A produção de
veículos passa por um
período de retração.
Com menos carros
0km saindo das
fábricas, o mercado
de seguros se prepara
para 2015 com mais
cautela, mas não
deixa de pensar no
crescimento
N
Amanda Cruz
o início do mês de setembro deste ano o banco BTG
Pactual divulgou nota oficial
dizendo que as perspectivas
para o mercado segurador na carteira de
automóveis poderiam não ser as mais animadoras. Essa prospecção atingiu ações
de empresas do mercado, que se tornou
mais cauteloso em suas ações. A venda
de automóveis caiu 7,6% e as exportações
sofreram um declínio de 35% no primeiro
semestre do ano.
As principais expectativas até setembro foram bastante pessimistas, mas
hoje as declarações e o cenário passaram
por mudança positiva e já se fala de uma
forma mais otimista, embora cuidadosa.
Quais dessas expectativas vingarão para
o próximo ano? A Revista Apólice conversou com executivos do mercado para
entender como eles enxergam o mercado
nesse momento.
Marcelo Goldman, diretor Executivo de Produtos Massificados da Tokio
Marine, afirma que o setor está atento
a esses acontecimentos. “O mercado
desacelerou um pouco em relação aos
últimos anos e isso tem relação com a
queda da indústria automobilística, que
afeta o nosso mercado. A expectativa de
maior crescimento da indústria deverá
ser para 2016”, explica o executivo encarando uma realidade econômica, com
planos muito positivos para a carteira de
auto em sua companhia de atuação, com
crescimento estimado de 15% dentro da
Tokio Marine.
Com o final de 2014 se aproximando,
e as renovações de seguro de automóveis
sendo negociadas, o mercado precisará
saber se a conta irá fechar e como serão
as contas para o ano de 2015, que já está
próximo. “As vendas até outubro apresentam queda de 8,9%, mas a projeção
da Federação Nacional da Distribuição
de Veículos Automotores – Fenabrave é de que a queda seja de 8% em relação
a 2013. Mas o que precisamos olhar pra
avaliarmos o impacto é qual o efeito dessa
queda na frota total segurável”, reconhece Fabio Leme, diretor de Produto para
Automóvel da HDI Seguros.
A questão central é perceber os
números absolutos, aponta Eduardo Dal
Ri, diretor de Automóvel da SulAmérica.
A indicação é de que cerca de 250 mil
veículos, em média, são emplacados
por mês. Os emplacados são veículos
que circularão no País, que não serão
exportados, e também os carros que
são importados. Para o executivo, esse
número ainda é bastante representativo.
“Claro que não estamos crescendo tanto,
mas é um número expressivo. Não é uma
indústria que parou”, afirma.
A expectativa da CNSeg para o
crescimento desse ano está em 7% e, para
2016, 4,5%. Esses números indicam que
a entidade passa longe de indicar os dois
dígitos que eram habituais nos balanços
do mercado. Isso mostra que o momento
da economia é delicado e a cautela pode
ser uma forte aliada para enfrentar o
período.
Mas Tiago das Neves, diretor da unidade de Affinity da Willis, apresenta um
caminho que é estudado pelos corretores,
que também têm sentido a movimentação
diferente do setor. “Este cenário é percebido no mercado de seguros de automóvel, principalmente para as corretoras que
têm operações direto com montadoras
ou concessionárias de automóveis. Neste
segmento existe perda de negócio e a
solução é fazer mais seguros com menos
veículos e complementar a venda com
cross selling de outros produtos”, aponta.
Dentro da HDI foi feita uma projeção: se as vendas de carro 0km ficassem
estáveis até 2020, ou seja, sem crescimento algum, e repetissem a quantidade de
venda o crescimento da frota circulante
cresceria 28% e a frota segurável (estipulada em automóveis com até 8 anos
de uso), aumentaria 46% até 2020. Leme
explica que esses números seriam possíveis porque a quantidade de veículos que
entra em circulação no País é maior da
que entrava entre 2010 e 2011. “Mesmo
em um exercício de queda de 3% ao ano,
nós prevemos que a frota ainda cresceria”,
reitera o executivo da HDI.
Medidas
A percepção de Neves é de que todos
os corretores, inevitavelmente, sentem
este impacto. Ter capacidade de abrir
novas oportunidades de oferta de outros
seguros, aumentar a conversão do seguro
de automóvel e, para os clientes que não
tiverem como suportar o custo de um
seguro “completo”, oferecer soluções
mais em conta, tais como seguro do
casco com assistências, seguro contra
terceiros com assistências ou mesmo
oferecer apenas a assistência 24h, são as
apostas do diretor da Willis. “Tudo isso
precisa ser feito, pois não podemos perder
a venda”, afirma.
Muito ou pouco impactadas, as
seguradora precisarão estudar maneiras
de driblar esse período. “Não que as seguradoras não estejam preocupadas, mas
o Brasil tem, em média, quatro habitantes
por veículo. Como a concentração de
renda é grande, existe muita demanda
reprimida do brasileiro pelo automóvel.
O mercado não está saturado”, pontua
❙❙
Marcelo Goldman, da Tokio Marine
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