Trabalhos Académicos Notas sobre requisitos a serem respeitados na sua elaboração C.ALVES-PINTO M.TEIXEIRA Porto, 2005 edição revista A PRINCÍPIOS GERAIS 3 1. O que é um texto académico 3 2. B Tipos de textos não aceitáveis em trabalhos académicos 2.1. o texto meramente opinativo 2.2. o texto manta de retalhos de citações (directas ou indirectas) 2.3. o texto plagiado REGRAS PARA OS TRABALHOS ELABORADOS NO ÂMBITO DO ISET 1. Referências Bibliográficas (regras mínimas) 1.1. Conteúdo da Bibliografia 1.2. Indicações que têm de constar de cada referência bibliográfica: 1.2.1. No caso de um livro 1.2.2. No caso de um artigo 1.3. Ordenação da Bibliografia 1.4. Tipos mais frequentes de obras a referir 1.4.1. Exemplo de referência de livros de um só autor 1.4.2. Exemplo de referência de livros de dois ou mais autores 1.4.3. Exemplo de referência de livros de dois ou mais autores 1.4.4. Exemplo de referência de um artigo de uma revista 1.4.5. Exemplo de referência de um artigo da colectânea 1.4.6. Exemplo de referência de um texto consultado na forma de policopiado 1.4.7. Exemplo de referência de livro consultado na Internet 1.4.8. Exemplo de referência de artigo de revista consultado na Internet 1.4.9. Exemplo de referência de texto consultado na Internet 2. Ciitações de obras (regras mínimas) 2.1. Forma genérica de citação 2.2. Tipos de citações 2.2.1. Uso de citação directa 2.2.2. Uso de citação em segunda mão 2.2.3. Uso de citação indirecta por enunciação de uma ideia 2.2.4. Citação indirecta por paráfrase 2.3. Indicações que têm de constar de cada citação 2.3.1. Exemplos de citação indirecta incorporando o nome do autor na estrutura da frase ISET - 2005 4 4 5 5 6 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 9 9 9 11 12 12 13 14 14 1 2.3.2. Exemplo de citação indirecta (de uma ideia de um autor concreto) não incorporando o nome do autor na estrutura da frase 14 2.3.3. Exemplo de citação indirecta (de uma ideia desenvolvida por vários autores) não incorporando o nome do autor na estrutura da frase 14 2.3.4. Exemplo de discrepância decorrente da utilização de edições diferentes do mesmo livro 15 2.3.5. Citações sucessivas da mesma obra 16 ISET - 2005 2 Trabalhos Académicos Notas sobre requisitos a serem respeitados na sua elaboração C.ALVES-PINTO M.TEIXEIRA Porto, 2005 edição revista A PRINCÍPIOS GERAIS 1. O que é um texto académico Um texto académico tem características particulares que o tornam específico relativamente a outros tipos de textos. Para um texto poder ser considerado um trabalho académico tem de expressar a ideia ou a argumentação do próprio que o escreve, apoiado (por concordância, divergência parcial ou discordância) em autores que se reconheçam de mérito para a matéria em causa. Aliás, esta foi a razão porque o ISET introduziu um módulo de «produção de textos de pesquisa» no âmbito da Metodologia do Trabalho Intelectual. Precisemos melhor o que acabamos de dizer. Um trabalho científico não é nem um artigo de jornal de opinião, nem uma sucessão de citações explícitas ideias de outros, nem ainda um plágio ou sucessão de plágios de ideias de outros de que nos apropriamos sem que, ao leitor, se dê claro conhecimento da real autoria dessas ideias. Noutros termos, quando elaboramos um texto académico, importa ter consciência de que nem estamos a ser os primeiros a começar a pensar sobre o assunto em causa, nem estamos condenados a pensar só pela cabeça dos outros que, antes de nós, pensaram e escreveram sobre assuntos similares. Há, pois, que encontrar um equilíbrio entre a expressão do nosso pensamento pessoal e a referência a autores conceituados que tenham trabalhado sobre o tema que nos ocupa. Esta aprendizagem, por vezes, é difícil mas é incontornável para quem queira progredir na elaboração de textos academicamente aceitáveis. Aqui também se poderá dizer que a ignorância das regras não protege quem as transgride. Vale a pena prevenir os incautos para o facto de certos autores, que já afirmaram o seu prestígio em termos académicos, terem deixado de se preocupar, em certos textos que vão produzindo, em respeitar as regras do trabalho académico. Tal ocorre, quando autores muito conhecidos escrevem o que consideram ISET - 2005 3 textos de divulgação ou de opinião. No entanto, há que ressalvar que, com certeza, não procederam deste modo quando, ainda estudantes, prepararam os seus trabalhos académicos. Importa ainda salientar que os trabalhos devem ser feitos tendo em conta a especificidade da disciplina em causa. O teor do discurso utilizado pode variar de disciplina para disciplina. Por exemplo, no âmbito da sociologia o uso frequente do «deve» ou expressões equivalentes é inaceitável, pois traduz um discurso normativo incompatível com o objecto da disciplina. Com efeito, em sociologia pretende-se compreender os fenómenos em estudo. O mesmo se dirá para a apresentação de projectos de investigação. Já, por exemplo, em Métodos e Técnicas de Administração Escolar ou em Política Educativa, esse tipo de formulação é compatível com os objectos dessas disciplinas, uma vez que se pretende estudar o «como» concretizar soluções para determinados problemas ou operacionalizar decisões concretas. Quando solicitados trabalhos para conclusão de disciplinas dos cursos do ISET, importa relembrar que esses trabalhos devem ser construídos com base em pelo menos cinco referências bibliográficas indicadas pelo professor da disciplina em causa. Estas referências podem corresponder a livros ou artigos. Chama-se a atenção para a diferença entre referências e citações. É normal que, se o texto é construído a partir de cinco obras (entre livros e/ou artigos), haja várias citações directas e indirectas de cada uma ou da maior parte dessas obras. Existem diversos sistemas de fazer referências e citações. O importante é que uma vez adoptado um, ele se mantenha de forma coerente ao longo do trabalho. O ISET adoptou as regras que se explicitam no presente texto, designadamente na secção B e que devem ser observadas nos trabalhos a apresentar no âmbito dos cursos do ISET. Este documento visa ajudar os alunos do ISET aquando da elaboração dos trabalhos acima referidos, onde estas regras devem ser respeitadas 2. Tipos de textos não aceitáveis em trabalhos académicos Importa clarificar o que se entende pelas três situações inaceitáveis em matéria de produção de trabalhos académicos: 1. o texto meramente opinativo 2. o texto manta de retalhos de citações (directas ou indirectas) 3. o texto plagiado 2.1. o texto meramente opinativo Exemplos de textos opinativos são os que encontramos nos jornais, nomeadamente nas colunas de opinião. Aí, o que se pretende é fazer passar uma ideia, dar uma opinião. O objectivo está longe de ser o ISET - 2005 4 aprofundar de um tema por referência ao que se encontra na literatura da especialidade. Dito por outras palavras, um texto que pode ser muito bom para um jornal diário ou semanário não o será provavelmente para um trabalho académico. 2.2. o texto manta de retalhos de citações (directas ou indirectas) Estes textos manta de retalhos aparecem muitas vezes em estudantes que, tendo lido muito mas tendo ainda integrado de forma insuficiente as várias abordagens, acabam por produzir um amontoado de transcrições, algumas delas podendo ser de grande interesse. Acontece frequentemente quando os estudantes apresentam uma sucessão de notas de leitura. Direi que, quando houve um critério interessante na escolha das citações, essa manta de retalhos tem potencialidades de vir a dar origem a um texto de qualidade. Mas tal só acontecerá se autor/redactor for capaz de explicitar a sua ideia e a sequência da sua argumentação, apoiando-se (por concordar ou discordar) com os autores em causa. Quando um texto se desdobra em demasiadas citações ou em citações demasiado longas, é porque, normalmente, o estudante, autor do referido texto, não teve tempo para assimilar as ideias e reorganizá-las de forma pessoal. Neste caso, importa ressaltar a grande qualidade de se saber a quem pertence a autoria de cada frase. No entanto, a haver uma deficiência é preferível esta do que aquela de que vamos falar de seguida. 2.3. o texto plagiado O texto plagiado é um texto em que o autor que o assina usa ideias, argumentação de outrem, sem que o leitor possa ter indícios de tal facto. Importa salientar que muitos plágios acontecem sem que haja má fé, mas por desconhecimento/inadvertência das regras académicas. No entanto não deixa de ser plágio, e, por isso mesmo, qualquer formação académica minimamente séria tem de preparar os estudantes para, no mais curto prazo, dominarem as regras que permitem ao leitor "dar o seu a seu dono". Não basta integrar a obra na bibliografia final. Há que assinalar com rigor a citação. Em iniciantes, estes lapsos são compreensíveis. Na fase de apresentação de trabalhos finais (de curso ou de cadeiras) são totalmente inadmissíveis. Direi que, tradicionalmente, o plágio é a transgressão mais radicalmente censurada na comunidade académica. Para se compreender cabalmente se se está a cair em plágio importa clarificar os tipos de citações e as regras que têm de ser respeitadas em cada situação. Antes, iremos apresentar de forma sucinta as regras mínimas a serem respeitadas nas referências bibliográficas. ISET - 2005 5 B REGRAS PARA OS TRABALHOS ELABORADOS NO ÂMBITO DO ISET 1. Referências Bibliográficas (regras mínimas) 1.1. Conteúdo da Bibliografia A bibliografia indicada no final do trabalho tem de conter a totalidade das obras utilizadas em qualquer tipo de citação. 1.2. Indicações que têm de constar de cada referência bibliográfica: 1.2.1. No caso de um livro * APELIDO em maiúsculas; * Nome reduzido no geral à 1ª letra seguida de ponto; * (Ano) entre parêntesis; * Título da obra em destacado, podendo ser ou em sublinhado ou em negrito * Local de edição em letra normal (com a primeira letra em maiúscula, pois trata-se sempre de um local); * Editora. 1.2.2. No caso de um artigo * APELIDO em maiúsculas; * Nome reduzido no geral à 1ª letra seguida de ponto; * (Ano) entre parêntesis; * “Título exacto do artigo” * Título da revista [em destacado podendo ser ou em sublinhado ou em negrito] * nº do volume, nº da revista, mês ou trimestre * pp. Números de página de início e de fim do artigo separadas por -. 1 1 NOTA: A indicação da data tem de ser sempre a data da edição consultada. De outro modo pode haver desencontro entre as páginas usadas pelo autor do trabalho e aquelas que o leitor encontra com as indicações fornecidas. Vejamos um exemplo: As edições de 1977 e de 1992 do livro de M. CROZIER e E. FRIEDBERG, L'acteur et le système, Paris, Seuil são diferentes na distribução do texto pelas páginas. ISET - 2005 6 1.3. Ordenação da Bibliografia A bibliografia apresenta-se por ordem alfabética do apelido do autor, ou do 1º autor, no caso de haver vários. Quando há vários textos do mesmo autor, a ordenação é por data, a começar pelos mais antigos. Se houver vários textos do mesmo autor do mesmo ano deve-se anexar as letras a, b e c como índice. ALVES PINTO, C., (1991a), Effets d'aggrégation et sociologie d'éducation, Lição de \agregação na Universidade de Lisboa, Polic ALVES PINTO, C., (1991b), "A formação no Estatuto da carreira docente dos Educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário", Educação, nº2, pp.14-19 ALVES PINTO, C., (1991c), "Formas de estar na escola", Notícias da Federação, Novembro, pp.4,14-15. 1.4. 1.4.1. Tipos mais frequentes de obras a referir Exemplo de referência de livros de um só autor TEIXEIRA, M., (1994), O professor e a escola, Amadora, McGraw-Hill 1.4.2. Exemplo de referência de livros de dois ou mais autores Livros de dois autores HECK, S.F. e WILLIAMS, C.R.,(1984), The Complex Roles of the Teacher, New York/London, Teachers College 1.4.3. Exemplo de referência de livros de dois ou mais autores Neste caso segue-se a norma dos outros livros com as seguintes especificações: a) se o coordenador da colectânea é uma ou várias pessoas citam-se da mesma forma que se cita um ou vários autores seguindo-se entre parêntesis a indicação (ed.) ou (org.). um só autor TEIXEIRA, M., (ed.), (1993), Poder nas organizações, Porto,Iset. de mais de três autores BOUDON, R. et all.,(1990), Dicionário de Sociologia, Lisboa, D.Quixote b) se o coordenador da colectânea é uma instituição, é o nome da instituição que aparece no lugar do nome de autor. ISET,(1992),Textos de apoio-administração escolar:I módulo caderno 1, Porto, Iset. ISET - 2005 7 1.4.4. Exemplo de referência de um artigo de uma revista TEIXEIRA, M., (1991) , "Formação contínua de Professores - um direito e um dever", Educação, nº2, pp.31-35 1.4.5. Exemplo de referência de um artigo da colectânea Neste caso, a referência é semelhante à de artigo de revista introduzindo a partícula in entre o título do artigo e o nome do coordenador. FRIEDBERG, E., (1995), "Organização", in R., BOUDON,(ed.), Tratado de Sociologia, Rio Tinto, Asa, pp. 343-378 TEIXEIRA, M.,"Os fundamentos do poder do professor", in M.,TEIXEIRA,(ed.), (1993), Poder nas organizações, Porto, ISET. 1.4.6. Exemplo de referência de um texto consultado na forma de policopiado AZEVEDO, J., (1995), Estudo sobre as condições de inserção precoce de jovens no mercado de trabalho na região norte, polic. 1.4.7. Exemplo de referência de livro consultado na Internet SAMPAIO, D., (s/d), Indisciplina: um signo geracional, Lisboa, I.I.E., disponível http://www.iie.min-edu.pt/inovbasic/biblioteca/ccoge06/, consultado em 11/10/2005 1.4.8. em Exemplo de referência de artigo de revista consultado na Internet DUBET, F., (2004) “O que é uma escola justa?”, Cadernos de Pesquisa. Sept./Dec. 2004, vol.34, no.123 p.539-555. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010015742004000300002&lng=en&nrm=iso, consultado em 11/10/2005 1.4.9. Exemplo de referência de texto consultado na Internet OCDE, (2003), Os sistemas de qualificação e do seu impacto na Aprendizagem ao Longo da Vida – Relatório de Base de Portugal, disponível em http://www.oecd.org/dataoecd/17/19/33776836.pdf , consultado em 11/10/2005 ISET - 2005 8 2. 2.1. Ciitações de obras (regras mínimas) Forma genérica de citação A citação de obras faz-se indicando no corpo do texto entre parêntesis (APELIDO do autor, ano, nº da página) NOTA: A cada citação no corpo do texto tem de corresponder a referência da obra consultada na bibliografia 2.2. Tipos de citações O uso de citações enriquece o texto académico, uma vez que é sinal que o autor/redactor conhece o que outros disseram a propósito de aspectos relevantes para a argumentação que está a desenvolver. Também permite ao leitor retomar as obras que foram utilizadas pelo autor redactor, aprofundando-as ou eventualmente verificando se concorda com o uso que delas foi feito. São essas mesmas citações que permitem, por vezes, aos leitores, descobrir obras de interesse para a pesquisa que estão a empreender. Em qualquer caso, há uma regra de oiro da honestidade intelectual:” dar o seu a seu dono”. Só com as citações correctamente feitas é que podemos ter a certeza de que não contribuímos para que outros nos atribuam a autoria de ideias ou frases que usámos de outrem. Podemos distinguir três tipos de citação: citação directa; citação indirecta por paráfrase e citação em segunda mão. Na citação directa o autor/redactor deverá colocar a citação entre aspas, seguida dos elementos necessários para o leitor poder encontrar na obra em causa a citação. Dito de outra maneira, o leitor deverá, com os elementos que o redactor do texto disponibiliza, ir retomar o texto citado e situá-lo na obra em causa. Na citação em segunda mão o autor/redactor transcreve o que um segundo autor transcreveu de um terceiro. Neste caso, o redactor, para além de referir o nome do autor da frase ou ideia em questão, tem de referenciar a obra ( autor, ano, página) de onde retirou a citação. Na bibliografia final terá de indicar a referência bibliográfica completa da obra em que se encontrou a citação feita. ISET - 2005 9 Na citação indirecta por enunciação de uma ideia o autor/redactor enunciará uma ideia ou conceito que foram desenvolvidos por determinado(s) autor(s) devendo dar os elementos necessários para o leitor poder encontrar na obra em causa essa ideia ou esse conceito. Na citação indirecta por paráfrase o autor/redactor dirá por palavras suas a ideia em causa devendo dar os elementos necessários para o leitor poder encontrar a citação na obra referida. Não basta neste caso substituir algumas palavras pelos seus sinónimos. Terá de ser uma real paráfrase. Para as distinguirmos, tomemos um exemplo a partir de um trecho da obra de ALVES-PINTO, (1995), Sociologia da escola, Amadora, McGraw-Hill O texto original: Vejamos um trecho da obra de C.ALVES-PINTO, (1995), Sociologia da escola, Amadora, McGraw-Hill, pp. 123-124 Mas o problema fundamental que surge é o da coerência ou compatibilidade entre as interiorizações realizadas ao longo da socialização primária e as interiorizações supostas pelos diferentes momentos de socialização secundária. P.BERGER e Th.LUCKMANN expressam este facto com a seguinte imagem: «Aprende-se uma segunda língua construindo sobre a realidade indiscutível da própria “língua materna”. Durante longo tempo a pessoa re-traduz continuamente na sua língua original quaisquer elementos da nova língua que está adquirindo. Só desta maneira a nova língua pode começar a ter alguma realidade. Quando esta realidade chega a estabelecer-se por si mesma, lentamente torna-se, possível livrar-se da retradução. A pessoa mostra-se capaz de pensar na própria língua» (1966, p. 189). Esta explicitação conceptual permite interrogar a socialização escolar e especificamente a forma como ela é proposta a crianças e jovens que experimentaram uma socialização primária em universos culturais muito afastados da cultura escolar. Até que ponto é que muitas das crianças nas nossas escolas dispõem de pontes entre o seu mundo significativo (com que chegam à escola) e o universo significativo que lhe é proposto na socialização escolar. Poder-se-ia dizer, retomando a imagem da segunda língua, que muitas crianças não dispõem de «dicionário» que lhes facilite as traduções e retroversões. ________ Bibliografia: BERGER,P., LUCKMANN, Th.,(1996) , A construção social da realidade, Petrópolis, Vozes ISET - 2005 10 Se se quiser usar este texto podemos fazê-lo por citação directa do que é texto de C.ALVES-PINTO e citação em segunda mão do que é de P.BERGER e Th. LUCKMANN. (verifique o modo de citar na pg. 12). 2.2.1. Uso de citação directa a. Numa primeira hipótese o nome do autor faz parte da frase: Ao aprofundar as questões da socialização escolar C.ALVES-PINTO (1995, 124) formula as seguintes questões: "Até que ponto é que muitas das crianças nas nossas escolas dispõem de pontes entre o seu mundo significativo (com que chegam à escola) e o universo significativo que lhe é proposto na socialização escolar? Poder-se-ia dizer, retomando a imagem da segunda língua, que muitas crianças não dispõem de «dicionário» que lhes facilite as traduções e retroversões". b. Numa segunda hipótese o nome do autor não faz parte da frase: Ao aprofundar as questões da socialização escolar pode-se formular as seguintes questões: "Até que ponto é que muitas das crianças nas nossas escolas dispõem de pontes entre o seu mundo significativo (com que chegam à escola) e o universo significativo que lhe é proposto na socialização escolar? Poder-se-ia dizer, retomando a imagem da segunda língua, que muitas crianças não dispõem de «dicionário» que lhes facilite as traduções e retroversões".(ALVESPINTO, 1995, 124) _____ Bibliografia ALVES-PINTO, C., (1995), Sociologia da Escola, Amadora, McGraw-Hill É de notar que no corpo do texto tem sempre de se incluir o apelido do autor, ano e página(s) referida(s). 2.a. Se o nome fizer parte da frase o que surge entre parêntesis, separado por vírgula, é o ano da edição com que se trabalha e o nº da página da citação. 2.b. No caso do nome do autor não fazer parte da frase, então, entre parêntesis, separados por vírgulas têm de constar o apelido do autor, o ano da edição com que se trabalha e o nº da página da citação. Na bibliografia, no final do texto, tem sempre de constar a referência completa. ISET - 2005 11 2.2.2. Uso de citação em segunda mão (do texto de BERGER e LUCKMAN) A relação necessária a estabelecer entre a socialização primária e secundária sugeriram a P. Berger e Th. Luckman a imagem da aprendizagem de uma segunda língua. “Aprende-se uma segunda língua construindo sobre a realidade indiscutível da própria “língua materna” Durante longo tempo a pessoa re-traduz continuamente na sua língua original quaisquer elementos da nova língua que está adquirindo. Só desta maneira a nova língua pode começar a ter alguma realidade. Quando esta realidade chega a estabelecer-se por si mesma, lentamente tornase possível livrar-se da retradução. A pessoa mostra-se capaz de pensar na própria língua” (cit. por ALVES-PINTO, 1995, p.123) -------Na Bibliografia: ALVES-PINTO,C., (1995), Sociologia da Escola, Amadora, McGrawHil Note-se que neste caso, embora no original de C. ALVES-PINTO esteja indicada a página da obra de P. Berger e Th. Luckman, (1966), a construção social da realidade, Petrópolis, Vozes, na citação em segunda mão, quem redige, indica a página da obra que efectivamente consultou. Nesta situação, se o redactor não consultou o livro de P. Berger e Th. Luckman, A construção social da realidade, não deve integrar o livro na bibliografia e a citação tem de ser a de ALVES-PINTO, como consta no exemplo. Com estas indicações qualquer leitor pode voltar a ler o texto que foi usado por quem redigiu a citação. 2.2.3. Uso de citação indirecta por enunciação de uma ideia Se se quer compreender as dificuldades de integração escolar importa ter em conta as relações que se estabelecem ou não entre a socialização primária e a socialização escolar (cfr.ALVES-PINTO, 1995, pp. 123-124) ISET - 2005 12 2.2.4. Citação indirecta por paráfrase 2.2.4.1. Uso de paráfrase correcta Segundo C. ALVES-PINTO (1995, pp.123-124) na reflexão sobre o que está em causa na socialização secundária não podemos ignorar o nível de “coerência ou compatibilidade” que possam existir entre os universos significativos subjacentes à socialização primária e secundária. A facilitação da socialização secundária passará por estabelecer relações entre estes dois universos significativos. Este aspecto é de extrema relevância para a facilitação da socialização escolar de crianças de meios populares. _______ Bibliografia: ALVES-PINTO, C., (1995), Sociologia da Escola, Amadora, McGrawHill Vemos que na verdadeira paráfrase tenta-se dizer por frases diferentes a ideia que se reputa de fundamental no texto que se pretende citar. E quando existe alguma coincidência de expressões do texto original ela é assinalada metendo-as entre aspas, para além da indicação da obra e da página a partir das quais se faz a paráfrase. 2.2.4.2. Uso de falsa paráfrase ou plágio Podemos dizer que a socialização escolar e a forma como ela é proposta a crianças e jovens que experimentaram uma socialização primária em universos culturais muito afastados da cultura escolar não é adequada. Com efeito, muitas das crianças nas nossas escolas não dispõem de pontes entre o seu mundo significativo e o universo significativo que lhe é proposto na socialização escolar. Dir-se-ia, se nos ativermos à imagem da segunda língua, que muitas crianças não dispõem de “dicionário” que lhes facilite as traduções e retroversões. Este tipo de adaptação é de facto um plágio. Por um lado, importa ressaltar a similitude entre os dois textos. Em segundo lugar, não há indicação da fonte de inspiração. Vejamos a similitude entre estes dois textos. O que está sublinhado só pertence à pseudoparáfrase e o que está entre parêntesis só pertence ao texto original. Podemos dizer que (Esta explicitação conceptual permite interrogar)a socialização escolar e a forma como ela é proposta a crianças e jovens que experimentaram uma socialização primária em universos culturais muito afastados da cultura escolar não é adequada. Com efeito, (Até que ponto é que) muitas das crianças nas nossas escolas não dispõem de pontes entre o seu mundo significativo (com que chegam à escola) e o universo significativo que lhe é proposto na socialização escolar. Dir-se-ia, se nos ativermos à (Poder-se-ia dizer, retomando a ) imagem da segunda língua, que muitas crianças não dispõem de “dicionário” que lhes facilite as traduções e retroversões. ISET - 2005 13 2.3. 2.3.1. Indicações que têm de constar de cada citação Exemplos de citação indirecta incorporando o nome do autor na estrutura da frase Quando a citação integra o nome do autor na frase que se escreve, normalmente a citação inicia-se com a inicial do primeiro nome seguido de ponto, apelido em maiúsculas. 2 Para compreender a situação profissional dos professores M.TEIXEIRA (1994, pp.88-89) faz a distinção entre mandato e contrato. _____ Bibliografia TEIXEIRA, M., (1994), O professor e a escola, Amadora, McGraw-Hill 2.3.2. Exemplo de citação indirecta (de uma ideia de um autor concreto) não incorporando o nome do autor na estrutura da frase Poder-se-ia ter escrito a frase sem incorporar nela o nome do autor citado: A compreensão do ser professor pode ser mais aprofundada com distinção entre mandato e contrato (cfr. TEIXEIRA, 1994, pp.88-89) _____ Bibliografia TEIXEIRA, M., (1994), O professor e a escola, Amadora, McGraw-Hill 2.3.3. Exemplo de citação indirecta (de uma ideia desenvolvida por vários autores) não incorporando o nome do autor na estrutura da frase A análise da escola como organização supõe ter-se em consideração a perspectiva com que se estuda a organização. Com, efeito a perspectiva da teoria da administração Científica vai relevar determinados aspectos enquanto a teoria das relações humanas vão reconhecer particular pertinência a outros aspectos (cfr. CHIAVENATO, 1993, pp.5790 e pp. 135-149; TEIXEIRA, 1994, pp.14-21) 2 Quando um autor quer ser conhecido pelos dois últimos nomes inscreve-os colocando um traço entre eles e então esses dois nomes funcionam como um só. Exemplo: Conceição Alves-Pinto deve citar-se ALVESPINTO, C. ISET - 2005 14 2.3.4. Exemplo de discrepância decorrente da utilização de edições diferentes do mesmo livro A indicação da data de edição tem de ser sempre a da edição consultada. De outro modo pode haver desencontro entre as páginas usadas pelo autor do trabalho e aquelas que o leitor encontra com as indicações fornecidas. Vejamos um exemplo com as edições de 1977 e 1992 do livro de M.CROZIER e E.FRIEDBERG, L'acteur et le système, Paris, Seuil. O conceito de estratégia dos actores nas organizações (CROZIER e FRIEDBERG, 1977, pp.47-48) distingue-se de uma perspectiva voluntarista da intervenção nas organizações _____ Bibliografia CROZIER, M., FRIEDBERG, E., (1977), L'acteur et le système, Paris Seuil. . No caso da edição consultada ser a de 1977 a definição do conceito de estratégia vem nas páginas 47 e 48. Mas se a edição for a que está disponível nas bibliotecas do ISET, (que é a de 1992) essa mesma definição vem nas páginas 55, 56 e 57. O conceito de estratégia dos actores nas organizações (CROZIER e FRIEDBERG, 1992, pp.55-57) distingue-se de uma perspectiva voluntarista da intervenção nas organizações _____ Bibliografia CROZIER, M., FRIEDBERG, E., (1992), L'acteur et le système, Paris Seuil. ISET - 2005 15 2.3.5. Citações sucessivas da mesma obra uso da expressão ibid Quando da mesma obra que acaba de ser citada, se faz outra citação retirada de outra página deve indicar-se (ibid, p. ) uso da expressão ibidem Quando surge uma citação retirada da mesma obra e da mesma página da citação imediatamente anterior deve indicar-se (ibidem) Exemplo do uso das expressões ibid e ibidem Para compreender a situação profissional dos professores M.TEIXEIRA (1994, pp.88-89) faz a distinção entre mandato e contrato. O conteúdo do mandato vai encontrá-lo na lei de bases (ibid., p. 90) e o conteúdo do contrato no estatuto da carreira docente (ibidem) _____ Bibliografia TEIXEIRA, M., (1994), O professor e a escola, Amadora, McGraw-Hill Saliente-se que no exemplo acima referido o texto que corresponde a (…) não teve mais nenhuma citação. uso da expressão o.c. (obra citada) Quando se citou uma obra X (CHIAVENATO, 1993, p. 57-90) ; em seguida surge uma obra Y de outro autor (TEIXEIRA, 1994, pp. 14-18) e de seguida surge uma outra vez a mesma obra X (CHIAVENATO) então na repetição mais à frente virá (CHIAVENATO, o.c., pp.135-149). Por sua vez se reaparecer em seguida a obra Y virá (TEIXEIRA, o.c., pp.18-21). A expressão o.c. só aparece se uma mesma obra de um autor for aparecendo alternando com outras obras de outros autores, pois ela refere à última obra referida do citado autor Exemplo do uso de o.c.: A análise da escola como organização supõe ter-se em consideração a perspectiva com que se estuda a organização. Com efeito a perspectiva da teoria da administração Científica vai relevar determinados aspectos (cfr. CHIAVENATO, 1993, pp. 57-90; TEIXEIRA, 1994, pp. 14-18) enquanto a teoria das relações humanas vão reconhecer particular pertinência a outros aspectos (cfr. CHIAVENATO, o.c., pp.135-149;TEIXEIRA,o.c., pp.18-21). ISET - 2005 16