Introdução O livro que agora se apresenta (re)nasceu de uma conjugação de várias ideias e circunstâncias. Diz-se (re)nasceu na medida em que tem por base o anterior Manual de Estratégia (e fica-lhe com o nome). Não obstante, e muito embora emane do anterior, apresenta-se com nova configuração: substancialmente revisto, aumentado, actualizado e incorporando francamente mais material do que as edições anteriores, indo muito além do que está para trás. E, se o que está para trás não é de somenos importância, qual memória, o que agora se apresenta é fruto do desenvolvimento, do pensamento, do debate, da troca de ideias e dos contributos dos muitos profissionais, alunos e empresas que nos passaram pelas mãos: as edições e as tiragens que o Manual de Estratégia já teve revelam, senão outra coisa, que a Estratégia é efectivamente importante e que, neste formato, há muito público para esta obra. A primeira, e talvez principal, circunstância a que atrás se alude – a que se designa «circunstância estruturante» – é a contínua amizade e proximidade que vai unindo os autores nas suas vidas e nos seus pensamentos. Muitos dos interesses intelectuais são comuns e a preocupação com a necessidade da estratégia e a aprendizagem da estratégia são claramente partilhados frequente e vivamente. 16 manual de estratégia A segunda, subsequente a esta, foi a necessidade que os autores sentiram em apresentar um livro que estivesse aquém dos usuais manuais de estratégia que se prolongam, quase sempre, até próximo das 1.000 páginas e que afastam leitores profissionais, com tempos exíguos e que necessitam de abordagens simples, pragmáticas, conceptuais mas também práticas e que os orientem efectivamente para a reflexão e a prática estratégicas e, enfim, sobre o como chegar ao caminho a seguir. Dito de forma simples, os autores sentiram necessidade de não afastar os leitores seguindo a norma das propostas pesadas mas, antes, de procurar leitores que queiram ver justificado o seu tempo e o seu esforço e o preço que pagam pela aquisição. Neste manual (re)nascido, apesar de acrescentado, reconfigurado e actualizado, este aspecto continuou a ser uma constante e uma preocupação imutável. A terceira, e última, acaba por ser derivada das anteriores: os leitores têm hoje uma necessidade de focalização, de simplicidade, de condensação dos conceitos e práticas e, num mundo pejado de informação e fontes de conhecimento, apresentar uma súmula integrada e simples e ao mesmo tempo actual, sobre estratégia, de A a Z, deixando ainda o leitor perante um roteiro estratégico, pareceu aos autores um aspecto decisivo e que, marcadamente, faria e continuaria a fazer a diferença. Essa diferença mantém-se e até (re)nasce com esta edição. Usando linguagem estratégica, os autores procuraram, com a primeira ideia e circunstância, unir esforços e passar à prática a colaboração. Com a segunda ideia e circunstância, procuraram ajustar-se à leitura que fazem das envolventes (i.e., dos leitores potenciais, de profissionais a estudantes, de gestores sem tempo a alunos com forte objectividade, com ou sem conhecimentos de gestão mas que tenham em comum a necessidade de perceber e lidar com o raciocínio e as ferramentas estratégicas) e, por conseguinte, procuram encontrar o seu posicionamento. Com a terceira procuraram, claramente, apostar numa vantagem competitiva sustentável: conhecimento teórico, prático, aplicado, e roteiro ou guia de como fazer, tudo junto, em menos páginas e por menos dinheiro que uma proposta convencional, apostando claramente num caminho estratégico híbrido entre custo e diferenciação. O livro está, assim, divido em três partes distintas: PARTE I: Conceitos e Fundamentos (capítulos 1 a 5); PARTE II: Gestão Estratégica (capítulos 6 a 15); finalmente, PARTE III: Um Roteiro para a Gestão Estratégica (Capítulo 16). No Capítulo 1 os autores procuram entrar no racional do problema estratégico. No Capítulo 2 desenvolvem-se os contributos das principais áreas para o desenvolvimento e estruturação do pensamento e da Gestão Estraté- introdução gica. No Capítulo 3 os autores passam a abordar as Escolas do Pensamento Estratégico. No Capítulo 4 abordam-se questões determinantes para a estratégia como a noção de valor, a governação das empresas, as questões éticas e a responsabilidade social. No Capítulo 5 procura-se responder ao «Para onde se quer ir?», Que caminho se deve seguir?» e «Como se pode assegurar que estamos no bom caminho?». Adicionalmente procura-se a lógica da decisão estratégica e do processo de decisão estratégica. E, com estes cinco capítulos, fecha-se a primeira parte que se designa por Conceitos e Fundamentos. Com estes cinco capítulos o leitor fica com a noção clara, sintética e integrada das fronteiras da estratégia (se elas existirem) e do potencial que dela advém para as empresas e, em geral, para as organizações. Estes capítulos encerram os racionais fundamentais a ter em consideração no contexto dos Conceitos e Fundamentos e estão integrados na PARTE I. Nos capítulos seguintes abre-se a porta à visão e missão estratégicas e ao traçar dos grandes objectivos (Capítulo 6). Claro está que o desenho final deste primeiro esboço de Formulação deve ser concluído, apenas, pós completo todo o exercício de Análise Estratégica. Análise Estratégica que os autores desenvolvem nos capítulos seguintes, para o que contribui o Referencial Genérico de Análise Estratégica (Capítulo 7), a Análise do Meio Envolvente (Capítulo 8) e a Análise da Empresa (Capítulo 9). Pós Análise, ou ainda como conclusão a essa mesma Análise Estratégica, apresenta-se um «preâmbulo» à Formulação Estratégica, nomeadamente através da apresentação dos diferentes níveis estratégicos em sede de Formulação Estratégica, das Atitudes possíveis face à Estratégia (relacionadas com a forma como se antevê o caminho a percorrer) e, finalmente, via consolidação da Análise Estratégica por recurso ao instrumento universal SWOT (pontos forte e fracos, oportunidades e ameaças) (Capítulo 10). Na Formulação da Estratégia exploram-se as Estratégias Competitivas, ao nível do negócio ou da unidade estratégica de negócio (Capítulo 11) e as Estratégicas Corporativas, ao nível do grupo ou da(s) empresa(s) como um todo (Capítulo 12). Passa-se então às Estratégias Funcionais e, por isso mesmo, o Capítulo 13 explora-as. Os capítulos 14 e 15 seguem, respectivamente, uma lógica sequencial, Implementação Estratégica e Controlo Estratégico, respectivamente. Ultima-se, com este conjunto de capítulos, a PARTE II do livro, dedicada à Gestão Estratégica. 17 18 manual de estratégia No Capítulo 16 apresenta-se, finalmente, a PARTE III do livro, dedicada ao Roteiro para a Gestão Estratégica. No fundo, um guia, passo a passo ou de A a Z, para que o leitor possa aplicar, na sua empresa (ou em qualquer outra) ou organização todas as componentes da Gestão Estratégica. Trata-se de deixar ao leitor uma síntese orientadora da acção que, para todos os efeitos, terá que ser construída por cada qual. Portugal, «porque queremos uma estratégia para as nossas empresas e organizações e, igualmente, para o país que é o nosso orgulho», Outubro de 2014 Os Autores, José Crespo de Carvalho José Cruz Filipe Nota: O Manual de Estratégia utiliza as convenções do acordo ortográfico de 1945, por opção pessoal dos autores.