líderes do pensamento Mario Garnero* O ano do brasil 2014 está chegando e vem cercado de expectativas para os brasileiros em todos os setores da economia. É o ano da Copa, mas mais importante até do que o evento em si, 2014 é o ano em que o Brasil vai ser posto à prova. Sem qualquer sombra de dúvida, seremos protagonistas em um palco mundial e sempre se espera que o protagonista desempenhe um bom papel. Pelas previsões oficiais, a Copa do Mundo agregará R$ 183 bilhões ao produto interno bruto, deverá receber cerca de 3,7 milhões de turistas estrangeiros e movimentará R$ 9,4 bilhões só durante o evento. Todos esses números são impressionantes, mas também impressionantes são os gastos que estão sendo feitos até agora. Em fevereiro, o número já tinha atingido R$ 26,5 bilhões. O custo da Copa do Mundo na África do Sul, que foi anunciado como escandaloso na época, foi de pouco mais que R$ 11,5 bilhões – ou seja, já gastamos mais do que o dobro do que a África do Sul gastou em infraestrutura. E, por mais escandalosos que esses gastos tenham sido, hoje a África do Sul tem três aeroportos na lista dos 30 melhores do mundo no ranking da World Airport Awards: Cidade do Cabo, Durban e Johannesburgo. Todos esses aeroportos estavam reformados e funcionando um ano antes de o evento acontecer. Quanto aos aeroportos brasileiros, não é preciso de muito espírito analítico para constatar que nenhum fi- gura na lista dos cem melhores. E até quando a lista é local, quando se limita aos melhores aeroportos da América do Sul, Guarulhos aparece timidamente atrás do aeroporto de Lima, Guayaquil e Santiago. O maior em 2014, o mundo estará de olho no país. será que estamos prontos para mostrar quem somos ? país e a maior economia do continente amargam um quarto lugar. Como consolo, há pouco aconteceu o leilão de Confins, em Minas e do Galeão, no Rio de Janeiro, que rendeu mais de R$ 20 bilhões para o governo federal. Agora é esperar que esses consórcios sejam capazes de reformar e adequar os aeroportos em tempo recorde para o evento. É esperar que a iniciativa privada aproveite esse momento para investir no país. Aliás, o Brasil também é carente de investimento de turismo na iniciativa privada. Segundo números de 2011, o Brasil teria 1.307 hotéis em todo o seu território. A Grã-Bretanha, um país tremendamente menor que o Brasil, tem mais de 27 mil hotéis em todo o seu território. E esses são números de 2008. De quem é a culpa? Talvez de todos nós – que ainda não percebemos o óbvio potencial turístico de nosso próprio país. Concordo que possa ser injusto fazer tais comparações diretas de infraestrutura entre Brasil e outros países do mundo, porque estamos falando de outras culturas, outras leis e outras realidades. Mas as comparações são necessárias, porque o Brasil precisa mirar na excelência. O Brasil precisa focar em exemplos positivos e tentar fazer valer as grandes oportunidades que irá receber nesta década. Dois dos maiores eventos do planeta irão acontecer em nossa terra. O país do futuro vira oficialmente o país do presente no mês que vem. Só trabalho, esforço e seriedade podem manter o Brasil como um país corrente, atual e respeitado no palco econômico mundial. A hora é agora. *Mario Garnero é chairman do Grupo Brasilinvest, presidente do Fórum das Américas e da ANUBRA (Associação das Nações Unidas — Brasil). 42 | forbes brasil 11.Artigo_Garnero ed16 R.indd 42 dezembro 2013 | janeiro 2014 05/12/13 10:41