CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE – FaC
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
FAGNER ARRUDA DOS SANTOS
“DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE”: A PERCEPÇÃO DA ÉTICA E
DA CIDADANIA NOS NEGÓCIOS PELOS ATORES DO CURSO DE
ADMINISTRAÇÃO DA FACULDADE CEARENSE
FORTALEZA
2013
FAGNER ARRUDA DOS SANTOS
“DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE”: A PERCEPÇÃO DA ÉTICA E
DA CIDADANIA NOS NEGÓCIOS PELOS ATORES DO CURSO DE
ADMINISTRAÇÃO DA FACULDADE CEARENSE
Monografia submetida à aprovação da
Coordenação do Curso de Administração
do Centro de Ensino Superior do Ceará,
como requisito parcial para obtenção do
grau de Graduação.
Orientador: Prof.
Oliveira Borges.
FORTALEZA
2013
Ms.
Ricardo
Cesar
S237d Santos, Fagner Arruda dos
Desenvolvimento como liberdade: a percepção da ética e da
cidadania nos negócios pelos atores do curso de administração da
Faculdade Cearense / Fagner Arruda dos Santos. – 2013.
87f.
Orientador: Profº. Ricardo Cesar Oliveira Borges.
Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade
Cearense, Curso de Administração de Empresa, 2013.
1. Ética - percepção. 2. Liberdade de Amartya. 3.
Desenvolvimento local. I Borges, Ricardo Cesar Oliveira. II.
Título
CDU 658:179
Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274
FAGNER ARRUDA DOS SANTOS
Trabalho de Conclusão de Curso como prerequisito para obtenção de titulo de
Bacharelado em Administração, outorgado
pela Faculdade Cearense (FaC), tendo sido
aprovada
pela
banca
examinadora
composta pelos professores..
Data da aprovação: ______/______/______
Conceito:____________________________
____________________________________________
RICARDO CESAR OLIVEIRA BORGES, Ms.
Orientador
Dedico este trabalho à minha esposa
amada que sempre está ao meu lado e
que pretendo amá-la em toda minha vida.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que iluminou o meu caminho durante esta caminhada, que
sempre foi meu socorro nas horas que estava atribulado e que sempre foi a razão da
minha alegria.
À minha esposa, Izabel, que me incentivou a seguir em frente e a concluir
mais esta etapa em minha vida. Sei que palavras para descrever o meu sentimento
é pouco, mas saiba que sou muito grato a você.
Aos meus pais, Ismael e Fátima, que de forma simples me mostraram
como ser uma pessoa honesta e sincera e de como atingir meus objetivos. Sempre
foram meus exemplos e nunca me deixaram desviar do caminho.
Aos meus irmãos, Wagner e Magno, por estarmos juntos nas dificuldades
que encontramos ao longo do caminho e hoje estamos colhendo tudo que plantamos
na nossa infância.
Aos meus familiares de modo geral, tias, primos, mesmo os mais
distantes, que de alguma forma foram exemplo de pessoa e de dignidade.
Aos meus colegas de sala, que sempre me ajudaram nos trabalhos de
equipe, indo ao encontro dos nossos objetivos.
A meu orientador, Professor Ricardo Cesar de Oliveira Borges, que além
de ter me mostrado os caminhos para a realização deste trabalho, iluminou de
maneira especial meus pensamentos, levando-me a buscar mais conhecimentos.
Além disso, também foi um incentivador, um psicólogo e um amigo. Muito obrigado
por tudo.
Aos professores, João Queiros, Marcos Falcão, Meirice, Paulo Henrique,
Monica Gurgel, Monica Veras, e Eloisa (in memoriam), quero destacá-los, pois foram
pessoas que tiveram grande participação nessa etapa de minha vida.
Aos professores, pelo acolhimento e pela disponibilidade, sempre
generosa, no desenvolvimento de novos profissionais, muito obrigado a todos.
Ao funcionário da Faculdade Cearense (FaC), Marcelo, que me ajudou
de forma direta e indireta, com sua simplicidade e sua presteza, sempre auxiliando e
demonstrando gentileza, sendo a cara dessa instituição.
“[...] ainda que esteja morto, viverá sob a
minha palavra [...]”.
Jesus Cristo
RESUMO
Em meio ao atual processo de globalização, convive-se como um problema éticopolítico, cujas forças dominam e se consolidem nas estruturas sociais e econômicas.
A ética se torna o maior valor da liberdade do homem, em que seu livre arbítrio
forma seu meio ambiente que pode ser preservado ou destruído, ou que ele pode se
formar no bem ou no mal neste planeta. O presente estudo monográfico teve como
objetivo principal identificar a percepção da ética e da cidadania nos negócios pelos
atores do curso de Administração da Faculdade Cearense com base na teoria
“Desenvolvimento como liberdade” de Amartya Sen. Para atingir o objetivo proposto
foi realizado pesquisa de natureza qualitativa, de tipologia exploratória-descritiva por
meio de análise bibliográfico-documental com tratamentos de dados através de
análise de conteúdo. Como resultado, pode-se inferir que a liberdade política, o
desenvolvimento econômico e o desenvolvimento local estão muito ligados entre si.
A sociedade tem uma responsabilidade sobre as lideranças que governam o Estado.
Uma mudança na postura das pessoas faz com que essa busca seja conhecida
como desenvolvimento e liberdade, voltando a atenção para as políticas públicas e o
entendimento desse desenvolvimento com ética e exercendo o papel de cidadão.
Palavras-chave: Gestão. Liberdade. Ética. Desenvolvimento local.
ABSTRACT
Amid the current process of globalization, lives as an ethical-political, whose forces
dominate and consolidate the social and economic structures. Ethics becomes the
highest value of human freedom, that free will shape their environment that can be
preserved or destroyed, or that it can be formed in good or evil on this planet. This
monographic study aimed to identify the perception of ethics and citizenship in the
business by the actors of the School Administration course Ceará on the theory
“Development as Freedom” by Amartya Sen. To reach that goal was accomplished
nature research qualitative, exploratory and descriptive typology by analyzing
bibliographic and documentary treatments of data through content analysis. As a
result, it can be inferred that political freedom, economic development and local
development are closely linked to each other. Society has a responsibility on the
leaders who govern the state. A change in the attitude of the people makes this quest
is known as development and freedom, turning his attention to public policy and
understanding of this development with ethics and playing the role of citizen.
Keywords: Management. Freedom. Ethics. Local development.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – A contribuição do curso de Administração para a formação ética dos
bacharelandos ........................................................................................ 47
Gráfico 2 – A ética como um dos fatores que contribuem para uma sociedade
melhor ..................................................................................................... 47
Gráfico 3 – A utilização da ética no processo de tomada de decisão ....................... 48
Gráfico 4 – O papel de cidadão no exercício das tarefas na empresa ...................... 48
Gráfico 5 – A contribuição da atividade exercida para o desenvolvimento social ..... 49
Gráfico 6 – A contribuição da atividade exercida para o desenvolvimento
econômico .............................................................................................. 49
Gráfico 7 – A contribuição da atividade exercida para o desenvolvimento local ....... 50
Gráfico 8 – O exercício da liberdade e da ética na empresa ..................................... 50
Gráfico 9 – O exercício da liberdade e da cidadania na empresa ............................. 51
Gráfico 10 – O exercício da liberdade política na empresa ....................................... 51
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – As seis fases da história das empresas .................................................. 16
Tabela 2 – Característica da teoria burocrática ......................................................... 23
Tabela 3 – América Latina, taxas brutas de matrícula no Ensino Superior, 19901997 ........................................................................................................ 37
Tabela 4 – Número de Instituições de Educação Superior, por organização
acadêmica e localização (Capital e Interior), segundo a unidade da
federação e a categoria administrativa das IES - 2011 .......................... 39
LISTA ABREVIATURAS E SIGLAS
BID
Banco Interamericano de Desenvolvimento
BIRD
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
COREN
Conselho Federal e Regional de Enfermagem
CRA
Conselho Regional de Administração
CREA
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
DASP
Departamento de Administração do Serviço Público
DEL
Desenvolvimento Econômico Local
IDH
Índice de Desenvolvimento Humano
IES
Instituições de Ensino Superior
INEP
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
MEC
Ministério da Educação e Cultura
OAB
Ordem dos Advogados do Brasil
PIB
Produto Interno Bruto
UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
2 GESTÃO, DESENVOLVIMENTO E LIBERDADE ................................................. 15
2.1 A Revolução Industrial......................................................................................... 15
2.2 Escolas da Administração ................................................................................... 16
2.2.1 Administração científica.................................................................................... 19
2.2.2 Processo administrativo ................................................................................... 20
2.2.3 Ascensão humanística ..................................................................................... 20
2.2.4 Teoria da burocracia......................................................................................... 22
2.3 Desenvolvimento não é crescimento ................................................................... 24
2.3.1 Desenvolvimento Econômico e Local ou endógeno ......................................... 26
2.3.2 Liberdade nos negócios do século XXI ............................................................ 29
3 CIDADANIA, ÉTICA E ENSINO SUPERIOR EM ADMINISTRAÇÃO ................... 31
3.1 Cidadania ............................................................................................................ 31
3.2 Ética .................................................................................................................... 32
3.3 Responsabilidade ................................................................................................ 35
3.4 Moral, amoral e imoral ......................................................................................... 36
3.5 Educação e Ensino Superior ............................................................................... 36
3.6 Ensino Superior em Administração ..................................................................... 39
4 ARCABOUÇO METODOLÓGICO ......................................................................... 41
4.1 Natureza da pesquisa ......................................................................................... 41
4.2 Tipologia da pesquisa ......................................................................................... 42
4.3 Objeto de estudo ................................................................................................. 43
4.4 Universo amostral e população alvo ................................................................... 45
4.5 Instrumento de pesquisa (entrevista/questionário) .............................................. 45
4.6 Pré-teste .............................................................................................................. 46
4.7 Procedimentos operacionais ............................................................................... 52
4.8 Análise de discurso ............................................................................................. 52
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 54
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 57
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59
APÊNDICE ................................................................................................................ 61
13
1 INTRODUÇÃO
Sen (2000), em seu livro “Desenvolvimento como liberdade”, demostra
que no mundo existem inúmeras pessoas que são vítimas de várias formas de
privações de liberdade, privações essas como: as fomes coletivas, a falta de acesso
à saúde, os saneamentos básicos, a água tratada, entre outras. Assim, o referido
autor contribui demostrando que o desenvolvimento de um país está essencialmente
ligado a oportunidades que são oferecidas à população de fazer escolhas e exercer
sua cidadania.
E isso não inclui apenas uma garantia dos direitos sociais básicos, como
saúde e educação, segurança, liberdade, habitação e cultura, mas superar esses
problemas é uma parte central do processo de desenvolvimento.
Nesse contexto, observa-se que, para isso ser uma realidade da
população, a questão do desenvolvimento como liberdade é necessária como o é as
políticas públicas trabalhem com ética e cidadania, em que as pessoas tenham
acesso às decisões tomadas no Estado e que sejam para benefício e bem-estar da
população. Esse assunto igualmente impacta no campo privado, no qual as
organizações possuem procedimentos internos, regulamentos, normas, entre
outros, para limitar a ação dos seus funcionários, independente do porte de empresa
e área de atuação, como é o caso do Ensino Superior.
A escolha do tema se deu pelo interesse de expor a visão do indiano
Amartya Sen, criador do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e ganhador do
Prêmio Nobel de Economia de 1998, pelas suas contribuições à teoria da decisão
social e fazer estado social. Seus livros mais importantes incluem sobre a
desigualdade econômica, pobreza e fome.
Em ética e economia, a maior contribuição de Sen é apresentar que o
desenvolvimento de um país está essencialmente ligado às oportunidades que ele
oferece à população de fazer escolhas e exercer sua cidadania. E isso não inclui
apenas uma garantia dos direitos sociais básicos, como saúde e educação, como
segurança, liberdade, habitação e cultura, e identificar o ponto relevante da teoria
que influencia a percepção sobre a ética e a cidadania nos negócios pelos
acadêmicos e docentes do curso de Administração da Faculdade Cearense (FaC).
Diante do exposto, a questão de partida emerge e orienta esta
investigação, a citar: Qual a percepção da ética e da cidadania nos negócios pelos
14
atores do curso de Administração da Faculdade Cearense com base na teoria
“Desenvolvimento como liberdade” de Amartya Sen?
Partindo deste problema, o presente trabalho tem como objetivo geral
identificar a percepção da ética e da cidadania nos negócios pelos atores do curso
de Administração da Faculdade Cearense com base na teoria “Desenvolvimento
como liberdade” de Amartya Sen. E tem como objetivos específicos: analisar a
percepção sobre desenvolvimento local; identificar os critérios que influenciam o
desenvolvimento social; e demonstrar as atitudes dos novos administradores na
tomada de decisão, ética.
Para atingir o objetivo proposto foi realizada uma pesquisa de natureza
quanti-qualitativa, de tipologia exploratória-descritiva, e por meio de análise
bibliográfico-documental com tratamentos de dados através de análise de conteúdo.
Para atender ao presente trabalho, essa investigação está estruturada em
seis capítulos.
O primeiro capítulo trata das notas introdutórias, onde são apresentados
a contextualização do problema, a justificativa do tema, a pergunta de partida, os
objetivos da pesquisa, o sumário da metodologia, bem como a estrutura do trabalho
aqui descrita.
No segundo capítulo, abordou-se os conceitos e a influência de alguns
pensadores no cotidiano das organizações.
No terceiro capítulo, versou-se sobre a relação entre a cidadania, a ética
e o Ensino Superior em Administração.
No quarto capítulo, definiu-se a natureza da pesquisa, a tipologia da
investigação, o instrumento do estudo, a tabulação dos dados e o objetivo da
pesquisa. Posteriormente, foram relatados os procedimentos utilizados para
determinar a investigação e quais estratégias foram realizadas para alcançar os
resultados da investigação.
No quinto capítulo, analisou-se os resultados obtidos na visão dos
entrevistados sobre o conhecimento do assunto abordado.
Por fim, no sexto capítulo, apresentou-se as conclusões, mostrando a
compreensão acerca do assunto diante dos resultados obtidos.
15
2 GESTÃO, DESENVOLVIMENTO E LIBERDADE
Este capítulo possui o objetivo de tratar da Revolução Industrial no
tocante à gestão nas escolas de Administração e nos conceitos de desenvolvimento,
de crescimento e de liberdade nos negócios pelos atores do curso de Administração
da Faculdade Cearense, com base na teoria “Desenvolvimento como liberdade” de
Amartya Sen.
2.1 A Revolução Industrial
A Revolução Industrial provocou e deu iniciou às grandes mudanças
e transformações nos sistemas organizacionais de produção nos séculos XVIII e
XIX. Este foi quem deflagrou a nova concepção do trabalho e da estrutura dos
meios de produção. Chiavenato (2004) comenta que século XVIII, a forte tendência
mercantilista, a Revolução Industrial impulsionou a produção de fábricas e a
invenção da máquina a vapor e a sua utilização na produção, dando origem a forma
de trabalho, modificando os padrões econômicos da época.
Alguns fatos caracterizaram essa revolução: a mecanização da indústria e
da agricultura; o sistema fabril sendo desenvolvido; a aceleração dos transportes e
da comunicação (CARVALHO, 2008). Com esses avanços foi possível determinar
cientificamente os melhores métodos para a realização das tarefas dentro das
empresas, num momento em que era imprescindível aumentar a produtividade das
organizações, haja vista o surgimento das demandas em massa da população.
Por outro lado, estas fábricas trouxeram a necessidade de ordem, de
disciplina e de um novo conjunto de conhecimentos que pudessem auxiliar os novos
“administradores” a lidar com essa massa de trabalhadores desqualificados e
indisciplinados. Desta necessidade surgiram os modelos clássicos de administração
e princípios organizacionais. Na visão de Bajarano (2006, p. 24), tem-se que:
As hierarquias rígidas, a divisão do trabalho “mental” e “braçal”, a adoção de
medidas disciplinares, o alto grau de controle dos “subordinados”, as
cadeias de comando – são todos elementos da forma como as empresas
primeiramente se estabeleceram: com uma imensa disponibilidade de mão
de obra barata e pouco especializada.
A Tabela 1, a seguir, descreve as seis fases da historia das empresas:
16
Tabela 1 – As seis fases da história das empresas
1ª Fase Artesanal
2ª Fase Transição para a industrialização
3ª Fase Desenvolvimento industrial
4ª Fase Gigantismo industrial
5ª Fase Moderna
6ª Fase Globalização
Fonte: Chiavenato (2004, p. 6).
Da Antiguidade até a pré-revolução industrial
1ª Revolução Industrial
2ª Revolução Industrial
Entre as duas grandes guerras mundiais
Do pós-guerra até a atualidade
Momento atual
Até 1780
1780 a 1860
1860 a 1914
1914 a 1945
1945 a 1980
Após 1980
2.2 Escolas da Administração
A Administração existe desde os primórdios quando os antepassados dos
homens, vendo a necessidade que tinham que caçar para se alimentar, começaram
a perceber que precisavam traçar planos para conseguir seus alimentos. Então,
começaram a se organizar e planejar, ou seja, se preparavam para conseguir se
alimentar ou teriam que mais uma vez migrar para outro local atrás de novas fontes
de alimentos.
Maximiano (2005) afirma que os conceitos usados hoje em dia foram
extraídos na antiguidade e somente foram evoluindo e estudados, algum tempo
atrás, a partir da Revolução Industrial no século XVII. O autor complementa que no
período de 10.000 a 8.000 a.C., fala que já existiam, na Mesopotâmia e no Egito,
pessoas que desenvolviam as atividades do cultivo, desenvolvendo a Revolução
Agrícola. Iniciando os registros para estudos de aldeias e surgindo uma mudança
fundamental para a evolução da Administração, onde Émile Dürkheim (1851-1917),
explora a divisão do trabalho social.
Com esses estudos, percebe-se que surgiam antes das organizações
algumas formas de administrar e a capacidade do ser humano sobrepor às
necessidades. Ao analisar a humanidade, observa-se que atitudes tomadas na
antiguidade foram moldadas para aplicação de muitas teorias administrativas.
Alguns projetos e arquiteturas que foram realizados no mundo, como por
exemplos, a pirâmide do Egito e a muralha da China, ainda consistem num mistério,
induzindo o homem ao seguinte questionamento: Quem era o povo que detinha esta
tecnologia e como eles a desenvolveram a ponto de não deixar vestígio?
Pode-se questionar e até mesmo deduzir que por trás daquela multidão
de pessoas trabalhando em um monumento tão grande, existiam pessoas dando as
ordens e fazendo um trabalho organizado e planejado.
17
Outro exemplo que se pode citar como uma boa administração é a
passagem que está escrita na Bíblia, no livro de Êxodo (cap. 18:13-27), quando o
povo Hebreu resolve deixar o Egito e foi à Canaã, terra onde Deus iria mostrar a
Moisés, sendo seguido por mais de dois milhões de pessoas. Nessa passagem
também observa-se algo que para a Administração existe há muito tempo. Quando o
sogro de Moisés vê que seu genro está muito cansado e exausto a guiar e a cuidar
de tantas pessoas, ele sugere a Moisés:
[...] O que você está fazendo não está certo. Desse jeito você vai ficar
cansado demais, e o povo também. Isso é muito trabalho para você fazer
sozinho. [...]. Mas você deve escolher alguns homens capazes e colocá-los
como chefes do povo: chefes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez. [...].
Serão eles que sempre julgarão as questões do povo. Os casos mais
difíceis serão trazidos a você, mas os mais fáceis eles mesmos poderão
resolver. [...]. (Êxodo, 18:17-22)
Surge a estrutura hierárquica, definida com níveis de autoridades e
responsabilidades diferentes. A história mostra vários conceitos de administração e
que ao longo dos tempos apareceram de forma espontânea que ainda não estavam
bem definidas, sem nenhum estudo, e, ao passar dos tempos, com os estudos
realizados, começam a questionar, pesquisar e compilar os conceitos dando nome a
cada uma delas.
Chiavenato
(2003)
expressa
alguns
relatos
históricos
sobre
o
desenvolvimento da administração, tais como: Filósofos: a filosofia estava mais
voltada para a vida em sociedade do que para as questões do indivíduo, de forma
que os questionamentos e análises dos filósofos ao longo do tempo foram de grande
valia para as organizações. Entre eles destacam-se: - Sócrates (470 a.C. – 399
a.C.); Platão (429 a.C. – 347 a.C.); Aristóteles (385 a.C. – 322 a.C.); Nicolau
Maquiavel (1469-1527) historiador e filósofo político italiano, seu livro mais famoso,
O Príncipe (escrito em 1513 e publicado em 1532). Francis Bacon (1561-1626): esse
filósofo e estadista inglês, considerado o fundador da Lógica Moderna, baseada no
método experimental e indutivo. Antecipou-se ao princípio conhecido em
Administração como “princípio da prevalência do principal sobre o acessório”. - René
Descartes (1596-1650): Thomas Hobbes (1588-1679): Jean-Jacques Rousseau
(1712-1778): Karl Marx (1818-1883) e seu parceiro Friedrich Engels (1820-1895),
todos esses têm suas opiniões e de certo modo influenciaram e contribuíram para o
desenvolvimento da Administração. Adam Smith (1723 – 1790) filósofo e economista
18
escocês, considerado como criador da Escola Clássica da Economia, em 1776,
publica a sua obra “Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das
nações”; David Ricardo (1772-1823), economista britânico, em sua obra “Princípios
de Economia Política e Tributação” publica em 1817 teorias onde as bases de suas
publicações eram as riquezas a longo prazo. - John Stuart Mill (1806-1873) filósofo e
economista britânico publicou “Princípios de Economia Política” em que seus
estudos apresentam um objetivo de como evitar furtos nas organizações. Todos
esses deram suas contribuições.
A igreja católica também tem sua parcela de contribuição para os estudos
realizados na Administração. Os estados transferiam para a igreja católica o poder
de estruturar o órgão publico. Assim a igreja foi estruturando sua organização, sua
hierarquia de autoridade, seu Estado-maior (assessoria) e sua coordenação
funcional que acabou servindo de modelo para muitas organizações.
Outra instituição que temos que observar é a organização militar, o
exército é umas das instituições mais antigas da história, pois ela se destaca com
uma organização linear e a escala hierárquica. Sua origem surgiu na organização
militar do exército da antiguidade e da época medieval. O princípio da unidade de
comando é apresentado por Fayol como fundamental. Considera que cada
subordinado só pode ter um superior; princípio fundamental para a função de
direção. O princípio da direção, como definiu Fayol (1841-1925), unidade de direção
é ter “Um só programa para um conjunto de operações que visam o mesmo objetivo,
considera que todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo
que ele deve fazer”.
Em 1776, a criação da máquina a vapor de James Watt veio impactar as
organizações e mudar a concepção das estruturas social e comercial da época.
Mudanças essas que já duravam mais de um século. Esse período ficou conhecido
como a Revolução Industrial, que se iniciou na Inglaterra e logo estava em todo o
mundo civilizado. A Revolução Industrial sai de um artesanato manual e passa para
um sistema mecanizado, preparando novos caminhos para novas e modernas
empresas e para o desafio de sua administração (CHIAVENATO, 2003).
Percebe-se que os escritos da Administração mostram que o ano de 1776
foi o marco da revolução no campo das novas técnicas e levantamento de estudos
para a Administração como uma ciência e não mais algo que surge de forma
19
empírica. A partir daí, inicia-se a conscientização que a Administração era essencial
para as atividades coorporativas organizadas em todos os seus níveis.
2.2.1 Administração científica
Frederik Winslow Taylor (1856-1915), nascido na Filadélfia, foi um
engenheiro mecânico, líder de um grupo que promoveu o movimento da
administração científica, elaborando princípios e técnicas para tratar a eficiência dos
processos de produção através da racionalização do trabalho para evitar
desperdícios e melhorar o relacionamento patrão/empregado. Assim quis facilitar a
aplicação dessas técnicas e princípios. Taylor buscava uma forma de mudar a
execução das tarefas através dos estudos dos tempos e movimentos, onde a
produção deixaria de ser de forma indutiva e passaria a ser o método de pesquisas,
redesenhando o trabalho e selecionando os trabalhadores, mudando suas atitudes,
reduzindo o tempo de trabalho e diminuindo a velocidade de execução das tarefas,
proporcionando-lhes mais benefícios (MAXIMIANO, 2005).
A científica abordada por Taylor teve quatro princípios básicos em seus
estudos em que, para aprimorar o desempenho organizacional, identificou estudo
das tarefas, buscando utilizar a melhor forma de executar as tarefas, selecionando
as melhores pessoas para determinada tarefa, treinando de forma eficiente e dando
incentivo financeiro para desempenhar as tarefas.
Transpondo esses conceitos para os dias atuais, percebe-se que as
organizações que atuam de forma hierárquica patrão/empregado não
sobrevivem por muito tempo no mercado. É necessária que haja uma
aproximação maior entre os dois, uma troca de ideias e informação,
proporcionando prosperidade entre ambos e, consequentemente,
melhorando o desempenho da organização no seu labor diário. Na busca
por uma eficiência. (SILVA; PINHEIRO; BORGES, 2012, p. 7)
Para Karavantes, Panno e Loeckner (2005, p. 60), “é preciso dar ao
trabalhador o que ele mais deseja, altos salários; e ao empregador o que ele
realmente almeja: baixo custo de produção”.
De acordo com Maximiano (2005, p. 56), “O taylorismo desenvolveu-se
em uma época de notável expansão da indústria e junto com outra inovação
revolucionária do início do século a linha de montagem de Henry Ford”.
20
Ford (1863-1947), engenheiro norte americano, foi capaz de associar uma
produção eficiente com grandes volumes de produção, usando uma produção
vertical integrada, associada a altos salários e baixos preços de venda. Ford foi um
grande estrategista, que modificou os processos cotidianos da produção industrial
com as novas técnicas inovadoras da linha de montagem, trazendo inúmeros
benefícios que, nos dias atuais, ainda são utilizadas (KARAVANTES; PANNO;
KLOECKNER, 2005).
Para Maximiano (2005), Ford alinhou a produção em massa de produtos
não diferenciados com o trabalho especializado. Ele não inventou a linha de
montagem, nem a produção em massa, nem controle de estoque em tempo real,
entretanto, usou estes conceitos com grande eficácia.
2.2.2 Processo administrativo
Henri Fayol (1841-1925), engenheiro francês, desenvolveu sua teoria
sobre as funções da Administração. Fayol tinha a administração como uma atividade
que exige grandes conhecimentos de planejamento, organização, comando,
coordenação e controle. Ela segue uma sequência lógica e cabe ao administrador
tomar decisões, estabelecer metas, definir diretrizes e atribuir responsabilidades aos
integrantes da organização cujos colaboradores necessitam de ordens para saber o
que fazer e suas ações precisam de coordenação e controle gerencial (MAXIMIANO,
2005).
Karavantes, Panno e Kloeckner (2005) destacam que Fayol antecipou o
planejamento em longo prazo e entendia que as decisões tomadas no presente
condicionam e modelam os resultados futuros. Uma organização que não
faz planejamento a curto, médio ou a longo prazo não consegue sequer esta
sequência lógica, não resiste à pressão dos concorrentes no mercado, pois não tem
objetivos futuros.
2.2.3 Ascensão humanística
O sociólogo Georges Elton Mayo (1880-1949) é a principal referência
nesse estudo, quando se preocupa com as condições do elemento humano nas
organizações e sua eficiência na produção. Em seus estudos realizados na fábrica
21
de Hawthorne, da Western Eletric Company, situada em Chicago – EUA, Mayo
identifica três proposições fundamentais:
1. O incentivo financeiro não é a única nem pode ser considerado,
necessariamente, o principal fator motivador do indivíduo;
2. As atitudes do operário não ocorrem de forma isolada, mas sim de
maneira contextualizada à atuação de seu grupo;
3. A especialização funcional não é, em todos os casos, a forma de divisão
de trabalho mais eficiente para a organização. (MORAIS, 2007, p. 3)
De acordo com Dantas (2007, online), em 1927, Elton Mayo ao coordenar
uma experiência numa empresa do setor de telefonia, constatou-se que os seus
funcionários eram levados à fadiga, trabalho excessivo, acidentes no local trabalho,
entre outros problemas. A experiência descrita foi dividida em fases, a saber:
Na primeira fase, os pesquisadores observavam dois grupos de
trabalhadores que executavam o mesmo serviço, porém em iluminações
diferentes. Um grupo trabalhava sob iluminação constante enquanto outro
trabalhava sob iluminação variável. Perceberam que o fator psicológico
influenciava na produção, quando a iluminação aumentava produziam mais
e quando a iluminação diminuía produziam menos.
Na segunda fase, os pesquisadores mudaram o local de trabalho, a forma
de pagamento, estabeleceram pequenos intervalos de descanso e
distribuíam lanches leves nesses intervalos. Perceberam então que, os
trabalhadores apresentaram maior rendimento na produção, pois
trabalhavam satisfeitos.
Na terceira fase, os pesquisadores se preocuparam com as relações entre
funcionários e os entrevistaram para conhecer suas opiniões, pensamentos
e atitudes acerca de punições aplicadas pelos superiores e que tipo de
pagamento dessas punições. Descobriram uma espécie de organização
informal dentro da organização que se manifestava por padrões formados
pelos próprios trabalhadores.
Na quarta fase, os pesquisadores analisaram a organização informal,
fizeram pagamentos de acordo com a produção do grupo e não mais
individualmente. Perceberam que os trabalhadores tornaram-se mais
solidários. (DANTAS, 2007, online)
O estudo acima concluiu que o nível de produção é estabelecido pela
expectativa do grupo de trabalho, pelas regalias cedidas pela organização, como por
exemplo os intervalos de descanso e o sábado livre. O reconhecimento e a
aceitação eram o que buscava esse grupo, produzindo mais quando se encontravam
no grupo informal.
Realmente, o fator econômico, como salários e benefícios, não é motivação
única para os trabalhadores se o clima organizacional não proporcionar
boas condições de trabalho. Além disso, a boa comunicação na relação
entre pessoas de uma organização, uma relação sadia entre
patrões/empregados e, principalmente, uma organização que invista na sua
evolução pessoal, oferecendo perspectiva para que seus colaboradores
possam capacitar-se em áreas diferentes das que atuam, proporcionam
22
desenvolvimento humano e conquista de habilidades. O colaborador, por
mais que receba uma boa remuneração, não pretende ficar no mesmo
cargo por muito tempo, pois todo mundo tem ambição e quer crescer
profissionalmente, para conquistar seu status social. (SILVA; PINHEIRO;
BORGES, 2012, p. 8)
Portanto, a participação de um funcionário não depende exclusivamente
da remuneração e do local de trabalho. Ele pode realizar-se profissionalmente em
qualquer empresa ou em qualquer conjunto de empresas, até mesmo fazendo parte
de uma rede ou grupo de associações de empresas.
2.2.4 Teoria da burocracia
O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) é também considerado,
junto com Taylor e Fayol, uma das figuras seminais do pensamento administrativo. É
o autor fundador da teoria burocrática das organizações e foi de grande influência na
estruturação das empresas do século passado. E algumas de suas ideias vieram a
complementar e organizar a administração científica de Taylor. Weber julgava a
burocracia (antes que esta tivesse a má reputação moderna) como o modo mais
lógico, eficiente e racional de estruturar o trabalho em grandes organizações.
O pensamento de Weber era que a burocracia não vem de qualquer
prática na empresa ou alguma norma especifica, mas de entender o processo de
modernização e principalmente racionalização na sociedade, o que contribui para o
trabalho diferente das teorias administrativas.
Em seus estudos, Weber identifica que nas organizações o sentido de
racionalização diz respeito ao que ele também chama de desencantamento, ou seja,
a desmistificação da realidade. Essa desmistificação significa que a compreensão e
atuação no âmbito econômico e social passa por fases da esfera dos mitos, dos
dogmas, dos heróis e das inspirações divinas e vêm para uma esfera da razão, da
ciência, da tecnologia e da competência técnica. Diz que o uso da razão pode levar
o gestor a tomar decisões que favoreçam a organização sem se preocupar com as
consequências que suas ações podem acarretar para o resto da comunidade. Essa
característica é conceituada por Weber como burocratização.
A burocracia é uma forma de racionalização, isto é, a adequação dos
meios aos objetivos pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no
alcance desses objetivos (CHIAVENATO, 1995).
23
A burocracia é um modelo de organização moderna, típica da sociedade
democrática e das grandes empresas. A burocracia não abrange somente a
estrutura
do
Estado,
mas
principalmente
as
organizações
não-estatais,
particularmente as grandes empresa em que, através do contrato ou instrumento
que representa uma relação de autoridade dentro da empresa capitalista e a
hierarquia, constitui um esquema de autoridade legal.
Segundo o conceito popular, a burocracia é visualizada geralmente como
uma empresa ou organização onde o papelório se multiplica e se avoluma,
impedindo as soluções rápidas ou eficientes. O termo também é empregado
com o sentido de apego dos funcionários aos regulamentos e rotinas,
causando ineficiência à organização. O leigo passou a dar o nome de
burocracia aos defeitos do sistema (disfunções) e não ao sistema em si
mesmo. (COLTRO, 2006, p. 5)
O conceito de burocracia para Max Weber é exatamente o contrário. A
burocracia é a organização eficiente por excelência. E para conseguir essa
eficiência, a burocracia precisa detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes
como as coisas deverão ser feitas. (CHIAVENATO, 1995). A burocracia tem as
seguintes características principais, conforme mostra a Tabela 2 a seguir:
Tabela 2 – Característica da teoria burocrática
A burocracia é baseada em:
1. Caráter legal das normas.
2. Caráter formal das
comunicações.
3. Divisão do trabalho.
4. Impessoalidade no
relacionamento.
5. Hierarquização da autoridade.
6. Rotinas e procedimentos.
7. Competência técnica e mérito.
8. Especialização da administração.
9. Profissionalização.
10. Previsibilidade do
funcionamento.
Fonte: Chiavenato (1995).
Consequências previstas:
Previsibilidade do comportamento humano.
Padronização do desempenho dos
participantes.
Objetivo:
Máxima
eficiência
da organização.
De acordo com Bonome (2009, p. 89), Weber considerava as vantagens
da burocracia como sendo:
• Racionalidade em relação ao alcance dos objetivos da organização.
• Precisão na definição do cargo e na operação pelo conhecimento exato
dos deveres.
• Rapidez nas decisões, pois cada um conhece o que deve ser feito e por
quem e as ordens e papéis tramitam através de canais preestabelecidos.
24
• Univocidade de interpretação garantida pela regulamentação específica e
escrita. Por outro lado, a informação é discreta, pois é fornecida apenas a
quem deve recebê-la.
• Uniformidade de rotinas e procedimentos que favorece a padronização,
redução de custos e de erros, pois os procedimentos são definidos por
escrito.
• Continuidade da organização através da substituição do pessoal que é
afastado. Além disso, os critérios de seleção e escolha do pessoal baseiamse na capacidade e na competência técnica.
• Redução do atrito entre as pessoas, pois cada funcionário conhece aquilo
que é exigido dele e quais são os imites entre suas responsabilidades e as
dos outros.
• Constância, pois os mesmos tipos de decisão devem ser tomados nas
mesmas circunstâncias.
• Subordinação dos mais novos aos mais antigos, dentro de uma forma
estrita e bem conhecida, de modo que o superior possa tomar decisões que
afetem o nível mais baixo.
• Confiabilidade, pois o negócio é conduzido de acordo com regras
conhecidas, sendo que grande número de casos similares são
metodicamente tratados dentro da mesma maneira sistemática. As decisões
são previsíveis e o processo decisório, por ser despersonalizado no sentido
de excluir sentimentos, como o amor, raiva, preferências pessoais, elimina a
discriminação pessoal.
• Existem benefícios sob o prisma das pessoas na organização, pois a
hierarquia é formalizada, o trabalho é dividido entre as pessoas de maneira
ordenada, as pessoas são treinadas para se tornarem especialistas em
seus campos particulares, podendo encarreirar-se na organização em
função de seu mérito pessoal e competência técnica.
2.3 Desenvolvimento não é crescimento
Hoje, muito se confunde desenvolvimento com crescimento, em que
desenvolvimento é definido por Sen (2000), como o processo de ampliação da
capacidade de os indivíduos terem opções a fazerem escolha, onde a base do
processo de desenvolvimento é fundamental, mas deve considerar como um meio e
não como um fim em si. Já o crescimento econômico não pode ser associado
automaticamente ao desenvolvimento social e cultural. O grande desafio da atual
sociedade é formular novas políticas que permitam, além do crescimento da
economia, a distribuição mais equitativa da renda e o pleno funcionamento da
democracia.
Os estudos realizados pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
revelam que os aspectos da capacidade produtiva e a melhoria da qualidade de vida
das pessoas trazem um beneficio para sociedade e para o futuro, ou seja, a
solidariedade das pessoas em “poder contar com um amigo” é um processo de
transformação do crescimento econômico.
25
Para Sen (2000), os valores éticos dos empresários e governantes, estes
constituído em parte relevante dos recursos produtivos, orientam-se para
investimentos produtivos em vez de inovações tecnológicas, que contribui para a
inclusão social.
A inclusão social depende dos recursos repassados pelo Estado e a ajuda
dos empresários, movimento que proporciona as oportunidades adequadas para a
sociedade, fazendo com que as pessoas tenham acesso as novas tecnologias,
transformando e modificando os valores de uma sociedade castigada, por muito
tempo esquecidas.
O Produto Interno Bruto (PIB) reflete apenas uma parcela da realidade
distorcida pelos economistas, ou seja, o PIB seria um caminho para o progresso e o
bem estar das pessoas. Dentro dessa somatória, observa-se que as economias
desenvolvidas nos lares e atividades de voluntários também acabam sendo
excluídas e ignoradas da contabilidade nacional. Uma consequência da taxa do PIB
somente oculta a crise da estrutura social. Essa contabilidade ignora a distribuição
da renda ao apresentar os ganhos auferidos do ganho coletivo social. O tempo em
que as famílias passam com lazer não é contabilizado.
Assim surge um fator básico em que as empresas dos países ricos
exploram e expatriam os recursos dos pobres. Alguns céticos chamam de
“desenvolvimento”. Então, como medir o progresso de uma sociedade? Algumas
instituições como Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
(BIRD), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) tentam introduzir
alguns critérios sociais para medir e avaliar os avanços em direção ao
desenvolvimento.
Para Sen (2000), quanto maior o capital social, a rede de relação social e
o grau de confiança, menor o risco de corrupção e a sonegação de impostos e
tributos. Tudo isso tendo base de uma iniciativa de programas e projetos que
favorecem a equidade e a igualdade que estimulam os melhores serviços para
população cuja educação e saúde são prioridades. Assim o crescimento econômico
é impulsionado pela governabilidade democrática.
Avaliar com liberdade, segundo o autor supracitado, é o que o
desenvolvimento promove, isto é, existe em argumento fundamental em favor da
concentração nesse objetivo abrangente, e não em algum meio especifico ou
26
alguma lista de instrumentos especialmente escolhido. Ver o desenvolvimento
requerendo que se renovem as principais fontes de privação de liberdade: pobreza
e tirania, carência de oportunidades econômicas e distribuição social sistemática,
negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência excessiva de
Estado repressiva, faz uma ligação entre liberdade individual e realidade de
desenvolvimento social.
Essa abordagem nos permite ainda reconhecer o papel dos valores
sociais e costumes, que podem influenciar as liberdades que as pessoas têm
em desfrutar e que elas estão certas que dão prazer. Para Sen (2000, p. 24),
“O fato de que a liberdade de transações econômicas tende a ser tipicamente um
grande motor do crescimento econômico e tem sido muitas vezes reconhecido,
embora continuem a existir críticos veementes”.
2.3.1 Desenvolvimento Econômico e Local ou endógeno
O conceito de Desenvolvimento Econômico e Local (DEL) surgiu no
final dos anos 70, mas iniciou na década de 80 quando surge uma visão do
desenvolvimento denominada territorialista ou do desenvolvimento endógeno.
O desenvolvimento endógeno, por seu turno, é um paradigma que parte
da ideia básica de que o sistema produtivo dos países cresce e transforma-se
utilizando o potencial de desenvolvimento existente nos territórios, isto é, nas
regiões e cidades, mediante os investimentos concretizados pelas empresas e
entidades públicas sob o controle das comunidades locais e tomando como meta
derradeira a melhoria do nível de vida da população desses mesmos territórios.
No Brasil, o tema foi abordado com a mudança da Constituição em 1988
quando o país passava por uma grande crise econômica, em que os impactos
estavam sendo incontroláveis na época e as grandes cidades acabaram, em tese,
aglomerando muitas pessoas e gerando problemas socioeconômicos.
No ano de 1990, o Brasil viveu uma crise federativa que afetou em cheio
os municípios. Nesse momento aparecem os impactos das mudanças da
Constituição e os municípios começaram a receber maiores recursos, mas, também,
maiores responsabilidades.
Com os municípios recebendo mais recursos, começa uma guerra por
mais investimento, conhecido na época de guerra fiscal. Então alguns municípios
27
começam a trabalhar para obter maiores recursos ou investimentos na tentativa de
eliminar alguns de seus problemas econômicos e sociais. Assim começa a valorizar
e a buscar mais produtos internos de forma a gerar um novo tipo de dinamismo
baseado nos elementos endógenos.
A prática do desenvolvimento local no Brasil surgiu a partir do momento
em que os administradores locais perceberam a carência de seus municípios e
passaram a tomar providências com a intenção de melhorar a qualidade de vida da
população e ganhar autonomia. As lideranças políticas caminhavam em busca de
recursos para ali desenvolver projetos, a fim de beneficiar os trabalhadores e
moradores, proporcionando-lhes mais saúde, trabalho e renda, moradia e
consequentemente, equidade social. Para isso nota-se que é necessário um
planejamento para que o desenvolvimento se dê de forma organizada, favorecendo
toda a população.
No entendimento de Schumpeter (1976), o empreendedor é a peça
principal no processo de desenvolvimento econômico, visto que é ele o responsável
pela inserção de novos produtos e serviços no mercado, fazendo a troca dos
produtos antigos por novos mais eficientes.
Schumpeter postulava que o desequilíbrio dinâmico, provocado pelo
empreendedor inovador, em vez de equilíbrio e otimização, é a norma de
uma economia sadia e a realidade central para a teoria e a prática
econômicas. (REIS et al., 2006, p. 18)
O desenvolvimento local tem sido um tema estudado por muitos
acadêmicos, principalmente, em regiões menos favorecidas, onde a questão do
desenvolvimento passou a ser discutida através do local, ou seja, como trabalhar
minha região com novas iniciativas de desenvolvimento onde caracteriza a vocação
e o apelo local, em que essa categoria se apresenta diversa: econômica, social,
cultural, ambiental e físico-territorial, político institucional e científico-tecnológica,
onde todos esses critérios medem o grau de autonomia (TENÓRIO; DUTRA;
MAGALHÃES, 2004).
A palavra local não tem sinônimo de pequeno e não necessariamente
está restringida a redução ou diminuição. O conceito de local adquire um alvo
socioterritorial de ações. Assim é definida como o âmbito abrangido por um processo
de desenvolvimento, em que é pensado, planejado, promovido ou induzido. Assim
28
de certa forma, o processo de desenvolvimento é local, seja esta em um distrito, um
município, uma região de um país, uma região do mundo (FRANCO, 2000).
Nota-se que para promover o desenvolvimento local é preciso que haja
infraestrutura suficiente para que uma empresa possa se instalar e se desenvolver.
Sem esta infraestrutura, o desenvolvimento se torna restrito e algumas vezes até
inviável, podendo inibir a abertura de novas empresas locais e a instalação de
empresas de outras localidades que queira atuar no local.
O desenvolvimento local é visto como um campo de escala local. É
observado por muitos estudiosos como um campo de investigação, em que, nas
ultimas décadas, o processo de transformações da democratização tem impactado
países mais ricos a olhar para os países menos favorecidos.
Escala local abre uma porta para estudos sobre o poder local visto com
força as relações entre os atores sociais em um espaço delimitado, onde a formação
de identidade e praticas políticas especificas somente contribuem para o
desenvolvimento local.
O tema DEL está inserido em debates de praticas especificas como
gestão local. Este tema ganha destaque na medida em que vai discutir o papel dos
municípios como agentes da ativação do desenvolvimento econômico.
A discussão do papel dos municípios na promoção do desenvolvimento
aponta para o crescimento de suas responsabilidades em relação às iniciativas
voltadas para a melhoria das condições de vida e a busca de soluções dos
problemas urbanos e, enfim, da gestão local.
Por isso, é de fundamental importância entender esta visão de
especificidade territorial à medida em que norteia grande parte das ações dos
agentes envolvidos no processo de desenvolvimento. O que torna de bom alvitre
conhecer a evolução das teorias econômicas sobre o desenvolvimento, que passam
a perceber a valorização das especificidades territoriais como fatores que sendo
aproveitados, é a possibilidade do desenvolvimento local.
Sen (2000), além do desenvolvimento econômico, apresenta outras
dimensões, entre elas a segurança econômica, em que, com grande frequência, a
insegurança econômica pode relacionar-se à ausência de direitos e liberdades
democráticas. O fato é que o bom funcionamento da democracia e as políticas pode
mesmo ajudar a impedir a ocorrência de fomes coletivas e outros desastres
econômicos.
29
2.3.2 Liberdade nos negócios do século XXI
Sen (2000) demostra uma abordagem ampla desse tipo de liberdade em
seu livro, que permite a apreciação simultânea dos papeis vitais para que o
desenvolvimento seja integrado em considerações a economias sociais e políticas,
cujas organizações estão relacionadas ao mercado, governos e autoridades locais,
partidos políticos e outras instituições cívicas e sistemas educacionais.
O desenvolvimento de mercado livre em geral e da livre procura de
emprego em particular é um fato muito valorizado em estudos. Karl Marx (18181883) viu a emergência da liberdade de empregos como um progresso
importantíssimo.
As facilidades econômicas são as oportunidades a que o indivíduo tem
para utilizar recursos econômicos com propósito de consumo, produção ou troca.
Sen (2000, p. 55) afirma que “à medida que o processo de desenvolvimento
econômico aumenta a renda e a riqueza de um país, estas se refletem no
correspondente aumento de intitulamentos econômicos da população”. Percebe-se
claramente que esse momento há uma mudança no comportamento das famílias,
em que as riquezas de um país influenciam e aumentam a capacidade das famílias
a consumirem mais e, além disso, busca também uma nova independência
financeira. Outra questão levantada por Sen (2000) relaciona-se ao papel crucial dos
mercados para o processo de desenvolvimento através de sua contribuição para o
elevado crescimento e progresso econômico.
Contudo, encarar sua contribuição apenas com este sentido é restringi-la,
pois a “liberdade de troca e transação é ela própria uma parte essencial das
liberdades básicas que as pessoas têm razão para valorizar” (SEN, 2000, p. 20), e,
assim, “A contribuição do mecanismo de mercado para o crescimento econômico é
obviamente importante, mas vêm depois do reconhecimento da importância direta
da liberdade de troca de palavras, bens, presentes” (SEN, 2000, p. 20). Torna-se
uma contribuição, por si só, crucial para o desenvolvimento independente de suas
influências para a promoção do crescimento econômico ou para a industrialização.
Com as instituições financeiras dando acesso às empresas de grande e
pequeno porte, Sen (2000) as intitulas como “agentes econômicos”, cujo trabalho de
financiamento para a ampliação ou investimentos em novos produtos e serviços,
30
facilita para que a sociedade tenha a sua disposição mais opções de compra para a
economia local.
Em tradução feita por Sampaio (2011, p. 223), Michel Foucault afirma
que:
[...] todas as formas de liberdades, adquiridas ou reivindicadas, todos os
direitos que se fazem valer, mesmo a propósito das coisas aparentemente
menos importantes, têm sem dúvida um último ponto de ancoragem mais
sólido e mais próximo que os „direitos naturais‟. Se as sociedades se
mantêm e vivem, ou seja, se os poderes não são „absolutamente absolutos‟,
é que por trás de todos os consentimentos e coerções, para além das
ameaças, das violências e das persuasões, há a possibilidade desse
momento em que a vida não mais se troca, em que os poderes não podem
mais nada e em que, diante das metralhadoras, os homens se revoltam.
31
3 CIDADANIA, ÉTICA E ENSINO SUPERIOR EM ADMINISTRAÇÃO
3.1 Cidadania
Para falar sobre cidadania, tem-se que voltar um pouco no tempo, em
meados do sec. VI e V a.C., quando a vida humana era entendida como realização
plena na vida política. Naquela época, acreditava-se que a vida era somente
dedicada ao trabalho, em que a satisfação das necessidades de sobreviver à vida e
ao corpo e suas vidas eram dedicadas apenas ao prazer, à satisfação do desejo de
gozo e conforto do corpo, achava-se que as vidas eram indignas do ser humano.
Todos queriam participar da vida política e não aceitavam que os outros
tomassem decisões que eles poderiam tomar. Ninguém queria ficar excluído sobre
as decisões que afetavam as pessoas.
Um dos primeiros a ser reconhecido na história da filosofia é Sócrates
(470 a.C. – 399 a.C.) quando sua opinião o levou a morte por submeter a um juízo
racional e critico as crenças e valores de sua época. Ele decreta que existe uma
espécie de divórcio entre a atividade política e a busca da verdade.
Logo depois surge Platão e Aristóteles. Ambos falam da superioridade da
vida, isto é, momento em que a vida é consagrada à contemplação das verdades
eternas e a preocupação de suas tarefas é substituída pela busca da beleza da
verdade do ser. Esse é conhecido como o primeiro momento da cidadania.
O segundo momento é conhecido como o declínio da cidadania. Ocorre
na Idade Média e é relacionado com a ascensão da religião cristã. O cristianismo é
uma religião que destaca a salvação como uma conquista pessoal. Coincidindo com
o pensamento socrático que em termo são: o homem é formado por corpo e alma,
um corpo mundano e mortal e uma alma divina e imortal.
O terceiro e último momento é o da substituição da cidadania ativa para
cidadania passiva, que na modernidade se relaciona com a ascensão econômica
capitalista, que surge a partir do século XII com raízes nas ideias liberais, o
Liberalismo Econômico surge na Europa e na América no final do século XVIII
associado ao liberalismo político nascido nas Revoluções Americana e Francesa.
Segundo esta doutrina econômica, deve-se enfatizar a liberdade de iniciativa
econômica, a livre circulação da riqueza, a valorização do trabalho humano e a
economia de mercado (defesa da livre concorrência, do livre cambismo e da lei da
32
procura e da oferta como mecanismo de regulação do mercado), opondo-se assim
ao intervencionismo do Estado e à adoção de medidas restritivas e protecionistas
defendidas pelo mercantilismo, que traz dois acontecimentos: o renascimento das
cidades e o renascimento do comércio. O renascimento das cidades trazia novas
oportunidades, livres da submissão dos senhores feudais. O renascimento do
comércio cria uma nova classe social, conhecido como os burgueses. Esses tinham
na expansão de seus negócios e de seus lucros seus principais interesses de vida.
Surge ai alguns pensamentos sobre cidadania, mas o que se pode dizer é
que as pessoas estão cada vez mais voltadas para si e em busca de sua satisfação
pessoal, seus hábitos e costumes.
Os comportamentos, os hábitos em coletividade são frutos e são
influenciados
pelos
costumes
sociais.
Temperamentos,
tradições
culturais,
influências climáticas, preconceitos regionais, dentre outros. Os costumes muitas
vezes são consequência dos indivíduos, que vão adquirindo suas características não
exatamente saudáveis. Ou outras vezes adquirindo sentimentos egoístas como a
vivencia no dia a dia, em que a violência, droga e principalmente a massificação de
comportamentos, a corrupção, sonegação e o desinteresse pelo que se refere ao
outro, etc., está como um todo em contrário ao bem comum do indivíduo. O principio
do respeito ao bem dos outros, ao bem da comunidade torna possível o bem
individual, em que cultivar o respeito pelo outro engrandece a pessoa humana.
3.2 Ética
Ética vem do grego “ethos”. Significa: hábito, costume. Quando os
filósofos gregos quiseram cunhar um nome para a parte da filosofia que se ocupa
com as ações cotidianas do indivíduo, criaram a expressão “ethike episteme”, que
significava “ciência dos costumes” ou, como ficou conhecida, “ciência ética”, ou
simplesmente “ética”.
A ética pode ser definida como um conjunto de regras, princípios ou
maneiras de pensar que guiam ou chamam a si a autoridade de guiar as ações de
um grupo em particular, ou, também, o estudo sistemático da argumentação sobre
como se deve agir.
33
A ligação existente entre ética e filosofia é profunda, pois não se pode
deixar como fundamento. As questões filosóficas na história têm uma relação ativa
com a história da ética.
A ética para muitos filósofos inicia com Sócrates (470-399 a.C.), que a
conceitua como o senso comum da sua época. O corpo seria a prisão da alma, que
é imutável e eterna. Sócrates passava uma mensagem da filosofia como uma
missão divina. Em sua visão, ele entendia que os pensamentos filosóficos eram de
questionamentos e interrogações e queria que as pessoas deixassem as falsas
ideias e buscassem o verdadeiro conhecimento. O filosofo, entretanto, acreditava
que somente aqueles que possuíssem o saber político, ou seja, aqueles que de fato
soubessem o que era a Política, a Justiça estaria apta a governar. Ele mostrou que
aquela democracia não tinha nenhum fundamento que sustentasse os costumes e
crenças da época, que não havia verdade e que tudo dependia da instabilidade das
opiniões e, talvez, tenha sido esse o motivo real de sua condenação à morte.
Em seguida, vem Platão (384-347 a.C.), discípulo de Sócrates. Este, de
certa forma, sai das ruas e leva a filosofia para as academias da época. Em seus
escritos, ele mantém a estrutura do diálogo. Platão coloca seu ponto de vista em
dois pontos para a filosofia: uma que é sensível às aparências, às experiências das
sensações; e o inteligível, baseado no mundo das ideias ou das formas, das
essências, das realidades propriamente dita. Assim Platão ficou conhecido como o
primeiro metafísico e prega que a realidade está além das coisas sensíveis ou
aparentes.
Para Platão, tudo que nasce e desaparece não pode ser considerado
pleno. Platão preocupa-se em formar cidadãos e uma cidade justa, em que há
justiça no indivíduo, para que isso aconteça é preciso que o homem tenha um
equilíbrio entre os três “almas” presente no homem, o passional e o intelectual. O
intelectual (razão), o homem deve dominar suas paixões e os sentidos e
sentimentos.
Aristóteles (384-322 a.C.) aproveitou os ensinamentos de Platão, dando
continuidade as suas reflexões. O estagirita argumenta que, na prática, a ética está
no que se faz, visualizando uma finalidade boa ou virtuosa. Isso diz que o agente da
ação e a finalidade do agir são inseparáveis. Aristóteles procura restabelecer essa
coerência sem abandonar o mundo sensível. Explora a experiência e nela mesma
insere o dualismo entre o inteligível e o sensível.
34
O projeto de Aristóteles visa em última análise a restabelecer a unidade
do homem consigo mesmo e com o mundo, tanto quanto o projeto de Platão,
baseado em uma visão do cosmos. Entretanto, Aristóteles censura Platão por ter
seguido um caminho ilusório, que retira a natureza do alcance da ciência. Aristóteles
procura apoio na psicologia. O ser existe diferentemente na inteligência e nas
coisas, mas o intelecto ativo, que é atributo da primeira, capta nas últimas o que elas
têm de inteligível, estabelecendo, dessa forma, um plano de homogeneidade.
Pode-se resumir a ética dos antigos ou ética essencialista em três aspectos:
1) o agir em conformidade com a razão; 2) o agir em conformidade com a
Natureza e com o caráter natural de todos os indivíduos; 3) a união
permanente entre ética (a conduta do indivíduo) e política (valores da
sociedade). A ética era uma maneira de educar o sujeito moral, seu caráter,
no intuito de propiciar a harmonia entre o mesmo e os valores coletivos,
sendo ambos virtuosos. (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002, p. 3-4)
Na filosofia moderna, encontra-se Immanuel Kant (1724 –1804), que em
sua opinião sobre a ética afirmava: “não existe bondade natural, onde por natureza
somos egoístas, ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que
nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos”. Kant fez um
questionamento que é se o indivíduo se deixar levar pelos próprios impulsos,
apetites, desejos e paixões, não terá autonomia ética, pois a natureza conduz o
indivíduo pelos próprios interesses de tal modo que usa as pessoas e as coisas
como um instrumento para o que se deseja.
Observa-se também Georg W. F. Hegel (1770-1831), um dos criadores do
sistema filosófico chamado idealismo absoluto. Hegel influenciou teóricos como
Marx e Kant. No século XIX, traz uma pesquisa deixando um pouco de lado a
filosofia da modernidade, em que diz que a vontade subjetiva da pessoa deve ser
submetida à vontade social, das instituições da sociedade. Assim a vida ética
determinada pela harmonia entre a vontade subjetiva individual e a vontade objetiva
cultural.
Na ética atual, fundiu-se duas linhas de pensamentos: uma na visão da
ética praxista e a outra na ética pragmática. A visão praxista está relacionada ao
homem que tem a capacidade de julgar e que não é totalmente determinado pelas
leis da natureza. Já a ética pragmática tem como desafio à alteridade para
transformar o ter, o saber e o poder em recursos éticos para a solidariedade, uma
contribuição para a igualdade entre os homens.
35
No período contemporâneo, tem Friedrich Nietzsche (1844-1900) que
atribui os valores éticos, não a razão, mas a emoção. Nietzsche afirmava que o
homem forte é aquele que não reprime seus impulsos e desejos, que não se
submete a moral demagógica e repressora. Sua teoria tem força quando Freud
descobre que o inconsciente, instância psíquica que controla o homem, que engana
ou se sobrepõem a consciência para trazer à tona a sexualidade represada e que o
neurótiza.
Hoje, numa época em que cada vez mais se fala de globalização, o
conhecimento de cultura brasileira se mistura a outras culturas. Porém esse
intercâmbio não garante que o homem comum supere a crise da ética atual cujo
convívio com o outro garanta uma sociabilidade harmoniosa. Ao contrário, hoje,
percebe-se que o viver feliz é ter o domínio do progresso técnico e científico.
No atual momento da história, convive-se como um problema éticopolítico, cujas forças dominam e se consolidem nas estruturas sociais e econômicas.
Enfim a ética é o maior valor da liberdade do homem, em que seu livre arbítrio forma
seu meio ambiente que pode ser preservado ou destruído, ou que ele pode se
formar no bem ou no mal neste planeta.
3.3 Responsabilidade
No momento atual, vivencia-se a má distribuição das riquezas produzidas,
a grande valorização do individualismo e a crise ambiental, tem sim propiciado aos
homens a necessidade de redefinir seu papel na sociedade e modo que será preciso
construir um novo modelo de ética ou de novas responsabilidades que o possibilitam
um novo engajamento de cada indivíduo à coletividade.
O principal objetivo é demostrar que a responsabilidade social é um
alicerce para os valores éticos e humanos nas pessoas e que tem uma importância,
sendo sua perspectiva o desenvolvimento econômico, mas o coletivo sendo
valorizado através das ações que melhoram as condições de vida das pessoas,
respeitando o meio ambiente.
Deste modo, a construção da responsabilidade social nas pessoas parte
de dentro do indivíduo com a necessidade de preservação dos seus recursos.
Assim, o administrador do presente tem uma ação primordial com o mais novo
profissional, em que deve construir uma nova mentalidade cujas ações do hoje
36
tenham consequências no equilíbrio da economia, sendo o exercício profissional o
primeiro passo para o desenvolvimento social.
Por fim, é partindo da responsabilidade social que se pode raciocinar que
a ética vislumbrando o coletivo é por onde se pode construir uma sociedade justa,
com equilíbrio econômico e que garanta que o ser humano esteja inserido nas ações
sociais.
3.4 Moral, amoral e imoral
A ética é construída pelos valores existentes nas pessoas. Mas como
saber ou como identificar se as atitudes de uma pessoa é moral, amoral ou imoral?
As definições são as seguintes:
Amoral é quando não se pode decidir, escolher e julgar. Exemplo desse
caso é um idoso com problema cerebral, ou uma pessoa considerada demente.
Já a moral é quando existe uma pratica de ação ética. Exemplo: não
pegar o que não é meu. É um principio ético e a atitude do seu comportamento é se
é roubo ou não.
O imoral depende da moral que traz o fato ou uma ação praticada.
Exemplo: o beijo homossexual vai depender muito de como o ato é visto.
3.5 Educação e Ensino Superior
A educação superior no Brasil será por algum tempo um desafio de
múltiplos obstáculos ainda por menores. No Brasil, a maior parte da população é
considerada analfabeta. Dentro desse cenário estão também os que não terminaram
o antigo Ensino Fundamental, que por algum motivo, não conseguiram terminar os
estudos ainda que as circunstâncias da vida não permitissem.
A Educação Superior era uma realidade de muitas famílias em que a
prioridade para cursá-la não abrangia a todos os seus membros e outras classes
sociais dominavam esse cenário político e econômico do país. Os que procuravam
ter um diploma buscavam na realidade um aperfeiçoamento pessoal e não uma
profissão em si. Mas as grandes mudanças no cenário tecnológico, social,
comunicacional e, principalmente, com a globalização, a necessidades de construir
uma nova sociedade, visualizando uma realidade social em que a busca de novos
37
conhecimentos, a formação profissional e a capacitação tornaram-se como uma
obrigação para a sociedade brasileira, bem como para muitas pessoas que
despertaram para o Ensino Superior.
A educação pode ser entendida a partir da ação de seus diversos agentes
e, por consequência, pode exprimir a concepção que se tem a seu respeito. Dessa
forma, torna-se fundamental compreender como o docente pode construir suas
práticas de educação e Ensino Superior, isto é, como planejar ações pedagógicas
a partir de uma tendência contemporânea.
O Brasil, em termos comparativos, tem tudo para ser uma potência
para que o crescimento do Ensino Superior seja destaque tanto na formação da
população como para a educação. A Tabela 3 a seguir mostra um comparativo entre
alguns países:
Tabela 3 – América Latina, taxas brutas de matrícula no Ensino Superior, 1990-1997
Países
1990
1991
1992
1993
Argentina
38,1
Bolívia
21.3
21.7
Brasil
11.2
11.2
10.9
11.1
Chile
21.3
24.2
26.5
Colômbia
13.4
14.0
14.6
14.7
Costa rica
26.9
27.6
29.4
29.9
Cuba
20.9
19.8
18.1
16.7
Equador
20.0
El salvador
15.9
16.8
17.2
17.0
Guatemala
8.3
8.1
Honduras
8.9
8.9
9.2
9.0
México
14.5
14.1
13.6
13.9
Nicarágua
8.2
8.1
8.9
Panamá
21.5
23.4
25.3
27.3
Paraguai
8.3
10.3
Peru
30.4
32.0
31.5
28.0
Uruguai
29.9
30.1
27.2
Venezuela
29.0
28.5
Fonte: Banco Mundial, World Development Indicators, 2001.
1994
36,2
11.3
27.4
15.4
30.3
13.9
18.2
8.4
10.0
14.3
27.2
10.1
26.8
-
1995
28.2
15.5
12.7
18.9
8.5
15.3
11.5
30.0
10.1
27.1
-
1996
14.5
30.3
16.7
12.4
17.8
16.0
11.5
21.5
10.3
25.7
29.5
-
1997
31.5
11.8
25.8
-
Observa-se que os valores na tabela acima comparam o número de
estudantes inscritos no Ensino Superior com o total da população em idade
escolar, de 18 a 24 anos de idade. O Brasil precisa dobrar a quantidade de
estudantes matriculados no Ensino Superior para chegar próximo à Argentina,
Chile e Peru.
38
Segundo Giroux (2010), o Ensino Superior tem a responsabilidade não só
da busca da verdade, independentemente para onde ela possa conduzir, mas
também de educar os estudantes a desempenhar uma autoridade política e
moralmente responsável. As universidades devem envidar esforços no sentido de
expandir tanto a liberdade acadêmica quanto o papel da universidade como esfera
pública democrática, mesmo que essas precisem ser remodeladas no início do novo
milênio.
Apesar de as perguntas, sobre se a universidade deve servir apenas aos
interesses públicos e não aos privados, já não carregam consigo o peso de crítica
contundente como fizeram no passado, essas perguntas ainda são cruciais na
abordagem da realidade do Ensino Superior e do que pode significar o pensar à
plena participação da universidade na vida pública como protetora e promotora dos
valores democráticos, especialmente em um momento em que o sentido e a
finalidade do Ensino Superior são cercados por interesses econômicos e políticos
estreitos.
A educação não se dá apenas quanto a questões de trabalho e economia,
mas também quanto a questões de justiça, liberdade social, capacitação
para uma atuação democrática, de ação e de mudança, bem como a
questões de poder, exclusão e cidadania. A educação, no seu melhor, trata
de como habilitar os alunos a encarar seriamente a forma como eles devem
viver suas vidas, defender os ideais de uma sociedade justa e agir de
acordo com a esperança de uma democracia forte. (GIROUX, 2010, p. 36)
Esses são temas políticos e educacionais e devem ser tratados como
parte de uma preocupação mais ampla, que se ocupe com a renovação da luta por
justiça social e democracia. O Ensino Superior deve ser um lugar onde imaginar o
inimaginável seja parte de um esforço não apenas que oportunize aos alunos pensar
de maneira diferenciada, mas também que os estimule a agir de outro modo, na
missão de levar a sério o ideal de democracia. Essa é a razão pela qual retomar a
universidade é tão crucial (GIROUX, 2010).
O Censo da Educação Superior 2011, divulgado pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), apresenta o quantitativo
de Instituições de Educação Superior (IES), por organização acadêmica e
localização (Capital e Interior), segundo a unidade da federação e a categoria
administrativa das IES, no ano de 2011, conforme Tabela 4 a seguir:
39
Tabela 4 – Número de Instituições de Educação Superior, por organização
acadêmica e localização (Capital e Interior), segundo a unidade da federação e a
categoria administrativa das IES - 2011
Unidade da
Instituições
Federação /
Total Geral
Universidades
Centros Universitários
Faculdades
IF e CEFET
Categoria
Total Capital Interior Total Capital Interior Total Capital Interior Total Capital Interior Total Capital Interior
Administrativa
BRASIL
2.365 819
1.546 190
86
104
131
51
80
2.004 652
1.352 40
30
10
Pública
284
95
189 102
48
54
7
1
6
135
16
119
40
30
10
Federal
103
64
39
59
31
28
4
3
1
40
30
10
Estadual
110
31
79
37
17
20
1
1
72
13
59
Municipal
71
71
6
6
6
6
59
59
Privada
2.081 724
1.357 88
38
50
124
50
74
1.869 636
1.233
-
Fonte: INEP (2011).
3.6 Ensino Superior em Administração
A origem do curso em Administração no Brasil encontra-se diretamente
ligada à demanda dos gestores públicos, identificados no século XX. No ano de
1938, a constituição do Departamento de Administração do Serviço Público (DASP)
estabeleceu bases para a constituição do primeiro centro de administradores do
país: a Fundação Getúlio Vargas.
Segundo Festinalli (2005), nos anos de 60 e 70, quando foi apresentou-se
um crescimento no Ensino Superior em Administração, incentivadas pelos
mesmos fatores do das necessidades do curso. Em 1990, o Brasil teve uma
grande ascensão no número de instituições de Ensino Superior, não somente
nas ciências administrativas, mas em outras áreas que necessitam de pessoas
mais capacitadas para executar tais tarefas nas empresas de hoje.
Nos últimos anos, o Ensino Superior brasileiro teve uma grande
expansão, quando expandem-se o crescimento e o surgimento das Instituições de
Ensino Superior (IES) em cursos de graduação. Um fator para explicar esse
crescimento é o aumento do número de alunos matriculados no Ensino Médio e a
flexibilização dos critérios para abertura de novos cursos promovida pelo Ministério
da Educação.
Com isso, a disputa entre os IES teve um maior aumento nas redes
privadas. Consequentemente, deve-se ter preocupação com qual tipo de ensino está
sendo passado para os alunos dos cursos. Todas as IES passam por uma avaliação
periódica pelo Ministério da Educação. Tal avaliação não tem como medir o nível de
conhecimento do corpo discente.
40
Os resultados do Censo da Educação Superior 2011 mostram que o
número de matrículas no Ensino Superior do Brasil aumentaram 5,7% entre 2010 e
2011, o que indica quase 7 milhões de alunos estudando em cursos de nível
superior no país – entre graduação, pós-graduação, cursos sequenciais e de
formação específica. Ainda de acordo com o Censo, 5.746.762 alunos estão
matriculados no ensino presencial e 992.927 na educação à distância. Os números
demonstram que, no período 2010-2011, a matrícula em cursos de graduação nas
universidades cresceu 7,9% na rede pública e 4,8% na rede privada. Desses 95%,
(6,7 milhões) cursam a graduação, 1,7 milhão em universidades e instituições
públicas de ensino e 5 milhões em universidades privadas (INEP, 2012).
De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Educação e
Cultura (MEC), a participação de mulheres, pessoas de baixa renda e nordestinos
nas universidades aumentou. Esses segmentos juntos somam mais de 55% da
população universitária entre 18 e 24 anos (3,85 milhões de estudantes).
O número de negros e pardos no Ensino Superior no Brasil também
aumentou. Em 1997, eles representavam 4% das matrículas nessa etapa do ensino.
No ano passado, esse percentual subiu para quase 20% dos que frequentam ou já
concluíram a graduação.
41
4 ARCABOUÇO METODOLÓGICO
Este capítulo apresenta os aspectos metodológicos utilizados para
realização e delineamento desta pesquisa e como foi feita a coleta e tabulação
de dados. A metodologia científica “[...] é a ciência do método, ou que estuda os
métodos, ou é o conjunto de métodos que serve ao trabalho científico: acadêmico,
de graduação ou de pós-graduação” (LEITE, 2008, p. 101).
Para alcançar os resultados esperados, realizou-se um projeto com o
objetivo de atender a pergunta de partida e o objetivo da presente investigação
durante o semestre de 2013.1 com os discentes do curso de Administração da
Faculdade Cearense.
4.1 Natureza da pesquisa
O presente trabalho adotou como natureza da pesquisa o modelo qualiquantitativo. Para Honorato (2004, p. 94), “Na verdade, as pesquisas qualitativas e
quantitativas devem ser complementares e não consideradas de maneira isolada”.
Ainda em Honorato (2004, p. 97), “A pesquisa qualitativa proporciona melhor visão e
compreensão do contexto do problema”.
A pesquisa qualitativa tem como características a análise psicológica dos
fenômenos de consumo pelo esclarecimento das razões pelas quais se age de
determinado modo e pela inviabilidade de quantificação dos dados (HONORATO,
2004). Por sua vez, Malhotra (2006, p. 155) afirma que “a pesquisa quantitativa
procura quantificar os dados e aplicar alguma forma de análise estatística”.
A pesquisa quantitativa tem como princípio o estudo de um certo número
de casos individuais. Determina a quantidade de fatores segundo um estudo típico,
utilizando dados estatísticos, e generaliza o que foi encontrado nos casos
particulares (RAMPAZZO, 2005).
As pesquisas de natureza quantitativa utilizam técnicas estatísticas com
objetivo de apurar a opinião dos entrevistados através de perguntas estruturadas,
como os questionários.
42
4.2 Tipologia da pesquisa
Utilizou-se, na classificação da pesquisa, a taxonomia de Vergara (2009).
A autora explica que existem diversas taxonomias acerca dos tipos de pesquisa.
Segundo a estudiosa existem dois critérios: quanto aos fins e quanto aos meios.
Quanto aos fins, a pesquisa pode ser de natureza exploratória e
descritiva. Para Leite (2008, p. 54), [...] “a pesquisa exploratória é a que explora algo
novo, que frequentemente não é considerado ainda ciência, mas que serve de base
à ciência”. Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 64) afirmam que “[...] recomenda-se a
pesquisa exploratória quando há pouco conhecimento sobre o problema a ser
estudado”.
Vergara (2009, p. 42) corrobora quando destaca que “a investigação
exploratória, que não deve ser confundida com leitura exploratória, é realizada em
área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado”. Pode-se perceber
que os autores concordam que a pesquisa exploratória é realizada quando se deseja
aproximar-se do assunto investigado
A pesquisa realizada foi de tipologia descritiva. Para Malhotra (2006,
p. 101), “[...] o principal objetivo da pesquisa descritiva é descrever alguma coisa –
normalmente características ou funções [...]”. Enquanto para os autores Cervo,
Bervian e Silva (2007, p. 61), “a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e
correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”.
Quanto aos meios, utilizou-se a forma documental, bibliográfica e de
campo, Vergara (2009, p. 43) elucida que “a investigação documental é realizada em
documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados de qualquer
natureza ou com pessoas: registros, anais [...]”.
Enquanto para Lakatos e Marconi (2003, p. 174), “a característica da
pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos,
escrita ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias”. A pesquisa
também foi de caráter documental, pois foram utilizados documentos desenvolvidos
pelo autor e a relação dos horários dos professores por disciplina do curso de
Administração.
A pesquisa realizada teve caráter bibliográfico. Lakatos e Marconi (2003,
p. 183) afirmam que a pesquisa bibliográfica “abrange toda a bibliografia já tornada
43
pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais
revistas, livros, pesquisas, monografias teses [...]”.
A bibliografia utilizada no presente trabalho teve a finalidade de obter
embasamento teórico pertinente para a realização do presente estudo. Foram
utilizados livros, trabalhos de conclusões de cursos, bem como artigos científicos
relacionados com o tema em questão. Oliveira (2002) elucida que a pesquisa
bibliográfica é mais abrangente que a documental podendo ser realizada de forma
simultânea com a pesquisa de campo.
Conforme Lakatos e Marconi (2003, p. 186), a pesquisa de campo é
“aquela utilizada como objetivo de conseguir informações e/ou conhecimento acerca
de um problema, para o qual se procura uma resposta [...]”. A pesquisa de campo foi
realizada no mês de maio durante o semestre 2013.1 com os dois professores do
curso de Administração da FaC.
Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 62) definem estudo de caso como “uma
pesquisa sobre determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja
representativo de seu universo para examinar aspectos variados de sua vida”.
Barros e Lehfeld (1990, p. 84) definem estudo de caso como “uma
metodologia de estudo que se volta à coleta de informações sobre um caso ou
vários casos particularizados”. Por meio do estudo de caso e das tipologias
apresentadas, pôde-se identificar a percepção da ética e da cidadania dos discentes
do curso de Administração da Faculdade Cearense.
4.3 Objeto de estudo
O estudo de caso da presente pesquisa baseia-se na Faculdade
Cearense (FaC) e tem como unidades de estudo os discentes e docentes do Curso
de Administração.
Esta Instituição de Ensino Superior (IES) está localizada no bairro Damas,
na cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará. A IES é mantida pelo Centro de
Ensino Superior e atua em dois campi. Estão divididas em Campus denominado
Sede e a Unidade II. A IES foi fundada em 2002, porém iniciou suas atividades no
ano de 2004 com o primeiro vestibular para os cursos de Direito e Pedagogia. No
ano seguinte, outros cursos foram ofertados, tais como os Bacharelados em
Administração, em Ciências Contábeis, em Comunicação Social com habilitação em
44
Jornalismo, Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda,
Turismo e a Licenciatura Plena em Pedagogia. No ano de 2008, A IES abriu vagas
para o curso de Bacharelado em Serviço Social (FaC, 2013).
A IES tem como missão contribuir para o desenvolvimento do Brasil,
especialmente do Ceará, por meio da alta qualidade do ensino ministrado com base,
principalmente, na qualificação de seu corpo docente, nas condições de trabalho e
na infraestrutura física, material, e econômica, oferecidas à comunidade acadêmica
(FaC, 2013).
A FaC oferece à comunidade acadêmica uma infraestrutura física e de
serviços essenciais para o bom desempenho das atividades acadêmicas. Possui
uma biblioteca climatizada que funciona nos três turnos, quatro laboratórios de
informática modernos que utilizam o sistema operacional Windows, salas de aula
climatizadas, dois auditórios com capacidade média de 150 lugares cada. Possui
uma área de convivência social, com espaços destinados ao relacionamento social e
para a realização de eventos, além de cantinas e estacionamentos (FaC, 2013).
Para que o estudante possua o titulo de Bacharel em Administração
deverá cursar 3.340 (três mil trezentas e quarenta) horas em sala de aula curricular,
devendo ser cumpridas em pelo menos 8 (oito) semestres, num total de 48
(quarenta e oito) disciplinas, sendo 02 (duas) optativas e outras 100 (cem) horas de
atividades complementares (FaC, 2013).
O Curso de Bacharelado em Administração da FaC possui um corpo
docente composto atualmente por 34 (trinta e quatro) professores, sendo 12 (doze)
especialistas o que equivale a 35 %, 18 (dezoito) mestres, equivalendo a 53 % e por
fim, 4 (quatro) doutores com percentual de 12%. Somando mestres e doutores,
equivalem a 65%, atendendo ao percentual exigido pela legislação.
O objetivo geral do curso de Bacharelado em Administração da FaC é a
formação de um profissional com conhecimentos técnicos, humanísticos e históricosociais necessários ao entendimento, interpretação e intervenção na realidade
econômica nacional e internacional, instrumentalizando-os com métodos, técnicas e
recursos que possibilitem uma atuação ética, condigna e competente nas suas
funções na área gerencial A FaC busca através de um ensino de qualidade formar
profissionais competentes que atendam as exigências de um mercado competitivo
e que exigem formação adequada para o atendimento de suas expectativas
(FaC, 2013).
45
4.4 Universo amostral e população alvo
Conforme Andrade (2009, p. 132), “o universo da pesquisa é constituído
por todos os elementos de uma classe, ou toda a população. População é o conjunto
total [...] pode abranger qualquer tipo de elementos [...]”.
Para Malhotra (2006, p. 322), O universo amostral da pesquisa é a
“unidade básica que contém os elementos da população a ser submetida à
amostragem”. O universo deste estudo é constituído por 60 alunos sendo 20
do 4º semestre, 20 do 5º semestre e 20 do 6º semestre e por 02 professores do
Curso de Administração da FaC.
4.5 Instrumento de pesquisa (entrevista/questionário)
Como instrumento de pesquisa, foi utilizado um questionário (Apêndice
A), junto aos discentes do Curso de Bacharelado em Administração de 2013.1.
Andrade (2009, p. 136) define que “questionário é um conjunto de perguntas a que o
informante responde, sem necessidade da presença do pesquisador”.
Nesta
pesquisa,
foi
utilizado
como
instrumento
de
investigação
previamente utilizado, testado e validado, usando escala Likert de cinco itens. Este
estudo feito anteriormente objetivava identificar a percepção da ética e da cidadania.
Para Neves e Boruchovitch (2005), a escala Likert foi utilizada para coleta
das informações primarias. Esse tipo de escala somatória é mais comum que as
demais, pois, além de manifestar a concordância ou não com determinada assertiva,
indica o grau da resposta.
O questionário está estruturado em 10 perguntas abertas para que o
respondente faça sua análise e tenha liberdade de respondê-las. Os pesquisados
foram os graduandos e os docentes do Curso de Administração da FaC – 2013.1.
O questionário foi estruturado com uma linguagem clara e objetiva com
propósito de facilitar a compreensão dos docentes em relação ao assunto da
pesquisa. Andrade (2009, p. 136) elucida que:
[...] para elaborar as perguntas de um questionário é indispensável levar em
conta que o informante não poderá contar com explicações adicionais do
pesquisador. Por este motivo, as perguntas devem ser muito claras e
objetivas.
46
4.6 Pré-teste
O pré-teste é utilizado primeiramente com um universo reduzido com
intuito de identificar alguma dificuldade em relação à compreensão do questionário.
Para Barros e Lehfeld (1990, p. 76), “[...] antes da aplicação definitiva do
questionário deve-se realizar um pré-teste ou pré-inquérito”.
Fato este corroborado por Lakatos e Marconi (2003, p. 201), “[...] antes de
ser redigido, o questionário precisa ser testado antes de sua utilização definitiva,
aplicando-se alguns exemplares em uma pequena população escolhida”.
O pré-teste é de suma importância para a pesquisa de campo, pois
através de um instrumento de pesquisa estruturado e adequado que os objetivos da
pesquisa são atendidos.
Andrade (2009, p. 133) afirma que “o teste dos instrumentos e
procedimentos, ou pré-teste, é um procedimento rotineiro nas pesquisas de campo,
mas absolutamente indispensável”.
O pré-teste foi realizado no dia 6 de maio de 2013. A quantidade de
respondentes foi 20 (vinte) alunos do 4º semestre, 20 (vinte) alunos do 5º semestre
e 20 (vinte) de 6º semestre totalizando 60 alunos matriculados no Curso de
Bacharelado em Administração da FaC. Durante a aplicação nas salas de aula, foi
verificado que os alunos não tiveram dificuldade em responder ao instrumento de
pesquisa, pois as assertivas estavam claras e objetivas.
Dessa forma, não tiveram dúvidas em relação ao seu entendimento.
Barros e Lehfeld (1990, p. 71) afirmam que “a validez de um instrumento está
relacionada com a sua capacidade de medir o que se deseja”. Portanto, com a
avaliação dos alunos e a falta de dúvidas, atesta-se que o instrumento de pesquisa
atendeu os objetivos esperados deste estudo.
47
2%
5%
3%
39%
Discordo completamente
Discordo parcialmente
Indiferente
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
51%
Gráfico 1 – A contribuição do curso de Administração para a formação ética dos bacharelandos
Fonte: Pesquisa do autor (2013).
Na primeira pergunta, 28 estudantes concordam parcialmente sobre a
contribuição do curso de Administração na formação ética, representando 51% e 20
alunos concordam totalmente que o curso de Administração contribui para a
formação da ética, representado em 39%.
4%
3%
17%
Discordo completamente
49%
Discordo parcialmente
Indiferente
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
27%
Gráfico 2 – A ética como um dos fatores que contribuem para uma sociedade melhor
Fonte: Pesquisa do autor (2013).
Na segunda pergunta, 29 alunos concordam totalmente quando se
pergunta se a ética é vista como um fator que contribui para uma sociedade melhor,
representando 49% do total a maioria. E 16 alunos, um total de 27%, concordam
parcialmente.
48
1%
2%
0%
34%
Discordo completamente
Discordo parcialmente
Indiferente
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
63%
Gráfico 3 – A utilização da ética no processo de tomada de decisão
Fonte: Pesquisa do autor (2013).
Na terceira pergunta, 37 alunos concordam totalmente que na tomada de
decisão é utilizado a ética, esse número representa 63% do total. E 20 alunos
concordam parcialmente, que representam 34%.
3%
0%
3%
36%
Discordo completamente
Discordo parcialmente
Indiferente
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
58%
Gráfico 4 – O papel de cidadão no exercício das tarefas na empresa
Fonte: Pesquisa do autor (2013).
Na quarta pergunta, 34 alunos responderam que concordam totalmente
com a afirmativa, que exerce sim o papel de cidadão na execução das tarefas,
representado em 58% do total. E 21 alunos responderam que concordam
parcialmente sobre a pergunta, acolhida com 36% do pesquisados.
49
3%
2%
15%
36%
Discordo completamente
Discordo parcialmente
Indiferente
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
44%
Gráfico 5 – A contribuição da atividade exercida para o desenvolvimento social
Fonte: Pesquisa do autor (2013).
Na quinta pergunta, 26 alunos concordam parcialmente que sua atividade
na empresa contribui sim para o desenvolvimento social, representando 44%. E 21
alunos concordam totalmente que contribui para o desenvolvimento social,
contemplando 36% dos participantes.
2%
3%
7%
30%
Discordo completamente
Discordo parcialmente
Indiferente
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
58%
Gráfico 6 – A contribuição da atividade exercida para o desenvolvimento econômico
Fonte: Pesquisa do autor (2013).
Na sexta pergunta, 34 alunos concordam totalmente que sua atividade
contribui sim para o desenvolvimento econômico, isso representa 58%. E 18 alunos
concordam parcialmente que contribui sim para o desenvolvimento econômico,
representando 30%.
50
2%
7%
8%
37%
Discordo completamente
Discordo parcialmente
Indiferente
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
46%
Gráfico 7 – A contribuição da atividade exercida para o desenvolvimento local
Fonte: Pesquisa do autor (2013).
Na sétima pergunta, 27 alunos concordam parcialmente que sua atividade
contribui para o desenvolvimento local, representando 46% dos alunos. E 22 alunos
concordam totalmente que contribui para o desenvolvimento local, isso é 37% do
total de pessoas pesquisadas.
5%
9%
5%
44%
Discordo completamente
Discordo parcialmente
Indiferente
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
37%
Gráfico 8 – O exercício da liberdade e da ética na empresa
Fonte: Pesquisa do autor (2013).
Na oitava pergunta, os 26 alunos responderam que concordam totalmente
que trabalha com liberdade e ética em suas empresas, isso é 44% dos
respondentes. E 22 alunos concordaram parcialmente que trabalham com liberdade
e ética, isso é 37%.
51
0%
12%
3%
41%
Discordo completamente
Discordo parcialmente
Indiferente
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
44%
Gráfico 9 – O exercício da liberdade e da cidadania na empresa
Fonte: Pesquisa do autor (2013).
Na nona pergunta, 26 alunos responderam que concordam parcialmente
que trabalham com liberdade e cidadania em suas empresas, abrangendo 44% das
respostas. E 24 concordam totalmente que trabalham com liberdade e cidadania,
isso é 41%.
5%
7%
7%
34%
Discordo completamente
Discordo parcialmente
Indiferente
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
47%
Gráfico 10 – O exercício da liberdade política na empresa
Fonte: Pesquisa do autor (2013).
Na
décima
pergunta,
28
alunos
responderam
que
concordam
parcialmente que têm liberdade política em suas empresa, representado em 47%. E
20 alunos concordam totalmente que têm liberdade política, ou seja, 34%.
52
4.7 Procedimentos operacionais
A coleta de dados foi realizada na Unidade II da FaC na quarta semana
de maio de 2013. Nos dia 20 e 23 de maio, foi aplicado um questionário com os
alunos do curso de Administração e uma entrevista a dois professores.
O critério utilizado para a escolha da faculdade foi o fato de o pesquisador
ser aluno da instituição, portanto, em caráter de acessibilidade de forma não
aleatória. A acessibilidade permitiu o contato direto com os graduando e os docentes
do curso. Desta forma, todas as dúvidas que surgissem foram retiradas in loco.
A forma não aleatória explica-se por não fazer uso de seleção (LAKATOS;
MARCONI, 2003).
O contato com os alunos ocorreu em sala de aula. Antes da aplicação dos
questionários, foram feitas observações acerca deles, solicitando aos estudantes
que lhes respondessem. Caso o aluno já o tivesse respondido em outra turma, foi
solicitado que não respondesse novamente, visto que o aluno pode cursar
disciplinas em semestres diferentes. Todas as observações foram feitas visando os
resultados confiáveis para alcançar o número máximo de alunos por turma, com o
apoio dos docentes e ciência da coordenação do curso.
O contato com os professores ocorreu no intervalo de cada aula, onde
foram repassadas as perguntas da entrevista para que os mesmo pudessem ter uma
preparação antecipada e que as dúvidas fossem sanadas antecipadamente.
4.8 Análise de discurso
A classificação e a utilização da análise do discurso, no tocante ao
desenvolvimento como liberdade na teoria de Amartya Sen, encontram-se
permeadas por certa problemática que reflete uma falta de consenso entre autores.
Bardin (1979) sustenta que a análise do discurso pertence ao campo da
análise de conteúdo, justificando que se trata de uma técnica cujos procedimentos
têm como objetivo a inferência acerca de uma estrutura profunda (processos de
produção) a partir de efeitos de superfície discursiva (manifestações semânticosintáticas).
[...] existe uma tentativa totalitária (no sentido em que se procura integrar no
mesmo procedimento conhecimentos adquiridos ou avanços até aí
53
dispersos ou de natureza disciplinar estranha: teoria e prática linguística,
teoria do discurso como enunciação, teoria da ideologia e automatização do
procedimento) cuja ambição é sedutora, mas em que as realizações são
anedóticas. O que é deplorável! (BARDIN, 1979, p. 222)
A análise do discurso envolve a reflexão acerca das condições de
produção dos textos analisados, as quais, de acordo com Orlandi (2001), situam-no
em um contexto histórico-ideológico mais amplo. A autora defende que a análise de
discurso busca desvendar os mecanismos de dominação que se escondem sob a
linguagem, não se tratando nem de uma teoria descritiva, nem explicativa, mas o
intuito de constituir uma proposta crítica que problematiza as formas de reflexão
anteriormente estabelecidas.
Nesse processo, o analista deve evidenciar a compreensão do que é a
textualização do político, a simbolização das relações de poder, o modo da história
dos sentidos, o modo de existência dos discursos no sujeito, na sociedade e na
história (ORLANDI, 2001). O trato do material na análise do discurso envolve a
apreensão de alguns conceitos desenvolvidos por seus teóricos. Entre esses
conceitos, o principal é o texto, que é tido como unidade de análise.
54
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Para atingir o objetivo geral desta pesquisa científica que objetivou
analisar “desenvolvimento como liberdade”, a percepção da ética e da cidadania nos
negócios pelos atores do curso de Administração da Faculdade Cearense foi
realizada uma investigação qualitativa com dois professores. E foi possível analisar
que o desenvolvimento como liberdade está presente na ética e cidadania.
Os professores pesquisados foram analisados em suas respostas se
tinham
uma
concordância
ou
uma discordância em
relação
à
assertiva
correspondente.
As afirmativas foram ordenadas com objetivo de obter os resultados
estatísticos referentes ao grau de concordância e discordância das respostas
De modo geral, a pesquisa demonstrou que os professores se
dispuseram a responder 10 perguntas todas abertas para que seu ponto de vista
fosse analisado sobre o tema “Desenvolvimento como liberdade”.
Observa-se que os entrevistados concordam quando na primeira pergunta
é afirmado que o desenvolvimento econômico de um local está ligado à segurança
econômica em que surge os direitos democráticos e das pessoas que fazem parte
da sociedade. Quando o direito democrático das pessoas são respeitados, as
pessoas passam a ser e ter uma segurança econômica mesmo que pequena, pois
assim utiliza-se o papel de cidadão.
Também
se
observa
que
existe
uma
discordância
quando
o
desenvolvimento econômico é afirmado por entrevistado que é fundamental e o
outro entrevistado acha que isso traz um problema não para a economia, mas para
as pessoas.
Na segunda pergunta os entrevistados concordam quando é colocado na
pergunta que as liberdades cívicas são importantes, mas não justificáveis pela
economia.
Os
entrevistados
esclarecem
que
a
economia
se
desenvolve
independente da liberdade política das pessoas. Outro ponto que os entrevistados
concordam é que são imediatamente justificáveis pelos efeitos da economia. Um
entrevistado não sabe se é imediatamente, mas que é muito importante. Outro
entrevistado afirma que os efeitos da economia não resolve tudo, mas o papel do
estado é resolver ou responder para a sociedade se são imediatamente justificadas.
55
Na terceira indagação, os entrevistados concordam quando na pergunta é
colocado que as pessoas têm possibilidade de decidir, vigiar e criticas quem deve
governar, assim as pessoas precisam não só ter liberdade política, mas também
conhecer que tipo de liberdade é essa que dá o direito de poder vigiar e criticar.
Na quanta pergunta, os entrevistados concordam quando se coloca que o
desenvolvimento humano não está ligado a pobres ou a ricos, mas está ligado ao
sujeito, às pessoas que fazem parte de uma sociedade.
Na quinta pergunta, os entrevistados comentam que ao logo da história o
Brasil sempre foi um palco de muitas mudanças e imposições cujo Estado colocava
para população, como no caso da revolta da vacina. Os entrevistados comentam
que naquela época a vacina era algo bom, porém a forma como era colocado para
as pessoas privava-lhes a liberdade de escolha e, simplesmente, sob alegação de
que era qualidade de vida.
Um dos entrevistados discorda da pergunta quando é colocado de forma
exagera que um país que garante a todos os cuidados com saúde e educação. O
entrevistado diz que, de certa forma, esse exagero faz com que isso se torne uma
utopia e não seja uma realidade vivida hoje. Outro entrevistado diz que se a
consciência política existir em um país, consegue sim fazer com que os cuidados
com saúde e educação sejam úteis na sociedade
Na sexta pergunta, os entrevistados concordam que deve existir uma
separação entre desenvolvimento econômico e desenvolvimento social. Porém concordam que os dois precisam andar juntos para que a educação seja uma
realidade na sociedade e nas comunidades de uma localidade.
Na sétima pergunta, os entrevistados concordam que, para ter
desenvolvimento como liberdade, as pessoas precisam entender que as leis e as
regras são colocadas pelo Estado para ter uma ordem no tocante de um grupo em
que cada um sabe o seu papel e sabe o porquê está obedecendo as leis.
Há uma discordância entre os entrevistados quando um diz que obedece
a lei porque tem medo das sanções dadas pelo Estado a minha pessoa quando
desobedece. Outro entrevistado diz que obedece porque é a própria vontade que faz
com que obedeça, e não pela obrigação.
Na oitava pergunta, os entrevistados concordam quando dizem que no
capitalismo as pessoas só são identificadas pelo que tem, pelo que usam, pelo que
pode mostrar para os outros e acabam se identificando como membros de uma
56
sociedade consumistas e as atitudes de propiciar maior entendimento, às vezes,
ficam esquecidos e não geram mudanças.
Na questão nove, os entrevistados concordam quando na pergunta diz
que as tecnologias trouxeram instabilidades e incertezas. Eles afirmam que o
homem deixou de ser um ser pensante e passou a ser um ser robótico. Um dos
entrevistados comenta que o homem deixou de ser técnico, não tem mais a pratica,
não tem mais habilidade para desenvolver algumas atividades e deixou que essa
tecnologia a fizesse. Assim, surge às instabilidades e incertezas vinda da tecnologia,
trazendo um mal para a sociedade.
Na décima pergunta, os entrevistados concordam quando se fala em
mudança. Existe sim uma mudança de comportamento, porém deixam claro que
essa mudança tem que partir de dentro para fora e não de fora para dentro, para
que as pessoas sejam vistas como membros de uma sociedade que gera mudança.
Os entrevistados discordam quando um diz que a revisão de valores pode
ou não apresentar novas propostas, pode ou não gerar tal mudança, enquanto o
outro entrevistado diz que, com a revisão de valores, as pessoas são melhores
identificadas na sociedade com ou sem consumo no mundo capitalista.
57
6 CONCLUSÃO
A Administração é uma das ciências mais antigas e estudadas. Ela passa
por muitos estágios e períodos no tempo. Sofreu muitas mudanças e até hoje vem
sendo motivo de estudos e evoluções que garantem que os pensamentos sejam
aplicados nas organizações do século XXI. Depois da Segunda Guerra Mundial,
começa uma transformação que muda o comportamento das empresas. Essa
mudança começa com o início da Revolução Industrial e o avanço tecnológica,
econômica e social para muitos países.
Hoje, encontram-se muitas empresas que passam por situações difíceis
por motivo de não aplicar as teorias nas organizações. E não somente isso, mas a
falta de pessoas capacitadas e qualificadas tendem a fazer tais empresas correrem
sérios riscos de fechar as portas. As teorias são ferramentas que ajudam na
administração, no gerenciamento e na tomada de decisões para alcançar os
objetivos financeiros, sociais e pessoais de quem está envolvido.
Países que se encontravam esquecidos por não se comunicarem com
outros acabavam tendo dificuldades de relacionamento entre eles. Mas a
globalização, junto com novos meios de comunicação e o surgimento de outras
tecnologias, trouxe ao cenário do mercado mundial uma diminuição entre esses que
há pouco não se relacionavam. Tomando como base esse comportamento, pode-se
observar que surgiu uma nova esfera no desenvolvimento econômico, cultural e
social de países em desenvolvimento e outros que começaram a se desenvolver.
Assim, percebe-se também que surgem muitos outros problemas que afetam o bemestar da população.
É importante entender que tais mudanças trazem para as pessoas uma
nova forma de pensar, agir e se comportar. Assim é importante que isso seja
reconhecido como liberdade, em que as pessoas têm o direito de opinar, expor,
questionar e apresentar-se nesse mercado, em que essa globalização faz com que
pessoas tão distantes se tornem tão próximas e contribua para o desenvolvimento.
Desenvolvimento é visto por muitos como um processo de expansão das
liberdades existentes nas pessoas que fazem parte de uma sociedade capitalista,
mas que muitas vezes as pessoas não sabe como exigir ou até mesmo diferenciar
que tipos de liberdades são essas que cada um tem o direito e o papel de exerce
como membro de uma sociedade.
58
Liberdade, que é tema do estudo, precisa de maiores reflexões e debates
acerca do assunto. A pesquisa foi realizada na FaC, mas carece de ampliação por
entidades profissionais representativas Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
Conselho Regional de Administração (CRA), Conselho Federal e Regional de
Enfermagem (COREN), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA),
dentre outras.
Precisa-se aprender com a ética, conhecer o conceito que está em
construção nas pessoas, e não pessoas que se denominam politicamente corretos.
É necessário mudar as atitudes, os pensamentos, os comportamentos, desde um
simples jogar de papel no chão até as decisões que possam influenciar no convívio
com as pessoas.
Nas entrevistas realizadas com os professores e no teste aplicado com os
alunos da Faculdade Cearense, nota-se que existe uma grande concordância entre
os mesmo quando o assunto é desenvolvimento como liberdade. Para chegar a um
desenvolvimento, os membros da sociedade precisam saber e conhecer que tipo de
desenvolvimento está sendo aqui exposto e que tipo de liberdade é essa empregada
às pessoas.
Viver numa sociedade onde a desigualdade é grande demais, onde
poucos têm muitos e muitos têm muito pouco para viver. Essa é a grande questão
que este trabalho procurou responde. Será que as pessoas estão exercendo o seu
papel ético como cidadão? Ou será que estão trabalhando com ética nas
organizações?
Analisando todas as respostas obtidas, conclui-se que as pessoas estão
sim mudando o comportamento em relação às liberdades e ao desenvolvimento. As
pessoas estão mais participativas, mas ainda falta muito a ser trabalhado para que
se consiga alcançar uma sociedade mais plena e mais igual para todos, em que a
distância da realidade seja transformada em esperança para muitos que buscam
lidar com esse desenvolvimento como liberdade.
59
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62
APÊNDICE A
Questionário
63
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
1) CARACTERIZAÇÃO DO RESPONDENTE
A)
Sexo
B)
Faixa Etária
1
Masculino
1
Abaixo ou igual a 30 anos completos
2
Feminino
2
Acima de 30 anos completos
C)
Tempo de Empresa
D)
Cargo Ocupado
1
Até 2 anos.
2
De 2 até 4 anos.
3
De 4 até 6 anos.
4
Acima de 6 anos.
1
2
3
4
5
Proprietário, Diretor Geral.
Gestor, Gerente Geral.
Assessor, Responsável Técnico.
Supervisor, Chefe de Setor (Departamento).
Outros:
5
Outros:
1 – Discordo completamente 2 – Discorda parcialmente 3 – Não tenho opinião formada, não percebo
na minha empresa 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
ASSERTIVAS
1 – O curso de administração contribui para formação ética dos
bacharelando?
2 – Na sua empresa, a ética é vista como um dos fatores que contribuem
para uma sociedade melhor?
3 – Você se utiliza da ética no processo de tomada de decisão?
4 – Você exerce o seu papel de cidadão no exercício das tarefas na
empresa?
5 – Você acredita que sua atividade na empresa contribui para o
desenvolvimento social?
6 – Você acredita que sua atividade na empresa contribui para o
desenvolvimento econômico?
7 – Você acredita que sua atividade na empresa contribui para o
desenvolvimento local?
8 – Você trabalha com liberdade e Ética na empresa?
9 – Você trabalha com liberdade e cidadania na empresa?
10 – Você trabalha com liberdade política na empresa?
1
2
3
4
5
64
APÊNDICE B
Formulário de Entrevista
65
APÊNDICE B – FORMULÁRIO DE ENTREVISTA
1 - O desenvolvimento econômico de um local inclui a dimensão de segurança
econômica e está ligada aos direitos democráticos das pessoas?
2 - A liberdade política e as liberdades cívicas são imediatamente importantes em si
mesmas e não tem de ser indiretamente justificadas pelos efeitos na economia?
3 - As liberdades políticas referem-se às possibilidades que as pessoas têm em
decidir quem deve governar, incluindo a possibilidade de vigiar e criticar as
autoridades?
4 - O desenvolvimento humano é primeira e primariamente um aliado dos pobres do
que dos ricos abastados?
5 - Um país que garante a todos os cuidados com saúde e educação pode
conseguir resultados notáveis em termo de qualidade de vida de toda população?
6 – O desenvolvimento econômico pode não ser a melhor saída, mas o
desenvolvimento social, em particular a educação pode ser a realidade muito eficaz?
7 - Uma coisa é obedecer a lei por obrigação, ou seja, pela necessidade e pela
força, outra é pelo dever, pela vontade. Comente?
8 - Cada vez mais as pessoas estão se voltando para a aquisição de atitudes de
cidadania, na busca de propiciar maior entendimento e harmonia entre si?
9 - As transformações sócias advindas da era tecnológicas ativaram oportunidades,
mas também instabilidade e incertezas?
10 - O envolvimento das pessoas no produto final do seu trabalho implica, ainda, em
revisão de paradigmas (valores e crenças), gerando mudanças de comportamentos
incentivando o papel de cidadão do funcionário?
66
APÊNDICE C
Transcrição da entrevista com Professor Dr. Paulo Henrique
67
APÊNDICE C – ROTEIRO DA ENTREVISTA
1 - O desenvolvimento econômico de um local inclui a dimensão de segurança
econômica e esta ligada aos direitos democráticos das pessoas.
”Acho que a ideia de segurança econômica está pontuada também na possibilidade às vezes de, é...,
encontrar as novidades. O turismo lida muito com isso. Às vezes o desenvolvimento econômico não
esta pontuada e há uma vertente que pontua, que o turismo pode chegar lá, como dinheiro,
investimento. Então você diz assim: que está ligada aos direitos democráticos das pessoas, sim,
dentro de uma perspectiva de uma organização econômica formal, planejada, mas, muitas vezes, a
dimensão da organização econômica elimina um pouco esses direitos democráticos. Muitas vezes eu
tenho direito à minha terra, à minha casa sem formalidade, sem ter o papel passado, e quando chega
o viés econômico mais abastados, ele vai tirando esse direito que tinha de perspectiva, de
organização é menos elaborado, então o direito democrático das pessoas ela é fundamental na
economia, mais não que dizer que seja respeitado sempre, então quando o desenvolvimento
econômico muitas vezes ele atropela esse desenvolvimento democrático porque ela vai dizendo que
há na perspectiva do turismo que aquele lugar não tenho mais direito a ele, porque a valorização dos
imóveis chega porque o uso do carro vai chegar, então por exemplo eu tenho meu direito democrático
de andar a pé e agora eu não tenho mais esse direito democrático, eu tenho direito a segurança o
direito democrático, agora eu tenho que lidar com a falta de segurança em alguns locais.”
2 - A liberdade política e as liberdades cívicas são imediatamente importantes em si
mesmas e não têm de ser indiretamente justificadas pelos efeitos na economia.
Resposta do Professor Paulo Henrique:
“Eu acho que sempre que fala em economia nós falamos na perspectiva de liberdade,
desenvolvimento e você fala de liberdade cívica. Liberdade cívica pressupõe um acesso ao ganho, ao
ganho monétário, ou pelo meu trabalho ou pela sorte, eu ganhei um dinheiro. E tem também uma
perspectiva. Você diz assim, também a liberdade política elas são importantes, mas você diz não são
imediatamente justificadas pelos efeitos na economia. Acho que a economia por si só não se justifica,
num a perspectiva de uma interação com a liberdade. A economia, ela não pode ser mais do que a
ideia da liberdade. Então eu tenho a liberdade de explorar aquele local, falando um pouco do turismo.
Essa liberdade vai até onde se institui o direito politico, direito politico a, a, ao uso e a ocupação do
solo ao direito cívico de, de possuir, vender e trocar, entres o que se pontua, não sei se estão sendo
muito claro Fagnér porque quando você coloca a pergunta aqui né, ela, de certa forma, se amarra.
Você diz assim, são imediatamente importantes, não sei se são imediatamente importantes, mas
muito importante é não ter de ser imediatamente justificados pelos efeitos da economia. Acho que a
economia não justifica tudo, então se você colocar assim, essa, essa assertiva está um pouco
68
truncada a um concordar que as liberdades. Elas tem que ser pontuados mas a economia não pode
ser é definida como essa liberdade vai acontecer”.
3 - As liberdades políticas referem-se às possibilidades que as pessoas têm em
decidir quem deve governar, incluindo a possibilidade de vigiar e criticar as
autoridades.
Resposta do Professor Paulo Henrique:
“Sim, mas não só isso, quer dizer, as pessoas têm que decidir quem deve governa, mas também deve
decidir como essa pessoa deve governar. É que o modo de atuação, se tem um planéjamento ou se
não tem, você diz assim, possibilidades, possibilidades são mais elas não são só isso, você diz incluem
as possibilidades de vigiar e criticar as autoridades. Sim nós vigiamos e criticamos as autoridades, mas
essa liberdade política é muito maior. É a liberdade política de tirar alguém do cargo no qual ocupa.
Essa liberdade política é a liberdade de expressão. Eu posso expressar se eu gosto ou não gosto
desse governante, essa liberdade política é me fazer inclusive candidato, eu não só escolho o outro,
eu posso ser o escolhido, então quando você diz assim, refere-se às possibilidades, as possibilidades
acho que têm de ser mais ampliadas, não pode ser só essas que estão colocadas aqui.
4 - O desenvolvimento humano é primeira e primariamente um aliado dos pobres do
que dos ricos abastados.
Resposta do Professor Paulo Henrique:
“Acho que desenvolvimento humano ele não, ele não pontua, é exclusivamente essa perspectiva de
classe. Mas acho que nós temos uma perspectiva, uma preocupação maior com os pobres, com
aqueles que não tem direito a moradia, a saúde, mas essa perspectiva dos ricos Os ricos abastados
também
têm
uma
perspectiva
de
investimento
no desenvolvimento humano,
né, é
no
desenvolvimento da vida da, da cidadania de cobrança de deveres e dos direitos, então é quando
você diz assim é primeira e primariamente um aliado, acho que aliado tantos dos ricos. Acho que é
aliado do ser humano, agora como cada ser humano vai utilizar essa perspectiva de pontuação, isso é
uma outra história, certo”.
5 - Um país que garante a todos os cuidados com saúde e educação pode
conseguir resultados notáveis em termo de qualidade de vida de toda população.
Resposta do Professor Paulo Henrique:
“É, eu sempre penso que pode haver um erro nos exageros, nas interpretações. Então quando você
diz assim, um país que garante a todos os cuidados com saúde, é essa, essa garantia isso por si só,
não se estabelece na realidade. É a uma utopia que existe países que se preocupe o tempo todo com
tudo e com todos, mas se existir uma forma meio fantasiosa, meio utópica, eu acho assim, é, é a
qualidade de vida para todo população sempre pensando assim, nós temos toda população, uma
perspectiva de que o Estado, ele é criado para atender aquele que pontua os seus habitantes os seus
cidadãos, então não a uma garantia de que a todos ás vezes há um ótimo projeto, uma grande
69
possibilidade de, de é de resultados positivos, mas você tem a rejeição das pessoas. Aqui no Brasil,
nos temos a ideia de que havia no século passado a ideia da revolta da vacina. A vacina era algo bom
pra todos, mas ela, ela tem uma rejeição, então quando se afirma que é, é, melhor qualidade de vida
de toda população é de certo exagero”.
6 – O desenvolvimento econômico pode não ser a melhor saída, mas o
desenvolvimento social, em particular a educação pode ser a realidade muito eficaz.
Resposta do Professor Paulo Henrique:
“Eu acho que não há separações, desenvolvimento social este atrelado o desenvolvimento econômico
que produz boa educação ou não, que produz investimento em saúde ou não. Então quando se diz
assim, no desenvolvimento, socialmente, é preciso entender que a economia ela tem de ser
desenvolver para chegar a todos ou chegar de forma mais equilibrada, mais igualitária. Então, no
nosso país, nós temos uma, uma desigualdade econômica e social imensa né, então, a economia
chega, nós somos um dos países mais ricos do mundo, a, o desenvolvimento social é que não se
estabelece com muita propriedade”.
7 - Uma coisa é obedecer a lei por obrigação, ou seja, pela nécessidade e pela
força, outra é pelo dever, pela vontade. Comente.
Resposta do professor Paulo Henrique:
“Alguns autores da sociologia vão colocar (que) nós vivemos em sociedade, sociedade pressupõem
aceitação das normas e cumprimentos dessas normas. Eu não posso criar normas que se, é que se,
que chegue só pra mim. Eu posso achar que é a pena de morte é interessante, possa achar que eu
concordo, mas eu não posso chegar e matar o outro, porque nós temos uma perspectiva. Então
quando você diz assim, é pela vontade, a ideia da lei e, o que ela é, tende à vontade de um todo, um
todo de um grupo, de uma sociedade, uma sociedade que constitui as leis. Mas é a lei, ela é
necessário para própria organização da sociedade. Uma sociedade sem lei, ela é fictícia, ela é
fantasiosa, Então eu obedeço as leis, muitos vezes, pelas sanções das imposições, mas eu tenho
dever como membro da sociedade de exercer esse papel, afinal eu sou fruto de uma sociedade que
institui os comportamentos. Mas posso também, eu posso questionar essa lei é valida e daí você tem
uma perspectiva das redes sociais, que vai, vamos questionar a lei é a pena de morte ou não, a lei do
ensino superior enfim, nós temos uma perspectiva. Essa cobrança de que é pelo vontade, a ideia de
cumprirmos pela vontade pressupõem uma sociedade mais é, mais evoluída no sentido de
entendimento do papel das pessoas do papel. No meu papel enquanto membro da sociedade acho
que hoje se pontua muito a obrigação que se não tem uma sanção uma penalidade.
8 - Cada vez mais as pessoas estão se voltando para a aquisição de atitudes de
cidadania, na busca de propiciar maior entendimento e harmonia entre si.
Resposta do Professor Paulo Henrique:
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“Acho que tem uma perspectiva. Hoje é equivocada de que cidadania hoje é só consumo. Ah eu
exerci minha cidadania porque meu carro veio com defeito, exerci minha cidadania como possibilidade
de entender que eu posso ter direito a uma faculdade, a um financiamento, então a um, a ideia de
cidadania. Fagner, eu acho que temos. Não busco só o de propiciar maior entendimento e harmonia,
por si só, mas numa perspectiva de uma é um dialogo, de um cidadão buscar direitos e cumprir suas
obrigações, então a ideia de cidadania no ponto de vista é, da sociedade de hoje. Ela tá muito
truncada porque não conseguimos muitas vezes é definir com muita propriedade o que é cidadania e
achamos que ser cidadão, é, nós só sermos se tiver um emprego, uma renda. Então quando você diz
assim, as pessoas estão voltadas para aquisição de atitudes e cidadania, acho que aquisição e
cidadania é cumprir os meus deveres, buscar os meus direitos e perceber que está numa sociedade e
essa sociedade se organiza também a partir do meu comportamento”.
9 - As transformações sociais advindas da era tecnológicas ativaram oportunidades,
mas também instabilidade e incertezas.
Resposta do Professor Paulo Henrique:
“Acho que não só essa era tecnológica, mas em todo as eras com suas tecnologias, em todos os
momentos com suas tradições, com os comportamentos mais arcaicas, mais atrasadas, ele propicia
oportunidades, oportunidade, você, é, passou a discutir que uso eu faço dessa tecnologia(?). Hoje a
tecnologia na sala de aula, mas que uso eu faço do datashow na sala de aula, né. Eu digo assim, é
uma oportunidade, é pontuada a, naquilo que me é, me é possível, me é próximo, pra mim é próxima
a tecnologia, hoje o celular propicia que as pessoas se organizem e um minuto elas parem o transito
se quiser, mas também, instabilidades e incertezas. Pra mim não fica muito clara essa instabilidade e
incertezas, pressupõem que a sociedade ela sempre vai estar instável, sempre dizer incertezas do que
é, do que será o seu amanhã. Então eu acho que as transformações advindas da era tecnológica
ativam as oportunidades com muito mais propriedade do que fomentar as incertezas né”.
10 - O envolvimento das pessoas no produto final do seu trabalho implica, ainda, em
revisão de paradigmas (valores e crenças), gerando mudanças de comportamentos
incentivando o papel de cidadão do funcionário.
Resposta do Professor Paulo Henrique
“Fagner, eu acho que assim, a gente está sempre mudando. Às vezes, essa mudança não
necessariamente tem que acontecer, sempre com muita frequência porque, você diz assim, o produto
final do meu trabalho, ele pode gerar uma revisão dos meus valores, pode apresentar novas
propostas, mas às vezes não gera mudança de comportamento com tanta ênfase, com tanta
radicalidade, que incentiva o papel do cidadão, do funcionário. Depende daquele que me proponho no
trabalho. Enquanto produto final ele pode implicar às vezes uma repetição, é algo que deu tão certo
que posso repetir vários momentos. Então eu não sei se gera mudança de comportamento, por si só,
acho que gera mudança de comportamento a partir de cada avaliação que você faz, de cada, é,
71
análise, de cada tópico que você apresenta. Vou citar a sala de aula, então a sala de aula, o produto
final da minha disciplina, eu tive o conteúdo, eu tive os meus alunos, tive é um material didático. Esse
pode trazer pra mim uma mera reflexão, mas não gera mudança de valores que é algo que eu mesmo
não, não busco essa reflexão mais né, pronto”.
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APÊNDICE D
Transcrição da entrevista com a Professora Ms. Maria Meirice
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APÊNDICE D - ROTEIRO DA ENTREVISTA
1 - O desenvolvimento econômico de um local inclui a dimensão de segurança
econômica e esta ligada aos direitos democráticos das pessoas.
Resposta Professora Maria Meirice:
“Bom, essa, essa questão ele é bastante debatida, porque ela tem, inicialmente, alguns conflitos em
termos da compreensão do que seja direito democrático. Primeiramente se a gente pensar em
democracia, a gente precisa pensar em três dimensões dessa democracia na modernidade. A primeira
dimensão é a dimensão de uma democracia burguesa. No momento em que a gente aprende, na
construção do capitalismo, que ser cidadão é aquele que aprende a viver na cidade, é aquele que,
você é aquele que aprende regras. Então democracia, burguesa estão firmemente vinculada à
aprendizagem da vida, na cidades burguesas capitalistas, hora de trabalho, hora de almoço, hora de
jantar, hora de lazer. Essa divisão vai dar uma primeira educação política pros seres que têm na
modernidade e isso vai ser passado pela burguesia, como democracia, que Karl Marx vai dizer que
esse é o grande golpe da burguesia na criação do sistema capitalista. Ele vai dizer, inclusive, que a
burguesia é a classe social mais inteligente, mais dominante, mais inteligente da história, porque o
que ela faz,nos ensina algo como se fosse impecável e nós aprendemos no que a gente poderia na
linguagem popular, nós fomos "adestrados para capitalismo". Certo, só que é o que acontece
enquanto tem uma segunda fase na história do mesmo capitalismo em que a gente passa uma
cidadania, desculpa, uma democracia, discussão de democracia, que ela não é
burguesa, ela é
liberal, porque assim, se eu aprendi que eu tenho que estar na fila pra pagar um extrato bancário, eu
acabo sabendo que meu direito termina onde começa o direito do outro. Lembra dessas nossas
discussões em sala de aula, onde termina o direito do outro, então o que vai acontecer eu aprendo o
que a liberdade é extremamente limitado, porque ela tem só vinculado à regra de ficar na fila, tá.
Numa terceira etapa, a gente tem histórico, a gente tem o direito democrático em si, que nós
superamos a face de aprendizado, digamos, desculpa, aprendemos a termos os direitos dos animais,
comer, dormir, ter proteção à noite. Passamos disso a termos direitos sócias dados pelo estado e
temos os chamados direitos civis, concedido pelo Estado, mas aí o que seria esse é utopia da
democracia, do direito, direito democrático, seria que, é, ao contrário que a pergunta coloca não seria
uma democracia de pessoas, mas pro sujeito, porque eu só tenho democracia se eu tenho seres que
são capazes de tomar decisões. Pessoas não necessariamente tem, porque nós temos pessoas que
fazem parte de um grupamento que a gente vai chamar de política de massas, manipuláveis,
manobráveis sem projetos políticos e vamos ter um agrupamento que vamos chamar de povo, que é
o agrupamento historicamente tem essa consciência em si. GRAMITH vai chamar consciência em si,
desculpa, consciência para si, consciência em si e para uso das massas, elas, simplesmente existe e a
consciência para si, não, eu existo mais eu quero que minha existência seja melhor para mim tá certo.
Tudo isso que estou colocando é pra gente perceber que o desenvolvimento econômico, quando ele
inclui somente a dimensão de segurança econômica, ele é um problema pra questão da democracia.
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Ele é um problema pra questão da democracia para os sujeitos, mas ele não é um problema para a
democracia das pessoas né, porque assim, a gente tem uma discussão marxista que vai dizer assim
no Brasil. Os economistas marxista vão dizer o seguinte, é..., pessoas são pobres porque não tem
acesso. Ai o autor que você trabalha Amarthya Sen, ele vai mostrar com a experiência dele
justamente o contrário, Assim que você tem uma diferenciação dos sujeitos, você vai ter aquele que
recebe é, faz um empréstimos, mas vou dizer um exemplo mais grosseiro: você tem aquele que
recebe a esmola e ele se senti humilhado, e tem aquele que transforma a esmola em trabalho é quase
formal, tem regras, tem varias condições. Formal aqui é só pra dar ênfase nas regras. Claro que não é
formal e o ponto de vista marxista ele é muito, muito benevolente, porque diz assim: aquele que não
tem acesso, ele é simplesmente alienado, ele não vai conseguir ter acesso se não for uma consciência
de classe. Ora a gente tem discussões de desenvolvimento econômico de segurança econômica pra
mostrar o seguinte, eu tenho pessoas com capacidade de decidir se elas têm um pingo de acesso ao
material, então o material não é totalmente ruim, o material implica no tratamento da melhora. Essa
discussão ela se faz do bolsa família. Assim que o bolsa família dá um acesso a segurança econômica
é, pouco restrita, é meio que, é meio que esmola pra linguagem de alguns meios, pra quem não tem,
como um senhor que transformou o bolsa família na primeira possibilidade dele vender tapioca na
porta de casa. Ele vai ter aí a condição de ultrapassar a insegurança material que ela é, muito mais
grave do que a insegurança política. Agora isso é um pouco a minha linha de raciocínio. Eu acho, acho
que é, antes de decidir, a gente precisa ter as condições para como é que eu decido com fome né,
como é que eu faço essa decisão com fome. Então assim, é a segurança econômica na minha
concepção, ela está ligada a esses direitos democráticos porque ela possibilita passar da regra só de
obedecer as normas burguesas para minimamente entender as regras liberais. Você vê que uma
pessoa muito pobre, elas às vezes não sabe nem ficar de pé direito, imagine parecer uma pessoa com
civilidade né, então a segurança econômica é importante pra isso, e o desenvolvimento econômico
que a pergunta coloca que é no ponto de vista do local, isso é uma discussão que eu gosto muito,
porque vários autores, tem uma autora Celina Souza, depois você pode até ver, Martha Regis, que
são autores que eles vão está mostrando que o desenvolvimento econômico, por exemplo, a
construção de empresa , da, da, da fábrica Melissa em sobral. O que ele diz pra mim, Fortaleza?
Nada, nada. Agora diz muito pro agricultor lá de sobral que vê ali uma oportunidade de acesso. Não
estou dizendo com isso que a construção da Melissa é acesso, que não é, é globalização, processo
violento, mas to dizendo que o âmbito local que inclui as possibilidades toda de compreensão, seja
segurança política, é liberdade e não liberdade, etc.”.
2- A liberdade política e as liberdades cívicas são imediatamente importantes em si
mesmas e não tem de ser indiretamente justificadas pelos efeitos na economia.
Resposta da Professora Maria Meirice:
“Bom, essa pergunta é pra mim ela é, ele tem já uma diferenciação de significado, que até expliquei
um pouquinho na primeira, porque liberdade cívica elas vão estar referindo os membros é, condições
disciplinares de viver na cidade, então assim, eu posso dirigir um carro, mas eu preciso da carteira né,
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eu posso é andar onde eu bem entender mas eu preciso da carteira de identidade, porque o estado e
a sociedade colocam essas regras de civilização, regras de cidadania, é, entretanto, a liberdade
política. Pressupõe que essas mesmas liberdade civis sejam compreendidas com possibilidade de
novas decisões inclusive, por exemplo, eu preciso dirigir um carro e não tenho carteira mas alguém
me ensinou no meu cotidiano a dirigir um carro. Se me ensinou a dirigir, é..., eu tenho uma
emergência, por exemplo, eu posso não pensar na liberdade cívica e atuar apenas pelo patamar da
liberdade política. Nesse ponto eu estou falando da liberdade do cotidiano aqui na pergunta a política
aparece com p minúsculo porque ela lida com a questão da liberdade do cotidiano, como é que eu
tomo decisão das quais eu tenho consciência, das quais às vezes eu não tenho. Se eu tenho
consciência, eu interligo no movimento da própria é no meu próprio momento dos projetos. Se eu
tenho ou não tenho consciência, eu vou estar mexendo de qualquer maneira na realidade. Agora é
porque elas (as liberdades) são como a pergunta diz: imediatamente importantes. E a pergunta diz
que elas não são justificadas pelo efeito da economia, ora, porque eu existo independente do que
outro ambiente econômico coloca para mim, isso é Max Webber. Max Webber vai lembrando , risos.
Eu existo garantindo a minha própria condição de existência. Então assim pra garantir minha própria
condição de existência eu posso trabalhar ou matar, ganho meu dinheiro honestamente ou roubar.
Agora as discussões de desenvolvimento para liberdade que o Amarthya Sen e outros autores coloca,
vemos por exemplo autores que trabalham a alta gestão. Vou indicar para ti isso. Agora você tem um
autor maravilhoso do seu trabalho, mas assim, você tem uma percepção de que eu tenho liberdade
independente de qualquer coisa, mas se eu recebo os efeitos da economia reduzindo a desigualdade,
eu tenho mais liberdade ainda e aí vou contar minha própria trajetória. Eu me lembro da minha
condição de estudante na graduação em que eu tinha aulas na Universidade Federal do Ceará o dia
inteiro. Como eu não tinha muito dinheiro, eu levava para a faculdade um pãozinho com alguma coisa
dentro do meio pão. Sei nem se você conhece essa né, essa do pão inteiro francês. Eu levava quase
meio pão quando a família podia propiciar isso. Quando não era menos que isso. Mas quando eu
levava meio pão e dentro ovo mexido, eu cortava em três pedaços e eu tinha nos intervalos aquele
pedacinho de pão com ovo, a uma forma de me garantir fazer as minhas aulas com mais qualidade,
ora quem não tem nénhum pedacinho de pão, não vai conseguir chegar até esse patamar. Agora é
claro mesmo (que) eu tenho tido o privilegio de ter um pedaço de pão porque no país desigual é um
privilegio. Eu hoje quando olho pra minha trajetória e vejo tudo que eu tenho, assim, eu não virei
milionária e ninguém vira milionária no capitalismo trabalhando, mas quando eu vejo minha casa, o
meu carro, minha liberdade, por exemplo, de escolher cultura pra assistir, de comprar livro, eu noto
como ter acesso ao material né, o material me ajudou como os efeitos das melhorias econômicas e aí
claro eu estou falando de mim. Mas o país mudou muito, o carro ficou mais acessível, hoje você, hoje
qualquer um compra um carro, quem tiver um salário compra um carro, então ficou mais acessível os
efeitos da economia, me ajudaram mas se os tipos de liberdade política e liberdade cívicas vem de
forma diferente. Eu não seria hoje uma profissional resolvida, seria um ser endividada né, um ser
endividado, então assim é por conta disso que eu concordo plenamente com o comentário da
pergunta que a, embora essa liberdade não seja imediatamente importante quer dizer, elas não
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resolvem tudo. Elas têm elas, elas, não têm de ser é sempre justificadas pela economia. Elas são
imediatamente é, acho assim que o comentário aqui contido no roteiro muito bom esta. Só acho
assim que numa discussão que pensa no desenvolvimento como liberdade, tem que pensar aqui como
o papel do Estado, o Estado que participa mais. O país como o nosso não da pra ser um Estado que
apenas auxiliam empresários e não ajudam na distribuição da renda, por isso que assim o governo do
lula que criou o bolsa família é um governo muito complicado, porque não era esse projeto que a
gente precisava, a gente precisava de liberdade política, liberdade cívica, mas ao mesmo tempo eu
não sei se a gente tem a resposta em termos do que deveria ser feito e relação a negar a economia,
por exemplo assim, como é que você faz reforma agrária, reforma agrária, sem as pessoas do campo
não compreenderem o que é alimentos de qualidade, como é que se faz políticas realmente públicas
como é que fazendeiros escravizando pessoas. Então porque isso acontece, porque nossa sociedade
não entendeu o que realmente é liberdade política”.
3 - As liberdades políticas referem-se às possibilidades que as pessoas tem em
decidir quem deve governar, incluindo a possibilidade de vigiar e criticar as
autoridades.
Resposta da Professora Maria Meirice:
“Bom eu concordo plenamente com isso aqui, inclusive quando fala no plural as liberdades políticas
porque aí a gente tem a liberdade de escolha, a liberdade de percepção de quem é o representante, a
liberdade é de não querer decidir que é uma forma de liberdade também. Agora, agora é preciso
pensar que muitas vezes a discussão de liberdade política está vinculada àquele que deve governar a
sociedade ainda não percebeu, embora tenha avançado desde os anos 80 em termos de participação
de discussão de democracia mas não percebeu ainda que governo não é só dever do
Estado,
governo tem haver com a compreensão da sociedade em relação “A”. E aí a gente vai acabar tendo
uma dificuldade enorme de vigilância dos, dos, desses mesmos governos, porque nossa sociedade, aí
vou usar o pensamento da Maria Vitoria Benevides, que ela vai colocar isso muito claro, que diz assim
“a gente não tem uma cidadania ativa ainda”. O que é essa cidadania ativa? Primeiro a cidadania faz
critica a autoridade, autoridade de, só existe se for legitima, eu só respeito autoridade se ela me dizer
a que veio. Então nós temos uma dificuldade enorme, aí porque assim, vou usar um exemplo bem
banal, quem não tem dente se maravilha em ganhar uma dentadura (ditado popular). É muito fácil
pra gente falar, que aí eu acho essa discussão de desenvolvimento como um assunto de liberdade
maravilhoso porque é muito fácil dizer. A gente dizer que o pobre não sabe votar, mas imagine sem
os dentes e alguém não dando os seus dentes. Toda vivência é baseado no estético e quem não tem
dente não arranja emprego, não conversa, não tem beleza. Essa dificuldade da desigualdade
econômica leva a, a uma distância à critica das autoridades, tanto que a gente viu o mensalão que a
sociedade não participou tanto como deveria. Ora se tem essa dificuldade de perceber o papel das
autoridades, a dificuldade de vigilância é menor ainda embora a gente veja que, assim, a sociedade
avançou muito na discussão da corrupção, avançou demais. Bem, com relação a essa possibilidade de
vigilância é importante notar que assim pra gente ter na sociedade que exiba progresso quer dizer,
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ela deva mostrar que saiu do ponto A para o ponto B, mas que ela saiba porque ela saiu e isso é
progresso, é progresso. eu estou usando um, algumas definições de cientistas políticos,
principalmente, poloneses. Eles vão dizer que, assim, progresso é que a sociedade compreende
porque ela existe, se ela existe, por que que agricultura tem que existir(?), por que é importante pra
mim comer feijão sem agrotóxicos(?) e nessa discussão bestifera, banalíssima que a imprensa colocou
há o tomate que custa dez reais. Não é essa a questão. As questões são outras a serem discutidas:
quem vigia o salário(?), quem paga o salário(?), quem fiscaliza e aí vem dentro dessas discussões as
liberdades políticas. Elas são problemáticas porque assim se a liberdade política garante que eu tenho
cidadania, quer dizer, todos tem o direito de viver com igualdade, eu vou perceber que essa mesma
cidadania, os meus direitos são completamente diferentes dos seus né. Eu enquanto mulher, nessa
faixa etária, você como homem na sua faixa etária. Onde você mora(?), quando a gente puxa a
discussão pro local, como o local é fundamental pra minha experiência, pra minha percepção das
autoridade, pra minha percepção de segurança? Se eu não tenho tudo isso, eu posso criar um
mecanismo que são completamente distantes do papel do Estado e que a gente só vai perceber
quando elas estão cuidando de nós, como por exemplo se eu não tenho o acesso ao econômico e a
liberdade política eu por exemplo, não posso perceber a diferença entre ser doméstica e ser
vendedora de crack. Posso não perceber essa diferença, aliás, eu posso valorizar mais vendes crack
porque inclusive paga muito melhor do que o serviço doméstico, e eu posso demonstrar com isso na
sociedade que ela tem autoridade ou inúteis ou autoridade que é ainda mais dos interesses dos que
estão errado. Então, assim, é muito importante essa discussão da pergunta que realmente é a
liberdade política está compreendendo liberdade política como condição de optar de saber porque
optou, que dão possibilidade de as pessoas de tudo na sociedade. Acho que até o de comer, o que
vão comer na sociedade. Eu sou muito radical nisso”.
4 - O desenvolvimento humano é primeira e primariamente um aliado dos pobres do
que dos ricos abastados.
Resposta da Professora Maria Meirice:
“Essa discussão, ela é muito importante principalmente porque ela é uma discussão e pra surpresa de
muitos é puxada pela América latina. Existe os relatórios do banco mundial que chama relatório de
desenvolvimento humano. Não sei se você olhou algum. O relatório de desenvolvimento humano que
eles é é aparecem está, primeiramente, como um desejo dos - digamos assim - países do primeiro
mundo de justificar suas políticas internacionais de acesso, por exemplo, ao Brasil, porque assim, os
Estados Unidos investiu muito na formação educacional do brasileiro pra ensinar o consumo, consumo
capitalista. Ao ensinar isto, eles não contavam que é digamos assim é as contradições desses mesmos
aprendizados, o povo brasileiro por exemplo é um povo que é, pode em determinada localidade não
falar completamente o português, mas soube recriar a utilização do celular. Nós somos o primeiro
povo que é, que aderiu muito mais ao chip pré-pago do que o chip pôs-pago. É tanto que nós somos
um povo que demos a ideia como consumidores só, os extremamente politizados né, porque, porque
demos as ideias às operadoras e as digamos assim as indústrias tecnológicas elaborar os celulares
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com vários chips, porque nós temos aí o jogo de cintura que muita gente pensa que o brasileiro não
tem, não sabe usar sua liberdade política, mas ele sabe, só que ele usa por baixo dos panos e foi
criando essa capacidade que mudou completamente o mercado dos celulares mas tem outra coisa
que apareceu muito com a experiência da América Latina, com tecnologia, com consumo que foi uma
percepção dos pobres, dos excluídos e dos miseráveis. Aí por exemplo, o relatório do desenvolvimento
humano de 2007, ele gerou conflitos, entre elaboradores e o pessoal do Banco Mundial, porque o
relatório que o Banco Mundial não deseja que apareça a palavra miséria nem a palavra exclusão. Não
quer que apareça, porque isso vai denotar que se algumas nacionalidades estão enriquecendo demais
e outros na miséria, isso podia fazer aparecer. Isso é umas das possibilidades que apareceu e quem
aponta isso é até um autor professor da PUC de São Paulo, Vanderlei, Luiz Eduardo Vanderlei, que ele
escreve um artigo interessante sobre isso. Ele diz que é a nossa, a nossa realidade latina americana.
Ela começa a explicitar que assim que os países como os Estados Unidos podia transformar a América
Latina numa África. Ora como eu dizia, transforma América numa África. Isso fez com que essas
contradições entre a vontade do que fosse nos relatórios, as verdades dos relatórios em si, os dados
que os relatórios têm se tornaram um aliado muito grande das ong´s, de fundações, institutos, todas
as organizações não governamentais ou do terceiro setor fazendo com que se reelaborasse toda
discussão conceitual do que seja desenvolvimento humano. Essa discussão fez aparecer uma série de
conceitos que nós não tínhamos antes quando estudávamos só o marxismo. Na América Latina, o
marxismo, nós tínhamos um rolo compressor da burguesia, uma classe dos alienados sem partidos de
vanguarda, mas quando apareceu os partidos que supostamente seja de vanguarda, o que aconteceu,
é, os debatedores, os analistas, o pessoal do terceiro setor que é o pessoal bastante critico vão estar
discutindo o seguinte: o que é pobreza? O que é violência? O que é vida humana dentro de uma
sociedade capitalista? Assim, e essas discussões, elas vão problematizar o poder das classes mais
abastadas, problematizar, porque assim não é mais tão normal pra alguém pobre que a madame
entre no shopping e só ela possa fazer suas compras. Ele também quer, mas ele percebe que não
pode, porque ele não tem a casa, ele não tem as condições devidas pra ter seus direitos, o demais
resolvidos, né? E aí eu acho assim: essa discussão do desenvolvimento humano é uma discussão
recente, porque a gente vai ter isso na academia a partir dos anos 90 no Brasil. Nos outros países
não, ela é no próprio Brasil. Em termos de movimentos sociais e políticos ela aparece desde os anos
60, mas em termos públicos acadêmicos, e até públicos do ponto de vista político estatal, ela vai
aparecer depois dos anos 90. Acho que é uma discussão pouco conhecido em termos. Assim, o que
seja mesmo conceitualmente, o qeu é humano? O que é desenvolvimento humano? E aí esse pessoal
que discute a questão do desenvolvimento vai notar o seguinte. Não existe apenas o desenvolvimento
econômico, é preciso que tenha, assim, uma construção da liberdade política e ela só existe quando a
percepção do ligar do sujeito. Ela não é só política. Ela é - aí vou dizer como você está usando nas
perguntas, ela é pessoal. Ela também é um ponto de vista pessoal. Eu por exemplo, fulano de tal não
vai deixar de ser um homem violento com a esposa se ele não tem acesso a essa compreensão. O
que é ser homem em toda sua integridade, integralidade, alias, toda sua totalidade, a sua
companheira não discute com ele essa compreensão porque ela também não sabe. A gente tinha
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antes intervenções violentas com relação até o corpo da mulher, não tinha uma ação humanitária
realmente”.
5 - Um país que garante a todos os cuidados com saúde e educação pode
conseguir resultados notáveis em termo de qualidade de vida de toda população.
Resposta da Professora Maria Meirice:
“Depende se esse país estiver lidando por exemplo com conceitos com os quais a gente está
trabalhando aqui na conversa, conceito de desenvolvimento humano, conceito que são mais
democrático, mais igualitários, desenvolvimento humano, desenvolvimento para liberdade, liberdade
política é progresso, é consciência política. Se esse país lida com essa, ele consegue fazer sim claro
como é fazer com que os cuidados com saúde e educação auxiliem na qualidade de vida. Mas é
importante notar que no Brasil - o teu foco é Brasil, né? - é importante notar que, no Brasil, o lidar
com saúde e educação tem alguns, digamos assim, adulterações de sentido não na história do Brasil,
né? Por exemplo, se a gente falar de educação, temos nos anos 50 no Brasil aquela construção de
Juscelino, do Juscelino pós investimento de Getúlio, a industrialização trabalhista. Você tem Juscelino
com a ideia de construir 50 anos em 5, aí vamos fazer indústria, vamos fazer todo desenvolvimento
econômico e a educação foi colocado pra sociedade brasileira e a sociedade brasileira a teve nos
anos 60, 70 e 80. Ela é baseada num acordo chamado, acordo chamado USAID, que era um acordo,
era uma união para o desenvolvimento com os estados unidos, então as cartilhas que vinham para o
Brasil, livros que vinham para o Brasil eram todos voltados a um aprendizado completamente bitolado
na vivência do mundo capitalista. Por exemplo, existia uma cartilha chamada o mundo de Talita, que
era uma menininha loira com cabelos Chanel o próprio protótipo da mulher americana, magra e ela e
todo roteiro dela no livro de matemática era uma rotina baseada em comer maças, peras, é brincar
com bonecos de neve, é assistir filmes tal e tal, os chamados enlatados americanos, assistir filme do
"Supermam", então do Capitão América. Então essa relação que o Estado brasileiro tinha colocado
para sociedade brasileira, ela não tinha nem um pouco uma educação libertadora. Educação é
restritiva no ponto de vista das liberdades políticas que as crianças não aprendiam com digamos assim
o que Paulo freire defendia com suas experiências, elas aprendiam do que precisavam aprender. Aí
que fruto eram essas, da moça, que tinham chegado ao Brasil. Eram caríssimas, caríssimas ,era um
item de luxo hoje a gente como de forma boba, mas na época era um artigo de luxo. Ora o que quer
dizer isso, que educação ela pode sim favorecer nos resultado de qualidade de vida mas é importante
a gente lembrar o que nós
discutimos antes. Não é só o econômico que dá essa qualidade, a
consciência também é importante. Então, assim, educação depende do projeto que essa educação
tem. Tem que ser um projeto libertador. Passa pelo ensinamento das liberdades do grande libertador
do sujeito libertador, saúde. A gente tem também algumas mudanças no sentido do que seja saúde.
Que assim o Estado brasileiro vai investir em mecanismos e políticas públicas em prol da saúde que
não tem nada de publico e também não tem nada de publico e também não são tão saudáveis. Eu me
lembro que nos anos 70, a gente era obrigado a ir ao colégio e ficar numa fila pra tomar vacina
antitetânica. Era um troço assustador que doía demais, que dava é consequências dolorosas, febre,
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dor no corpo, quer dizer e eu sempre, quando comecei a estudar a história do país, eu ficava nos
anos 70 no Brasil. A gente viveu o que só viveu uma revolta da vacina do Osvaldo Cruz, em que as
pessoas que o Estado pregava um mecanismo assustador, a agulha, e enfiava no corpo da gente e a
gente simplesmente tinha que aceitar que aquilo era saúde, aquilo era bem-estar, aquilo daria
qualidade de vida. Ora todo mundo sabe que se você está com uma super virose acompanhada de
uma super gripe, você sabe, né? Analgésicos, antibióticos são importantes mas dá muito melhor bemestar o velho chazinho de alho com limão preparado pela sua mãe ou sua vó. Até já virou um
mecanismo do mercado, mas, ou seja, qualidade de vida tem algumas discussões fundamentadas que
passam pela discussão do humano, pela discussão da experiência do local. Por exemplo, imagine
alguém usar bolsa de água quente da Farmácia Pague Menos em Crateús, que o clima é terrível, em
Teresina, quer dizer, a experiência local traz outra possibilidades nesse sentido e as políticas públicas
tinham que ser mais particularizadas. Aí uma política de saúde com a cara de Fortaleza, uma política
de saúde com a cara de Maranguape, com a cara do Morro carioca do Alemão, essa construção, ela
tornaria esses cuidados muitos mais amplos que eles levariam a compreensão dessa qualidade de vida
no sentido muito mais amplo no que, assim, só pra fechar, qualidade de vida não pode mais querer
dizer que uma sociedade política desenvolva apenas condições do trabalhador e do seu trabalho. É
assim que o estado burguês trata. Qualidade de vida é você está em pé para trabalhar, qualidade de
vida é você, por exemplo, empanturrar seu filho de paracetamol que é um remédio delicadíssimo
neurologicamente, complicadíssimo mas pra que ele pare de ter febre e você vá para o seu trabalho,
o sentimento em relação a isso, tem que ficar dissociados. Então a grande questão aqui é discutir o
que seja qualidade de vida.
Pausa.
Só para complementar, você, como você fez esse comentário do professor Paulo Henrique, que
trabalha com desenvolvimento sustentável, é interessante notar que o grande problema do
desenvolvimento sustentável também não se enfrenta. O que é humano e o que é qualidade de vida?
Uma vez eu vi uma garotinha comentando na televisão assim: por que é que eu não posso tomar
coca-cola se eu acho uma delicia? Então o que quer dizer é que a discussão da qualidade de vida
passa por eu aprender que essa garotinha ou como a mãe dela por fazê-la compreender que não é
chegar e proibir tomar coca cola. O negócio é a gente aprender o que é delicioso. Virou uma cultura
da globalização que era entender que males ela me faz e, se ela faz esses males, eu deva escolher,
eu possa escolher, eu quero esses males ou não quero, porque posso inclusive escolher danar-se a
saúde, mas eu não vivo sem coca cola”.
6 – O desenvolvimento econômico pode não ser a melhor saída, mas o
desenvolvimento social, em particular a educação pode ser a realidade muito eficaz.
Resposta da Professora Maria Meirice:
“Bom essa temática que tu colocas, ela me leva a alguma reflexões. Primeiro é essa diferenciação
entre desenvolvimento econômico e desenvolvimento social. Pra alguns autores, se a gente pegar as
pessoas que avaliavam o Brasil nos anos 60 e 70, o desenvolvimento econômico aparecia como a
81
melhor saída, porque, nos anos 30 a 45, Getúlio tinha o governo Getúlio, colocava o seguinte: o Brasil
era atrasado e o Brasil precisa de um desenvolvimento industrial e esse desenvolvimento é mero
econômico pelo econômico, porque apenas pelo capitalismo. Quando a pergunta coloca assim, pode
não ser a melhor saída. Ela é uma pergunta muito bem construída porque antes a gente pensava que
o desenvolvimento econômico não era saída pra nada ou que o desenvolvimento econômico era saída
pra tudo. Hoje a gente sabe que não é a melhor saída mas também não dá pra viver sem
desenvolvimento econômico. A grande questão é o desenvolvimento social. Aí eu compreendo
desenvolvimento social como o seguinte: mesmo tendo de pensar essa construção pra gente, não
esse conceito, era pra gente poder refletir mais. O social, na minha perspectiva, não é algo que é
pontual. Então ele tem o social do lugar tal, eu tenho social do grupo tal, eu tenho social da
experiência tal. Ele vai ter um significado no desenvolvimento quando ele gera uma interpretação do
desenvolvimento. Então, por exemplo, nós temos desenvolvimento econômico com desenvolvimento
solidário. Só que ela prima por um tipo de consciência coletiva em que o lucro tem mais valia do que
a propriedade. Agora a gente tem tipo de desenvolvimento social que é empregado no capitalismo,
que é desenvolvimento vinculado à eficácia dos sujeitos que assim quando foi desenvolvido
socialmente, quando você seria de uma categoria econômica pra gente. Eu ganhara um salário
mínimo quando era graduado e agora como administrador eu ganho 10. Entao eu atingi o
desenvolvimento social. Ora isso é muito delicado porque num papel da educação, vem o papel da
educação. Esse desenvolvimento que apregoa apenas a evolução de uma categoria econômica pra
outro. Ela não prima por uma educação à base de valores. Se ela for baseada em valores que pode
acontecer, eu posso ter como eu conheço uma pessoa que tem doutorado em antropologia na USP
mas que não da aulas e trabalha nas comunidades. Pasmem, essa pessoa existe trabalha com
comunidade, pegou tudo que tinha e comprou um terreno em determinada comunidade, trabalha com
a comunidade a discussão de identidade de cultura, vive trabalhando com os agricultores e está muito
feliz ,obrigado. Isso quer dizer
que essa pessoa não compreende o que é importante do
desenvolvimento econômico ao acesso ao material. Pelo contrário é que essa pessoa tem uma noção
pra que ela até tal limite tá bom. Uma coisa pra quem? Nós. na formação social. Nós não aprendemos
a ter basta. A gente ouvi aqui, por exemplo, que a educação para o consumo do Estado brasileiro tem
permitido fazer com que hoje tenhamos uma sociedade repleta de endividados. Você acaba sendo
uma pessoa que compra tudo, não raciocina e ela depois não consegui ter convívio social, vida social.
Pausa.
É importante notar que exemplos que eu citei, esse profissional não perdeu dinheiro. Curiosamente
ele, na atualidade, foi chamado a alguns meses pra um país da Europa pra falar da experiência dele e
ele ganhou numa palestra muito mais que eu ganho em 6 meses de trabalho na faculdade. Quer
dizer: é algo que envolve aí percepção, né? Que a gente tava refletindo de que o material não é tudo,
mas eu posso ser um cidadão do mundo capitalista sem ceder a todos as regras que o capitalismo
coloca e posso ser dono do meu próprio projeto. No caso desse profissional antropólogo é seu
projeto. O que é antropólogo é alguém que entende uma comunidade, alguém que dá a essa
82
comunidade a capacidade de se identificar. Está fazendo isso sendo ele mesmo sem perder o seu
profissional”.
7 - Uma coisa é obedecer a lei por obrigação, ou seja, pela necessidade e pela
força, outra é pelo dever, pela vontade. Comente.
Resposta da Professora Maria Meirice:
“É. Vou recorrer pra responder essa pergunta ao primeiro e bom velho Max Webber, não dá pra
resistir porque assim a obediência à lei por obrigação. É uma condição de resistência e do cidadão na
sociedade burguesa. Ele precisa seguir a lei nem que seja só por performance. Eu tenho carteira, está
vencida, mas posso passar pelo guardo e manter aquela carteira. É viver uma vida interessante até o
momento que ele descobre nesse sentido. Eu tenho duas questões me acompanhando a necessidade
de ter a carteira de ser um cidadão e o medo de força do Estado porque o Estado pode me penalizar
diversas formas tomar meu carro, estou usando esse exemplo de ser motorista, (pois),
aparentemente, é um dos direitos civis mais respeitados. As pessoas inclusive sonham em fazer 16
anos e tirar a carteira de motorista e isso já leva a gente pra segunda parte da pergunta que é o
dever e a vontade. Bom aí a gente vai lidar mais uma vez com Webber que dá uma ideia de
legitimidade, que, assim, eu posso tornar essa obrigação legitima porque é bom cumprir dever. Em
verdade, em todos, nós sofremos que aparecemos pra sociedade como seres obediente, aparecemos
como seres do bem, de carne, seres que são normais, não gera patologia na sociedade, mas a
vontade ela é muito mais o motor da liberdade política do que o dever né, só que pra isso eu preciso
reflexibilizar o meu receio da lei, então a gente tem aqui uma pequena discussão em relação ao
desenvolvimento, porque assim como é que eu levo sujeito sociais para desenvolvimento para
liberdade. Ora eles precisam entender que as regras desse desenvolvimento são para a maioria e são
importantes. Se eu obedeço pelo dever e pela vontade, não pela obrigação, é claro que eu vou abrir
mão de alguns momentos de algumas coisas como o caso da economia solidaria nem que eu tenha é,
faço um bolo, todo mundo acha meu bolo belíssimo e eu posso vender por 70 reais. Com esse bolo,
minha colega gastou os mesmos ingredientes e nós discutimos e devemos vender por 50 reais e já
teremos lucro se vendemos pelos 50 reais. Eu abro mão do lucro que é o nível avançadíssimo, mas eu
abro pra igualdade econômica pra mim e pra ela. E no caso dos empréstimos do Amarthya Sen que
ele comenta que o que ele prova é que não são os pobres acusados sempre do atraso do
desenvolvimento que gera os problemas no capitalismo. São os ricos, os pobres pagam suas dividas e,
nos empréstimos solidários, o que acontece não existe inadimplência ou praticamente não existe e,
quando acontece, não é inadimplência, é problema, é barreira pra pagar, é dificuldade mesmo, acho
que é isso por enquanto e só”.
8 - Cada vez mais as pessoas estão se voltando para a aquisição de atitudes de
cidadania, na busca de propiciar maior entendimento e harmonia entre si.
Resposta da Professora Maria Meirice:
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“Olha essa questão é uma questão bastante importante porque é preciso ter um pouco de ousadia pra
o que vou dizer, risos, porque eu acredito (que)cada vez mais pessoas buscam atividade de cidadania.
Eu acredito nisso. Qual o problema pra gente resolver e ter uma vida social mais harmoniosa mas,
com maior entendimento, é o que se compreende por cidadania. Não é que as pessoas não busquem
as atividade de cidadã no sentido que eu tou colocando na entrevista que é, assim, atitude cidadã. A
minha condição cidadã é de ser bem vista na sociedade, de ser alguém que participa sem atrapalhar,
sem interferir, é fazendo a minha parte. O problema aí é compreensão de cidadania porque, por
exemplo, o rapaz que tem o belo carro importado que bota um super equipamento de som, ele acha
que adquiriu a eficácia no capitalismo. Ele ter esse carro então como que ele vai compreender que
quando ele passa por ruas tais, ele não pode ligar o carro dele. Ele não entende isso por uma série de
fatores. Ele não aprendeu a liberdade civil, ele não aprendeu liberdade política e harmonia pra ele é
igual a comodismo, porque pra ele existe uma leitura da realidade que ela não existe o outro, ou seja,
a gente falava anteriormente que, pra democracia ser plena, é preciso que as pessoas se perceba
como sujeito, perceber-se como sujeito é fundamentalmente (para) perceber que o outro tem direito
também. Mas no capitalismo o investimento é pras pessoas se perceberem apenas como pessoas. Se
eu me percebo como pessoa, o que acontece(?), eu preciso comprar roupa, fazer unhas, ter
bijuterias, ter joias, ter um cabelo da moda, eu não preciso me preocupar por exemplo no item que o
cara foi e gerou criticas e problemas para o desenvolvimento econômico. Há 7 meses atrás, os salões
de beleza foram geradores de inflação na cidade. Ora porque se pensar, por exemplo, o corte de
cabelo. Se você, no sistema capitalista contemporâneo, corta de cabelo como uma atitude de higiene,
de respeito, de estar com outros de estéticas, pensa apenas de estética e status, status, então assim
o cabelo do Néymar pode ser horroroso, mas o cabelo do Néymar eu pago no salão. Alguém paga no
salão de beleza, como eu vi recentemente no Shopping Center, 150 reais pra faze aquele corte, então
é uma perda. Uma perda aí do que do maior entendimento da harmonia entre si, ou seja da cidadania
democrática, da cidadania plena que é uma utopia. Uma utopia que se pode ver em diversas
sociedade, mas que nos leva a refletir o que estão compreendendo um viver como cidadãos, o que as
pessoas estão compreendendo como sendo isso. Qual o cuidado que eu quero chamar a atenção
quando falo isso? Cada vez mais pessoas estão se voltando para aquisição de virtudes e porque por
exemplo se a gente perceber as atitudes de solidariedade em enchentes, atitudes de solidariedade é
em relação ao meio ambiente. Agora por exemplo uma discussão fortíssima na mídia em relação ao
que deva ser a punição pra quem maltrata animais. Isso demonstra uma solidariedade. Uma
solidariedade que sempre existiu mas que a sociedade não se preocupava com isso e ela só adquiriu
visibilidade agora. Então é preciso ter cuidado porque assim a gente é muito amado por um
pessimismo onde na verdade a gente não precisa virar polainas. em que acredito em tudo de forma
otimistas, mas perceber quem são sujeitos e a gente tem sujeito para o bem e para o mal no ponto
de vista da construção da cidadania”.
9 - As transformações sócias advindas da era tecnológicas ativaram oportunidades,
mas também instabilidade e incertezas.
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Resposta da Professora Maria Meirice:
“Bom, uma das grande comprovações disso são os conceitos que hoje são importantes para discutir o
desenvolvimento, que são os conceitos da pobreza das minorias, violência e desenvolvimento
sustentável. Eu estou colocando desenvolvimento sustentável por minha conta porque, é por minha
conta entre aspas, que é claro que você já sabe que os vários estudiosos da minha área já discutem
essa questão como aspectos fundamental para qualidade de vida, pra reelaboração da cidadania. Tem
inclusive Anthony Guindes, autor que diz o seguinte: de que para além da modernidade existe
dimensões muito importantes para a humanidade: a solidariedade, a ecologia. o meio ambiente, a
poluição, a corrupção que são termos que a gente vai ver. Eles são termos que são muitos graves,
mas não são termos da totalidade da sociedade. São fortes em alguns grupos que prejudicam a
sociedade, porque a sociedade não percebe isso porque a era tecnológica retira uma capacidade
fundamental que o ser humano tinha antes e no início do capitalismo que era a técnica. Técnica era
completamente diferente da tecnologia. Na técnica acontece o seguinte: pra eu tirar leite da vaca, eu
preciso ter o domínio da técnica, a técnica ela é aprendida por repetição na cultura na passagem das
experiência. Eu só sei tirar leite do gado se eu sei o que é uma vaca e um boi. Deu pra perceber que
essa discussão é grave, fundamental porque assim no final da idade media do capitalismo nos
tínhamos o sujeito que sabia o que era o boi e sabia o que era uma vaca. Hoje na era tecnológica
não temos mais a facilidade e tem pessoas na sociedade, principalmente, os jovens que nunca viram
alguém tirar leite numa vaca, que nunca viram uma vaca inteira, só se tiver visto na figura e ele tem o
tecnológico. De onde vem o tecnológico? De onde vem o leite? O leite vem da marca tal, da
embalagem tal, da caixinha tetra Peck. Então eu passo até estar tomando leite como a gente já viu
em algumas reportagem que o leite vinha misturado com cal, com formou, com substancias
perigosíssimas, mas as pessoas não sabe diferenciar do leite para uma substância branca que é
quando numa segunda. Então assim, o grande, a gravidade da era tecnológica é que ela tem da sua
capacidade criativa, tem uma arrogância do domínio da natureza. Isso é muito arrogante porque o
homem acha que pode ter que dominar a natureza e isso não é verdade. A relação homem/natureza
ela é igualitária. Se ela não é equilitária, quem vence é a natureza. Basta ver os tornados, os
tsunamis, as tempestades, elas geraram daí a solidão, perda da criatividade, perda do domínio da
técnica. É perda da própria capacidade de reformular a solidariedade. que gente não tem hoje. A
gente perdeu. A gente tem hoje dificuldade de ter pessoas que nos ouçam. Você entra no elevador,
dá bom dia, boa tarde, boa noite, com licença, obrigado e você pode ser percebido como um ser
doentio. O que ele tem? Por que ele fala assim? Tó nem ai pra ele. Eu tó aqui no meu ipad. Eu tó aqui
no meu celular. Eu tó aqui e ele? Então, assim, a tecnologia trouxe uma enorme escravização do
homem pelo consumo, mas também a uma dependência enorme dos próprios itens tecnológicos.
Então nós hoje não só nos preocupamos não na totalidade mas o numero de pessoas não se
preocupam qual é o tomate que eu como, quanto de agrotóxicos tem, onde ele foi plantado, onde lê
foi produzido, mas se preocupa. Assim eu encontro na verdade o extrato de tomate mais temperado
pra fazer a pizza logo, joga logo em cima. Ou então outra coisa, o site de internet que me entregue a
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pizza o mais rápido que eu preciso comer a pizza rápido pra reagir a esse estimulo do facebook. Então
o que acontece, nas transformação social, é uma perda do lugar das coisas. Assim há um receio de
alguns autores de achar que a tecnologia tiram o papel histórico do homem. Não tiram, mais reduziu
o homem a um elemento menor. Então, vou puxar um pouco essa discussão para desenvolvimento
como Liberdade só pra lembrar o seguinte: quando você se preocupa com seu celular ser de ultima
geração e ao invés de, ou por exemplo, você ter um ipad e um netbook, resolve tuas condições. Você
perde completamente o foco da tua liberdade, porque tua liberdade esta vinculada ao item
tecnológico sem contar que a existência de item tecnológico é extremamente descartáveis. Faz com
que hoje áreas imensas do mundo seja usado pra eliminação desses itens usado pra criação de
(interrupção) sem contar que assim que essas áreas ocupadas para produção tecnológicas estão
visando áreas que encostaram os seres humanos e áreas de lixo industrial que ninguém sabe. É tanto
lixo industrial tecnológico que ninguém sabe o que vão fazer. Nós não sabemos o caminho das
baterias dos celulares, não sabemos o caminho dos nossos netbooks e tablets e são produtos hoje
que você usa 6 meses e não serve mais, etc...”.
10 - O envolvimento das pessoas no produto final do seu trabalho implica, ainda, em
revisão de paradigmas (valores e crenças), gerando mudanças de comportamentos
incentivando o papel de cidadão do funcionário.
Resposta da Professora Maria Meirice:
“É se a gente lembrar lá da idade média e das corporações de oficio, o que fortalecia os
agrupamentos sociais eram justamente a capacidade de saber que seu trabalho era importante. Por
exemplo, o sapateiro discutia com o da outra corporação de sapateiros que ele sabia tingir o couro.
Então o que era importante ali, não era o tingimento do couro, mas era importante os dois traçarem
uma ideia e perceberem o nível de crescimento de liberdade de criação e a relação que seu produto
tinha com ele na verdade e, na verdade nessa época ele era, o produto era algo para facilitar a vida
social.
Pausa.
Bom, é o bem. O produto era algo para facilitar a vivência social para facilitar o enfrentamento da
realidade social. Calçar um sapato pra proteger os pés. Essa realidade mudou totalmente no mundo
capitalista. Eu vou passar a usar um sapato pra dizer quem eu sou e que lugares eu frequento. Essa
condição no primeiro momento vai dizer que a burguesia queria ludibriar alguns autores. Marx vai
dizer isso. Construir civilização porque eu passo a trabalhador e passo a ser burguês pra comprar
aquele sapato. Eu posso desejar aquele terno, mas a recente crise que o capitalismo enfrentou em
diversos países ao longo, autores como Chico de Oliveira escreve como crise estrutural que o
capitalismo enfrentou e houve essa mudança de paradigmas. O que é essa mudança de paradigmas?
É uma reconstrução da forma de pensar uma serie de definições entre, por exemplo, ser rico antes. A
gente pensar até os anos 80, basta pensar nas casas de praia do Ceará. Ser rico antes nos anos 80 é
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ter uma mansão na praia. Ser rico atualmente é nem consumir as coisas do Brasil porque não são
mais encantadoras. E essa mudança também vai atravessar o pensamento das classes populares
porque a gente tem uma mudança com o capitalismo. Uma série mudanças na América Latina aos
poderes políticos. Essas lideranças vão achar algumas possibilidades de acesso a essas categorias
sociais e essa possibilidade de acesso mudou o comportamento porque alguém hoje que é
funcionário. Vamos pensar no funcionário publico que ganha dois salários mínimos. Ele quer ter o
celular e ele quer ter esse celular com internet porque ele não pode deixar mais que essa diferença
seja tão conflitante. Então o consumo fica assim dessa via, uma revisão das crenças, as pessoas
passam acreditar que são melhor identificadas com celular e não tão enganados. É verdade mas elas
perdem valores importantíssimo como, por exemplo, era muito importante antigamente você ser
quem pagava suas contas em dias. Hoje em dia é só um detalhe.
Pausa
Bom é claro as propostas de mudanças na perspectiva de desenvolvimento passam necessariamente
pelo valores e crenças que assim eu não posso um empresário visando o lucro. Eu preciso mexer com
responsabilidade social. Essa é uma necessidade política mas também como necessidade de não ter
conflitos. Outra revisão dos valores e crenças que acaba tendo um Amarthya Sen que discute a
liberdade dessa maneira, liberdade como desenvolvimento. um Joaquim Segundo Néto que é aqui do
conjunto palmeira que teve a ideia do Banco Palmas que é hoje respeitadíssimo, mas você tem
também é nova revisão de paradigmas. A ideia de comprar sacolinhas às vezes, de poder de retorno
medíocre que ela vai rasgar na segunda viagem mas você começa a se sentir alguém que eu estou
carregando em sacolas. Eu passo, eu não tenho minha sacolinha retornável pra mostrar que eu a
tenho. Eu frequento determinado supermercado. Tem gente que compra sacolas no Pão de Açúcar
pra frequentar o Gbarbosa. Mas, assim, pra eu chegar em casa, eu ter que levar ao trabalho eu levo a
do pão de açúcar, como um completo absurdo, porque aqui esta uma ruptura que essa pergunta
coloca, que é importante, que assim o capitalismo ele é construir processo de alienação e fez com que
o trabalho virasse a ferramenta. A ferramenta de construção do produto e geração da própria
lucratividade. Vi em tempos modernos com Charles Chaplin que ele nós explica isso bem direitinho, e
mais, ele cria também uma contradição dentro dele mesmo porque a medida que ele alienou os
trabalhadores a ponto de não perceberem a importância de trabalho, eles também não se
comprometeram com que é o lucro, mas temos uma leva de trabalhadores que se preocupam muito
mais em, por exemplo, já que também têm um estágio protecionismo do desenvolvimento. Nós
também temos uma leva de trabalhadores que se preocupam muito mais em si garantir no seguro
desemprego por 3 meses do que garantir a estabilidade do emprego. Então essas mudanças são
coisas que a gente pode até aponta depois com mais cuidado. Obrigada”.
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FaC CURSO DE ADMINISTRAÇÃO FAGNER ARRUDA DOS SANTOS