Metodologia de leitura de texto | Inventando números
Inventando números
Autor: Gianni Rodari
Ilustrações: Alessandro Sanna
Tradução: Michele Iacocca
Gênero: diálogo
Temas transversais: Ética – convivência,
solidariedade; Pluralidade cultural – relações
sociais
Abordagem interdisciplinar: Língua Portuguesa e
Literatura, Matemática, Artes
Palavras-chave: números, linguagem
Quantos maravilhares cabem num maravilhão? Dois puxões de
orelha compram uma macarronada? Quanto pesa uma lágrima?
Neste livro, Gianni Rodari, considerado um dos maiores escritores de histórias infantis do século XX, reinventa os números e a
própria linguagem, revelando ao leitor o mundo sensível dentro
da aparente frieza das tabuadas, réguas e medidas. Ilustrado por
Alessandro Sanna.
Preparação para a leitura
Apresente o livro e explore a ilustração
das páginas 6 e 7. “O que vocês veem?
Quem são esses personagens? O que
estão fazendo? O que vocês imaginam
que irão encontrar nesse livro? Como
será a história?”.
Depois, dê a seguinte informação: “Era
uma vez uma menina que tinha um pai
comerciante. Ele viajava muito, quase
todos os dias. O problema é que sua filha não conseguia dormir sem escutar
uma história. Então, todas as noites, o
pai telefonava para ela e lhe contava
uma história diferente. Assim nasceram
várias histórias de Gianni Rodari, inclusive está que irão ler”.
Fale sobre o autor Gianni Rodari (autor italiano de literatura infantil e ganhador do Prêmio Hans Christian
Andersen, 1970) e o jovem ilustrador
italiano Alessandro Sanna, que já recebeu prêmios importantes, como o
Prêmio Andersen de Melhor Livro de
Arte, em 2006, e o prêmio de Melhor
Ilustrador, em 2009. Apresente o título
e questione-os: é possível inventar números? Quais são os números que eles
conhecem?
Mostre uma a uma as ilustrações. Em
grande grupo, estimule-os a lê-las, chamando a atenção para os números dispersos nas páginas e os elementos do
cotidiano como alimentos, móveis, etc.
Depois, sem compromisso ainda com
o texto escrito, peça que, em pequenos
grupos, imaginem a história. (Lembrese de que, nessa etapa, o objetivo é fazer com que os alunos comecem a interagir com a obra, para depois poderem
confrontar suas previsões com o que
encontrarão nela.)
Abra espaço para que exponham suas
impressões.
Compreensão global do texto
Informe que a história a ser lida explora
a oralidade e os contrastes e que eles
devem ficar muito atentos ao que ouvirem, marcando tudo que possa causar
estranhamento.
reforcem a percepção da oralidade e,
progressivamente, valorize as inferências que os alunos forem capazes de
fazer a partir da relação entre texto e
imagem.
Faça a leitura em voz alta e relacione o
texto com a ilustração de cada trecho,
de modo a deixar claro que a ideia é inventar palavras fantasiosas para nomear
situações que relativizam a precisão que
os números costumam referir.
Nas primeiras páginas do livro, confirma-se a oralidade – homem e menina
falam ao telefone e o texto é um diálogo, marcado pelo uso de travessão.
Nas páginas seguintes, a lógica é questionada quando a palavra “quase” antecede toda a referência a número e as
imagens tanto representam os números
quanto compõem outras figuras.
Detenha-se um pouco para explorar as
ilustrações, cujos traçados e cores lembram a liberdade dos desenhos infantis. Utilizando giz, lápis, lápis de cor e
aquarela, os desenhos de Alessandro
brincam com o traço, criando sinais ao
desenhar animais, pessoas ou coisas.
Conduza a leitura, estabelecendo as relações apontadas com perguntas que
Para dar ênfase à situação de diálogo
proposta pelo livro, distribua os papéis,
de modo a representarem, durante a
leitura, a brincadeira feita ao telefone
entre o adulto e a criança.
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Estudo do texto
Chame a atenção para a estrutura dialogada de todo o texto e peça que
indiquem as falas que, supostamente,
pertencem ao homem e à menina.
Estrutura das falas
Homem
Menina
– Vamos inventar números?
– Vamos, eu começo.
dizer?”. Debata com o grande grupo a
partir dos saberes prévios da turma e
destaque a gíria “uai”, aproveitando sua
semelhança sonora com o “um”; o boi
— relativo à pecuária e à produção de
leite, tradicional no estado mineiro; o
queijo, um dos principais produtos industrializados a partir do leite – todos
dados da realidade – mas também a
invenção de palavras: “duai”, “boiando” (inventado por derivação de boi),
“queijando” (inventado por derivação
de queijo), além da solução final “mais
um é cem”, que rompe com a provável
lógica, ainda que rime com “trem”, que
aparece na segunda linha...
Resposta ao texto
Aproveite para destacar aspectos que
caracterizam o diálogo retomando e sistematizando com os alunos:
•Que marcas aparecem no texto que
comprovam a estrutura de diálogo?
•Ele acontece no presente, passado ou
futuro? Como é possível comprovar
essa resposta?
•O diálogo tenta reproduzir a espontaneidade da linguagem oral? Como?
Por quê?
Destaque a fala do homem que diz: “É
muito pouco, ouça estes: um extramilhão de megabilhões...” e problematize: por que esses números parecem
ser mesmo tão grandes? Que marcas
de linguagem indicam coisas grandes?
Sugira algumas palavras que possam ficar maiores com o acréscimo de ão, ões
e brinque de “aumentar coisas” usando
as marcas do aumentativo. Compare a
fala acima com a ilustração correspondente e discuta se a imagem também
mostra a mesma preocupação.
Nas páginas dedicadas à invenção da
tabuadinha, explore o ritmo da invenção, que contrapõe a graça do inventado à correção do resultado e peça que
identifiquem, na ilustração, a presença
da multiplicação proposta pela tabuada.
Ao retomarem o trecho do diálogo a
respeito da macarronada, da distância
do Oiapoque ao Chuí, ao peso da lágrima ou ao tamanho da história, distribua
cada situação a um grupo diferente e
lance o desafio: “que palavras presentes no diálogo remetem a números?
Por que as respostas não são exatas?”.
Promova depois uma conversa a partir
das hipóteses formuladas pelos alunos.
Se achar oportuno, ressalte ainda que as
perguntas envolvem maior objetividade
e são formuladas pelo homem/adulto e
as respostas são mais inventivas, todas
dadas pela menina/criança.
Por fim, problematize o título. Qual o
seu significado? Que relação o título
possui com a história lida? Destaque a
oposição entre número e invenção e
estimule que falem sobre os diferentes
sentidos que a leitura apresenta ao considerar essa oposição.
quantas estrelas tem no céu? Quantos
grãos de areia tem na praia? Quantos
litros de água tem no mar? Depois, socialize os resultados, destacando alguns
e examinando-os à luz da estratégia
criativa observada na leitura do texto de
Rodari, traduzido por Michelle Iacocca.
Desafie-os, então, a inventar números
que indiquem, usando a imaginação:
Questione-os: “que aspectos do diálogo
à ‘maneira mineira’ aparecem para confirmar a realização da promessa de criar
uns números que imitem esse modo de
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