SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO DO VALE DO IPOJUCA
FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA- FAVIP / DeVry
COORDENAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Luciene de Almeida Tenório
CARUARU NOS TRILHOS:
Intervenção no Conjunto Arquitetônico da Estação Ferroviária de Caruaru para
implantação de uma cinemateca.
CARUARU
2011
Luciene de Almeida Tenório
CARUARU NOS TRILHOS:
Intervenção no Conjunto Arquitetônico da Estação Ferroviária de Caruaru para
implantação de uma cinemateca.
Trabalho de conclusão de curso
apresentado á Faculdade do Vale do
Ipojuca, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Arquitetura e Urbanismo.
Orientadora: MSc. Aline de Figueirôa Silva
CARUARU
2011
Catalogação na fonte Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE
T312iTenório,Luciene
de
Almeida.
Intervenção no conjunto arquitetônico da Estação Ferroviária de
Caruaru para implantação de cinemateca/ Luciene de Almeida
Tenório.
–
Caruaru:
FAVIP,
2014.
82f.: il.
Orientador(a) :Aline de Figueirôa Silva.
Trabalho de Conclusão de Curso (Arquitetura e Urbanismo) -Faculdade doVale do Ipojuca.
1. Ferrovia. 2.Patrimônio. 3. Memória. I. Tenório, Luciene
de Almeida. II. Título
CDU72[14.1]
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/136
EPÍGRAFE
“A vida só pode ser compreendida olhando-se
para trás; mas só pode ser vivida olhando-se
para frente”
SorenKierkegaard, filósofo dinamarquês
AGRADECIMENTOS
A Deus,
Pela força espiritual para a realização desse trabalho.
Aos meus pais Rizolene e Gercílio,
Pelo eterno orgulho de nossa caminhada, pelo apoio, compreensão, ajuda, e, em
especial, por todo carinho ao longo deste percurso.
Aos meus irmãos e meus amigos,
Pelo carinho, compreensão e pela grande ajuda.
Aos meus colegas de curso,
Pela cumplicidade, ajuda e amizade.
À professora Aline de Figueirôa,
Pela orientação deste trabalho.
Ao IPHAN em MS e PE pela colaboração na pesquisa.
RESUMO
O Conjunto Arquitetônico da Estação Ferroviária de Caruaru compõe o patrimônio da extinta
RFFSA, um importante exemplar do desenvolvimento de Caruaru já no final do séc.XIX. Pois a
chegada do primeiro trem a Caruaru significou um avanço político e comercial, em virtude disso
desenvolveu-se toda uma configuração urbano-espacial em torno desse edifício. A estrutura física
dos prédios que compõe o acervo arquitetônico da Estação Ferroviária de Caruaru é bem tombado na
esfera estadual com valores históricos e artísticos. Ainda assim o conjunto arquitetônico da Estação
Ferroviária encontra-se atualmente em estado de conservação e uso questionáveis, sendo
subutilizado, sem haver valorização enquanto bem arquitetônico e histórico, tendo papel secundário
em eventos financiados pelo poder público. Visto isso o projeto objetiva atualizar dados históricos e
arquitetônicos dos edifícios que compõe a Estação Ferroviária da Cidade de Caruaru, seu papel na
formação da Cidade e até que ponto ainda pode representar um potencial sócio-cultural em benefício
da população. Com essas referências será possível desenvolver um projeto de intervenção e
requalificação de uso a fim de promover a preservação desse bem de forma que possibilite sua
manutenção e ofereça uma opção de cultura e lazer para Caruaru.
Palavras chave: Ferrovia, Patrimônio, Memória.
ABSTRACT
The architectural complex of Caruaru Railway Station makes up the heritage of the extinct
RFFSA, an important example of the development of Caruaru at the end of the XIX century . Since the
arrival of the first train Caruaru meant a political and commercial breakthrough, because it has
developed an entire urban- spatial configuration around that building. The physical structure of the
buildings that make up the architectural heritage of Caruaru Railway Station is well overturned at the
state level with historical and artistic values . Yet the architectural ensemble of the Railway Station is
currently under repair and questionable use, being underutilized, with no recovery as well as
architectural and historical, taking a secondary role in events funded by the government. Since this
project aims to upgrade the historical and architectural data of the buildings that make up the City of
Caruaru Railway Station, its role in the formation of the City and to what extent can still represent a
socio- cultural potential to benefit the population . With these references will be possible to develop an
intervention project and upgrading of use to promote the preservation of this right of way that will
enable its maintenance and offer a choice of culture and leisure for Caruaru.
Keywords:Train,Heritage,Memory.
SUMÁRIO
1 Introdução............................................................................................................08
2 Objetivos...............................................................................................................11
2.1 Objetivo Geral.....................................................................................................11
2.2 Objetivos Específicos...........................................................................................11
3 História da Linha Férrea no Brasil......................................................................12
3.1 A Rede Ferroviária Sociedade Anônima (RFFSA)..............................................14
3.2 Inventariança do Patrimônio da Extinta RFFSA..................................................15
3.3 Programa de Destinação do Patrimônio da Extinta RFFSA ................................15
3.4 A Linha Férrea em Pernambuco.........................................................................16
3.5 A Linha Férrea em Caruaru.................................................................................17
4 Marcos Teóricos e Legais...................................................................................21
4.1 Carta de NizhnyTagil Sobre o Patrimônio Industrial, 2003...............................21
4.2 Manual de Preservação de Edificações Ferroviárias Antigas, 2004..................23
4.3 Lei da Memória Ferroviária, 2007.......................................................................25
4.4 Inventário do Patrimônio Ferroviário em Pernambuco, 2009.............................27
5 Estudos de Casos ..............................................................................................29
5.1 Conceito de cinemateca.....................................................................................29
5.2 Cinemateca Capitólio – Porto Alegre – Brasil.....................................................30
5.3 Cinemateca Brasileira – São Paulo – Brasil......................................................37
5.4 Estação Campo Grande – MS – Brasil..............................................................40
5.5 Contribuição dos Estudos de Caso para o anteprojeto de intervenção..............44
7
6 Conjunto Arquitetônico Estação Ferroviária de Caruaru.................................45
6.1 Análise arquitetônica...........................................................................................46
6.2 Análise do entorno...............................................................................................52
6.3 Diagnóstico do estado de conservação...............................................................55
7 Memorial de Intervenção no Conjunto Arquitetônico da Estação Ferroviária
de Caruaru.................................................................................................................73
7.1 Conceituação........................................................................................................73
7.2 Definição do Uso..................................................................................................74
7.3 Detalhamento do Programa de Intervenção........................................................75
7.4 Viabilidade Técnica .............................................................................................76
7.5 Especificação dos Materiais e Serviços...............................................................77
8 Bibliografia............................................................................................................81
8
1 INTRODUÇÃO
O objeto de estudo do trabalho é o Conjunto Arquitetônico da Estação
Ferroviária de Caruaru, parte do Patrimônio da extinta Rede Ferroviária Federal
Sociedade Anônima (RFFSA). A RFFSA foi uma empresa estatal brasileira de
transporte ferroviário que cobria grande parte do território brasileiro, com sede na
cidade do Rio de Janeiro-RJ. De acordo com o Inventário de Conhecimento do
Patrimônio Ferroviário em Pernambuco,coordenado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2008, o acervo é composto por: estação
ferroviária, armazém e esplanada.
A Estação Ferroviária originalmente construída no estilo eclético e concluída
no ano de 1895, por volta de 1940,foi demolida, e construída outra no local, com
características estilísticas do Art Déco. O Complexo Ferroviário é tombado pela
Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE).
Segundo a equipe do IPHAN, o Diagnóstico de Conservação do Conjunto
Arquitetônico da Estação Ferroviária de Caruaru é bom, visto que pouco foi mudado
esteticamente desde a última grande reforma em 1940. O Complexo é administrado
pela Prefeitura de Caruaru desde 2001, quando o trem jánão passava mais pela
Cidade. Desde então, houve algumas intervenções internas no edifício da Estação
para abrigar a Biblioteca Municipal, mas hoje está sem uso.
O Armazém sofreu intervenção a fim de possibilitar o armazenamento de
obras de arte popular. Além disso, artistas locais promovem uma vez por semana
feiras de artesanato na área da Esplanada. Para viabilizar o atual uso do espaço
foram feitas algumas alterações internas e ampliação do programa, incluindo
sanitários e portões laterais.
A Esplanada, por sua vez, foi totalmente cimentada para possibilitar
instalações temporárias em períodos festivos, desde 2001, e atualmente acolhe o
Pólo Cultural de Caruaru, espaço temático com o papel de abrigar “cenário” fixo para
eventos financiados pelo poder público.
Com apoio da Secretaria do Desenvolvimento, Secretaria do Patrimônio da
União (SPU) e o PAC Cidades Históricas, o Programa de Destinação Imobiliária que
tem como objetivo principal apoiar ações locais nas áreas de desenvolvimento
9
social, urbano e ambiental mediante a regularização, cessão ou compartilhamento
da gestão de imóveis da União oriundos da extinta Rede Ferroviária Federal S.A.
(RFFSA), visando, por sua vez, assegurar o cumprimento da função socioambiental
desse importante patrimônio público.
Visto isso, o presente TCC objetiva atualizar o levantamento históricoarquitetônico dos edifícios que compõem a Estação Ferroviária da Cidade de
Caruaru, apontar seu papel na formação da Cidade e mostrar até que ponto ainda
pode representar um potencial sócio-cultural em benefício da população. Com essas
referências será possível desenvolver um anteprojeto de intervenção no sítio
composto pela estação ferroviária, armazém e esplanada, a fim de promover a
preservação desse bem, de forma que possibilite sua manutenção e ofereça uma
opção de cultura e lazer para Caruaru.
O Conjunto Arquitetônico da Estação Ferroviária de Caruaru tem valor cultural
para a cidade, pois sua chegada está ligada ao desenvolvimento da Cidade de
Caruaru e foi significativo para a manutenção do posto de “Cidade Pólo” do Agreste
Pernambucano,facilitando o acesso e comunicação com as cidades circunvizinhas.
Além disso, a preservação dos bens ligados à ferrovia e seu valor enquanto
patrimônio industrial é bastante relevante e vai além da qualidade arquitetônica, que,
muitas vezes, a exemplo da Estação Caruaru, embora tenha um volume
singelo,apresenta valor histórico e cultural. Em razão da necessidade de preservar
esses bens industriais, foi produzida, na Cidade de NizhnyTagil, na Rússia, a Carta
sobre o Patrimônio Industrial, que traça diretrizes para a manutenção da memória
industrial, incluindo a memória férrea.
Essa iniciativa está prevista e orientada no Art 9º da Lei da Memória Férrea
nº11483/2007 que atribui ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN), entre outras demandas,a tarefa de dar destinaçãoaos bens oriundos da
extinta Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), instalando museus, centros de
cultura e eventos, a fim de promover a preservação da memória ferroviária.
A proposta de intervenção no Conjunto Arquitetônico da Estação Ferroviária
de Caruaru, objetiva a implantação de uma cinemateca, com um conceito dinâmico
que integra a sala de exibição áudio visual, um memorial da ferrovia em Caruaru,
10
arquivamento fílmico e iconográfico, além de oficinas didáticas que promovam a
propagação da cultura cinematográfica em Caruaru e região, considerando que em
Recife já existem iniciativas dessa classe. O benefício que esse equipamento
podegerar para os estudantes das escolas públicas e população em geral é
considerável, mas o benefício para o próprio Conjunto da Estação Ferroviária é
ainda maior, poisgerar um fluxo permanente direcionado ao equipamento, garante
sua preservação, e contribui para com um novo espaço destinado ao lazer e
educação na Cidade.
11
2 Objetivos
2.1. Objetivos Gerais
O trabalho objetiva realizar uma intervenção, em nível de anteprojeto de
arquitetura, no conjunto de prédios que compõem o acervo da Estação Ferroviária
de Caruaru para implantação de uma cinemateca.
2.2. Objetivos específicos
Promover a manutenção e salvaguarda do patrimônio físico e histórico do conjunto
de prédios que compõem o acervo arquitetônico da Estação Ferroviária de Caruaru.
Oferecer uma opção de lazer e cultura à população de Caruaru.
Sistematizar dados e valores históricos e culturais sobre o acervo arquitetônico da
Estação Ferroviária de Caruaru, que fundamentem o anteprojeto de intervenção e
sua futura gestão.
12
3 História da Linha Férrea no Brasil
O transporte de mercadoria no Brasilera feito de maneira bastante provinciana
por meio de muares. Havia bastante interesse por parte do Império de que o Brasil
iniciasse seu transporte por linha férrea. A partir de 1828 houve medidas de
incentivo à construção de ferrovias nas principais capitais do país, porém não houve
nenhuma manifestação concreta de investimentos com capital independente nessa
empreitada. Foi só em 1840 que o então empresário Irineu Evangelista de Souza,
futuro Barão de Mauá, empolgado com o avanço da industrialização amparada pela
ferrovia na Europa, volta de viagem decidido a investir nesse negócio. Em 29 de
Maio de 1852, fundou a Imperial Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de
Ferro de Petrópolis, com um capital de 2 mil contos de réis.
Imagem 01: Inauguração daLocomotiva Baronesa, 1940.
Disponível em: www.cbtu.gov.br/galeria/.../locbaroneza2_jpg.htm
A viagem inaugural da Ferrovia no Brasil data de 30 de abril de 1854. A
expansão da rede ferroviária ocorreu de forma gradativa, a partir de iniciativas
privadas com capital estrangeiro. Até o ano de 1884 a Linha Férrea já atingia
diversos estados do Brasil. O avanço gerado com a chegada e expansão da linha
férrea era notável e, com isso,houve investimentos em tecnologia, inclusive com
importação de locomotivas a diesel da Inglaterra.
13
Imagem 02: Locomotiva a vapor.
Imagem 03: Locomotiva diesel- elétrica
Disponível em: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/locomotivas.html
O avanço do sistema rodoviário no Brasil e as deficiências no sistema
ferroviário contribuíram para que a rede ferroviária entrasse em crise. Com isso, e
em decorrência de falhas nas linhas, a estatização foi inevitável para tentar manter o
padrão no serviço. Em 1957,inicia a era estatal da rede ferroviária no Brasil, com a
criação da RFFSA para administrar as concessionárias. Com isso,alguns trechos
foram desativados e outros receberam retificação. Porém, os investimentos
diminuíram drasticamente durante crises econômicas no governo,ocasionando o
sucateamento de alguns trechos da linha férrea e em decorrência disso a
privatização da RFFSA foi a medida escolhida em 1992. Em 2007, a RFFSA já
estava oficialmente extinta.
14
Figura 01: Linha do Tempo História da Rede Ferroviária no Brasil.
Fonte: Elaborada pela autora, 2011.
3.1.A Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA)
A Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA) foi uma corporação
de capital conjunto vinculada ao Governo Federal gerida pelo Ministério dos
Transportes.
“A RFFSA foi criada mediante autorização da Lei nº 3.115, de 16 de março
de 1957, pela consolidação de 18 ferrovias regionais, com o objetivo
principal de promover e gerir os interesses da União no setor de transportes
ferroviários. Durante 40 anos prestou serviços de transporte ferroviário,
atendendo diretamente a 19 unidades da Federação, em quatro das cinco
grandes regiões do País, operando uma malha que, em 1996, compreendia
cerca de 22 mil quilômetros de linhas (73% do total nacional).” REDE
FERROVIÁRIA FEDERAL S.A – RFFSA. Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão. Secretaria do Patrimônio da União. Disponível em:
<http://patrimoniodetodos.gov.br/gerencias-regionais/spu-pe>. Acesso em:
Março de 2011.
A estatização da linha férrea se deu com o intuito de manter a qualidade do
serviço prestado e impedir o sucateamento da rede. Porém, essa manutenção
gerava um custo muito elevado sem o devido retorno. Assim, diante da primeira crise
econômica, o financiamento foi cortado e ocorreu o declínio da rede. Logo, em 1992,
a RFFSA foi lançada em leilão para privatização. Esse processo foi efetivado em
1996 e, oficialmente a, RFFSA foi extinta em 22 de janeiro de 2007.
15
3.2. Inventariança do Patrimônio da Extinta RFFSA
Com a extinção da RFFSA em 2007, foram estabelecidos trabalhos de
inventariança dos bens e obrigações para a gestão do patrimônio ferroviário, na
intenção de cortar os custos públicos para sua manutenção. De maneira sucinta, a
União torna-se responsável pelos bens e tem como tarefa direcioná-los para
programas sócio-ambientais financiados pelo Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), do Governo Federal.
Dessa forma, os bens oriundos da extinta RFFSA, como estações
desativadas, armazéns, residências, terão utilidade e seus custos de manutenção
ficarão a cargo dos governos locais. Essa medida do governo é um importante passo
para a preservação do acervo histórico e arquitetônico da ferrovia brasileira além de
promover o resgate da memória da linha férrea no Brasil.
3.3.Programa de Destinação do Patrimônio da Extinta RFFSA para o apoio ao
Desenvolvimento Local
O Programa de Destinação do Patrimônio oriundo da Extinta RFFSA tem
objetivo de apoiar ações locais para desenvolvimento social, urbano e cultural por
meio de utilização dos seus edifícios e terrenos diante de um projeto que comporte a
memória ferroviária e promova a qualidade de vida da população carente. O foco
desse programa é justamente apoiar os municípios e organizações filantrópicas que
tenham interesse de desenvolver projetos com foco no avanço social, urbano e
ambiental. Para tanto, é preciso averiguar a disponibilidade do bem de interesse
histórico e elaborar um projeto de acordo com as normas de adesão ao Programa,
bem como de utilização de bens com valor histórico-cultural. A prioridade, porém, é a
destinação de imóveis para habitação popular e preservação da memória ferroviária.
Esse Programa e amparado pelo Programa “Minha Casa, Minha Vida” do Governo
Federal e financiado pelo Programa de Aceleração do Crescimento(PAC).
As principais finalidades do Programa de Destinação do Patrimônio da Extinta
RFFSA são:
“Estimular e promover a proteção e a preservação dos bens oriundos da
extinta RFFSA;
16
Promover o intercâmbio de informações sobre o patrimônio imobiliário da
extinta RFFSA e as respectivas ações a ele relacionadas;
Viabilizar proteção e ações estratégicas do Governo Federal;
Promover a renegociação das dívidas vinculadas aos contratos de compra e
venda celebrados pela extinta RFFSA;
Agilizar e viabilizar regularização jurídico-patrimonial dos imóveis herdados
por meio de ações conjuntas de identificação, levantamento e avaliação
desses bens.” REDE FERROVIÁRIA FEDERAL S.A – RFFSA. Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria do Patrimônio da União.
Disponível em: <http://patrimoniodetodos.gov.br/gerencias-regionais/spupe>. Acesso em: Março de 2011.
3.4. A Linha Férrea em Pernambuco
A origem da Linha Férreaem Pernambuco se deu em 1885,com a
inauguração da Estrada de Ferro Central de Pernambuco, que ligava Recife a
Jaboatão.Essa linha foi se expandindo gradativamente até o ano de 1957, quando
chegou à cidade de Serra Talhada.
De acordo com o Inventário do Patrimônio Ferroviário em Pernambuco
coordenado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e
concluído em 2008, a Linha Férrea Pernambucana é distribuída por:
1. Linha Tronco Norte – LTN;
2. Linha Tronco Centro – LTC;
3. Linha Tronco Sul – LTS;
4. Estrada de Ferro Paulo Afonso – EFPA;
5. Viação Ferroviária Federal Leste Brasileira – VFFLB.
Ao longo dos anos, a expansão da rede ferroviária foi levando progresso e
facilitando as operações comerciais e encurtando as distâncias, sendo assim um
marco no desenvolvimento do estado e nos municípios por onde passou.
Em especial para vislumbrar o contexto do objeto de estudo ao percurso da
Linha Tronco Centro de Pernambuco. Que por sua vez percorre 24 Municípios
dentre eles Caruaru.
17
Figura 02: Estações da Linha Tronco Centro de Pernambuco.
Fonte: Elaborado pela autora, 2011.
Figura 03: Linha do Tempo Linha Tronco Centro de Pernambuco.
Fonte: Elaborado pela autora, 2011.
3.5. A Linha Férrea em Caruaru
Em 1895, na cidade de Caruaru, a empresa Estrada de Ferro Central de
Pernambuco inaugurou três estações ferroviárias, foram elas Estação de Caruaru,
Estação Gonçalves Ferreira e Estação Barra de Taquara, todas no percurso Linha
18
Tronco Centro. Destas,a única que ainda se mantém de pé é a Estação de Caruaru,
que compreende o prédio da estação, o armazém e a esplanada. O Conjunto
Arquitetônico da Estação Ferroviária de Caruaru é parte do Patrimônio da extinta
Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA). A RFFSA foi uma empresa
estatal brasileira de transporte ferroviário que cobria grande parte do território
brasileiro com sede na cidade do Rio de Janeiro-RJ. De acordo com o Inventário de
Conhecimento do Patrimônio Ferroviário em Pernambuco, a Estação Ferroviária
originalmente construída no estilo eclético e concluída no ano de 1895, por volta de
1940,passou por uma reforma, assumindo então características estilísticas do Art
Déco. O Complexo Ferroviário é tombado pela Fundação do Patrimônio Histórico e
ArtístísticoPernambuco (FUNDARPE).
Imagem 04: Estação Ferroviária de Caruaru. Década de 1930.
Fonte: Acervo pessoal Francisco Lira.
19
Imagem 05: Estação Ferroviária de Caruaru. Década de 1960.
Fonte: Acervo pessoal Francisco Lira.
Imagem 06: Estação Ferroviária de Caruaru. 2002
Fonte: Acervo pessoal Francisco Lira.
20
Figura 04: Linha do Tempo História da Rede Ferroviária em Caruaru.
Fonte: Elaborado pela autora, 2011.
21
4 Marcos Teóricos e Legais
4.1.Carta de NizhnyTagil Sobre o Patrimônio Industrial, 2003
Muitas
internacional,
cartas,
recomendações e
chamadas
de
Cartas
declarações,
Patrimoniais,
elaboradas no
propõem
plano
procedimentos
específicos em relação aos bens patrimoniais, enfatizam a necessidade de analisar
os conceitos nelas contidos para um procedimento consciente na aplicação de
políticas preservacionistas. As Cartas Patrimoniais são complementadas por novas
normas e recomendações para casos específicos e atualizados na preservação do
patrimônio cultural.
As estações ferroviárias compõem o patrimônio industrial, pois além de serem
fruto das novas tecnologias e materiais disponíveis na era da máquina, foi através
do transporte da linha férrea que a indústria pôde atingir os lugares mais longínquos,
contribuindo diretamente para o avanço da industrialização.
A Revolução Industrial e, conseqüentemente, as mudanças nas configurações
sociais e econômicas que ocorreram são um marco importante na história da
humanidade. Nesse período, o desenho urbano foi drasticamente alterado, surgiram
novas necessidades e novas tecnologias para supri-las. Sendo assim, toda
edificação ou objeto que sirva de registro dessa época é digno de preservação.
Para que essa preservação ocorra, é necessário que haja diretrizes e meios
para catalogar esses bens industriais em especial. Atualmente, esta é uma
preocupação mundialno campo da preservação do patrimônio histórico e cultural. E
foi para que essas medidas de preservação tomassem forma que o (TICCIH) The
Internacional Committee for theConservationofthe Industrial Heritage (Comissão
Internacional para a Conservação do Patrimônio Industrial),em uma conferência que
se realizou em NizhnyTagil, na Rússia, em 17 de julho de 2003, foi produzida um
documento com parâmetros atualizados da Carta de Veneza (1964) e da Carta de
Burra (1980), porém com tópicos diretamente relacionados ao patrimônio
industrial.Segundo os membros do TICCIH na Carta de NizhnyTagil a definição de
patrimônio Industrial é composta por:
22
“(...) edifícios e as estruturas construídas para as atividades industriais, os
processos e os utensílios utilizados, as localidades e as paisagens nas
quais se localizavam, assim como todas as outras manifestações, tangíveis
e intangíveis, são de uma importância fundamental (...) O patrimônio
industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor
histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico.” (Os delegados
reunidos na Rússia por ocasião da Conferência 2003 do TICCIH)
E o valor desse patrimônio está ligado justamente a essa importância em se
preservar um marco da mudança social e cultural e sua relação com as cidades
onde foram inseridas.
Está posta, então, a importância de identificar, inventariar e investigar a
legitimidade desses bens a fim de possibilitar seu reconhecimento e preservação.
Sendo assim, é indispensável que se tome registro desse patrimônio, seja de forma
iconográfica, ou através de relatos e levantamentos de campo. Enfim, todo e
qualquer tipo de dado recolhido é importante. Essas ressalvas já mencionadas na
Carta de Burra (1980) foram enfatizadas na Carta do Patrimônio Industrial.
“Todas as coletividades territoriais devem identificar, inventariar e proteger
os vestígios industriais que pretendem preservar para as gerações
futuras.(...) Os levantamentos de campo e a elaboração de tipologias
industriais devem permitir conhecer a amplitude do patrimônio industrial.
Utilizando estas informações, devem ser realizados inventários de todos os
sítios identificados... “(Carta do Patrimônio Industrial –NizhnyTagil, Julho de
2003)
Os aspectos legais também são correlacionados na Carta, levando à tona a
particularidade do bem industrial apesar de ser integrante do patrimônio cultural
como um todo.
“O patrimônio industrial deve ser considerado como uma parte
integrante do patrimônio cultural em geral. Contudo, a sua proteção legal
deve ter em consideração a sua natureza específica. Ela deve ser capaz de
proteger as fábricas e as suas máquinas, os seus elementos subterrâneos e
as suas estruturas no solo, os complexos e os conjuntos de edifícios, assim
como as paisagens industriais.” (Carta do Patrimônio Industrial –
NizhnyTagil, Julho de 2003)
A Carta também levanta a questão da importância de medidas de incentivo e
financiamento público a programas de preservação e desenvolvimento social
integrados aos bens industriais. Alerta para a importância da população local, muitas
vezes testemunha ocular da história do bem industrial, como atuante direto em sua
preservação.
23
“Devem ser desenvolvidos todos os esforços para assegurar a
consulta e a participação das comunidades locais na proteção e
conservação do seu patrimônio industrial...As associações e os grupos de
voluntários desempenham um papel importante na inventariação dos sítios,
promovendo a participação pública na sua conservação, difundindo a
informação e a investigação, e como tal constituem parceiros indispensáveis
no domínio do patrimônio industrial.“ (Carta do Patrimônio Industrial –
NizhnyTagil, Julho de 2003)
Com relação à manutenção e preservação do bem industrial, a Carta indica
que os bens industriais podem ter papel importante em estratégias de
sustentabilidade aliadas a políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento social.
“Adaptar e continuar a utilizar edifícios industriais evita o desperdício de
energia e contribui para o desenvolvimento econômico sustentado. O
patrimônio industrial pode desempenhar um papel importante na
regeneração econômica de regiões deprimidas ou em declínio. A
continuidade que esta reutilização implica pode proporcionar um equilíbrio
psicológico às comunidades confrontadas com a perda súbita de uma fonte
de trabalho de muitos anos“ (Carta do Patrimônio Industrial –NizhnyTagil,
Julho de 2003)
Contudo, para que esse interesse da população se manifeste, é preciso que
exista um processo de educação que atente para a importância da preservação
desses bens e da sua autenticidade enquanto registro da história de formação da
sociedade atual.
“Os museus industriais e técnicos, assim como os sítios industriais
preservados, constituem meios importantes de proteção e interpretação do
patrimônio industrial.” (Carta do Patrimônio Industrial – NizhnyTagil, Julho
de 2003)
4.2.Manual de Preservação de Edificações Ferroviárias Antigas, 2004
No intuito de salvaguardar o Patrimônio Ferroviário Brasileiro e sua história
oMinistério dos Transportes desenvolveu um Manual com diretrizes e normas
técnicas que auxiliam os profissionais na manutenção, intervenção ou restauro nos
prédios que compõem o patrimônio ferroviário. Essas ações com objetivo de
preservação histórica fazem parte do Programa de Preservação do Patrimônio
24
Histórico do antigo Ministério dos Transportes (PRESERFE). Desde 1980 foram
criados pelo país núcleos históricos a fim de disseminar a memória da ferrovia.
Esses núcleos e acervos foram implantados em edifícios do patrimônio
ferroviário.Para tanto, esses bens foram restaurados e seu uso adaptado.
Essa experiência de campo é vital no momento de orientar trabalhos futuros.
O manual foi desenvolvido por um corpo de profissionais composto por arquitetos,
engenheiros, museólogos, de forma interdisciplinar, aliado ao conhecimento de
técnicos que trabalham na manutenção diária desses prédios (estações, armazéns,
edifícios administrativos, residências, etc.). O manual é apresentado de forma
objetiva e inteligível com regras gerais que possibilitem a confecção de futuros
projetos de intervenção.
- Princípios básicos de preservação de bens culturais
Preservar um bem de valor cultural é antes de tudo garantir a permanência de
sua memória ao longo do tempo, e seus futuros projetos de restauração ou
intervenção. Deve-se levar em consideração sua história e relação com o entorno,
cultura e aspectos sócio-econômicos.
- Como restaurar, recuperar ou adaptar um prédio ferroviário antigo
O Manual de Preservação de Edificações Ferroviárias Antigas de 2004
desenvolvido pela PRESERFE orienta que a restauração, recuperação ou
adaptação deve seguir critérios e etapas de pesquisa e projeto para que o processo
seja eficiente.
Para tanto, é indispensável a participação de engenheiros e arquitetos na
equipe responsável pelo trabalho. As etapas descritas no Manual de Preservação de
Edificações Ferroviárias Antigas pautam questões já trabalhadas na Carta de
NizhnyTagil, de 2003. Discorrendo sobre a importância do diagnóstico do edifício
objeto da intervenção, restauração ou adaptação, afirma:
“O diagnóstico consiste na análise do prédio, procurando-se extrair
todas as informações da construção através da observação local sobre sua
execução e transformações posteriores. Nessa análise deve-se levantar o
máximo de informações possíveis com relação aos dados de planta e
25
imagens coletadas.” (PRESERFE–Manual de Preservação de Edificações
Ferroviárias Antigas)
Outro ponto discutido no Manual é a importância de consultar os órgãos
responsáveis em caso de bens tombados. Além disso, é dissertado sobre alguns
aspectos construtivos da edificação que devem ser ou não obrigatoriamente
mantidos em caso de restauração.
A segunda etapa recomenda em catalogar e observar os cuidados com os
materiais utilizados no processo de restauração ou manutenção do prédio.Para
esquadrias de madeira, é orientado se ater à sua conservação por meio de matérias
orgânicos, para que não percam sua característica, nem utilizando pintura, ou verniz.
O mesmo se aplica a mão francesa, lambrequins, beirais, estruturas e telhados.Com
relação ao acabamento das fachadas, orienta-se sobre o cuidado com as cores
utilizadas, atentando para aspectos como uso de contraste. Deve-se buscar o
máximo a fidelidade às cores originais do prédio.
No item “instalações” do Manual é lembrado que na época em que os prédios
ferroviários surgiram não existiam instalações como: redes elétricas, telefônicas ou
ar condicionado. É necessário então que no momento da adaptação ao novo uso
seja respeitada a integridade dos edifícios. Em todo caso é orientado que a
PRESERFE seja consultada.
4.3. Lei da Memória Ferroviária, 2007
Em maio de 2007, foi sancionada a Lei nº 11.483, que decretou o fim do
processo de liquidação da Rede Ferroviária Federal S.A (RFFSA). Com a extinção
da Rede Ferroviária Federal S.A (RFFSA), o patrimônio ferroviário passou a ser
administrado pela União. O acervo oriundo da extinta RFFSA é imenso e bastante
diversificado, sendo de relevante importância, ficando sob a responsabilidade do
Ministério dos Transportes, do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT), da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), e do Instituto do
26
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A essas instituições foi legada
uma atribuição comum: a destinação de todo o sistema ferroviário nacional advindo
da RFFSA.
O Art 9º da Lei 11.483 trata da Memória Ferroviária e intitula o IPHAN como
órgão responsável pela salvaguarda e administração dos bens móveis e imóveis de
valor artístico, histórico e cultural, oriundos da extinta RFFSA.
“Caberá ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN
receber e administrar os bens móveis e imóveis de valor artístico, histórico e
cultural, oriundos da extinta RFFSA, bem como zelar pela sua guarda e
manutenção.
§ 1º Caso o bem seja classificado como operacional, o IPHAN deverá
garantir seu compartilhamento para uso ferroviário.
§ 2º A preservação e a difusão da Memória Ferroviária constituída pelo
patrimônio artístico, cultural e histórico do setor ferroviário serão promovidas
mediante:
I - construção, formação, organização, manutenção, ampliação e
equipamento de museus, bibliotecas, arquivos e outras organizações
culturais, bem como de suas coleções e acervos;
II - conservação e restauração de prédios, monumentos, logradouros, sítios
e demais espaços oriundos da extinta RFFSA.
§ 3º As atividades previstas no § 2º deste artigo serão financiadas, dentre
outras formas, por meio de recursos captados e canalizados pelo Programa
Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC, instituído pela Lei nº 8.313, de 23
de dezembro de 1991.”
Art 9º da Lei 11.483/2007. Disponível em: http://anfip.datalegis.inf.br/
Além da salvaguarda e administração desses, o IPHAN ficou responsável
pela difusão e preservação da memória ferroviária, através da construção, formação,
organização, manutenção, ampliação e equipamento de museus, bibliotecas,
arquivos e outras organizações culturais, bem como de seus conjuntos e acervos,
conservação e restauração de prédios, monumentos, logradouros, sítios e demais
espaços oriundos da extinta RFFSA.
Segundo José Rodrigues Cavalcanti Neto, Coordenador Técnico do
Patrimônio Ferroviário do IPHAN, diante dessa responsabilidade, o primeiro passo
do IPHAN foi conhecer esse universo, realizando um mapeamento de varredura para
estabelecer as melhores estratégias e dar o destino adequado a esses bens. A
27
RFFSA tinha uma planilha em que constavam mais de 50 mil imóveis. As
superintendências
do
IPHAN
espalhadas
pelo
país
estão
fazendo
esse
reconhecimento dos bens imóveis para ter um primeiro panorama. Nessa varredura
também estão sendo recolhidas informações sobre os bens móveis.A importância de
preservar a memória ferroviária está diretamente ligada à sua singularidade
enquanto patrimônio histórico, artístico e cultural. Dessa forma,os bens ferroviários
possuem valor material e imaterial.
4.4.Inventário do Patrimônio Ferroviário em Pernambuco, 2009
Com
a
extinção
da
Rede
Ferroviária
Federal
S.A.
(RFFSA),
as
responsabilidades com relação à identificação, catalogação, identificação e filtragem
de informações referentes aos bens culturais e arquitetônicos da extinta RFFSA
ficam a cargo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).Com
isso, o IPHAN desenvolveu um trabalho em âmbito nacional de inventariança desse
acervo histórico-cultural.
“O Inventário de Conhecimento do Patrimônio Ferroviário em
Pernambuco cumpre os objetivos determinados pelo Contrato 004/2007, da
5ª Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional - IPHAN, para a execução dos serviços de arrolamento da
documentação bibliográfica e arquivística, do inventário de conhecimento
dos bens imóveis (esplanadas e edificações) e o arrolamento dos bens
móveis e integrados existentes nos conjuntos ferroviários que constituem a
malha férrea no Estado de Pernambuco.” Inventário do Patrimônio
Ferroviário em Pernambuco coordenado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)- 2008.
Esse tipo de ação é de grande importância enquanto medida de preservação,
e em alguns casos possibilita medidas de acautelamento em tempo hábil para a
salvaguarda patrimonial desses bens.
“No estado de Pernambuco não existe bem imóvel ou móvel do acervo
ferroviário protegido em âmbito federal, mesmo considerando que
Pernambuco foi o primeiro Estado do Nordeste, e o segundo do Brasil, a ter
uma estrada de ferro. A "Estrada de Ferro do Recife ao São Francisco",
inaugurada em 08.09.1855, foi criada para ligar a localidade de Cinco
Pontas, no Recife, ao município do Cabo de Santo Agostinho, ao sul da
capital do Estado.” Inventário do Patrimônio Ferroviário em Pernambuco
coordenado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN)- 2008.
28
Para otimização do trabalho de pesquisa e catalogação do patrimônio
ferroviário em Pernambuco, o inventário foi dividido em 2 eixos de coleta de dados:
Parte 1, com o levantamento dos conjuntos ferroviários, que compreendem as
esplanadas e as edificações que as configuram, sejam estações, oficinas, armazéns,
vilas ferroviárias, caixas d’água e outras tipologias; o arrolamento dos bens móveis e
integrados que compõem o acervo dos edifícios ao longo da linha, da Sede do
Escritório Regional Recife e o acervo museográfico, em especial o acervo existente
no Museu do Trem, em Recife; e o arrolamento da documentação bibliográfica e
arquivística.
Parte 2, será destinado ao levantamento e pesquisa das obras de arte (pontes,
pontilhões, viadutos, túneis, giradouro, dentre outros); os trechos ferroviários
preservados e o material rodante (locomotivas, vagões, carros passageiros, troller
mecânico e manual, auto de linha e outros), concluindo assim, o arrolamento do
patrimônio material ferroviário em Pernambuco.
29
5 Estudos de Caso
5.1. Conceito de Cinemateca
Com base em análises dos programas de cinematecas projetadas
atualmente, conclui-se que oconceito de cinemateca vem se moldando às
necessidades contemporâneas, cada vez mais aliando seu caráter arquivístico a
formação e renovação de técnicos, cineastas, críticos, realizadores, além de reunir
junto ao seu acervo fílmico, locais de exposição da memória cinematográfica e em
diversas ocasiões, associando ao conjunto documental arquivos iconográficos que
salvaguardem a memória do local onde a cinemateca se instala. Esse interesse
didático da cinemateca pode ter um papel importante no surgimento ou consolidação
de produção da cultura local.
Essas novas possibilidades atribuídas à cinemateca não diminui em seu
processo curatorial, de pesquisa e arquivismo, apenas, dinamiza suas atividades,
com oficinas educativas de recuperação de títulos, arquivismo e produção
cinematográfica. Até mesmo o processo de exibição áudio visual de uma cinemateca
é pensado de forma diferente deuma sala de cinema convencional. Na cinemateca
são exibidos filmes fora do circuito comercial, obras independentes, filmes que
tenham sofrido censura ou produção local.
A cinemateca vem a ser uma opção de uso para o Conjunto Arquitetônico
Estação Caruaru compatível com o intuito desse trabalho, embora em Caruaru não
haja uma cultura cinematográfica em processo de maturação com uma classe
cinematográfica, torna-se viável dentro desse conceito didático do formato de
cinemateca contemporânea integrar ao processo de arquivamento e exibição áudio
visual, atividades de aprendizado cultural, voltados para a produção cinematográfica
que possibilitem essa arrancada e venha a tornar Caruaru referência da produção
fílmica na região, aliado ao trabalho que já vem sendo feito na capital do estado.
A proximidade da cidade de Caruaru com a capital Recife também é um ponto
bastante positivo para o projeto, visto que em Recife o cenário cinematográfico já é
bastante evoluído. Segundo o professor do curso de cinema da Universidade
30
Federal de Pernambuco (UFPE), Leonardo Falcão, vem sendo ofertado o curso de
graduação em cinema na UFPE e em mais duas graduações em cinema de
animação em faculdades particulares. Além disso, a produção cinematográfica em
Recife já é bastante madura, com festivais anuais como o MIMO Festival que tem
exibições gratuitas e o CINE PE.
5.2. Cinemateca Capitólio - Porto Alegre –RS
O Cine Theatro Capitólio é monumento da época em que a cidade de Porto
Alegre vivia um momento de grande desenvolvimento, mas ainda contava com uma
atmosfera intimista. O ano de 1928, seria o primeiro de muitos anos com o glamour
dos bailes de carnaval, peças de teatro e filmes exibidos do Theatro Capitólio. E
dessa forma o Capitólio fez parteda história da cidade de Porto Alegre, pois muitos
dos principais eventos se davam lá.
Imagem 07: Cine Capitólio, 1933.
Imagem 08: Cine Capitólio, 1962.
Fonte: Fundacine, 2007.
Entretanto, essa forte relação entre os usuários e o edifício não foi suficiente
para que o Theatro Capitólio resistisse às mudanças na configuração de lazer e
serviços que chegaram à cidade nas últimas décadas. Com os cinemas em
Shoppings com segurança reforçada, a facilidade dos serviços multiuso, como a
possibilidade de fazer compras, pagar as contas e se alimentam no mesmo local, os
cinemas de calçada foram aos poucos saindo do dia-a-dia da população.O
TheatroCapitólio fechou no ano de 1994, após resistir firmemente às dificuldades
31
financeiras, ter passado por reformas para sua modernização na tentativa de se
manter em funcionamento.
Por seus valores culturais e sua relação com a história de Porto Alegre, em
1995 a Prefeitura tombou o Cine-Theatro Capitólio como Patrimônio Histórico e
Cultural. Essa iniciativa fez parte de uma ação que contemplava todo o centro
histórico da cidade, com o intuito de promover um resgate da cultura local, bem
como possibilitar a segurança da população, já que, com a decadência dos prédios
históricos, o entorno era vítima de vandalismo e criminalidade.
As ações de reconhecimento do valor histórico e cultural já vinham
acontecendo nos prédios do centro. O primeiro prédio a receber restauração foi o
Majestic, transformado na Casa de Cultura Mário Quintana em 1990.Logo depois,em
1993, o Solar dos Câmara, que abrigava um Centro de Cultura, foi restaurado; e três
anos depois, em 1996, o antigo prédio dos Correios e Telégrafos, tombado em 1980
pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, tornou-se o Memorial do Rio Grande
do Sul.E em 1997, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (Margs) foi
restaurado. Mais tarde, em 2001 o edifício-sede do Santander Cultural tombado pelo
Patrimônio Histórico e Artístico estadual passou a contar com galeria de arte, espaço
para shows e cinema. Em 2002, no antigo prédio Força e Luz, tombado pelo
Patrimônio Histórico e Artístico do estado, foi restaurado e passou a abrigar o Centro
Cultural Erico Veríssimo (CCCEV) com o Memorial Erico Veríssimo e Museu da
Eletricidade do Rio Grande do Sul.
Com essa arrancada cultural no centro histórico de Porto Alegre,a
restauração do Capitólio seria conseqüência natural e somaria muito ao projeto de
resgate do centro histórico de Porto Alegre.A primeira tentativa de restauração do
Capitólio foi iniciada em 1995 após seu tombamento. A Prefeitura, aliada ao Serviço
Social do Rio Grande do Sul (Sesc/RS), desenvolveu um projeto de restauração que
previa duas salas de exibição para 300 pessoas, preservando o palco original para
apresentações teatrais e outra sala com 350 lugares, equipada com recursos de
multimídia. Porém, após 4 anos, o projeto não avançou, degradando ainda mais o
edifício.
32
Imagens 09,10 e 11: Cine Capitólio antes da reforma.
Fonte: Fundacine, 2007.
Foi então que, em dezembro de 2000, os moradorese comerciantes locais se
movimentaram em favor da recuperação do prédio. Organizaram-se na Associação
dos Amigos do Cinema Capitólio (AAMICA),fecharam parceria com a Prefeitura de
Porto Alegre e iniciaram o esboço do novo projeto de restauração.
A criação de uma cinemateca era um desejo esboçado pela classe
cinematográfica gaúcha desde muito tempo, que sentia deficiência em salvaguardar
e difundir a produção do cinema local. Paralelo a isso, a população queria a reforma
do Cine-Theatro. Diante disso a idéia de unir os dois propósitos foi providencial.
Contudo, o projeto do Cinema e Arquivo audiovisual era bastante
complexo.Por isso, foi amplamente discutido e tornou-se pauta de congressos e
fóruns do setor audiovisual. Em outubro de 2002,criou-se um grupo de trabalho
formado por representantes da FUNDACINE e da APTC/RS e por profissionais da
área.Assim, em 2003, o grupo apresentou à Prefeitura a proposta concreta da
restauração do Cine-Theatro a fim de abrigar a futura Cinemateca Capitólio.
A iniciativa gerou um convênio entre Fundacine e Prefeitura para coordenar o
preito para que o Capitólio voltasse a ser espaço de cultura, memória e
entretenimento.
33
Imagem 12: Fachada Cine Capitólio, 2000
Imagem 13: Membros da Fundacine e AAMICA.
Fonte: Fundacine, 2007.
A elaboração do projeto de restauração do Cine-Theatro Capitólio foi
supervisionada pela equipe do Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria
Municipal da Cultura (SMC) e do Escritório de Projetos e Obras da Secretaria
Municipal de Obras e Viação (SMOV).
Planta 01: Pavimento Térreo Cinemateca Capitólio.
Fonte: Fundacine.
Disponível em: http://www.capitolio.org.br/
34
Planta 02: Segundo pavimento Cinemateca Capitólio.
Fonte: Fundacine
Disponível em: http://www.capitolio.org.br/
Planta 03: Terceiro pavimento Cinemateca Capitólio.
Fonte: Fundacine.
Disponível em: http://www.capitolio.org.br/
35
Planta 04: Quarto pavimento Cinemateca Capitólio.
Fonte: Fundacine.
Disponível em: http://www.capitolio.org.br/
No relatório do projeto de intervenção da Cinemateca Capitólio, consta que, o
projeto compreendeu espaço para conservação do acervo e área de convivência
para o público. A estrutura do empreendimento é composta por espaços para
equipamentos, acervo áudio visual e documentos, pesquisa e informação, exibição,
formação de público e difusão.
Imagens 14, 14, 16,17,18 e 19: 1ªEtapa da intervenção no Cine Capitólio.
Fonte: Fundacine, 2007.
36
Imagens 20, 21, 22, 23, 24 e 25: 2ª Etapa da intervenção no Cine Capitólio.
Fonte: Fundacine, 2007.
Cinemateca Capitólio - Perspectivas
Imagem 26: Biblioteca especializada
Imagem 27: Área de convivência
Fonte: Fundacine, 2007.
37
Imagem 28: Sala de exibição principal
Imagem 29: Sala de exibição multimídia
Fonte: Fundacine, 2007
Imagem 30: Foyer
Imagem 31: Fachada Cinemateca Capitólio
Fonte: Fundacine, 2007.
5.3.Cinemateca Brasileira (antigo Matadouro Municipal de São Paulo-SP)
O Matadouro Municipal foi construído em 1884, pelo engenheiro Alberto
Kuhlman e funcionou até 1927, é bem tombado como patrimônio histórico nas
esferas municipal pela Condephaat e estadual pela Conpresp. O conjunto
arquitetônico do Matadouro Municipal foi cedido em 1990 à Cinemateca Brasileira,
instituição vinculada ao Ministério da Cultura, responsável pela preservação e
divulgação da produção áudio visual brasileira.
38
Imagens 32, 33 e 34: Cinemateca Brasileira
Fonte: Nelson Dupré Arquitetos Assosciados.
Disponível em: http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/nelson-dupre-centro-cultural-17-03-2009.html
A proposta de intervenção não foi restaurar a edificação para deixá-la com
aparência original.Segundo o arquiteto Nelson Dupréa opção foi por marcar no
tempo a intervenção com elementos construtivos contemporâneos, sem que as
alterações entrassem em conflito com o edifício histórico. Nesse intuito, o material
amplamente utilizado foi o vidro e a estrutura metálica para adaptar elementos
necessários ao novo uso.
39
Imagens 35 e 36: Interior da Cinemateca Brasileira.
Fonte: Nelson Dupré Arquitetos Assosciados.
Disponível em: http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/nelson-dupre-centro-cultural-17-03-2009.html
O projeto privilegiou o aproveitamento da iluminação natural proporcionada
pelo uso do vidro em boa parte do projeto, com exceção apenas para a Sala
Petrobrás, que recebeu cortinas, a fim de garantir a mínima luminosidade para
proporcionar clareza de informações na tela de exibição. O piso original de cimento
queimado foi mantido em todos os ambientes. As paredes em tijolo aparente
também correspondem ao projeto original. Onde não foi possível a recuperação, o
arquiteto realizou pesquisas e redesenhou para fabricação de alguns elementos.
Entre esses pontos estão os perfis metálicos na fachada frontal que apóiam as
tesouras para a cerâmica francesa que compõe a coberta.
Imagem 37: Sala de exibição Cinemateca Brasileira
Fonte: Nelsn Dupré Arquitetos Associados
Disponível em: http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/nelson-dupre-centro-cultural-17-03-2009.html
40
Segundo o arquiteto Nelson Dupré, em virtude dos galpões possuírem
aberturas laterais que foram vedadas com vidro, mantendo a luminosidade natural,
nas salas de exibição áudio visual foi necessária a instalação de cortinas que são
acionadas por um dispositivo proporcionando condições ideais para a exibição dos
filmes.
5.4. Intervenção na Estação Ferroviária de Campo Grande – MS
Campo Grande teve seu desenvolvimento marcado pela chegada, em 1914,
da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (EFNOB), que induziu sua urbanização,
influenciou o desenho da malha urbana e a ocupação do espaço nas proximidades
da linha férrea. O Complexo Ferroviário, com diversos tipos de edificações só foram
totalmente concluídos em 1935. A Estação Ferroviária de Campo Grande por muitos
anos foi responsável pelo transporte de passageiros e carga entre São Paulo e Mato
Grosso do Sul.
Imagem 38e 39: Fachada e Plataforma de embarque da Estação Ferroviária de Campo Grande.
Fonte: Superintendência do IPHAN em MS.
41
Imagem 40: Plataforma de embarque da Estação Ferroviária de Campo Grande.
Fonte: Superintendência do IPHAN em MS.
Segundo a Superintendência do IPHAN em MS a restauração do Complexo
da Estação Ferroviária de Campo Grande é parte do Plano de Revitalização da Zona
Especial de Interesse Cultural (ZEIC) Centro, que tem como diretrizes a revitalização
e integração das principais ruas do centro com projetos urbanísticos que vão
percorrer o trajeto do trem, promovendo valorização e o resgate da memória
ferroviária e da história da cidade.
A proposta da intervenção ainda prevê uma participação ativa da população
local e dos antigos funcionários da ferrovia na gestão do bem, que podem fornecer
informações que auxiliem na pesquisa que subsidiará o memorial da linha férrea,
realizando palestras após a inauguração, ou até mesmo como guias dos trajetos.
42
Imagem 41: Fachada da Estação de Campo Grande em 2010.
Fonte: Divisão Técnica do IPHAN-MS
Outro aspecto do projeto de intervenção é a necessidade de adequar um uso
que possibilite a permanência do edifício ao longo do tempo. Segundo a
superintendência do IPHAN-MS, em virtude dessas características citadas, o projeto
foi pensado de maneira a setorizar os espaços, uma forma de aliar o caráter
documental à vida contemporânea. Dessa forma, o intuito é abrigar a Casa da
Memória da Ferrovia, espaço de lazer cultural, serviços e a área administrativa
dentro do complexo.
A pesquisa documental, cartográfica, pictórica, iconográfica e material
desenvolvida pelo IPHAN que possibilitou o tombamento e também o projeto de
intervenção será usada no acervo da Casa da Memória Férrea, além disso, será
exibido documentário com depoimentos dos ex-funcionários e também será feita
uma campanha de conscientização da importância da história da ferrovia para a
cidade.Espera-se que sejam doados quaisquer tipo de documento que se refiram a
tal história. A área de acervo também contará com espaço para oficinas de
restauração documental e arquivamento.
43
Imagem 42 e 43: Início dos trabalhos de destelhamento do prédio da Estação.
Fonte: Superintendência doIPHAN em MS.
O espaço destinado ao lazer cultural contará com um centro de atendimento
ao turista, lanchonete, espaço para exposições e manifestações da cultura local, loja
de conveniência, espaço para feira de artesanato, além de bilheteria para passeios
de trem da Estação até o Espaço de Belas Artes no centro de Campo Grande.
Imagem 44: Perspectiva externa da intervenção na Estação de Campo Grande
Fonte: Superintendência do IPHAN em MS.
A solução da intervenção não deve ser marcada pela extravagância nem pelo
caráter simplório, ambas consideradas prejudiciais ao monumento. Buscou-se uma
síntese
entre
preservação
do
passado
e
atendimento
às
necessidades
contemporâneas.A partir desse estudo, recorreu-se, no projeto, à utilização de
44
materiais contemporâneos, como o vidro temperado, nas novas aberturas, que,
devido à transparência, ainda é de pouca interferência visual.
5.5. Contribuição dos Estudos de Caso para o anteprojeto de intervenção.
A contribuição de cada estudo de caso realizado para o anteprojeto de
intervenção arquitetônicanesse trabalho de graduação é analisado de forma
individual e coletivo, pois embora cada um apresente suas particularidades
espaciais, históricas e culturais, conseguem representa de forma conjunta o
propósito dessa intervenção, que é a adequação de um edifício histórico a um
programa contemporâneo e para tanto existem necessidades que venham a interferir
no partido arquitetônico.
A Cinemateca Capitólio e a Cinemateca Brasileira representam um subsídio
técnico e teórico ao programa específico do uso escolhido para a intervenção no
Conjunto Arquitetônico da Estação Ferroviária de Caruaru. Nelas os processos
curatorial, arquivístico, exibição áudio visual foram amplamente analisados e
adaptados dentro de suas especificidades para atender aos critérios mínimos de
conforto e eficiência.
A intervenção na Estação Ferroviária de Campo Grande–MS significou a
oportunidade de vivenciar o processo de revitalização de um edifício de mesma
tipologia do objeto de estudo, embora em escala maior. Foram identificadas muitas
semelhanças com relação à importância das duas estações na formação de suas
respectivas cidades, seu enlace com a história, sua localização privilegiada dentro
no centro urbano, além do próprio direcionamento do novo uso, que gera fluxo
educacional, lúdico e cultural para a cidade.
Nesse enfoque cada estudo de caso teve seu papel importante na formação
do partido arquitetônico, bem como da fundamentação técnico e teórico básico para
o desenvolvimento do anteprojeto de intervenção proposto.
45
6 Conjunto Arquitetônico Estação Ferroviária de Caruaru
O Conjunto Arquitetônico Estação Ferroviária de Caruaru foi inaugurado no
ano de 1895com a chegada da Linha Tronco Centro a Caruaru. Inicialmente foi
construído em estilo eclético, permanecendo com essas características até sua
reforma em 1940,quando passou a exibir traços do ArtDéco. Trata-se de um
importante remanescente do ArtDéco no interior de Pernambuco.
O presente capítulo objetiva fundamentar e possibilitar o entendimento das
características da Estação Ferroviária de Caruaru, gerando informações condizentes
com seu contexto, que servirão de suporte para o posterior anteprojeto de
intervenção.Para tanto, foi feita uma análise seqüencial do entorno, de seu contexto
histórico e cultural, da relação com o desenvolvimento da cidade de Caruaru e seus
aspectos arquitetônicos característicos do Art Déco.
A transformação da antiga Fazenda Caruaru em meados do século XVIII em
ponto de apoio e de pernoite de boiadeiros e, em seguida, de tropeiros e mascates
que percorriam o agreste pernambucano, permitiu o surgimento do pequeno
comércio de itens e serviços ligados à lida com o gado, que deu origem à Feira de
Caruaru. Foi em torno desta Feira que se desenvolveu a Cidade de Caruaru. Outro
ponto importante para o crescimento aconteceu no final do século XVIII, a
construção de uma capela dedicada à Nossa Senhora da Conceição, o que tornou a
região ainda mais atrativa para os habitantes dos arredores. Assim, as festas
religiosas, especialmente as realizadas em homenagem à padroeira, tornaram um
fator impulsionante da Feira e do desenvolvimento da Cidade.
46
Imagem 45: Feira de Caruaru, 1930
Fonte: Acervo pessoal de Francisco
Além destes fatores citados, ao longo dos séculos XIX e XX, a acessibilidade
reforçada pela estrada de ferro da Rede Ferroviária do Norte e, mais tarde, pelas
rodovias estaduais e federais, que a conectaram com várias outras localidades e
estados do Nordeste, favoreceram o rápido crescimento da Feira de Caruaru, que,
por sua vez, impulsionou o comércio formal e informal. Por isso, Caruaru se tornou o
pólo comercial mais importante da Região Agreste de Pernambuco. No século XXI,
esse pólo mantém sua importância, atraindo produtos de outras regiões do país e
até de outras partes do mundo. Esse avanço gerou desenvolvimento para a cidade,
possibilitando seu crescimento e gerando outros pólos de renda, como o setor de
serviços. Dessa forma, Caruaru, ao longo do tempo se mantém em constante
evidência dentro do cenário nacional.
Nesse contexto, o Conjunto Arquitetônico da Estação Ferroviária de Caruaru
merece destaque por sua importância enquanto bem edificado na história da
formação da Cidade de Caruaru, além de se tratar de um importante registro da
arquitetura déco no Agreste e da memória da Linha Férrea Brasileira.
6.1.Análise arquitetônica
Na primeira metade do século XX, com a consolidação da industrialização, o
surgimento de novos materiais, como o ferro, o alumínio, o vidro e o cimento; a
47
arquitetura conseguiu subsídios para execução de novas formas que até o momento
eram apenas vislumbradas.
A sociedade industrializada gerou novas demandas para a Arquitetura
Moderna tem como base novos programas. Dessa forma, os edifícios modernos
eram, em sua maioria, corporativos, equipamentos de lazer e cultura. Os pioneiros
do desenho moderno na arquitetura foram Mies Van Der Rohe, Frank Lloyd Wright e
Le Corbusier. A escola Bauhaus também foi bastante relevante nesse processo de
modernização da arquitetura com as novas possibilidades construtivas.
Pode-se destacar alguns estilos e vertentes que surgiram no decorrer do
Movimento da Arquitetura Moderna. Entre estes é possível apontar o Construtivismo,
o Organicismo, o Racionalismo e o Art Déco, esse último em especial, pois, foi
bastante difundida no século XX, chegando ao Brasil rapidamente, foi amplamente
utilizada em equipamentos de lazer como cinemas, correios, rádios, prédios
institucionais e até residências como forma de transmitir avanço tecnológico às mais
diversas localidades do país. A Estação Ferroviária de Caruaru foi reconstruída na
década de 1940, recebendo assim características marcantes do Art Déco.
A entrada é diferenciada pela marquise, pórtico e escalonamento provocado
pelo jogo de reentrâncias e saliências entre janelas e pilares, que
dinamizam a fachada. (...). As janelas basculantes inovam no sistema de
abertura e na transparência do vidro, distinguindo-se das tradicionais e
opacas esquadrias coloniais e mesmo dos vitrais coloridos do ecletismo e
dos antigos caixilhos em madeira, substituídos pela estrutura em ferro (...).
Os frisos verticais justapostos nas bilheterias, idênticos às fachadas laterais
do CineTeatro de Goiânia (...) comparecem no design industrial de
luminárias, pianos, cafeteiras, lanternas, aparelhos de rádio e até
retroprojetor (...). Os caracteres tipográficos da fachada foram outra
novidade (...) além da sinalização nas bilheterias (1ª classe, 2ª classe,
telegrama), nome do município, altitude e distância até o Recife. (...). A
marquise em balanço na fachada voltada para a via pública e o sistema de
laje, vigas e pilares da plataforma, na fachada oposta, representam um
avanço tecnológico e conferem ares modernos e certo arrojo estrutural,
comparativamente à feição predominantemente eclética da cidade nos anos
20 (SILVA, 2009, p. 7-11).
48
Figura 05: Esplanada Caruaru
Fonte: Inventário do Patrimônio Ferroviário em Pernambuco coordenado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)2008.
Tornando-se importante remanescente desse período de avanço tecnológico
e mudança na configuração social e na mobilidade da população local por se tratar
de um edifício da Rede Ferroviária de Pernambuco. É de suma importância ressaltar
a necessidade de preservar um edifício que, após várias décadas de sua
construção, ainda apresenta de forma qualitativa características que rememorem um
estilo arquitetônico tão característico da mudança na configuração sociocultural, da
chegada das novas tecnologias e métodos construtivos, que constitui o Art Déco.
Imagem 47: Estação Caruaru, 1920
Fonte: Acervo pessoal de Francisco Lira
49
Imagem 48: Estação Caruaru, 1901.
Imagem 49: Estação Caruaru, 1904.
Fonte: Acervo Pessoal Francisco Lira.
Imagens 50 e 51: Estação Caruaru, setembro de 2000.
Inventário do Patrimônio Ferroviário em Pernambuco coordenado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN),2008.
Imagens 52 e 53: Estação Caruaru, 2008.
Inventário do Patrimônio Ferroviário em Pernambuco coordenado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), 2008.
50
O conjunto arquitetônico da Estação Ferroviária de Caruaru composto pelo
edifício da estação, armazém e esplanada trata-se de uma estação de médio porte
segundo os critérios da PRESERFE, pois seu programa inclui os elementos básicos
para uma instalação do gênero (sala do agente, telégrafo, sala de espera com
bilheteria) e ainda bagageiro, pavimento superior com casa do agente e escritório,
armazém com prédio independente, cozinha e copa.
- A Esplanada
O Pátio Ferroviário de Caruaru é bastante extenso e tem uma topografia
planificada com poucas árvores. Seu estado de conservação é frágil com relação às
edificações que compõem o Conjunto Arquitetônico, pois seu entorno é composto
por edificações de uso comercial e paradas de ônibus urbano voltadas para a
fachada sul da estação, existindo então uma constante pressão para que ocorra
uma ocupação dessa área considerada “ociosa”. Além disso, em virtude de obras
para melhoria viária, o poder público mutilou parte da esplanada para possibilitar a
passagem de uma via de carros, assim como diversos trechos da murada/peitoril ao
longo da Esplanada foram retirados, ainda resistindo atualmente a murada que
segue a fachada sul do terreno. O poder público também pavimentou todo o leito da
ferrovia cobrindo inclusive a antiga linha do trem em toda a esplanada.
Imagens 54 e 55: Esplanada, estação e armazém, 2011.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
51
-A Estação Ferroviária
O prédio da Estação Ferroviária de Caruaru foi construído em alvenaria de
tijolos para as vedações, sua estrutura em concreto armado, coberta com duas água
em zinco ou fibrocimento com platibanda, esquadrias em madeira, ferro e vidro. Nos
revestimentos de pisoforam usados ladrilhos hidráulicos, cerâmica e tábuas
corridas.A fachada frontal mantém as características da construção em 1940, como
o escalonamento do edifício, a marcação do cunhal, a cimalhascontornando o
prédio. São elementos do art déco o guarda-corpo em ferro nos janelões do
pavimento superior, pórtico de entrada também em ferro, janelas basculantes do
pavimento térreo. A plataforma de embarque possui uma marquise em “T” e pilastras
em toda sua extensão com luminárias em ferro.
Imagens 56 e 57: Estação Caruaru, 2011.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
- O Armazém
O armazém construído em um prédio independente à estação, ainda possui
características de sua construção em 1895, embora tenha perdido alguns
ornamentos típicos do ecletismo em sua reforma no ano de 1940, pois diferente do
prédio da estação que foi totalmente demolido, com base nos arquivos fotográficos
aparentemente foi feita apenas uma reformano armazém. Suas fachadas são
marcadas por vergas em forma de arco, esquadrias em madeira, não possui
elementos em ferro e vidro como a estação, o beiral tem mão-francesa em madeira e
o piso é em pedra. Sua coberta em duas águas revestida por fibrocimento.
52
Imagem 58: Armazém, 2011.
Fonte: Acervo da autora.
6.2. Análise do entorno
O entorno do objeto de estudo consiste em uma área abrangente, que exerce
influência no contexto do equipamento em questão. Entende-se por marcos os
elementos da paisagem que servem como ponto referencial, os quais se destacam
por razões específicas. Neste contexto, podemos citar:
01. Banco do Brasil | Exemplar da Arquitetura Moderna
02. Av. Rio Branco | Fluxo intenso - concentração de comércio
03. Grande Hotel | Exemplar da Arquitetura Moderna
04. Parada de ônibus Urbano
05. Supermercado ASSAÍ
06.Praça Prabhuapãda
07.Supermercado Balcão de Caruaru
08. Tiro de Guerra
09. Estação Shopping
10. Av. Agamenon Magalhães | Fluxo intenso - concentração de comércio
11. SENAC Caruaru
53
Figura 06: Mapa de Marcos Existentes
Fonte: Elaborado pela autora, 2011.
- Usos do entorno
Foi realizado um levantamento de campo com o intuito de conhecer as
atividades da área de entorno, gerando fundamento e argumentação para a
proposta de intervenção que será desenvolvida mais adiante.A primeira análise foi
em relação ao uso, sendo dividido de acordo com a figura 07, apresentado adiante.
Neste
levantamento,
conclui-se
primeiramente,
foi
observado
que
o
uso
predominante na área de influência delimitada equivale ao comércio. Além disso,
também foi observado que ainda existe um número considerável de edificações
residenciais ou mistas. Outro ponto relevante é a proximidade com instituições de
ensino, que vêm a favorecer um equipamento que promova o conhecimento.
54
Figura 07: Mapa de Usos do Entorno
Fonte: Elaborado pela autora, 2011.
-Tipologia do entorno
A fim de traçar um perfil edilício do entorno imediato do objeto de estudo foi
realizado um levantamento de dados que quantificou o número de pavimentos das
edificações de cada lote.
De acordo com a análise realizada como apresentado na figura 08, observase que existe uma predominância de edificações de baixo gabarito no entorno, a
maioria de atividade comercial. Os prédios de uso misto geralmente têm entre 2 a 4
pavimentos, os prédios de até 6 pavimentos são residenciais.
55
Figura 08: Mapa de Tipologias do Entorno Imediato
Fonte: Elaborado pela autora, 2011.
6.3. Diagnóstico do Estado de Conservação
- Esplanada Caruaru
A Esplanada da Estação Caruaru é parcialmente ocupada hoje por um
cenário fixo que abriga as festividades promovidas pelo poder público da cidade. As
áreas ociosas são utilizadas como estacionamento irregular, apoio para feiras de
artesanato que ocorrem regularmente. No entorno do leito da ferrovia ficam
instaladas seis paradas de ônibus urbanos e quiosques de alimentação que
movimentam bastante a área.
56
Imagens 58 e 59: Pórtico de entrada da Esplanada.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
Imagens 59 e 60: Murada/peitoril na lateral da Esplanada evista da Av. Agamenon.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
Imagens 61 e 62: Muro na lateral da Esplanada.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
Alguns trechos da Esplanada foram adequados para viabilizarem a
acessibilidade, porém a execução foi irregular e fora dos padrões da ABNT.
57
Ainclinação para pedestres de, no máximo 8,33% e instalação de piso direcional e
piso alerta, além de peitoril e corrimão, não foram realizados.
Imagens 63 e 64: Rampas de acesso à Esplanada e Estação.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
A Esplanada é utilizada como estacionamento, sem que exista nenhuma
delimitação de passagem para pedestres e veículos, o que pode ocasionar acidente.
Imagens 65 e 66: Estacionamentos irregulares ao longo da Esplanada.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
O final da Esplanada, onde foi aberta a passagem da via é ocupado por um
coreto de madeira de construção recente que é utilizado como apoio para as feiras
de artesanato. Também se encontram no local algumas traves que auxiliam na
58
montagem dos cenários para as festividades, além de restaurantes que também
compõem esse cenário fixo, ficando sem uso o resto do ano.
Imagens 67 e 68: Espaço usado para abrigar feiras de artesanato na Esplanada.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
Em frente à Estação Ferroviária localizam-se as paradas de ônibus urbanos e
quiosque de alimentação que geram um fluxo elevado na área. Embora sua
instalação ocorra em um espaço que não faz parte do terreno da Esplanada, essas
operações compõem o entorno imediato do leito da ferrovia e, sendo assim,
interferem diretamente em intervenções futuras.
Imagens 69 e 70: Paradas de ônibus público urbano no entorno da Esplanada.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
59
Imagens 71 e 72: Quiosques de alimentação ao lado das paradas de ônibus.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
- Estação Ferroviária de Caruaru
O prédio da Estação Ferroviária de Caruaru encontra-se em um bom estado
de conservação nos aspectos construtivos, considerando que pouco foi alterado
espacialmente desde a construção do novo prédio em 1940, suas características
estilísticas do art déco continuam perceptíveis.
Na fachada é possível identificar que os elementos de madeira e ferro estão
em bom estado de conservação, com relação à pintura encontra-se em péssimo
estado, com áreas com acabamentocom decalques e inúmeras marcas de
vandalismo.
As esquadrias em madeira, bem como as esquadrias metálicas foram
mantidas e permanecem em bom estado de conservação, assim como as luminárias
ao longo da plataforma em perfil “T” de embarque.
- Estação Ferroviária de Caruaru(Pavimento Térreo)
É possível encontrar ainda as esquadrias provavelmente originais da
construção do prédio datado em 1940, portas de correr, portas com abertura em dois
vãos, as portas e janelas de madeira e as grades em ferro. A pintura é em cor
branca na face externa é amarelo na face interna das esquadrias de madeira. O
estado de conservação das esquadrias no pavimento térreo é regular, pois a maioria
60
encontra-se com corrosões no ferro e pintura descascando. As portas de correr
deslizam com dificuldade e os vidros de algumas janelas estão quebrados.
Imagens 73 e 74: Esquadrias pavimento térreo da Estação.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora
Imagens 75,76 e 77: Esquadrias pavimento térreo da Estação.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora
O forro dos espaços no pavimento térreo encontra-se em um estado de
conservação regular, pois existem alguns focos de deterioração, porém a maior
parte dele esta em bom estado, provavelmente porque não há infiltração nesse
pavimento. Porém é possível detectar diversas falhas ao longo do forro do
61
pavimento térreo, segundo relatos da zeladoria, as falhas decorrem da fixação de
estruturas na montagem das freqüentes exposições sediadas no espaço.
Imagens 78 e 79: Forro das salas do térreo da Estação Ferroviária.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora
O revestimento dos espaços no pavimento térreo é composto basicamente
por pintura comum em diversas cores, às vezes até três cores diferentes em cada
área, exceto pelos banheiros que recebem revestimento cerâmico. Todos os
revestimentos estão em um estado de conservação bom, a última pintura data de
aproximadamente seis meses atrás.
Imagens 80 e 81: Variedade de cores no revestimento interno do térreo.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
62
Imagens 82 e 83: Variedade de cores no revestimento interno do térreo.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora
No térreo da Estação o piso das salas é revestido por cerâmica na cor
vermelha em bom estado de conservação. Já a área de refeitório tem seu piso em
cimento queimado e possui diversas falhas.
Imagem84: revestimento em cerâmica nas salas e de cimento queimado no refeitório.
Fonte: Acervo da autora.
A iluminação dos espaços é com lâmpadas fluorescentes em luminárias
tubulares na maioria dos espaços, porém existem lustres na área das salas
provavelmente originais da construção do prédio em estado de funcionamento
satisfatório. Na plataforma encontram-seluminárias também originais em bom estado
de conservação.
O pavimento térreo do prédio da Estação Ferroviária de Caruaru atualmente
tem seu uso parcelado entre a Guarda Municipal que tem seu posto do espaço onde
63
ficava localizado o refeitório quando a estação ainda operava; as salas são
aproveitadas para eventuais exposições e feiras do município e os banheiros do são
utilizados como apoio para os funcionários das companhias de transporte público
que ficam estacionadas no entorno imediato da esplanada.
Imagens 85 e 86: Posto da Guarda Municipal que ocupa a antiga área de refeitório da Estação.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora
Imagens 87 e 88: Exposição na área interna da Estação Caruaru, 2011.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora
- Estação Ferroviária de Caruaru (Pavimento 1º andar)
As salas internas do 1º Pavimento da Estação Caruaru hoje sediam reuniões
mensais do Conselho Consultivo do Patrimônio Histórico de Caruaru liderado pelo
ex-prefeito da cidade Anastácio Pereira. O pavimento se encontra em uma situação
preocupante, pois, em virtude de problemas com a manutenção da coberta, vários
64
pontos de vazamentos ocasionam a deterioração da pintura interna e danificam as
esquadrias.
Imagens89, 90 e 91: Salas do 1º Pavimento da Estação.
Fonte: Acervo da autora.
Imagens 92 e 93: Salas do 1º Pavimento da Estação.
Fonte: Acervo da autora.
65
Imagens94 e 95: Forro das salas do pavimento superior do prédio da Estação.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
Imagens96 e 97: Esquadria das salas e banheiro do pavimento superior do prédio da Estação.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
Com relação aos revestimentos de piso, ainda é possível encontrar em quase
todos os ambientes o piso original da construção em 1940, encontra-se o piso em
ladrilho hidráulico de dois tipos, ou de tacos de madeira em outros ambientes. Nos
banheiros, o piso sofreu alteração possivelmente na reforma de 2008 para sediar a
Biblioteca Pública Municipal. Hoje, o revestimento é em cerâmica cinza, também
aplicada em meia-parede. As luminárias nos pavimentos ainda são originais.
66
Imagens98 e 99: Revestimento em cerâmica nos banheiros reformados.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
Imagens100 e 101: Revestimento original em tacos de madeira e cerâmica.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
Imagens 102 e 103: Revestimento original em ladrilho hidráulico.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
67
- Armazém
Imagem 104: Armazém e Estação Caruaru.
Fonte: Acervo da autora.
Imagem 105: Armazém.
Fonte: Acervo da autora.
68
Imagens105 e 106: Esquadrias na fachada.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
Imagens107 e 108: Detalhe mão-francesa em madeira.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
69
Imagens109 e 110: Porta de correr em madeira vista externa e interna.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
Imagens111 e 112: Banheiros no interior do Armazém.
Fonte: Acervo da autora.
Fonte: Acervo da autora.
70
Imagem 113: Piso de pedra.
Fonte: Acervo da autora.
- Estação Ferroviária (Ficha Estado de Conservação)
Coberta:

Telhamento: [X]telha francesa [X]telha canal [ ]ardósia [ ]amianto[ ]metálica
[ ]vidro [ ]outro:

Estado de conservação: [ ]bom [x ]regular [ ]precário [ ]ruínas

Estrutura: [X]madeira [ ]metálica [X]concreto armado [ ]outro:
Paredes:

[X]alvenaria [ ]pedra [ ]madeira [ ]taipa [ ]metálico [ ]outro:

Estado de conservação: [X]bom [ ]regular [ ]precário [ ]ruínas
Esquadrias :

[X]madeira [X]vidro [X]metálica [ ]outro:

Estado de conservação: []bom [ ]regular [x ]precário [ ]ruínas
Piso:

[X]cerâmico [X]madeira [ ]pedra/rocha [ ]tábua corrida [X]ladrilho [ ]cimentado
[ ]concreto [ ]metálico [ ]outro:
71

Estado de conservação: [X]bom [ ]regular [ ]precário [ ]ruínas
Componente estrutural (da edificação):

[X]alvenaria portante [ ]madeira [ ]pedra/rocha [X]concreto armado[ ]metálico [ ]outro:

Estado de conservação: [X]bom [ ]regular [ ]precário [ ]ruínas
Revestimento:

[X]reboco e tinta [ ]pedra aparente [ ]tijolo aparente [ ]cerâmica [ ]outro:

Estado de conservação: [X]bom [ ]regular [ ]precário [ ]ruínas
- Armazém (Ficha Estado de Conservação)
Coberta:

Telhamento: [ ]telha francesa [ ]telha canal [ ]ardósia [X]amianto [ ]metálica [ ]vidro
[ ]outro:

Estado de conservação: [X]bom [ ]regular [ ]precário [ ]ruínas

Estrutura: [X]madeira [ ]metálica [ ]concreto armado [ ]outro:
Paredes:

[X]alvenaria [ ]pedra [ ]madeira [ ]taipa [ ]metálico [ ]outro:

Estado de conservação: [X]bom [ ]regular [ ]precário [ ]ruínas
Esquadrias:

[X]madeira [ ]vidro [ ]metálica [ ]outro:

Estado de conservação: []bom [ ]regular [x ]precário [ ]ruínas
Piso:

[ ]cerâmico [ ]madeira [X]pedra/rocha [ ]tábua corrida [ ]ladrilho[ ]cimentado
[ ]concreto [ ]metálico [ ]outro:

Estado de conservação: [ ]bom []regular [x ]precário [ ]ruínas
Componente estrutural (da edificação):

[X]alvenaria portante [ ]madeira [ ]pedra/rocha [ ]concreto armado[ ]metálico [ ]outro:
72

Estado de conservação: [X]bom [ ]regular [ ]precário [ ]ruínas
Revestimento:

[X]reboco e tinta [ ]pedra aparente [ ]tijolo aparente [ ]cerâmica[ ]outro:

Estado de conservação: [x]bom [ ]regular [ ]precário [ ]ruínas
73
7 Memorial de Intervenção no Conjunto Arquitetônico da Estação Ferroviária
de Caruaru.
7.1 Conceituação
A intervenção equivale a uma modificação, maior ou menor na forma
arquitetônica de uma obra histórica, isto é, interfere de maneira direta na sua
estética. O que vai definir o grau de interferência do projeto de intervenção é a
vertente a qual o arquiteto define, seja conservadora ou liberal. Dessa forma, o
contraste entre o novo e o antigo pode variar de acordo com esses preceitos.
No presente anteprojeto de intervenção foi utilizado o conceito de intervenção
encabeçado pelo teórico Camillo Boito, onde a importância histórica e artística do
bem é considerada, privilegiando sua conservação, porém ressaltando a
necessidade de marcar no tempo a intervenção, usando elementos e materiais
característicos da arquitetura atual. De forma que, para intervir em um edifício com
um grau de interesse histórico, como o Conjunto Arquitetônico da Estação
Ferroviária de Caruaru é preciso que o projeto esteja afinado com os conceitos de
preservação do patrimônio. No entanto, também deve se preocupar com questões
atuais como atendimento aos normativos de acessibilidade, conforto, além de
adequar o programa ao novo uso.
O desafio é intervir de maneira que o patrimônio edificado não caia no
simplismo. Então, optar por camuflar materiais contemporâneos seria negar o
período de produção arquitetônica atual e ferir o edifício histórico com o pastiche.
Haja vista os itens considerados, o anteprojeto de intervenção pretende buscar uma
solução arquitetônica que tenha compromisso com a preservação do bem edificado.
Trata-se de um espaço já consolidado na cidade, com características próprias
de ocupação, por isso precisa de uma intervenção que compreenda seu papel
cultural. Trata-se de uma intervenção contemporânea em edifício histórico existente,
onde o viés de alteração do espaço resulta da maneira que o novo uso vai se moldar
ao edifício antigo. Intervindo-se com sensibilidade e respeito ao projeto original,
adequando-o as novas demandas para o qual não foi planejado anteriormente.
74
7.2 Definição do uso
Analisam-se as características do entorno do objeto de intervenção, sua
proximidade com unidades de ensino público e privado,a centralidade do leito com
relação à cidade, até mesmo o serviço de transporte público urbano que tem
paradas com partida de diversos bairros com destino final em frente à Estação e as
feiras de artesanato que ocorrem na área. Esses aspectos foram norteando a busca
por um uso que se adequasseà vocação do Conjunto Arquitetônico.
Outro ponto preponderante na escolha do novo uso é a importância de aliar a
memória férrea ao equipamento. Sendo assim, uma opção se adequou aos critérios,
aliando o memorial da ferrovia, lazer e educação preparatória: a implantação de uma
cinemateca. Seguindo as novas premissas de espaços culturais, com exposições
fixas e itinerantes, salas com oficinas para conhecimento e produção fílmica, áreas
para exibição audiovisual, café, quiosques na esplanada para abrigar as feiras de
artesanato.
Dessa forma, um ponto importante para a partida inicial do projeto é a
readequação do armazém, edifício construído ao lado da estação, onde será
implantada a sala de exibição áudio visual da Cinemateca. Com isso, é necessária
uma valorização do prédio, com o uso de materiais e estrutura da arquitetura atual
na área interna, que, além de atender ao proposto no programa obrigatório para o
fim de exibição fílmica, proporcione uma qualidade estética e o coloque em um
patamar de equivalência com o prédio da Estação Ferroviária, edifício executado de
maneira mais planejada, com uso de materiais que marcam a arquitetura da época
conferindo ao mesmo um status de requinte que o armazém não possui.
Já o prédio da estação será minimamente reformado, recebendo tratamento
conforme as especificações de manutenção, tendo os seus ambientes redistribuídos
conforme o programa do memorial da cinemateca. Além disso, o entorno do conjunto
arquitetônico precisa ser readequado, de forma que proporcione melhor acesso e
visibilidade aos serviços didáticos e de lazer que serão oferecidos no mesmo.
75
7.3 Detalhamento do Programa de Intervenção
- Esplanada
Estacionamento
Passeio Público
Quiosques
- Estação Ferroviária
Memorial da Ferrovia (térreo)
Salão de Exposições (térreo)
Administração (térreo)
Reserva Técnica (térreo)
Cozinha (térreo)
Café (térreo)
Loja (térreo)
Auditório (1º pavimento)
Salas para Oficinas Técnicas (1º pavimento)
Sala para Arquivamento Fílmico e Iconográfico (1º pavimento)
Estúdio(1º pavimento)
Banheiros (térreo e 1º pavimento)
- Armazém
Depósito
Apoio Técnico
Apoio de Acervo
Sala de Projeção (mezanino)
Sala de Exibição
Áudio Visual
Foyer
Banheiros
76
7.4 Viabilidade técnica
Estação Ferroviária - Pavimento térreo
Na fachada norte foi necessário remover uma porta de madeira e um gradil
para possibilitar a implantação de um elevador.Na fachada leste também foi retirada
uma porta de madeira a fim de restringir o acesso à reserva técnica.
No salão do térreo foram removidas as paredes dos antigos depósitos e de
parte da bilheteria, ficando apenas a parede frontal em forma de semicírculo que
possui três janelas. Essas remoções foram necessárias para possibilitar uma melhor
integração dos dois espaços destinados a exposições, bem como para gerar
acessibilidade à chegada do elevador. Com a remoção das paredes de construção
original foi necessário gerar uma alternativa estrutural para compensar. Dessa
forma, foram inseridos dois pilares seguindo o padrão dos existentes de acordo com
a orientação das vigas estruturais encontradas.
Foram detectados cinco banheiros no pavimento térreo da Estação, sendo
todos reformados para atender as normas de acessibilidade. Algumas paredes que,
segundo relatos e comprovados através das espessuras, não são da construção
original, foram removidas ou sofreram readequação para atender as especificidades
do programa de intervenção. No antigo espaço do refeitório, foram fechadas as
aberturas para dois depósitos com acesso através do banheiro, e nessa área
instalada a cozinha para atender o Café, bem como uma loja de conveniência.
Estação Ferroviária – 1º Pavimento
Foram encontradas paredes divisórias, que, com base em relatos e seguindo
orientação pela espessura menor que as paredes originais, são oriundas de
reformas no espaço, essas paredes impossibilitavam o acesso independente aos
ambientes. Sendo assim, foram propostas na intervenção a remoção parcial ou total
de algumas dessas paredes, para fins de adequação ao novo programa de uso.
Dos três banheiros do pavimento, um foi removido para possibilitar a
instalação do elevador, um foi reformado para atender às necessidades de
acessibilidade e o último,localizado dentro do auditório, permaneceu com suas
características anteriores.
77
Armazém
No prédio do armazém a remoção de paredes foi mínima, houve apenas uma
reforma nos banheiros existentes para adequar às necessidades de layoutjá que
ambos já atendiam às normas de
acessibilidade.Foram encontrados nos
levantamentos de campo quatro banheiros na área leste do prédio, sendo
aproveitados no programa de intervenção apenas dois para atender a parte técnica
da cinemateca. Na área de Foyer foram instalados mais quatro banheiros acessíveis
para atender ao público.
Na área destinada à sala de exibição audiovisual foi necessário instalar dutos
de ar condicionado que vem de uma central suspensa localizada no depósito. Outra
adição importante na sala de exibição audiovisual foi a instalação das placas
acústicas, simulando um forro em material de gesso acartonado.Foi necessário
também construir um mezanino para abrigar a sala de projeção, assim atendendo ao
normativo específico às salas de cinema que determinam que a projeção seja feita
em um patamar acima da projeção de poltronas. Tornando-se assim, possível a
angulação entre projetor/público/tela dentro nas normas.
7.5 Especificação de materiais e serviços
Restauração e recuperação dos prédios que compõem a antiga estação
ferroviária de Caruaru/PE, garantindo suas integridades físicas e funcionais e
oferecendo condições para a instalação de novo programa de necessidades relativo
à Cinemateca.
- Resultados esperados
Execução
de
serviços
de
restauração,
recuperação,
climatização
e
readequação do edifício consistentes em:
- retirada de aparelhos sanitários, de cobertura cerâmica;
- recuperação e substituição de cobertura, com limpeza, conservação e
impermeabilização;
78
- recuperação de lambrequins de madeira;
- recuperação de esquadrias de madeira e ferro;
- instalação de acessórios (maçanetas, fixadores, corrimão etc);
- execução de revestimentos de paredes e tetos (azulejos, rejuntes, argamassa,
forros de gesso);
- recuperação e execução de pisos (cerâmica, ladrilhos hidráulicos, piso tátil, calçada
de tijolos, granito etc);
- pintura a látex e esmalte, selador, emassamento, verniz;
- Critérios de similaridade
A execução de todos os serviços será norteada de acordo com as indicações
constantes dos seguintes documentos consultados durante a pesquisa: Manual de
Preservação de Edificações Ferroviárias Antigas (PRESERFE); Manual de
Preservação Preventiva de Edificações Ferroviárias. Em caso de substituição de
material na obra de intervenção e restauração só será aceito material idêntico aos
encontrados no levantamento de campo ou similar em caso da produção do mesmo
não existir sob consulta dos órgãos competentes. As adições de materiais serão de
características da arquitetura contemporânea, marcando no tempo a intervenção
proposta.
- Acessos
São três acessos para o público: o acesso principal, onde serão implantadas
rampas para entrar no saguão; o acesso eventual seguindo pela plataforma e o
acesso pelo estacionamento. Já o acesso de serviço, para o funcionário, haverá um
acesso na plataforma da Estação e no caso do Armazém a entrada será na fachada
Sul da edificação.
79
- Acabamento Geral
Paredes internas: argamassa comum, com maior adição de cal do que cimento,
em traço a ser determinado e pintura em cores neutras de acordo com análises em
fotografias antigas dos edifícios que compõem o estudo.
Pisos internos: cerâmica vermelha, taco de madeira, ladrilho hidráulico,
conforme projeto.
Forros internos: lajes pintadas com látex acrílico na cor branca.
- Especificações Gerais
Esquadrias: as janelas seguirão o modelo existente e terão pintura em esmalte
sintético fosco, bem como as portas de madeira.
Ferragens: seguirão de acordo com o existente.
Coberturas: o madeiramento do telhado será trocado por novo bem como as telhas
cerâmica na Estação. No Armazém as telhas de fibrocimento atuais, serão
substituídas por telhas cerâmicas com isolamento acústico.
Fachada:será restaurada e pintada em cores neutras, conforme estudo das
fotografias antigas.
- Telhas Cerâmicas
Especificação:
Para a cobertura da edificação será utilizada telha cerâmica tipo francesa
conforme encontrado no local. As inclinações dos telhados deverão respeitar o
projeto arquitetônico.
- Revestimentos
Executar reparos no reboco interno, na fachada frontal e nas platibandas
observando a presença de umidade, seguir orientações e mapeamento do projeto,
posteriormente aplicar argamassa na mesma proporção e/ou traço encontrado no
local das remoções, com uma maior adição de cal do que cimento.
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- Esquadrias
Madeira
Especificações:
Executar revisão geral das portas e ferragens, em caso extremo de
deterioração, na impossibilidade de restauração, as peças deverão ser substituídas,
e adequadas ao uso, os vidros faltantes ou quebrados deverão ser substituídos por
peças novas e nas mesmas dimensões dos originais. Concluindo a adequação da
esquadria com uma pintura a base de tinta esmalte sintético.
Aplicação:
As portas serão recompostas ou substituídas nos ambientes, conforme demonstrado
nas plantas baixas de arquitetura.
Ferro
Especificações:
Executar revisão geral das portas e ferragens, em caso extremo de
deterioração, na impossibilidade de restauração, as peças deverão ser substituídas,
e adequadas ao uso, os vidros faltantes ou quebrados deverão ser substituídos por
peças novas e nas mesmas dimensões dos originais. Concluindo a adequação da
esquadria com uma pintura a base de tinta esmalte sintético.As partes metálicas das
esquadrias deverão ser tratadas com tinta anticorrosiva, antes da pintura de
acabamento.
81
8 Referências
CARTA DO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL– NizhnyTagil, Julho de 2003)
CINE THEATRO CAPITÓLIO: Um olhar em transformação /Fundacine; GunterAxt.
Porto Alegre: Fundacine, 2007.84 p.: il.; l x h cm.ISBN: 85-99078-02-X.
CHOAY, Françoise. O urbanismo: utopias e realidades, uma antologia. Tradução
Dafne nascimento Rodrigues. São Paulo: Perspectiva, 2007.
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DO
PATRIMÔNIO
FERROVIÁRIO
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PERNAMBUCO
EM
PERNAMBUCO. coordenado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN)- 2008.
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República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.rffsa.gov.br/>. Acesso
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HISTÓRICO DA EXTINTA RFFSA. República Federativa do Brasil. Disponível em:
<http://www.rffsa.gov.br/principal/historico.htm>. Acesso em: Março de 2011.
KÜUHL, Beatriz Mugayar. História e Ética na Conservação e na Restauração de
Monumentos
Históricos.
Revista
CPC,
2005,
v.1,
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Disponível
em:
<www.revistasup.sibi.usp.br/pdf/cpc/n1/a03n1.pdf>. Acesso em: Março de 2011.
LEI DA MEMÓRIA FERROVIÁRIA 11.846/2007
PRESERFE – Manual de Preservação de Edificações Ferroviárias Antigas, 2004
IPHAN- Manual de Conservação Preventiva.
CULLEN, Gordon. Paisagem urbana. São Paulo: Martins Fontes, 1983.
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Orçamento e Gestão. Secretaria do Patrimônio da União. Disponível em:
<http://patrimoniodetodos.gov.br/gerencias-regionais/spu-pe>. Acesso em: Março de
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82
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Déco e o patrimônio moderno de Caruaru-PE. In: Anais do 8º Seminário Docomomo
Brasil. Cidade Moderna e Contemporânea – Síntese e Paradoxo das Artes. Rio de
Janeiro: UFRJ: UFF, 2009. (CD-ROM).
SILVA, Aline de Figueirôa; SANTOS, A. Z.; ALVES, D. J. A.; SOUZA, G. J. de;
JORGE, J. L. do N. Comunicação, diversão e oração: documentação e conservação
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Docomomo Norte Nordeste: Morte e Vida Severinas – das ressureições e
conservações (im)possíveis do patrimônio moderno no Norte e Nordeste do Brasil.
João Pessoa: UFPB, 2010.(CD-ROM).
SILVA, Aline de Figueirôa; NASLAVSKY, Guilah. Da capital ao interior de
Pernambuco: critérios para documentação da Arquitetura Moderna no Nordeste,
1930-1980. In: Anais do 9º Seminário Docomomo Brasil – interdisciplinaridade e
experiências de documentação e preservação do patrimônio recente. Brasília: UnBFAU, 2011.(CD-ROM).
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