TÍTULO: CONFECÇÃO DE UM KIT DIDÁTICO PARA O ENSINO DE ÓPTICA PARA OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO. AUTORES: Pedro Luiz do Nascimento ([email protected]); Moisés Pereira Ribeiro Júnior ([email protected]); Francelino Freitas Carvalho ([email protected]) INSTITUIÇÃO: Universidade Federal de Campina Grande - UFCG ÁREA TEMÁTICA: Educação (OBJETIVO) A partir das atividades desenvolvidas na disciplina de Laboratório de Óptica, Eletricidade e Magnestismo, na Universidade Federal de Campina Grande, observou-se que o projeto de um Kit didático para experiências de óptica no ensino médio seria de grande utilidade para os mesmos, facilitando tanto a vida dos professores ao ensinar, como para os alunos que participam mais ativamente do processo de ensinoaprendizagem. O objetivo é fundamentar os conhecimentos teóricos através de experimentos práticos voltados para a aplicação de tais conceitos. (METODOLOGIA) Um guia contento o assunto teórico e os procedimentos dos experimentos e o Kit propriamente dito, compõem esse material. Os pontos fortes deste, são: a simplicidade em montar os projetos (experimentos) e a praticidade de manuseio. Essas facilidades fazem desse Kit, um bom acessório para ser adotado nas escolas particulares e públicas. Foi implementado no formato de uma maleta. O guia dá todos os passos necessários à boa realização experimental, sendo que, antes de cada série de experimentos, é dada uma breve revisão teórica sobre o assunto tratado. Dessa forma, o aluno terá subsídios para conduzí-los de forma clara e didática. Uma observação a ser feita é que esse material não é a palavra final sobre esses temas, outras fontes de pesquisa devem ser utilizadas, uma vez que ele foi concebido para complentar a temática teórica dada pelo professor. Logo em seguida, são abordados os objetivos, os materiais do experimento e em seguida, a parte experimental propriamente dita. São realizados experimentos de: REFLEXÃO E SUAS LEIS: 1. ESPELHOS PLANOS. Neste caso, o objetivo é fazer com que o aluno, após a realização deste experimento, seja capaz de: Identificar e/ou descrever as leis da reflexão; Utilizar conhecimentos sobre espelhos planos e suas equações; Concluir que o raio refletido está contido no plano formado pelo raio incidente e pela normal (À superfície de separação dos dois meios) no ponto de Incidência. MATERIAL UTILIZADO: Fonte de luz (laser-point); Espelho plano; Transferidor 180º. MONTAGEM: A seguir, vem a montagem a ser feita. Monte o experimento conforme próxima figura: Espelho Papel Transferidor São dadas: a teoria sobre o assunto e como proceder com o experimento que não serão mencionados aqui por indisponibilidade de espaço, assim como a maioria dos procedimentos experimentais propriamente ditos ao longo desse resumo. Exceção será dada, quando o conteúdo for pequeno. São dadas definições de ângulo de Incidência, ângulo de Reflexão, ponto de incidência... Continuando, complete o quadro abaixo para os seguintes ângulos de incidência: Ângulo de incidência ( i ) Ângulo de reflexão ( r ) 0º 10º 20º 30º 40º 50º 60º 70º No final deste experimento são feitos alguns questionamentos para fixação do conteúdo: Com base nos valores do quadro anterior, como você relacionaria o ângulo de incidência com o ângulo de reflexão? Conforme suas observações, procure verificar a validade da seguinte afirmação: “o raio incidente, a reta normal (no ponto de incidência) e o raio refletido, estão contidos num mesmo plano”. Verifique o que acontece ao raio refletido, quando o raio incidente é normal à superfície refletora (está contido na reta Normal). Neste caso, qual o ângulo entre o raio incidente e raio refletido? 2. A FORMAÇÃO DA IMAGEM NUM ESPELHO PLANO: Neste caso, o objetivo é fazer com que o aluno, após a realização deste experimento, seja capaz de: Conceituar uma imagem virtual; Reconhecer que a imagem, num espelho plano, é virtual e que: (a) Tem o mesmo tamanho do objeto; (b) É simétrica ao objeto (lado esquerdo é o lado direito da imagem e viceversa). (c) Está afastada do espelho à mesma distância que o objeto se encontra. MATERIAL NECESSÁRIO: Um objeto qualquer; Um espelho plano; Uma folha milimetrada. MONTAGEM: espelho Neste ponto do experimento, é dado o procedimento para a boa realização do mesmo. Como já foi mencionado, não será dado o escobo do procedimento por falta de espaço. A seguir são feitos alguns questionamentos: Como você relaciona o tamanho do objeto com o tamanho da imagem, num espelho plano? Em relação à superfície espelhada, onde se forma a imagem (na frente ou atrás do espelho)? Classifique esta imagem quanto a Virtual ou Real, conceituando cada tipo. 3. NÚMERO DE IMAGENS ENTRE DOIS ESPELHOS PLANOS QUE FORMAM UM ÂNGULO “ALFA” ENTRE SI; Neste, o objetivo é fazer com que o aluno, após a realização deste experimento, seja capaz de concluir sobre a validade da expressão: N (numero de imagens) = (360 / α ) - 1, para o número de imagens possíveis entre dois espelhos que formam um ângulo α entre si. MATERIAL NECESSÁRIO: Uma vela, ou outro objeto qualquer; Dois espelhos planos; Pedaços de fita adesiva; Uma folha de papel; Transferidor. MONTAGEM: Neste ponto do experimento, é dado o procedimento para a boa realização do mesmo. É pedido para ser observado o nº de imagens para cada caso e preencha a tabela a seguir. Ângulo de abertura entre os espelhos Número de imagens obtidas 30º 45º 60º 72º 90º A seguir são feitos alguns questionamentos: Com base nos valores da tabela acima, verifique a validade da expressão: N (numero de imagens) = ( 360 / α )-1, onde α é o ângulo entre os espelhos. 4. ESPELHOS ESFÉRICOS (CÔNCAVO E CONVEXO): Neste, o objetivo é fazer com que o aluno, após a realização deste experimento, seja capaz de determinar, a partir de um espelho esférico, as cotas de identificação dos seguintes elementos: Centro de curvatura(c); Vértice do espelho(v); Eixo principal(EP); Eixo secundário(ES); Abertura do espelho(θ). MATERIAL: Uma régua; Um lápis; Uma fonte de luz tipo laser; Folha de papel milimetrado; Espelho côncavo e espelho convexo. MONTAGEM: Neste ponto do experimento, é dado o procedimento para a boa realização do mesmo. 5. REFRAÇÃO(dióptro): Neste, o objetivo é fazer com que o aluno, após a realização deste experimento, seja capaz de: Conceituar dióptro; Identificar e conceituar raio incidente, raio refletido, raio refratado, ponto de incidência, ângulo de incidência e ângulo de refração; Enunciar a primeira lei de refração; Enunciar a segunda lei de refração; Determinar e interpretar, fisicamente, o índice de refração absoluto; Determinar e interpretar, fisicamente, o índice de refração relativo; Determinar e conceituar o ângulo de refração. Conceituar refração. MATERIAL: Uma fonte de luz tipo laser-point; Folha de papel; Transferidor; Dióptro. É dada uma fundamentação teórica: Lembramos que: a maior velocidade alcançada pela luz é de 299.762 Km/s (no vácuo) e que para fins didáticos, consideraremos “c” igual a 300.000 Km/s. Ao penetrar em qualquer outro meio, a velocidade da luz será menor do que “c” e representada por “v”. Chamamos de índice de refração absoluto do meio penetrado pela luz, a razão entre a velocidade que a mesma adquire neste meio. n = c / v (observe que n é adimensional) Ao fenômeno da luz variar sua velocidade, ao passar de um meio para outro (com refrigências diferentes), chamamos de “refração da luz”. O conjunto de pontos que determinam a superfície de separação entre dois meios, que permitem a passagem da luz, á chamado dióptro. O fenômeno de refração pode ser estudado utilizando-se um bloco de acrílico com formato semi-circular. Este componente é conhecido como dióptro convergente. Fazendo-se uma incidência de luz no dióptro de acordo com a figura abaixo, pode-se notar que o raio de luz sofre um desvio em sua trajetória ao atingir a superfície plana MONTAGEM: Faça a montagem conforme a figura abaixo: transferidor dióptro Fonte de luz Após seguir todos os passos (do guia), aplique a lei de Snell (nar Sen(i)= nac Sen (r) ) e obtenha o valor do índice de refração do acrílico. Para organizar melhor o trabalho, monte uma tabela como ilustrada abaixo: Verifique a validade das expressões: “ao passar de um meio menos denso para outro mais denso, geralmente o raio refratado se aproxima da Normal”. “o raio incidente, à normal (no ponto de incidência) e o raio refratado, se encontram sobre um mesmo plano”. (Conhecida como a primeira lei da Refração). Reconhecendo “i” como ângulo de incidência e “r” como ângulo de refração, complete o quadro abaixo para as situações apresentadas: I Sen i r Sen r n=sen i / sen r 10º 20º 30º 40º 50º Observe que sen i / sen r é constante. Esta constante é conhecida como índice de refração relativo do meio 2 em relação ao meio 1 (n2,1=n). Verifique que n2,1=n2/n1, onde n1 = 1 e n2 é o índice de refração do acrílico, logo: sen i / sen r = n Esta relação foi estabelecida, experimentalmente por Snell e Descartes (individualmente) e reconhecida como a 2ª lei da refração. Determine o índice de refração do acrílico em relação ao ar. 6. EXPERIMENTO DE LENTE BICONVEXA: Nesta parte do experimento, o objetivo é fazer com que o aluno, após a realização deste, seja capaz de determinar o foco de uma lente delgada biconvexa e compreender o conceito de imagem. MATERIAL UTILIZADO: Lente biconvexa; Fonte de luz (vela); Anteparo; Régua milimetrada; Acessórios. MONTAGEM: Determinação do foco: Faça incidir raios de luz paralela a lente, isto é, paralelo ao eixo principal. Esses raios convergem em um ponto, o qual é denominado de foco. Estudo da imagem: a)Objeto situado entre o centro e o foco: 1. Fixe a lente biconvexa e varie a fonte de luz (vela) em relação a lente. 2. Procure obter sua imagem com maior nitidez no anteparo. 3. Meça e anote as distâncias da fonte de luz a lente, e da lente ao anteparo. 4. Repita os itens 1, 2 e 3 várias vezes. b) Objeto situado depois do centro: 1. Fixe a lente biconvexa e varie a fonte de luz (vela) em relação a lente. 2. Procure obter sua imagem com maior nitidez no anteparo. 3. Meça e anote as distâncias da fonte de luz a lente, e da lente ao anteparo. 4. Repita os itens 1, 2 e 3 várias vezes. 7. LENTES ESFÉRICAS: Nesta parte, o objetivo é fazer com que o aluno, após a realização deste experimento, seja capaz de: Identificar e classificar as lentes fornecidas; Determinar a distância focal, classificando-a, Verificar como a imagem através de uma lente convergente muda suas características de acordo com a distância entre o objeto e a lente; MATERIAL UTILIZADO: Duas fontes de luz; Lente de bordas finas; Lente de bordas larga. MONTAGEM: Neste ponto do experimento, é dado o procedimento para a boa realização do mesmo. 8. LÂMINA DE FACES PARALELAS: Nesta parte do experimento, o objetivo é fazer com que o aluno, após a realização deste experimento, seja capaz de: conhecer e entender como ondas eletromagnéticas são transportadas por Guias de ondas e Fibras ópticas. MATERIAL UTILIZADO: Lâmina de faces paralelas; Fonte de luz; Transferidor; Folha de papel em branco; Guia de onda; Fibra óptica. MONTAGEM: Coloca-se a lâmina sobre uma folha de papel em branco, desenha-se o seu contorno e faz-se incidir sobre uma das faces um raio de luz de acordo com a figura abaixo: Meça os ângulos I1 e I2. Retira-se a lâmina e a fonte de luz e completa-se a trajetória da luz, como indica a figura anterior. Medindo-se os ângulos i e r e aplicando a lei de Snell obtém-se o índice de refração do vidro (Lembre-se que o índice de refração do ar é 1). 9. EXPERIMENTO COM LÂMINAS DE FACES PARALELAS FINAS (GUIA DE ONDAS ): Coloque uma fonte de luz em uma das extremidades do guia de onda (tudo sobre uma folha de papel em branco), e verifique que a luz (devido ás reflexões totais internas sucessivas), acaba saindo na outra extremidade. Explique o efeito observado. 10. EXPERIMENTO COM FIBRA ÓPTICA: Coloque uma fonte de luz, em uma das extremidades da fibra óptica fornecida e verifique se a luz sai na outra extremidade. Explique este comportamento da luz, quais os princípios físicos envolvidos. 11. CÂMARA ESCURA DE ORIFÍCIO: Denomina-se câmara escura toda caixa de paredes opacas com um pequeno orifício, pelo qual penetram os raios luminosos provenientes de uma fonte de luz. Esses raios atravessam o orifício e atingem a parede oposta formando uma imagem invertida. A face oposta àquela que contém o orifício é constituída de material translúcido, por exemplo, vidro fosco. O fenômeno descrito é a base de funcionamento das câmaras fotográficas. Colocando um material sensível à luz na parede oposta ao orifício e um obturador no lugar do orifício, para controlar a entrada de luz, obteremos uma máquina fotográfica rudimentar. 12. SOMBRA E PENUMBRA: Sombra: É a região do espaço que não recebe a luz direta da fonte. Penumbra: É a região do espaço que recebe apenas parte da luz direta da fonte. São realizadas algumas experiências simples para mostrar o princípio da penumbra e da sombra. 13. COMBINAÇÕES DE CORES: 1. Ligue as lâmpadas da caixa fornecida, uma de cada vez e observe as cores; 2. Ligue duas as duas e descreva a cor que está sendo visualizada no anteparo; 3. Repetir as combinações que foram observadas; 4. Ligue as três lâmpadas simultaneamente descreva a cor observada. Descreva suas conclusões. (RESULTADOS) Foi realizada uma atividade com professores de física da rede estadual da Paraíba chamado Pró-Ciências e o referido experimento mostrou-se eficaz no que diz respeito ao objetivo a que se propõe. Neste projeto, os professores passaram por um processo de atualizações de conhecimentos teóricos e práticos para que pudessem ministrar suas aulas de forma mais eficiente. (CONCLUSÃO) Esse material possibilita um melhor aproveitamento quanto à compreensão de fenômenos físicos relacionados à óptica. Devido à sua simplicidade de manuseio, poderá ser levado à sala de aula. Com esse material, o professor terá condições de propor novos tipos de experimentos aos alunos. Mediante os resultados apresentados, constata-se que a utilização desse Kit Experimental propicia ao educando, práticas que o colocam em contato direto com a realidade física. BIBLIOGRAFIA: ALBERTO, Gaspar; Física Vol. Único; 1ª edição, São Paulo, Editora Ática, 2000. ALBERTO, Gaspar; Experiências de Física para 1º Grau; 1ª edição, São Paulo, Editora Ática, 1990. ALBERTO, Gaspar; Física Vol.2, 1ª edição , São Paulo, Editora Ática, 2000. ALVARES, BEATIRZ ALVARENGA e LUZ, ANTONIO MÁXIMO. Física vol.2 vol.2 vol.3, Ed. Scipione ltda, São Paulo – SP, 2000. BLACKWOOD – outros, Física na escola secundária, Ed. Fundo de Cultura, Rio de Janeiro, 1963. FERRANO, Nicolau Gilberto – outros. Física Ciência e Tecnologia, Ed. Moderna Ltda, volume único, São Paulo, 2001. FIOLHAIS, Carlos; Física Divertida, Lisboa, 1ª edição, gradiva, 1991. KELLER, Frederick J.; GETTYS W. Edward, Física Vol. 2; 2ª edição – Makron Books do Brasil Editora Ltda., 1999. SABATO, A. Jorge e MAIZTEGUI, Alberto P. Física 2. Editora Globo. 1ª Edição. Porto Alegre.1973. SERWAY, Raymond A.; Física Vol. 3; 3ª edição – Livros Técnicos e Científicos, Editora S.A., 1991. WALKER, Jearl; O Grande Circo da Física, Lisboa, 1ª edição, gradiva, 1991. TIPLER, Paul A. Física. 2ª Edição, Rio de Janeiro. Editora Guanabara Dois. Volume 2. 1986.