CONFERÊNCIAS | sextas-feiras | 20h
CONFERENCES | Fridays | 8p.m.
Dia | Day 5
Do Jogral ao Músico de Câmara
From Jesters to Chamber Music
Manuel Pedro Ferreira
As cantigas d’amigo de Martim Codax são obra de jogral; mas o que era um jogral? Qual é a diferença
entre jogral, segrel e menestrel? Como se explica que, do acolhimento de artistas mais ou menos
itinerantes, se chegasse aos músicos de câmara e cantores com lugar permanente na corte?
Como se explica que, aparentemente do nada, tenha surgido um repertório de câmara instrumental,
exemplificado pelas obras de Diego Ortiz? Propõe-­se uma breve história da profissão, entretecida
com a evolução nos seus meios de afirmação artística.
The songs of friendship by Martim Codax are the work of a jester; but just what was a jester? What
constitutes the difference between a jester, troubadour and minstrel? How to explain the way in which
these artists, to a greater or lesser extent itinerant, were welcomed and how did this turn into chamber
musicians and singers attributed a permanent place at the court?
Indeed, how to explain how, apparently out of nothing, there emerged an instrumental chamber repertoire,
exemplified by the works of Diego Ortiz? We set out below a brief historical background to this profession
intertwined with the growth and development of the means of artistic affirmation.
Dia | Day 12
Simbologia e Paródia do Homem Armado
Symbolism and Parody of Armed Men
Manuel Pedro Ferreira
A melodia da canção L’homme armé serviu de base a inúmeras composições a partir de meados
do século XV. O seu sucesso não pode ser desligado do seu significado, contudo este não é inequívoco. Serão expostas as principais teorias sobre o simbolismo do Homem armado, e referida não só
a paródia musical, como também a paródia poética correspondente.
The melody to the song L’homme armé served as the foundation for countless compositions as from
the mid-15th century. Its success cannot but be bound up with its meaning even while not unequivocally.
This sets out the main theories behind the symbolism of the Armed Man and covers not only musical
parody but also the corresponding poetic parody.
Dia | Day 19
No Coração Árabe da Vila de Sintra
In the Moorish Heart of Sintra Town
Paulo Almeida Fernandes, com a participação de Pedro Teixeira (Officium Ensemble)
e Tiago Simas Freire (Capella Sanctæ Crucis)
Sintra surpreende por muitas coisas. Para mim, o mais surpreendente é a densa sobreposição
de ocupações das vertentes da serra, territórios simultaneamente inóspitos e atrativos, de verticais
construções impossíveis e assombrosos horizontes inesperados. Entre o Palácio da Pena e a Casa do Miradouro, limites simbólicos de tantas oposições, dentro dos quais se construiu a vila, subsistem estratigrafias
da passagem do tempo e dos homens, numa história multissecular que guarda enigmas, perguntas sem
resposta e um sem número de relações históricas que explicam alguma coisa, mas não tudo.
Conferências | Conferences
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É assim também o seu palácio, chamado da vila, para se diferenciar do monumento que, séculos
depois, D. Fernando de Saxe-­Coburgo, mandou construir no topo da serra. Ao contrário deste,
o palácio da vila não é o resultado de uma vontade e uma empreitada únicas. Como escreveu
Francisco Costa, ilustre historiador de Sintra, o paço foi sendo construído. Ora, a identificação
das suas diferentes fases construtivas permanece em debate, como constantemente discutida
é a identificação das várias fases de construção da própria vila de Sintra.
Nesta ocasião, abordarei algumas evidências e muitos problemas que continuamente se colocam
para uma mais sustentada caracterização das poucas histórias que o paço conta e das muitas que,
silenciadas, aguardam a nossa descoberta, desde que um primeiro paço ali existiu na época islâmica...
Porque, paradoxalmente, o Palácio Nacional da Vila de Sintra é (continua a ser) um monumento
desconhecido em muitos dos seus aspetos.
Sintra surprises for many reasons. For me, the most surprising aspect is the dense overlapping settlements
across its hills, lands simultaneous inhospitable and attractive, with impossible vertical constructions
and unexpected and stunning horizons. Between the Palace of Pena and Miradouro House, symbolic limits
to so many oppositions within the framework of which the town was built, there survive stratigraphs
of the passage of both time and men, in a multi-century history that stores enigmas, questions without
answers and a boundless number of historical relationships able to explain something even if not everything. Thus was it also from his palace, named the town palace to differentiate it from the monument that,
centuries later, Ferdinand of Saxe-Coburg, ordered built on top of the hill. Contrary to this, the town palace
is not the result of any single will or any unique period of construction. As the illustrious Sintra historian
Francisco Costa wrote, this palace has always been under construction. Indeed, the very identification
of its different phases of construction remains very much under debate as is also the case with the town
of Sintra itself. On this occasion, I shall cover some of the evidence and many of the problems that are
continually faced when attempting a better sustained characterisation of the few stories the palace does
give up and the many others, left silent, and still awaiting our discovery ever since the first palace got built
here during the Islamic period... Indeed, paradoxically, the National Palace of the Town of Sintra is (and so
shall remain) an unknown monument across so many of its facets.
Dia | Day 26
Ars Nova e Renascimento
Ars Nova and the Renaissance
Manuel Pedro Ferreira
De Guillaume de Machaut a Guillaume Dufay, de Landini à primitiva escrita para tecla em terras
germânicas: nestes 150 anos transita-­se da Idade Média para o Renascimento. Mas em música,
a distinção entre as duas épocas é menos clara do que a continuidade artística. Esta será amplamente
ilustrada, e confrontada com as mudanças ocorridas.
From Guillaume de Machaut to Guillaume Dufay, from Landini to primitive composition for keys
in Germanic lands: these 150 years span the transition from the Middle Ages to the Renaissance. However,
in music, the distinction between the two periods proves more opaque than the artistic continuity.
This gets amply illustrated and contrasted with the changes taking place.
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Manuel Pedro Ferreira (n. 1959) doutorou-­se em Musicologia
na Universidade de Princeton (1997), sendo desde 2001
Professor Associado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
da Universidade Nova de Lisboa, onde coordena, desde 2005,
o Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM).
Tem-­se dedicado sobretudo ao ensino e à investigação da música da Idade Média e do Renascimento, sem descurar a interpretação musical: dirige desde 1995 o grupo Vozes Alfonsinas,
com o qual gravou cinco discos. Como musicólogo, publicou
perto de cem artigos científicos e dirigiu vários projetos
de investigação. Dos muitos livros que escreveu ou coordenou,
citem-­se O Som de Martin Codax (Lisboa, 1986), Cantus coronatus (Kassel, 2005), Aspectos da Música Medieval no Ocidente Peninsular (Lisboa, 2009-­2010) e Revisiting the
Music of Medieval France (Farnham-­Burlington, 2012). Tem também composto ocasionalmente e exercido
com regularidade o ofício de crítico musical. É membro da Academia Europeia e da direção da Sociedade
Internacional de Musicologia.
Manuel Pedro Ferreira (b. 1959) received his doctoral degree in Musicology from Princeton University (1997)
and since 2001 has been Associate Professor at the Faculty of Social and Human Sciences of Nova University
of Lisbon where he has coordinated CESEM – the Centre of Musical Sociology and Aesthetic Studies since 2005.
His teaching and research have above all focused on the music of the Middle Ages and the Renaissance while
also taking into account its musical interpretation: since 1995, he has conducted the Vozes Alfonsinas group
and together making five records. As a musicologist, he has published around one hundred scientific articles and
supervised various research projects. Of the many books he has written and edited stand out O Som de Martin
Codax (Lisbon, 1986), Cantus coronatus (Kassel, 2005), Aspectos da Música Medieval no Ocidente Peninsular
(Lisbon, 2009-2010) and Revisiting the Music of Medieval France (Farnham-Burlington, 2012). He is also an
occasional composer and a regular musical critic. He is a member of the European Academy and on the board
of the International Musicology Society.
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Paulo Almeida Fernandes nasceu em Lisboa, em 1974.
Concluiu a licenciatura em História, variante de História da Arte,
na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1997,
instituição onde defendeu a sua Dissertação de Mestrado,
em 2002, com o título A igreja pré-­românica de São Pedro
de Lourosa. Prepara doutoramento em História da Arte,
na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
É membro integrado do Centro de Estudos em Arqueologia,
Artes e Ciências do Património (Universidade de Coimbra),
colaborador do Instituto de Estudos Medievais (Universidade
Nova de Lisboa) e foi Vice-­Presidente da Associação Portuguesa
de Historiadores da Arte entre 2009 e 2011. Tem colaborado
com diversas instituições (IPPAR/IGESPAR, onde trabalhou entre 2001 e 2007, DGEMN, Fundação Mário
Soares, Diário de Notícias, Círculo de Leitores, Câmaras Municipais de Alcochete, Cascais e Montijo,
Patriarcado de Lisboa, Associação dos Arqueólogos Portugueses, de que foi secretário da Direcção entre
2003 e 2011) e integrado vários projetos de investigação (Estudo monográfico do edifício da Sé-­Catedral
de Lisboa –­protocolo entre o IPPAR, o Instituto Superior Técnico e a Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa; Arqueología de la Arquitectura altomedieval en Extremadura, Asturias e Portugal ou La circulación
de modelos arquitectónicos y escultóricos en el Alto Medievo Peninsular: Escalada, Mazote e Bobastro – estes
últimos coordenados por investigadores do Consejo Superior de Investigación Científica de Madrid).
A sua investigação tem-­se centrado preferencialmente na arte da Alta Idade Média e arte românica, temas
sobre os quais tem publicado cerca de 50 títulos, em livros, revistas da especialidade e em atas de congressos. É autor do livro Caminhos de Santiago (2014), editado pelo Turismo de Portugal e pelo Secretariado
Nacional para os Bens Culturais da Igreja, e coordenador do número temático Os Tempos das Catedrais,
a editar em 2015 pela revista Invenire.
Paulo Almeida Fernandes was born in Lisbon in 1974. He graduated in History, specialising in the History
of Art, from the Faculty of Letters, the University of Lisbon, in 1997, the institution where he also defended
his Master’s Degree dissertation in 2002 entitled ‘The Pre-Romanesque Church of São Pedro de Lourosa.
He is currently completing his doctoral degree in the History of Art, at the Faculty of Letters, the University
of Coimbra. He is a full member of the Centre of Archaeology, Heritage Arts and Science Studies (University
of Coimbra), collaborator of the Institute of Medieval Studies (Nova University of Lisbon) and was Vice-President of the Portuguese Association of Historians of Art between 2009 and 2011. He has served a number
of institutions (IPPAR/IGESPAR, where he worked between 2001 and 2007, DGEMN, the Mário Soares Foundation, Diário de Notícias, Círculo de Leitores, the Municipal Councils of Alcochete, Cascais and Montijo, the
Patriarch of Lisbon, the Association of Portuguese Archaeologists, where he was secretary to the board between
2003 and 2011) and has participated in various research projects (Monographic studies of the Lisbon Se-Cathedral building – a protocol between IPPAR, the Higher Technical Institute of Lisbon and the Faculty of Letters,
the University of Lisbon; Arqueología de la Arquitectura Altomedieval en Extremadura, Asturias e Portugal
and La Circulación de Modelos Arquitectónicos y Escultóricos en el Alto Medievo Peninsular: Escalada, Mazote
e Bobastro – with the latter coordinated by researchers at the Madrid Consejo Superior de Investigación Científica). His research has tended to specialise around the art of the High Middle Ages and Romanesque art, themes
on which he has published around 50 titles, books, specialist journals and congress minutes. He is the author
of the book Caminhos de Santiago (2014), published by Portugal Tourism and by the National Secretariat
for the Cultural Assets of the Church as well as editing a thematic edition Os Tempos das Catedrais, due for
publication in 2015 by the Invenire magazine.
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Conferência Prof. Manuel Pedro Ferreira