Emile Durkheim
(1858-1917)
Quais as contribuições de Durkheim para a
Sociologia?
1. Da divisão do trabalho social (1893)
2. Regras do método sociológico (1895)
3. Suicídio: estudo sociologico (1897)
4. As formas elementares da vida religiosa
(1912)
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As contribuições de Durkheim
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The division of labour in society
(1893)
Tese de doutorado de E. Durkheim
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As sociedades de Durkheim
Sociedade simples são homogêneas, coesas e
possuem um sentimento no qual a coletividade
prevalece sobre a individualidade. Rituais e
práticas comuns garantem que haja
solidariedade mecânica entre os mebros da
sociedade. Violação de normas de conduta são
punidas com violência em nome da sociedade
como um todo. Baixa densidade demográfica,
práticas simples de produção auxiliadas por
tecnologias primitivas.
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A solidariedade mecânica prevalece
quando...
• “crenças e sentimentos comuns a todos os
membros do grupo” … “excedem em número e
intensidade aqueles que pertencem
individualmente a cada um dos seus membros”
(258). Em outras palavras, a solidariedade
mecânica existe quando as diferenças individuais
são minimizadas e os membros da sociedade se
assemelham na sua devoção ao bem (riqueza)
comum. A consciência individual depende da
consciência coletiva ou comum.
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Solidariedade mecânica
“A solidariedade mecânica, assentada em
similitudes sociais, em um conjunto de
crenças, valores e sentimentos partilhados por
todos os membros da sociedade, une
diretamente o indivíduo com a sociedade. A
estabilidade da vida social, o consenso que a
mantêm coesa, advém, portanto, da existência
de regras de conduta determinadas por
estados de consciência coletivos que perfazem
a integração social.” (Musse 2007: 37)
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Quando as sociedades simples se
tornam complexas?
Diante do crescimento demográfico, tais
sociedades ou se tornam desorganizadas, ou
espontaneamente iniciam um processo de
mudança chefiado pela divisão do trabalho.
Essa divisão do trabalho, por sua vez, origina
sociedades com características muito distintas
da sociedade anterior.
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As sociedades de Durkheim
A divisão do trabalho, para Durkheim, caracteriza, e de
certa forma causa o surgimento de sociedades
modernas, complexas. Estas são caracterizadas por
populações numerosas e densas, nas quais a
diferenciação de habilidades e tenologias é mais
evidente. A busca de interesses individuais privados é
reconhecida, protegida e regulada. A sanção a violação
de normas é restitutiva ao invés de punitiva. A relação
de dependência entre os membros constituintes da
sociedade para a provisão de serviços e bens garante a
existência de um certo equilíbrio e estabilidade social
fundamentada na solidariedade orgânica. (analogia
aos órgãos do corpo humano)
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A solidaridade orgânica ...
É o resultado da divisão do trabalho e uma consequência
necessária do crescimento do volume e densidade da
sociedade. O quanto mais marcada a individualização
das partes – quanto mais o trabalho é dividido – maior
é a propensão de existência da solidariedade orgânica.
“A estrutura das sociedades onde prevalece a
solidariedade orgânica é…[constituída] por um sistema
de diferentes órgãos, cada qual com um papel especial,
e também constituídos por partes diferenciadas” (67).
Sob solidariedade orgânica, os elementos individuais
não possuem muito em comum, mas ao mesmo tempo
são mais interdependentes do que na solidariedade
mecânica.
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The rules of sociological method
(1895)
Tese de doutorado de E. Durkheim
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Objetivo
Fundamentar a sociologia como ciência a partir
de dois argumentos principais fundamentados
em evidências empíricas:
1. Definir o objeto de estudo da sociologia
(fatos sociais);
2. Tratar fatos sociais como coisas, ou seja,
como fenômenos externos e não
relacionados àqueles que os percebem.
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Regras do método sociológico
Emile Durkheim
O que são “fatos sociais”?
“Reconhece-se um fato social pelo poder de
coerção externo exercido ou suscetivel de ser
exercido sobre os individuos; e a presença
desse poder se reconhece, por sua vez, seja
pela existência de qualquer sanção
determinada, seja pela resistência que o fato
opõe a toda iniciativa individual que tenda a
violentá-lo.”
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Características dos “fatos sociais”:
1.
Exterioridade: “maneiras de agir, de pensar e de sentir que
apresentam a notável propriedade de existirem fora das consciencias
individuais”
2. poder coercitivo: se manifesta por qualquer reação direta da
sociedade, como é o caso do direito, da moral, das crenças, dos
costumes e das modas (ex. Aquisição de educação)
3. Impessoalidade ou generalidade: modos de pensar e agir que os
indivíduos não teriam se vivessem em outros agrupamentos humanos.
4. Objetividade: Tratar fenomenos como coisas é trata-los na qualidade
de dados que constituem ponto de partida da ciência…
“é preciso considerar os fenômenos sociais como em si mesmos, separados
dos sujeitos conscientes que os concebem; é preciso estudá-los de
fora, como coisas exteriores, pois é nessa qualidade que eles se
apresentam a nós. “(p. 28)
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Exemplo: crime
Crime é um fato social normal, e como tal deve
ser conceitualizado, investigado
comparativamente e a partir de suas
regularidades para que se possa chegar as
suas causas.
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Suicide: a study in sociology
(1897)
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Qual a explicação sociológica do suicidio?
Para Durkheim, o suicídio é um fato social ligado
a motivações de natureza coletiva e nao
estritamente individual.
Após constatar empiricamente que as diferenças
nas taxas de suicídio entre grupos não se
deviam a enfermidades mentais, clima e etnia,
Durkheim argumentou que o suicidio estava
associado ao tipo de coesão prevalente em
grupos sociais.
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Qual a explicação sociológica do suicidio?
O suicídio seria uma decorrência social de dois
fatores:
1) O grau de interação, solidariedade e coesão
entre indivíduos;
2) O grau de influência social, ou regulação,
quanto as normas de conduta e
comportamento.
Exemplos: pessoas casadas vs. Solteiras, pessoas
casadas com crianças vs. Sem crianças,
católicos vs. protestantes.
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Suicídio é fato social
Taxas de suicídio devem ser explicadas em
termos das características da sociedade em
que os indivíduos se encontram e não em
termos biológicos ou psicológicos. O suicídio,
sendo fato social, deve ser explicado como tal.
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4 tipos de suicídios de Durkheim
Altruísta
Anômico
Egoísta
Fatalista
SUICÍDIO
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O que é o suicídio egoísta?
Acontece quando há isolamento excessivo,
quando a pessoa é separada do grupo. Neste
tipo de suicídio há enfraquecimento dos laços
sociais, da identificação com o próximo e da
solidariedade individual para com a
coletividade.
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O que é o suicídio altruístico?
É a antítese do suicidio egoísta. Acontece
quando há um apego excessivo, quando a
identificação com o grupo é tão forte que suas
próprias vidas não tem valor independente.
Há forte identificação dos ideais individuais
com os coletivos.
Ex.: camicases, homem-bomba, terrorista
suicida da Al-Qaeda, soldados e militares
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O que é suicídio anômico?
Acontece em momentos de desorganização social,
em condições de anomia ou ausência de normas.
Em situações de anormalidade nas quais os
valores e tradições de referência são abalados.
Ex.: 1) adolescentes que se suicidam quando os pais
se divorciam e a vida familiar se desestabiliza; 2)
índios guaranis-kaiowás em contato com brancos;
3) vítimas de terremoto japonês em 1995; 4)
pessoas vivenciando crises econômicas
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O que é suicídio fatalista?
Sociedades nas quais há alto grau de controle
sobre as emoções e motivações de seus
membros quanto ao predeterminismo do
mundo.
Ex.: Suicídios coletivos da seita o Templo do
Povo, do pastor Jim Jones. 900 pessoas
ingeriram laranjada com cianureto em 1978,
na Guiana.
Ordem do Templo Solar, 48 pessoas se
suicidaram diante da eminência do Apocalipse
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Relação entre egoísmo e anomia
Suicídios egoistas e anômicos são, segundo
Durkheim, típicos de sociedades modernas. O
primeiro é característico da falta de coesão, o
segundo da falta de significado.
Os dois são interconectados e associados à
inovações tecnológicas e a atividades
industriais onde há intensa divisão do
trabalho.
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The elementary forms of
religious life (1912)
Les formes élémentaires de la vie
religieuse
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Motivação do livro
Estudar os fatores que tornam uma sociedade coesa e com graus
de moralidade elevados.
Segundo Durkheim, a religião seria um destes fatores. Em várias
formas de vida religiosa, ele observa cultos nos quais a
idolatração a simbolos (cruz, totem), segundo ele,
representariam uma espécie de compromisso com a própria
coletividade.
Quando as pessoas celebram coisas sagradas, elas sem querer
celebram o poder da sociedade como “uma coisa
eminentemente coletiva”.
Em resumo, Durkheim definiu religião como “um sistema
unificado de crenças e práticas relativas a coisas sagradas,
isto é, coisas separadas e proibídas– crenças e práticas que
unem as pessoas em uma comunidade moral e singular
chamada igreja, todos aqueles que aderem a ela” (90).
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O que uniria as pessoas além do puro interesse
mercantil motivado pelas relações de troca e pela
divisão social do trabalho?
…quando a solidariedade social torna-se “nada mais do que um acordo
espontâneo entre interesses individuais” (193) é preciso que haja algo a
mais para unir a sociedade e para sustentar a sua estabilidade. O que
seria esse ‘algo mais’?
Durkheim acreditava que a religião era um produto da sociedade, e não
algo de inspiração divina ou sobrenatural. Por excelência, a religião tem
uma natureza anti-individualista capaz de inspirar a devoção comunal a
um fim que transcende propósitos individuais. Ele argumentou que a
religião seria uma fonte de solidariedade (ex. solidariedade mecânica) e
identificação para os indivíduos dentro desta sociedade. Além disso, ela
seria um meio de reforçar as morais e normas coletivas da sociedade
coletiva. Através da religião, os indivíduos seriam capazes de interagir e
confirmar normas sociais, aumentar a coesão do grupo e reafirmar as
suas ligações comuns para reforçar a sua solidariedade social.
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Para que serve a religião?
No passado, a religião havia sido o “cimento” da
sociedade – o meio através do qual as pessoas
poderiam reduzir suas preocupações do dia a
dia e permitir a sua devoção comum a coisas
sagradas. Até então, a religião havia sido o
meio anti-individualista por excelência, a
inspiração necessária para a devoção comunal
a fins éticos que transcendem propósitos
utilitaristas individuais.
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Principais funções da religião:
1. Disciplinária, para forçar ou administar
comportamentos disciplinados. Rituais
religiosos preparam as pessoas para a vida
em sociedade ao impor noções de autodisciplina e uma certa medida de
asceticismo.
2. Coesiva, para unir as pessoas e criar laços ou
vínculos entre elas. Serve portanto para
reforçar a solidariedade social.
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Principais funções da religião:
3. Vitalizadora, para revigorar e revitalizar o
espírito religioso através da transmissão
intergeracional de valores entre membros do
grupo.
4. Eufórica, para gerar sentimentos bons,
felicidade, confiança e aumento do bemestar. Serve para contrabalancear
sentimentos de frustração e perda de fé.
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Para saber até que ponto dinheiro compra
felicidade, estatísticos analisaram um banco de
dados gigantesco nos EUA. Descobriram um
valor a partir do qual mais riqueza não significa
mais bem-estar: R$ 11 mil por mês.
Folha de Sao Paulo, 07/09/2010 - 11h50
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33
Só a religião seria suficiente para
manter as sociedade integralizada?
Durkheim temia que com o desenvolvimento da
divisão do trabalho e a sua tendência em
dividir as pessoas e povos, a solidariedade
organica e a religião não seriam suficientes
para sustentar a coesão da ordem social.
Portanto, se a religião não fosse suficiente,
quais seriam os outros meios de manter a
integração social?
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A religião continuaria a ter o
mesmo papel no mundo moderno?
Isto é, se com a modernidade as orientações
religiosas tendem a se enfraquecer, o que irá
substituí-la?
Seria a enfraquecimento da tradição religiosa
um prelúdio para a dissolução de todas as
comunidades morais e para um estado de
crise e anomia?
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Regulação estatal, contratos e
educação
1. “o Estado é um órgão especial cuja a responsabilidade é
providenciar o melhor para a coletividade” (177) e ao mesmo
tempo capaz de ser o moderador/regulador entre o que as pessoas
querem e o que elas podem ter na esfera econômica.
2. O Estado também é responsável pela garantia de contratos, que de
acordo com ele são uma condição necessária para estabelecer
compromissos entre as pessoas diante da crescente divisão do
trabalho e do inevitável aparecimento do auto-interesse como força
reguladora das relações sociais.
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Código de Ética Profissional do
Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal
“Capítulo I, Seção I – Das regras deontológicas
V- O trabalho desenvolvido pelo servidor público
perante a comunidade deve ser entendido
como acréscimo ao seu próprio bem-estar, e,
como cidadão, integrante da sociedade, o
êxito desse trabalho pode ser considerado
como seu maior patrimômio.
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Capítulo I, Seção II – Dos principais
deveres do servidor público
“XIV- São deveres fundamentais do servidor
público:
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a
integridade do seu caráter, esolhendo sempre,
quando estiver diante de duas situações, a
melhor e mais vantajosa para o bem comum (...)
o) Participar dos movimentos e estudos que se
relacionem com a melhoria do exercício de suas
funções, tendo por escopo a realização do bem
comum”
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Durkheim, entretanto, também
percebeu que...
… contratos não são suficientes para manter a
sociedade integrada. Eles não contêm a
moralidade dividida e a consciência comum
que a sociedade precisa para sustentar a sua
solidariedade.
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O que mais manteria a sociedade coesa e
estável diante da divisão social do trabalho?
1. Associações de classe;
2. Educação manteria a homogeneidade e funcionaria
como catalisador da vida social ao ensinar as crianças
a viverem em sociedade. A educação transforma
‘seres individuais’ em ‘seres sociais’.
“O indivíduo, ao permitir a sociedade, permite a si
mesmo. A influência que ela exerce sobre ele,
sobretudo através da educação, não tem a intenção ou
o efeito de reprimi-lo, diminui-lo, ou desnaturaliza-lo,
mas, ao contrário, visa o seu crescimento, visa torná-lo
um verdadeiro ser humano” (240-41).
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Sábias palavras sobre o papel da
educação...
“... To understand the world and to order our conduct as
it should be in relationship to it, we only have to take
careful thought, to be fully aware of that which is in
ourselves. This constitutes a first degree of autonomy.
Moreover, because we then understand the laws of
everything, we also understand the reasons of
everything. (...) We liberate ourselves through
understanding; there is no other means of liberation.
(...) We can investigate the nature of these moral
rules... Through education...” (270-71)
41
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