UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A FORMAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E O EXERCÍCIO DO
CARGO DE DIRETOR ESCOLAR
Por: Ester Ferreira Borges
Orientador
Prof. Antônio Fernando Vieira Ney
Simolândia
2008
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A FORMAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E O EXERCÍCIO DO
CARGO DE DIRETOR ESCOLAR
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Supervisão Escolar.
Por: Ester Ferreira Borges
AGRADECIMENTOS
À Deus pela vida, à minha família, aos
amigos e colegas de trabalho pelo apoio e
colaboração na realização desta monografia.
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia às pessoas que de
uma forma ou de outra contribuíram para a sua
realização,
bem
como
para
o
meu
enriquecimento profissional. Entre elas a minha
família e a minha filha Paula Estéfany que é a
alegria do meu lar.
RESUMO
O presente trabalho procurou analisar se a formação em Supervisão Escolar
auxilia o trabalho do diretor de escola ou não. Esta questão surgiu em função de
minha vivência, como dirigente da Escola Municipal Jardim Brasil e atualmente
exercendo a função de Secretária de Educação. Em primeiro lugar, enfatizou-se a
escola e seu papel social nos tempos atuais e consequentemente o corpo docente e
discente neste contexto. Após, realizou-se uma análise sobre a administração
escolar na atualidade, caracterizando-se também a administração participativa e
democrática, bem como as funções do diretor e os desafios deste na atualidade. A
supervisão Escolar foi abordada foi abordada através de suas atribuições
considerações a respeito da função, ressaltando a importância deste profissional
para o desenvolvimento de um projeto pedagógico de qualidade. A seguir, fiz
referência à relação entre a administração e supervisão escolar, ressaltando que é
essencial o trabalho em conjunto, a união em prol da qualidade na educação,
visando à função primordial da escola: ensinar buscando meios para o sucesso
atingir a todos os alunos, sem distinção. Neste momento, saliento que todas as
ações efetuadas na escola são essencialmente pedagógicas e administrativas ao
mesmo tempo, portanto, cabe tanto ao diretor como ao supervisor dominar
conhecimentos em ambas as áreas. Dessa forma poderemos sonhar com uma
escola democrática, organizada e com competência pedagógica. Foi realizada
também uma pesquisa de campo, com o propósito de analisar a vivência de
diretores de escolas públicas especialistas em Supervisão Escolar ou não. Dessa
pesquisa foram levantados dados para fundamentar a conclusão do trabalho,
chegando-se a uma resposta à questão inicial. Conclui-se enfim, que a formação em
Supervisão escolar embasa o trabalho do diretor de escola através da teoria e da
experiência deste como supervisor.
Palavras-Chave: Supervisão escolar, administração, escola, relação pedagógicoadministrativo
METODOLOGIA
Este trabalho será pautado nos seguintes fatores: o papel social da escola
nos dias atuais, bem como a relação entre a administração e a supervisão escolar.
Esses fatores serão analisados por meio de pesquisa em livros, revistas, observação
no meu ambiente de trabalho entrevista com os diretores das escolas estaduais e
municipais do município de Simolândia; estes atuarão como fontes do meu objeto e
estudo que será desenvolvido por meio da observação direta e análise sobre a
administração escolar na atualidade. Dessa forma, buscarei também subsídios nas
obras de alguns autores como: Beatriz Lacerda, Heloísa Lück, Gabriel Chalita,
Antonia Medina, Afrânio Catani entre outros que me subsidiarão para maior
enriquecimento da monografia.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 07
CAPÍTULO I - A Escola e seu papel social nos tempos atuais.............................. 09
1.1-
Corpo docente e discente no contexto atual ................................................11
CAPÍTULO II - A administração escolar na atualidade ...........................................14
2.2- Administração participativa ou democrática ....................................................16
CAPÍTULO III – A supervisão educacional ........................................................... 19
CAPÍTULO IV – Relação entre a administração e supervisão escolar ....................24
CAPÍTULO V – Pesquisa Realizada........................................................................27
CONCLUSÃO ........................................................................................................ 31
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 33
ANEXOS ................................................................................................................ 35
FOLHA DE AVALIAÇÃO .......................................................................................37
7
INTRODUÇÃO
Atualmente, a escola é vista como uma organização social, cultural e humana,
onde cada segmento tem seu papel definido num processo de participação efetiva
para o desenvolvimento dos projetos a serem executados.
A equipe diretiva, coordenada pelo diretor da escola, é responsável pela
administração, coordenação e organização do espaço escolar, dos segmentos que
compõem a escola e da construção do conhecimento no processo de aprender.
Cabe
a
Supervisão
Escolar
assistir
o
professor,
dinamizar
a
operacionalização do método educativo na escola, coordenando-o, com o sentido de
promover a melhoria do ensino-aprendizagem.
A Supervisão Escolar e a equipe diretiva precisam unir-se em prol de uma
educação de qualidade, desenvolvendo um trabalho conjunto, imbuídos da intenção
pedagógico-administrativa.
Com base nestas considerações, e através de minha vivência como diretora
da escola municipal de Ensino Fundamental Jardim Brasil surgiu à questão: a
formação em Supervisão Escolar traz benefícios ou não no exercício de direção de
escola?
O propósito desta monografia é desenvolver este tema analisando a vivência
de diretores de escolas públicas, graduados em Supervisão Escolar ou em outras
áreas da educação, estabelecendo-se comparação entre essas, com a finalidade de
divulgar, ampliar e avançar nas reflexões que fazemos para a construção de uma
escola pública de qualidade.
O trabalho divide-se em momentos, sendo que o primeiro capítulo será
abordado o papel social da escola nos tempos atuais, analisando o que a sociedade
espera da escola de hoje e quais desafios são enfrentados por esta escola. Neste
capítulo também serão descritas características do corpo docente e discente no
contexto atual, verificando-se as mudanças necessárias nestes atores para o
cenário educacional que se apresenta.
O capítulo seguinte descreverá a administração escolar na atualidade,
relacionando suas perspectivas, desafios e atribuições. Também será abordada a
8
administração participativa, através de suas características e seu papel para o
sucesso da escola.
O terceiro capítulo tratará da Supervisão escolar, suas atribuições e seu papel
na escola atual, como articuladora do processo ensino-aprendizagem.
A seguir será descrita a relação entre a administração e a supervisão escolar,
mostrando como estas funções integram-se ao processo educativo.
Encerrando este trabalho, o último capítulo apresentará a metodologia usada
que será uma pesquisa descritiva, de análise quali-quantitativa, aplicada com
diretores de escolas e com os resultados obtidos e analisados, inovar a prática
pedagógica, tornando o espaço escolar num lugar de prazer e saber e o supervisor
como um semeador neste espaço.
9
A ESCOLA E SEU PAPEL SOCIAL NOS TEMPOS ATUAIS
A missão da escola, nos tempos atuais e de acordo com a legislação em vigor
é promover o pleno desenvolvimento do aluno, preparando-o para a cidadania e
qualificando-o para o trabalho.
Visando refletir sobre a função social da escola, devemos considerar que esta
hoje, situa-se entre a tradição e a modernidade, entre o acesso aberto e todas as
fontes de informação e conhecimento e a absoluta falta de condições primárias de
estudos em periferias pobres; entre o social e o individual; entre as perspectivas de
longo prazo e as necessidades imediatas; a competição e a igualdade de
oportunidades; a economia globalizada e a valorização da micro-produção e por fim
entre o universal e o local.
Assim como a sociedade vive uma crise de paradigmas, com aspectos
modernistas e pós-modernistas, a escola está atendendo alunos de diferentes
tempos culturais, convivendo com a coexistência de características ora modernas,
ora pós- modernas. Para realizar essa transição histórica, a escola deve estar aberta
a pontos como: multiculturalismo, diversidade, autonomia, conteúdos significativos,
unidade entre história e sujeito e visão de mundo abrangente.
“Há a necessidade de a escola repensar profundamente sua organização, sua
gestão, sua maneira de definir os tempos, os espaços, os meios e a forma de
ensinar – ou seja, o seu jeito de fazer escola! É hora de jogar fora as roupas
velhas e tornar vestir a escola, a partir da essência – sua função social – que
permanece: ensinar bem e preparar os indivíduos para exercer a cidadania e o
trabalho no contexto de uma sociedade complexa, enquanto se realizam como
pessoas. Penin & Vieira (2002, p. 26)
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96,
proporciona aberturas para a escola redefinir suas estruturas, seu projeto
pedagógico, seu papel na atualidade. Para tanto, não basta somente o estudo sobre
novas propostas de organização, gestão e avaliação; é acima de tudo, a esperança
em uma escola diferente e a vontade de mudar o que é preciso. È necessário o
entendimento de que a escola tem que evoluir dentro de suas possibilidades e
10
necessidades e para tanto o trabalho coletivo, a participação da
comunidade
escolar torna-se de externo valor, pois constituem a “voz da escola”, o termômetro
que avaliará o que é preciso mudar ou não.
Dando continuidade ao pensamento de Penin & Vieira (2002, p.26):
A escola ainda é a porta de entrada da maioria da população para o acesso
ao mundo do conhecimento, pois vivemos um período no qual a informação
está a um só tempo disponível como nunca esteve e, contraditoriamente,
inacessível a grande parcela da nossa população.
Neste contexto, a escola tem que tornar-se significativa. O ato educativo deve
ter como meta a aplicação, a utilidade do que se aprender, a relação dos conteúdos
com a realidade. A escola deve preocupar-se com a formação da consciência crítica,
para isso deve investir em novos conteúdos, métodos, espaços, atores pedagógicos
e formas de avaliação. Em todas estas inovações, o aluno deve ser ouvido e seu
espaço de participação ampliado, pois a escola não pode esquecer que a
aprendizagem do aluno é seu único objetivo.
Kuenzer (2003, p. 49) afirma:
A escola deverá propiciar a apropriação do conhecimento por meio da articulação
com seu lócus de produção: o mundo das relações sociais e produtivas. Esta
articulação é a nova função do professor, que não mais ensina por meio de
relações interpessoais com os alunos, mas estabelece a mediação entre eles e a
ciência no seu acontecendo, na práxis social e produtiva, gerenciando, portanto,
o processo de aprender.
Dessa forma, a proposta de educação atual, exige que a escola desenvolva
integralmente a personalidade do aluno, explore todos seus talentos, sejam eles na
área da memória, raciocínio, imaginação, capacidade física, no sentido de estética
ou na facilidade de comunicar-se com os outros.
Num mundo em processo de globalização, novas demandas colocam-se para
a escola e para aqueles que participam de sua gestão. Novos pilares para a
educação no século XXI se firmam: aprender a conhecer, aprender a fazer,
aprender a conviver e aprender a ser – para falar apenas de algumas das
11
múltiplas aprendizagens necessárias a um mundo sob o signo da mudança. (
PENIN & VIEIRA, 2002, p. 43).
As novidades provenientes dessa nova visão de escola exigem também um
novo perfil de professor que deve estar preparado para atender as necessidades do
aluno que está chegando as nossas escolas, atualmente. Faz-se necessário analisar
o papel destas duas peças-chave do processo ensino-aprendizagem: o professor e o
aluno.
1.1 Corpo docente e discente no contexto atual
O contexto atual da educação exige um repensar da prática docente. Os
professores devem ter consciência que o conhecimento hoje não se encontra
somente na escola. Portanto, na sua prática uma prioridade deve proporcionar aos
alunos meios para buscar o conhecimento.
Antes, ao professor cabia apenas transmitir o conhecimento de forma pronta e
acabada. Agora, se espera que ele seja o mediador entre os alunos e o
conhecimento, facilitando a aprendizagem. Seu principal papel é, pois, o de
orientar
e
guiar
as
atividades
dos
alunos,
levando-os
a
aprender,
progressivamente, os conteúdos escolares, compreendendo seu significado e
importância. (DAVIS & GROSBAUM, 2002, p. 81-82).
O professor atual não pode querer ser dono das verdades absolutas. Deve
modificar sua postura frente aos questionamentos realizados pelo aluno, que hoje, é
visto como um ser que contribui para a aprendizagem de forma ativa, selecionando,
assimilando, interpretando e generalizando informações acerca de seu meio físico e
social.
A visão atual de aluno é a de ser crítico, participativo, ativo, que questiona os
fatos e que precisa ser motivado para aprender. A aprendizagem precisa ser
significativa, vinculada à vida do aluno e relacionada a conhecimentos anteriores. É
também importante considerar a história de vida
e o autoconceito do aluno no
processo de ensino.
A escola deve analisar as necessidades educativas do aluno, da sua
comunidade e atendê-los dentro de suas possibilidades e também trabalhar com o
auto-conceito deste aluno, levando-o a acreditar em si mesmo e a querer aprender.
12
Dando continuidade ao pensamento de DAVIS & GROSBAUM (2002, p. 86).
É importante que os docentes construam nos alunos, confiança em sua
capacidade de aprender e expectativas elevadas quanto ao próprio desempenho.
Para isso compete começar o trabalho um pouco além daquilo que o aluno já
consegue compreender e/ou realizar, deixando claro que ele vai contar com
ajuda para realizar a tarefa. Não vale comparar alunos entre si. Cada um é cada
um e todos podem progredir com o auxílio do professor, se ele conseguir lhes
mostrar a importância da aprendizagem.
O aluno tem que ser desafiado a aprender, através de atividades motivadoras
e instigantes. O professor precisa também ensinar que aprender exige persistência,
concentração erros e tentativas. E também o aluno deve ser envolvido pela escola e
cativado pelo professor. Vários autores reforçam a idéia de que é a qualidade do
relacionamento professor-aluno que torna o processo educativo e a escola
significados para o educando.
Em síntese, a eficácia do processo educativo centra-se no professor: seus
conhecimentos, suas habilidades e suas habilidades e suas atitudes em relação
ao aluno a quem devem motivar. Torna-se, pois, de vital importância promover,
antes de mais nada, o desenvolvimento desse professor, orientá-lo e assisti-lo na
promoção de um ambiente escolar e processo educativo significativos para o
educando. Mudanças curriculares, inovação de métodos e técnicas de ensino ou
do próprio currículo não tornarão por si só, o processo ensino-aprendizagem
repentinamente eficazes. Se este tiver que ser melhorado, terá que ser a partir
dos
professores, do
desenvolvimento
de
suas
atitudes, habilidades
e
conhecimentos a respeito das mudanças e inovações necessárias. (LUCK, 2003,
p. 15).
O professor é elemento principal para o aprendizado do aluno, mas o bom
resultado deste aprendizado dependerá da forma como o professor vê este aluno e
de seu interesse em ajudá-lo, até que este adquirir autonomia e segurança na
apropriação do novo conhecimento.
Mesmo num momento histórico onde a escola parece viver uma fase de
redefinição de papéis, inclusive o seu próprio e o de todos que nela interagem, a
figura do professor assume maior importância, pois, apesar de saber-se que o
conhecimento rompeu as barreiras da escola e está em todo o lugar, há a
13
necessidade do articulador, do mediador, da pessoa que contribuiu ativamente para
aproximar os alunos do conhecimento e dar-lhes as ferramentas para fazer uso
deste.
A interação entre professores e alunos em torno do conhecimento, que
constitui a dinâmica da sala de aula, decorre da forma como o professor vê o
processo de ensino e de aprendizagem. A compreensão de que os alunos não
são pessoas a serem moldadas pelo professor – mas selecionam, assimilam e
processam
as
informações,
conferindo-lhes
significado
e
construindo
conhecimentos – muda radicalmente a concepção de aprendizado. Só que
nossos alunos não constroem sozinhos seus conhecimentos: isso depende da
interação mantida com professores e colegas (DAVIS & GROSBAUM, 2002 p.
99).
Enfim, a aprendizagem se traduz em uma troca de experiências,
conhecimentos, onde o aluno aprende com o professor e este aprende com o aluno,
num constante movimento de transformação das realidades existentes.
14
A ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NA ATUALIDADE
A administração de uma escola compete à equipe diretiva, geralmente
formada pela pessoa do diretor, vice-diretor, supervisor escolar, orientador e
Conselho Escolar (existente na rede estadual de ensino a partir do ano de 1995).
“A administração escolar é ramo da Ciência Administração, tendo como objeto
próprio o estudo dos métodos e processos mais eficientes e práticos de se
organizar e administrar um sistema escolar ou uma escola, em ordem aos ideais
e objetivos visados pelo trabalho educativo”. (BELLO apud LACERDA, 1977, p.
14).
A principal preocupação da administração escolar, atualmente, deve ser
educar para a vida. O objetivo principal deve se formar a personalidade, dando ao
aluno o domínio de si mesmo, hábitos sadios, consciência de seus deveres e
direitos, integrando-o no meio social em que irá viver; enfim, formar-lhe o caráter.
O momento atual no mundo, caracterizado por crises de paradigmas,
contraste entre modernidade e pós-modernidade, exigem da educação novas
compreensões, novos conceitos, categorias e interpretações. Uma das tarefas mais
urgentes para os administradores da educação é pensar em formas de intervenção e
construção de conhecimento que possibilitem o enfrentamento dos desafios da
atualidade.
Os desafios da atualidade exigem a formação de uma consciência crítica da
comunidade escolar (pais, alunos, professores e funcionários). Esta comunidade
pode exercitar sua participação no âmbito da escola, auxiliando a equipe diretiva na
administração desta. Para tanto, cabe à direção proporcionar momentos para que
exista a efetivação desta participação.
...saliento a importância da direção que se constrói e legitima na participação, no
exercício da democracia e na competência da construção coletiva do projeto
político pedagógico, por meio de uma prática de gestão comprometida com a
formação de homens e mulheres brasileiros/as fortes intelectualmente, ajustados
emocionalmente e capazes tecnicamente (FERREIRA, 2003, p. 10).
15
O papel da escola hoje é o de formar pessoas fortalecidas por seu
conhecimento, orgulhosas de seu saber, emocionalmente corretas, capazes de autocrítica, solidárias com o mundo exterior e capacitadas tecnicamente para enfrentar o
mundo do trabalho e da realização profissional.
Neste contexto, o diretor de escola é o principal responsável pela execução
eficaz da política educacional. É sua função também, coordenar e orientar todos os
esforços no sentido de que a escola, como um todo, produza os melhores resultados
possíveis no sentido de atendimento às necessidades dos educandos e promoção
do seu desenvolvimento.
O centro de atenção máxima da escola deve ser o aluno, a escola existe em
função dele, e, portanto, para ele. A sua organização, em qualquer de seus
aspectos, deve ter em vista a consideração do fim precípuo a que a escola se
destina: a criação de condições e de situações favoráveis ao bem estar
emocional do educando, e o seu desenvolvimento em todos os sentidos:
cognitivo, psicomotor e afetivo, a fim de que o mesmo adquira habilidades,
conhecimentos e atitudes que lhes permitam fazer face às necessidades vitais e
existenciais. (LÜCK, 2003, p. 63).
Cabe ao diretor da escola proporcionar espaços para que os setores
educacionais (supervisão, orientação, biblioteca e outros) desenvolvam seus
projetos em prol da aprendizagem do aluno. Todos os segmentos devem unir-se e
ter um objetivo comum: o desenvolvimento integral de todos os alunos, o sucesso da
escola, pois este será medido pelo desempenho dos educandos. Este sucesso
depende da participação de toda a equipe e sobretudo do diretor. É dele a
responsabilidade de trabalhar com os professores a concepção de que escola
desejam implementar, como definirá o projeto político pedagógico, as formas de
avaliação, de maneira a promover a aprendizagem contínua dos alunos.
Chalita (2001, p. 189) afirma:
O papel de diretor é o líder. Tudo ficará mais fácil se ele permitir uma
participação democrática dos outros sujeitos da educação nas tomadas de
decisão,
entretanto
é
importante
que
se
lembre:
poder
se
delega,
responsabilidade não.
Neste contexto, o diretor da escola atual deve inteirar-se de todos os
processos desencadeados no interior do espaço educativo e perceber que a escola
16
que se deseja construir aponta para a valorização do pedagógico. Ele é o centro de
todo o trabalho da escola, é a razão de existir da escola e neste sentido a ação
administrativo-financeira deve acontecer como suporte necessário para acontecerem
a produção e a construção do conhecimento.
Para dirigir esta escola, Chalita (2001, p. 190) complementa: “O novo conceito
de gestor é o daquele que vai até os seus companheiros e interage, e observa, e
resolve, e participa, e constrói”.
2.1 Administração Participativa ou democrática
A sociedade atual precisa de uma escola democrática, organizada, com
identidade social, atualizada, aberta, crítica e eficiente na educação. À frente desta
escola se faz necessário um diretor com visão pedagógica e educacional;
comprometido com a melhoria do processo educativo; que faça dos aspectos
pedagógicos questões prioritárias na sua administração; lute pela qualidade do
ensino e do currículo e proporcione discussões sobre educação e realidade. Um
diretor com gestão participativa, que não permaneça fechado em sua sala, que seja
aberto ao diálogo com todos os segmentos, que valorize as iniciativas e trabalhos da
comunidade escolar, que incentive a participação, entrosamento e harmonia dos
diversos setores envolvidos no processo educacional.
[...] a gestão democrática é conhecida como processo de aprendizado e de luta
política que não se circunscreve aos limites da prática educativa mas vislumbra,
nas especificidades dessa prática social e de sua relativa autonomia, a
possibilidade de criação de canais de efetiva participação e de aprendizado do
“jogo” democrático e , consequentemente, de repensar as estruturas de poder
autoritário que permeiam as relações sociais e, no seio dessas, as práticas
educativas (DOURADO, 2003, p. 79).
Nas escolas públicas estaduais conseguiram a implantação de órgãos
colegiados, os conselhos Escolares, que tem como atribuições: as questões
pedagógicas,
administrativas
e
financeiras.
Sua
competência
fiscalizadora,
consultiva e deliberativa se compromete com a totalidade da vida da escola. Tais
17
conselhos são compostos por representações de todos os segmentos da escola que
devem ter seus espaços de participação garantidos.
A participação na administração da escola está, pelo menos teoricamente,
garantida por meio do funcionamento do conselho escolar, cuja forma atual é
resultado de uma longa e dura luta política [...] com o sentido de dotar a escola
de autonomia para poder elaborar e executar seu projeto educativo (GUTIERREZ
& CATANI, 2003, p. 69).
A gestão democrática implica na participação intensa e constantes dos
diferentes segmentos sociais nos processos decisórios, no compartilhar as
responsabilidades, na articulação de interesses, nas transparências das ações, em
mobilização e compromisso social, em controle coletivo.
Cada escola precisa construir sua gestão democrática, estimulando a
participação dos segmentos, abrindo espaços para estes, mostrando-lhes a
importância deste processo democrático para a busca de uma escola de qualidade.
Lück (2003, p. 17) afirma que o diretor assume uma série de funções, tanto da
natureza administrativa, quanto pedagógica. Do ponto de vista administrativo,
compete-lhe, por exemplo:
Ø Organização e articulação de todas as unidades componentes da escola;
Ø Controle dos aspectos materiais e financeiros da escola;
Ø Articulação e controle dos recursos humanos;
Ø Articulação escola-comunidade;
Ø Articulação da escola com o nível superior de administração do sistema
educacional;
Ø Formulação de normas, regulamentos e adoção de medidas condizentes com
os objetivos e princípios propostos;
Ø Supervisão e orientação a todos aqueles a quem são delegados
responsabilidades.
Do ponto de vista pedagógico, é de sua alçada, por exemplo, a:
Ø Dinamização e assistência aos membros da escola para que promovam
ações condizentes com os objetivos e princípios educacionais propostos;
Ø Liderança e inspiração no sentido de enriquecimento desses objetivos e
princípios;
18
Ø Promoção de um sistema de ação integrada e cooperativa;
Ø Manutenção de um processo de comunicação claro e aberto entre os
membros da escola e entre a escola e a comunidade;
Ø Estimulação à inovação e melhoria do processo educacional.
Dando continuidade ao pensamento de Lück, o diretor deve relacionar o
administrativo e o pedagógico a fim de coordenar sua equipe com clareza em suas
ações. Davis & Grosbaum (2002, p. 89) complementam sua idéia:
A presença de liderança, de coordenação, é indispensável na vida de uma
equipe; alguém que tenha uma visão global da situação e que saiba onde se quer
chegar, incentivando o grupo a pensar e a “por a mão na massa” para executar o
que for previsto; que aponte a direção do trabalho, apoiando o grupo durante sua
execução e levando cada um a superar suas dificuldades. Essa pessoa será o
mobilizador do trabalho coletivo, o articulador do processo de elaboração e
desenvolvimento do projeto pedagógico da escola.
Este é o perfil de um diretor numa administração democrática, participativa,
na escola que desejamos; um diretor diretamente envolvido com o processo em
busca da qualidade de ensino, que assume o papel de coordenador ou articulador,
identificando-se com o grupo.
19
A SUPERVISÃO ESCOLAR
A Supervisão Escolar é responsável pela articulação da prática pedagógica,
buscando a construção do planejamento curricular, coordenando o processo
pedagógico da escola, adequando a aprendizagem às exigências da sociedade.
“Se entende a supervisão como a ação de velar sobre alguma coisa ou sobre
alguém a fim de assegurar a regularidade de seu funcionamento ou de seu
comportamento (FOULQUIÉ, 1971:452) vê-se que mesmo nas comunidades
primitivas, onde a educação se dava de forma difusa e indiferenciada, estava
presente a função supervisora.” (SAVIANI 2002, p.14)
Pode-se dizer que a ação supervisora acompanha a ação educativa desde
suas origens, mais ao longo dos anos, suas atribuições modificaram-se. Da função
fiscalizadora, de inspeção e controle, muito pouco ainda é usado, pois o que hoje é
valorizado nesta profissão é o caráter pedagógico, o assessoramento, a melhoria do
desempenho do professor, visando à qualidade do processo ensino-aprendizagem.
Esta é a nova dimensão do trabalho do supervisor educacional, atuar no sentido
pedagógico e não técnico da educação.
A supervisão assim concebida vai muito além de um trabalho meramente
técnico-pedagógico, como é entendido com freqüência, uma vez que, implica
uma ação planejada e organizadas a partir de objetivos muito claros, assumidos
por todo o pessoal escolar, com vistas ao fortalecimento do grupo e o seu
posicionamento responsável frente ao trabalho educativo. Nesse sentido, a
supervisão deixa de ser apenas um recurso meramente técnico para se tornar um
fator político, passando a se preocupar com os sentidos e os efeitos da ação que
desencadeia mais que com os resultados imediatos do trabalho escolar
(ALONSO, 2002, p. 175).
O supervisor atual deve ser pesquisador do cotidiano escolar para realmente
realizar um trabalho que faça sentido, que ressignifique. Seu trabalho deve basearse na observação das realidades existentes na escola. Medina (2002, p. 51) reafirma
esta idéia;
20
Para que tudo isso seja possível, é indispensável a ação de um profissional
que, além de possuir competência teórica, técnica humana, política, disponha de
tempo necessário para tornar possível a relação entre vivencias dos alunos fora
da escola e o trabalho do ensinar e do aprender na escola. Esse profissional é o
supervisor que define sua função pedagógica quando contribui para a melhoria
do processo de ensinar e aprender por meio de ações que articulam as
demandas dos professores com os conteúdos e as disciplinas.
Além de possibilitar a relação da bagagem que o aluno traz com a
aprendizagem, o supervisor deve fazer-se conhecer pela comunidade escolar. A
comunidade precisa inteirar-se de sua função, para saber o que esperar dele, para
poder contar com sua ajuda.
O projeto de Lei nº 4.412/01 que visa regulamentar o exercício da profissão
do supervisor escolar aponta como atribuição deste profissional:
Ø A coordenação do processo de construção coletiva e execução da proposta
pedagógica dos planos de estudos e dos regimentos escolares;
Ø Investigar, diagnosticar, planejar, implementar e avaliar o currículo em
integração com outros profissionais da educação e integrantes da
comunidades;
Ø Supervisionar o cumprimento dos dias letivos e horas/aula estabelecidos
legalmente;
Ø Velar
pelo
cumprimento
do
plano
de
trabalho
do
docente
nos
estabelecimentos de ensino;
Ø Assegurar processo de avaliação da aprendizagem escolar e a recuperação
dos alunos com menor rendimento, em colaboração com todos os segmentos
da comunidade Escolar, objetivando a definição de prioridades e a melhoria
da qualidade de ensino;
Ø Promover atividades de estudo e pesquisa na área educacional, estimulando
o espírito de investigação e a criatividade dos profissionais de educação;
Ø Emitir parecer concernente à Supervisão Educacional;
Ø Acompanhar estágios no campo da Supervisão Educacional;
Ø Planejar e coordenar atividades de atualização no campo educacional;
Ø Propiciar condições para a formação permanente dos educadores em serviço;
21
Ø Promover ações que objetivem a articulação dos educadores com as famílias
e a comunidade, criando processos de integração com a escola;
Ø Assessorar os sistemas educacionais e instituições públicas e privadas nos
aspectos concernentes à ação pedagógica.
Além destas atribuições explicitadas em lei, Medina (2002, p. 87) nos aponta as
propostas para uma ação supervisora renovadas:
Ø Explicitar as contradições, trabalhando o conflito com o objetivo de
estabelecer relações de trabalho no grupo da escola;
Ø Trabalhar as diferenças;
Ø Trabalhar, procurando criar demandas;
Ø Fazer a leitura da escola, considerando sua singularidade;
Ø Criar formas próprias de conhecimento;
Ø Enfatizar a produção do professor no interior da escola, num movimento de
ensinar e aprender ou aprender e ensinar;
Ø Ser um problematizador;
Ø Ter o conhecimento como um dado relativo;
Ø Ver na Proposta pedagógica uma possibilidade de reconstrução da escola;
Ø Expressar com clareza o comportamento;
Ø Trabalhar, tendo em vista o sentido da vida humana.
A Supervisão Educacional, no contexto atual, precisa analisar as propostas
de renovação, buscar sentido para estar em sua realidade escolar, visando a
melhoria do processo ensino-aprendizagem.
O trabalho dos profissionais da educação – em especial da
supervisão educacional – é traduzir o novo processo pedagógico em curso na
sociedade mundial, elucidar a quem ele serve explicitar suas contradições e, com
base nas condições concretas dadas, promover necessárias articulações para
construir alternativas que ponham a educação serviço do desenvolvimento de
relações verdadeiramente democráticas (FERREIRA apud Rangel, 2002, p. 9)
22
Para desenvolver o trabalho idealizado por Ferreira, o supervisor precisa ser
um constante pesquisador, é necessário que ele antecipe conhecimento para o
grupo de professores, lendo muito, não só sobre conteúdos específicos, mas
também livros e diferentes jornais e revistas.
Entre as tarefas do supervisor estão ajudar a elaboração e aplicar o projeto da
escola, dar orientação em questões pedagógicas e principalmente, atuar na
formação contínua dos professores. O supervisor faz a transposição da teoria para a
prática escolar, reflete sobre o trabalho em sala de aula, estuda e usa as teorias
para fundamentar o fazer e o pensar dos docentes.
Um bom supervisor deve apresentar em seu perfil as seguintes
características:
produtivo,
interessado,
auxiliador,
apoiador,
orientador,
inovador,
colaborador,
dinâmico,
integrado,
seguro,
acessível,
cooperativo,
incentivador,
eficiente,
facilitador,
atencioso,
capaz,
criativo,
atualizado,
com
conhecimento e amigo.
Além disso, o trabalho de supervisão é uma atuação de grupo que
acontece com os professores e demais setores da escola, especialmente o de
Orientação Educacional (SOE). Por ser grupal, o trabalho exige o exercício
constante do pensar, do descobrir e do saber o modo de avançar nas ações e
também o de recuar. Esse trabalho requer estudo, dedicação e se constrói no
fazer diário da escola (por isso, nunca se sabe como fazê – lo, ‘não tem receita’),
o que permite olhá – lo de diversas maneiras (lados). Em suma, caracteriza – se
como um trabalho administrativo – burocrático que transcende o conhecimento
puro e simples da sala de aula (só o conhecimento discente não é suficiente para
ser supervisor) (MEDINA, 2002, p. 102).
O conhecimento, a pratica de sala de aula fundamenta o trabalho do supervisor, mas
só isto não basta como diz Medina, porém o supervisor será sempre professor em
primeiro lugar. Alguns atores usam a expressão “professor supervisor” para tratar a
figura deste especialista, a firmando que o supervisor que tem esta visão sobre sua
23
função, aproxima – se mais do grupo de professores com os quais trabalha,
buscando a interação, a troca entre os pares.
O supervisor que tiver como ponto de partida e de chegada o
pensamento de que a escola, como instituição social, precisa ser pensada
dialeticamente cria um espaço novo e diferente daquele que, historicamente, foi
ocupado e que se caracterizou pelo controle e também, como refugio
burocrático... (MEDINA, 2002, p. 159).
Um supervisor que trabalhe dentro desta visão será capaz de junto com seu
grupo, transformar a realidade de sua escola, priorizando a aprendizagem do aluno,
pois este é seu objetivo de trabalho e para quem suas ações devem se voltar.
24
RELAÇÃO
ENTRE
ADMINISTRAÇÃO
E
SUPERVISÃO
ESCOLAR
O caráter pedagógico e o administrativo de uma instituição escolar estão
intimamente relacionados. O administrador está a serviço do pedagógico, pois a
função primordial da escola é a aprendizagem, o processo pedagógico.
“É necessário ponderar que, para atender as necessidades da escola, o
supervisor não pode abandonar, em momento algum, sua intenção pedagógica,
que está ligada ao instrumental para a transmissão do conhecimento, essência
da escola, este pedagógico, entretanto está diretamente associado, pode-se até
dizer dependente de uma organização de ensino, algo de caráter tipicamente
administrativo. Para cumprir o caráter pedagógico de sua função, creio que o
supervisor necessita de um vasto conhecimento da Administração Escolar, no
sentido de dominar critérios de organização da instituição escolar, para garantir
seu bom funcionamento pedagógico.” RAPHAEL 2003, p.20)
Neste contexto, é importante que o diretor também conheça os princípios da
Supervisão Escolar, pois segundo as tendências atuais da escola, nenhuma ação é
somente administrativa ou pedagógica. Qualquer ato pedagógico reflete no
administrativo e vice-versa. Uma situação onde o professor recebe a sala de aula
suja no início de seu turno repercutirá em sua motivação para desenvolver seu
trabalho com os alunos.
Dando continuidade ao pensamento de Raphael (2003, p. 20), pode – se
afirmar que o pedagógico e o administrativo devem funcionar harmonicamente.
[...] É o bom funcionamento de cada uma das células que garante o
funcionamento orgânico do sistema. É desse enfoque de organização do sistema
que emana a possibilidade de uma escola democrática, organizada, com
competência pedagógica, adequada aos fins a que se propõe e á clientela que
dela necessita.
25
É essa a concepção de escola que espera-se para os tempos atuais. Uma
escola que desenvolva a criatividade estabeleça conexões, alie a teoria e a prática.
Até os anos oitenta, as ações escolares eram distintas, as funções
administrativas eram de responsabilidade única do diretor e os atos pedagógicos
diziam respeito apenas á Supervisão Educacional.
Os tempos agora são outros, o corpo docente da escola atual é outro e os
alunos também modificaram – se ao longo desses vinte anos.
Nessa visão atual da educação, Quaglio (2003, p. 52) afirma:
Dentro
dessa
linha
de
‘intelectuais
transformadores’,
os
administradores e os supervisores, visando melhor organização e funcionamento
da educação brasileira, têm um trabalho fundamental, isto é, não podem se
preocupar em dar ao pessoal escolar e á comunidade uma simples assistência
técnica. Cabe-lhe ainda, e, sobretudo, uma participação mais ativa, que os levem
a inserir-se no processo de transformação, conscientizando principalmente os
educadores e a comunidade ao mesmo tempo em que se conscientizem. Isso
significa tomar consciência das implicações das próprias mudanças e estar alerta
para o significado total das mesmas, portanto, assumir as suas conseqüências e
lutar no sentido de efetivá-las. Mais do que técnicos frios e distantes, devem ser
profissionais que se comprometem e se inserem com os professores e a
comunidade na solução dos problemas educacionais.
O diretor de escola que tenha sólidos conhecimentos sobre administração e
supervisão, aliados a docência terá uma visão ampla e profunda de tais problemas
educacionais. É de um profissional assim que a escola atual necessita um
profissional aberto para as descobertas, em atitude de busca permanente, que tenha
o entendimento de que a ênfase do trabalho escolar deve estar no ensino e na
aprendizagem, subordinando o administrativo ao pedagógico.
Os administradores e supervisores têm de acreditar e ampliar o
dialogo, como uma estrutura fundamental de conhecimento em educação, aos
demais elementos dos sistemas educacionais. Assim sendo, a organização e o
26
funcionamento da educação brasileira tornar-se um encontro de pessoas que
buscam conhecer e implantar, por meio do diálogo, as medidas a serem
adotadas (QUAGLIO, 2003, p. 53).
Cabe aos diretores e supervisores ouvirem as vozes da escola,oportunizando-lhes
espaço para a comunicação dialógica. Estas considerações surgidas no diálogo
serão base para uma ação conjunta e cooperativa, que requer atitude de mudança,
disponibilidade e busca de novas soluções para a organização e funcionamento da
escola.
A função de diretores e supervisores será a de “facilitadores” das alterações
na educação brasileira, a de “instigadores” dos professores, para que estes se
transformem em verdadeiros sujeitos de mudança.
Há carência de administradores e supervisores com visões amplas e
profundas
sobre
os
problemas
educacionais
brasileiros,
que
implicam
obrigatoriamente vivência tanto no nível de docência como no de administração e
supervisão. São imprescindíveis profissionais comprometidos com a causa
educacional brasileira, que além de sólidos conhecimentos sobre administração e
supervisão, estejam abertos para as descobertas, isto é, longe de se
apresentarem prontos e acabados, tenha uma atitude de busca permanente.
(QUAGLIO, 2003, p. 57).
Relacionando-se a administração com a supervisão pode-se dizer que as
duas funções completam-se e são essenciais à escola. Nesta visão, um diretor que
possua formação em supervisão escolar poderá ser um profissional com uma visão
específica do aspecto pedagógico da escola.
Para levantar considerações da escola, foi realizada uma pesquisa de campo
com diretores de escola com formação em supervisão e em outras áreas. O capítulo
seguinte descreve esta pesquisa.
27
PESQUISA REALIZADA
O presente trabalho desenvolveu-se a partir da questão problematizadora: a
formação em supervisão escolar auxilia na direção de escola?
Foi realizada uma pesquisa de campo, de caráter descritivo, com perguntas
semi-abertas para os diretores das escolas estaduais e municipais do município de
Simolândia.
Os dados coletados foram analisados de forma quali-quantitativa, sendo
usada a análise crítico-descritiva dos gráficos.
Dos questionários respondidos pode-se analisar com o gráfico abaixo, a
formação dos diretores entrevistados.
Formação dos diretores entrevistados.
30%
30% Supervisão educacional.
70% Outros cursos da área da educação.
70 %
A pergunta seguinte referia se ao tempo em que o diretor exerce esta função.
Tempo de exercício na função do diretor.
23%
47% mais de 3 anos
47%
30%
3 anos
23%
menos de 2 anos
30%
Alguns diretores (23%) estão em seu primeiro ano de mandato, visto ter
havido eleição para diretor das escolas estaduais no ano de 2007.
28
Indagou-se dos diretores se estes já haviam exercido a função de Supervisor
Escolar e por quanto tempo.
Exercícios na função de supervisor educacional.
47%
53% Exerceram a função.
47% Não exerceram a função.
53%
Tempo de exercício na função de supervisor educacional.
12%
44% mais de 3 anos.
44%
44% 2 anos.
12% 1 ano.
44%
A pergunta seguinte da pesquisa questionou o que era aspecto administrativo
e aspecto pedagógico na concepção dos diretores.
Os diretores com formação em Supervisão Escolar consideram aspecto
administrativo como técnica de administrar uma escola, o comando do todo, o
andamento geral da escola e também como o conjunto de recursos humanos e
meios materiais que cumprem papel importante dentro das instituições escolares, no
fazer pedagógico.
Como aspectos pedagógicos consideram que é a atividade didática que
envolve conteúdo, avaliação, aprendizagem dentro do administrativo, envolvendo
alunos e professores.
Quanto aos diretores com formação em outras áreas educacionais, aspecto
administrativo é a organização, a tomada de decisões para o bom funcionamento de
todos os setores; é ter uma visão holística da escola, administrando em parceria
com o pedagógico, a parte burocrática, os aspectos materiais; é dinamizar e
coordenar o trabalho burocrático de acordo com a lei vigente, garantido o espaço
29
permanente de formação de ensino, onde as relações deverão estar calcadas nas
decisões democráticas não perdendo de vista a qualidade do ensino-aprendizagem.
Para estes diretores, aspecto pedagógico é como está se realizando a
aprendizagem, o que se está proporcionando ao aluno, para que produza bons
frutos; é o próprio funcionamento da escola, diretamente ligado ao trabalho com
professores e alunos apoiando e organizando o planejamento do professor, o
rendimento e dificuldades que por ventura ambos venham a encontrar, em
consonância com a proposta pedagógica da escola. Para eles, o aspecto
pedagógico visa coordenar o processo de formação pedagógica da escola, com
clareza da fundamentação teórica e estar comprometido com a construção e
reconstrução de conhecimento do educando, garantindo o planejamento didáticopedagógico entre os docentes para qualificar os processos de tomadas de decisões
referentes às práticas.
A última pergunta feita aos diretores foi: O que é prioritário para você, como
diretor de escola: o pedagógico ou o administrativo? Por quê?
Dos diretores com formação em Supervisão Escolar, 60% consideram
prioridade os dois aspectos, afirmando que estão relacionados, interligados, devem
andar juntos, pois a finalidade da escola é uma só: “educar”. Outros 40% dão
prioridade ao aspecto pedagógico, considerando este aspecto a alma da escola,
fazendo-a vibrar, dando movimento e ação na escola, família e comunidade.
Para os diretores com outra formação, 67% priorizam ambos os aspectos,
afirmando que, para que um trabalho seja desenvolvido com êxito é necessária a
integração de todos os setores, para a continuidade das ações e alcance dos
objetivos. O aspecto administrativo é considerado prioridade para 25% dos
entrevistados. Estes alegam saber lidar melhor com a parte administrativa. É,
apenas 8% dos diretores prioriza o aspecto pedagógico, dizendo que a escola tendo
um trabalho pedagógico bem construído, comprometido, fica bem mais fácil o diretor
administrar.
Analisando os resultados obtidos, pode-se concluir que os diretores com
formação em supervisão escolar valorizam mais o aspecto pedagógico, mas não
deixam de lado o aspecto administrativo. Com isso, priorizam a integração, a
cooperação entre os dois aspectos, situando-se na linha atual da educação que
afirma que nenhuma ação hoje na escola é somente administrativa ou pedagógica e
30
que para o diretor é importante estar a par de tudo, ter conhecimento em ambas as
áreas.
31
CONCLUSÃO
Diante do exposto ao longo deste trabalho, conclui-se que o diretor com
formação em Supervisão Educacional prioriza tanto o aspecto administrativo quanto
o pedagógico da escola ou até mesmo considera o aspecto pedagógico como o
mais importante.
Nesse momento, pode-se dizer que tendo a Supervisão Educacional como
formação, o diretor consegue aliar o pedagógico ao administrativo e com isso
perceber a escola como um todo.
A escola, analisada no primeiro capitulo, passa hoje por transformações
situando-se entre a modernidade e pós-modernidade, vivendo uma crise de
paradigmas, necessitando portanto de um líder que domine conhecimentos em
todas as áreas educacionais, um diretor que tenha visão geral da escola e
principalmente, inter-relacione as áreas pedagógica e administrativa, fazendo-as
remar na mesma direção. Com isso, as possibilidades de sucesso serão muito
maiores.
Também hoje, professores e alunos modificaram seus comportamentos, seus
papéis neste novo cenário educacional que surge a partir da nova LDB. O aluno não
é mais um ser passivo, interagindo em sua aprendizagem e não cabe mais ao
professor o titulo de “dono do saber” e sim o papel de desafiador, instigador,
provocador do aluno para que este adquira meios de buscar o conhecimento por si
só, visto este não estar mais apenas na escola.
As novidades provenientes da nova legislação exigem que se analise a
administração escolar e a Supervisão Educacional na atualidade. Á Supervisão não
cabe mais o papel de controle, fiscalização e sim o de articuladora de uma relação
dialética entre escola e sociedade. Quanto á administração, o ideal seria que todas
as escolas conseguissem desenvolver um projeto de administração participativa,
onde todos os segmentos da escola interagem e definem os rumos do processo
educativo.
Considerando a relação entre Supervisão Educacional e Administração, podese dizer que no contexto atual, tais funções devem interagir integrar-se, trabalhar em
conjunto, uma entendendo das funções da outra e nesta perspectiva, um diretor que
32
tenha formação em Supervisão Educacional terá mais chances de constatar se
realmente suas ações administrativas estão se refletindo no pedagógico, na sala de
aula, na aprendizagem dos alunos.
Pelo analisado nas respostas obtidas na pesquisa de campo, a formação em
Supervisão Educacional embasa o trabalho do diretor através da teoria desenvolvida
no curso, principalmente se esta estiver aliada á experiência no exercício desta
função e na docência, pois com isto este diretor observará a escola com outros
olhos e com certeza suas ações tanto administrativas quanto pedagógicas refletirão
diretamente no aluno e no professor, peças-chave do processo educativo.
33
BIBLIOGRAFIA
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atuais tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez, 2003.
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LÜCK, Heloísa. Ação integrada: Administração, Supervisão e Orientação
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RANGEL, Mary (Org.) Supervisão Pedagógica: Princípios e Práticas. Campinas:
Papirus, 2002
SCHIRMER, Cezar, Projeto de Lei nº. 4.412/01
VIEIRA, Sofia Lerche (Org.); DAVIS, Cláudia, GROSBAUM, Marta W; PENIN, Sonia
T. Souza ET al. Gestão da Escola: desafios a enfrentar. Rio de Janeiro: DP&A,
2002
ZIEGER, Lílian. Escola – um lugar para ser feliz. Canoas: ULBRA, 1998.
34
35
ANEXO
36
Instrumento Aplicado
(questionário)
como
forma
de
pesquisa
1) Qual a sua formação?
2) Há quanto tempo exerce a função de diretor?
3) Na sua concepção o que é aspecto administrativo e o que é aspecto
pedagógico?
4) Já exerceu a função de supervisor escolar? Por quanto tempo?
5) O que é prioritário para você, como diretor de escola: o pedagógico ou o
administrativo? Por quê?
37
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por:
Conceito:
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