Área: CV(X) CHSA ( ) ECET ( ) AVALIAÇÃO DA COLONIZAÇÃO MICORRÍZICA NAS CULTURAS DE MILHO E SOJA ASSOCIADO AO USO DE BIOFERTILIZANTE FORMONONETINA E FERTILIZANTES MINERAIS NO ESTADO DO PIAUÍ Rodrigo Fonseca da Silva (bolsista PIBIC/CNPq), Júlio César Azevedo Nóbrega (Orientadora, Depto. de Engenharias – CPCE/UFPI) Introdução As culturas da soja [Glycine max (L.) Merrill] e do milho (Zea mays L.) são as de maior relevância para o Cerrado piauiense, deste modo estas tem grande importância no desenvolvimento sócio econômico da região. O Cerrado piauiense teve seu desbravamento iniciado nos anos 80 do século XX, com o fortalecimento dos estímulos econômicos e a expectativa de construção de vários corredores de exportação, na década de 90 do mesmo século, destinados ao escoamento da produção aos grandes portos do Nordeste, especialmente ao complexo portuário de Itaqui/Ponta da Madeira, em São Luís (MA), que propiciaram o aumento de novas áreas de cultivo (ARAÚJO, 2006). No Brasil, assim como em outros países, tem sido demonstrado que a contribuição das micorrizas para absorção de P pode chegar a até 80%, a micronutrientes a até 60% e para os demais macronutrientes entre 10 a 25% (SIQUEIRA et al., 2010). Nesse contexto, fica evidente a contribuição dos Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMAs) na absorção do P. Diante disso objetivou-se com este estudo verificar o desempenho do isoflavonóide formononetina tido como estimulante de micorrização nas culturas da soja e milho, associado a diferentes doses de fosforo no Cerrado piauiense. Metodologia Experimentos a campo foram realizados na Serra do Quilombo, município de Bom Jesus (S 09º 19’ 22”; W 44º 49’ 55,6’’) situado na região sudoeste do estado do Piauí. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw tropical, caracterizado por ser quente e úmido e com temperatura média entre 23 e 24 ºC. Apresenta precipitação média anual em torno de 1.100 mm, com chuvas concentradas no período de novembro a março (JACOMINE, 1986). O experimento foi constituído de parcelas subdivididas, sendo quatros tratamentos nas parcelas envolvendo a ausência da aplicação de P, 1/3 da dose recomendada, 1/2 da dose recomendada e 100% da dose recomendada de P, enquanto nas sub-parcelas foram avaliados os tratamentos de aplicação do isoflavonóide formononetina formulada na forma do produto comercial Myconate®, o qual foi aplicado nas sementes de milho nas doses de 0, 25, 50, 75, e 100 mg kg -1 semente, cujas dosagens foram recomendadas pela empresa Plant Health Care (PHC), INCPittsburg, EUA, fornecedora do produto. O Myconate® é um pó esverdeado, sal de potássio de 4’metoxi, 7-hidroxi isoflavona, peso molecular 306, solúvel em água (1 g em 3 ml de água) o qual foi aplicado às 3 sementes após aplicação de talco inerte para auxiliar na aderência do produto (peliculização). O delineamento foi em blocos casualizado com cinco repetições. No experimento foram utilizadas parcelas constituídas por oito linhas de 10 metros de comprimento, com espaçamento entre-linhas de 0,80 m para o milho. A variedade de milho utilizada foi aquela recomendada para a Área: CV(X) CHSA ( ) ECET ( ) região levando-se em consideração a tolerância a moléstias foliares e referencia na produção de grãos, sendo que durante a condução dos experimentos serão realizadas aplicações de defensivos agrícolas para controle/prevenção de pragas e doenças e no controle de plantas daninhas conforme recomendações e práticas comumente adotadas na região. Durante a condução do experimento foram realizadas amostragens do sistema radicular das plantas de modo a avaliar o efeito do estimulante da micorrização ao longo do ciclo da cultura. Para isto foi coletado semanalmente aproximadamente um grama de raízes finas no sulco em cinco plantas por parcela as quais foram lavadas e colocadas em cápsulas plásticas, identificadas, clarificadas através de solução de KOH 5% p/v por 30 minutos, em seguida lavadas em água corrente e agitadas por 3 a 4 minutos em KCl 1%. Em seguida as raízes foram coradas com azul de tripan em lactoglicerol 0,05% (água: glicerol: ácido lático, 1:1:1), por 10 minutos. Para estimar a porcentagem de raiz colonizada foi utilizado o método de intercessão, e observação em microscópio estereoscópio (ampliação de 10 a 40 vezes). Segmentos de raízes foram também preparados em lâminas de modo a se avaliar a colonização arbuscular conforme MCGONIGLE et al. (1990), o número de pontos de entrada (primários e secundários) e a densidade de arbúsculos. As variáveis analisadas foram submetidas à analise de variância e testes de média pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade utilizando-se o programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2000). Com a finalidade de se obter homocedastidade, os dados referentes à porcentagem de colonização micorrízica foram transformados pelo arco seno (x/100) 0,5 Resultados e Discussão A colonização por micorrizas em plantas de soja e milho cultivadas no cerrado piauiense não foram influenciados pela aplicação do isoflavonóide formononetina e doses de P2O5. A possível explicação para a ausência de respostas da soja e milho a aplicação de doses P 2O5, pode estar relacionado ao fato do teor desse nutriente, estar em níveis suficientes para o desenvolvimento da cultura, mesmo sem a aplicação de P2O5. O efeito da adubação fosfatada sobre a % da colonização se portou de forma variável para as culturas da soja e milho, embora que, ambas tiveram um comportamento quadrático, a soja teve um -3 decréscimo ate a dose de 35,19 mg/dm , seguido de um aumento com ponto maximo de colonização na dose 80,00 mg/dm-3 de P. Já para o milho a melhor colonização foi encontrada na dose 62,25 -3 mg/dm de P. Em uma breve pesquisa da literatura observou-se que os resultados têm se mostrado muito contraditórios. BAPTISTA & SIQUEIRA (1994) confirmaram os efeitos estimulantes destes e de outros flavonóides na colonização micorrízica, indicando o seu envolvimento nesta simbiose e possíveis aplicações comerciais (PAIM, 2012). No entanto, outros estudos (MORANDI et al., 1992) relatam resultados inconsistentes e contraditórios, os quais dificultam interpretações conclusivas sobre os efeitos destes metabólitos, conforme também verificado no presente estudo independentemente do teor inicial de P no solo. Vale ressaltar que o processo de colonização das raízes envolve uma série de eventos morfo-fisiológicos e bioquímicos, regulados pelo genoma do fungo e da planta, bem como por fatores ambientais (SILVA-JÚNIOR & SIQUEIRA, 1997). CHSA ( ) ECET ( ) 98 98 96 96 % Colonização por Micorrizas % Colonização por Micorrizas Área: CV(X) 94 92 Soja = Y = 86,4242 + 0,1971x - 0,0028x2 Milho = Y = 93,6971 - 0,0249x + 0,0002x2 90 R2 = 0,95 R2 = 0,08 88 86 84 82 94 92 90 88 86 84 82 Soja = Y = 86,2925 - 0,0015x + 0,0878x2 Milho = Y = 95,0371 + 0,0010x - 0,0854x2 80 80 R2 = 0,96 R2 = 0,31 78 0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 Dose de Fósforo 20 40 60 80 100 Dose de Formononetina Figura 1. Colonização por micorrízas em função de diferentes doses fósforo e formononetina em Latossolo Amarelo no Cerrado piauiense. Verificou-se que a aplicação de formononetina alterou o processo de colonização, conforme revelado pelo modelo matemático quadrático ao qual se ajustou os parâmetros da colonização (SILVA-JÚNIOR & SIQUEIRA, 1997). Contudo a adição do flavonóide formononetina não induziu de forma positiva a colonização nas culturas da soja e milho. Conclusão 1. As culturas da soja e milho, quando submetidas a aplicações de doses de P 2O5, não apresentam resposta de colonização por micorrizas no solo de cerrado piauiense. 2. A aplicação de formononetina não promoveu ganhos na percentagem de colonização da cultura da soja e milho em Latossolo Amarelo distrófico no cerrado piauiense. Referências Bibliográficas FERREIRA, P.V. Estatística experimental aplicada à Agronomia. 3.ed. Maceió: EDUFAL, 2000. 604p. ARAÚJO, M. R. S. Expansão da fronteira agrícola nos cerrados piauienses, (des) territorialização e os desafios para o desenvolvimento territorial: o caso do município de Bom Jesus. 2006. 188 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - Universidade Federal do Piauí, Teresina. SIQUEIRA, J. O.; SOUZA, F. A.; CARDOSO, E. J. B. N; TSAI, S. M. Micorrizas: 30 anos de pesquisas no Brasil. Lavras: UFLA, 2010.716p. JACOMINE, P.K.T. Levantamento-reconhecimento de solos do Estado do Piauí. Rio de Janeiro, Embrapa SNLCS/SUDENE-DNR, 1986. 782p. MCGONIGLE, T.P., MILLER, M.H., EVANS, D.G., FAIRCHILD, G.L.; SWAN, J.A. A new method which gives an objective measure of colonization of roots by vesiculararbuscular mycorrhizal fungi. New Phytologist v. 115, p.495-501, 1990. SILVA JÚNIOR, J. P.; SIQUEIRA, J. O. Aplicação de formononetina sintética ao solo como estimulante da formação de micorriza no milho e na soja. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, v.9, n.1, p.33 39, 1997. BAPTISTA, M. J.; SIQUEIRA, J. O. Efeito de flavonóides na germinação de esporos e no crescimento assimbiótico do fungo micorrízico arbuscular Gigaspora gigantea. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, v.6, n.2, p.127 134, 1994. PAIM, L. R. Formononetina como estimulante de micorrização em soja e milho associado à fertilizante fosfatado em Latossolo. 2012. 90f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS. MORANDI, D.; BRANZANTI, B.; GIANINAZZI-PEARSON, V. Effect of some plant flavonoids on in vitro behaviour of an arbuscular mycorrhizal fungus. Agronomie, n.12, p.811-816, 1992. Palavras-chave: Micorrizas; Adubação fosfatada ; Colonização.