A POSSIBILIDADE DA TEMÁTICA AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA MENTAL LOPES, Liciane Stroda SIlVA, Sandra Suzana Maximowitz XAVIER, Neide Uchoa Universidade Federal de Santa Maria/RS RESUMO A pesquisa foi desenvolvida no Instituto de Educação Olavo Bilac - Santa Maria - RS. Num primeiro momento procurou-se investigar se os professores do ensino especial trabalhavam questões referentes ao meio ambiente com seus alunos e qual a representação social que possuíam a este respeito. A seguir, para a concretização deste objetivo fez-se necessário um pequeno preâmbulo, sobre o conceito de representação social que é o senso comum, são as noções carregas de ideologias, de crenças, de preconceitos, enfim é todo o imaginário. REIGOTA, definiu três tipos predominantes de noções ambientais: "naturalista", "antropocêntrica", "globalizadora". Diante da prática pedagógica relatada pelas professores pode-se perceber que mantinham uma representação social naturalista. Em uma segunda etapa proporcionou-se aos alunos e professores estratégias práticas visando a compreensão e a conscientização de suas responsabilidades na preservação do patrimônio ambiental. No decorrer desta fase , foram realizadas diversas atividades como: palestras, jogos, filmes e discussões, afim de alcançar o objetivo acima proposto. Foram duas as práticas que desenvolvemos que merecem destaque uma com relação ao lixo da escola, e a outra, com relação a um problema que estava acontecendo com alguns alunos: o problema do "piolho". O estabelecimento de uma relação homem-natureza contrária aos fins do desenvolvimento sustentável é a causa primordial da problemática ambiental que se instala em nosso contexto incidindo na qualidade de vida. Diante da crescente problemática ambiental, busca-se a uma tentativa de equilíbrio do homem com a natureza, por meio da Educação Ambiental (E.A.). Para que haja a concretização da mudança de valores, gerando o senso de cidadania e participação do homem na natureza, é necessário que esses conhecimentos sejam mediados por um professor que assimile em sua formação a cientificidade de tal problemática, e que o mesmo, utilize-se de estratégias que atinjam tais objetivos: a minimização da problemática. É imprescindível que este docente tenha consciência de como se processa a aprendizagem, para que possa auxiliar na compreensão da relevância da E.A. Segundo Piaget, a criança constrói o seu conhecimento através da interação, e a partir desta constrói estruturas mentais, que são reorganizadas no decorrer do processo de maturação, a medida em que ela age e interage com o meio e o ambiente social. O aluno portador de deficiência mental (P.D.M), elabora o seu conhecimento da mesma maneira que os ditos "normais", porém de forma mais lenta, e ao atingir níveis mentais mais altos não supera por completo as fases anteriores. O professor que desejar trabalhar na temática ambiental com alunos P.D.M deve possuir uma formação adequada que facilite esta aprendizagem, visto que, esses alunos requerem maior estímulo para vencer suas dificuldades. É neste sentido que o presente trabalho desenvolveu-se, pois a E.A. deve ser promovida em todos os níveis de ensino, inclusive no Ensino Especial. Desse modo, é sem dúvida necessário, equipar o educador e a escola, para que não fiquem a margem desse processo de mudanças. No entanto, é preciso uma reconstrução curricular, que culmine em um novo projeto pedagógico. Esse esforço é essencial para a almejada transformação. Sendo, que um procedimento imprescindível a essa mudança, está na (re)construção dos conhecimentos do professor, onde a princípio, ele deverá ter o desejo de crescer e possuir consciência de jamais perder a condição de construtor. Para tanto, o compromisso com a operacionalização de sua prática, sendo vista com responsabilidade, pressupõe um planejamento embasado numa atualização frente ao atual conhecimento científico. Elevando-se assim a um patamar histórico já alcançado, criticando-o e reformulando-o: exigência mínima à formação do professor. Pimenta (1995:69)...propõe a concepção dialética na qual teoria e prática são indissociáveis. A sensibilidade para com a temática ambiental, é um sinal das mudanças sociais de nossa época. Cabendo, ao professor mediar informações referentes às necessidades do meio ambiente, através da incorporação automática, na prática pedagógica, de atividades interdisciplinares, que envolvam aspectos ético-culturais, orientando o aluno para a responsabilidade, de cada cidadão frente a natureza. A Educação Ambiental, visa a formação de uma consciência sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico. Porém, ela deve ir muito além de uma simples disciplina. Pois trata-se de um trabalho, cuja a essência visa uma educação voltada à integridade do homem. Uma educação, que exigirá da escola uma postura política pedagógica definida, frente à problemática ambiental. Tendo também, uma aplicação metodológica para o planejamento da educação como um todo. Ao longo da história da humanidade, muitos profissionais tem expressado a sua admiração pela natureza e preocupação em protegê-la, de forma, que as relações homem-natureza são encontradas tantos nas culturas orientais como na filosofia grega. Na década de 70, atribui-se a origem dos movimentos ecológicos, mais especificamente, em 1972 que a Educação Ambiental começa a tomar forma global, com a "Conferência sobre o Meio Ambiente Humano" realizada pela ONU, em Estocolmo. As decisões de Estocolmo balizaram a inclusão do Dia Mundial do Meio Ambiente e a criação da SEMA, hoje IBAMA. Conforme a Conferência de Tbilisi, (URSS), 1977, a Educação Ambiental deve considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais e nos criados pelo homem, tecnológicos e sociais. Deve, constituir, um processo contínuo e permanente, começando na pré-escola e continuando através de todas as fases do ensino formal e não formal. Na década de 80, surgem novas pesquisas entre os educadores ambientalistas redefinindo objetivos e princípios da Educação Ambiental, voltados à realidade local, foi criando a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que tinha como objetivo pesquisar os problemas ambientais em uma perspectiva global. A Rio 92, analisou as causas dos péssimos resultados alcançados pela América Latina, ainda na década de 80. Nos aspectos históricos e legais da Educação Ambiental, a Constituição Federal de 1988, destina um capítulo ao meio ambiente, incorporando a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino. A Constituição Estadual, a exemplo da Constituição Federal, também destina um capítulo ao meio ambiente, assegurando o desenvolvimento da Educação Ambiental no ensino formal. Normalmente, a educação e o ensino, vêm relacionados à idéia de escola, que como instituição social dimensiona e processa a educação no ensino formal e sistemático. No entanto, a educação geral, presente em todas as fases de nossa vida, se processa também através da educação formal e não formal. Portanto, a prática de Educação Ambiental é viável (BOER, 1993). A educação ambiental deve ter uma vinculação mais estreita entre os processos educacionais e a realidade, estruturando suas atividades em torno dos problemas concretos, que se impõem à comunidade, enfocar a análise de tais problemas, através de uma perspectiva interdisciplinar e globalizadora, que permita uma compreensão adequada dos problemas ambientais. Assim, a Educação Ambiental, passa a ser uma prática educacional voltada para a vida da sociedade, que busca a longo prazo, alternativas para a conscientização tão necessária à preservação ambiental, representando a garantia de um futuro mais promissor (SEARA, 1991). Conforme a Constituição Federal, de 1988, inciso VI deve-se promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. No entanto, o Ensino Especial, fazendo parte dos demais níveis de ensino, deve também promover a seus alunos a E.A. e para isso é necessário que haja professores devidamente capacitados. A pesquisa foi desenvolvida no Instituto de Educação Olavo Bilac - Santa Maria, nas quatro turmas do Ensino Especial. Num primeiro momento procurou-se investigar se os professores trabalhavam questões referentes ao meio ambiente com seus alunos. Através dos seus depoimentos chegou-se a conclusão que trabalhavam. A seguir, buscou-se verificar qual a representação social de meio ambiente que os professores do Ensino Especial possuem. Para a concretização deste objetivo faz-se necessário um pequeno preâmbulo, sobre o que é representação social: é o senso comum, são as noções carregas de ideologias, de crenças, de preconceitos, enfim é todo o imaginário. REIGOTA, definiu três tipos predominantes de noções ambientais: "naturalista", isto é, a idéia que meio ambiente são os elementos da natureza; "antropocêntrica" uma idéia que a natureza está para servir o homem e "globalizadora" a idéia que meio ambiente são as relações sociais e naturais, englobando tudo desde a família até o planeta. Diante da prática pedagógica relatada pelas professoras pode-se perceber que as mesmas, possuíam uma representação social naturalista. Em uma terceira etapa proporcionou-se aos alunos e professores estratégias práticas visando a compreensão e a conscientização de suas responsabilidades preservação do patrimônio ambiental. Durante esta etapa, foram na proporcionadas diversas atividades como: palestras, jogos, filmes e discussões, afim de alcançar o objetivo acima proposto. Foram duas as práticas que desenvolvemos que merecem destaque uma com relação ao lixo da escola, principalmente o da área onde se encontram as classes especiais. Para tornar dinâmico esta organização foi promovido a gincana do lixo (selecionado), depois de concluída, os alunos da classe especial em nível de alfabetização foram em todas as salas de aula da escola solicitar a colaboração dos colegas e ao mesmo tempo socializar algumas informações referentes ao meio ambiente. E a outra, foi com relação a um problema que estava acontecendo com alguns alunos do ensino especial: o problema do "piolho"; para resolver este problema ministrou-se palestras explicando como combatê-los e ainda foram arrecadados remédios, finos e dinheiro para aqueles alunos que não tinham condições de comprar. pentes REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIACAS ARUDA, M. B.; Fundamentos da educação ambiental. In: Simpósio Formas de Organização da Universidade face aos problemas ambientais, 1989, Brasília. Anais Brasília: Fundação Universidade de Brasília, 1989. BOER, N., XAVIER, N.U, LAMEIRA, L.J.; A educação ambiental na escola de 1º grau. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o professores de Ciências, 45. Recife Anais Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1993. BOER, N.; Educação ambiental em escolas de 1º grau. Dissertação de mestrado, Santa Maria, 1993. CUNHA, I. M. O bom professor e sua prática. 5. ed., Campinas, São Paulo: Papirus, 1995. FERREIRA. I. N. Caminhos do aprender uma alternativa educacional para a criança portadora de deficiência mental. Brasília: CORDE, 1993. FREIRE, P.; Educação e mudança. São Paulo: Paz e Terra, 2ª ed. 1979. GAMBOA, S. A. S. A Dialética na pesquisa em educação: elementos do contexto. In: Metodologia da pesquisa educacional. São Paulo: Cortez / Autores Associados, 1989. LÜDKE, M.& Marli. A E. D. Pesquisa em educação: abordagem qualitativa. São Paulo: EPU, 1986. OLIVEIRA, J. Constituição da República Federativa do Brasil: Promulgada em 05 de outubro de 1988. São Paulo: Saraiva, 1988. PIMENTA, G. S. O Estágio na formação de professores: Unidade Teoria e Prática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995. RIO GRANDE DO SUL. Assembléia Legislativa. Constituição do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 1989. 133 p. Título 7, cap. 4, p.111: Do meio ambiente. SEARA, F. A. A Coordenadoria UNIAMBIENTE, ano 1, nº 9. 1990. de educação ambiental e seus projetos.