APMT – JORNAL “A CRUZ”
N.º 457 - ANO X - pg. 2
Cuiabá, 14 de Março de 1920.
UNIVERSIDADE NOVA
( correspondência Parisiense)
A guerra fez despontar uma florescência de projetos que visam a renovação do ensino
nacional.
Mas, falando hoje da Universidade nova, não são estes planos de reforma aos quais quero
fazer alusão a novidade que assina-lo, é no próprio seio da velha Universidade que a
descobrem: é uma elevação e uma ampliação do espirito que reinava neste grande Instituto
do Estado.
A política de antes da guerra tinha chegado a estreitar e abaixar as concepções deste corpo
intelectual, que deveria ser independente das paixões governamentais, porém que ás vezes
sofreu a sua influência.
A prova da guerra libertou o nosso alto ensino oficial e restaurou- o.
Este trabalho de reconstituição intima tinha começado nas duras e sãs claridade da
tormenta.
Puderam se ver, nos dias mais angustiosos do combate, aproximações imprevistas operar se
entre a sorbonna e o Instituto Católico.
O ensino livre, ontem desconhecido até ameaçado tinha se tornado o poder amigo e salutar
ao qual se é feliz de se apoiar.
Mas esta reconciliação não seria efêmera?
Restabelecida a paz, a antiga hostilidade não retomaria o seu império? Não faltavam
augures pessimistas ou suspeitosos, para profetizarem esta queda e esta ruptura. Graças a
Deus, eles se enganaram.
Uma dupla cerimônia acaba de celebrar-se, que afirma com brilho o espirito novo da
Universidade de França. Uma vez mais a nova Sorbonna, ressuscitando as tradições da
Sorbonna antiga, reconheceu e saudou a força religiosa.
Sábado, 20 de Dezembro, sob as abobadas do grande anfiteatro onde se desenrolam suas
solenidades anuais, ela emoldurava na habitual inauguração de seus cursos, uma
homenagem magnifica aos Universitários que tombaram pela pátria.
Em redor do corpo professoral completo, toda a mocidade estudante estava reunida.
O chefe ilustre dos nossos exércitos encarnava, ao lado dos principies da Ciência e das
Letras, o gênio dos grandes capitais e a gloria dos heróis. Ora, que podia se distinguir, de
todos os pontos da sala, junto do uniforme azul do Marechal Foch?
O manto violeta de monsenhor Baudrillart!
O reitor do Instituto católico de Paris, representante do ensino livre e religioso, tinha sido
alvo de um convite cordial e instante; ele tinha recebido, no alto estabelecimento oficial
um acolhimento caloroso e lhe haviam concedido o lugar de honra.
Antes da guerra uma tal manifestação teria sido completamente impossível; hoje parece
natural.
Não é tudo. Depois desta cerimônia profana, a Universidade de Paris quis associar-se aos
pés dos altares, a um ofício religioso. Ela, posto que leiga, fez empenho em coroar a
homenagem aos mortos com a prece pelos mortos.
E poude-se ver , domingo de manhã na metrópole de Notre Dame, como nos tempos em
que a Igreja e o Estado se abraçavam fraternalmente, o reitor da Universidade oficial,
acompanhado pelos chefes de todas as Faculdades, todos revestidos da toga tradicional,
tomar lugar nas primeiras linhas, diante da balaustrada do côro. Atrás deles se apertava uma
multidão, em que o escol do pensamento francês e do ensino do Estado, se afirmava, se não
crente e praticante ao menos respeitoso para com a Igreja e simpático á religião. Durante
este tempo, o cardeal Amete, Arcebispo de Paris, presidia de seu sólio e, terminada a missa,
sua palavra delicada e justa exprimir as grandes lições deste espetáculo novo.
Novo, com efeito, ou antes renovado: pois desde longos anos que Notre Dame não tinha
sido testemunha disso!
Deus protege a França!
François Vivillot
APMT – JORNAL “A CRUZ”
ANO X - n.º 460 - pg. 1
Cuiabá, 4 de Abril de 1920
O Sr. Presidente no Colégio
A 27 de Março findo, fez a sua visita oficial no Colégio Salesiano de Artes e Ofícios, o
Exm.º e Rev.do Sr. Presidente do Estado.
Recebido que foi S. Ex.a a porta do Estabelecimento deu-se começo a uma organizada festa
escolar no pátio do Liceu.
Os alunos executaram exercícios de ginástica e diversos jogos desportivos, manobrando, ao
finalizar, de um modo bem regular, a seção dos que se preparam a receber a caderneta de
reservistas.
S. Ex.a . Rvm.ª , o Sr. Presidente foi saudado em nome da congregação pelo Rvm.º Padre
Mansueto, e em nome dos alunos pelo jovem João Bosco de Aquino Corrêa.
O Sr. Tenente Coronel Faria, Comandante do 16.º de caçadores, em palavras entusiásticas
exprimiu aos seus jovens patrícios a sua satisfação por vê-los já bem adestrados na sua
formação de cidadãos aptos á defesa da Pátria.
Encerrou a festa Sua Excelência Reverendíssima congratulando-se com os Diretores do
Estabelecimento onde se formara ele mesmo, pelos resultados que iam sempre colhendo na
sua obra meritória de instrução e educação. Glosou sobre o velho lema do Estado “Virtude
plusquam auro” , incitando os alunos a realiza-lo na sua vida de bons cidadãos.
O Exm.º Sr. Presidente acompanhado pelos presentes visitou em seguida as diversas
oficinas e aulas do estabelecimento.
Notamos: O Exm.º Dr. Henrique Florence , Revm.º Padre Manoel Gomes, Dr: Barnabé
Gondim, Dr. Otilio da Gama, Tenente Cel. João Manoel de Faria e oficialidade de 16.º de
caçadores, Tenente Cel. Firmo José Rodrigues e oficialidade da Polícia, etc.
APMT – JORNAL “A CRUZ”
ANO XI - n.º 473 - pg. 2
Cuiabá, 4 de Julho de 1920.
NA ESCOLA MUNICIPAL
A Exm.ª Srt.ª Mariana Póvoas teve a gentileza de comunicar-nos que, por ato do Exm.º Sr.
Coronel Intendente Geral do Município da Capital n.º 124, de 19 do corrente, foi nomeada
para o cargo de Professora Diretora da Escola Modelo Profissional Feminina, tendo
prestado, nesta data , o compromisso legal e assumido as respectiva funções.
Cumprimentamos a Exm.ª Diretora fazendo os melhores votos de feliz desempenho no
exercício de suas novas funções.
APMT – JORNAL “A CRUZ”
N.º 477 - ANO XI - pg. 1
Cuiabá, 01 de Agosto de 1920.
NO LICEU SALESIANO
Dia 24 e 25 do corrente foram dois dias festivos no Liceu Salesiano desta Capital.
Abrilhantados pela presença da nossa elite social, correram animadíssimos e a risca todos
os atos do programa.
A 24, dia em que se solenizou a festa patronímica de Exm.º e Rvm.º Inspetor Padre Pedro
Massa, houve muita concorrência nos atos religiosos, depois dos quais os assistentes
notaram o garbo e notável progresso dos alunos nos exercícios militares.
A tarde, no salão de atos do colégio, repleto de famílias, tivemos o ensejo de ouvir uma
belíssima oração gratulatória do ilustre advogado Leovegildo de Melo, glorificando em
magnífica linguagem, a personalidade do distinto homenageado e as obras de civilização da
missão Salesiana entre nós. Aos votos e cumprimentos endereçados naquele dia ao preclaro
e ativo Inspetor da Missão Salesiana, juntamos os nossos sinceros e ardentes para a
felicidade pessoal do prezadíssimo amigo, e a prosperidade das obras salesianas de
proficientemente está dirigindo.
A 25, teve lugar no mesmo Estabelecimento de ensino o encerramento do XXVI ano letivo,
soleníssima foi a distribuição de prêmios no salão repleto de Exmas . famílias. O discurso
oficial esteve cheios de nobres pensamentos e conselhos práticos, orou em nome dos
educando com eloqüente sinceridade , o inteligente aluno João Bosco de Aquino Corrêa,
brilhantemente executada foi a parte recreativa: música, cantos e recitatívos. Parabéns aos
alunos cujos esforços foram condignamente recompensados, parabéns aos dedicados
mestres e esforçados educadores, pelo bem que á mancheias vão semeando na alma da
nossa mocidade.
APMT – JORNAL “A CRUZ”
N.º 477
ANO XI PG. 2
Cuiabá, 1 de Agosto de 1920.
CENTRO CATÓLICO NACIONALISTA
Ensino primário livre
Uma das maiores desgraças que pesam sobre o futuro moral e religioso do Brasil é a escola
leiga, ou ensino neutro, sistema mentiroso, fulminado pela Igreja como contrário a fé, aos
bons costumes e ao bem comum, verdadeiro desastre social, nas expressivas denominações
de Pio IX e Leão XIII.
Na própria confissão dos inventores desse ensino na França, a escola leiga é um molde em
que se mete o filho de um cristão e se apura um renegado; a neutralidade escolar, no dizer
de Viviani, foi uma simples tartuferie de circunstance.
Semelhante ensino, no Distrito Federal, consta de dispositivo expresso da lei Organica, que
preceitua ( letra A do parágrafo 20 do Decreto n.º 5.160 de 8 de Março de 1904) ; - O
ensino para o qual contribuir ( o município) com subvenção ou de qualquer outro modo,
será leigo em todos os seus graus, e não obstante parecer em contrário do Sr. Rui Barbosa,
declarando ( a propósito de um contrato ente o governo do Distrito Federal e o Mosteiro de
S. Bento) inconstitucional semelhante dispositivo, a doutrina nele consagrada tem
prevalecido na prática até hoje.
A revogação desse dispositivo só será obtida mediante a influência eleitoral dos católicos e
jamais por súplicas e representações, de efeitos platônicos, conforme o demonstra a
experiência dos países da Europa e, entre nós a do Estado de Minas onde, não querendo ou
não podendo em verdade contrariar a política dos professores, um governador, para a não
transformação do regime atual no da liberdade paralela, alegou insuperáveis enbaraços
orçamentários.
A razão invocada não procede, pois que o regime do ensino primário livre subvenciona
consoante ainda a lição do velho mundo, é muito mais econômico para o Estado que o do
exclusivo ensino leigo oficial; e o Prefeito, em um de seus últimos relatórios o registrou,
mostrando como, para uma matrícula de 40.000 alunos, o Distrito Federal consome mais de
12.000 contos por ano.
Os católicos belgas, em seu grito de guerra, declararam na praça pública, ainda antes das
ultimas eleições, que preferiam a essa escola, a multa ou a prisão.
A escola é um prolongamento da família: pertence aos pais a escolha da escola para os
filhos; por conseguinte, o Estado, entre nós comete uma Tirania impingindo a fina força
um ensino oficial exclusivo que importa em negação dos princípios morais e religiosos das
famílias dos alunos.
Neste termos, o Centro Católico Nacionalista, adapta no seu programa a subvenção ás
escolas católicas pela formula:
“ Ao lado do ensino oficial, o ensino privado livre, tanto primário, como secundário,
baseado nos dictames, da religião católica e subvencionado pelo governo nas mesmas
condições que o oficial.
A CATEQUESE
De acordo com o programa do Centro Católico Nacionalista, envidaremos esforços para
que seja extinta a chamada catequese leiga, dirigida pelos positivistas, com ruidoso apoio
das alfurjas maçônicas, por ser ela conforme está sobejamente demonstrado, contraria ao
interesse moral e financeiro do país. A grande república da América do Norte só admite a
catequese religiosa que foi entregue aos Jesuítas, depois de amarga experiência dos
métodos protestantes.
APMT- JORNAL “ A CRUZ”
ANO XI
N.º 478 PG. 2
Cuiabá, 8 de Agosto de 1920.
“O ENSINO DO CATECISMO E OS GRANDES HOMENS”
Que é Catecismo?
È um livrinho precioso que em forma mui singela, contém as verdade da fé e dá uma
resposta cabal a todos os problemas humanos. É ainda o resumo de toda a Teologia, de todo
o Evangelho, de todos os dogmas, de todas as verdades religiosas e de toda moral cristã.
O catecismo encanta e deslumbra, edifica e ilumina.
Tem uma linguagem simples e atraente, encerrando em suas páginas os mais belos e
simples ensinamentos e a doutrinas mais elevada e pura.
O catecismo católico empolga e convence, consola e tranqüiliza homens ilustres não
escondem sua simpatia e admiração pelo ensino e pela moral do catecismo.
Jouffroy, o grande filósofo, escreve: “ Há um livrinho que as crianças aprendem e sobre o
qual são interrogadas na Igreja. Lhe dê esse pequenino livros, que é o catecismo, e lá
encontrareis a solução de todas as questões que vos ei proposto, de todas, sem exceção.
Perguntai ao cristão donde provém a raça humana e ele sabe responder, qual o seu destino,
e ele sabe- o .
Perguntai aquela criancinha porque se encontra neste mundo, que será feito dela depois da
morte, e dar-vos-á uma resposta sublime que não compreenderá , mas que nem por isso é
menos admirável.
Jouffroy era racionalista.
Raimundo Troplong, primeiro presidente do Tribunal de Paris, senador e depois presidente
do senado, sob Napoleão III, á hora extrema presta homenagem ao catecismo católico
Tiers, notável estadista e historiador, depois dos inúmeros males causados pela Communa
de Paris em 1871, escreveu “urge voltar ao catecismo católico.
Victor Hugo, o furioso anticlerical, fez esta confissão:
“Deviam se condenar ao cárcere os pais que mandam os filhos ás escolas em cujas portas
está escrito “ Aqui não se ensina catecismo”
O conde montalembert fez também calorosos elogios ao catecismo católico.
Alexandre Manzoni declara que o catecismo é o melhor livros para aprender a bem viver.
Iria longe , se quisesse trazer para aqui os testemunhos preciosos e insuspeitíssimos dos
maiores adversários da Igreja em favor do ensino do catecismo cristão.
Nestas ligeiras notas fica apenas demonstrado, á luz dos fatos que o catecismo arranca
aplausos e homenagens dos homens cultos, dos espíritos retos e dos filósofos mais
distintos.
E só.
Cônego Mello Lula.
APMT – JORNAL “A CRUZ”
ANO XI
N.º 493 PG. 1
Cuiabá, 21 de Novembro de 1920.
Exposição
Tivemos o ensejo de visitar a exposição da Escola Normal, onde se vêem lindos trabalhos
de alunas daquele acreditado estabelecimento de Instrução. Parabéns a professora e as
dedicadas discípulas.
Recebemos um exemplar do anuário do Liceu Salesiano de Artes e Ofícios “São Gonçalo”,
correspondente ao ano letivo de 1919-1920.
Gratos.
Escola Normal
Realizou-se, anteontem, ás 19 horas, a imponente cerimônia de colação de grau da turma de
normalista que completaram o curso da referida escola neste ano.
Como nos anos anteriores, a simpática festa agradou sobremaneira aos numerosos
assistentes.
Parabéns.
APMT – JORNAL “A CRUZ”
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