Ventilação para Conforto Térmico Professor: Daniel Moura Novembro - 2013 A ventilação tem importância fundamental na sensação de conforto térmico percebida pelo ser humano. A troca de calor entre o homem e o ambiente envolve as seguintes variáveis: ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ Metabolismo; Resistência térmica da roupa; Temperatura de bulbo seco; Temperatura radiante média; Velocidade do ar; Pressão parcial de vapor de água. 1. Condução Predominantemente através dos corpos sólidos, podendo também ocorrer através dos fluidos, se estiverem parados. t1 t2 t1 > t2 t2 t 1 < t2 Qk t1 2. Convecção: Entre um fluido e uma superfície sólida. Ar Placa Qc Classifica-se em: • Natural, quando a velocidade do fluido é nula; • Forçada, quando o fluido está em movimento. 3. Radiação: Qr Ocorre entre corpos à distância, separados pelo vácuo ou por uma substância que lhe seja transparente, como gases, vidro, etc. Se o ar se encontra com elevada umidade, mesmo que se aplique ventilação com velocidade considerável não será possível conseguir a evaporação necessária ao conforto ambiental. Por quê ? A remoção da umidade do ar é o objetivo das instalações de climatização(ar condicionado). É a relação percentual entre a umidade absoluta e aquela correspondente ao ponto de saturação=f(T). É obtida em percentagem(%) através de aparelhos chamados psicrômetros ou higrômetros. É um parâmetro que resulta do efeito de várias variáveis. Entre eles, a Temperatura Efetiva(TEF) que é uma grandeza empírica capaz de exprimir a sensação de calor, combinando a temperatura, a umidade relativa e a velocidade do ar. Usada para avaliação do calor em ambientes de trabalho. Seu valor é obtido através de ábacos(nomogramas) para trabalhadores vestidos e/ou com dorso desnudo. Ábaco da TEF 6. Diagrama do Conforto Humano • Termômetro de bulbo seco; •Termômetro de bulbo úmido; • Termômetro de globo; • Anemômetro • Medidor de Estresse Térmico O índice PMV Escala PMV: Muito Frio Frio -3 -2 Levemente Frio -1 Confortável Levemente Quente Quente Muito Quente 0 1 2 3 PPD(%) Índice PPD (Percentagem de Pessoas Insatisfeitas) Continuação 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -3 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5 PMV Avaliação térmica de ambientes quentes Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo - IBUTG Este índice, objeto da Norma ISO 7243/89, é recomendado pelo Ministério do Trabalho para avaliar exposições ao calor. Sua regulamentação foi feita através da norma NR-15 (Anexo 3) Recentemente a FUNDACENTRO publicou a Norma de Higiene Ocupacional NHO 06/2002, que apresenta novos subsídios para o cálculo desse índice. O índice IBUTG, dado em graus Célcius, relaciona a carga térmica do ambiente com a carga devida ao esforço físico do trabalhador, considerado fisicamente aclimatado ao trabalho, com boa saúde e trajando vestimenta correspondente a 0,6 clo IBUTG x Metabolismo IBUTG (°C) 35 32,2 31,4 31,1 30,6 30 30,0 30,0 29,4 28,0 27,9 TRABALHO CONTÍNUO 26,7 75% TRAB.; 25% DESC. 50% TRAB.; 50% DESC. 25,9 25% TRAB.; 75% DESC. 25,0 25 kcal/h 100 200 Trabalho leve 300 Trabalho moderado 400 500 Trabalho pesado Fonte:Adaptado do ASHRAE Handbook – Fundamentals, 1997 Procedimentos de avaliação A avaliação consiste dos três procedimentos seguintes: • cálculo do índice IBUTG; • determinação do valor do metabolismo M referente à atividade analisada; • comparação do IBUTG calculado com o IBUTG Máximo correspondente ao Metabolismo encontrado. Instrumental Cálculo do índice IBUTG Ambiente sem radiação solar direta: IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg Ambiente com radiação solar direta: IBUTG = 0,7 tbn + 0,2 tg + 0,1 t Onde tbn = temperatura de bulbo úmido natural, em oC; tg = temperatura de globo, em oC; t = temperatura de bulbo seco, em oC . QUADRO No 3 da NR 15 – ANEXO 3 TIPO DE ATIVIDADE Sentado em repouso TRABALHO LEVE Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.:datilografia) Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.:dirigir) De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços TRABALHO MODERADO Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar TRABALHO PESADO Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá) Trabalho fatigante kcal/h 100 125 150 150 180 175 220 300 440 550 Comparação dos valores M e IBUTG Podemos considerar as três seguintes situações: a) O trabalhador permanece num mesmo ambiente onde realiza apenas uma tarefa. Logo, há um só metabolismo M e um único IBUTG. M IBUTG b) O trabalhador permanece num único ambiente onde realiza as atividades M1, M2, ...., Mn durante Θ1, Θ2, ...., Θn minutos, respectivamente. Assim, temos um só IBUTG, mas um valor médio de metabolismo, ponderado em relação ao tempo total Tt gasto nas tarefas individuais. M1, Θ1 M2, Θ2 Mn, Θn IBUTG M1θ1 M 2 θ 2 ..... M n θn M 60 c) O trabalhador executa as tarefas M1, M2,...., Mn em ambientes diferentes, caracterizados pelos IBUTG1, IBUTG2 ...., IBUTGn, durante os períodos 1, 2, ...., n, respectivamente. Assim, temos: M 1, Θ 1 M 2, Θ 2 Mn, Θn IBUTG1 IBUTG2 IBUTGn IBUTG 1 θ1 IBUTG 2 θ 2 .... IBUTG n θn IBUTG 60 M M1θ1 M 2 θ 2 ..... M n θn 60 Limite de tolerância Máximo IBUTG (kcal/h) (oC) 175 30,5 200 30,0 250 28,5 300 27,5 350 26,5 400 26,0 450 25,5 500 25,0 M Análise através da Norma NR-15 A Norma NR-15 considera dois ambientes: um de trabalho, caracterizado pelo IBUTGt, onde a pessoa realiza a atividade Mt durante Θt minutos; e outro de descanso, caracterizado pelo IBUTGd, onde desenvolve a atividade Md, durante Θd minutos. IBUTGt IBUTGd Mt Md Θt Θd Mt Θt MdΘd M 60 IBUTGt Θt IBUTGdΘd IBUTG 60 Observações • A Norma NR-15 considera local de descanso, um ambiente termicamente mais ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo atividade leve. • Os períodos de descanso são considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais. • Os tempos Tt e Td devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo de trabalho, sendo Tt + Td = 60 minutos corridos. DOENÇAS DO CALOR 1. Hipertermia – Caso mais grave 1.1 Causas: - Falta de aclimatação; - obesidade; - bebidas alcoólicas (vasodilatação); - vestes inadequadas. 1. Hipertermia – Caso mais grave - continuação 1.2 Sintomas: - Desorientação e delírios; - convulsões (não freqüentes); - cessa a sudorese; - pele seca e quente. 1.3 Tratamento: (interromper quando ti = 39oC) - Imersão em banheira com água fria; - Compressa de álcool e ventilação forçada (ventilador); - Massagem nas áreas resfriadas para estimular a circulação sanguinea. 2. Tontura e desfalecimento por déficit de sódio 2.1 Causas: - Falta de aclimatação; - Reposição salina inadequada. 2.2 Sintomas: - Fraqueza muscular, cansaço, câimbras, náuseas, vômitos, cefaléias, irritabilidade, tendência a cair, freqüência cardíaca elevada, temperatura interna normal, não há queixa de sede. 2.3 Tratamento: - Afastar a pessoa do ambiente e repor sódio por via oral ou parenteral 3. Tontura e desfalecimento por hipovolemia relativa 3.1 Causas: O sangue solicitado pelos músculos e pela vasodilatação provoca déficit em órgãos internos. 3.2 Sintomas • Tonturas, desmaios, náuseas; • Sudorese fria, palidez, suspiros; • Pulso lento, queda de pressão arterial. 3.3 Tratamento: Deitar-se ou sentar-se com a cabeça baixa, durante a crise. A recuperação é completada com repouso em ambiente ameno. 4. Tontura e desfalecimento por evaporação inadequada 4.1 Causas • Velocidade do ar, roupas inadequadas, umidade alta. 4.2 Sintomas • Calor e cansaço, aumentando com o esforço → respiração acelerada → aumento da freqüência cardíaca; possíveis desmaios; erupções faciais sem coceira. 4.3 Tratamento Remover a pessoa do ambiente quente 5. Desidratação 5.1 Causas A quantidade de água ingerida é menor que as perdas por micção e evaporação 5.2 Sintomas • Perda de 5 a 8% de peso; redução de eficiência; sinais de desconforto; irritabilidade; sonolência; pulso acelerado; temperatura elevada; oligúria (pouca urina). • Com perda de 10% de peso a pessoa não deve trabalhar; • Perda de 15% de peso implica choque hipovolêmico. 5.3 Tratamento Levar para local fresco e fazer a reposição hídrica por via oral ou parenteral 6. Distúrbios cutâneos Golpes de calor 6.1 Causas Disfunções das glândulas sudoríparas 6.2 Sintomas Erupções cutâneas provocando coceiras nas partes cobertas, dando sensação de picadas, calor e queimação, durando dias ou semanas. 6.3 Tratamento Pomada de calamina, banho frio e ingestão de bastante água. 7.0 Queimaduras 7.1 Causas • radiação ultravioleta; • Solda elétrica; • Fabricação de vidros; • Exposição ao calor quando a temperatura da pele ultrapassa 45oC. 7.2 Sintomas Visíveis 7.3 Tratamento • Pomadas a base de nitrofurazona, ácido pícrico; • Consultar um especialista. 8. Cataratas 8.1 Causas Olhar com freqüência materiais incandescentes; podem surgir após alguns anos de atividade. 8.2 Sintomas Visão deficiente 8.3 Tratamento • Preventivo: só fitar fontes de radiação infravermelha com óculos apropriados; • Corretivo: cirurgia