Arte&Agenda
CORREIO DO POVO
DOMINGO, 28 de setembro de 2008 | 3
Raimundo Fagner: ao vivo e em casa
cantor e compositor Raimundo Fagner, que
este ano completa 35 anos de carreira, viveu um momento único em sua trajetória
há mais de oito anos e que agora compartilha com
fãs e admiradores de sua música. Em 28 de janeiro de 2000, no Centro Cultural Dragão do Mar de
Arte e Cultura, um dos pontos mais tradicionais
de Fortaleza, Fagner cantou para mais de 40 mil
pessoas. O áudio deste show foi registrado no álbum “Raimundo Fagner ao Vivo”, lançado naquele mesmo ano em forma de CD duplo.
Agora, as imagens daquela saudosa noite foram reunidas no DVD de mesmo nome e que ganha lançamento pela Sony BMG. À época, não era
intenção do músico a produção do vídeo. “É a
oportunidade de mostrar o show que as pessoas
somente escutavam”, diz o compositor. Em recen-
te entrevista, Fagner lembrou com entusiasmo
daquele momento, quando estava acompanhado
por um verdadeiro dream team, com nomes como
Jota Moraes nos teclados; Manassés na viola de
12 cordas e no cavaquinho; João Lyra ao violão; e
Spok, no sax e flauta, que hoje comanda sua própria orquestra de frevo. No palco, Fagner desfila
praticamente todos os seus grandes sucessos, a
começar pela emblemática “Canteiros”, que fez
parte de seu primeiro disco, “Manera Fru Fru,
Manera”, de 1973. A música enfrentava uma
questão judicial por utilização de versos de Cecília
Meirelles, questão que foi resolvida em 1999 e por
isso pôde ser regravada. O show segue com duas
pérolas: “Asa Partida”, parceria com Abel Silva e
em que provoca a platéia a cantar junto, e “Sinal
Fechado”, um clássico de Paulinho da Viola.
Aliás, o “cantar junFOTOS FREDERICO MENDES / DIVULGAÇÃO / C P MEMÓRIA
to” se apresenta como
uma marca deste registro. É assim em
“Jura Secreta”, “Revelação” e “Noturno”,
que foi tema da novela
“Coração Alado”, de
1980. Do também
nordestino Zé Ramalho, Fagner canta
“Eternas Ondas”, que
chega com um arranjo
bem mais moderno.
Completando a lista
de hits, estão “Guerreiro Menino”, canção
de Gonzaguinha, e a
indefectível “Borbulhas de Amor”, de Juan Luis Guerra. Fagner, em casa, e ao viCantor lança em DVD registro de show feito há mais de oito anos em Fortaleza vo, foi pura emoção.
O
Marietti Fialho mostra novo CD Volta clássico de Toninho Horta
Entre as inúmeras atrações musicais da próxima semana, está o show de
lançamento do CD “Eu Vou à Luta”, com o mais recente trabalho da cantora Marietti Fialho. O espetáculo vai ser realizado no próximo dia 1O de outubro, 22h, no Opinião (José do Patrocínio, 834). Um dos destaques da atual
safra de cantoras negras da música popular brasileira, com o novo CD apresenta ao público seu primeiro trabalho solo em 18 anos de carreira. “Este
trabalho é minha vida, foi o que eu ouvi da minha infância até hoje”, diz a
intérprete. Selecionado para o Fumproarte, “Eu Vou à Luta” foi gravado no
Estúdio Transcendental, em Porto
Alegre, com arranjos e produção musical de Chico Ferretti (teclado), James
Liberato (guitarra), César Audi (bateria) e Álvaro Luthi (baixo. O álbum
traz também várias participações especiais, como as de Amauri Iablanovski, Sérgio Diaz e Anjinho do Trompete.
O show no Opinião na quarta-feira
contará com a presença ainda de Fernando do Ó, Carla Pires, Mário Terra e
Lisa Banthu além de Manoel Soares
na apresentação.
“Terra dos Pássaros”, um dos
mais cultuados álbuns do violonista e
guitarrista mineiro Toninho Horta, está sendo relançado pela Dubas Música. Iniciado em 1976, mas concluído
somente em 1979, “Terra...” nasceu
de uma oportunidade, daquelas que
não se perde de maneira alguma. Em
76, Milton Nascimento finalizava um
disco em um estúdio de Los Angeles.
Terminado o trabalho, ofereceu a Horta fitas e horas de estúdio que haviam
sobrado. O instrumentista, empunhando sua Gibson Birdland, então
chamou Ronaldo Bastos para a produção. O disco foi finalizado com gravações em São Paulo e no Rio de Janeiro, inclusive com a Orquestra Sinfônica
de Campinas e com simulações sonoras do uruguaio Hugo Fattoruso, originando a tal Orquestra Fantasma. Referência para muitas gerações, o disco
traz composições como “Diana”, “Céu de Brasília” (feita com Fernando
Brant), “Viver de Amor”, “Beijo Partido” e “Dona Olímpia”. O disco ainda contou com as participações de Airto Moreira, Raul de Souza, Wagner Tiso, Nivaldo Ornelas e de Milton Nascimento.
Uma festa
japonesa
Uma grande festa em comemoração aos 100 anos
da imigração japonesa no
Brasil será promovida, neste domingo, das 9h às 20h,
no Centro de Eventos Casa
do Gaúcho (Otávio Francisco Caruso da Rocha, 301),
dentro do Parque Harmonia. Estão previstas exibições de artes marciais, taiko (tambor japonês), músicas e danças típicas, exposição de artesanato, culinária e desfile de quimonos.
Pela manhã terá demonstração de como fazer sushi
e, ao meio-dia, terá a cerimônia do chá.
CDs
Confira os lançamentos internacionais de Ziggy Marley,
Myrian Alter, Scars on Broadway, Gogol Bordello, Ashlee
Simpson e de Black Francis, líder do Pixies.
■ REGGAE — Literalmente “o filho do homem”, Ziggy
Marley lançou, no ano passado, o seu segundo disco, “Love Is My Religion”, que agora ganha a sua versão, ao vivo,
com distribuição no Brasil pela Deckdisc. Gravado em Los
Angeles em dezembro do ano passado, o trabalho traz oito composições do disco de origem e também sucessos como “Tomorrow People” e “Dragonfly”. Nascido David Marley, mas adotando o codinome em homenagem a David
Bowie (que criou o personagem Ziggy Stardust), Ziggy começou muito cedo na música. Fez a sua estréia em disco
com o pai quando tinha somente 10 anos de idade. Com
três de seus dez irmãos, formou, aos 17 anos, a banda The
Melody Makers. Na versão em DVD não falta um tributo a
Bob Marley, com hits como “Concrete Jungle”, “Rastman
Vibration”, “Is This Love” e “No More Trouble”.
■ BELGA — O trabalho da compositora belga Myrian Alter pode ser agora conhecido no Brasil com o lançamento,
pela gravadora Biscoito Fino, de “Where Is There”. Com
formação jazzística, Myrian formou, ao longo dos anos,
vários grupos, mas seu momento atual, combinando sambas e música de câmara, pedia a presença de um músico
brasileiro. Foi aí que conheceu o violoncelista Jacques Mo-
relembaum. Acompanhada também por Pierre Vaiana
(sax soprano), Greg Cohen (baixo), John Ruocco (clarinete), Salvatore Bonafede (piano) e Joey Baron (bateria),
Myrain interpreta oito composições suas, com destaque
para grandes improvisos ao piano, como em “September”,
“Catch Me There” e “Come With Me”.
■ MUSA — Há muito que o pop americano procura uma
nova rainha. Candidatas não faltam e uma delas vem causando alvoroço: Ashlee Simpson. “Bittersweet World” é
seu novo disco, o terceiro da carreira, e que está saindo no
Brasil pela Universal Music. Com produção do darling Timbaland, que já trabalhou com Justin Timberlake e com
Nelly Furtado. Como a diva Madonna fez em “Hardy Can-
dy”, Ashlee assume a estética sonora dos anos 80 e o disco
já tem um hit: “Little Miss Obsessive”. Em recente entrevista à revista Billboard, a cantora de 24 anos falou sobre o
álbum. “Eu queria ter tido os meus 20 anos nessa década”,
contou, se referindo aos anos 80. Destaque no disco para
as faixas “Outta My Head” e “Rulebreaker”.
■ CIGANOS — Praticamente desconhecidos do grande
público no Brasil, o Gogol Bordello será uma das boas atrações da próxima edição do TIM Festival, na segunda quinzena de outubro no Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória. Até
lá, vale a pena conferir o lançamento do quarto álbum do
grupo, “Super Taranta!”, que está saindo pela Deckdisc. O
Gogol Bordello se formou no final da década de 1990 e faz
uma mistura única de punk com elementos ciganos, tudo com muita crítica social
e boa dose de ironia. Liderado pelo vocalista ucraniano Eugene Hutz, uma figura
ímpar que tem passado temporadas no
Rio de Janeiro, onde participa de festas
que viraram moda na cidade, o grupo é
multi-étnico, composto por músicos de
Rússia, China, Estados Unidos, Israel e
Etiópia. O videoclipe da faixa “Wonderlust King” já roda na programação da
MTV, mas vale destacar outras faixas do
trabalho, como “Forces of Victory”, “American Wedding”,
“Dub the Frequencies of Love” e “Tribal Connection”.
■ AZUL — “Bluefinger” é o novo disco de Black Francis,
ex-líder da saudosa banda Pixies, e está saindo no Brasil
pela Deckdisc. Produzido por Mark Lemhouse, o álbum
traz canções pesadas como “Captain Pasty”, “Threesold
Apprehension” e “Your Mouth into Mine”); incursões pelo
blues, como em “Test Pilot Blues” e na faixa-título; e também pela folk music, em “Angels Come to Comfort You”. O
álbum marca a volta de Francis às suas raízes, inclusive
com a mudança de nome (de Frank Black para Francis
Black). No disco, Francis está acompanhado por Violet
Clark (vocais), Mark Lemhouse (percussões e vocais), Dan
Schmid (baixo) e Jason Carter (bateria).
■ PROJETO — Scars On Broadway é o projeto do guitarrista do System of a Down, Daron Malakian, e do baterista
John Dolmayan e está lançando seu primeiro disco, que leva o nome da banda, ainda completada pelo guitarrista
Franky Perez, pelo baixista Dominic Cifarelli e pelo tecladista Danny Shamoun. O disco traz 15 faixas com influências de nomes como Kinks, Neil Young e de outros compositores dos anos 70, mas tudo com muito peso nas guitarras. Entre as faixas de destaque estão “Serious”, “Funny”,
“Exploding/Reloading”, “Insane”, “World Long Gone” e
“Kill Each Other/Live Forever”.
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Raimundo Fagner: ao vivo e em casa