CAROS PROFESSORA E PROFESSOR, Que bom que esteve conosco na exposição! Este material foi elaborado para você, com sugestões de atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula e que tocam de diferentes maneiras o universo do futebol. O futebol pode ser um gancho para trabalhar diversas disciplinas: a geometria, nas linhas de um campo de futebol; a física, nas ilusões de ótica experimentadas pelo juiz enquanto apita um jogo; a história brasileira focando, por exemplo, a imigração e a formação dos primeiros times de futebol; entre outras. Há muitas associações possíveis e você pode pensar nelas baseando-se na sua experiência e na sua prática. É possível articular diversas áreas do conhecimento com a temática do futebol, fenômeno cultural que, por ser tão familiar e presente no cotidiano, pode gerar identificação e despertar o interesse dos alunos – mesmo daqueles que não gostam do esporte. Além do conteúdo proposto no Caderno Educativo, que pode ser aplicado, adaptado e gerar novas ideias de trabalho em sala de aula, este encarte traz outras sugestões de atividades e reflexões. As atividades sugeridas privilegiam a área de Humanas, mas, por também abordarem temas e procedimentos transversais, podem e devem ser aproveitadas por outras matérias e em projetos multidisciplinares. A ideia é que ambos os materiais, o Caderno Educativo e este Material do Professor, sirvam como fonte de inspiração para o seu trabalho. Aqui você encontrará sugestões, pontos importantes e dicas para trabalhar alguns assuntos tendo como pano de fundo o futebol e as possibilidades que o tema suscita. Utilize sempre a sua bagagem e experiência para agregar novos conhecimentos e reinventar as ações aqui descritas, de acordo com as características do trabalho que você já realiza com os seus alunos! Bom trabalho! DISCUTINDO O PRECONCEITO Proponha para a classe, como atividade para ser feita em casa, uma busca por notícias e reportagens que relatem situações de racismo, homofobia, intolerância religiosa etc. Essa busca pode ser feita em jornais, revistas e na internet. Peça que cada aluno escreva um resumo ou esquema da notícia escolhida, para ser lido ou comentado em sala de aula e compartilhado com os colegas. Após essa leitura, promova uma discussão sobre as situações apresentadas, permitindo que os alunos opinem livremente e apresentem seus argumentos favoráveis ou contrários sobre o tema. Essa atividade pode ser feita em grupos, que poderão discutir as notícias escolhidas antes de a discussão ser ampliada na classe. agressões e xingamentos dirigidos aos jogadores e relacionados à cor de sua pele. • Aproveite o tema futebol para combater a homofobia. Se possível, apresente uma notícia ou reportagem sobre o assunto e abra espaço para a discussão, dando liberdade aos alunos para se expressarem, contarem vivências e opinarem. Sempre que possível, ao discutir temas polêmicos, peça que os alunos apresentem sugestões práticas de combate ao problema. • Para se aprofundar nos temas da homofobia e do racismo, entre outros, leia a Coleção Educação para Todos produzida pelo Ministério da Educação em parceria com a UNESCO. O material está disponível para download no site do MEC. PONTOS DE ATENÇÃO Os preconceitos devem ser combatidos pela escola e pela sociedade em geral, para a construção de um mundo mais justo e igualitário. O combate aos preconceitos não tem a mesma força quando apresentado de forma dogmática e desconectada de situações concretas. O confronto e a escuta de opiniões diversas possibilitam, por sua vez, a reflexão e promovem a construção do pensamento crítico, contribuindo para, pouco a pouco, vencer essa batalha. DICAS • Para discutir o racismo no Brasil a partir do tema futebol, proponha uma discussão sobre as origens desse esporte e a proibição da presença de negros nos primeiros times. Pontue o período de colonização do país e o regime escravocrata, refletindo sobre os impactos desse histórico no contexto pós-abolição. Com essa discussão também é possível retomar casos recentes, e de grande repercussão nas redes sociais, como A LINGUAGEM FIGURADA NOS DITADOS POPULARES E EXPRESSÕES Proceda à leitura conjunta deste ditado em sala de aula: ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA TANTO BATE ATÉ QUE FURA. Inicie uma discussão com a classe, fazendo perguntas como: Alguém já escutou esse ditado ou outro parecido? Alguém sabe o que ele quer dizer? Quando o usamos, estamos querendo falar sobre água e pedra? Vocês sabem por que essas imagens foram utilizadas? Água costuma furar pedra? Permita que os alunos especulem com liberdade, inclusive entre eles, e valorize as diferentes opiniões. O ditado em questão fala sobre a importância da insistência, perseverança e até teimosia para atingir algum objetivo. Caso os alunos nunca o tenham escutado e não compreendam, peça que levantem hipóteses antes de dar a resposta. O objetivo da atividade não é chegar a respostas e interpretações únicas, mas exercitar um olhar mais subjetivo sobre a linguagem e seus diversos usos. NO CADERNO EDUCATIVO Relação com Como tudo começou. PONTOS DE ATENÇÃO A linguagem figurada é um recurso muito usado, tanto de maneira mais formal, em poemas e letras de músicas, por exemplo, quanto de maneira mais informal, nas analogias que permeiam o acervo da nossa tradição oral. Para além de reconhecer cada uma das diversas figuras de linguagem, identificar o uso desse recurso nos textos trabalhados amplia um repertório necessário para a interpretação de usos mais abstratos da fala ou da escrita, já que nem sempre esses usos estão associados ao sentido literal das palavras, dependendo muito do contexto e da situação comunicacional. Muitos ditados e expressões apresentam variações geográficas, históricas ou cronológicas, entre outras, e essas diferenças podem ser exploradas. NO CADERNO EDUCATIVO Relação com Quebrando a cuca. DICAS • O vasto repertório de ditados e expressões populares pode proporcionar um trabalho interessante com as figuras de linguagem. Estimule a sala a pensar em outros ditados e expressões. O futebol está cheio deles e pode ser um bom ponto de partida. Também é possível pedir que os alunos coletem com seus pais ou avós algumas dessas sabedorias populares para depois compartilhá-las em sala de aula. • O mesmo exercício pode ser feito com outros ditados ou com as expressões seguintes, usadas no futebol e também em situações do cotidiano: VIRAR A CASASA BOTAR PRA ESCANTEIO PENDURAR AS CHUTEIRAS NESSA ALTURA DO CAMPEONATO CORRER PARA O ABRAÇO VIRAR O JOGO PISAR NA BOLA ESCONDER O JOGO LENDO E RECRIANDO IMAGENS A observação de imagens permite ao aluno conhecer mais a si mesmo e sua cultura. Permite também ampliar as suas referências de mundo a partir do contato com outros tempos e lugares. É um exercício que comporta inúmeras variações e pode ser adaptado a diversas situações. Sugerimos a seguir um passo a passo básico que pode auxiliar a observação de imagens e é baseado no modelo proposto por Robert Willian Ott, responsável pela criação do que chamou de roteiro para o olhar. 1. DESCREVER Os alunos devem observar a obra com atenção, permitindo que a imagem se “hospede” em sua consciência. Após essa primeira observação, peça aos alunos que listem verbalmente aquilo que viram, compartilhando com os colegas suas impressões. 2. ANALISAR Peça então que observem novamente a imagem e faça perguntas sobre seus elementos, texturas, dimensões, materiais, suportes e técnicas. 3. INTERPRETAR Permita que os alunos expressem suas próprias interpretações, sentimentos e emoções, e preste atenção nas diversas ideias que devem surgir na classe, aproveitando-as como possibilidades pedagógicas. Liste as diferentes interpretações e, coletivamente, elejam as que mais correspondam ao objetivo de ensino da aula. Promova então comparações entre outras imagens que apresentem o mesmo tema e estimule-os a fazer comparações. 4. FUNDAMENTAR As etapas anteriores levantaram questões, por isso é importante buscar algumas respostas. Contextualize a obra interpretada, falando sobre o autor, sua época, processo de criação etc. Se possível, indique textos e sites adequados para a faixa etária, para que possam buscar mais informações. NO CADERNO EDUCATIVO Relação com Memória e improviso. 5. REVELAR Após todo esse preparo e estímulo, é hora de os alunos criarem. Promova uma discussão sobre quais são suas ideias e como pretendem executá-las. Proponha então que desenhem, escrevam e façam esculturas ou colagens, fechando assim um ciclo de trabalho criativo! PONTOS DE ATENÇÃO O trabalho com imagens será mais proveitoso se preparado pelo professor, que poderá seguir as mesmas etapas individualmente antes de apresentar a proposta aos alunos. Além das obras de arte, o mesmo roteiro pode ser realizado com outros elementos do cotidiano dos alunos, tais como propagandas, objetos, fotografias e muito mais. DICAS • A Revista Nova Escola, da editora Abril, aprofunda o tema e sugere um percurso interessante para a ampliação de uma cultura visual. Visite o site da revista! • Alguns museus disponibilizam parte do acervo em seus sites. Confira o da Pinacoteca do Estado de São Paulo e navegue até encontrar a imagem adequada. Mas não deixe de procurar o site de outros museus também! MOMENTO DE REFLEXÃO: A IMPORTÂNCIA DA AUTOAVALIAÇÃO Aproveitamos as atividades Memória e Improviso e Inventando História do Caderno Educativo para propor uma autoavaliação após a produção textual. A autoavaliação é um recurso que todos nós precisamos aprimorar constantemente, nas mais diversas áreas. Vamos falar aqui sobre a autoavaliação no processo de escrita. em “achismos” e a autoavaliação perderá sua função. Quando pensamos na produção de textos, a possibilidade de se debruçar sobre a própria escrita em busca de eventuais equívocos ou desatenções, de melhorias e ajustes possíveis, e até mesmo de qualidades não identificadas anteriormente, é uma das formas mais concretas de compreender essas mesmas produções como um processo. Seguir parâmetros auxilia a construção da autonomia em relação à própria produção textual e a formação de escritores que possam rever, revisitar e extrapolar modelos com mais segurança e habilidade. Por isso, sempre que for viável, permita que os alunos reelaborem os textos produzidos em sala de aula e se vejam crescendo no processo. Produzir um texto considerado “pronto e acabado” no período de apenas uma aula pode induzir a crença errônea de que algumas pessoas possuem um dom ou uma facilidade quase sobrenatural e que todos os demais estão fadados a produzir textos de baixa qualidade ou insatisfatórios. Essa crença desconsidera que a escrita, assim como a leitura e as artes em geral, são fruto de muito trabalho e aperfeiçoamento. Para desmistificar essa falsa convicção e promover de fato o processo de produção textual, é importante que a escrita seja sempre trabalhada passo a passo de forma a possibilitar seu preparo e planejamento, antes da execução, e sua revisão. Esses passos são referências para que o aluno aprenda a avaliar sua produção, do contrário seus parâmetros serão baseados Sem que os alunos recebam orientações claras e pontuais – o que estamos chamando de passo a passo – fica muito difícil conseguir avaliar o próprio texto, já que geralmente ainda não possuem repertório ou habilidade para tanto. Apresentar pontos nos quais o aluno possa retornar e refletir – “cumpri determinado passo?” ou “segui determinada orientação?” – é uma forma de promover esse processo e prepará-lo para revisar seu próprio texto. Alunos capazes de perceber o próprio desenvolvimento e as demandas para seu aprimoramento costumam ter mais facilidade para ler e escrever. DICAS • Promover momentos nos quais os alunos compartilham suas autoavaliações e os critérios individualmente utilizados também contribui para a ampliação de repertório da classe. Experimente. APRESENTANDO UM PERSONAGEM Para realizar esta atividade, cada aluno já deve ter criado um personagem para si mesmo – a exemplo da atividade Virando um personagem. O objetivo é realizar para os colegas uma apresentação oral de um personagem inventado. Os alunos deverão se apresentar utilizando a primeira pessoa do singular: encenando seu personagem. Se quiserem, podem utilizar acessórios que ajudem na sua caracterização. NO CADERNO EDUCATIVO Assim como as atividades Mapa do Futebol e Em busca de lugares e memórias, esta proposta dá voz aos conhecimentos prévios dos alunos e também ao conhecimento não formal. É uma boa oportunidade de valorizar esses saberes e aproveitá-los coletivamente. A GEOGRAFIA NO FUTEBOL Proponha uma busca sobre os fatores geoclimáticos que podem influenciar os jogadores de futebol em seu desempenho nas partidas. Peça aos alunos que levantem países nos quais já foram realizadas Copas do Mundo e que busquem dados específicos sobre cada um deles, tais como altitude, temperatura, clima, fuso horário e demais fatores de influência. Após esse levantamento, promova uma discussão para que os alunos pensem sobre quais fatores podem ser mais ou menos prejudiciais e tentem levantar hipóteses sobre as medidas que podem ser tomadas pelos jogadores para minimizar tais efeitos. PONTOS DE ATENÇÃO Oriente essa busca, que poderá ser realizada em grupos ou duplas. Se considerar necessário, localize com os alunos alguns dos países e os divida entre as duplas ou grupos, para que eles façam conjuntamente esse levantamento de dados. DICAS • Dê voz aos alunos que gostam de futebol. Esses alunos podem ajudar os demais, compartilhando seus conhecimentos sobre episódios específicos, relacionados a fatores geoclimáticos, ocorridos durante Copas do Mundo ou outros campeonatos. É importante que os alunos possam se preparar. Você pode sugerir o passo a passo a fim de orientar a apresentação. PREPARO ANTERIOR (EM CASA): 1. Releia seu texto com atenção. 2. Em frente ao espelho, treine se apresentar sem ler o texto. • Não é preciso lembrar as palavras exatas, apenas a ideia geral. • Caso se esqueça de algum detalhe, pode consultar. • Se achar difícil demais, simplifique suas falas. • Use um tom de voz audível. • Experimente falar devagar, pronunciando todos os sons das palavras. NA HORA DA APRESENTAÇÃO (EM SALA DE AULA): 3. Apresente seu personagem para os colegas. • Caso se esqueça de algum detalhe, não faz mal: improvise! • Ao final, agradeça aos colegas. • Escute as outras apresentações com respeito. PONTOS DE ATENÇÃO As produções orais dos gêneros mais formais, como é o caso de uma apresentação em sala de aula, também podem ser vistas como um processo que envolve planejamento e execução, e sempre é passível de ajustes e aprimoramento. Uma apresentação de personagem criado pelos próprios alunos deve levar em conta esse processo. Ainda considerando esse tipo de produção, também é possível lançar mão da memória e do improviso, NO CADERNO EDUCATIVO Relação com Virando um personagem. procedimentos mais informais ligados diretamente à tradição oral. Por exemplo: a proposta pode ser a de criar e apresentar outro personagem no ato, exercitando o improviso e modificando assim a dinâmica da atividade. Experimente propor atividades que permitam a utilização de ambos os modelos e peça aos alunos que comparem as experiências. DICAS • Alunos mais tímidos e que tenham dificuldades para realizar a atividade podem ser estimulados com perguntas durante a apresentação, tal como uma entrevista. • Outra maneira de trabalhar memória e improviso é o uso de desafios de rimas: você pode, por exemplo, utilizar o repertório musical dos próprios alunos. A memória e o improviso são recursos fundamentais na criação e propagação da tradição oral. Nos dias atuais, com a predominância da escrita, esses recursos vêm sendo cada vez menos utilizados. Porém, a memória e o improviso podem ser objeto de aprendizado, treino e aprimoramento, tornando-se diferenciadores nas mais diversas situações comunicacionais. Vale experimentar. SOBRE O MUSEU DO FUTEBOL O Museu do Futebol, localizado no Estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo, foi inaugurado em 2008 e é um dos museus mais visitados do país. Nossa missão é investigar, preservar e comunicar o futebol como expressão cultural no Brasil, em diálogo com todos os públicos, para instigar e inspirar ideias e experiências a partir do futebol. A iniciativa é do Governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo – por meio da Secretaria Municipal de Esportes e da São Paulo Turismo – com concepção e realização da Fundação Roberto Marinho. Integramos a rede estadual de museus de São Paulo. O Museu do Futebol é para todos os públicos. Por meio do seu Programa de Acessibilidade (PAMF), concebe e desenvolve materiais sensoriais, jogos educativos e processos de formação de equipes para o atendimento à pessoa com deficiência. Estamos à disposição para dialogar com você sobre nossa experiência no trabalho com diferentes públicos, em especial, o de pessoas com deficiência. Para contatar nossa equipe, escreva para [email protected] Além da visita à exposição Museu do Futebol Na Área e as atividades sugeridas neste material, você pode explorar com seus alunos o Centro de Referência do Futebol Brasileiro – CRFB. A cada cidade, levamos livros, DVDs e computadores para acesso a nosso acervo por meio de um banco de dados na internet. Nele, é possível encontrar a trajetória de centenas de clubes e jogadores, além de ver o acervo de fotos, livros e outros itens do Museu. Há materiais para todas as idades. Estimule seus alunos à prática da leitura e da pesquisa a partir do tema futebol. O Centro de Referência do Futebol Brasileiro é o local perfeito para isso! Para acessar o banco de dados: dados.museudofutebol.org.br O CRFB funciona no Museu do Futebol de terça a sábado, das 10h às 17h. A entrada é gratuita. APOIO