O meu sangue é diferente do teu… …uma questão genética? Segundo o sistema ABO, há 4 tipos de grupos sanguíneos diferentes, que dependem da presença de substâncias na superfície dos nossos glóbulos vermelhos. São estes: o Grupo A, o B, o AB e o O. Estes diferentes tipos de sangue são determinados por transmissão genética. Como se processa este fenómeno? Os diferentes grupos sanguíneos do sistema ABO, que se distinguem globalmente de acordo com os aglutinogénios A e B presentes na superfície dos nossos glóbulos vermelhos, são determinados por transmissão genética. O material genético que cada indivíduo apresenta é herdado dos pais e é o principal responsável pelas características desse mesmo indivíduo. Genericamente, cada indivíduo possui 46 cromossomas (23 pares), sendo um dos cromossomas de cada Figura 1 - Par de alelos num par de cromossomas. par de origem materna e o outro de origem paterna. Os cromossomas são constituídos por diferentes genes, que são considerados unidades básicas de informação genética e que correspondem molécula de DNA. a uma Cada porção gene da pode apresentar formas alternativas responsáveis por características diferentes – alelos (por exemplo, um alelo determina a presença de aglutinogénios B na membrana dos glóbulos vermelhos e o outro alelo determina a não presença de aglutinogénios). No caso do sistema ABO existem mais de duas formas alélicas do mesmo gene, constituindo uma situação de polialelismo. Neste caso, os alelos envolvidos (alelos múltiplos ou polialelos) são o IA, o IB e o i. O alelo IA (responsável por determinar a presença do aglutinogénio A na superfície dos glóbulos vermelhos) e o IB (responsável por determinar a presença do aglutinogénio B) são co-dominantes, ou seja, as características determinadas por ambos os alelos manifestam-se. Assim, quando um indivíduo possui os alelos IA e o IB no par de cromossomas respectivo, este irá possuir aglutinogénios A e aglutinogénios B na membrana dos seus glóbulos vermelhos. Estes alelos (IA e o IB) são ambos dominantes em relação a i (que determina a não presença de aglutinogénios na superfície dos glóbulos vermelhos – alelo nulo), ou seja, as características determinadas pelos alelos IA e o IB manifestam-se em detrimento da característica determinada pelo alelo i. Logo, quando um indivíduo apresenta o alelo i e outro alelo diferente (IA ou IB) este irá apresentar as características determinadas ou por IA ou por IB. Desta forma, o alelo i designa-se como recessivo e apenas quando um indivíduo apresenta duas cópias deste alelo é que a sua característica (não presença de aglutinogénios) se manifesta. Destas relações, os indivíduos podem possuir sangue do tipo A, B, AB, e O, sendo estes determinados por seis associações diferentes dos alelos (tabela 1). Tabela 1. Alelos responsáveis pela determinação de cada grupo sanguíneo. Tipo de Sangue Alelos envolvidos A IA IA ou IA i B IB IB ou IB i AB IA I B O ii Figura 2 - Par de alelos responsáveis pela determinação de cada grupo sanguíneo. No estudo da transmissão dos alelos do Sistema ABO e não se sabendo à partida os genótipos dos indivíduos, sabemos que um indivíduo do tipo O apenas pode transmitir o alelo i à descendência, um indivíduo do tipo AB transmite ou o alelo IA ou o alelo IB, um indivíduo do tipo A pode transmitir ou o alelo IA ou o alelo i ou apenas o alelo IA e um indivíduo do tipo B pode transmitir ou o alelo IB ou o alelo i ou apenas o alelo IB. No caso do fator Rh existem dois alelos – R e r, constituindo uma situação de dominância completa. Os indivíduos Rh+ resultam da combinação de dois alelos dominantes RR ou da combinação de um alelo dominante e um recessivo – Rr – e os indivíduos Rh- resultam da combinação de dois alelos recessivos – rr. Publicado por: Joana Torres Ilustração: Carla Preto