PROFESSOR: ALAN LEAL 1S1/1S2/1S3/1S4/1S5 FILOSOFIA 1ºU.L Introdução a Sociologia A sociologia surge no século XIX como decorrência da necessidade dos homens de compreender os inúmeros problemas sociais que estavam aparecendo, em proporções nunca vistas, em razão da industrialização iniciada no século XVIII. Problemas da sociologia: urbanização, desigualdades, violência, epidemias. O positivismo de Augusto Comte foi o primeiro a definir precisamente o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação e a definir a especificidade do estudo cientifico da sociedade. Conseguiu distingui-lo de outras áreas do conhecimento, instituindo um espaço próprio à ciência da sociedade. Logo a sociologia estuda a dimensão social da conduta humana, as relações sociais que a ela associadas. Para o sociólogo e para todos aqueles que pensam sociologicamente, o comportamento humano é ordenado, padronizado e estruturado socialmente e, assim, passível de um estudo sistemático. A sociologia estuda os fatos sociais: econômico, jurídico, político, cultural, educacional, religioso e comunicacional. O INDIVIDUO E AS INTERAÇÕES SOCIAIS O ser humano como ser social Podemos definir interação social como ação recíproca de idéias, atos ou sentimentos entre pessoas e grupos. A interação implica modificação do comportamento das pessoas ou grupos que dela participam. As interações sociais formam a base de toda organização social. O individuo O individuo surge, necessariamente, de um grupo social. Este é produto de um sistema complexo de interação e suas escolhas, e se define pelas normas, costumes e valores. Identidade Identidade é uma construção interna e intransferível, podemos dizer que é o elo que permite que cada um se reconheça e se diferencie dos demais. A “identidade social” é a identificação com um grupo particular e a diferenciação com outros grupos. Identidades sociais são importantes para o indivíduo na definição de planos de ação, na aquisição de um critério para avaliar seu próprio desempenho, além de dar algum significado à vida. Fato social: o objeto de estudo da Sociologia de Durkheim Ao observar a situação vivida pela Sociologia em seu momento inicial, Durkheim constatou o que para ele era um gravíssimo problema: a falta de um objeto de estudo e de um método que orientasse as pesquisas sociais. Sua ideia era de que somente com essa definição seria possível aplacar as contradições existentes entre as distintas vertentes do pensamento sociológico. Para ele, dizer que a Sociologia deveria se ocupar do estudo dos fenômenos ocorridos na sociedade era algo amplo e vago demais. Se assim o fosse, pensava ele, não haveria acontecimento humano que não pudesse ser chamado de social, incluindo aí os atos de beber, comer, pensar etc. Desse modo, que diferença a Sociologia teria de ciências como a Biologia e a Psicologia? Onde entraria a necessidade de sua existência? Durkheim responde a essas questões postulando que existe em toda sociedade um grupo de fenômenos que não são nem psicológicos, nem biológicos, mas que apresentam características próprias. Esses fenômenos seriam os fatos sociais, objeto de estudo específico da Sociologia. É fato social todo fato que é geral, que se repete na maioria dos indivíduos. Durkheim aconselhava o cientista a estudar os “fatos sociais” como “coisas”, fenômenos que lhe são exteriores e podem ser observados e medidos de forma objetiva. Pode-se definir fato social enquanto maneiras de agir, pensar e sentir que apresentam três características peculiares: são gerais na sociedade, são exteriores aos indivíduos e são dotados de poder de coerção. Vejamos o que cada característica dessa representa: 1) Generalidade: os fatos sociais não são ações individuais, mas se apresentam de maneira generalizada na sociedade. Ou seja, não é a manifestação de um indivíduo, mas da coletividade.Estes fatos envolvem muitos indivíduos e grupos ao longo do tempo, repetem-se e difundem-se. 2) Exterioridade: eles não nascem com os indivíduos, como os fatores biológicos. Na verdade, eles já existem antes mesmo do nosso nascimento e são aprendidos durante a nossa existência. Em muitos casos, essa aprendizagem e adesão aos fatos sociais ocorrem independentemente de nossa vontade. Sendo assim, fazem parte da consciência coletiva de uma sociedade, e não de nossa consciência individual. Estão para além dos indivíduos particulares. Ao nascermos já encontramos regras sociais, costumes e leis que somos coagidos a aceitar por meio de mecanismos de coerção social, como a educação. Não nos é dada a possibilidade de opinar ou escolher, sendo, assim independentes de nós, de nossos desejos e vontades. Por isso os fatos sociais são ao mesmo tempo “coercitivos” e dotados de existência exterior às consciências individuais. 3) Coercitividade: como não nasce com o indivíduo e não faz parte de sua consciência individual, o fato social só pode se estabelecer através da coerção. Ele é imposto a nós de tal modo que nos conformamos com as regras existentes em nossa sociedade como se elas fossem naturais e existissem desde sempre. Na maioria dos casos, enxergamos os fatos sociais enquanto eventos naturais, mas na verdade eles são criações da sociedade impostas às consciências individuais. Quando resolvemos ir contra um fato social, é certo que seremos punidos. A adoção de um idioma, a organização familiar e o sentimento de pertencer a uma nação são manifestações do comportamento humano dotadas dessa força impositiva sobre o indivíduo. A força coercitiva dos fatos sociais se manifesta pelas “sanções legais” ou “espontâneas” a que o indivíduo está sujeito quando tenta rebelar-se contra ela. Legais são as sanções prescritas pela sociedade, sob a forma de leis, nas quais se define a infração e se estabelece a penalidade correspondente. “Espontâneas” são as que afloram como resposta a uma conduta considerada inadequada por um determinado grupo ou por uma sociedade. Multas de trânsito, por exemplo, fazem parte das coerções legais, pois estão previstas e regulamentadas pela legislação que regula o tráfego de veículos e pessoas pelas vias públicas. Já os olhares de reprovação de que somos alvo quando comparecemos a um local com a roupa inadequada constituem sanções espontâneas. Embora não codificadas em lei, esses olhares têm o poder de conduzir o infrator para o comportamento esperado. O comportamento desviante num grupo social pode não ter penalidade prevista por lei, mas o infrator pode ser espontaneamente punido pelo grupo na medida em que sua ação fere determinados valores e princípios. A reação negativa da sociedade a certa atitude ou comportamento é, muitas vezes, mais intimidadora do que a lei. Dadas essas características, você deve ter conseguido identificar pelo menos um fato social com o qual você convive todos os dias, certo? Comer à mesa com talheres e vestir-se com roupas da moda são claros exemplos de fatos sociais que marcam grande parte da sociedade urbana de nosso país. Vejamos cada um desses exemplos de maneira mais detalhada e de acordo com as características definidas por Durkheim. Quando somos convidados para almoçar na casa de um amigo, ou até mesmo ao sentarmos à mesa de nossa própria casa, temos o costume de utilizarmos talheres, como o garfo e a faca. Mas sabemos que isso nos foi ensinado, não nascemos sabendo segurar esses utensílios. Observe um bebê e veja que a tendência que ele tem é de colocar a mão no prato, levando-a diretamente à boca. Com o passar do tempo e com o desenvolvimento motor da criança, os pais vão ensinando como segurar a colher, depois o garfo e a faca e se orgulham quando ela consegue comer utilizando esses utensílios. Assim, aprendemos algo que vamos levar para o resto de nossas vidas. Mas agora imagine que a criança, mesmo com suas funções motoras já desenvolvidas, insista em se alimentar utilizando apenas as mãos. Sem dúvida constantemente seus pais irão lhe repreender. Imagine também você almoçando na casa daquele seu amigo e levando a mão diretamente ao prato. Ainda que você possa não ser criticado naquela hora, certamente será olhado de maneira estranha e com reprovação, certo? Fica claro, então, que temos aqui um exemplo de fato social, pois, usar talheres é geral em nossa sociedade urbana, é algo aprendido por nós, ou seja, nos é exterior, e nos é imposto de maneira coercitiva. Ainda que tenhamos esse fato por natural, se ousarmos ir contra ele seremos punidos. No exemplo dado, essa punição não está ligada a sanções penais, mas a olhares de estranhamento, de reprovação e crítica, o que pode resultar em nunca mais ser convidado para almoçar naquela casa. Assim, segundo Durkheim, essa coerção não precisa ser necessariamente legal, resultando em prisão ou pagamento de multa. Ela pode também ser sentida no isolamento social, na chacota, na crítica e na reprovação do grupo. Posição, papel social e status Um indivíduo, por meio do processo de socialização, vai ocupar, ao longo de sua vida, várias posições na hierarquia social. Definimos “status” como sendo a posição que um indivíduo ocupa na sociedade. Ponto de vista científico, todas as pessoas ocupam um determindado lugar na hierarquia social, por sua livre escolha ou não; portanto, todas apresentam um status, quer seja o coletor de lixo, o estudante ou o banqueiro. Um indíviduo qualquer ocupa vários status ao mesmo tempo e ao longo da sua vida.O indíviduo, ao ocupar um certo status, recebe uma determinada pressão social sobre seu comportamento, sendo obrigado a agir de acordo com a expectativa social criada pela posição que desfruta naquele momento. Status atribuído O indivíduo o possui independentemente de sua vontade. Exemplos: sexo, idade, filho, irmão, etnia, raça, nacionalidade, parentesco, etc. Status adquirido O indivíduo o adquire ao longo da sua vida, por esforço, escolha, capacidade ou habilidade. Exemplos: pai, mãe, médico, goleiro, juiz, advogado, cantor, escritor, etc. 1- Conjunto de direitos, obrigações, expectativas que acompanham o status. 2- Comportamento socialmente esperado de um indivíduo que ocupa certo status. PAPEL SOCIAL O papel social corresponde ao conjunto de direitos, obrigações, expectativas que acompanham o status. Podemos compreender que é um comportamento socialmente esperado de um indivíduo que ocupa certo status. Os papeis sociais surgem sempre das interações recíprocas entre agentes: o indivíduo é filho de alguém e este alguém é seu pai; o professor é em relação ao seu aluno. Estas interações são compostas por regras normas e enredos. Cenário: Compreende todos os elementos que compõe a situação de interação – o lugar, os objetos, a mobília, o horário, a comunicação visual que orientam aqueles que estão em interação. Fachada: São os elementos que o indivíduo utiliza para, consciente ou inconsciente, compor, dar forma e auxiliar sua representação.