................... 10 Lista de Tabelas .................................................................................................................. 13 Lista de Abreviaturas......................................................................................................... 14 Capítulo 1 ............................................................................................................................ 16 Introdução ........................................................................................................................... 17 1.1 Reações de adição a carbonila mediadas por metais ou sais metálicos. ........................... 17 1.2 Ressonância Magnética nuclear de compostos de estanho................................................ 37 1.3 Objetivos ................................................................................................................................ 40 Capítulo 2 ............................................................................................................................ 41 Resultados e Discussões...................................................................................................... 42 2.1 Reações de Alilação............................................................................................................... 42 2.1.1 Reação com 4-bromocrotonato de etila............................................................................ 45 2.1.2 Reação com brometo de crotila ........................................................................................ 56 2.1.3 Reação com brometo de alila ............................................................................................ 68 2.2 Reação de formação de alilestananas.................................................................................. 72 Capítulo 3 ............................................................................................................................ 87 Experimental....................................................................................................................... 88 3.1 Geral....................................................................................................................................... 88 3.2 Reação de 4-bromocrotonato de etila com benzaldeído .................................................... 89 3.3 Reação de 4-bromocrotonato de etila com 3-metoxi-benzaldeído, heptanal, hidrocinamaldeído, cinamaldeído e 3-formil-cromona. .......................................................... 91 3.4 Reação de brometo de crotila com benzaldeído ................................................................. 95 3.5 Reações de brometo de alila com benzaldeído, 3-metoxi-benzaldeído, cinamaldeído, heptanal e 3-formil-cromona. .................................................................................................... 98 3.6 Preparação do tetralilestanho (44) .................................................................................... 102 3.7 Preparação do dibrometo de dialilestanho (42) ............................................................... 103 3.8 Preparação do brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de dialilestanho (42) ......... 103 3.9 Preparação das espécies alilestananas usando Sn granulado ......................................... 104 1 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima 3.10 Formação das espécies brometo de trialilestanho (43), dibrometo de dialilestanho (42) e tribrometo de alilestanho (45) a partir da espécie tetralilestanho (44). ............................ 104 3.11 Formação das espécies cloreto de trialilestanho, dicloreto de dialilestanho e tricloreto de monoalilestanho a partir da espécie tetralilestanho (44).................................................. 104 3.12 Procedimento experimental para a síntese do alil-fenil-sulfeto (37) ............................ 106 3.13 Procedimento experimental para a síntese de alil-fenil-sulfona (38)............................ 106 3.14 Procedimento experimental para a síntese de 3-bromo-1-fenilsulfonil-1-propeno (39) .................................................................................................................................................... 107 Capítulo 4 .......................................................................................................................... 108 Conclusões ......................................................................................................................... 109 Perspectivas....................................................................................................................... 111 Capítulo 5 .......................................................................................................................... 113 Referências Bibliográficas ............................................................................................... 114 Apêndice ............................................................................................................................ 120 2 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Resumo Este trabalho descreve as tentativas de otimização da reação tipo Barbier com 4bromocrotonato de etila e brometo de crotila com aldeídos mediada por estanho em meio aquoso e orgânico, visando a formação do regioisômero α. Diversas condições experimentais foram testadas, sendo avaliada o efeito do solvente, tempo de reação, pH do meio reacional e uso de aditivos. Os resultados obtidos na reação de 4-bromocrotonato de etila com aldeídos aromáticos e alifáticos mediada por Sn na presença de CeCl3.7H2O em meio aquoso levou a formação regioespecífica do aduto α em rendimentos de moderados. Onde para a reação do 4-bromocrotonato de etila com benzaldeído foi observada a formação do (E) 5-hidroxi-5fenilpent-2-enoato de etila em 45% de rendimento. Na reação de 4-bromocrotonato de etila com aldeídos α,β-insaturados foram observados a formação regioespecífica do aduto γ em rendimentos moderados como uma mistura dos diastereoisômeros syn/anti na proporção de 1:1. Sendo para a reação do 4-bromocrotonato de etila com cinamaldeído a formação do (E)-3-hidroxi-5-fenil-2-vinilpent-4-enoato de etila com 35% de rendimento. Quanto à reação de brometo de crotila com benzaldeído em meio aquoso foi observado somente o aduto γ o 2-metil-1-fenilbut-3-en-1-ol em bons rendimentos. Em contrapartida, a regiosseletividade em meio orgânico foi bastante influenciada pelos solventes e aditivos utilizados. Por exemplo, em acetonitrila ou dioxano foi observada uma mistura de regio- e diastereoisômeros, cuja proporção variou com o tempo reacional. Estudos mais detalhados desta reação através do acompanhamento por RMN 1H da reação em diversos intervalos de tempo mostraram a formação do aduto α o (E,Z)-1-fenil3-penten-1-ol em poucos minutos de reação. Enquanto que o aduto γ foi formado em intervalos de tempo maiores e com diferentes diastereosseletividade. A mesma reação também foi analisada diretamente do sistema reacional sem o tratamento prévio das alíquotas. A análise destas alíquotas em diversos intervalos indicaram a necessidade de aditivos ácidos, para levar a formação dos adutos. A reação também foi testada em metanol ou dimetilsulfóxido, nestas reações não foram necessários aditivos ácidos, pois foi observada somente a formação do aduto γ como uma mistura na proporção 1:1 dos isômeros syn/anti. Estudo via RMN 1H e RMN 119Sn, visando determinar as espécies organoestanho geradas durante as reações, foram iniciados para a reação de brometo de alila com estanho metálico em meio aquoso. Os resultados obtidos, após extração com CDCl3, em diferentes intervalos tempos revelaram a formação inicial da espécie tetralilestanho e com o passar do tempo esta espécie sofre uma possível reação de despropocionamento gerando as espécies brometo de trialilestanho e dibrometo de dialilestanho. Após 12 horas de reação apenas a espécie dibrometo de dialilestanho foi observada. Experimento 2D EXSY foi realizado com uma amostra contendo a mistura das espécies tetralilestanho, brometo de trialilestanho e propeno, sendo observado sinais de cruzamento entre as espécies tetralilestanho e brometo de trialilestanho, entre tetralilestanho e propeno, indicando assim um despropocionamento entre estas espécies. Outro ponto importante na formação das espécies é o pH do meio reacional, onde foi observado com 12 horas de reação em água destilada pH ≅ 1 apenas a espécie dibrometo 3 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima de dialilestanho. No entanto, quando a reação foi realizada em pH ≅ 12 ou em uma solução tampão com pH ≅ 7 apenas a espécie tetralilestanho foi observada. A partir da adição de HBr(aq) a uma solução de tetralilestanho em CDCl3 foi possível obter as seguintes espécies: brometo de trialilestanho, dibrometo de dialilestanho, tribrometo de alilestanho e propeno. A adição de HCl(aq) ao tetralilestanho permitiu obter apenas duas espécies: cloreto de trialilestanho e dicloreto de dialilestanho. A reação de brometo de alila e estanho também foi investigada em D2O, sendo observado em diferentes intervalos de tempo apenas duas espécies organoestanho, o dibrometo de e uma nova espécie, que após extração com CDCl3, apresentou sinais de RMN de 1H e 119Sn consistente com a espécie brometo de trialilestanho. 4 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Abstract The aqueous tin mediated reaction of aromatic and aliphatic aldehydes with ethyl 4bromocrotonate in the presence of CeCl3.7H2O led exclusively to the α adduct in moderated yields. The best was obtained with the reaction of benzaldehyde and ethyl 4bromocrotonate which led to the (E) 5-hidroxi-5-phenyl-pent-2-enoic acid ethyl ester in 45% yield. On the other hand, when the reaction of ethyl 4-bromocrotonate with α,βunsaturated was performed only the γ adduct was obtained as 1:1 mixture of syn/anti in moderated yields. For example, in the reaction of cinnamaldehyde with ethyl 4bromocrotonate led to the 5-Hydroxy-7-phenyl-hepta-2,6-dienoic acid ethyl ester in 35% yield. The regioselectivity was also investigated for the tin mediated reaction of benzaldehyde and crotyl bromide in aqueous and organic media. In aqueous medium it was observed only the γ adduct the 2-methyl-1-phenyl-but-3-en-1-ol in good yields and 1:1 syn/anti diastereoselectivity. In organic medium the regioselectivity was influenced by the solvent and the presence of additives. When the reaction was performed in acetonitrile or dioxane a mixture of the regio- and diasteroisomers was observed, whose ratio, interestingly, changed with the reaction time. One of the most unexpected result was the formation of the α adduct the (E,Z)-1-phenyl-pent-3-en-1-ol in just a few minutes of reaction. While the γ adduct was formed with long reaction time and different diastereoselectivity. The reaction in organic media was followed by 1H NMR without any pre-treatment or work up at sevaral time intervals and the results suggest the need of additives to obtain the addition products. The reaction was also tested in methanol and dimethylsulfoxide (DMSO-d6) no additive was formed as a mixture of the 1:1 syn/anti. In order to better understand the tin mediated allylation of carbonyl compound, a 1H RMN and 119Sn study of the organotin species formed during the reaction were performed using allyl bromide. The results obtained, after extration with CDCl3, have shown initially the formation of tetrallyltin in low concentration and with longer reaction time the species triallyltin bromide and diallyltin dibromide were observed. A 2D EXSY experiment was performed with a sample containg a mixture of tetrallyltin, triallyltin bromide and propene and it was observed cross coupling signals between tetrallyltin and triallyltin bromide, between tetrallyltin and propene. Another correlation was observed between the hydrogens of the double bond, which suggest a fluxional process in the organotin species. Another important aspect determining the nature of the organotin species was the pH reaction medium, where in pure water and pH ≅ 1 after 12 hours only the diallyltin dibromide was observed. However, when the reaction was performed in aqueous solution with pH ≅ 12 or buffer solution with pH ≅ 7 only the tetrallyltin was obtained. The following species triallyltin bromide, diallyltin dibromide, allyltin tribromide and propene was observed by 1H and 119Sn NMR when HBr(aq) was added slowly to a tetrallyltin solution in CDCl3. Whereas, the addition of HCl(aq) to a tetrallyltin solution in CDCl3 allowed the observation of only two organotin species, namely, triallyltin chloride and diallyltin chloride. 5 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima The reaction of allyl bromide and tin was also performed in D2O and followed by H NMR and 119Sn NMR at several reaction times. In these experiments only two species was detected, the diallyltin dibromide and another compound which after extraction with CDCl3 has shown NMR signals of 1H and 119Sn consistent with the triallyltin bromide. 1 6 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Lista de Esquema Esquema 1.1 Reação de Reformatsky de aldeídos aromáticos e α-halo-ésteres. 18 Esquema 1.2 Reação do tipo Barbier de haletos alílicos e compostos carbonilados. 18 Esquema 1.3 Transferência de um elétron (SET) do metal para o composto carbonílico. 19 Esquema 1.4 Transferência de um elétron (SET) do metal para o haleto alílico. 20 Esquema 1.5 Reação de brometo de alila com estanho, índio e antimônio em meio aquoso. 21 Esquema 1.6 Quimiosseletividade na Reação do tipo Barbier. 21 Esquema 1.7 Regiosseletividade na Reação do tipo Barbier. 22 Esquema 1.8 Reação de alilação mediada por sais metálicos com diastereocontrole. 22 Esquema 1.9 Reação α-regiosseletiva de espécies alilbário com aldeídos e cetonas. 23 Esquema 1.10 Reação α-regiosseletiva promovida por AlCl3 com compostos carbonílicos. 24 Esquema 1.11 Reação de alilação α-regiosseletiva promovida por tricloreto de cério. Esquema 1.12 Reação de álcool homoalílico com benzaldeído na presença de sais de estanho em meio orgânico. 25 Esquema 1.13 Reação α-regiosseletiva promovida por triflatos de estanho. Esquema 1.14 Crotilação assimétrica via um auxiliar quiral crotil doador. 27 Esquema 1.15 Crotilação assimétrica de cis-álcoois homoalílico via um auxiliar quiral. Esquema 1.16 Reação de isobutiraldeído com brometos alílicos substituídos mediada por índio em meio aquoso. Esquema 1.17 Espécies alilíndio formadas nas reações de alilação de aldeídos. Esquema 1.18 Crotilação de aldeídos promovidas por SnBr2 em sistema bifásico. 29 32 Esquema 1.19 Mecanismo da crotilação de aldeídos promovidas por SnBr2. 32 Esquema 1.20 Reação α-regiosseletiva promovida por Sn na presença de NaBF4. 33 Esquema 1.21 Mecanismo da regiosseletividade proposto por Wang e colaboradores. 33 Esquema 1.22 Reação de alilação α-regiosseletiva promovidas por In, Sn e Zn. 34 26 28 30 31 7 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Esquema 1.23 Mecanismo da regiosseletividade proposto por Loh e colaboradores. 35 Esquema 1.24 Reação de trineofenilestanho com 3-octin-2-ona. Esquema 1.25 Reação de aldeídos com 4-bromocrotonato de etila ou brometo de crotila mediada por Sn em meio aquoso. Esquema 2.1 Reação de Barbier entre o benzaldeído e brometo de crotila. 39 Esquema 2.2 Reação de Barbier entre o benzaldeído e haletos alílicos substituídos. 44 Esquema 2.3 Reação de Barbier entre o benzaldeído e 4-bromocrotonato de etila. 46 Esquema 2.4 Reação de Barbier entre o benzaldeído e 4-bromocrotonato de etila em solução de KF. 48 Esquema 2.5 Reação de alilação de aldeídos por aliltributilestanho. 49 Esquema 2.6 Síntese do 3-bromo-1-fenilsulfonil-1-propeno (39). 55 Esquema 2.7 Reação de Barbier entre o benzaldeído e brometo de crotila em diferentes solventes. 56 Esquema 2.8 Reação de Barbier entre aldeídos e brometo de alila. 70 Esquema 2.9 Formação do dibrometo de dialilestanho (IV) em água deuterada. 73 Esquema 2.10 Formação do brometo de trialilestanho e dibrometo de dialilestanho em água destilada. 76 Esquema 2.11 Influência do tempo reacional na formação das espécies organoestanho. 79 Esquema 2.12 Adição de HBr(aq) nas espécies brometo de trialilestanho e dibrometo de dialilestanho. 82 Esquema 2.13 Adição de HBr(aq) ao tetralilestanho. 83 40 42 8 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Lista de Figuras Figura 1.1 Deslocalização da dupla ligação de espécies crotilcério por infravermelho. Figura 2.1 Gráfico da regiosseletividade versus o raio iônico do sal de 25 43 lantanídeo. Figura 2.2 Espectro da reação de benzaldeído com brometo de crotila mediada 59 por estanho em dioxano: a) 30 minutos de agitação b) 7 horas de agitação c) 24 horas de agitação. Figura 2.3 Espectro da reação de benzaldeído com brometo de crotila e ácido p- 60 toluenosulfônico mediada por estanho em dioxano com 30 minutos de agitação. Figura 2.4 Espectro da reação de benzaldeído com brometo de crotila mediada 62 por estanho em acetonitrila deuterada com 25 minutos de agitação. Figura 2.5 Estruturas otimizadas com o método B3LYP. 65 Figura 2.6 Otimizações com o método B3LYP, partindo-se do modo η1 leva ao 66 modo η3. Figura 2.7 Estrutura otimizadas com o método B3LYP. 66 Figura 2.8 Cargas atômicas de Mulliken calculadas com o método B3LYP. 67 Figura 2.9 Principais distâncias de ligação (Å) calculadas com o método 67 B3LYP. Figura 2.10 Espectro EXSY das espécies tetralilestanho e monobromo de 77 trialilestanho Figura 2.11 Formação das espécies tetralilestanho e brometo de trialilestanho 78 com 40 minutos de reação. Figura 2.12 Formação das espécies tetralilestanho, brometo de trialilestanho e 80 dibrometo de dialiestanho em intervalos de tempos diferentes. Figura 2.13 Formação das espécies brometo de trialilestanho, dibrometo de 83 dialilestanho, tribrometo de alilestanho e propeno pela adição de HBr(aq) ao tetralilestanho. 9 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Lista de Espectros Espectro 1 RMN 1H do aduto α (30) da reação de benzaldeído e 4-bromocrotonato 121 de etila. Espectro 2 RMN 13C do aduto α (30) da reação de benzaldeído e 4-bromocrotonato 121 de etila. Espectro 3 RMN 1H do aduto γ (31) da reação de benzaldeído e 4-bromocrotonato de 122 etila. Espectro 4 RMN 13C do aduto γ (31) da reação de benzaldeído e 4-bromocrotonato 122 de etila. Espectro 5 RMN 1H do aduto α (34) da reação de 3-metoxi-benzaldeído e 4- 123 bromocrotonato de etila Espectro 6 RMN 13C do aduto α (34) da reação de 3-metoxi-benzaldeído e 4- 123 bromocrotonato de etila. Espectro 7 RMN 1H do aduto α (32) da reação de heptanal e 4-bromocrotonato de 124 etila. Espectro 8 RMN 13C do aduto α (32) da reação de heptanal e 4-bromocrotonato de 124 etila. Espectro 9 RMN 1H do aduto γ (35) da reação de cinamaldeído e 4-bromocrotonato 125 de etila. Espectro 10 RMN 13C do aduto γ (35) da reação de heptanal e 4-bromocrotonato de 125 etila. Espectro 11 RMN 1H do aduto γ (36) da reação de 3-formil-cromona e 4- 126 bromocrotonato de etila. Espectro 12 RMN 13C do aduto γ (36) da reação de 3-formil-cromona e 4- 126 bromocrotonato de etila. Espectro 13 RMN 1H do aduto α (33) da reação de hidrocinamaldeído e 4- 127 bromocrotonato de etila. Espectro 14 RMN 1H do aduto α (40) da reação de benzaldeído e brometo de crotila. 127 Espectro 15 RMN 1H do aduto γ (41) da reação de benzaldeído e brometo de crotila. 128 Espectro 16 RMN 13C do aduto γ (41) da reação de benzaldeído e brometo de crotila. 128 Espectro 17 RMN 1H do produto 46 da reação de benzaldeído e brometo de alila. 129 Espectro 18 RMN 13C do produto 46 da reação de benzaldeído e brometo de alila. 129 10 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Espectro 19 RMN 1H do produto 47 da reação de 3-metoxi-benzaldeído e brometo 130 de alila. Espectro 20 RMN 13C do produto 47 da reação de 3-metoxi-benzaldeído e brometo 130 de alila. Espectro 21 RMN 1H do produto 49 da reação de cinamaldeído e brometo de alila. 131 Espectro 22 RMN 13C do produto 49 da reação de cinamaldeído e brometo de alila. 131 Espectro 23 RMN 1H do produto 50 da reação de 3-formil-cromona e brometo de 132 alila. Espectro 24 RMN 1H do produto 37 da reação de tiofenol e brometo de alila. 132 Espectro 25 RMN 1H do produto 38 da reação de oxidação do alil-fenil-sulfeto. 133 Espectro 26 RMN 1H do produto 39 da reação de bromação do alil-fenil-sulfona. 133 Espectro 27 RMN 1H do tetralilestanho (44). 134 Espectro 28 RMN 119Sn do tetralilestanho (44). 134 Espectro 29 RMN 1H do dibrometo de dialilestanho (42). 135 Espectro 30 RMN 119Sn do dibrometo de dialilestanho (42). 135 Espectro 31 RMN 1H do tetralilestanho (44) e brometo de trialilestanho (43). 136 Espectro 32 RMN 119Sn do tetralilestanho (44) e brometo de trialilestanho (43). 136 Espectro 33 RMN 1H do tetralilestanho (44), brometo de trialilestanho (43) e 137 dibrometo de dialilestanho (42). Espectro 34 RMN 119Sn do tetralilestanho (44), brometo de trialilestanho (43) e 137 dibrometo de dialilestanho (42). Espectro 35 RMN 1H do brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de dialilestanho 138 (42). Espectro 36 RMN dialilestanho (42). 119 Sn do brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de 138 Espectro 37 RMN 1H do dibrometo de dialilestanho (42) e tribrometo de alilestanho 139 (45). Espectro 38 RMN alilestanho (45). 119 Sn do dibrometo de dialilestanho (42) e tribrometo de 139 Espectro 39 RMN 1H do dibrometo de dialilestanho (42) em D2O. Espectro 40 RMN 119 Sn do dibrometo de dialilestanho (42) em D2O. 140 140 Espectro 41 RMN 1H do brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de dialilestanho 141 (42) em D2O. 11 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Espectro 42 RMN 119Sn do brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de 141 dialilestanho (42) em D2O. Espectro 43 RMN 1H do tetralilestanho (44), cloreto de trialilestanho e dicloreto de 142 dialilestanho. Espectro 44 RMN de dialilestanho. 119 Sn do tetralilestanho (44), cloreto de trialilestanho e dicloreto 142 12 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Lista de Tabelas Tabela 2.1 Resultados da Reação de Barbier entre o 4-bromocrotonato de etila e aldeídos aromáticos, alifáticos e α,β-insaturados em meio aquoso. 50 Tabela 2.2 Distâncias de ligação (pm) para os complexos [Ln(η1-/η3C3H5)(H2O)6]2+. 65 Tabela 2.3 Reação de Barbier entre o brometo de alila com aldeídos aromáticos, alifáticos e α,β-insaturados em meio aquoso. 69 Tabela 2.4 Dados de RMN 1H e 119Sn descritos na literatura e dados de RMN de 119 Sn observados para as espécies alilestananas. 84 Tabela 3.1: Resultados da Reação de Barbier entre o 4-bromocrotonato de etila e aldeídos aromáticos, alifáticos e α,β-insaturados em meio aquoso. 92 Tabela 3.2 Reação de Barbier entre o brometo de alila com aldeídos aromáticos, alifáticos e α,β-insaturados em meio aquoso. 99 Tabela 3.3 Dados de RMN 1H e RMN CDCl3 105 119 Sn para as espécies alilestananas em Tabela 3.4 Dados de RMN 1H e RMN 119Sn para as espécies alilestananas em D2O 105 13 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Lista de Abreviaturas SET Transferência de um elétron Sn(OTf)2 Triflatos de Estanho m-CPBA Ácido metacloroperbenzóico TsOH Ácido p-toluenosulfônico MTBH2 monotiolbinafitol, 2-hidroxi-2-mercapto-1,1-binafitil 14 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima 15 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Capítulo 1 16 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Introdução 1.1 Reações de adição a carbonila mediadas por metais ou sais metálicos. A busca por novas metodologias que visam a otimização de reações de formação de ligação carbono-carbono tem sido um dos principais pontos de estudo da Química Orgânica Moderna. Dentre essas metodologias podemos destacar reações realizadas em meio aquoso, tais como: Diels-Alder [1], rearranjo de Claisen, adições nucleofílicas, oxidações, reduções e outras [2]; bem como reações de compostos organometálicos também tem apresentado bons resultados na presença de água [3]. É sabido que uma das maiores restrições ao uso dos reagentes organometálicos está na necessidade de exclusão de umidade do meio reacional, o que implica num tratamento cuidadoso de reagentes e solventes. Outra limitação é a existência de prótons ácidos nos reagentes ou solventes, o que gera a necessidade de etapas adicionais de proteção/ desproteção dos grupos funcionais, acarretando etapas extras na rota sintética. Entretanto, a substituição dos solventes orgânicos por água em tais reações vem oferecer consideráveis vantagens [3a]: a) Redução do uso e manipulação de solventes tóxicos e inflamáveis; b) Utilização de reagentes orgânicos sem a necessidade de etapas de proteção/desproteção de grupos funcionais; c) Utilização de compostos solúveis em água sem a necessidade de derivatização. Este é um ponto de particular de interesse na química de carboidratos; d) A estereoquímica resultante das reações organometalicas em meio orgânico pode mudar quando a mesma reação é realizada em meio aquoso o que leva a novas oportunidades em síntese orgânica. Somado a estes fatores está à preocupação com o meio ambiente, que tem levado os profissionais em química a reduzir ou mesmo evitar cada vez mais o uso de solventes orgânicos, impulsionado pelos princípios da Química Verde [4]. 17 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Dentre as reações organometalicas estudadas em meio aquoso podemos destacar a de Reformatsky [5], que tem sido estudada com aldeídos aromáticos e α-halo-ésteres na presença de Sn e Zn metálico (esquema 1.1). R3 R4 R3 O OR5 M HO H2 O R1 R4 OR5 + X R1 R2 O O Esquema 1.1 Reação de Reformatsky de aldeídos aromáticos e α-halo-ésteres. A outra classe de reações organometalicas que vem sendo amplamente explorada em meio aquoso são as do tipo Barbier [6], que envolve haletos alílicos e compostos carbonilados levando à formação de álcoois homoalílicos que são subunidades versáteis em síntese orgânica devido à facilidade de conversão em outros grupos funcionais (esquema 1.2). OH R R1 O R2 + R R1 X M R2 H2O OH R1 R2 R Esquema 1.2 Reação do tipo Barbier de haletos alílicos e compostos carbonilados. Até o momento, vários metais têm sido usados em reações de Barbier, sendo os resultados mais significativos obtidos com o uso de zinco [7], estanho [8], índio [9] e bismuto [10], no entanto, catalisadores ácidos, aquecimento ou sonicação são necessários para ativação da superfície do metal, a fim de induzir as reações [11]. Vários mecanismos têm sido propostos para as reações de Barbier em meio aquoso, só que nenhum foi, até o momento, totalmente confirmado. Luche e colaboradores 18 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima propuseram que a reação poderia ocorrer por um mecanismo radicalar [12]. Entretanto, Wilson investigou o mesmo mecanismo e não conseguiu observar os intermediários radicalares [13]. Chan e Li, no entanto, observaram dois possíveis mecanismos dependendo do metal utilizado [3a e 3d]. No caso onde zinco metálico é utilizado, a reação não ocorre pela formação do organozinco, pois esse intermediário reage instantaneamente com água. O mecanismo proposto envolve a transferência de um elétron (SET) do metal para o composto carbonílico gerando o intermediário ânion radical A. Este acopla com o haleto alílico formando o alcóxi radical B, o qual é reduzido em outra etapa pela transferência de um elétron do metal para dar o ânion alcóxido C. Este por sua vez é protonado pela água formando o álcool homoalílico (esquema 1.3). Este mecanismo pode também levar a formação de produtos laterais como pinacol, através do acoplamento do ânion radical A. -. O SET O- OH O + O- M A OH Pinacol . M+ X SET B X- O. O- C M+ . H2O álcool homoalílico OH Esquema 1.3 Transferência de um elétron (SET) do metal para o composto carbonílico. 19 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Um outro caminho provável consiste no haleto alílico reagir na superfície do metal através da transferência de um único elétron (SET) dando o ânion radical D. Esse ânion acopla com o composto carbonílico levando á formação do alcóxi radical B, o qual é reduzido pelo metal levando ao álcool homoalílico. Caso o ânion radical D reaja com o haleto alílico, é observado o produto de acoplamento Wurtz [3a e 3d] (esquema 1.4). X -. SET X + X M D M+ . O Acoplamento Wurtz SET B O. - O X C M+ - . H2O Álcool homoalílico OH Esquema 1.4 Transferência de um elétron (SET) do metal para o haleto alílico. Por outro lado, Chan e Li propuseram as espécies alilmetal quando a reação foi mediada por estanho [14], índio [15] e antimônio [16] metálico com haletos alílicos em meio aquoso (esquema 1.5). 20 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima SnBr 4- n Sn Br n InBr In 3- n n Sb SbBr 3- n n Esquema 1.5 Reação de brometo de alila com estanho, índio e antimônio em meio aquoso. Os intermediários de cada um dos diferentes organometálicos observados são relativamente estáveis em água e suficientemente reativos frente a compostos carbonílicos. Contudo, esses resultados não eliminam a possibilidade de processos paralelos como ânion radical ou via radical. Independentemente por qual mecanismo a reação de Barbier venha a ocorrer, tem-se observado uma alta quimiosseletividade, onde aldeídos são alilados seletivamente frente a cetonas [17] (esquema 1.6). O O + Ph O OH X + Ph M ou MX H2O Ph Ph Esquema 1.6 Quimiosseletividade na Reação do tipo Barbier. Em relação à regiosseletividade, reações de Barbier em meio aquoso entre haletos alílicos substituídos na posição γ e compostos carbonílicos ocorrem com formação da ligação carbono-carbono preferencialmente na posição γ. Este efeito pode estar relacionado a impedimento estérico e eletrônicos [9b] (esquema 1.7). 21 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima OH OH O R2 γ β + R1 Br + M α H2O R2 R1 R1 R3 R2 R3 majoritário γ R3 minoritário α Esquema 1.7 Regiosseletividade na Reação do tipo Barbier. Porém, em alguns casos essas reações têm sido descritas com diastereocontrole dependendo das condições utilizadas. Aqui é destacado os estudos realizados por Masuyama e colaboradores para alilações carbonilícas γ-regiosseletiva usando sais de estanho (SnCl2) sendo observada uma diastereosseletividade anti [18]. Ao passo que o uso de SnI2 procede com diastereosseletividade syn [19] (esquema 1.8). H3C I2BrSn Br OH H R H 3C H SnX2 R X=I H3C SnBrX2 O F- acíclico antiperiplanar Syn γ RCHO X=Cl OH H SnBrCl2 H3C R O R E-cíclico de 6-membros Anti γ Esquema 1.8 Reação de alilação mediada por sais metálicos com diastereocontrole. A seletividade anti observada com SnCl2 ocorre via formação de um estado de transição cíclico de 6-membros E entre o but-2-enilbromodicloroestanho e o aldeído, pois o 22 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima estanho do intermediário formado atua como um bom ácido de Lewis. Em contraste, a seletividade syn com SnI2 não ocorre via formação de um estado de transição cíclico, mas através de um estado de transição acíclico antiperiplanar F, onde o estanho do intermediário formado é um fraco ácido de Lewis. Isto se deve à baixa eletronegatividade do iodo, o que desfavorece a formação do estado de transição cíclico de 6-membros. Embora existam numerosos exemplos da reação de Barbier γ-regiosseletiva em meio aquoso [20], poucos são os dados para a reação α-regiosseletiva. Mesmo que haja poucos dados na formação do aduto α, estes são descritos na literatura principalmente na presença de solventes orgânicos como meio reacional. Entre essas reações, podemos enfatizar os estudos feitos por Yamamoto e colaboradores [21], onde espécies de alilbário substituído na posição γ reagem com aldeídos e cetonas em excelentes rendimentos (esquema 1.9). Ba Cl BaCl THF O R2= fenil, n-C5H11, cicloexil R1= H, CH3 R1 R2 R1 R2 aduto α OH 90-98% Esquema 1.9 Reação α-regiosseletiva de espécies alilbário com aldeídos e cetonas. Kim e colaboradores [22] mostraram que AlCl3 também promove regiosseletividade α nas reações de compostos carbonílicos utilizando crotil Grignard. O mecanismo da reação pode ocorrer por duas rotas: na primeira, o reagente de crotil Grignard pode sofrer uma reação de transmetalação com alumínio resultando no metilalilalumínio α G que reage 23 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima com o composto carbonílico levando a formação do aduto α. Na segunda rota, o reagente de crotil Grignard forma um intermediário de quatro membros H com o alumínio, o qual forma com o composto carbonílico um estado de transição cíclico de 6-membros I, levando a formação do aduto α (esquema 1.10). MgX RCHO X2Al G AlCl3 R OH X aduto α Mg X Mg X Al X H X RCHO H C X R Al X O I X Esquema 1.10 Reação α-regiosseletiva promovida por AlCl3 com compostos carbonílicos. Mais recentemente, reações de crotil Grignard com compostos carbonílicos na presença de sais de lantanídeos têm sido estudadas por Matsukawa e colaboradores [23]. Eles observaram que a regiosseletividade da reação pode estar baseada no aumento do número atômico do lantanídeo no sal, sendo observado um alto nível de regiosseletividade α com sais de lantanídeos leves como La, Ce, Pr e Nd. Enquanto que uma mistura dos adutos α e γ foram observados com sais de lantanídeos de Gd, Tb, Dy e Ho. Em contraste, uma alta regiosseletividade γ foi observada com sais de lantanídeos contendo elementos pesados como Er, Tm, Yb e Lu. O sal YbCl3 levou exclusivamente ao aduto γ. Matsukawa e colaboradores propuseram um mecanismo para a formação do aduto α onde o reagente de crotil Grignard, na presença do CeCl3, sofre uma reação de transmetalação levando à formação da espécie alilcério. Essa espécie foi caracterizada por espectroscopia de infravermelho, que revelou bandas em 1540 cm-1 e 1560 cm-1, as quais são compatíveis com a deslocalização da dupla ligação carbono-carbono em complexos de alillantanídeos (figura 1.1). 24 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima CeCl2 CeCl2 v. 1540 cm-1 v. 1560 cm-1 Figura 1.1 Deslocalização da dupla ligação de espécies crotilcério por infravermelho. Essas espécies de alilcério transmetalada reagem com benzaldeído levando à formação do aduto α em 86% de rendimento (esquema 1.11). CeCl3 THF + MgCl CeCl2 PhCHO O Ce H Ph OH Ph trans-aduto α , 86% Esquema 1.11 Reação de alilação α-regiosseletiva promovida por tricloreto de cério. Entretanto, nenhuma banda referente às espécies alillantanídeos foi observada quando o reagente de crotil Grignard foi tratado com YbCl3, o que condiz com a formação exclusiva do aduto γ. A formação do regioisômero α também foi observada em reações de álcoois alílicos com compostos carbonílicos na presença de sais de estanho em meio orgânico. Tais reações têm sido estudadas por Masuyama e colaboradores na presença de ultra-som [24]. Foi proposto que o (E)-2-buten-1-ol 1 pode reagir com sais de estanho catalisado por paládio via formação do intermediário (E)-2-buteniltricloroestanho 2. Este por sua vez reage com 25 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima aldeído através de um estado de transição cíclico de 6-membros levando ao aduto α (esquema 1.12). OH SnCl3 Pd-2SnCl2 Meio orgânico 1 2 Sn-X PhCHO Cl Cl OH Sn Ph Cl Cl Cl Sn X Cl O Ph aduto α Esquema 1.12 Reação de álcool homoalílico com benzaldeído na presença de sais de estanho em meio orgânico. Nokami e colaboradores perceberam que adutos γ obtidos da reação de crotil Grignard com acetona reagem com compostos carbonílicos na presença de quantidades catalíticas de Sn(OTf)2, levando exclusivamente à formação do aduto α em bons rendimentos [25] (esquema 1.13). 26 Dissertação de Mestrado R1 Dimas J. P. Lima R1 R2 R2 4 RCHO Sn(OTf)2 OH O CH2Cl2 HO 3 5 R "- OH-" R1 R1 R2 R1 R2 R2 + '-OH-" O O + O 6A R 6B R + 6C R R1 OH R2 R1 R O HO R 7 R2 O 8 E, aduto α 70-97% Esquema 1.13 Reação α-regiosseletiva promovida por triflatos de estanho. Como mostrado acima, inicialmente a reação procede pela formação do carbocátion 6A a partir da hemiacetalização de 3 e 4 para formar 5 com auxílio do Sn(OTf)2. Devido à diferença entre a estabilização das três espécies catiônicas 6A-C, o carbocátion 6A sofre um rearranjo formando o carbocátion mais estável 6C, o qual em seguida reage com um equivalente de íons hidroxi gerado in situ para dar o hemiacetal 7, este por sua vez leva a formação do aduto α 8 juntamente com a acetona. 27 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Baseados nesses resultados, Nokami e colaboradores propuseram a primeira crotilação assimétrica de aldeídos via um auxiliar quiral crotil doador [26] (esquema 1.14). MgCl + THF RCHO TSA.H2O 0°C CH2Cl2 OH O OH + O R O "-OH-" R O R mais estável R= PhCH2CH2"+OH-" OH + O (R)-trans Esquema 1.14 Crotilação assimétrica via um auxiliar quiral crotil doador. Em contrapartida aos estudos de Nokami, Loh e colaboradores propuseram a transcrotilação assimétrica [27] e a síntese assimétrica de cis-álcoois homoalílicos [28] usando auxiliares quirais (esquema 1.15). 28 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima OH + OH RCHO CSA CH2Cl2 H H -" OH-" - "OH-" + O + O R R 6 6 H H L J Rearranjo 2-oxonia [3,3]-sigmatropica + + O O R R 6 6 H H minoritário N M +"OH-" +"OH-" majoritário O OH OH R R E Z Não observado 94% ee, 94% Z Esquema 1.15 Crotilação assimétrica de cis-álcoois homoalílico via um auxiliar quiral. 29 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Segundo Loh e colaboradores, a reação do álcool homoalílico ligado ao auxiliar quiral forma com o aldeído, através de catálise ácida, o íon oxônium levando aos dois possíveis estados de transição. O anti-álcool homoalílico adota o estado de transição J. Neste estado, há repulsão estérica entre o carbono C-6 do auxiliar quiral com o grupo metil vinílico, isto explica porque o estado de transição J não ocorre. Ao contrário, o estado de transição L mostra que o grupo metil do isômero syn esta fixo de maneira a evitar a repulsão estérica com o carbono C-6 do auxiliar quiral, levando assim ao enantiômero cisálcoois homoalílicos em bons rendimentos. Embora os resultados apresentados até o momento para α-regiosseletividade sejam bons em solventes orgânicos, poucos são os estudos dessas reações em meio aquoso. Entre esses estudos podemos citar o trabalho de Chan e colaboradores para as reações de alilação de aldeídos mediada por In em meio aquoso [29]. Entretanto, foi observada apenas alta regiosseletividade α para as reações de isobutiraldeído com os brometos alílicos contendo os grupos t-butil e silil substituintes ligados na posição γ (esquema 1.16). OH O + R1 Br In R1 H2 O 50 - 87% R1 = Me3C-, Me3Si ou PhMe2Si Esquema 1.16 Reação de isobutiraldeído com brometos alílicos substituídos mediada por índio em meio aquoso. Essa α-regiosseletividade parece ser governada pelo tamanho do substituinte e não pelo grau da substituição na posição γ do haleto alílico. Pois, quando brometos de crotila, cinamila, prenila e 4-bromocrotonato de metila reagiram com aldeídos, somente os adutos γ são obtidos. No entanto, os adutos γ apresentaram uma boa diastereosseletividade syn/anti. Essa razão aumentou com o tamanho estérico do substituinte no aldeído, favorecendo o diastereoisômero anti. A partir destas observações, Chan e colaboradores propuseram um mecanismo para a reação de acoplamento mediado por índio em meio aquoso (esquema 1.17). 30 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima R1 R1 R2 R2 R2 X In R1 In 9B 9A RCHO R1 R H R2 C R O 13 R1 In R2 C H + O R2 In 10 In 14 RCHO R1 H In R1 O H C In R + 11 R2 O R2 R1 C R 12 Esquema 1.17 Espécies alilíndio formadas nas reações de alilação de aldeídos. Como mostrado acima, as espécies alilíndio 9 são formadas num equilíbrio com o regioisômero 10. Por causa deste equilíbrio a estereoquímica da dupla ligação pode ser isomerizada, favorecendo o isômero mais estável. No acoplamento com o aldeído, a reação procede através do estado de transição cíclico de 6-membros. Nesse caso, quando o γsubstituinte no brometo alílico é volumoso, o estado de transição cíclico preferido é o 11 e o 12, onde ocorre a diminuição da interação entre o substituinte volumoso e o aldeído, guiando para o aduto α. No outro caso, os estados de transição cíclicos preferidos são 13 e 14, os quais guiam para o aduto γ. Nesse estado, a diastereosseletividade é governada pelo efeito estérico do substituinte no aldeído, onde a escolha fica entre a posição equatorial 13 ou a axial 14. Masuyama e colaboradores [30] observaram que reações mediadas por SnBr2 utilizando sistema bifásico (diclorometano-água) levam à crotilação de aldeídos aromáticos e alifáticos com boa α-regiosseletividade (esquema 1.18). 31 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima OH Majotitário Br + SnBr2 RCHO CH2Cl2 H2O + OH Minoritário Esquema 1.18 Crotilação de aldeídos promovidas por SnBr2 em sistema bifásico. O mecanismo proposto por Masuyama e colaboradores envolve a formação nucleofílica do µ-bromodiestanho 15 o qual reage com brometo de crotila na interface diclorometano-água levando à formação do intermediário crotil (µ-bromo) diestanho que reage com o aldeído passando por um estado cíclico de 6-membros 16 formando assim o aduto α (esquema 1.19). 3 SnBr2 H2O [Br2Sn-Br-SnBr2] - 15 + [SnBr] Br H2O-CH2Cl2 RCHO Br OH Br H Br Sn R aduto α Sn Br Br O R 16 Esquema 1.19 Mecanismo da crotilação de aldeídos promovidas por SnBr2. Em 2003, Wang e colaboradores descreveram a regiosseletividade α na presença de NaBF4 e Sn em água [31] (esquema 1.20). 32 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima O O Br OH O O PhCHO Sn/NaBF4 Ph 74% H2O OH Br Ph 75% Esquema 1.20 Reação α-regiosseletiva promovida por Sn na presença de NaBF4. Foi observado que quando a reação é realizada na ausência de NaBF4, tanto os adutos α quanto o γ são obtidos, o que levou à necessidade de explicar o efeito do NaBF4 no mecanismo da reação (esquema 1.21). Br R R = CH3, CO2C2H5 Sn + SnBr Br R + Sn PhCHO - H R Ph 17 -Br- BF4- O OH 20 F OH + + B F F Sn R 18 F Ph R PhCHO aduto γ R OH Sn F R F Ph B Ph O F F aduto α 19 Esquema 1.21 Mecanismo da regiosseletividade proposto por Wang e colaboradores. 33 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima O mecanismo propõe inicialmente a reação do estanho metálico com brometo de alila γ-substituído formando o intermediário de estanho 17. Em seguida, na presença de NaBF4 ocorre a coordenação deste com 17 levando ao intermediário 18. Conseqüentemente este nucleófilo ataca o benzaldeído formando um estado de transição cíclico de 6-membros que resulta no aduto α. Já na ausência do NaBF4, cálculos quânticos indicam que a densidade eletrônica do carbono γ é rica quando R é um grupo éster, o que resulta somente no aduto γ. Quando R passa a ser um grupo metila, a densidade eletrônica do carbono α é ligeiramente mais alta em relação à do carbono γ, levando assim a uma mistura dos adutos α e γ. Entretanto, esse é o único exemplo da literatura em que a reação de alilação de benzaldeído com brometo de crotila mediada por estanho em água leva à mistura dos adutos α e γ [31]. Dos estudos desenvolvidos na formação do regioisômero α, podemos destacar os trabalhos de Loh e colaboradores, também publicados em 2003 [32 a 34]. Eles mostraram uma alta regiosseletividade α nas reações de alilação de aldeídos aromáticos e alifáticos mediada pelos metais In, Sn e Zn na presença de água [34] (esquema 1.22). OH R R1 aduto γ , minoritário O R1 R H Br OH M, meio aquoso R1 R R1 = Me, Ph ou CO2Et aduto α , majoritário Esquema 1.22 Reação de alilação α-regiosseletiva promovidas por In, Sn e Zn. Porém, a formação do aduto α como produto majoritário só foi observada com as reações utilizando pequenas quantidades de água (6 equivalentes) e utilizando brometo de crotila e cinamila mediadas por In ou Sn. A reação com o 4-bromocrotonato de etila também resultou no aduto α quando realizada com cicloexanal e etanal na presença de In, o 34 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima que mostra a eficiência do método. Entretanto, nas reações mediadas por Zn somente o brometo de crotila foi utilizado, resultando em rendimentos moderados. Devidos aos poucos dados sobre o mecanismo dessas reações α-regiosseletiva em meio aquoso e à similaridade das reações mediadas por In, Sn e Zn, um novo mecanismo foi proposto por Loh e colaboradores. O mecanismo proposto sobre a origem do aduto α está baseado em estudos de RMN 1H, estudo estereoquímico e rearranjo do aduto γ para o aduto α para a reação de cicloexanal e brometo de cinamila mediada por In usando quantidades equivalentes de água (esquema 1.23). OH O R1 Br R R H Metal O R1 21 OH Caminho A R1 R 29 H 22 Caminho B MaBrb R1 R R R O O 21 O R 28 22 OH H R R 23 OH R1 -H + + H+ R1 R R O + O R OH2 27 + R R1 R R + H2O 24 R1 - H2O + + OH2 O O R R 26 25 R1 R1 Esquema 1.23 Mecanismo da regiosseletividade proposto por Loh e colaboradores. 35 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima O mecanismo proposto pode ocorrer por dois caminhos: inicialmente ocorre a alilação do aldeído mediada pelo metal levando à formação do aduto γ 21. Este aduto γ inicialmente formado sofre uma reação de retroeno, seguido por um rearranjo 2-oxônia [3,3]-sigmatrópico na presença do aldeído 22 dando o aduto α 29 no segundo estágio. A segunda etapa é facilitada pela presença de sais metálicos residuais gerados da primeira etapa. Além disso, o aldeído presente na segunda etapa é proveniente do aldeído gerado in situ pela clivagem da ligação do aduto γ por sais metálicos (caminho A) ou pela presença de aldeídos residuais da primeira etapa (caminho B). Este mecanismo ilustra claramente a importância de quantidades catalíticas de água na formação do intermediário chave oxônium 25, o qual é rearranjado para o intermediário 26. Porém, o uso de um excesso de água suprime completamente a formação do intermediário oxônium 25, causando assim a supressão do primeiro estágio, o que resulta somente na formação do aduto γ. Estes resultados revelam a desvantagem desta metodologia devido à necessidade do controle da quantidade de água presente, o que requer um tratamento cuidadoso dos reagentes empregados. Como mencionado anteriormente Wang e colaboradores também propuseram o uso de Sn em pó na presença de solução aquosa de NaBF4 [31]. Nesta condição, a regiosseletividade α está relacionada com a concentração da solução de NaBF4. Neste caso, foi observado que na ausência desse sal uma mistura dos adutos α e γ com rendimento de 54% e 22% para o sistema benzaldeído com brometo de crotila, respectivamente. Esse é o primeiro exemplo da formação do aduto α em água pura, sendo observado na maioria das reações descritas com diversos metais, inclusive estanho, apenas a formação do aduto γ [35b]. Este resultado também apresentou uma melhor regiosseletividade α em relação ao resultado de Loh e colaboradores [34], usando 6 equivalentes de água para a reação de benzaldeído e brometo de crotila mediada por estanho. Isto sugere que não é preciso o uso de quantidades de equivalentes de água para a formação do aduto α. 36 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima 1.2 Ressonância magnética nuclear de compostos de estanho. A estrutura de uma molécula determina suas propriedades físicas, reatividade e atividade biológica, no entanto, as estruturas moleculares são determinadas comumente através do uso de métodos espectroscópicos. Embora existam outros métodos para determinar a estrutura de uma molécula, tais como confirmação por uma síntese independente ou correlação com materiais conhecidos, as ferramentas espectroscópicas são normalmente mais práticas [36]. A espectroscopia trata do estudo da interação da energia com a meteria. Quando se aplica energia à matéria ela pode ser absorvida, emitida, causar uma modificação química ou ainda ser transmitida. Uma das técnicas espectroscópica bastante usada é a espectroscopia de ressonância magnética nuclear, técnica mais importante para a investigação a nível molecular, que permite obter informação estrutural e dinâmica para qualquer estado da matéria. Em particular é um método decisivo na determinação de estruturas tridimensionais de moléculas no estado líquido. Ocupa, igualmente, um lugar saliente no campo de análise qualitativa e quantitativa, desde componentes em produtos alimentares, por exemplo, a fluídos biológicos e metabólitos em tecidos e órgãos de seres vivos intactos, de modo não invasivo e não destrutivo [37]. A técnica de ressonância magnética nuclear consiste, simplesmente, na absorção de energia por núcleos de alguns isótopos do hidrogênio, do carbono, do estanho e de alguns outros elementos, que tem propriedades quânticas que lhe fazem se comporta de uma maneira análoga aos ímãs comuns. Esses núcleos quando colocado em um campo magnético dezenas de milhares de vezes maior que o campo magnético da terra proporcionam uma quantidade considerável de informações químicas. Estas informações são reproduzidas na forma de um espectro característico para o composto, sendo possível obter informações como deslocamento químico, área do pico (integração), desdobramento do sinal e constante de acoplamento. É por essas informações e outras que a ressonância magnética nuclear torna-se uma ferramenta indispensável na caracterização das substâncias químicas [36]. A ressonância magnética nuclear é umas das técnicas utilizadas na caracterização dos compostos de organoestanho. Compostos estes que além de possuírem núcleos 37 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima magnéticos tais como 1H e 13C, possuem o núcleo de 119Sn que apresenta momento de spin ½ e abundância natural de 8,68% [38]. A ressonância direta do núcleo 119 Sn permite a observação de amplos valores de deslocamentos químicos que dependem do substituinte ou da coordenação com o centro metálico. Um grande número de compostos de estanho tem sido estudado por RMN 119Sn, tais como: alquil, aril, alil e vinil organoestanho [39]. Em alguns casos é observada uma dificuldade em determinar a estrutura do composto organoestanho somente com dados de deslocamento químico de 119 Sn, 1H e 13 C. Isto ocorre, especialmente, em casos de determinação configuracional de isômeros [38]. Nestes casos o valor da constante de acoplamento nJ(Sn H), determinada a partir de RMN 1H, é um dado fundamental para a determinação configuracional do isômero. Entre alguns exemplos descritos na literatura usando ressonância de 119 Sn como ferramenta, merece destaque o trabalho de investigação desenvolvido por Woodward e colaboradores [40]. Neste estudo, eles perceberam que reações de alilação enantiosseletiva de cetonas por tetralilestanho na presença do catalisador MTBH2 (monotiolbinafitol, 2hidroxi-2-mercapto-1,1-binafitil) só ocorrem com excesso enantiomérico de 85-92%, quando foi usado o tetralilestanho contendo impurezas provenientes de sua síntese. Todavia, quando a mesma reação foi realizada com tetralilestanho purificado ou na sua forma comercial o álcool homoalílico foi obtido com excesso enantiomérico de 35-50% ee. Tentando averiguar as impurezas presentes no tetralilestanho, foi realizada a análise por ressonância de 119 Sn. O espectro apresentou os sinais em –47ppm, –33ppm, 60ppm e 92ppm que foram atribuídos aos seguintes compostos, tetralilestanho, etiltrialilestanho, cloreto de trialilestanho e cloreto de dialiletilestanho respectivamente. A impureza principal foi o etiltrialilestanho, sendo a sua formação e a do cloreto de dialiletilestanho justificada pelo método de síntese do tetralilestanho a partir do alilmagnésio que requer o uso do brometo de etila como promotor. Todas as espécies foram confirmadas com o material autentico e com dados de deslocamento de RMN 119 Sn descritos na literatura respectivamente. Como já mencionado as constantes de acoplamento nJ(Sn H) pode ser altamente informativa. Vários problemas de estereo- e regioisômeros foram resolvidos a partir da determinação dessas constantes. 38 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Uma das aplicações é o trabalho de Podestá e colaboradores [41], na determinação de estereo- e regioisômeros nas reações de hidroestanação de alquinil cetonas. Um dos exemplos é a reação de hidreto de trineofenilestanho com 3-octin-2-ona, a qual leva a uma mistura de isômeros que foram determinados pela constate de acoplamento nJ(Sn H) (esquema 1.24). SnCH2CPhMe2 O SnCH2CPhMe2 Bu + AIBN H Bu H O Bu 33% (Z) δ Sn ppm 3 J(SnH) Hz -89,1 118,6 O 67% (E) δ Sn ppm -66,5 J(SnH) Hz 65,2 3 Esquema 1.24 Reação de trineofenilestanho com 3-octin-2-ona. A ressonância de 119 Sn tem se mostrado uma ferramenta muito útil no estudo de reações envolvendo espécies organoestanho. No entanto, poucos dados de RMN 119 Sn em água ou água deuterada estão descritos na literatura [42]. Este fato e o desenvolvimento de reações mediadas por estanho em água têm despertado o interesse em estudar a formação de espécies organoestanho em meio aquoso. 39 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima 1.3 Objetivos Reação de alilação do tipo Barbier tem sido descrita na literatura com alta regiosseletividade e estereosseletividade, porém uma das limitações desta reação é a dificuldade em obter o aduto α quando a reação é mediada por metais e haletos alílicos substituídos. Portanto, a síntese do aduto α usando haletos alílicos substituídos, metal e compostos carbonílicos em meio aquoso tem se tornado um dos desafios da química orgânica. Assim com o intuito de desenvolver uma nova metodologia na preparação de álcoois homoalílico substituídos na posição γ, foi proposto o estudo da reação do tipo Barbier de aldeído aromáticos, alifáticos e α,β-insaturados com brometo de crotila ou 4bromocrotonato de etila mediada por estanho em meio aquoso (esquema 1.25). OH O + Br R R1 Meio Aquoso Sn β R α R1 γ R = aromático, alifatico e αβ insaturados R = Metil ou CO2Et M = Metal Esquema 1.25 Reação de aldeídos com 4-bromocrotonato de etila ou brometo de crotila mediada por Sn em meio aquoso. Estudos das espécies alilestananas geradas durante a reação também estão sendo propostos visando determinar os fatores que influenciam na regio- e diastereosseletividade da reação. 40 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Capítulo 2 41 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Resultados e Discussões 2.1 Reações de Alilação A reação de alilação utilizando compostos carbonílicos tem sido estudada amplamente. No entanto, o ponto crucial destas reações se encontra na regio- e na estereosseletividade, uma vez que estas podem levar tanto aos produtos de adição γ quanto ao α. A literatura tem revelado um número reduzido de trabalhos para a regiosseletividade α. Assim, o desenvolvimento de uma metodologia eficiente para a preparação do regioisômero α, bem como o estudo mecanístico da reação, é importante do ponto de vista sintético, uma vez que a maioria das metodologias descritas leva preferencialmente ao isômero γ [35]. Nosso grupo vem desenvolvendo nos últimos anos metodologias simples e eficientes para reações de compostos organometálicos em meio aquoso [43]. Estes estudos serviram de base para o desenvolvimento de uma metodologia para preparação do regioisômero α, através da reação de aldeídos com haletos alílicos substituídos. Desse modo, foi iniciado um estudo sistemático da reação do tipo Barbier de haletos alílicos substituídos e benzaldeído mediada por metais em meio aquoso. O uso da água como solvente vem ganhando cada vez mais importância em metodologias verdes que reduzem a utilização de solventes tóxicos e inflamáveis, o que torna a água o solvente ideal [4]. Pensando assim, foi iniciado o estudo da reação de alilação do tipo Barbier de benzaldeído com brometo de crotila mediada por zinco ou estanho somente em água. Foi observado ao final da reação o benzaldeído de partida, o produto de redução do brometo de crotila e o aduto γ em baixo rendimento (esquema 2.1). OH O O Br + Ph Ph Zn ou Sn H2O + Ph aduto γ Esquema 2.1 Reação de Barbier entre o benzaldeído e brometo de crotila. 42 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Esse resultado era esperado em termos de regiosseletividade, pois a condição testada foi baseada em condições similares para a reação do tipo Barbier em meio aquoso que conduz somente ao aduto γ [35]. Esta observação serviu como base para definir quais as condições reacionais que deveriam ser testadas para obtenção do aduto α . A partir destes resultados, foi iniciado o estudo da reação utilizando benzaldeído com brometo de crotila na presença de haleto de estanho II em água, que resultou apenas nos reagentes de partida. Estas condições foram baseadas nos estudos de Masuyama e colaboradores [30], que obtiveram o aduto α em bons rendimentos através da utilização de haleto de estanho II em sistema bifásico CH2Cl2/H2O. Prosseguindo no estudo das condições que permitissem a formação do regioisômero α foram avaliados os dados descritos por Matsukawa e colaboradores [23] para as reações regiosseletiva envolvendo reagentes de crotil Grignard e benzaldeído na presença de sais de lantanídeos. Nestas reações a formação dos adutos α e γ está associada ao lantanídeo empregado, sendo a regiosseletividade α/γ de 1:99 quando se utilizou YbCl3 e de 86:14 com o CeCl3. A partir dos dados de Matsukawa foi construído um gráfico da regiosseletividade α versus o raio iônico do sal de lantanídeo, figura 2.1, que apresentou uma boa correlação (R = 0,89) entre a regiosseletividade e o raio iônico. 100 Seletividade aduto α (%) Nd Sm Eu 80 R = 0.89 Pr Ce La Ho Dy Gd 60 Tb Er 40 Y Lu Tm 20 Yb Sc 0 70 75 80 85 90 95 100 105 110 Raio Iônico (pm) Figura 2.1: Gráfico da regiosseletividade versus o raio iônico do sal de lantanídeo. 43 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima A partir de dados de espectroscopia de infravermelho, Matsukawa e colaboradores [23] propuseram que o reagente de crotil Grignard na presença do sal CeCl3⋅7H2O sofre uma transmetalação levando à formação da espécie alilcério (figura 1.1 página 25). Essas espécies reagem com benzaldeído levando à formação dos adutos α e γ numa razão de 86:14 (esquema 1.11 página 25). A formação in situ do reagente organocério está descrita na literatura através de reações de transmetalação de organometálicos de lítio e magnésio [23, 44, 47]. Apesar da importância desses compostos em reações de adição à carbonila, pouco se conhece a respeito da estrutura dos compostos organocério. O uso de sais de lantanídeos (ácidos de Lewis) como catalisadores tem crescido muito nos últimos anos devido à sua estabilidade na presença de água. Esta é uma das vantagens para a aplicação destes catalisadores em reações realizadas em água [45]. Considerando a influência dos sais de lantanídeos na regiosseletividade em meio orgânico e a tolerância desses catalisadores na presença de água, foi iniciado o estudo da reação de haletos alílicos substituídos tais como: 4-bromocrotonato de etila e brometo de crotila com benzaldeído mediada por estanho em meio aquoso na presença de cloreto de cério(III) (esquema 2.2) O OH + R Ph Br Sn CeCl3 7H2O H2O R Ph R = Metil, CO2Et Esquema 2.2 Reação de Barbier entre o benzaldeído e haletos alílicos substituídos. Inicialmente foi escolhido o estanho devido ao grande número de trabalhos com este metal em reações de alilação em meio orgânico [46] e aquoso [6]. Dados da literatura sugerem que reações de alilação com estanho metálico em meio aquoso envolvam espécies organometálicas [14], tais como dibrometo de dialilestanho e brometo de alilestanho (II). O uso do Ce(III) foi decorrente das observações descritas na literatura, que sugerem o CeCl3 44 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima como ácido de Lewis, bem como a sua capacidade em transmetalar em meio orgânico [23, 44, 45, 47]. Por outro lado a, reação de transmetalação de espécies organoestanho com íons lantanídeos tem sido pouco estudada. Brunelli e colaboradores [48] estudaram a reação de tetralilestanho com sais de lantanídeos e n-butil lítio com a obtenção de complexos alillantaídeos do tipo LiCe(alil)4. 2.1.1 Reação com 4-bromocrotonato de etila Os trabalhos na literatura têm descrito, na maioria dos casos, o sistema haletos de crotila e cinamila para a regiosseletividade α, enquanto que 4-bromocrotonato de etila tem sido pouco estudado. Até mesmo os trabalhos de Loh e colaboradores [34] limitam o uso deste haleto para a reação mediada por índio com aldeídos alifáticos como cicloexanal ou etanal, sendo observada uma boa regiosseletividade α . Wang e colaboradores [31] estudaram a reação com brometo de crotila e 4bromocrotonato de etila na presença do benzaldeído. Na reação com 4-bromocrotonato de etila, o uso da solução de 0,25 M de NaBF4 foi essencial na formação do aduto α em 75% de rendimento como uma mistura dos isômeros Z e E. Por outro lado, Wang e colaboradores observaram que quando a mesma reação foi realizada apenas em água ocorreu somente à formação do aduto γ em 58% de rendimento e com uma diastereosseletividade de 74:26 syn/anti. Estes poucos dados descritos para a formação do aduto α usando 4-bromocrotonato de etila indicam a necessidade de desenvolvimento de novos métodos de síntese desses intermediários. Assim foi iniciado o estudo da reação de 4-bromocrotonato de etila com benzaldeído mediada por estanho em pó na presença de CeCl3.7H2O em água. Foram testadas diversas condições reacionais (tempo e estequiometria), sendo observado que na ausência de CeCl3.7H2O foi obtido apenas o produto de redução do 4-bromocrotonato de etila e o aldeído de partida. No entanto, quando foi testada a reação na presença de 1,5 mmol de CeCl3.7H2O com 1,0 mmol de benzaldeído, 1,15mmol de 4-bromocrotonato de 45 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima etila (75% de pureza) e 1,5 mmol de estanho metálico em 2 mL de água, foi observado traços do aduto α. Vale salientar que durante o processo de extração com diclorometano houve formação de uma emulsão que não se desfazia na presença de solução salina de NaCl. A maior dificuldade encontrada foi à emulsão, o que levou à perda significativa de rendimento bruto. Foram testados diferentes solventes na extração, tais como: acetato de etila, clorofórmio e éter etílico, sendo observada a continuidade da emulsão. Sendo assim, outras diferentes condições de extração foram propostas que resultaram somente na quebra da emulsão através do uso de solução de HCl 2,0 M (~ 10 mL) e éter etílico como solvente de extração. Após a otimização das condições de extração das reações mediadas por estanho na presença de CeCl3.7H2O, a reação foi repetida várias vezes sendo obtido um rendimento bruto na faixa de 70-80%, determinado por RMN 1H utilizando uma solução 0,2 M de acetona em clorofórmio deuterado na amostra bruta. Foi determinado o rendimento de 45% para o aduto α 30 o (E) 5-hidroxi-5fenilpent-2-enoato de etila considerando a relação entre a integral do sinal dos hidrogênios da acetona, padrão interno de concentração conhecida, com a integração do multipleto na região de 2,6ppm correspondente aos prótons Hb, também foi recuperado benzaldeído de partida em torno de 35% (esquema 2.3). O Br EtO Sn CeCl3 7H2O H2O 30 minutos PhCHO 4-bromocrotonato de etila HO PhCHO O Ha + Ph OEt Hb Hb aduto 45% (30) Esquema 2.3 Reação de Barbier entre o benzaldeído e 4-bromocrotonato de etila. A amostra bruta foi purificada através de coluna cromatográfica de sílica gel usando uma mistura de cicloexano e acetato de etila (9:1), sendo observado benzaldeído, o produto 46 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima de redução do 4-bromocrotonato de etila e o aduto α (30). O aduto α (30) puro foi submetido à espectroscopia de RMN 1H, sendo observado um duplo dubleto em 4,8ppm (Ha) e um multipleto em 2,60 a 2,70ppm (Hb). Além destes sinais característicos do aduto α (30), foram observados prótons aromáticos bem como, dos grupos etoxi e alila. Os dados de RMN 1H estão de acordo com os descritos na literatura [31]. Visando ainda melhorar as condições reacionais, as quantidades estequiométricas no sistema foram variadas; uma vez que, sempre se observou o benzaldeído de partida ao final da reação. Esta observação poderia estar relacionada à proporção de 1:1,5 de benzaldeído e 4-bromocrotonato de etila; pois, o reagente 4-bromocrotonato de etila é comercial apenas com 75% de pureza. Essa percepção poderia de certa forma, justificar a presença do benzaldeído ao final da reação. É sabido que algumas reações de alilação descritas na literatura geralmente ocorrem com um grande excesso do haleto alílico [49]. Em vista disso, foi testada a reação com um excesso de 1,90 mmol de 4-bromocrotonato de etila para 1,0 mmol de benzaldeído e 1,5 mmol de estanho em pó e 1,5 mmol de CeCl3.7H2O em 2 mL de água, sendo verificado, ao fim da reação, nenhum produto de adição e sim reagentes de partida e produto de redução do 4-bromocrotonato de etila. Como a maioria das reações utilizou quantidades equimolares do 4-bromocrotonato de etila, Sn em pó e CeCl3.7H2O, foram iniciadas a variação das quantidades de Sn em pó e do CeCl3.7H2O no sistema reacional. No entanto, estas variações levaram ao aduto α (30) com rendimentos determinados por RMN 1H entre 15% e 20%. Dados da literatura também mostram que as concentrações do meio reacional influenciam nas reações de alilação de compostos carbonílicos [50]. A partir dessas observações, a reação foi testada, variando o volume de água no sistema reacional. As concentrações variaram de concentrada até diluída, não sendo observada nenhuma variação significativa na formação do aduto α (30) na faixa de concentração de 0,5 a 0,05 M. A fim de melhorar o rendimento, a reação foi testada na presença de KF. Segundo Chan e Li [51], este sal atua como um bom ativador de metais como antimônio e alumínio em meio aquoso, pois torna o pH do meio reacional levemente básico. Esperando o mesmo resultado para a ativação do Sn em pó, foi testado a reação de 1,0 mmol de benzaldeído para 1,5 mmol de 4-bromocrotonato de etila, estanho metálico e CeCl3.7H2O em 2 mL de 47 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima solução aquosa de KF aproximadamente de 8 M. Foi verificado ao final da reação a formação dos adutos α (30) e γ (31) o 2-(hidroxi-fenil-metil)-but-3-enoato de etila nas proporções de 12% e 43%, respectivamente (esquema 2.4). O Sn Br EtO solução de KF HO CeCl3 7H2O Ha OH + Ph Hb PhCHO 30 minutos CO2Et O Ph OEt aduto α (30) em 12% aduto γ (31) em 43% Esquema 2.4 Reação de Barbier entre o benzaldeído e 4-bromocrotonato de etila em solução de KF. Observou-se a formação do aduto γ (31) através da análise do espectro de RMN 1H, sendo observada a presença dos dois diastereoisômeros (anti e syn), cuja proporção ficou na faixa de 1:1. Os sinais correspondentes ao isômero anti foram em 3,4ppm ( J = 8,3 Hz) correspondendo ao próton Hb na forma de um tripleto, e um dubleto em 4,9ppm ( J = 8,3 Hz) foi referente ao próton Ha. Para o diastereoisômero syn, foram observados os sinais referentes ao próton Hb na região de 3,3ppm ( J = 6,4 Hz, J = 8,8 Hz) na forma de um duplo dubleto e outro sinal em 5,0ppm ( J = 6,4 Hz) referente ao próton Ha na forma de dubleto. Além desses sinais característicos do aduto γ (31), também foi observado o sinal referente aos prótons aromáticos, os alílicos e os da etoxila do produto. A caracterização dos diastereoisômeros foi baseada em dados da literatura da reação de benzaldeído com 4bromocrotonato de etila [31]. Em contrapartida, quando se testou a reação na presença de Sn e KF e na ausência de CeCl3.7H2O só foi observado ao final da reação apenas benzaldeído e o produto de redução do 4-bromocrotonato de etila. 48 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Ainda durante o estudo sistemático para a regiosseletividade α, dados de literatura descreveram um aumento drástico da atividade CeCl3.7H2O pela presença de NaI, que atua como um co-catalisador [45]. Até mesmo em reações de alilações de aldeídos por aliltributilestananas em acetonitrila, o sistema CeCl3.7H2O-NaI tem sido utilizado com excelentes rendimentos na formação do álcool homoalílico [50] (esquema 2.5). OH O + SnBu3 CeCl3 7H2O, NaI CH3CN R R Esquema 2.5 Reação de alilação de aldeídos por aliltributilestanho. Sabendo da importância do co-catalisador NaI para as reações com CeCl3.7H2O, foi testado a reação de 1,0 mmol de benzaldeído com 1,15 mmol de 4-bromocrotonato de etila mediada por 1,5 mmol de Sn metálico em presença de 1,5 mmol de CeCl3.7H2O para 0,015 mmol de NaI em 2 mL de água. Nestas condições foi observado apenas o aduto α (30) ao final da reação com um rendimento na faixa de 40%, resultado similar ao obtido anteriormente na ausência de NaI. Igualmente, foi testada a reação em acetonitrila e acetonitrila/água, ambas na presença e ausência do NaI. As reações realizadas em acetonitrila, em ambas as condições, apresentaram no final da reação apenas os reagentes de partida e o produto de redução do 4bromocrotonato do etila. Nas reações realizadas em acetonitrila/água (1:1), foram verificados reagentes de partidas e traços dos adutos α (30) e γ (31) e do produto de redução do 4-bromocrotonato de etila. Os resultados obtidos em água foram melhores em termos de rendimento e regiosseletividade dos que os observados em acetonitrila e acetonitrila/água. Apesar do rendimento observado para a reação de 4-bromocrotonato de etila com benzaldeído mediada por Sn em pó na presença de CeCl3.7H2O em água estar na faixa de 45%, a formação do aduto α (30) foi regioespecífica. A metodologia é bastante simples e não requer o tratamento dos reagentes. O uso do haleto alílico é de aproximadamente 1:1,1 em relação ao aldeído, pois foi utilizado o reagente 4-bromocrotonato de etila com 75% de 49 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima pureza, sendo que as outras metodologias descritas utilizam diferentes excessos do haleto que variam de 20% a 100% [49]. A metodologia foi estendida para outros aldeídos, onde a reação foi regioespecifica dependendo do aldeído empregado, porém todos os adutos sintetizados são novos e não estão descritos na literatura (tabela 2.1). Tabela 2.1 Resultados da Reação de Barbier entre o 4-bromocrotonato de etila e aldeídos aromáticos, alifáticos e α,β-insaturados em meio aquoso. Rendimento Linha Aldeído Aduto α Aduto γ 17%a (32) - 20%a (33) - 38%b (34) - - 35%a (35) - 22%a (36) O 1 4 heptanal O 2 hidrocinamaldeído O H3CO 3 3-metoxi-benzaldeído O 4 cinamaldeído O O 5 O 3-formil-cromonac As reações foram realizadas nas quantidades de 1,0 mmol de aldeído para 1,15 mmol de 4bromocrotonato de etila e 1,5 mmol de Sn metálico e CeCl3⋅7H2O em 2 mL de água. a – rendimento isolado, b – rendimento determinado por RMN 1H utilizando padrão interno, c – Foi utilizado 0,2 mL de dioxano como co-solvente no sistema reacional. 50 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Os produtos da reação realizada com heptanal (tabela 2.1, linha 1) foram purificados através de coluna cromatográfica de sílica gel, utilizando cicloexano:acetato de etila (9:1). Foram identificados o heptanal de partida, o produto de redução do 4-bromocrotonato de etila e somente 17% do aduto α (32) com regiosseletividade α de 100%. Este composto apresentou-se no espectro de RMN 1H o sinal referente ao próton Ha em 3,7ppm na forma de quinteto e o próton Hb na região 2,3 a 2,4ppm na forma de multipleto, decisivos na caracterização do aduto α. Também foram observados os sinais referentes aos prótons alifáticos e alílicos desse composto. HO O Ha OEt Hb Hb Aduto α (32) (E) 5-hidroxiundec-2-enoato de etila Na reação realizada com hidrocinamaldeído (tabela 2.2, linha 2) foram obtidos após coluna cromatográfica de sílica gel, utilizando cicloexano:acetato de etila (9:1), hidrocinamaldeído de partida, o produto de redução do 4-bromocrotonato de etila e 20% do aduto α (33) com regiosseletividade α de 100%. Este aduto α (33) apresentou no espectro de RMN 1H o sinal em 3,8ppm na forma de quinteto referente ao próton Ha. Também foram observados os sinais referentes aos prótons alifáticos e alílicos desse composto. HO Ha O O Aduto α (33) (E) 5-hidroxi-7-fenilhept-2-enoato de etila Na reação com 3-metoxi-benzaldeído (tabela 2.1, linha 3) foi observado um rendimento de 38%, calculado por RMN 1H, onde foi relacionado a integral dos 51 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima hidrogênios da acetona (padrão interno) com o multipleto na região de 2,6ppm referente ao aduto α (34). Foram identificados também 3-metoxi-benzaldeído de partida e o produto de redução do 4-bromocrotonato de etila. Foi obtido um rendimento menor para a reação do 3metoxi-benzaldeído quando comparado com a reação do benzaldeído, o que pode ser justificado pelo efeito doador do grupo metoxila que torna a carbonila do aldeído menos eletrofílica, esse efeito é consistente com dados da literatura [3d]. Foi caracterizada a formação do aduto α (34) por espectroscopia de RMN 1H, após coluna cromatográfica de sílica gel usando cicloexano e acetato de etila (9:1). Os principais sinais desse aduto α (34) são observados no espectro de RMN 1H na forma de duplo dubleto em 4,8ppm referente ao próton Ha, um multipleto em 2,5-2,6ppm referente aos prótons Hb e um singleto em de 3,8ppm correspondente aos prótons da metoxila. Além dos sinais característicos do aduto, foi observado o sinal dos prótons aromático, alílicos e da etoxila. HO O Ha OEt Hb Hb OCH3 Aduto α (34) (E) 5 hidroxi-5-(3-metoxifenil) pent-2-enoato de etila Embora tenha sido observada uma boa regiosseletividade α para aldeídos aromáticos e alifáticos, não foi conseguido o mesmo o para aldeídos α,β-insaturados, como o cinamaldeído (tabela 2.1, linha 4) e 3-formil-cromona (tabela 2.1, linha 5) onde foi observada somente a formação do regioisômero γ, ou seja, apenas adição 1,2. Em termos de quimiosseletividade, somente a função aldeído é alilada frente à função cetona na molécula bifuncional de 3-formil-cromona. Esta quimiosseletividade está de acordo com o recente trabalho de Yadav e colaboradores para as reações de alilação na presença de CeCl3.7H2O [52]. Os produtos das reações com cinamaldeído e 3-formil-cromona foram purificados em coluna cromatográfica de sílica gel utilizando cicloexano e acetato de etila (9:1), foram 52 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima revelados aldeídos de partida, o produto de redução do 4-bromocrotonato de etila e a formação dos adutos γ que foram identificados por espectroscopia de RMN 1H, sendo observados os diasteroisômeros syn e anti numa proporção de 1:1. Para o aduto γ (35) obtido pela reação de cinamaldeído com 4-bromocrotonato de etila (tabela 2.1, linha 4), a mistura dos diastereoisômeros syn e anti apresentaram um multipleto na região de 4,5 a 4,6ppm referente ao próton Ha e outro multipleto na região de 3,2 a 3,3ppm referente ao próton Hb. Além desses sinais, foram observados os sinais dos prótons aromáticos, alílicos e da etoxila do produto. HO Ha Hb CO2Et Aduto γ (35) (E) 3-hidroxi-5-fenil-2-vinilpent-4enoato de etila Já para o aduto γ (36) obtido pela reação de 3-formil-cromona com 4bromocrotonato de etila (tabela 2.1, linha 5) a mistura dos diastereoisômeros syn e anti apresentaram um dubleto em 4,8ppm referente ao próton Ha ( J = 7,5 Hz) e um tripleto em 3,8ppm ( J = 8,25 Hz) referente ao próton Hb. Além desses sinais, foram observados os sinais referentes aos prótons do grupo cromil, alila e da etoxila do produto. O HO Ha Hb CO2Et O Aduto γ (36) 2-(hidroxi(4-oxo-4H-cromomen-3-il) metil)but-3-enoato de etila Esses últimos resultados sugerem que CeCl3.7H2O promove uma alta regiosseletividade α para a reação de 4-bromocrotonato de etila com aldeídos aromáticos e 53 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima alifáticos na presença de estanho metálico em meio aquoso. A exceção foi observada para o 3-formil-cromona e o cinamaldeído onde foi observada a formação exclusiva dos adutos γ. A influência do sal de lantanídeo e a estrutura do aldeído na regiosseletividade ainda não estão determinadas. Até este momento não se tem dados suficientes para avaliar que espécie organometálica está participando da reação, se ocorre ou não a transmetalação com o sal de cério (III), ou se o lantanídeo atua apenas como ácido de Lewis. Independentemente da espécie organoestanho gerada a partir do 4-bromocrotonato de etila, o Ce(III) pode formar uma forte, mas ao mesmo tempo flexível ligação com o oxigênio do grupo carbonila do aldeído e até mesmo com a carbonila do éster. Contudo, foi verificado também para as reações com aldeídos α,β-insaturados uma alta regiosseletividade γ que pode estar relacionada à estrutura do aldeído no mecanismo reacional. Considerando os resultados obtidos, era interessante avaliar a influência da estrutura do haleto alílico substituído na posição γ na regiosseletividade da reação com aldeídos aromáticos e alifáticos na presença de CeCl3.7H2O. Dessa forma, foi iniciada a síntese do 3-bromo-1-fenilsulfonil-1-propeno (39), uma vez que o grupo sulfona na molécula atua como um bom retirador de elétrons e poderia complexar com o CeCl3.7H2O. Além disso, a reação desse haleto com aldeído leva à formação de álcool homoalílico com a função sulfona, este intermediário é importante em síntese orgânica, pois é base de várias transformações sintéticas. A síntese dessa molécula está discutida na literatura em três etapas, que consistem inicialmente na reação de tiofenol com brometo de alila na presença de K2CO3 em CH2Cl2, levando a formação do intermediário alil-fenil-sulfeto (37). Em seguida, este intermediário foi oxidado com m-CPBA em CH2Cl2 para a formação do alil-fenil-sulfona (38). Posteriormente, a alil-fenil-sulfona foi tratada com bromo em CCl4, sendo em seguida adicionada trietilamina em THF a 0° C, levando ao desejado 3-bromo-1-fenilsulfonil-1propeno (39) [53] (esquema 2.6). 54 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima O K2CO3, CH2Cl2 PhSH m-CPBA, CH2Cl2 0° C S Ph Br O S Ph 67% (38) 92% (37) Et3N Br2, CCl4 O Hb O O Br S 1) EtN3 2) THF, O° C Ph Hc O S Br Br Ph Ha Ha 75% (39) Esquema 2.6 Síntese do 3-bromo-1-fenilsulfonil-1-propeno (39). O produto (39) obtido foi caracterizado por RMN 1H, sendo observado um duplo dubleto em 4,0ppm (3J = 6,75 Hz, 4J =1,35 Hz) referentes aos prótons Ha, um dublo tripleto em 6,6ppm (Jtrans = 14,7 Hz, 4J = 1,35 Hz) referente ao próton Hc, um outro duplo tripleto em 7,0ppm (Jtrans = 14,7 Hz, 3J = 6,57 Hz) referente ao próton Hb e os prótons referentes ao anel aromático na forma de multipleto na região de 7,5 a 8,0ppm. Com o 3-bromo-1-fenilsulfonil-1-propeno (39) em mãos, foi realizado a reação de 1,5 mmol desse haleto com 1,0 mmol benzaldeído mediada por 1,5 mmol de Sn em pó na presença de 1,5 mmol de CeCl3.7H2O em 2 mL de água por 72 horas. Após esse tempo, não foi observado o consumo do estanho, mas mesmo assim, a reação foi acidificada com 10 mL de HCl 2 M e extraída duas vezes com 15 mL de éter etílico, sendo todo solvente concentrado. A análise por RMN 1H do extrato bruto apresentou ao final da reação apenas os reagentes de partida e o produto de redução do 3-bromo-1-fenilsulfonil-1-propeno (39), o alil-fenil-sulfona. Devido a não observação do consumo do estanho na reação, a mesma foi testada com 192 horas, onde foi observado o consumo do estanho, porém foi verificado após extração e análise por RMN 1H a possível formação do produto desejado em pequena quantidade e em maior quantidade o produto de redução do 3-bromo-1-fenilsulfonil-1propeno (39). Além disso, foram testadas outras condições variando as quantidades dos reagentes, bem como condições já descritas na literatura envolvendo estanho em meio 55 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima aquoso [6, 31]. Estas reações tiveram como intuito determinar se o 3-bromo-1-fenilsulfonil1-propeno (39) poderia reagir com benzaldeído, no entanto, foram observadas em todas condições testadas apenas reagentes de partidas e o produto de redução do 3-bromo-1fenilsulfonil-1-propeno (39). 2.1.2 Reação com brometo de crotila Tentando ainda elucidar o possível efeito do CeCl3.7H2O na reação, foi iniciado o estudo da reação para sistemas mais simples como brometo de crotila. Considerando os dados da literatura de regiosseletividade e diastereosseletividade para as reações de alilação mediadas por estanho [6, 31, 34], foi iniciado o estudo da reação de brometo de crotila e benzaldeído na presença de CeCl3.7H2O em diferentes solventes, tais como água, acetonitrila/água, dioxano, dimetilsulfóxido e metanol (esquema 2.7). HO Ha Ph Hb CH3 aduto Br Sn CeCl3 7H2O Solvente 30 minutos PhCHO brometo de crotila (41) + HO Ha CH3 Ph Hb aduto Hb (40) Esquema 2.7 Reação de Barbier entre o benzaldeído e brometo de crotila em diferentes solventes. Inicialmente foi testada a seguinte condição reacional: 1,0 mmol de benzaldeído, 1,5 mmol de brometo de crotila, 1,5 mmol de estanho metálico em pó e 1,5 mmol de CeCl3 7H2O em 2 mL de solvente por 24 horas de agitação. 56 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima A reação realizada em água como solvente levou apenas ao aduto γ (41) o 2-metil-1fenilbut-3-en-1-ol em até 80% de rendimento com uma mistura dos diastereoisômeros syn/anti de 1:1. Foram obtidos resultados similares, em termos de rendimento e diastereosseletividade, para a reação na ausência de CeCl3.7H2O. O consumo do metal foi bem mais rápido para a reação realizada na presença de cério (III), indicando que este deve estar atuando como um ácido de Lewis nestas condições. Em solvente orgânico, foi iniciado o estudo com dioxano como solvente sendo observado o consumo do metal após 24 horas. A reação foi extraída, concentrada e a amostra dissolvida em clorofórmio deuterado contendo anisol como padrão interno. Nestas condições foi observado o aduto γ (41) em 50% de rendimento e na proporção de 1:1 syn /anti e o aldeído de partida em 37%. A reação foi repetida nas mesmas condições sendo obtido um melhor rendimento global, de aproximadamente 98%, mas como uma mistura dos adutos α (40) e γ (41) na razão de 66:32 e na proporção de 1:1 syn /anti. Novas tentativas foram realizadas em condições similares, sendo observado novamente os adutos α (40) e γ (41), porém com diferentes diastereosseletividade. Nestas reações foi observada a formação de um sólido após a adição de clorofórmio deuterado, o qual pode estar adsorvendo parte dos produtos levando com isso a uma variação da concentração dos produtos em solução. Visando avaliar a influência do sal de lantanídeo na regiosseletividade da alilação, a reação foi testada também na ausência do sal de cério (III), sendo obtido um rendimento global de 75%, mas com uma mistura dos adutos α (40) e γ (41) na proporção de 54:21 e na proporção de 1:1 syn /anti. A formação dos adutos α (40) e γ (41) foi observada através da análise dos espectros de RMN 1H. Sendo que o aduto α (40) apresentou o sinal do próton Ha na forma de um multipleto na região de 4,6-4,7ppm, os prótons Hb na forma de um multipleto na região de 2,3-2,6ppm e um duplo dubleto referente aos prótons da metila na região de 1,6ppm (J = 6,8 Hz, J = 0,8 Hz). Para o aduto γ (41) foi observado por RMN 1H os dois diastereoisômeros syn e anti. Sendo os sinais característicos para o isômero syn um dubleto correspondente a metila em 1,0ppm (J = 6,9 Hz), um multipleto na região de 2,4-2,6ppm referente ao próton Hb e um dubleto em 4,4ppm (J = 5,7 Hz) referente ao próton Ha. O isômero anti apresentou os sinais característicos na região de 0,86ppm (J = 7,2 Hz) na 57 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima forma de dubleto referente aos prótons da metila, um dubleto em 4,2ppm (J = 7,8 Hz) referente ao próton Ha e um multipleto na região de 2,4-2,6ppm referente ao próton Hb. Além dos sinais decisivos na caracterização dos adutos α (40) e γ (41), foram observados os sinais referentes aos prótons alílicos e aromáticos desses produtos. Os dados de RMN 1H estão de acordo com os descritos na literatura [31]. Considerando as dificuldades de reproduzir os rendimentos e principalmente a seletividade nesta reação, a reação foi avaliada em diferentes intervalos de tempo. A utilização do cloreto de cério dificulta uma análise direta da amostra por RMN 1H devido às suas propriedades paramagnéticas. Primeiramente a reação foi testada usando dioxano como solvente e na ausência de CeCl3.7H2O, foram retiradas alíquotas da amostra nos seguintes intervalos de tempo: 30 minutos, 1 hora, 2 horas e 30 minutos, 7 horas e a reação foi finalizada com aproximadamente 24 horas de agitação. Foi adicionado solução aquosa de HCl 2,0 M nas alíquotas e extraída com éter etílico, a amostra foi concentrada e dissolvida em clorofórmio contendo um padrão interno e analisada por RMN 1H. O aduto α (40) foi apresentado em maior proporção nos primeiros 30 minutos de reação, contudo se observou também o aduto γ (41), aldeído de partida e brometo de crotila. Algumas alíquotas, como por exemplo, com 1 hora apresentaram um espectro de RMN 1H bastante complexo e de difícil atribuição. A amostra com 7 horas apresentou um espectro limpo com os adutos α (40) e γ (41). A diastereosseletividade nesta amostra foi muito alta, sendo observado praticamente apenas o aduto syn. A última amostra analisada, após 24 horas, apresentou principalmente o aduto γ (41) como uma mistura de 6:4 dos diastereoisômeros syn e anti, como pode ser visto na figura 2.2 abaixo. 58 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima (a) OCH3 (anisol) α (CH3) dioxano α (CH=C) (b) γ (CH3) (c) γ (CH3) α (CH3) Figura 2.2 Espectro de RMN 1H da Reação de benzaldeído com brometo de crotila mediada por estanho em dioxano: a) 30 minutos de agitação b) 7 horas de agitação c) 24 horas de agitação. Estes resultados são intrigantes, pois sugerem uma conversão do aduto α (40) no γ (41). Outro ponto interessante é a variação na diastereosseletividade syn/anti, o que indica 59 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima uma interconversão dos isômeros. Apesar do aduto α (40) ter sido observado após certo tempo e ao final da reação ser observado apenas o aduto γ (41) em mais de um experimento realizado, estes resultados são controversos, pois a literatura descreve a formação do aduto γ inicialmente, produto cinético, e sua conversão no aduto α, produto termodinâmico, através de um rearranjo 2-oxonio [3,3] sigmatrópico [34]. Para melhor avaliar esta reação a análise foi feita por RMN 1H em intervalos de tempos menores e sem o tratamento da amostra. Os dados de RMN 1H mostraram apenas material de partida em um intervalo de tempo de três horas, resultado este bem diferente dos obtidos anteriormente com a finalização da reação com adição de solução 2 M de HCl. A adição de ácido clorídrico ou ácido p-tolueno sulfônico na reação resultou na formação do aduto γ (41) com aproximadamente 30 minutos, figura 2.3. dioxano γ (CH3) Figura 2.3 Espectro de RMN 1H da reação de benzaldeído com brometo de crotila e ácido p-toluenossulfônico mediada por estanho em dioxano com 30 minutos de agitação. 60 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima A reação utilizando acetonitrila como solvente apresentou um comportamento similar ao observado em dioxano, foi observada no início da reação a mistura dos regioisômeros α (40) e γ (41) com alta diastereosseletividade syn. No entanto, após 24 horas de agitação foi observado apenas o aduto γ (41) com diastereosseletividade syn/anti de 6:4. Então a reação foi testada em acetonitrila, na ausência do sal de Ce(III), sem o tratamento da amostra. Foi observado apenas material de partida com até duas horas de reação. Visando acelerar a reação, foi adicionado gotas de HCl(aq) concentrado, seguido da agitação da amostra por 15 minutos. Após este intervalo de tempo, a amostra foi analisada por RMN 1H, onde foi observado o consumo do benzaldeído e a presença apenas do aduto γ (41). Foram testados outros ácidos, como o ácido trifluoroacético e o ácido ptoluenossulfônico. A reação realizada na presença de ácido trifluoroacético foi avaliada no intervalo de 1 hora, sendo observado apenas os materiais de partida. Resultados interessantes foram obtidos com ácido p-toluenossulfônico, com 25 minutos de reação foram observados os adutos α (40) e γ (41), sendo o aduto γ (41) com diastereosseletividade syn/anti de 8:2, figura 2.4. Com o passar do tempo foi observado um aumento na formação do aduto α (40) maior do que o aduto γ (41). Em relação à diastereosseletividade não foi observada uma variação significativa. No entanto, a reação parece não progredir após 2 horas de agitação. Este resultado deve estar relacionado com a quantidade de ácido utilizada que, neste caso foi de 0,2 mmol % em relação ao aldeído, o reagente limitante. 61 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima anisol α (CH3) γ (CH3) Figura 2.4 Espectro de RMN 1H da reação de benzaldeído com brometo de crotila mediada por estanho em acetonitrila deuterada com 25 minutos de agitação. A reação também foi avaliada em dimetilsulfóxido deuterado, neste caso foi utilizado o brometo de crotila como agente limitante. A reação bruta foi avaliada diretamente por RMN 1H, sem nenhum tratamento. A agitação é de extrema importância nessas reações, logo não foi observada reação durante a análise por RMN 1H. A primeira análise com 15 minutos de reação apresentou materiais de partida e traços do aduto γ (41). Após 30 minutos de agitação foi observado o aduto γ (41) com diastereosseletividade syn/ anti de 7:3, brometo de crotila e benzaldeído. Após 1 hora e 15 minutos praticamente todo o brometo de crotila foi consumido. A reação foi mantida sob agitação por uma noite e analisada novamente, sendo observado apenas o aduto γ (41) na proporção 1:1 syn/anti. Visando avaliar o efeito de um meio prótico nestas reações, foi realizado um teste inicial com metanol não deuterado. Após 40 minutos de reação não se observou mais o aldeído de partida e apenas o aduto γ (41) na proporção 1:1 syn/anti. 62 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima A reação em metanol deverá ser repetida utilizando o brometo de crotila como agente limitante, já que neste solvente o benzaldeído pode gerar o acetal, dificultando a avaliação do final da reação pelo consumo do aldeído. Os dados obtidos nos diferentes solventes mostram a complexidade em aperfeiçoar as condições reacionais em termos de rendimento e principalmente de régio e diastereosseletividade. A regiosseletividade foi totalmente alterada quando os solventes utilizados foram o metanol e o dimetilsulfóxido em relação aos dioxano e acetonitrila. A presença de catálise ácida é importante para a reação quando dioxano e acetonitrila são utilizados, mas a regiosseletividade é afetada dependendo do ácido e do solvente. O trabalho de Zhao e colaboradores [54], publicado recentemente, envolvendo a reação de alilação com tributilalilestananas e aldeídos em acetonitrila apresentaram resultados muito interessantes e que corroboram com os dados obtidos neste estudo. Estas reações são catalisadas por ácidos carboxílicos, sendo que o melhor catalisador para a reação com tributilalilestanana foi o ácido p-nitrobenzóico. Acidez e a solubilidade desses ácidos carboxílicos são importantes para o controle da regiosseletividade α, sendo o melhor resultado para a reação de crotilação de aldeídos obtido com o ácido trifluoroacético. O acompanhamento da reação de brometo de crotila nos diferentes solventes orgânicos deuterados é importante para se obter melhores espectros de RMN 1H e principalmente para avaliar quantitativamente o progresso da reação. Esta informação quantitativa é crucial para se determinar esta possível interconversão dos régio- e diastereoisômeros. Apesar dos resultados não estarem concluídos, um dado muito interessante é a formação do aduto α (40) observado em acetonitrila e em dioxano em um intervalo de tempo muito menor do que o descrito na literatura [32, 33, 34]. A proposta de Loh [34] descreve a importância do controle da quantidade de água presente na reação para a formação dos adutos α e γ. Os solventes foram utilizados sem um tratamento prévio, estando, portanto, presentes traços de água. No entanto, a formação do aduto α (40) nos primeiros minutos de reação, em dioxano ou em acetonitrila, é discordante dos dados da literatura que propõem a formação 63 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima deste regioisômero a partir de um rearranjo do aduto γ na presença de traços de aldeído e sais metálicos. O sal de cério (III) foi muito importante para a regiosseletividade α da reação de alilação em água com o 4-bromocrotonato de etila. No entanto, esta regiosseletividade não foi observada para a reação com o brometo de crotila, que levou exclusivamente ao aduto γ (41). Em contrapartida a utilização de solventes orgânicos para a reação com 4bromocrotonato de etila não levou aos produtos de adição, já para a reação com brometo de crotila em acetonitrila ou dioxano a mistura dos regioisômeros foi observada na presença ou não do sal de cério (III). Estudos mais detalhados destes sistemas se fazem necessário para comprovar os resultados obtidos e determinar o efeito do sal de lantanídeo na regiosseletividade da reação de alilação. Em paralelo aos estudos experimentais, foi iniciada uma colaboração com Professor Ricardo Longo do Departamento de Química Fundamental com o objetivo de determinar as estruturas moleculares e as estabilidades relativas dos modos de coordenação de compostos alil-lantanídeos em meio aquoso e correlacioná-las com a seletividade de reações de alilação. Apesar da importância de reagentes organocério em reações de adição à carbonila pouco se conhece a respeito de estrutura destes compostos [44, 47], bem como da estrutura de outros alil-lantanídeos. As estruturas dos complexos [Ln(η1-C3H5)(H2O)6]2+ e [Ln(η3-C3H5)(H2O)6]2+, onde Ln = Ce e Yb, foram determinadas com o método DFT-B3LYP [55] com as seguintes funções de bases para os átomos de carbono, oxigênio e hidrogênio: 6-311+G*, 6-311G* e 6-31-G** [56]. Para os lantanídeos, foram utilizadas funções de base (7s6p5d)/[5s4p3d] para os elétrons de valência 5s2 5p6 e um potencial efetivo de caroço (ECP- “Effective Core Potential”) do tipo MWB(Q = 11) que inclui os elétrons 4f n [57]. Todos os cálculos foram realizados com o programa Gaussian 98 [58] sem nenhuma restrição geométrica, e utilizando os critérios padrões do programa. As estruturas otimizadas de coordenação η1 e η3 estão ilustradas na figura 2.5, para o caso de Ln = Ce. 64 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima [Ce(η1-C3H5)(H2O)6]2+ [Ce(η3-C3H5)(H2O)6]2+ Figura 2.5 Estruturas otimizadas com o método B3LYP. As distâncias Ln-C e Ln-O são em média 20 pm maiores para o íon Ce(III) do que para o Yb(III), conforme a tabela 2.2. Tabela 2.2 Distâncias de ligação (pm) para os complexos [Ln(η1-/η3-C3H5)(H2O)6]2+. Ligação Ln = Ce / η1 Ln = Ce / η3 Ln = Yb / η1 Ln = Yb / η3 Ln–C 255 272 – 274 239 256 – 259 Ln–O 254 – 267 257 – 265 235 – 247 239 – 247 Estas diferenças são consistentes com as diferenças entre os raios iônicos dos lantanídeos, isto é, Ce(III) = 103 pm e Yb(III) = 86 pm. Estas diferenças têm conseqüências importantes na energia de complexação, pois se espera que o Yb(III) tenha uma densidade de carga positiva muito maior que o Ce(III), tornando as ligações mais iônicas e mais fortes com os ligantes doadores de elétrons. Além disso, observou-se que a coordenação η3 é mais estável que η1 para ambos íons, mas esta estabilidade decresce de 42 kJ/mol para 16 kJ/mol quando o íon lantanídeo muda de Ce(III) para Yb(III). Similarmente, foram realizadas as determinações da estrutura dos complexos com o grupo crotila, isto é, [Ln(η1-C4H7)(H2O)6]2+ e [Ln(η3-C4H7)(H2O)6]2+, onde Ln = Ce e Yb. No caso de Ln = Ce, foram realizadas várias tentativas sem sucesso para a obtenção do 65 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima modo de complexação η1, o qual convergia para o modo η3, conforme ilustrado na figura 2.6. 265 pm 282 pm otimização Figura 2.6 Otimizações com o método B3LYP, partindo-se do modo η1 leva ao modo η3. Para o caso deste complexo com Yb(III) os modos de coordenação η1 e η3 foram obtidos e estão ilustrados na figura 2.7. 238 pm 244 pm 280 pm [Yb(η1-C4H7)(H2O)6]2+ [Yb(η3-C4H7)(H2O)6]2+ Figura 2.7 Estrutura otimizadas com o método B3LYP. Novamente, o modo η3 é mais estável que o η1, mas somente por 11,9 kJ/mol, indicando uma fluxonalidade desta estrutura. As densidades eletrônicas, aproximadas pelas cargas atômicas líquidas de Mulliken, estão apresentadas na figura 2.8 para os átomos de carbono do grupo crotila. 66 Dissertação de Mestrado –1,10 –0,22 +0,001 Dimas J. P. Lima +0,13 –1,02 [Ce(η3-C4H7)(H2O)6]2+ –1,27 –0,90 –0,04 –1,15 –0,07 –0,96 –0,27 [Yb(η1-C4H7)(H2O)6]2+ [Yb(η3-C4H7)(H2O)6]2+ Figura 2.8 Cargas atômicas de Mulliken calculadas com o método B3LYP. Os resultados apresentados na figura 2.8 indicam que há diferenças nas cargas atômicas, e, por conseguinte na nucleofilicidade, devido ao tipo de complexação η1 × η3, para os complexos com Yb(III). Os valores das principais distâncias de ligação das estruturas otimizadas estão apresentados na figura 2.9. [Ce(η3-C4H7)(H2O)6]2+ [Yb(η1-C4H7)(H2O)6]2+ [Yb(η3-C4H7)(H2O)6]2+ Figura 2.9 Principais distâncias de ligação (Å) calculadas com o método B3LYP. Observa-se que devido à assimetria do grupo crotila, existe uma localização de densidade eletrônica na ligação entre os átomos de carbono próximos ao grupo metila, tornando-se esta ligação com um forte caráter de dupla, pois suas distâncias variam de 1,35 até 1,38 Å. Isto indica que num ataque nucleofílico, a dupla ligação no aduto α (40) estará praticamente formada, levando então ao estado de transição posterior (“late TS”) para este aduto. 67 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Portanto, uma análise dos resultados das figuras 2.8 e 2.9 indicam o favorecimento do aduto α (40), mas sem seletividade significativa entre os dois íons lantanídeos. Pelo menos para o íon Ce(III), estes resultados não são consistentes com as observações experimentais que indicam a formação somente do aduto γ (41) quando a reação de alilação do benzaldeído é realizada em meio aquoso. Logo, estão sendo realizados cálculos para a determinação dos estados de transição do ataque nucleofílico destes complexos ao benzaldeído que levam a formação dos adutos α (40) e γ (41), numa tentativa de determinar se existem correlações entre as energias de ativação e as observações experimentais, e com isso, elucidar o papel dos íons lantanídeos nestas reações. Cabe ressaltar que estes resultados também não são suficientes para explicar a seletividade observada em meio orgânico para a formação dos adutos α (40) e γ (41), como ilustrado na figura 2.1. Logo, estão em andamento cálculos para a determinação das estruturas destes complexos onde as moléculas de água foram substituídas por dimetiléter (CH3OCH3), numa tentativa de simular o meio orgânico (THF). 2.1.3 Reação com brometo de alila Desde que os estudos computacionais não explicaram o efeito do Ce(III) na regiosseletividade observada em meio aquoso para o brometo de crotila, foi realizada a investigação da sua influência na reação de brometo de alila e benzaldeído em meio aquoso. Numerosos exemplos têm sido descritos para reações de alilação envolvendo brometo de alila em meio aquoso [3, 6, 49]. Essas reações geralmente precisam ser catalisadas por ácidos inorgânicos, aquecidos ou promovidas por ultra-som para ocorrerem [11]. Por outro lado, a utilização de sais de cério tem sido descrita recentemente em reações de alilação envolvendo compostos de alilestanhos pré-formados com compostos carbonílicos em acetonitrila com bastante sucesso [50, 52]. Em vista desses resultados e com o intuito de observar o possível efeito do Ce (III) nas reações de alilação, foi iniciado o teste da reação de 1mmol de benzaldeído para quantidades equivalentes de 1,5 mmol de brometo de alila, estanho metálico e CeCl3.7H2O em 2 mL de água, por um período de 15 horas. No entanto, foram observados os rendimentos iniciais na faixa de 60%, tentando averiguar uma melhor condição a reação foi 68 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima testada com 0,75 mmol de CeCl3.7H2O onde foi obtido um rendimento de 86% do álcool homoalílico. A partir dessa condição encontrada, essa metodologia foi estendida para aldeídos, aromáticos, alifáticos e α,β-insaturados, estando os resultados sumarizados na tabela 2.3 (esquema 2.8). Tabela 2.3 Reação de Barbier entre o brometo de alila com aldeídos aromáticos, alifáticos e α,β-insaturados em meio aquoso. Linha Aldeído Produto O Rendimento % OH 1 86 Benzaldeído 1-fenil-but-3-en-1-ol O H3CO OH H3CO 2 60 3-metoxi-benzaldeído 1-(3-metoxi-fenil)-but-3-en-1-ol OH O 3 30 4 4 Heptanal Dec-1-en-4-ol OH O 4 90 Cinamaldeído 1-fenil-hexa-1,5-dien-3-ol O O OH O 5 50 O O 3-formil-cromonaa 3-(1-hidroxi-but-3-enil)-cromen-4-one Todas as reações foram agitadas por 15 horas e acidificada com 10 mL de HCl 2 M a) Foi utilizado 0,2 mL de dioxano como co-solvente no sistema reacional. 69 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima O Br Sn CeCl3 7H 2 O H 2O 30 minutos R OH R Esquema 2.8 Reação de Barbier entre aldeídos e brometo de alila. Na reação envolvendo 3-metoxi-benzaldeído (tabela 2.3, linha 2) o rendimento observado estava de acordo com aqueles descritos na literatura para esse tipo de reação em meio aquoso [3d]. Sendo este resultado muito mais pronunciado em relação ao trabalho de Baba e colaboradores [59] para a reação de alilação de anisaldeído por tetralilestanho em tolueno. Um baixo rendimento do álcool homoalílico foi observado na reação de heptanal com brometo de alila (tabela 2.3, linha 3), sendo necessário investigar e propor novas condições para o sistema reacional. Para as reações envolvendo aldeídos α,β-insaturados como cinamaldeído e 3formil-cromona (tabela 2.3, linhas 4 e 5), foi observado novamente o produto de adição 1,2. Entretanto, na molécula bifuncional 3-formil-cromona somente a função aldeído foi alilada frente a função cetona. Os resultados sumarizados na tabela 2.3 mostraram que reações de alilação por brometo de alila mediada por estanho metálico na presença de CeCl3.7H2O in situ levam à formação de álcool homoalílico em rendimentos de moderados a bom, porém novas condições, bem como o uso de outros aldeídos, serão testadas em nosso laboratório. Todos os rendimentos foram determinados pela adição à amostra bruta de uma solução de concentração de 0,2 M do padrão interno em clorofórmio deuterado. A escolha do padrão interno, anisol, acetona ou cicloexano, dependeu do aldeído utilizado. Onde foi considerada a relação entre a integral dos hidrogênios do padrão interno, com a integração do tripleto na região de 4,6 a 4,9ppm do produto. Todos os compostos foram purificados através de coluna cromatográfica de sílica gel usando cicloexano e acetato de etila (9:1). As caracterizações dos compostos foram determinadas por espectroscopia de RMN 1H, sendo confirmados por dados já descritos na literatura [31, 59, 60]. 70 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Os resultados obtidos até então indicam que o sal de Ce(III) desempenha um papel importante nas reações de alilação, principalmente para a reação com 4-bromocrotonato de etila. 71 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima 2.2 Reação de formação de alilestananas Os compostos de alilestananas são freqüentemente utilizados em síntese orgânica, pois levam a formação de uma nova ligação carbono-carbono [46]. Geralmente estas reações são promovidas por ácidos de Lewis, principalmente, em reações de adição a carbonila. Pois, os ácidos de Lewis coordenam com o oxigênio da carbonila tornando-a mais eletrofílica, o que facilita a adição do composto de alilestananas. Em suma, vários trabalhos têm mostrado que compostos de alilestananas e crotilestananas reagem primeiramente com ácidos de Lewis tais como: SnCl4 [61], BuSnCl3 [62] e Bu2SnCl2 [63], levando a formação de novas espécies organoestanho. Estas novas espécies formadas são interessantes do ponto de vista de reatividade e seletividade, pois são bem mais versáteis. Todavia, poucos são os dados na formação de espécies alilestananas e crotilestananas pela reação direta de haletos alílicos com estanho in situ [6, 8]. O que leva a necessidade de desenvolver novos métodos de síntese desses compostos bem como a caracterização de qual espécie organoestanho esta sendo formada na reação. Então, considerando que a reação do tipo Barbier entre aldeídos e brometo de alila mediada por estanho em meio aquoso na presença de Ce(III) levou ao produto de adição em rendimentos de moderados a bons (tabela 2.3). Este sistema poderia ser utilizado como modelo para o estudo mais detalhado das possíveis espécies envolvidas durante a reação. Assim, a reação entre o benzaldeído e brometo de alila que apresentou um excelente resultado (tabela 2.3, linha 1), passou a ser realizada em água deuterada, onde foi acompanhada por RMN 1H. Entretanto, foi observada por espectro de RMN 1H uma banda larga, devido ao efeito paramagnético do cério. Assim o comportamento da reação passou a ser analisada na ausência do CeCl3 por um período de 4 horas. Após 4 horas de reação, uma alíquota do sistema reacional foi analisada, nesta foram detectados benzaldeído e brometo de alila de partida. Em vista desse resultado, a reação foi deixada sob agitação magnética por um período de 16 horas. Onde após esse período, uma segunda alíquota foi retirada e analisada, não sendo mais observado reagente de partida e sim produto de alilação. Porém, foi observado um dubleto de baixa intensidade em 2,4ppm provavelmente correspondendo a uma espécie organoestanho, essa observação foi baseada em dados da literatura [14]. 72 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Sendo assim, a análise da reação passou a ser feita na ausência de benzaldeído, pois era acreditado que a espécie organoestanho formada reage instantaneamente com benzaldeído, só sendo possível sua detecção após todo consumo do benzaldeído. Dessa forma, a reação foi realizada na presença de 1 mmol de brometo de alila , 0,5 mmol de estanho e 1 mL de água deuterada. Essa reação foi analisada por RMN 1H, após uma noite sob agitação magnética, onde foi observado novamente o dubleto na região de 2,4ppm em maior intensidade e brometo de alila. Segundo estudos realizados por Chan e colaboradores usando condições similares, o sinal referente a um dubleto em 2,4ppm corresponde aos prótons ligados ao carbono α da espécie dibrometo de dialilestanho (IV) (42) (esquema 2.9). Br 2 Sn D2O SnBr2 α 2 (42) Esquema 2.9 Formação do dibrometo de dialilestanho (IV) em água deuterada. Embora se tenha observado a mesma espécie descrita por Chan e colaboradores [14], o mais intrigante é a formação dessa espécie a temperatura ambiente sem a necessidade de catalisador e aquecimento. Pois, Chan e colaboradores descreveram inicialmente a formação de uma espécie com deslocamento em 2,2ppm quando a reação foi realizada a 60°C, no entanto, quando a reação foi aquecida na faixa de 60°C a 80°C ou com adição de HBr(aq) ocorreu a formação do dibrometo de dialilestanho em 2,4ppm (42). A espécie inicialmente formada em 2,2ppm foi caracterizada por Chan como brometo de alilestanho (II) [14]. Encorajados com esses resultados, a mesma reação foi repetida, onde foi confirmado a mesma espécie em 2,4ppm e com constante de acoplamento 2J(119Sn, 1H) de 123 Hz. No entanto, quando essa espécie foi extraída com clorofórmio deuterado e analisada por RMN 1H, um novo dubleto foi detectado na região de 2,8ppm e com constante de acoplamento 2J(119Sn, 1H) de 77 Hz. Estudos feitos por Naruta e colaboradores [64] para a reação de tetralilestanho com SnCl4 em clorofórmio mostraram a formação das espécies organoestanho (IV), entre elas a 73 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima espécie dicloreto de dialilestanho apresentou um dubleto em 2,7ppm com constante de acoplamento 2J(119Sn, 1H) de 81 Hz. Dados de RMN para compostos organoestanho do tipo R(4-n)SnXn mostram que a blindagem do hidrogênio e a constante de acoplamento 2J(119Sn, 1H) aumentam com a eletronegatividade do halogênio [39]. Portanto, esses dados junto com os de Naruta e colaboradores corroboram a formação da espécie dibrometo de dialilestanho (42) em clorofórmio deuterado, pois a variação da blindagem e da constante de acoplamento é consistente com a literatura. Porém, o deslocamento químico do próton desta espécie é afetado pelo solvente, sendo observado para a água deuterada em 2,4ppm e para o clorofórmio deuterado em 2,8ppm. A espécie dibrometo de dialilestanho (42) deve apresentar moléculas de D2O na esfera de coordenação o que causa uma maior blindagem dessa espécie em relação a espécie em clorofórmio. Este efeito está relacionado à coordenação do estanho, estando descrito na literatura que o aumento no número de coordenação do estanho aumenta a sua blindagem [39]. Animados com esses resultados iniciais, estudos mais detalhados das espécies organoestanho em água foram realizados. Embora haja a descrição de algumas possíveis espécies alilestanho nas reações de alilação em água [14, 65], esses estudos limitam a caracterização dessas espécies somente por RMN 1H. Por isso, o estudo proposto consistiu em avaliar a reação não só por RMN 1H, mas também por RMN 119 Sn, justamente para se ter à certeza da formação das espécies organoestanho. Além disso, os trabalhos descritos na literatura apresentam dados somente em CDCl3 para as espécies cloroalilestananas utilizando RMN 1H e RMN 119 Sn [64], porém não há dados descritos para as espécies bromoalilestananas em CDCl3 e poucos são os dados de compostos organoestanho em D2O [14]. Nesse ponto, a ressonância magnética nuclear de 119Sn, é uma ferramenta importante, uma vez que, permite a ressonância do estanho na própria água, ou seja, no próprio meio reacional. Pensando assim, a reação na obtenção do dibrometo de dialilestanho (42) foi novamente realizada, onde foi observado o deslocamento químico no espectro de RMN 119 Sn de –450ppm em D2O e após extração com CDCL3 em –23ppm. Os padrões utilizados para o RMN 119Sn foram cloreto de estanho II com deslocamento químico de –624ppm para 74 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima água deuterada e cloreto de tributilestanho com deslocamento químico de 124ppm em relação ao tetrametil estanho [39], quando foi utilizado CDCl3. Ainda investigando essa mesma reação, esta foi realizada dessa vez em água destilada por um período de 24 horas, sendo o meio reacional em seguida analisado por RMN 1H. Foi observada no espectro de RMN 1H uma banda larga na região de 4 a 6ppm referente aos prótons da água. Sendo assim, a fase aquosa foi extraída com CDCl3 e analisada por RMN 1H, o espectro da reação mostrou somente álcool homoalílico como produto de hidrólise e propeno como produto de redução. Esse dado mostra que a formação da espécie organoestanho é influenciada pelo tempo reacional. Contudo, a reação foi realizada em torno de 12 horas e após esse tempo a reação foi extraída com CDCl3 e analisada por RMN sendo observado a espécie dibrometo de dialilestanho (42) em 2,8ppm por RMN 1H e em –23ppm por RMN 119Sn. Novamente a mesma reação foi refeita em torno de 4 horas, onde foi verificado no espectro de RMN 1H após extração com CDCl3 o dibrometo de dialilestanho (42) em 2,8ppm (J = 77 Hz) e um novo sinal, referente a um dubleto em 2,4ppm com constante de acoplamento 2J(119Sn, 1H) de 68 Hz. A análise de RMN 119Sn para essa amostra confirmou o dibrometo de dialilestanho (42) em –23ppm; porém, um novo sinal surgiu na região de 9,3ppm confirmando a presença de uma nova espécie de organoestanho. A nova espécie foi caracterizada como sendo o brometo de trialilestanho (43), pois essa espécie tem deslocamento químico de próton semelhantemente ao da espécie cloreto de trialilestanho em 2,29ppm e constante de acoplamento 2J(119Sn, 1H) de 69 Hz descritos por Naruta e colaboradores [64]. Entretanto, o deslocamento de ressonância de 119 Sn observado por Naruta e colaboradores para as espécies cloreto de trialilestanho e dicloreto de dialilestanho foram de 58ppm e 46ppm. A variação do deslocamento dessas espécies está relacionado ao efeito de blindagem que 119 Sn sofre com aumento do número de átomos de halogênio na molécula. Isto pode ser explicado assumindo que as interações intramolecular do par isolado do halogênio e os orbitais d vazios do estanho contribuem fortemente para os altos valores de deslocamento do estanho [39]. Portanto, esse mesmo efeito foi observado em CDCl3 para o brometo de trialilestanho (43) em 9,3ppm e dibrometo de dialilestanho (42) em –23ppm, ou seja, o número de átomos de bromo levou a um aumento de blindagem. Em relação á 75 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima constante de acoplamento 2J(119Sn, 1H) é dito na literatura que ela aumenta com a eletronegatividade do halogênio, isso é explicado pela teoria de Bent [39], a qual diz que a concentração dos elétrons s se situam preferencialmente no sítio da ligação Sn-C-H, aumentando o caráter p da ligação halogenio estanho. Sendo assim, as espécies brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de dialilestanho (42) com constante de acoplamento de 68 Hz e 77 Hz são menores em relação ao cloreto de trialilestanho 69 Hz e dicloreto de dialilestanho 81 Hz. A observação das espécies brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de dialilestanho (42), esquema 2.10, sugere um equilíbrio entre essas espécies com o tempo de reação em torno de 4 horas. Br Sn H2 O 4 horas SnBr (43) 3 SnBr2 + (42) 2 Esquema 2.10 Formação do brometo de trialilestanho e dibrometo de dialilestanho em água destilada. Em vista dos resultados observados, a mesma reação passou a ser examinada em intervalos ainda menor de tempo, como por exemplo, em torno de 40 minutos. Após esse tempo, a fase aquosa foi extraída com CDCl3 e analisada por RMN 1H, onde foi percebida a formação da espécie brometo de trialilestanho (42) em 2,4ppm já observada anteriormente e um novo dubleto em 1,9ppm. O dubleto na região de 1,9ppm e com constante de acoplamento 2J(119Sn, 1H) de 63 Hz, foi caracterizado como sendo a espécie tetralilestanho (44) a partir de dados já descritos na literatura [64, 66]. Visando avaliar se estas espécies se encontram no equilíbrio, foi realizado o experimento 2D EXSY (Exchange Spectroscopy) utilizando diferentes tempos de mistura tmix (mixing time) , sendo observada a troca química entre as espécies tetralilestanho (44) e brometo de trialilestanho (43) através dos picos de cruzamento. Um resultado interessante observado neste experimento são os picos de cruzamento observados na região dos prótons da dupla ligação, o que sugere a existência de processos fluxionais. Outros picos de 76 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima cruzamento também foram observados entre o tetralilestanho (44) (1,9ppm) e o propeno (1,6ppm) figura 2.10. (a) (b) (c) Figura 2.10 Espectro EXSY das espécies tetralilestanho e monobromo de trialilestanho (a) Troca química entre o tetralilestanho e brometo de trialilestanho (b) Troca química entre o tetralilestanho e propeno (c) Espectro EXSY expandido. A partir do experimento EXSY foi possível determinar a constante de velocidade de troca do grupo alila de acordo com a equação (1) abaixo: 77 Dissertação de Mestrado k= 1 t mix ⎛ r +1 ⎞ ⎟⎟ ln ⎜⎜ ⎝ r −1 ⎠ Dimas J. P. Lima onde r = (1) 4 X A X B (I AA + I BB (I AB ) + I BA ) − ( X A − X B ) 2 Onde: r é o fator, κ constante de troca, X fração molar de A e B e I volume do pico. A melhor correlação foi vista quando foi utilizado o tempo de mistura de 500ms. A partir deste resultado foi calculada a constante de troca (k) que foi de 0,6 s–1, indicando que esses compostos são moderadamente lábeis. Devido ao fato do tempo reacional influenciar na formação das espécies organoestanho, a reação em água destilada após extração por CDCl3 foi acompanhada em intervalos de tempos diferentes. Nos primeiros 40 minutos, foram observadas as espécies tetralilestanho (44) em 1,9ppm e brometo de trialilestanho (43) em 2,4ppm e brometo de alila, figura 2.11. SnBr (43) 3 Sn (44) 4 Figura 2.11 Formação das espécies tetralilestanho e brometo de trialilestanho com 40 minutos de reação. 78 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima No entanto, quando a reação foi analisada com 2 horas não foi observada mais a espécie tetralilestanho (44) em 1,9ppm e sim as espécies brometo de trialilestanho (43) em 2,4ppm já vistam anteriormente e a espécie dibrometo de dialilestanho (42) em 2,8ppm. Nesse experimento foram observados que as espécies organoestanho formadas em água ocorrem através de uma reação de despropocionamento e que inicialmente há um despropocionamento do tetralilestanho (44) para brometo de trialilestanho (43), sendo observado, com o passar do tempo, um consumo da espécie tetralilestanho (44) com formação do brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de dialilestanho (42). Interessantemente, foi detectada com 12 horas de reação somente a espécie dibrometo de dialilestanho (42). Ou seja, as espécies organoestanho são convertidas, no decorrer do tempo para o dibrometo de dialilestanho (42), figura 2.12 (esquema 2.11). Br Sn Sn H2O 2 horas (44) SnBr + 3 (43) 4 4 horas SnBr2 SnBr2 + 3 2 (42) SnBr 12 horas (43) (42) 2 24 horas + Propeno OH Álcool homoalílico Esquema 2.11 Influência do tempo reacional na formação das espécies organoestanho. 79 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima SnBr2 (42) 2 5 horas 4 horas 2 horas SnBr 1 hora (43) 3 Sn 0,5 hora (44) 4 Figura 2.12 Formação das espécies tetralilestanho, brometo de trialilestanho e dibrometo de dialiestanho em intervalos de tempos diferentes. Sabendo que as condições reacionais, como temperatura e pH, influenciam fortemente essas reações organometálicas, foram iniciados os testes variando o pH reacional, onde condições básicas e tamponadas foram testadas. Para as reações em condições básicas usando CaCO3 não foi observada nenhuma espécie organoestanho. Entretanto, quando a reação foi testada na presença de 1,0 g de fosfato de potássio dibásico (K2HPO4) com pH = 12, foi observada uma única espécie após extração com CDCl3 em 80 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima 1,9ppm correspondente ao tetralilestanho (44). Esta amostra foi analisada por RMN 119 Sn, sendo observado um pico em –79ppm confirmando a formação de uma espécie organoestanho. O deslocamento químico de 119 Sn observado é diferente do 119 Sn em – 48ppm descrito por Naruta e colaboradores [64]. Neste trabalho Naruta estuda o comportamento de tributilalilestanana e tetralilestanho pré-formados com ácidos de Lewis. A preparação do composto tetralilestanho (44) não é discutida, o que indica o uso do composto comercial. É importante salientar que compostos organoestanho formam complexos de coordenação com solventes oxigenados, o que influenciaria no deslocamento químico do estanho. Já o tetralilestanho (44) sintetizado em solução aquosa básica de pH =12 deve conter moléculas de água coordenadas com o estanho. Mesmo após extração com CDCl3, essa coordenação deve se manter, aumentando a blindagem do estanho, o que pode explicar a diferença observada no deslocamento químico do 119 Sn em relação ao da literatura. Quando a reação foi realizada em solução tampão de uma mistura equimolar de fosfato de potássio dibásico e monobásico (K2HPO4/KH2PO4), com pH = 7 também foi percebida somente a espécie tetralilestanho (44) em 1,9ppm após extração com CDCl3. Em relação à temperatura reacional a reação foi realizada a 0°C em água destilada e acompanhada em intervalos de tempo de 30 minutos a 4 horas. Em todos os intervalos analisados só foi observado por RMN 1H brometo de alila de partida. Não foi possível realizar essas reações em tampões ácidos com pH 4 e 5, pois em todas as tentativas feitas, ocorreu a variação do pH chegando a pH = 1, mesmo pH observado para as reações em água destilada. Esse fato pode estar associado à hidrólise de sais de estanho e ao HBr formado no curso da reação. Contudo, a reação em água destilada foi repetida para obter as espécies brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de dialilestanho (42). Após a confirmação por RMN 1H em CDCl3, essa amostra foi aquecida no próprio aparelho de RMN até 55°C, não sendo observada nenhuma mudança no equilíbrio reacional. A essa amostra foi adicionado gotas de HBr(aq) e a análise de RMN 1H foi refeita, sendo observado um novo dubleto na região de 3,3ppm. Porém foi observado o consumo da espécie brometo de trialilestanho (43) restando à espécie dibrometo de dialilestanho (42) em 2,8ppm junto com a nova espécie em 3,3ppm. A nova espécie em 3,3ppm apresentou a constate de acoplamento 2J(119Sn, 1H) de 81 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima 106 Hz e foi caracterizada como sendo o tribrometo de alilestanho (45), pois dados da literatura para a espécie tricloreto de alilestanho indicam um deslocamento químico de 3,14ppm [64] (esquema 2.12). Br Sn SnBr H2O 4 horas (43) SnBr2 + (42) 3 2 HBr(aq) SnBr2 + SnBr3 + (42) 2 (45) Esquema 2.12 Adição de HBr(aq) nas espécies brometo de trialilestanho e dibrometo de dialilestanho. Em seguida, o RMN 119 Sn foi analisado sendo observado um sinal em –205ppm para o tribrometo de alilestanho (45). Com esse resultado em mãos, foi iniciado a investigação da adição de HBr(aq) na espécie tetralilestanho (44). A essa espécie em CDCl3 foi adicionado, gota a gota, HBr(aq), sendo observado no espectro de RMN 1H a formação das espécies brometo de trialilestanho (43) em 2,4ppm e dibrometo de dialilestanho (42) em 2,8ppm, junto com o produto de redução propeno em 1,6ppm. Por conseguinte, foi adicionado mais gotas de HBr(aq), nesse ponto não foi possível ver mais a espécie brometo de trialilestanho (43) e sim as espécies dibrometo de dialilestanho (42) em 2,8ppm, tribrometo de alilestanho (45) em 3,3ppm e propeno, figura 2.13 (esquema 2.13). 82 Dissertação de Mestrado SnBr (44) Dimas J. P. Lima gotas de HBr(aq) CDCl3 4 SnBr 3 (43) SnBr2 + Propeno 2 (42) + gotas de HBr(aq) SnBr3 SnBr2 + + (42) (45) Propeno 2 Esquema 2.13 Adição de HBr(aq) ao tetralilestanho em CDCl3. (a) (b) (c) (42) (43) (44) (42) (45) Figura 2.13 Formação das espécies brometo de trialilestanho, dibrometo de dialilestanho, tribrometo de alilestanho e propeno pela adição de HBr(aq) ao tetralilestanho. (a) Tetralilestanho (b) Brometo de trialilestanho, dibrometo de dialilestanho e propeno (c) Dibrometo de dialilestanho, tribrometo de alilestanho e propeno. Visando comparar os resultados com os da literatura para as espécies cloroalilestananas, foi adicionado HCl(aq) ao tetralilestanho (44) onde foi observado a 83 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima formação das espécies cloreto de trialilestanho e dicloreto de dialilestanho com deslocamento químico de próton de 2,29ppm e 2,70ppm, resultados iguais aos já descritos na literatura. O RMN 119 Sn dessa amostra foi realizado, sendo observado os sinais em 26,6ppm, 11,9ppm e –79ppm referente ao tetralilestanho ainda presente. Entretanto, estes sinais não apresentam o mesmo deslocamento químico para as mesmas espécies descritas na literatura, mas mantém uma mesma seqüência de deslocamento químico, tabela 2.4. Comparados com os valores da literatura, foi observada uma variação sistemática dos deslocamentos químicos de todas as espécies de um valor de aproximadamente 30ppm mais blindado. Dados da literatura de complexos do tipo (Et2O)nSnCl4, onde n é igual a 1 ou a 2, apresentam diferença de deslocamento químico de aproximadamente 20ppm [67], o que corroboram com os nossos dados. Esse efeito pode estar relacionado à coordenação do estanho com as moléculas de água no meio reacional. Pois o tetralilestanho (44) foi obtido através de uma reação realizada em água com sua extração com clorofórmio, o que pode justificar a presença de molécula de água coordenada, além disso, foi adicionado a essa espécie HCl(aq). Em seguida, foi adicionado mais gotas de HCl(aq) não sendo observado a espécie tricloreto de alilestanho e sim propeno como produto de redução. Tabela 2.4 Dados de RMN 1H e 119 Sn descritos na literatura e dados de RMN de 119 Sn observados para as espécies alilestananas. δ Alilestananas 1 H ( ppm ) do grupo CH2 (literatura) Dicloreto de dialilestanho Cloreto de trialilestanho Tetralilestanho δ 119 Sn ( ppm ) (literatura) δ 1 H ( ppm ) do grupo CH2 (literatura) δ 119 Sn ( ppm ) (observado) 2,70 81 46 11,9 2,29 69 58 26,6 1,91 63 –48 –79 Devido à observação das três espécies organoestanho formadas em água destilada, era preciso determinar se o mesmo ocorria para a reação em água deuterada. Como era 84 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima observada a formação da espécie dibrometo de dialilestanho (42) com uma noite de reação, esta passou a ser realizar em um intervalo de tempo menor. Porém foi observada em todos os intervalos testados somente a espécie dibrometo de dialilestanho (42). Esta espécie foi extraída com CDCl3 e analisada por RMN 1H sendo observado o sinal para essa espécie em 2,8ppm correspondente à mesma espécie obtida anteriormente. Como a maioria das reações foi realizada em Sn em pó, era preciso saber se a granulometria do metal influenciava na formação das espécies organoestanho. Assim a reação passou a ser realizada em Sn granulado. Então, a reação com Sn granulado em água deuterada foi realizada por um período de 2 horas e 30 minutos, sendo observado após análise de RMN 1H a espécie dibrometo de dialilestanho (42) em 2,4ppm e um novo dubleto em 2,2ppm. Comparando este resultado com o descrito por Chan e colaboradores [14], a espécie em 2,2ppm em D2O deve corresponder ao brometo de alilestanho (II). Essa amostra também foi analisada por espectroscopia de RMN 119 Sn, onde foram observados dois sinais um em –450ppm referente ao dibrometo de dialilestanho (42) em água deuterada e outro em –132ppm. Prosseguindo, essa amostra foi extraída com clorofórmio deuterado sendo observado o sinal em 2,8ppm relacionado ao dibrometo de dialilestanho (42) e um novo sinal em 2,4ppm e com constante de acoplamento 2J(119Sn, 1H) de 67 Hz. Porém quando essa amostra foi analisada por RMN 119Sn, foi observado o sinal em –23ppm para a espécie dibrometo de dialilestanho (42) e um sinal em 9ppm. Este resultado de RMN 119Sn para está nova espécie é bastante intrigante, pois o valor do deslocamento químico é o mesmo observado para a espécie brometo de trialilestanho (IV) (43) obtido anteriormente a partir da adição de HBr(aq) em uma solução de tetralilestanho (44) em CDCl3. Este resultado sugere que a espécie obtida é o organoestanho (IV) e não o descrito por Chan e colaboradores para o brometo de alilestanho [14]. Segundo Chan e colaboradores [14], a espécie brometo de alilestanho (II) em 2,2ppm na água deuterada foi confirmada pela sua síntese em meio orgânico, seguido de sua adição em D2O. No entanto, Chan e colaboradores não descrevem a síntese deste composto, e a sua caracterização está baseada apenas nos dados de RMN 1H. A confirmação de que espécie, brometo de trialilestanho (IV) (43) ou brometo de alilestanho (II), nas condições reacionais utilizadas é importante para a continuidade dos 85 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima estudos. A melhor maneira para resolver esse impasse é a realização de ressonância de 119 Sn de uma amostra autentica do composto brometo de alilestanho (II) em CDCl3 e em D2O, e então comparar com os nossos resultados experimentais. Tentando ainda entender o papel do CeCl3.7H2O na regiosseletividade α da reação de alilação, o cloreto de lantânio (LaCl3.7H2O) foi escolhido por não apresentar o efeito paramagnético do sal de cério. A reação foi realizada com brometo de alila, benzaldeído, estanho em pó e LaCl3.7H2O em D2O, sendo a reação acompanhada por RMN 1H em diferentes intervalos de tempo. Após duas horas de reação foi observado por RMN 1H o consumo do benzaldeído, a presença de brometo de alila, sinais com deslocamentos químicos compatíveis com o produto de alilação, mas com baixa intensidade e a espécie dibrometo de dialilestanho (IV) (42) em 2,4ppm. A amostra foi extraída com CDCl3 confirmando a presença da espécie dibrometo de dialilestanho (42) e o produto de alilação em maior quantidade. Isto deve estar associado à baixa solubilidade do produto de alilação em água. Em seguida, a reação foi realizada na ausência do benzaldeído para obter a espécie dibrometo de dialilestanho (42) em água deuterada, onde está foi confirmada por RMN 1H e RMN 119 Sn. A essa amostra foi adicionado LaCl3 deixando reagir por 1 hora. Após esse tempo a amostra foi analisada por RMN 1H, sendo observado o mesmo sinal em 2,4ppm e com a mesma constante de acoplamento 2J(119Sn, 1H) de 123 Hz. Este resultado sugere que o lantanídeo não transmetala com o estanho para formar uma espécie organolantânideo. O espectro de RMN 119Sn foi realizado sendo também observado um novo sinal em –362ppm, deslocamento diferente do sinal em –450ppm referente ao dibrometo de dialilestanho (42) observado anteriormente na ausência do LaCl3. Este resultado de RMN 119 Sn sugere que o lantanídeo atua de alguma forma desblindando o estanho. Os resultados obtidos até o momento não são conclusivos em relação às espécies que participam da reação de alilação na presença ou ausência dos sais de lantanídeos. O estudo das espécies organoestanho geradas a partir da reação de haletos alílicos substituídos com estanho metálico é necessário para melhor entender a regiosseletividade observada em meio aquoso e orgânico. 86 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Capítulo 3 87 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Experimental 3.1 Geral A metodologia testada no estudo da formação de Álcoois homoalílicos e Alilestananas é de fácil execução e não requer o tratamento de solventes e nem atmosfera inerte. O estudo sistemático destas reações requer a avaliação de inúmeros fatores tais como: tempo reacional, temperatura, pH, método de adição dos reagentes, solvente e cosolvente. Alguns reagentes de partida tiveram de ser preparados na forma orgânica tradicional, para isso, se fez necessário à purificação e tratamento dos reagentes e solventes. As identificações dos produtos obtidos foram feitas através de RMN 1H (300 MHz), RMN 13 C (100 MHz) e RMN 119 Sn (111,8 MHz) num espectrômetro VARIAN modelo Unity Plus - 300, sendo solventes utilizados CDCl3, D2O, CD3CN e DMSO-d6. Os valores de deslocamento químicos são expressos em partes por milhão (ppm), e as constantes de acoplamento (J) em Hertz (Hz). As multiplicidades dos sinais são abreviadas em: s (singleto), d (dubleto), dd (duplo dubleto), ddd (duplo duplo dubleto), t (tripleto), td (tripleto dublo), m (multipleto), q (quarteto), qui (quinteto) e dm (duplo multipleto). Alguns espectros de RMN encontram-se disponíveis no decorrer do texto ou em anexo. Os reagentes foram utilizados na forma comercial p.a . , sem nenhuma purificação adicional, exceto benzaldeído dos fornecedores MERCK e ALDRICH, que foi destilado. O estanho em pó e granulado utilizado não sofreu nenhum processo de ativação. As purificações dos produtos foram feitas através de cromatografia em coluna utilizando-se sílica-gel 60 (MERCK, 70-230 mesh). As cromatografias em camada delgada (CCD) foram feitas sobre placas de alumínio revestidas com uma camada delgada de sílica gel 60 F254 MERCK (Marcherey – Nagil, Polygram SILG/UV254). Para visualização dos compostos nas placas de CCD utilizou-se lâmpada de ultravioleta ou solução etanólica de ácido fosfomolibidico. Preparou-se solução padrão de 0,18 M de anisol em CDCl3 pela dissolução de 2,0 mL de anisol e completando-se o volume com CDCl3 para 100 mL. Também, preparou-se 88 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima solução padrão de 0,2 M de CDCl3/acetona pela dissolução de 1,5 mL de acetona e completando-se o volume com CDCl3 para 100 mL. 3.2 Reação de 4-bromocrotonato de etila com benzaldeído Dois tipos de métodos experimentais foram propostos: Método A: Em um tubo de ensaio de fundo chato, pesou-se 180 mg (1,5 mmol) de Sn em pó, seguido pela adição de 2mL de água destilada. Posteriormente, adicionou-se 0,2 mL (1,15 mmol) de 4-bromocrotonato de etila comercial com 75% de pureza, deixando o sistema reacional sob agitação magnética por 10 minutos. Em seguida, adicionou-se 560 mg (1,5 mmol) de cloreto de cério heptahidratado deixando o sistema sob agitação por 30 minutos. Após esse intervalo de tempo, adicionou-se 0,1 mL (1,0 mmol) de benzaldeído. Método B: Pesou-se 100 mg de KF e 180 mg (1,5 mmol) de Sn em pó em um tubo de ensaio de fundo chato. Em seguida adicionou-se 2 mL de água destilada e 0,2 mL (1,5 mmol) de 4-bromocrotonato de etila, deixando sob agitação magnética por 10 minutos. Em seguida adicionou-se 560 mg (1,5 mmol) de cloreto de cério heptahidratado, deixando sob agitação por 30 minutos. Logo após, adicionou-se 0,1 mL (1,0 mmol) de benzaldeído. Após a adição dos reagentes, deixou-se a reação em agitação por 72 horas, tanto no método A como no B. Em seguida, neutralizou-se o meio reacional com 10 mL de solução aquosa de HCl 2 M, até que a mistura reacional se tornasse límpida. Extraiu-se a reação três vezes com 15 mL de éter etílico. As fases orgânicas foram combinadas, secas com MgSO4 anidro e todo solvente removido a vácuo. Dissolveu-se o produto em 1,0 mL da solução padrão de acetona em CDCl3 e realizou-se a análise de RMN. 89 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Os dados de RMN para o (E) 5-hidroxi-5-fenilpent-2-enoato de etila (30) são: OH O 3 11 10 5 6 9 12 1 4 O 13 2 7 8 RMN 1H: 1,26ppm (t, 3H, J = 7,2 Hz), 2,60-2,70ppm (m, 2H,), 4,16ppm (q, 2H, J = 7,2 Hz), 4,80ppm (dd, 1H, J = 5,4 Hz, J = 7,5Hz), 5,90ppm (dt, 1H, 3J = 15,8 Hz, 4J = 1,5 Hz), 6,95ppm (dt, 1H, J = 15,6 Hz), 7,26-7,41ppm (m, 5H) RMN 13C: 14,14ppm (C13), 41,79ppm (C4), 60,26ppm (C12) 72,95ppm (C5), 123,8ppm (C2), 125,7ppm, (C7 e C11), 127,8ppm (C9), 128,5ppm (C8 e C10), 143,4ppm (C4), 144,8ppm (C3), 166,3ppm (C1) Os dados de RMN para o 2-(hidroxi-fenil-metil)-but-3-enoato de etila são (31): OH 11 3 10 6 9 7 5 2 4 12 1 8 O O 13 RMN 1H: Syn: 1,13ppm (t, 3H, J = 7,5 Hz), 3,34ppm (dd, 1H, J = 6,4 Hz, J = 8,8 Hz), 4,07ppm (q, 2H, J = 7,5 Hz), 5,03ppm (d, 1H, J = 6,4 Hz), 5,24ppm (ddd, 1H, Jcis = 9 Hz, Jtrans = 18 Hz) 5,98ppm (ddd, 1H, 3J = 8,8Hz, 3Jcis = 10,2, 3Jtrans = 17,4 Hz), 7,25-7,34ppm (m, 5H) Anti: 1,25ppm (t, 3H, J = 7,2 Hz), 3,45ppm (t, 1H, J = 8,3 Hz), 4,19ppm (q, 2H, J = 7,2 Hz), 4,95ppm (d, 1H, J = 8,2 Hz), 5,07ppm (ddd, 1H, Jcis = 9 Hz, Jtrans = 18 Hz), 5,72 (ddd, 1H, 3J = 8,3 Hz, 3Jcis = 10,2 Hz, 3Jtrans = 17,1 Hz), 7,25-7,34ppm (m, 5H) 90 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima RMN 13C: Syn/Anti: 13,89ppm e 14,19ppm (C13), 58,31ppm (C4), 60,30ppm e 60,90ppm (C12), 73,84ppm (C5), 120,6ppm (C2), 126,4ppm (C11 e C7); 127,8ppm (C9), 128,2ppm (C8 e C10), 131,9ppm (C3), 140,6ppm (C6), 172,4ppm (C1) 3.3 Reação de 4-bromocrotonato de etila com 3-metoxibenzaldeído, heptanal, hidrocinamaldeído, cinamaldeído e 3formil-cromona. O procedimento experimental descrito abaixo foi igual para os aldeídos: 3-metoxibenzaldeído, cinamaldeído, hidrocinamaldeído e heptanal. Pesou-se em um tubo de ensaio de fundo chato 180 mg (1,5 mmol) de Sn em pó, seguido pela adição de 2 mL de água destilada. Em seguida, adicionou-se 0,2 mL (1,15 mmol) de 4-bromocrotonato de etila deixando-se sob agitação magnética por 10 minutos. Logo após, adicionou-se 560 mg (1,5 mmol) de tricloreto de cério heptahidratado deixando em agitação por 30 minutos. Após esse intervalo, adicionou-se 1,0 mmol do correspondente aldeído (0,12 mL de 3-metoxi-benzaldeído, 132 mg de cinamaldeído, 0,13 mL de hidrocinamaldeído e 0,14 mL de heptanal), mantendo-se o sistema reacional sob forte agitação magnética por 72 horas. Após 72 horas, neutralizou-se todas as reações com 10 mL de solução de HCl 2 M, até que a mistura reacional tornasse límpida. Em seguida, extraiu-se a reação três vezes com 15 mL de éter etílico. As fases orgânicas foram combinadas, secas com MgSO4 anidro e todo solvente removido a vácuo. O procedimento experimental descrito abaixo se refere ao aldeído 3-formil-cromona Pesou-se em um tubo de ensaio de fundo chato 180 mg (1,5 mmol) de Sn em pó, seguido pela adição de 2 mL de água destilada. Em seguida, adicionou-se 0,2 mL (1,15 mmol) de 4-bromocrotonato de atila deixando-se sob agitação magnética por 10 minutos. Logo após, adicionou-se 560 mg (1,5 mmol) de tricloreto de cério heptahidratado deixando 91 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima em agitação por 30 minutos. Após esse intervalo, acrescentou-se 174 mg (1,0 mmol) de 3formil-cromona com 0,2 mL de dioxano, mantendo-se o sistema reacional sob forte agitação magnética por 72 horas. Finalizou-se a reação do mesmo modo descrita acima. Tabela 3.1: Resultados da Reação de Barbier entre o 4-bromocrotonato de etila e aldeídos aromáticos, alifáticos e α,β-insaturados em meio aquoso. Rendimento Linha Aldeído Aduto α Aduto γ 17%a (32) - 20%a (33) - 38%b (34) - - 35%a (35) - 22%a (36) O 1 4 heptanal O 2 hidrocinamaldeído O H3CO 3 3-metoxi-benzaldeído O 4 cinamaldeído O O 5 O 3-formil-cromonac As reações foram realizadas nas quantidades de 1,0 mmol de aldeído para 1,15 mmol de 4bromocrotonato de etila e 1,5 mmol de Sn metálico e CeCl3⋅7H2O em 2 mL de água. a – rendimento isolado, b – rendimento determinado por RMN 1H utilizando padrão interno, c – Foi utilizado 0,2 mL de dioxano como co-solvente no sistema reacional. 92 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Os dados de RMN para o (E) 5- hidroxi-5-(3-metoxifenil)pent-2-enoato de etila (34) são: OH O 3 11 10 6 9 13 5 1 4 O 14 2 7 8 OCH3 12 RMN 1H: 1,25ppm (t, 3H, J = 7,2 Hz), 2,58-2,65ppm (m, 2H), 3,80ppm (s, 3H), 4,15ppm (q, 2H, J = 7,2 Hz), 4,78ppm (dd, 1H, J = 5,1 Hz, J = 7,2 Hz), 5,90ppm (dt, 1H, 3J = 15,6 Hz, 4J =1,5 Hz), 6,82ppm (ddd, 1H, 4J = 1,2 Hz, 4J = 2,4 Hz, 3J = 8,4 Hz), 6,86-7,00ppm (m, 3H), 7,26 (t, 1H, J = 8,4 Hz) RMN 13 C: 14,16ppm (C14), 41,75ppm (C4), 55,17ppm (C12), 60,26ppm (C13), 72,89ppm (C5), 111,1 (C7), 113,3ppm (C9), 117,9ppm (C2), 118,1ppm (C11), 129,6ppm (C3), 145,2ppm (C6), 159,7ppm (C8), 166,3ppm (1) Os dados de RMN para o (E)-5- hidroxiundec-2-enoato de etila (32) são: OH 9 11 10 O 7 8 12 3 6 5 4 1 2 O 13 RMN 1H: 0,87ppm (t, 3H, J = 7,2 Hz), 1,27ppm (t, 3H, J = 7,2 Hz), 1,24-1,30ppm (m,10H), 2,26-2,45ppm (m, 2H), 3,74ppm (qui, 1H, J = 6 Hz), 4,18ppm (q, 2H, J =7,2 Hz), 5,89ppm (dt, 1H, 3J = 15,6 Hz, 4J = 1,5 Hz), 6,97ppm (dt, 1H, Jtrans = 15,6 Hz, 3J = 7,4 Hz) 93 Dissertação de Mestrado RMN Dimas J. P. Lima 13 C: 14,03ppm e 14,21ppm (C11 e C13), 22,55ppm (C10), 25,51ppm (C9), 29,17ppm (C8), 31,74ppm (C7), 37,08ppm (C6), 40,12ppm (C4), 60,31ppm (C12), 70,56ppm (C5), 123,8ppm (C2), 145,3ppm (C3), 166,4ppm (C1) Os dados de RMN para (E) 5- hidroxi-7-fenilhept-2-enoato de etila (33) são: OH O O RMN 1H: 1,30ppm (t, 3H, J = 7,5 Hz), 1,78-1,82ppm (m, 2H), 2,30-2,43ppm (m, 2H), 2,622,70ppm (m, 2H), 3,78ppm (qui, 1H, J = 6 Hz), 4,18ppm (q, 2H, J = 7,5 Hz), 5,90ppm (dt, 1H, Jtrans = 15 Hz, 4J = 3 Hz), 6,96ppm (dt, 1H, Jtrans = 15 Hz, 3J = 7,4 Hz), 7,15-7,33ppm (m, 5H) Os dados de RMN para (E) 3- hidroxi-5-fenil-2-vinilpent-4-enoato de etila (35) são: OH 11 10 12 5 6 3 2 13 4 1 9 7 8 O O 14 15 RMN 1H: Syn/Anti: 1,23ppm (t, 3H, J = 7,2 Hz) e 1,27ppm (t, 3H, J = 7,2 Hz), 3,223,30ppm (m, 1H), 4,21ppm (q, 2H, J = 7,2 Hz) e 4,16ppm (q, 2H, J = 7,2 Hz), 4,554,61ppm (m, 1H), 5,22-5,35ppm (m, 2H), 5,81-6,05ppm (m, 1H), 6,16-6,23ppm (m, 1H), 6,64ppm (d, 1H, J = 15 Hz), 7,21-7,39ppm (m, 5H) 94 Dissertação de Mestrado RMN 13 Dimas J. P. Lima C: Syn/Anti:14,09ppm (C15), 56,58ppm (C2), 61,01ppm (C14), 72,98ppm (C3), 120,36ppm (C13), 126,5ppm (C7 e C11), 127,8ppm (C9), 128, 1ppm (C12), 128,5ppm (C8 e C10), 131,8ppm (C5), 132,0ppm (4), 136,4ppm (C6), 172,4ppm (C1) Os dados de RMN para 2- (hidroxi(4-oxo-4H-cromomen-3-il) metil)but-3-enoato de etila (36) são: O 9 3 7 8 10 OH 5 2 6 4 1 11 13 12 O 14 O O 15 16 RMN 1H: Syn ou Anti: 1,24ppm (t, 3H, J = 7,2 Hz), 3,81ppm (t, 3H, J = 8,25 Hz), 4,18ppm (q, 2H, J = 7,2 Hz), 4,82ppm (d, 1H, J = 7,5 Hz), 5,16ppm (ddd, 1H, Jtrans = 16,2 Hz), 5,16ppm (ddd, 1H, Jcis = 9,9 Hz) 5,82ppm (ddd, 1H, Jtrans = 16,2 Hz, Jcis = 9,9 Hz, 3J = 9 Hz), 7,43ppm (ddd, 1H, Jmeta = 1,2 Hz, Jorto = 8,1 Hz, Jorto = 7,2 Hz), 7,47ppm (d, 1H, J = 7,8 Hz), 7,69ppm (ddd, 1H, Jmeta = 1,5 Hz, Jorto = 8,4Hz, Jorto = 6,9 Hz), 7,87ppm (s, 1H), 8,21ppm (dd, 1H, J = 8,1 Hz) RMN 13C: Syn ou Anti: 14,07ppm (C16), 55,32ppm (C2), 61,04ppm (C15), 71,28ppm (C5), 118,2ppm (C12), 119,8ppm (C4), 122,6ppm e 123,7ppm (C8 e C13), 124,4 e 125,7ppm (C10 e C11), 132,6ppm (C9), 134,1ppm (C3), 153,7ppm (C14), 156,2ppm (C6), 172,6ppm (C1), 177,9ppm (C7) 3.4 Reação de brometo de crotila com benzaldeído Três tipos de métodos experimentais foram propostos baseados nos solventes utilizados e tempo reacional. 95 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Método A: Pesou-se em um tubo de ensaio de fundo chato 180 mg (1,5 mmol) de Sn em pó, seguido pela adição de 2 mL de água destilada. Em seguida, adicionou-se 0,16 mL (1,5 mmol) de brometo de crotila deixando sob agitação magnética por 10 minutos. Logo em seguida, adicionou-se 560 mg (1,5 mmol) de tricloreto de cério heptahidratado deixando em agitação por mais 30 minutos. Logo após adicionou-se 0,1 mL (1,0 mmol) de benzaldeído deixando o sistema reacional sob forte agitação magnética por 15 horas. Método B: Com um tubo de ensaio de fundo chato, pesou-se 180 mg (1,5 mmol) de Sn em pó, seguido pela adição de 2 mL de solvente (dioxano ou acetonitrila). Posteriormente, adicionou-se 0,16 mL (1,5 mmol) de brometo de crotila, deixando o sistema reacional sob agitação magnética por 10 minutos. Em seguida, adicionou-se 560 mg (1,5 mmol) de tricloreto de cério heptahidratado deixando o sistema sob agitação por 30 minutos. Após esse intervalo de tempo, adicionou-se 0,1 mL (1,0 mmol) de benzaldeído. Método C: Em um tubo de ensaio de fundo chato, pesou-se 180 mg (1,5 mmol) de Sn em pó, seguido pela adição de 2 mL de solvente (dioxano ou acetonitrila). Posteriormente, adicionou-se 0,16 mL (1,5 mmol) de brometo de crotila, deixando o sistema reacional sob agitação magnética por 10 minutos. Em seguida, adicionou-se 0,1 mL (1,0 mmol) de benzaldeído. Após a adição dos reagentes, deixou-se a reação em agitação por 72 horas, tanto no método B e C. Em seguida, neutralizou-se o meio reacional com 10 mL de solução de HCl 2 M, até que a mistura reacional se tornasse límpida. Extraiu-se a reação três vezes com 15 mL de éter etílico. As fases orgânicas foram combinadas, secas com MgSO4 anidro e todo solvente removido a vácuo. Dissolveu-se o produto em 1,0 mL da solução padrão de CDCl3/anisol e transferiu-se para um tubo de RMN. Utilizou-se o mesmo procedimento experimental para o estudo da reação em diferentes tempos reacionais. Retiraram-se as alíquotas de 0,3 a 0,5 mL em diferentes tempos, os quais se adicionou solução de HCl(aq). Repetiu-se o procedimento de extração e análise por RMN. 96 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Os dados de RMN para o (E, Z)-1-fenil-3-penten-1-ol (40) são: OH RMN 1H: 1,60ppm (dd, 3H, J = 6,8 Hz e J = 0,8Hz), 2,26-2,58ppm (m, 2H), 4,59-4,69ppm (m 1H), 5,32-5,43ppm (m, 1H), 5,44-5,65ppm (m, 1H), 7,24-7,36ppm (m, 5H) Os dados de RMN para 2-metil-1-fenilbut-3-en -1-ol (41) são: OH 10 3 1 9 2 5 6 8 4 11 7 RMN 1H: Syn: 1,0ppm (d, 3H, J = 6,9Hz), 2,41-2,60ppm (m, 1H), 4,41ppm (d, 1H, J = 5,7 Hz), 5,0ppm-5,06ppm (m, 2H), 5,68ppm-5,86ppm (m, 1H), 7,2-7,34ppm (m, 5H) Anti: 0,86ppm (d, 3H, J = 7,2 Hz), 2,40ppm-2,60ppm (m, 1H), 4,21ppm (d, 1H, J = 7,8Hz), 5,15-5,21ppm (m, 2H), 5,68-5,86ppm (m, 1H), 7,2ppm-7,34ppm (m, 5H) RMN 13 C: Syn: 14,04ppm (C11), 44,49ppm (C2), 76,57ppm e 77,00ppm (C1), 115,3ppm (C4), 126,4ppm (C6 e C10), 127,2ppm (C8), 127,9ppm (C7 e C9), 140,2ppm (C3), 142,5ppm (C5) Anti: 16,4ppm (C11), 46,01ppm (C2), 77,69ppm e 77,42ppm (C1), 116,5ppm (C4), 126,7ppm (C6 e C10), 127,4ppm (C8), 128,1ppm (C7 e C9), 140,5ppm (C3), 142,3ppm (C5). 97 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima 3.5 Reações de brometo de alila com benzaldeído, 3-metoxibenzaldeído, cinamaldeído, heptanal e 3-formil-cromona. O procedimento experimental descrito abaixo foi igual para os aldeídos 3-metoxibenzaldeído, cinamaldeído e heptanal. Pesou-se em um tubo de ensaio de fundo chato 90 mg (0,75 mmol) de Sn em pó, seguido pela adição de 2 mL de água destilada. Em seguida, adicionou-se 0,13 mL (1,5 mmol) de brometo de alila deixando-se sob agitação magnética por 10 minutos. Logo após, adicionou-se 139 mg (0,375 mmol) de cloreto de cério heptahidratado deixando em agitação por 30 minutos. Depois se acrescentou 0,5 mmol do correspondente aldeído (0,05 mL de benzaldeído, 0,06 mL de 3-metoxi-benzaldeído, 0,07 mL de heptanaldeído e 66 mg de cinamaldeído), mantendo-se o sistema reacional sob forte agitação magnética por 12 horas. Após 12 horas, neutralizou-se o meio reacional com 10 mL de solução aquosa de HCl 2 M, até que a mistura reacional se tornasse límpida. Adicionou-se 1,0 mL da solução padrão de CDCl3/anisol à reação e deixou-se em agitação intensa por alguns minutos. Em seguida, recolheu-se a fase orgânica, transferindo-a para um tubo de RMN para análise por RMN 1H. O procedimento experimental descrito abaixo se refere ao aldeído 3-formilcromona: Pesou-se 90 mg (0,75 mmol) de Sn em pó em um tubo de ensaio de fundo chato, seguido pela adição de 2 mL de água destilada e 0,13 mL (1,5 mmol) de brometo de alila. O sistema reacional permaneceu sob agitação magnética por 10 minutos. Logo, adicionouse 139 mg (0,375 mmol) de tricloreto de cério heptahidratado deixando em agitação por 30 minutos. Depois se adicionou 87 mg (0,5 mmol) de 3-formil-cromona e 0,2 mL do cosolvente dioxano, mantendo-se o sistema reacional sob forte agitação por 12 horas. Após 12 horas, adicionou-se ao meio reacional 10 mL de solução aquosa de HCl 2 M, até que a mistura reacional se torna-se límpida. Adicionou-se 1,0 mL da solução padrão 98 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima de CDCl3/acetona e deixou-se em agitação intensa por alguns minutos. Após esse período, recolheu-se a fase orgânica em um tubo de RMN para análise por RMN 1H. Tabela 3.2 Reação de Barbier entre o brometo de alila com aldeídos aromáticos, alifáticos e α,β-insaturados em meio aquoso. Linha Aldeído Produto O Rendimento % OH 1 86 Benzaldeído 1-fenil-but-3-en-1-ol (46) O H3CO OH H3CO 2 60 3-metoxi-benzaldeído 1-(3-metoxi-fenil)-but-3-en-1-ol (47) OH O 3 30 4 4 Heptanal Dec-1-en-4-ol (48) OH O 4 90 Cinamaldeído 1-fenil-hexa-1,5-dien-3-ol (49) O O OH O 5 50 O O 3-formil-cromonaa 3-(1-hidroxi-but-3-enil)-cromen-4-one (50) Todas as reações foram agitadas por 15 horas e acidificada com 10 mL de HCl 2 M a) Foi utilizado 0,2 mL de dioxano como co-solvente no sistema reacional. 99 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Os dados de RMN para o 1-fenil-3-buten-1-ol (46) são: OH 3 10 9 5 8 1 4 2 6 7 RMN 1H: 2,4-2,60ppm (m, 2H), 4,76ppm (t, 1H, J = 6,6 Hz), 5,10-5,25ppm (m, 2H), 5,755,91ppm (m, 1H), 7,25ppm-7,41ppm (m, 5H) RMN 13 C: 43,73ppm (C2), 73,22ppm (C1), 118,3ppm (C4), 125,7ppm (C6 e C10), 127,5ppm (C8), 128,3ppm (C7 e C9), 134,4ppm, (C3), 143,8ppm (C5) Os dados de RMN para o 1-(3-metoxifenil) -3-buten-1-ol (47) são: OH 10 3 1 9 5 2 4 6 8 7 OCH3 11 RMN 1H: 2,42-2,62ppm (m, 2H), 3,82ppm (s, 3H), 4,6ppm (t, 1H, J = 7,5 Hz), 4,955,20ppm (m, 2H), 5,61-5,81ppm (m, 1H), 6,73ppm (ddd, 1H, Jorto = 8,25 Hz, Jmeta = 1,5 Hz), 6,82-6,85ppm (m, 2H), 7,17ppm (t, 1H, J = 8,1 Hz) RMN 13C: 43,52ppm (C2), 54,99ppm (C11), 73,08ppm (C1), 111,1ppm e 112,7ppm (C6 e C8), 117,9ppm (C4), 118,0ppm (C10), 129,2ppm (C3), 134,4ppm (C9), 145,5ppm (C5), 159,4ppm (C7) 100 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Os dados de RMN para o dec-1-en-4-ol (48) são: OH RMN 1H: 0,9ppm (t, 3H), 1,20-1,70ppm (m, 10H), 2,10-2,20ppm (m, 2H), 3,67ppm (quinteto, 1H), 5,09-5,10ppm (m, 2H), 5,78-598ppm (m, 2H), Os dados de RMN para o (E)-1-fenilhexa-1,5-dien-3-ol (49) são: OH 1 12 5 3 11 7 10 2 4 6 8 9 RMN 1H: 2,30-2,58ppm (m, 2H), 4,31-4.37ppm (m, 1H, Hz), 5,10-5,30ppm (m, 2H), 5,755,95ppm (m, 1H), 6,25ppm (dd, 1H, Jtrans = 15,9 Hz, 3J = 6 Hz), 6,60ppm (d, 1H, Jtrans = 15,9 Hz), 7,19ppm-7,58ppm (m, 5H) RMN 13 C: 41,91ppm (C4), 71,65ppm (C3), 118,4ppm (C6), 126,4ppm (C8 e C12), 27,6ppm (C10), 128,5ppm (C9 e C11), 130,3ppm (C1), 131,5ppm (C2), 133,9ppm (C5), 136,5ppm (C7) 101 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Os dados de RMN para o 3-(1-hidroxibut-3-enil)-4H-cromen-4-one (50) são O OH O RMN 1H: 2,65ppm (dm, 2H), 4,75-4,80ppm (m, 1H), 5,10-5,21ppm (m, 2H), 5,75-5,95ppm (m, 2H), 7,38-7,47ppm (m, 2H), 7,65-7,71ppm (m, 1H), 7,87ppm (s, 1H), 8,20ppm (dd, 1H, J = 1,8 Hz, J = 8,1 Hz) 3.6 Preparação do tetralilestanho (44) Utilizaram-se, dois métodos experimentais baseados no pH reacional: Método A: Preparou-se em um tubo de ensaio de fundo chato uma solução tampão de pH = 7, pela adição de 280 mg (2 mmol) de KH2PO4 e 170 mg (1 mmol) de K2HPO4 em 2 mL de água destilada. Em seguida, adicionou-se 60 mg (0,5 mmol) de Sn em pó e 0,09 mL (1,0 mmol) de brometo de alila. Método B: Preparou-se em um tubo de ensaio de fundo chato uma solução de pH = 12, pela adição de 1,0 g de K2HPO4 em 2 mL de água destilada. Em seguida, adicionou-se 60 mg (0,5 mmol) de estanho em pó e 0,09 mL (1,0 mmol) de brometo de alila. Após adição dos reagentes, deixou-se a reação sob agitação por 12 horas, em ambos métodos. Em seguida, adicionou-se 1 mL de CDCl3 ao meio reacional deixando sob 102 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima agitação vigorosa por 5 minutos. Depois se extraiu a fase orgânica e transferiu-se para um tubo de RMN. 3.7 Preparação do dibrometo de dialilestanho (42) Dois métodos experimentais foram propostos: Um em água destilada e outro em água deuterada. Método A: Pesou-se em um tubo de ensaio de fundo chato 60 mg (0,5 mmol) de Sn em pó. Em seguida, adicionou-se 1 mL de água destilada e 0,09 mL (1,0 mmol) de brometo de alila. Deixou-se o sistema reacional sob forte agitação magnética por 12 horas. Logo após 12 horas, adicionou-se 1 mL de CDCl3, deixando sob agitação por 5 minutos. Sendo a fase orgânica extraída e recolhida no tubo de RMN. Método B: Segue o mesmo procedimento para adição dos reagentes descritos no método A. Porém, em vez de água destilada como solvente reacional, adicionou-se 1 mL de água deuterada. A reação permaneceu sob forte agitação magnética por 12 horas. Após esse tempo, transferiu-se toda mistura reacional para um tubo de RMN. Logo após análise, devolveu-se a amostra ao tubo de ensaio e adicionou-se 1 mL de CDCl3, deixando sob forte agitação por 5 minutos. Em seguida, extraiu-se a fase orgânica, transferindo-a para um tubo de RMN. 3.8 Preparação do brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de dialilestanho (42) Pesou-se em um tubo de ensaio de fundo chato 60 mg (0,05 mmol) de Sn em pó. Em seguida, adicionou-se 1 mL de água destilada e 0,09 mL (1,0 mmol) de brometo de alila. O meio reacional permaneceu sob forte agitação magnética por 4 horas. Em seguida, 103 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima adicionou-se 1,0 mL de CDCl3 e deixou-se em agitação intensa por 5 minutos. Recolheu-se a fase orgânica, transferindo-a para um tubo de RMN. 3.9 Preparação das espécies alilestananas usando Sn granulado Pesou-se em um tubo de fundo chato 60 mg (0,5 mmol) de Sn granulado. Em seguida, adicionou-se 1 mL de água deuterada e 0,09 mL (1,0 mmol) de brometo de alila. O sistema reacional foi mantido sob forte agitação magnética por um período de 2 horas e 30 minutos. Logo após, transferiu-se o meio reacional para um tubo de RMN. Sendo que após análise de ressonância magnética nuclear, devolveu-se o meio reacional ao tubo de ensaio e adicionou-se 1 mL de CDCl3 deixando sob forte agitação por 5 minutos. Em seguida, extraiu-se a fase orgânica, transferido-a para um tubo de RMN. 3.10 Formação das espécies brometo de trialilestanho (43), dibrometo de dialilestanho (42) e tribrometo de alilestanho (45) a partir da espécie tetralilestanho (44). Em um tubo de RMN contendo a espécie tetralilestanho em CDCl3, adicionou-se lentamente gota-gota de HBr (aq), agitou-se e fez-se o RMN 119Sn. 3.11 Formação das espécies cloreto de trialilestanho, dicloreto de dialilestanho e tricloreto de monoalilestanho a partir da espécie tetralilestanho (44). Com um tubo de RMN contendo a espécie tetralilestanho em CDCl3, adicionou-se lentamente gota-gota de HCl (aq), agitou-se e fez-se o RMN. 104 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Tabela 3.3 Dados de RMN 1H e RMN 119Sn para as espécies alilestananas em CDCl3 Alilestananas δ 1 H ( ppm ) do grupo CH2 δ 119 Sn ( ppm ) 2 J (119Sn, 1H) Hz SnCl3 Tricloreto de alilestanho 3,14 -2,8 121 3,3 -205 106 2,70 46 81 2,8 -23 77 2,29 58 69 2,4 9,3 68 1,91 -48 63 1,9 -79 63 SnBr3 Tribrometo de alilestanho (45) SnCl2 2 Dicloreto de dialilestanho SnBr2 2 Dibrometo de dialiestanho (42) SnCl 3 Cloreto de trialilestanho SnBr 3 Brometo de trialilestanho (43) Sn 4 Tetralilestanho (44) Tabela 3.4 Dados de RMN 1H e RMN 119Sn para as espécies alilestananas em D2O Alilestananas δ 1 ( ppm ) do grupo CH2 δ 119 ( ppm ) H 2 J (119Sn, 1H) Hz Sn SnBr2 2 2,4 -405 a -450* 123 2,2 -131 87 Dibrometo de dialilestanho (42) SnBr 3 Brometo de trialilestanho (43) * O deslocamento químico de RMN 119Sn da espécie dibrometo de dialilestanho em D2O variou na faixa de -405 a -450ppm. 105 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima 3.12 Procedimento experimental para a síntese do alil-fenilsulfeto (37) S Pesou-se em um balão de 125 mL 8,3 g (60 mmol) de K2CO3 seco. Em seguida, adicionou-se 80 mL de CH2Cl2 anidro sob atmosfera de argônio. Posteriormente com auxílio de seringa de 3 mL, adicionou-se 2,0 mL (20 mmol) de tiofenol e em seguida, 1,73 mL (20 mmol) de brometo de alila, deixando o sistema reacional sob agitação por 1 hora. Depois se adicionou 3 mL (21 mmol) de trietilamina e manteve-se o sistema reacional sob agitação por 3 horas. Após esse tempo, finalizou-se a reação com solução salina de NaCl e extraiu-se a reação com CH2Cl2. Secou-se a fase orgânica com MgSO4 anidro, filtrou-se e removeu-se todo solvente orgânico sob vácuo. Obteve-se 2,76g (92%) de um líquido amarelo que apresentou os seguintes dados de RMN 1H: δ 3,56ppm (dt, 2H, 3J = 6,6 Hz, 4J = 1,2 Hz), 5,07ppm (ddt, 1H, Jcis = 11,1 Hz, J = 1,5 Hz), 5,14ppm (dq, 1H, Jtrans = 16,8 Hz, J = 1,5 Hz), 5,89ppm (ddt, 1H, 3J = 6,6Hz, Jtrans = 16,8 Hz, Jcis 11,1 Hz), 7,16-7,23ppm (m, 2H), 7,25-7,31ppm (m, 1H), 7,33-7,37ppm (m, 1H) 3.13 Procedimento experimental para a síntese de alil-fenilsulfona (38) O O S Em um balão de 100 mL contendo 50 mL de CH2Cl2, dissolveu-se 2,7 g (18 mmol) de alil-fenil-sulfeto. Em seguida, adicionou-se a 0°C 6,21 g (36 mmol) de m-CPBA 106 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima deixando sob agitação intensa por 5 horas. Posteriormente, diluiu-se o meio reacional com solução de Na2HCO3 e extraiu-se a reação com CH2Cl2. Secou-se a fase orgânica com MgSO4 anidro e concentrou-se todo solvente a vácuo. Obteve-se 2,2 g (67%) de um líquido amarelo que apresentou os seguintes dados de RMN1H: δ 3,81ppm (d, 2H, 3J = 7,5 Hz, J = 1,1 Hz), 5,14ppm (dq, 1H, Jtrans = 18,3 Hz, J = 1,2 Hz), 5,33ppm (ddt, 1H, Jcis = 11,1 Hz, J = 1,2 Hz), 5,79ppm (ddt, 1H, 3J = 7,5 Hz, Jtrans = 18,3 Hz, Jcis = 11,1 Hz), 7,53-7,59ppm (m, 2H), 7,63-7,68ppm (m, 1H), 7,86-7,90ppm (m, 2H). 3.14 Procedimento experimental para a síntese de 3-bromo-1fenilsulfonil-1-propeno (39) O O S Br Sob atmosfera de argônio, adicionou-se 2,18 g (12 mmol) de alil-fenil-sulfona em um balão de 50 mL contendo 15 mL de CCl4 anidro. Em seguida, adicionou-se lentamente 0,62 mL (12 mmol) de Br2, deixando sob agitação vigorosa por aproximadamente 2 horas. Logo em seguida, levou-se o balão reacional ao rotoevaporador e removeu-se todo solvente. Após todo esse procedimento, resfriou-se o balão reacional a 0°C e adicionou-se 20 mL de THF anidro. Depois se adicionou um excesso de trietilamina deixando o sistema reacional sob agitação por 3 horas. Após esse tempo, neutralizou-se o meio reacional com 20 mL de HCl 2 M e extraiu-se a fase orgânica três vezes com 30 mL de acetato de etila. As fases orgânicas foram combinadas, secas com MgSO4 anidro e todo solvente removido a vácuo. Obteve-se 2,3 g (75%) de um líquido amarelo que apresentou os seguintes dados de RMN 1H: δ 4,01ppm (dd, 2H, 3J = 6,75 Hz, 4J = 1,35 Hz), 6,57ppm (dt, 1H, Jtrans = 14,7 Hz, 4 J = 1,35 Hz), 7,04ppm (dt, 1H, Jtrans = 14,7 Hz, 3J = 6,75 Hz), 7,54-7,69ppm (m, 3H), 7,89- 7,97ppm (m, 2H). 107 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Capítulo 4 108 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Conclusões A reação de 4-bromocrotonato de etila mediada por estanho metálico na presença de CeCl3.7H2O em água mostrou um alto grau de regiosseletividade dependendo do aldeído utilizado. Para aldeídos aromáticos e alifáticos foi observada a seletividade na formação do aduto α, enquanto para aldeídos α,β-insaturados somente o aduto γ. Em termos de quimiosseletividade somente os produtos de adição 1,2 foram observados para aldeídos α,β-insaturados, ainda mais apenas a função aldeído foi alilada na molécula bifuncional 3-formil-cromona. Os rendimentos observados nessas reações foram de baixos a moderados, sendo necessário melhorar e entender o papel do sal de cério e do aldeído na regiosseletividade. A reação de brometo de crotila mediada por estanho metálico na presença de CeCl3 7H2O em água levou exclusivamente ao aduto γ (41) em torno de 80% de rendimento. Já a reação de brometo de crotila com benzaldeído em meio orgânico mediada por estanho metálico na presença e ausência de Ce(III) precisar ser mais estudadas, porém nesse meio reacional foi observada a formação dos adutos α (40) e γ (41). A regio- e diastereosseletividade da reação realizada em dioxano é influenciada pelo tempo reacional e uso de aditivos, sendo observada a variação na formação dos adutos α (40) e γ (41) bem como na diastereosseletividade syn/anti do aduto γ (41). Nas reações com dimetilsulfóxido e metanol foi observado somente a formação do aduto γ (41) com diastereosseletividade syn/anti que variam ao longo da reação, sendo observado após 24 horas os diastereoisômeros na proporção de 1:1. Estes resultados indicam que existe uma possível interconversão entre esse diastereoisômeros. Na reação em acetonitrila acompanhada por RMN 1H foram testados vários ácidos tais como HCl(aq) e TsOH. Esses ácidos influenciam na velocidade da reação, bem como na regiosseletividade, onde foi observada a formação dos adutos α (40) e γ (41) somente na presença de ácido p-toluenossulfônico e com diastereosseletividade syn/anti de 8:2. No entanto, para HCl(aq) somente o aduto γ (41) foi observado na proporção 1:1 syn/anti. 109 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Os resultados obtidos para as reações com brometo de crotila em meio orgânico foram bastante surpreendentes, pois mostraram a formação do aduto α (40) em curtos intervalos de tempos. Estes dados também são importantes, pois indicam uma possível isomerização do aduto α (40) no aduto γ (41). Estes resultados contradizem a literatura que mostra que o aduto α só é formado após um longo tempo reacional através do rearranjo do aduto γ. Além disso, o controle da quantidade de água é crucial para regiosseletividade α. Os estudos computacionais das espécies crotilcério mostraram uma coordenação preferencial η3. No entanto, estes resultados preliminares não explicam a regiosseletividade observada em meio aquoso. A reação de brometo de alila com aldeídos mediados por estanho metálico na presença de CeCl3.7H2O em água apresentou resultados de moderados a bons. Os estudos de RMN 1H e RMN 119Sn para a reação de brometo de alila mediada por estanho em meio aquoso indicaram que diferentes espécies alilestanho são formadas no decorrer da reação e que sua formação também é influenciada pelo pH do meio reacional. As espécies observadas por RMN 1 H e RMN 119 Sn, em CDCl3 foram o tetralilestanho (44) em 1,9ppm e -79ppm, o brometo de trialilestanho (43) em 2,4ppm e 9,7ppm e dibrometo de dialilestanho (42) em 2,8ppm e -23ppm respectivamente. Para as espécies formadas em água deuterada foi observado o dibrometo de dialilestanho (42) em 2,5ppm e -450ppm e uma espécie em 2,2ppm e -131ppm que foi caracterizada como brometo de trialilestanho (43). A adição de HBr(aq) e HCl(aq) a uma solução de tetralilestanho permitiu a observação e a caracterização de cinco espécies organoestanho do tipo (CH2=CHCH2)4-nSnXn. 110 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Perspectivas Apesar da alta regiosseletividade observada na reação do tipo Barbier entre o 4bromocrotonato de etila e aldeídos aromáticos, alifáticos e α,β-insaturados mediada por estanho na presença de CeCl3.7H2O em meio aquoso os rendimentos ainda precisam ser melhorados através da otimização das condições reacionais. A diferença na regiosseletividade observada em relação ao aldeído utilizado precisar ser esclarecida, o que requer um melhor entendimento do mecanismo da reação. Ainda em relação à regiosseletividade, o efeito do solvente e do aditivo para as reações envolvendo brometo de crotila e benzaldeído mediada por estanho precisam ser estudadas. Alguns experimentos em solventes deuterados serão realizados para avaliar a o papel do solvente e do aditivo nestas reações. A adição de ácidos como: HCl(aq) e TsOH levaram a bons rendimentos e regiosseletividade nas reações. Por isso novos ácidos de diferentes naturezas precisam ser investigados. Além disso, essas reações necessitam ser realizadas em solventes orgânicos anidros, bem como a adição controlada de água nestes solventes, para verificar a influência da água na regiosseletividade α. O tempo reacional nestas reações foi determinante na formação dos adutos, logo a reação deve ser investigada em tempos específicos, e ter a cinética determinada. Cálculos de energia dos regio- e diastereoisômeros serão realizados com o objetivo determinar os compostos termodinamicamente mais estáveis, o que poderá auxiliar no entendimento das interconversões observadas entre os isômeros. Cálculos computacionais dos estados de transição para as possíveis espécies crotilmetal envolvidas na regiosseletividade α devem ser realizados. As reações envolvendo brometo de alila e aldeídos aromáticos, alifáticos e α,βinsaturados mediada por estanho na presença de CeCl3.7H2O em meio aquoso apresentaram rendimentos de moderados a bons, e portanto, novas condições, assim como, outros aldeídos serão estudados, visando não só um aumento dos rendimentos como também a ampliação desta metodologia. 111 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima A síntese da espécie brometo de alilestanho (II) e sua caracterização por RMN 1H e RMN 119 Sn também serão realizadas, visando confirmar as espécies alilestananas observadas em D2O. Estudos de RMN 1H e RMN 119 Sn serão realizados para a reação de brometo de alila, estanho e benzaldeído para avaliar qual das espécies alilestananas é mais reativa frente o benzaldeído. Estudos de RMN 1H e RMN 119Sn serão realizados em D2O e meio orgânico para a reação de estanho metálico com brometo de crotila e 4-bromocrotonato de etila com o objetivo de caracterizar as espécies geradas e então melhor entender a regiosseletividade observada. 112 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Capítulo 5 113 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Referências Bibliográficas 1. a) Breslow, R.., Rideout, D.C. J. Am. Chem. Soc. 1980, 102, 7816-7817; b) Grieco, P. A., Garner, P., HE, Z. M. Tetrahedron Lett. 1983, 24, 1897-1900. 2. Li, C. H., Chan, T.-H. “Organic reaction in aqueous media”, John Wiley & Sons, Inc.: New York, 1997. 3. a) Chan, T. H., Li, C. J., Lee, M. C., Wei, Z. Y. Can. J. Chem. 1994, 72, 1181-1192; b) Li, C-J. Chem. Rev. 1993, 93, 2023-2035; c) Nokami, J., Otera, J., Sudo, T., Okawara, R. Organometallic. 1983, 2, 191-193; d) Li, C-J., Zhang, W-C. J. Org. 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Espectro 2 RMN 13C do aduto α (30) da reação de benzaldeído e 4-bromocrotonato de etila. 121 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima OH O O Espectro 3 RMN 1H do aduto γ (31) da reação de benzaldeído e 4-bromocrotonato de etila. Espectro 4 RMN 13C do aduto γ (31) da reação de benzaldeído e 4-bromocrotonato de etila. 122 Dissertação de Mestrado OH Dimas J. P. Lima O O OCH3 Espectro 5 RMN 1H do aduto α (34) da reação de 3-metoxi-benzaldeído e 4-bromocrotonato de etila Espectro 6 RMN 13C do aduto α (34) da reação de 3-metoxi-benzaldeído e 4-bromocrotonato de etila. 123 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima OH O O Espectro 7 RMN 1H do aduto α (32) da reação de heptanal e 4-bromocrotonato de etila. Espectro 8 RMN 13C do aduto α (32) da reação de heptanal e 4-bromocrotonato de etila. 124 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima OH O O Espectro 9 RMN 1H do aduto γ (35) da reação de cinamaldeído e 4-bromocrotonato de etila. Espectro 10 RMN 13C do aduto γ (35) da reação de heptanal e 4-bromocrotonato de etila. 125 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima O OH O O O Espectro 11 RMN 1H do aduto γ (36) da reação de 3-formil-cromona e 4-bromocrotonato de etila. Espectro 12 RMN 13C do aduto γ (36) da reação de 3-formil-cromona e 4-bromocrotonato de etila. 126 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima OH O O Espectro 13 RMN 1H do aduto α (33) da reação de hidrocinamaldeído e 4-bromocrotonato de etila. OH Espectro 14 RMN 1H do aduto α (40) da reação de benzaldeído e brometo de crotila. 127 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima OH Espectro 15 RMN 1H do aduto γ (41) da reação de benzaldeído e brometo de crotila. Espectro 16 RMN 13C do aduto γ (41) da reação de benzaldeído e brometo de crotila. 128 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima OH Espectro 17 RMN 1H do produto 46 da reação de benzaldeído e brometo de alila. Espectro 18 RMN 13C do produto 46 da reação de benzaldeído e brometo de alila. 129 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima OH OCH3 11 Espectro 19 RMN 1H do produto 47 da reação de 3-metoxi-benzaldeído e brometo de alila. Espectro 20 RMN 13C do produto 47 da reação de 3-metoxi-benzaldeído e brometo de alila. 130 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima OH Espectro 21 RMN 1H do produto 49 da reação de cinamaldeído e brometo de alila. Espectro 22 RMN 13C do produto 49 da reação de cinamaldeído e brometo de alila. 131 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima O OH O Espectro 23 RMN 1H do produto 50 da reação de 3-formil-cromona e brometo de alila. S Espectro 24 RMN 1H do produto 37 da reação de tiofenol e brometo de alila. 132 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima O O S Espectro 25 RMN 1H do produto 38 da reação de oxidação do alil-fenil-sulfeto. O O S Br Espectro 26 RMN 1H do produto 39 da reação de bromação do alil-fenil-sulfona. 133 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima Sn 4 Espectro 27 RMN 1H do tetralilestanho (44). Espectro 28 RMN 119Sn do tetralilestanho (44). 134 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima SnBr2 2 Espectro 29 RMN 1H do dibrometo de dialilestanho (42). Espectro 30 RMN 119Sn do dibrometo de dialilestanho (42). 135 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima SnBr 3 Sn 4 Espectro 31 RMN 1H do tetralilestanho (44) e brometo de trialilestanho (43). SnBr 3 Sn 4 Espectro 32 RMN 119Sn do tetralilestanho (44) e brometo de trialilestanho (43). 136 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima SnBr 3 SnBr2 Sn 2 4 Espectro 33 RMN 1H do tetralilestanho (44), brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de dialilestanho (42). SnBr2 2 SnBr Sn 3 4 Espectro 34 RMN dialilestanho (42). 119 Sn do tetralilestanho (44), brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de 137 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima SnBr2 SnBr 2 3 Espectro 35 RMN 1H do brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de dialilestanho (42). SnBr 3 SnBr2 2 Espectro 36 RMN 119Sn do brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de dialilestanho (42). 138 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima SnBr2 2 SnBr3 Espectro 37 RMN 1H do dibrometo de dialilestanho (42) e tribrometo de alilestanho (45). SnBr2 2 SnBr3 Espectro 38 RMN 119Sn do dibrometo de dialilestanho (42) e tribrometo de alilestanho (45). 139 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima SnBr2 2 Espectro 39 RMN 1H do dibrometo de dialilestanho (42) em D2O. Espectro 40 RMN 119Sn do dibrometo de dialilestanho (42) em D2O. 140 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima SnBr2 2 SnBr 3 Espectro 41 RMN 1H do brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de dialilestanho (42) em D2O. SnBr 3 SnBr2 2 Espectro 42 RMN 119Sn do brometo de trialilestanho (43) e dibrometo de dialilestanho (42) em D2O. 141 Dissertação de Mestrado Dimas J. P. Lima SnCl Sn 3 4 SnCl2 2 Espectro 43 RMN 1H do tetralilestanho (44), cloreto de trialilestanho e dicloreto de dialilestanho. SnCl 3 Sn 4 SnCl2 2 Espectro 44 RMN 119Sn do tetralilestanho (44), cloreto de trialilestanho e dicloreto de dialilestanho. 142