UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA
NÚCLEO DE BIOLOGIA
Paródia como recurso didático no ensino de biologia
¹Thais Soares da Silva;
¹Daniela Teixeira Barbosa;
¹Jaiurte Gomes Martins da Silva,
¹Manoel Lucas Bezerra de Lima;
²Gisele de Oliveira da Silva.
¹ Discentes de Ciências Biológicas- CAV_ UFPE
²Doscente do EREM Antônio Dias Cardoso
Resumo
Os problemas relacionados aos métodos de ensino aprendizado das Ciências Biológicas
ainda se colocam como desafios diante do uso restritivo das estratégias, sobretudo
agravadas na medida em que os alunos, muitas vezes, não encontram significado nas
aulas que frequentam diariamente. Dessa forma o presente estudo teve por objetivo
descrever a utilização da paródia como estratégia de ensino e aprendizagem para o
estudo dos conceitos biológicos. A partir das atividades realizadas em sala de aula podese observar e supor maior interesse dos alunos pela temática em questão. Diante do
processo de construção, os mesmos se sentiram protagonistas por se utilizarem da
paródia na quebra do ensino tradicional e por favorecer a relação de conhecimentos.
Palavras Chave: Biologia, ensino-aprendizagem, paródia.
Introdução
Nos dias atuais ainda encontramos um elevado índice de problemas relacionados
ao método de ensino aprendizado nas escolas. Isso se dá devido a uso de estratégias
tradicionais, praticas de ensino defasadas e restritivas, sobretudo agravadas na medida
em que os alunos, muitas vezes, não encontram significado nas aulas que são obrigados
a frequentar diariamente.
O uso de práticas diferentes da rotina dos alunos e inovadoras acaba
estimulando-os a fixar e aprender melhor o conteúdo biológico e seus significados para
a ciência. Para melhoramos a interação aluno – professor , ensino –aprendizagem é
necessário
processos dinâmicos e multi-direcionais gerando a necessidade de criação
de mecanismos de construção diferentes dos tradicionalmente utilizados nas escolas.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº 9.394/96,
(BRASIL, 1996), em seu artigo 3º, inciso I, um dos princípios do ensino é garantir a
igualdade de condições para o acesso e permanência do aprendiz na escola. Portanto,
diversificar e inovar nas práticas adotadas em sala de aula facilita a aquisição do
conhecimento e de certa forma, faz com que o aluno se sinta estimulado a buscar novas
formas de conhecimento, fazendo com que o mesmo permaneça na escola. Por isso, o
grande desafio do educador é tornar o ensino de Biologia prazeroso, pois hoje em dia é
necessária a assimilação de diversos conteúdos para a realização de diversos processos
avaliativos. O uso de parodia como recurso didático além de ajudar na aprendizagem,
facilita a memorização e assimilação de nomes científicos e palavras chaves. Dessa
forma melhora-se o bom desempenho do aluno ao se valer da ludicidade e da boa
aceitação dessa estratégia por se trabalhar de forma dinâmica e alegre, já que assimila
músicas do dia – a – dia dos jovens com conteúdos pragmáticos de biologia.
A experiência descrita por Carvalho (2008), realizada em turmas de EJA da
Fundação do Ensino de Contagem- FUNEC com o conteúdo relativo à estrutura celular
destaca o quanto esta estratégia envolve o estudante. A iniciativa para realização desse
trabalho partiu das constatações feitas em sala de aula da EJA sobre dificuldades
encontradas pelos alunos quando do uso de conceitos da Biologia, tornava-se
necessário, especialmente no que se diz a respeito da estrutura celular.
De acordo com Carvalho (2008), o objetivo principal foi, pois, abordar
definições ligadas ao tema mencionado estrutura celular, usando procedimentos que
pudessem despertar o interesse e mudar a atitude do aluno quanto à aprendizagem. Os
resultados da pesquisa de Carvalho indicam que a construção de paródias musicais
favorece a participação dos alunos em atividades, sendo essa vista como um recurso
alternativo para à aprendizagem de conceitos biológicos (CAVALCANTI, 2011).
Carvalho (2208) ainda aponta ser seu trabalho de pesquisa replicado e/ou reinventado, e
torna-se possível gerar novas criações de pesquisa sobre o emprego de estratégias
alternativas no ensino de Biologia.
A música pode ser um instrumento de massificação de ideias e de difusão de
valores e atitudes, e essas propriedades somadas à presença deste meio no cotidiano dos
alunos coloca a música como instrumento valioso no desenvolvimento de capacidades
como contextualização, análise, expressão de ideias, produção de letras e melodias,
construção de conhecimento e mudança de atitudes. E neste processo educacional
concordamos com Libâneo (2001) quando o mesmo destaca que "é necessário valorizar
a escola na sua função mediadora entre o aluno e o mundo da cultura, integrando
racionalmente, o material/formal do ensino aos movimentos estruturados que visam à
transformação da sociedade, com base na pedagogia crítico-social dos conteúdos
culturais", transformando a prática do professor em uma arma contra a monotonia e o
pragmatismo óbvio do informar por informar.
A música está muito ligada à cultura brasileira, tanto por influência indígena,
quanto por influência negra e europeia. Convivemos com a música ao longo de quase
todo o nosso dia-a-dia, no trabalho, em casa, na rua, em vários momentos estamos
cantarolando alguma música que apreciamos. Podemos considerar que a música ouvida
no dia-a-dia é instrumento educador já que difunde ideias e informações em letras e
sentimentos em melodias. E por estar presente quase que integralmente na vida de cada
um que a música se impõe como recurso eficaz na educação formal.
Por envolver tanto o campo visual (texto da música), o campo auditivo
(melodia), o campo comunicativo (expressão de ideias nas músicas) a música pode
proporcionar raciocínio, contextualização, percepção, concentração, desinibição,
criatividade
e
aproximação
da
realidade
do
educando.
Essas
habilidades,
proporcionadas pelo uso da música, devem ser utilizadas com um planejamento bem
feito, considerando as especificidades dos alunos, da escola e da comunidade. Pensando
em toda a riqueza cultural e contextualidade expressa na música, propomos o uso da
música no ensino de Biologia, tomando por objetivo desta pesquisa descrever a
utilização da paródia como estratégia de ensino e aprendizagem para o estudo da
disciplina de Biologia.
Metodologia
A metodologia aplicada na pesquisa foi qualitativa com o objetivo de investigar
as percepções que os alunos dos 1º e 2º ano do ensino médio do EREM Antônio Dias
Cardoso tinham sobre a temática em questão, dentro do contexto da formação.
Inicialmente a turma foi sensibilizada pela professora juntamente com os pibidianos a
construir um conceito sobre o que é uma paródia. Para o desenvolvimento da atividade
os alunos foram divididos em grupos. Após o conhecimento do conteúdo em questão os
alunos foram incentivados a produzir paródias, iniciadas com a escrita das letras de
musicas solicitadas pelo professor, trabalhando a métrica associada ao estímulo musical
(Figuras 01 e 02).
Figura 01 e 02: Reunião para definição, elaboração e ensaio das paródias pelos grupos.
Segundo nossa proposta, os alunos, levando em conta seu conhecimento
individual, analisam músicas conhecidas, correlacionam as letras dessas com conteúdos
de Biologia e, finalmente, compõem sua própria música, facilitando assim sua
aprendizagem em diversos temas da biologia que foram abordados em aulas anteriores.
Para isso os alunos tiveram que escutar os tons e letras da música para assim facilitar a
composição das paródias. Os alunos tiveram que associar a temática em questão com as
letras de musicas populares e conhecidas, ou seja, que fazem parte do cotidiano dos
mesmos. Os tons e letras originais foram substituídos por frases relacionadas ao
conhecimento científico a ser tratado na escola. Para desenvolver essa atividade foram
utilizados materiais comuns como canetas, papel, reprodutor de mp3, confirmando que
para tornar a aula mais didática e dinâmica não são necessários materiais sofisticados;
mas sim, bom planejamento e disposição para inovar.
Resultados
Após o aluno terminar toda a parte escrita da paródia, os mesmos reproduziram a
música original e a paródia feita por eles. Com o auxílio da professora e dos pibidianos
as parodias foram corrigidas e debatidas/ apresentadas na sala de aula, confirmando toda
a riqueza cultural e contextualidade que a musicalidade expressa e que pode ser
utilizada no ensino de Biologia, facilitando assim a aprendizagem dos envolvidos em
diversos temas biológicos (Figuras 03).
Figura 03: Apresentação das paródias pelos grupos para a escola.
Ao termino desta atividade podemos observar que a produção de paródia pelos
alunos fez com que os mesmos assimilassem com maior facilidade os conteúdos de
biologia, colaborando dessa forma para fixação e sistematização do conteúdo (Figura
04). Além de estimular a criatividade e capacidade de produzir e apresentar, colaborar
com a desinibição do aluno e fazer com que os mesmos criem hábito de leitura e de
produção textual para desenvolver o senso crítico.
Considerações finais
Consideramos que as atividades com paródias musicais são importantes recursos
didáticos alternativos por proporcionarem a elaboração e a criatividade do estudante, o
que requer desses compreensão das definições e conceituações nelas incluídas. Além
disso, a quebra do ensino tradicional torna a aprendizagem mais fácil, vantajosa e
divertida, favorecendo também a relação aluno-professor. Com a fuga da rotina nota-se
o aumento de motivação dos alunos para com a aprendizagem de temas biológicos,
mesmo ainda havendo alguns poucos alunos que talvez por costume, ainda prefiram
aulas tradicionais. Desta forma, paródias como recurso didático nas aulas de biologia
favorecem a aprendizagem dos alunos, alcançando resultados excepcionais.
Figura 4 : Ilustra a metodologia e os resultados alcançados
Referências
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília :
1996.
CARVALHO, Vilma Fernandes. O processo de construção de paródias musicais no
ensino de biologia na eja. Belo Horizonte, Dissertação (Ensino de Ciências e
Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de Minas, 2008.
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências
educacionais e profissão docente. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. – (Coleção questões
da Nossa Época; V. 67).
Valdir, de Souza Cavalcanti. Composição De Paródias: Um recurso didático para
compreensão sobre conceitos de circunferência. Campina Grande-PB, Dissertação
apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da
Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, 2011.
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